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Desapropriação: Conceito e Fundamentos

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DESAPROPRIAÇÃO
INTRODUÇÃO 
Desapropriação ou expropriação é o ato administrativo pelo qual o Poder Público aliena para si a propriedade de terceiro, por utilidade pública, necessidade pública ou interesse social, via de regra do pagamento de justa e prévia indenização. 
Segundo o Prof. Hely Lopes desapropriação “é a transferência compulsória de propriedade particular (ou pública de entidade de grau inferior para a superior) para o Poder Público ou seus delegados, por utilidade ou necessidade pública ou, ainda, por interesse social, mediante prévia e justa indenização em dinheiro, salvo as exceções constitucionais de pagamento em títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, no caso de área urbana não edificada, subutilizada ou não utilizada, e de pagamento em títulos da dívida agrária, no caso de reforma agrária, por interesse social.”
O Decreto-Lei nº 3.365\41, em seu art. 2º, estabelece que “todos os bens podem ser desapropriados”. Essa regra geral permite concluir que bens móveis ou imóveis, corpóreos ou incorpóreos, fungíveis ou infungíveis, públicos ou privados podem ser objetos de desapropriação. Admite-se também que a desapropriação incida sobre o espaço aéreo e o subsolo.
Em razão da amplitude do dispositivo mencionado, podemos admitir, por exemplo, que uma patente de um medicamento (bem móvel, incorpóreo e infungível), uma ação de sociedade anônima (bem móvel, incorpóreo e fungível), mercadorias, safra agrícola, além, evidentemente, de imóveis, podem ser objeto de declaração de utilidade pública ou de interesse social com vista à sua expropriação. 
Contudo, vale salientar que a Constituição Federal, no art. 5º, XXII, é pouco esclarecedora quanto ao instituto de propriedade, ao aduzir que “é garantido o direito de propriedade”. Ao fazermos uma interpretação literal, podemos concluir que o direito de propriedade não é absoluto. O poder legislativo garante tal direito, entretanto, este deve ser exercido dentro dos limites administrativos impostos pela lei, nunca deixando de estar sujeito à tutela do Judiciário, quando descumprir seus propósitos. Logo, percebe-se a nítida preocupação do poder Legislativo em garantir que o bem seja utilizado em favor do interesse público, pois impõe ao seu proprietário uma série de requisitos a serem preenchidos.
FUNDAMENTAÇÃO
Princípio da Supremacia do interesse público sobre o particular
O princípio da supremacia do interesse público sobre o particular não se encontra expresso no ordenamento jurídico administrativo, porém há em inúmeros princípios manifestações concretas dele implícitas. Este princípio tem como objetivo principal propiciar o Estado de impor a prevalência do interesse da coletividade, combinado com o sacrifício do interesse particular. Então, sempre que houvera necessidade de optar entre um interesse individual ou um interesse público, prevalecerá o interesse público, pois este atua em prol de um interesse maior, ou seja, o da coletividade. Ao fazer uma análise geral desse princípio, pode-se concluir que se constitui em um dos fundamentos da intervenção do Estado na propriedade privado, porque a Administração tem a obrigação de fornecer ao cidadão condições de segurança e sobrevivência no seu cotidiano, nem que para isso tenha que intervir no bem imóvel de terceiros, para gerar consequentemente o bem-estar social. 
2.2 Princípio da Função Social da Propriedade
A função social pode ser conceituada como a obediência do direito de propriedade. O possuidor de uma “riqueza” ganha a denominação de proprietário. Esta dita riqueza tem uma função para com a sociedade a ser honrada por seu respectivo proprietário que, enquanto cumpre tal princípio, tem seus atos de propriedade assegurados, sem correr riscos de possíveis represálias em razão do modo como a utiliza. O princípio da função social da propriedade é consequência do intervencionismo do Estado na esfera individual, a fim de concretizar uma visão social de bem comum. 
Esse princípio possui enquadramento constitucional de acordo com os arts. 5º, XXIII e 170, III, da Lei Maior do Brasil. Reza o art. 5º, XXIII, da Constituição Federal: “a propriedade atenderá a sua função social”. 
Portanto para que a propriedade atenda sua função social o Estado deve regulá-la de maneira que reproduza melhores benefícios para todos e não apenas para o seu proprietário. O objetivo dessa medida é o bem-estar coletivo, e não apenas o individual de quem tem a propriedade do bem. Exige-se que o uso da propeidade seja condicionada nesse sentido, com o objetivo de evitar o uso indevido do bem, seja por meio de negligência, fraude, ou qualquer ato imbuído de má-fé. 
REQUISITOS 
Diante da possibilidade de choques ou de conflitos entre os diversos interesses e direitos existentes na sociedade e da necessidade de orientação desses direitos e interesses para a obtenção de benefícios para toda a coletividade, o ordenamento jurídico eleva alguns desses interesses à categoria de públicos, atribuindo-lhes primazia sobre os demais. Definidos os interesses públicos, cabe ainda ao ordenamento jurídico indicar o seu titular, que não necessariamente é o Estado, e as prerrogativas a serem utilizadas por esse titular com vista à realização desses interesses. 
A fim de não permanecer exclusivamente no campo dos conceitos indeterminados, o texto constitucional em seu art. 5º XXIV faz referência direta à lei, atribuindo a esta a função de definir o procedimento expropriatório e, portanto, o de indicar as situações de necessidade ou de utilidade pública, e de interesse social
Para que a expropriação não esteja fadada ao insucesso, incorrendo em ilegitimidade, é de vital importância que sejam preenchidos os seus requisitos constitucionais. A tripartição (utilidade pública, necessidade pública e interesse social) mencionada anteriormente e o pagamento de justa ou prévia indenização, são requisitos a serem honrados pela Administração Pública.
Ocorre a utilidade pública quando a transferência do bem para o Poder Público é conveniente, embora não seja imprescindível. Exemplo de utilidade pública seria a desapropriação de um imóvel para a construção de uma escola. 
A necessidade pública decorre de situações de emergência, cuja solução exija a desapropriação do bem. Nesta a desapropriação de imóvel é imediata para salvaguardar a segurança nacional ou para fazer face a uma calamidade pública, por exemplo, num pequeno município em que tenha ocorrido uma enchente e pessoas tenham ficado desalojadas, o prefeito poderá, se for o caso, desapropriar um determinado imóvel particular para aloja-los. 
Já o interesse social se enquadra nas hipóteses em que mais se destaca a função social da propriedade, por exemplo, a desapropriação de terras rurais, para fins de reforma agraria ou assento de colonos, é caso típico de interesse social, já que busca condicionar o uso da terra à sua função social. 
Para alguns doutrinadores a tripartição (utilidade pública, necessidade pública e interesse social) expressa na Constituição Federal é de grande valia, pois destaca melhor os casos da desapropriação evitando confusões e interpretações equivocadas. Todavia, parte da doutrina estabelece que a utilidade pública unifica, por si só, os três requisitos supra. 
A distinção que se fazia entre os conceitos de utilidade pública e necessidade pública já não tem relevância jurídica. É que no Decreto-Lei n. 3.365/41 não mais se refere às hipóteses de necessidade pública anteriormente prevista no Código Civil (Art, 590, S 1º). Define, no seu art. 5º, tanto as hipóteses de utilidade pública, quanto as de necessidade pública prevista na legislação civil acima referida, sob a denominação única de utilidade pública. 
Em síntese, a desapropriação por utilidade ou necessidade pública o fato de que o bem desapropriado é tomado do particular com vista à sua utilização pelo próprio poder público, ao passo que no interesse social, o poder público expropria o bem de seu proprietário com vista a transferi-lo a outro particular,e não para mantê-lo com o poder público expropriante. 
Outro requisito, não menos importante, é a justa e prévia indenização, esta que também pode ser paga na forma de títulos especiais da dívida pública ou da dívida agrária. Indenizar é o mesmo que ressarcir a pessoa física ou jurídica por danos, prejuízos ou acidentes. Então a indenização é a retribuição com certa quantia em dinheiro pela lesão causada a alguém. É a substituição da coisa na sua inteireza pelo seu equivalente pecuniário. Ou seja, busca-se através da indenização a reposição patrimonial do indivíduo atingido. 
A Constituição Federal diz que a indenização deverá ser justa, prévia e em dinheiro, exceto em três casos peculiares: a expropriação, realizada pela União Federal de bens imóveis rurais para fins de reforma agrária; expropriação de glebas de terra em que sejam cultivadas plantas psicotrópicas; e expropriação, realizada por Município, de bens urbanos usados de movo indevido. Quanto a primeira exceção enumerada, o pagamento poderá ser feito na forma de títulos da dívida agrária, sendo resgatáveis em duas décadas a contar do segundo ano de sua emissão. O segundo caso tem relação com a ausência de qualquer meio indenizatório. Na verdade se refere ao confisco, o que se caracteriza como pena em razão de ato ilícito. Por fim, no que tange à desapropriação municipal de bens utilizados inadequadamente, a indenização poderá ser paga em títulos da dívida pública, sendo resgatáveis no prazo de uma década. 
Dessa forma, a indenização deverá conter o cálculo relativo às seguintes verbas: valor avaliatório do bem, benfeitorias, lucros cessantes e danos emergentes, juros compensatórios, juros moratórios, honorários advocatícios, custos e despesas processuais, correção monetária, desmonte e transporte de maquinismos e fundo de comércio. 
COMPETÊNCIA 
A Constituição Federal distribui em seus artigos a competência entre as pessoas federativas, quais sejam: a União Federal, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Contudo a distribuição de competência não é feita aleatoriamente, mas sim, baseada em critérios hierárquicos no que tange à importância dos atos administrativos suscitados pela discussão que o uso irregular da propriedade dá ensejo. 
As competências a serem exercidas relativas à desapropriação podem ser divididas em três diferentes categorias: para legislar, para desapropriar e para executar ou promover desapropriação.
Competência para legislar 
A competência para legislar sobre desapropriação é reservada à União, conforme dispõe o art. 22, II, da Constituição Federal. Todas as leis em matéria de desapropriação devem ser aprovadas pela União, inclusive as que disponham sobre desapropriação a serem declaradas e conduzidas em outras esferas de governo. É exemplo desta última categoria a desapropriação para fins urbanísticos, a ser conduzia pelos Municípios, e que deve observar o procedimento definido pela Lei Federal nº 10.257/01, mais conhecida como Estatuto da Cidade. 
Competência para desapropriar 
A competência para desapropriar corresponde à competência para declarar bens de utilidade pública ou de interesse social para fins de desapropriação. A competência para a edição do ato declaratório está reservada às entidades políticas, quais sejam, a União, aos Estados, aos Municípios e ao Distrito Federal. O meio comum para a declaração de utilidade pública ou de interesse social, seja o decreto expedido pelo chefe do Executivo, denominado decreto expropriatório, o Decreto-Lei nº 3.365/41 (art. 8º) faculta idêntica iniciativa ao Poder Legislativo. Nesta hipótese, a lei será utilizada como instrumento para declarar o bem de utilidade pública ou de interesse social.
Competência para promover desapropriação
A competência para promover desapropriação, terceiro nível em que a questão é tratada, pode ser igualmente denominada de competência executória. 
Iniciada a desapropriação pela entidade competente para declarar o bem de interesse social ou de utilidade pública, o Decreto-Lei nº 3.365/41, amplia o rol daqueles que podem executar a desapropriação ao admitir que em razão de lei ou de contrato, as entidades políticas competentes delegar a competência para praticar os atos relativos à execução da desapropriação. 
Assim, a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal podem, através de lei, outorgar às suas respectivas entidades administrativas (autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista) ou, por meio de contrato, delegar idêntica competência a empresas concessionárias ou permissionárias de serviços públicos.
A desapropriação para fins de reforma agrária, somente pode ser iniciada se for editado decreto do Presidente da República que declare o imóvel de interesse social. Iniciado o processo por meio do ato editado pela União (competente para desapropriar), o Instituto Nacional da Colonização e da Reforma Agrária – INCRA irá praticar todos os atos necessários à execução da desapropriação, que compreendem as avaliações, as tentativas de obtenção de acordo com o proprietário do bem acerca do valor a ser pago, e, caso não seja possível o acordo, a propositura da ação de desapropriação, o pagãmente da indenização, etc. 
PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO
A legislação dá margem a uma série de atos que precisam ser tomados pela figura do expropriante para que a expropriação não tenha a sua legitimidade prejudicada, ou venha a ser declarada nula. Nos termos da lei, para a propriedade ter condições de integrar o patrimônio público através da desapropriação, é preciso que o Estado aja em conformidade com o procedimento expropriatório previsto, entretanto, ineditamente, as duas fases deste, quais sejam: a fase declaratória e a fase executória. Assevera-se que são duas fases consecutivas (primeiro se passa por uma para depois adentar na outra) e que não se confundem devido as suas diferenças. 
FASE DECLARATÓRIA 
A primeira etapa do processo de desapropriação corresponde à fase declaratória. Por meio de decreto (denominado decreto expropriatório), ou de lei, o poder público declara bem ou bens específicos de utilidade pública ou de interesse social. O ato deve, além de individualizar o bem, indicar a fundamentação legal da desapropriação e a finalidade a que se destina. 
	A declaração de utilidade pública ou de interesse social do bem não importa em qualquer limitação ou restrição ao direito do proprietário, que está livre para usar e dispor do bem. Alguns poucos efeitos, todavia, decorrem dessa declaração. São eles: fixa o estado do bem para a indicação do valor da indenização; dá início à contagem do prazo de caducidade do ato declaratório; e autoriza o poder público a penetrar no imóvel. 
	A declaração de utilidade pública ou de interesse social fixa, ainda, prazo para que seja iniciada a fase seguinte, a fase executória, sob pena de, decorridos cinco ou dois anos para as desapropriações por utilidade pública ou por interesse social, respectivamente ocorrer a caducidade do ato declaratória. Vale salientar que se ocorrer a caducidade, “somente decorrido um ano poderá ser o mesmo objeto de nova declaração” (Decreto-Lei nº 3.365/41, art. 10). 
FASE EXECUTÓRIA 
Esta fase pode ser conduzida exclusivamente no âmbito administrativo ou pode ter de ser levada à apreciação judicial. 
Na fase administrativa, o poder público apresenta ao proprietário sua proposta de indenização. Se houver acordo, será efetuado o pagamento e a desapropriação será considerada encerrada. Caso não haja acordo, o poder público necessitará da instauração da ação de desapropriação. 
Podemos assim, subdividir a fase executória em dois tipos: Fase Executória com Resolução Extrajudicial ou Fase Executória com Resolução Judicial. A primeira se refere quando o procedimento expropriatório voluntário, gracioso ou administrativo, pois não há interferência do Poder Judiciário, as partes envolvidas no processo (expropriante e expropriado) entram em acordo com relação ao preço a ser pago como forma de indenização pela propriedadeexpropriada. 
Ao contrário da primeira, a Expropriação Judicial tem seu desfecho a partir do momento em que o Poder Público interpõe ação expropriatória contra o bem. Assim, o expropriante, tira o Judiciário da inércia, provocando a sua atuação para que encontre a melhor solução ao caso em tela. Nestes termos, a manifestação judicial poderá ser de dois tipos: homologatória, quando o proprietário do bem aceita, em juízo, a oferta pelo expropriante; aí, o juiz apenas homologa o acordo judicial; e podendo ser também contenciosa, quando o proprietário e o expropriante não acordam em relação ao preço, que terá que ser fixado pelo juiz, após arbitramento. 
BENS DESAPROPRIÁVEIS 
Deve ser considerada, em primeiro lugar, a existência de impedimentos e limitações jurídicas à desapropriação de certos bens. A Constituição Federal, por exemplo, expressamente veda a desapropriação da pequena propriedade rural para fins de reforma agrária, desde que o proprietário não possua outra, e da propriedade produtiva (art. 185), vedação que, todavia, não alcança outras hipóteses de desapropriação. Da leitura do artigo supra, entende-se que direitos também são objetos de desapropriação, desde que tenham valor econômico (por exemplo, os direitos autorais). 
Portanto todo objeto que possui valor patrimonial podem ser expropriados, sejam eles públicos, privados, semoventes, móveis, imóveis, corpóreos ou incorpóreos, em outras palavras, quaisquer bens que sejam objetivo da propriedade (salvo aqueles bens juridicamente ou fisicamente inexpropriáveis, tais como a “lua” e a moeda nacional). 
Dessa forma, pode-se perceber que o conjunto de bens que não suscetíveis de expropriação não abarca muitos casos. Os direitos personalíssimos (o direito à honra, à liberdade, à cidadania, à vida, à imagem, à alimentação e o direito de autor) constituem exemplos de bens que não podem ser retirados da propriedade de seus donos em razão de não terem conteúdo patrimonial algum. 
IMISSÃO PROVISÓRIA NA POSSE 
Imissão provisória na posse é o meio pela qual a Administração Pública, tem a integralização antecipada do bem que deu ensejo à desapropriação ao patrimônio público. Esse tipo interventivo só terá a concessão judicial caso o expropriante preencha os três requisitos impostos pelo disposto no art. 15, do Dec-Lei 3.365/41, saber: o pagamento do valor prévio, calculado de acordo com os critérios estabelecidos pela legislação; a alegação de urgência, feita no decorrer do processo contencioso (a qualquer momento) ou, ainda, no ato expropriatório mesmo; e o requerimento da imissão provisória na posse dentro do prazo de quatro meses (120 dias), contados a partir da urgência alegada pelo Poder Público. 
 ESPÉCIES 
O modo interventivo do Estado na Propriedade privada através da Desapropriação ou expropriação é a forma mais ríspida e agressiva forma de intervenção. Portanto é necessário que se tenha requisitos constitucionais.
Há diversos modos de se classificar as espécies de desapropriação. Podemos assim conceituar como ordinário e extraordinário. 
A desapropriação ordinária, clássica ou comum, é aquela espécie geral, contemplada no art. 5º, XXIV, da CF, que preenche os requisitos constitucionais de utilidade pública, necessidade pública, interesse social e indenização prévia e justa. Qualquer bem com valor econômico pode ser expropriado, salvo aqueles manifestos em lei. Com relação a competência, aqueles que detêm são a União, os Estados-Membros, os Municípios, o Distrito Federal e todas aquelas pessoas que a lei permitir. 
Em seguida tem-se a desapropriação extraordinária ou especial, a qual se subdivide em urbanística sancionatória, rural e confiscatória. A expropriação urbanística sancionatória é aplicada como punição aquele proprietário que não obedecer à obrigação de motivar o conveniente aproveitamento da propriedade, segundo o Plano Diretor do Município em que está localizado o bem imóvel. O Poder Público não pode deixar que o particular fique em estado de inércia, por isso, se faz necessária esta medida, para que o desenvolvimento urbano tenha prosseguimento. 
Apresenta-se também a desapropriação rural, esta que se encontra prevista no art. 184, da Constituição Federal. Recebe esta nomenclatura pois recai sobre bens imóveis provindos da zona rural com propósito de reforma agrária. É possível afirmar que se refere a uma expropriação por interesse social, havendo o intuito da perda da propriedade quando do descumprimento da sua respectiva função social. No que se refere ao pagamento de indenização, este é efetuada de maneira diversa que na desapropriação ordinária, qual seja, por meio de títulos, tal como a desapropriação urbanística sancionatória, e não em dinheiro como na comum.
Por sua vez, a desapropriação confiscatória, também conhecida pela doutrina como expropriação de glebas de terra em que sejam cultivadas plantas psicotrópicas ou, ainda expropriação de propriedade nociva. 
Não é qualquer cultura de plantas psicotrópicas que dá margem a esse tipo de desapropriação, mas apenas aquela que seja ilícita, po não estar autorizada pelo Poder Público e estar incluída em rol elencado pelo Ministério da Saúde. O alvo precípuo da expropriação confiscatória é a doação das terras tomadas a colonos, sob a razão de cultivar produtos medicamentosos e alimentícios. 
DESAPROPRIAÇÃO POR ZONA 
Caracteriza-se pela inclusão das áreas contíguas àquelas de que o poder público efetivamente necessita para a realização da obra pública, a fim de que o poder público se beneficie da valorização dessas áreas contíguas em função da execução da obra. 
A desapropriação por zona, isto é, de área superior àquela de que o poder público necessita, pode ter dois objetivos distintos, quais sejam: a realização de futuras obras ou a posterior venda dos bens desapropriados a terceiros. 
Exemplo: consideremos que a execução de determinada obra pública demandaria a desapropriação de apenas 2000 metros quadrados de um imóvel. Os imóveis contíguos a este, que somados podem corresponder a 5000 metros quadrados, não são necessários à execução da obra, mas uma vez realizada esta obra, sofreriam significativa valorização. Diante dessa constatação, o poder público pode decidir desapropriar toda a área correspondente aos 7000 metros quadrados. Utilizaria os 2000 metros para a execução da obra e à zona restante, correspondente aos 5000 metros quadrados, poderiam ser dados dois diferentes destinos: execução de futuras obras ou venda dos bens a terceiros.
A lógica dessa categoria especial de desapropriação reside no fato de que seria legítimo ao poder público se beneficiar da valorização desses imóveis contíguos dado que a valorização ocorreu em razão da obra realizada ao custo do poder público.
10.0 DIREITO DE EXTENSÃO 
O direito de extensão não foi previsto no Decreto-Lei nº 3.365/41, que estabelece as regras básicas sobre desapropriação. Ele consta no Decreto nº 4.956/1903, que em seu art. 12 expressamente prevê que o proprietário pode obrigar o poder público a incluir na área a ser desapropriada o restante do bem, que em razão da desapropriação tornaria se inútil ou de difícil utilização.
Pode-se indagar qual seria o interesse do proprietário em ter parcela do seu imóvel desapropriado? Por que iria ele requerer do poder público a inclusão no âmbito da desapropriação de parcelas não mencionadas no decreto expropriatório? A resposta é simples: é preferível ao proprietário obter a justa indenização pelo imóvel desapropriado a permanecer com parcelas remanescentes daquele imóvel inútil ou de difícil utilização. 
O proprietário pode solicitar do poder público a inclusão dessas áreas tanto pela via administrativa, quando apresenta contraoferta ao expropriante, quanto pela via judicial, quando apresenta sua contestação na ação de desapropriação. Expiradas essas etapas, opera-se a preclusão do direito de extensão. 
11.0 TREDESTINAÇÃO
O ato declaratório, queinicia o processo expropriatório, além de individualizar o bem, deve indicar o fim a que se destina a desapropriação. O desvio de finalidade em matéria de desapropriação ganha dimensão tão elevada que se desenvolver terminologia própria para especificá-lo: a tredestinação. 
Caracteriza-se a tredestinação quando é dada ao bem desapropriado finalidade incompatível com o interesse público. Se ao bem desapropriado for dada finalidade diversa daquela especificada no ato declaratório (exemplo: desapropria-se o bem para a construção de escola pública e é construído hospital público em seu local), mas se esta nova finalidade for compatível com o interesse público, não há que se falar em tredestinação. 
12.0 CONCLUSÃO
O ato administrativo de desapropriar, ocasiona um choque impetuoso entre dois interesses distintos, um de natureza pública e outro de natureza particular. Contudo a prevalência sempre é o interesse “maior”, isto é, o de natureza pública. Notadamente vigoram os Princípios da Supremacia do Interesse Público (sobre o particular) e da Indisponibilidade do Interesse Público. 
De todas as modalidades previstas de intervenção do Estado na propriedade privada, a expropriação é, sem sombra de dúvidas, a mais ríspida, ao passo que se perfectibiliza através da transferência compulsória de um bem do patrimônio privado para o patrimônio público ou até mesmo para outro privado, mediante prévio e justo ressarcimento pecuniário. 
Uma desapropriação em que os preceitos legais são respeitados é plenamente aceitável. Exagero é fazer de conta que não existe um mal que cada vez mais se mostra evidente e que mina a credibilidade da sistemática jurídica do Brasil, batizado como “desapropriação indireta”. 
Não se pode estimular uma atitude administrativa que seja desprovida de qualquer autorização, e que não tenha preenchido dosi dos requisitos essências de uma desapropriação comum (declaração e indenização prévia). Portanto afrontar a propriedade particular, ainda mais sem conceder o direito à ampla defesa e ao contraditório, é o mesmo que ignorar a existência da Constituição Federal do Brasil, ou até mesmo rasgá-la. 
13.0 REFERÊNCAS 
ZERBES, Marcelo Inda. Desapropriação e aspectos gerais da intervenção do Estado na propriedade privadaHYPERLINK "http://jus.com.br/artigos/9394/desapropriacao-e-aspectos-gerais-da-intervencao-do-estado-na-propriedade-privada" - Página 2/3. Jus Navigandi, Teresina, ano 12, n. 1294, 16 jan. 2007. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/9394>. Acesso em: 10 nov. 2014.
ALEXANDRINO, Marcelo. PAULO, Vicente. Direito Administrativo Descomplicado. 22ª Edição, 2014.
RAMOS, Lívia Nogueira. Desapropriação Direta e Indireta. SADireito, 20 de mar. 2007. Disponível em <www.sadireito.com.br/index.asp?Ir:area.aspHYPERLINK "http://www.sadireito.com.br/index.asp?Ir:area.asp&area=5&texto=8984"&HYPERLINK "http://www.sadireito.com.br/index.asp?Ir:area.asp&area=5&texto=8984"area=5HYPERLINK "http://www.sadireito.com.br/index.asp?Ir:area.asp&area=5&texto=8984"&HYPERLINK "http://www.sadireito.com.br/index.asp?Ir:area.asp&area=5&texto=8984"texto=8984. Acesso em: 13 nov. 2014.

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