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Eschistossomose MSc. Gisely Cardoso de Melo • São doenças produzidas por Trematódeos do gênero Schistosoma → Schistosoma mansoni • S. mansoni →ocorre na África, na América do Sul e nas Antilhas→ esquistossomíase mansônica ou intestinal • No Brasil, é conhecida por xistossomose, doença dos caramujos ou barriga dágua • Distribuição geográfica →Biomphalaria INTRODUÇÃO • Importante para ovinos e bovinos. • Os vermes adultos se localizam nas veias mesentéricas do intestino grosso, sigmóide e reto, com sintomas intestinais. • Doença aguda: Diarréia e anorexia que ocorre após 6 a 8 semanas da infecção maciça INTRODUÇÃO Epidemiologia (ref) • Maior prevalência depois da Malária • Presente em 75 países • 80% dos infectados estão na África e Brasil • 200 milhões de infectados • 600 milhões em risco • 200.000 mortes por ano • Popularmente conhecida como xistossomose, xistosa, doença do caramujo, moléstia de Pirajá da Silva, barriga d`água • Brasil maior transmissão de esquistossomose mansônica do mundo → 5 a 6 milhões de infectados • Doença endêmica em 17 estados, incluindo SC Epidemiologia Distribuição mundial GRYSEELS, POLMAN, CLERINX, KESTEN; 2006. Distribuição no Brasil Taxonomia • FILO Platyhelminthes • CLASSE Trematoda • ORDEM Digenea • FAMÍLIA Schistosomatidae • GÊNERO Schistosoma • ESPÉCIE Schistosoma mansoni • Schistosoma haemattobiium • Schistosoma japoniicum • Schistosoma inttercallattum • Schistosoma mekongii Caracterização do parasito • Dimorfismo sexual • Vermes adultos vivem no interior dos vasos sanguíneos de mamiferos • machos apresentarem menos de 10 massas testiculares. Macho Fêmea Morfologia • Helmintos delgados e longos • Alimentam-se de sangue venoso. • Há contínua renovação da membrana externa dos esquistossomos →resistência dos vermes adultos à ação dos anticorpos. • Tegumento recoberto de espinhos→auxilia na progressão nos vasos sanguíneos. • Locomoção: extensão e contração do corpo, ventosas auxiliam na fixação e apoio. Adulto Morfologia Macho Macho: mede 1 cm de comprimento por 0,11 cm de largura e sua cor é branca. • recoberto por espinhos e tubérculos. • Apresenta duas ventosas e abaixo há o canal ginecóforo onde a fêmea se aloja. • Aparelho genital: 6-8 massas testiculares situadas dorsalmente Morfologia Macho Morfologia-Macho a. Ventosa oral e boca b. Porção anterior do intestino. c. Acetábulo ou ventosa ventral d. Vesícula seminal e. Canal deferente f. Testículos g. Porção média do intestino h. Ceco a b c d e f g h Morfologia Fêmea Corpo cilíndrico, mais longo e fino que o macho (1,2 a 1,6 cm por 0,016 cm de diâmetro. • É mais escura e acinzentada: tem um pigmento derivado da digestão do sangue: hemozoína. • As duas ventosas são muito pequenas e próximas uma da outra. • A fêmea raramente abandona o canal ginecóforo do macho. Morfologia b. Porção anterior do intestino. i. Orifício genital j. Útero contendo dois ovos k. Ovo em processo de formação da casca no oótipo l. Oviduto m. Ovário n. Viteloduto o. Glândulas vitelinas b i b j k l m n o Morfologia Macho e Fêmea Adultos acasalados→ vênulas do plexo hemorroidário superior e ramificações das veias mesentéricas. • A cópula ocorre pela coaptação dos orifícios genitais masculino e feminino. • Fêmea se alonga, se insinua nos capilares →depositam seus ovos. • Macho e fêmea →outras vênulas→ para continuar a ovoposição. Morfologia Ovos •As fêmeas →1 ovo por vez→300 ovos diários •O ovo mede em média 150 μm x 65 μm, e tem um espinho lateral saliente pontiagudo. •Dentro do ovo→miracídio. •A expectativa de vida dos ovos maduros é de 20 dias. A eclosão do miracídio nunca ocorre no hospedeiro Ovos viáveis →2 a 5 dias fezes sólidas 1 dia em fezes líquidas Morfologia Miracídios Estímulos fotoquímicos, térmicos ou osmótico→ miracídios rompem a casca do ovo e eclodem. Eclodem→ nadam ativamente formando grandes círculos. Os miracídios →fototropismo →procurando sempre por águas mais claras. Ventosas →auxiliam na aderência da larva à superfície do molusco, há glândulas de adesão e de penetração. Morfologia Miracídios • Nadam junto à superfície→molusco 1 a 2 m de profundidade. • A penetração →primeiras horas após a eclosão→ poder invasivo decai com a idade • A atividade do miracídio aumenta na presença do molusco→ quimiocinetica inespecífica • • A invasão se dá em qualquer ponto do tegumento do molusco. Biomphalaria glabrata • Ao penetrar no molusco, o miracídio perde seu revestimento epitelial ciliado e imobiliza-se no ponto de penetração. • Os órgãos de penetração desaparecem e a musculatura atrofia→ saco alongado→ esporocisto primário→ esporocisto secundário → migram para o hepatopâncreas e ovotestis→ cercárias • Os esporocistos secundários →células germinativas terceira geração de esporocistos →cercárias Morfologia Esporocistos • Pode haver a produção de centenas de cercárias no interior do molusco. • Se o molusco é retirado da água→ multiplicação do parasita se interrompe→ reiniciando quando o mesmo volta às condições normais. Morfologia Esporocistos • Após 4 semanas da penetração do miracídio →eliminar cercárias • São liberadas nas horas mais quentes e claras do dia • As cercárias →espaços sanguíneos ao redor do hepatopâncreas e ovotestis →formação de minúsculas vesículas→liberando as cercárias. • Cada molusco elimina cercárias somente de um único sexo • Na água, as cercárias tendem a se acumular na superfície. Morfologia Cercária • Tegumento eriçado por microespinhos • Extremidade anterior→órgão cefálico→ canais das glândulas de penetração rodeadas por microventosas com papilas sensoriais • Glândulas de penetração, glândula de escape • 4 pares de solenocitos Morfologia Cercária • Apresentam contorno piriforme, o tegumento apresenta microespinhos,na extremidade anterior tem um órgão de fixação cefálico e uma cauda bifurcada. • São bastante móveis e medem cerca de 500 μm de comprimento. • Apresenta duas ventosas, uma oral e outra ventral. Morfologia Cercária • Substâncias lipídicas na pele do hospedeiro→cercárias penetram na pele →ação lítica das proteases presentes nas glândulas. • Aumento da salinidade • Após a invasão, a cauda é deixada no meio exterior. • Assim que invade, a cercária transforma-se em esquistossômulo. Morfologia Esquistossômulos • Permanece na pele 2-3 dias. Se não for destruído pelo sistema de defesa do hospedeiro, penetra em algum vaso cutâneo coração e pulmões. • Em seguida vão para o sistema porta intra-hepático onde crescem e amadurecem. • No sistema porta intra-hepático, os esquistosômulos alimentam-se de sangue→ completam seu desenvolvimento → fase adulta (em 4 semanas) e acasalam-se. Morfologia Esquistossômulos Ciclo de vida Ciclo de vida Imunidade • Reduz a carga parasitaria, as reinfeccoes e a gravidade das lesões, mas não elimina totalmente o parasita. • Resposta imunológica → imunidade concomitante Imunidade • Imunidade concomitante→ componentesimunológicos e o agente etiológico estão presentes→ equilíbrio das 2 espécies envolvidas • Processo imunológicos são ativados pela cercária principalmente • Ig E, Ig G e Ig A • IFγ está elevado • Granuloma→bloqueia os antígenos sólúveis dos ovos • Produtos excreção ou secreção de vermes adultos são imunogênicos→disfunção renal • Esquistossômulos→Ig E→ sensibilizam mastócitos→ ativam eosinófilos→ação citotóxica e destroem tegumento do parasito • Mecanismos de escape: modificação do tegumento do esquistossômulos tegumento dos vermes adultos descama-se e incorpora antígenos do hospedeiro Imunidade Imunidade Patogenia • Cepa do parasito, carga infectante, condições fisiológicas do material infectante, freqüência que ocorrem as reinfeccoes • Características do hospedeiro e do meio, ocorrencia de infeccoes anteriores, grau de imunidade desenvolvida • Carga parasitária acumulada ao longo dos anos e duração da infecção Patogenia • Dermatite cercariana ou dermatite do nadador • Comichão, erupção urticariforme, eritema, edema, pequenas pápulas e dor Cercária • esquistossômulos → pulmões →fígado sistema →porta intra-hepático • Forma toxêmica da esquistossomíase • Febre, eosinofilia, linfadenopatia, esplenomegalia, hepatomegalia e urticária Esquistossômulo Patogenia • Migram para a veia mesentérica inferior • Vermes mortos podem provocar lesões extensas no figado • Ação espoliativa →consome 2,5 mg de Fe por dia Patogenia Vermes adultos • elementos fundamentais da patogenia da esquistossomose • grande número→hemorragias, edemas da submucosa e fenômenos degenerativos, com formações ulcerativas pequenas e superficiais • Os ovos que atingem o fígado causam as alterações mais importantes da doença. Patogenia Ovos • O antígeno solúvel do ovo vivo →reação inflamatória granulomatosa • fase necrótica-exsudativa, fase produtiva ou de reação histiocitária, fase de cura ou fibrose →calcificação do ovo ou mesmo absorção e desaparecimento do granuloma Patogenia Ovos Patogenia Ovos Patogênese • Ação mecânica resultante da migração dos parasitas pelo tecido do hospedeiro. • Reação do organismo ao parasita. • Secreção e excreção de substâncias tóxicas ou antigênicas pelo parasita. Fase Pré-postural • sintomatologia variada • Presença de quadro gripal, prurido,dermatite cercariana, erupção urticariforme, eritema, edema, dor, edema angioneurótico. Patologia Esquistossomose aguda Patologia Fase aguda • disseminação de ovos no intestino, necrose levando a uma enterocolite aguda e no fígado. • forma toxêmica →febre, sudorese, calafrios, emagrecimento, fenômenos alérgicos, diarréia, disenteria, cólicas,tenesmo, hepatoesplenomegalia discreta, linfadenia,leucocitose com eosinofilia • lesões hepatoesplênicas Esquistossomose aguda Patologia Esquistossomose aguda Intestino • Diarréia mucossanguinolenta, dor abdominal e tenesmo • Nos casos graves, pode haver fibrose da alça retossigmóide→diminuição do peristaltismo e constipação constante • tumorações localizadas, denominadas formas pseudoneuplásicas Patologia Fase crônica Fígado • número de ovos, reação granulomatosa • Os ovos prendem-se nos espaços porta, com a formação de numerosos granulomas • "fibrose de Symmers", uma peripileflebite granulomatosa, com neoformação conjuntivo-vascular ao redor dos vasos portais • os granulomas hepáticos irão causar uma endoflebite aguda e fibrose periportal Patologia Fase crônica Patologia Fase crônica Esplenomegalia • hiperplasia do tecido reticular e dos elementos do sistema monocítico fagocitário • proliferação basofílica que coincide com um aumento de imunoglobulinas e devido principalmente a congestão passiva do ramo esplênico Patologia Fase crônica Patologia Varizes • circulação colateral anormal intrahepática e de anastomoses no nível do plexo hemorroidário, umbigo, região inguinal e esôfago • compensar a circulação portal obstruída e diminuir a hipertensão portal Ascite • formas hepatoesplênicas mais graves e decorre principalmente da hipertensão Fase crônica • Pulmões →Aumento do esforço cardíaco, que poderá chegar até a insuficiência cardíaca • encontro de ovos até em sêmen humano • pele, pâncreas, testículos, ovários, baço e apêndice cecal Patologia Outras localizações Patogenia e Sintomatologia Outras localizações Diagnóstico • Clinico e laboratorial • Quadro clinico mormente se o paciente vive ou procede de área endêmica • Hábitos, visitas a região endêmica, pescarias, acampamentos. • Palpação de fígado aumentado e duro e baço palpável • Necessidade provas laboratoriais e ultra-sonografia • Principal e praticamente o único método diagnostico • Ausência de ovos no período inicial da infecção • Ausência de ovos após a medicação que provoca • Suspensão da oviposição pelas fêmeas • Escassez ou inconstância da eliminação de ovos nas infecções leves e nos casos crônicos Diagnóstico laboratorial Exame de fezes Diagnóstico laboratorial Método de Lutz • Sedimentação espontânea de matéria fecal diluída em água para concentrar ovos de helmintos • Econômico • Utilização amostras fecais maiores Método de Stoll • Calcular a quantidade de ovos eliminados pelo pacientes em um exame de fezes e estimar a carga parasitária Diagnóstico laboratorial Método de Kato • Mais utilizado • Clarificação de amostra fecal por mistura de glicerina e água que impregna papel celofane molhada→ clarifica as fezes • Incapacidade de detectar infecções leves ou casos crônicos • Oculta infecções por outros parasitos Diagnóstico laboratorial Diagnóstico laboratorial Método de Kato • Amostra fecal →lavada em solução salina isotônica→ frasco com água filtrada ou fervida → miracídios eclodem dos ovos→ olho nu ou lente simples • Vantagem: dispensa uso de microscópio • Associada a outras técnicas ovo-helmintoscópicas→ critério seguro de cura Eclosão de miracídios Diagnóstico laboratorial • Exame retoscópico→ fragmentos da mucosa intestinal→ microscópio→ ovos imaturos ou maduros, vivos ou mortos e a reação granulomatosa Diagnóstico laboratorial Biópsia retal • Resposta imunológica precoce→ 1 semana após infecção • Áreas de reduzida prevalência, carga parasitaria baixa e baixa eficiência dos exames parasitoscópicos • Permanecem positivos durante muito tempo. Diagnóstico laboratorial Métodos imunológicos 1. Reação periovular • Ovos S. mansoni + soro paciente→ precipitados cristalinos ao redor da casca • Ovos vivos ou liofilizados 2. Reação cercariana • Cercária vivas + soro paciente→ membrana transparente depois 1-2 horas • Positiva precocemente e negativa-se depois da cura espontânea • Sensível e específica Diagnóstico laboratorial Métodos imunológicos 3. Imunofluorescência • Indireta: soro paciente (papel de filtro) + antígenos de cercária ou outras fases do parasito. • Uso limitado 4. Técnica de ELISA • Mais sensível • Antígenos purificados→ aperfeiçoamento da técnica Diagnóstico laboratorialMétodos imunológicos 5. Reação intradérmica • Sensibilização cutânea específica→ 4-8 semanas infecção • Injeta-se extrato do verme→ pápula com bordos irregulares • Intensidade da reação maior em adultos • Reações cruzadas: fasciolíase Diagnóstico laboratorial Métodos imunológicos Tratamento • Alta eficiência e baixa toxicidade 1. Praziquantel: • Contra esquistossomos e cestóides na luz intestinal 2. Oxamniquine • Formas adultas do parasito • Medicamento bem tolerado Critérios de cura • Exames parasitológicos, evolução clinica ou outros exames laboratoriais. • Exame de fezes→negativo por + 4 meses após tratamento. • Dose insuficiente→sobreviventes recuperam e recomeça a oviposição • Inativos contra formas larvárias • Contato com os focos de transmissão→ reaparecimento dos ovos →fracasso tratamento ou reinfecção • Se a cura ˂ 100% redução do numero de ovos/g fezes→ melhora do paciente e redução dos sintomas • Se for tratado para completar o tratamento→ usar medicamento diferente Critérios de cura Referências Bibliográficas • BOIA, M.N.; CARVALHO-COSTA, F.A.; SODRÉ, F.C.; PORRAS-PEDROZA, B.E.; FARIA, E.C.; MAGALHÃES, G.A.; SILVA, I.M.; COURA, J.R. Tuberculosis and intestinal parasitism among indigenous people in the Brazilian Amazon region. Rev Saude Publica. 2009 Feb;43(1):176-8. • BORGES, J.D.; ALARCON, R.S.; NETO, V.A.; GAKIYA, E. [Intestinal parasitosis in Indians of the Mapuera community (Oriximiná, State of Pará, Brazil): high prevalence of Blastocystis hominis and finding of Cryptosporidium sp and Cyclospora cayetanensis]. Rev Soc Bras Med Trop. 2009 May-Jun;42(3):348-50. • CIMERMAN, S.; CIMERMAN, B.; LEWI, D.S. . [An evaluation of the relationship between intestinal parasitoses and the risk factors for HIV in AIDS patients ]. Rev Soc Bras Med Trop. 1999 Mar-Apr;32(2):181-5] • DE CARLI, G. A. Parasitologia Clínica: Seleção de Métodos e Técnicas de Laboratório para o Diagnóstico das Parasitoses Humanas. São Paulo: Atheneu, 2001.
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