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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Centro de Ciências Humanas e Sociais – CCH Licenciatura em História – EAD Mundo Helenístico UNIRIO/CEDERJ Nome: Marcio Matielli Valença Matrícula: Polo: AD1 – PRIMEIRA AVALIAÇÃO À DISTÂNCIA – 2016.2 O estudo do período helenístico teria sido ofuscado pela historiografia da Grécia clássica e pela história romana que foi absorvida pela Europa, isto é, por todo Ocidente e talvez por motivos eurocêntricos o mundo helenístico fora colocado em um segundo plano por se tratar da expansão Grega para o Oriente, tendo em vista uma imagem etnocêntrica por parte do mundo Ocidental. Antes porém, de entrarmos necessariamente dentro das questões documentais que conseguiram sobreviver no tempo e no espaço até chegar na contemporaneidade, devemos discutir os fatos históricos que se sucederam a emergência da macedônia, no período de Alexandre, o Grande e a difusão maciça da cultura grega no Oriente próximo. A Grécia estava militarmente e politicamente enfraquecida, devido as guerras Médicas e do Peloponeso, pois sua população em maioria havia perecido durante 1 as guerras, as cidades foram devastadas e as atividades econômicas e comerciais teriam sido prejudicadas. Aproveitando-se do declínio das cidades gregas, Filipe II, da Macedônia (uma pequena faixa de terra localizada ao norte da Grécia, que era habitada por povos descendentes dos primitivos gregos, que viviam da agricultura e de atividades pastoreiras), conhecendo tais fatos e as rivalidades existentes dos Estados gregos, iniciou a conquista da Grécia. Em 338 a.C, Filipe II vence os gregos na Batalha de Queronéia, morrendo dois anos mais tarde. Após a morte de Filipe II, Alexandre dominou a revolta grega que iniciou logo depois da morte de seu pai, e colocou em prática o plano de conquistar o Oriente, aliado aos gregos. Este era um antigo desejo grego, a fim de tomar posse dos tesouros persas e para vingar os ataques de Dario e Xerxes e estender o seu domínio além do mar Egeu. Alexandre tornou-se imperador aos 20 anos de idade, além de excelente militar era dotado de um grande potencial intelectual, pois teria sido discípulo de Aristóteles, um dos maiores filósofos do seu período, e talvez de toda a Grécia Antiga. Como imperador, conseguiu superar as conquistas de seu pai e da maioria dos grandes imperadores orientais. Os gregos acreditavam que seria fácil se libertarem do domínio da Macedônia, devido a pouca idade de Alexandre, porém enganaram-se. Tebas se revelou com ajuda de Atenas, mas em apenas dois dias, fora derrotada, e como castigo, Alexandre mandou devastar a cidade. A única edificação que ficara de pé foi a casa 1 Os conflitos entre os antigos gregos e o Império Persa durante o século V a.C. onde havia vivido Píndoro, um poeta grego a quem Alexandre admirava. Alexandre expandiu o seu império em direção a África e a Ásia, conquistando o império persa, a Fenícia, o Egito e uma parte da Índia. Com isto, a Macedônia já se tornara o centro dos maiores impérios do mundo antigo: O império de Alexandre, o Grande. As pricipais características de Alexandre teriam sido a maneira como tratava os povos vencidos, respeitando suas religiões e instituições políticas, incentivou o casamento entre vencedores e vencidos, permitiu que jovens persas participassem dos exércitos gregos macedônicos, para com isto fundir os povos, buscando eliminar as diferenças e as desigualdades entre eles. Desta maneira, Alexandre criava condições para uma homogenização da cultura do vasto império por ele conquistado. O resultado mais importante foi chamada cultura helenística, que originou-se da miscigenação da cultura grega (helênica), com a cultura oriental. Logo após a morte de Alexandre em 323 a.C, com a consequência de lutas internas, seu vasto império foi dividido entre seus principais generais, tornaram-se três grandes reinos. Com isto, a Grécia deixava de ser o centro cultural do mundo, quem passava a ser então foi: Alexandria, no Egito, Antioquia, na Turquia, e Pérgamo, na Ásia Menor, que se estendeu até a invasão romana na Grécia, com a vitória sobre os coríntios, na Batalha de Coríntio em 146 a.C. Este período, entre a Grécia Clássica e o Império Romano ficou compreendida como mundo helenístico e por estar entre estes dois períodos foi esquecido pela historiografia. Grande parte desse esquecimento se deve à precariedade das fontes textuais e as condições que elas chegaram aos dias atuais. Um importante ponto a ser considerado é a produção desses textos, considerando que as elites que ocupavam as regiões conquistadas por Alexandre eram gregas, e que estas regiões foram conquistadas a força, através de batalhas, não seria estranho de se considerar que os textos opulente a elite vitoriosa, pois estes textos eram escritos para os gregos, silenciando as vozes dos vencidos. “Estou utilizando o termo “silenciar” para descrever o processo de formação da ortodoxia moderna e a exclusão de alternativas a ela de dua maneiras. De um lado, refiro-me a um processo pelo qual certas abordagens e as pessoas que as adotam são postas de lado e marginalizadas: mas esse é o sentido menos importante de minha discussão aqui (…) O problema é de fato, muito mais profundo e difícil de lidar: o silêncio é criado pelo próprio ato da escrita histórica.” 2 As próprias fontes textuais que chegaram aos dias atuais são passivas a criticas, ela não levam em consideração aspectos cotidianos dos territórios do mundo helenístico, lembrando que para pessoas comuns como mulheres, crianças, homens, camponeses e escravos, pouco houve mudanças, continuaram a pagar os impostos independente das novas administrações políticas, foi a partir do desenvolvimento da arqueologia do século XIX, onde surgiu uma grande quantidade de objetos, dando voz as pessoas comuns, trazendo à tona uma possível realidade do cotidiano. Não que se deva minimizar as fontes textuais, mas a Arqueológica, Epigrafia, Papirologia e Numismática, somam-se para uma melhor investigação. Um fator importante a considerar é que os textos do período helenístico vieram a ser cânone e passaram por várias eras até os dias atuais e as mesmas sofreram modificações, na própria antiguidade e mesmo na Idade Média, com a Escolástica, onde a antiguidade ganha contornos cristãos. As críticas as fontes documentais não se restringem ao período helenístico, estão presentes em todos os períodos históricos. É possível estabelecer um padrão em diferentes períodos temporais, quanto as críticas documentais nas quais exalta a hegemonia. No século XV, Pero Vaz de Caminha, escreveu uma carta relatando a descoberta de terras, e através dela informou ao rei de Portugal, D. Manuel I, diversas peculiaridades, incluindo o deseus abitantes. 2 Trechos de Vlassopoulos, K. Introduction. Unthinking Greek Polis. Ancient Greek History Beyond Eurocentrism. Cambridge: CUP, 2007, p. 1-10 “Porém o melhor fruto, que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza nela deve lançar. E que aí não mais, que ter aqui esta pousada para esta navegação de Caletude, isso bastaria. Quanto mais disposição para se nela cumprir e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber, acrescentamento de nossa santa fé.” 3 Este trecho do documento exalta a superioridade de Portugal para com o país conquistado, que deveriam a partir dali ter as mesmas crenças dos portugueses, “silenciando” com isso o povo dominado, vencido. Cabe ao historiador a interpretação dos documentos do passado, investigando todas as fontes históricas relacionadas ao período estudado. Para que público o documento foi produzido? E para que foi produzido? São perguntas que o historiador deve fazer para o documento. “O texto, para o historiador, não é um repositório de informações pré-constituídas, mas a leitura histórica – como proposição de questões – deve procurar constituir, em última instância, a informação.” 4 Bibliografia MARQUES, Juliana Bastos; SELVATICI, Monica. Mundo Helenístico. v. 1. Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2013. OLIVEIRA, Anderson José M. de; RODRIGUES, Cláudia; SANCHES, Marcos; CAVALCANTE, Paulo. Historia do Brasil I. v. 1. Rio de Janeiro. Fundação CECIERJ. 2013. MENESSES, Ulplano T. Bezerra de. Manuscríta. As Marcas da Leitura Histórica. Arte Gréga nos Textos Antigos. São Paulo. p. 69-82. Março. 3 Trechos da carta de Caminha ao rei de Portugal século XV. 4 Ulplano T. Bezerra de Meneses. 1998. APARECIDA, Regine. Alexandre Magno e a Cultura Helenística. Disponível em:< http://www.infoescola.com/historia/alexandre-magno-e-a-cultura-helenistic a/>Acesso em: 11 de agosto de 2016.
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