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Aula 1 Historia da Africa pre colonização

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Aula 1 – História da África pré-colonização
Ao final desta aula, você será capaz de:
1. Identificar os preconceitos que cercam o estudo da história africana;
2. reconhecer as múltiplas análises acerca das histórias do continente africano;
3. analisar as possíveis contribuições de outras disciplinas para o estudo das histórias africanas.
Exercício
1) Um dos grandes desafios no estudo da história africana é conseguir partilhar o olhar que os africanos têm de seu passado, para compreender que, na realidade, existem muitas Áfricas. Antes de começar o estudo desta aula, veja o vídeo abaixo disponível na Internet e faça uma pequena resenha sobre os perigos de uma história única.
A África dos Estereótipos
Boa parte do sucesso desse personagem se deve ao fato de sua trajetória misturar passagens mitológicas que remetem à história de fundação de Roma – na qual os gêmeos Rômulo e Remo foram alimentados por um animal, no caso, uma loba –, com cenas românticas que fazem lembrar o amor proibido de Romeu e Julieta.
O cenário africano criado também foi de grande importância para notoriedade de Tarzan. A amizade com a macaca Chita, a agilidade em caminhar pela selva, a rapidez com que pulava de um cipó para o outro, as lutas ferozes travadas contra leões e leopardos foram aspectos da vida do herói que encantaram os leitores. 
Uma das histórias mais famosas da literatura mundial ambientada no continente africano é a do Tarzan. Escrito pelo estadunidense Edgar Rice Burroughs, em 1912, o romance Tarzan dos Símios conta a história de um menino branco, filho de ingleses, que ainda bebê acompanha seus pais a uma viagem para África.
Devido a uma sequência de tragédias, os pais de Tarzan morrem e ele é criado por uma macaca em meio à selva africana. No início de sua juventude, mesmo sofrendo por ser diferente dos demais (já que acreditava ser um símio), Tarzan se tornou líder do grupo de macacos que o adotara. 
A vida do herói muda drasticamente quando ele salva um grupo de norte-americanos que havia sido deixado na África por marujos revoltosos. A partir deste episódio, Tarzan se apaixona por Jane (uma das pessoas que ele salvou), descobre ser filho de uma nobre família inglesa e vive o conflito da escolha entre viver na África ou na Europa.
Tarzan se tornou um personagem tão cativante que outros autores passaram a narrar suas incríveis histórias. Atualmente, além de inúmeros romances é possível conhecer a epopeia de Tarzan por meio de filmes, histórias em quadrinhos e desenhos animados.
Na realidade, mais do que encantar, tais referências ao continente africano ajudaram a formar uma determinada ideia de África.
Ainda que se trate de uma obra fictícia escrita por um homem que nunca esteve no continente africano, Tarzan reforçou uma imagem já difundida da África, na qual o continente aparece como uma região homogênea, terra de leões, girafas, zebras, rinocerontes e também de algumas tribos compostas por homens e mulheres negros que se vestiam como leopardos e possuíam pouco contato com o que se costuma chamar de “mundo civilizado”. 
Em outras palavras, a história de Tarzan coroou, no Ocidente, a imagem de uma “África Selvagem”.
Por diversas razões, a “África de Tarzan” continua presente até os dias de hoje. Um exemplo disso é o fato de muitas crianças em idade escolar avançada (e por vezes até adultos) não saberem precisar se a África é um país ou um continente. 
Tal confusão - que pode parecer infantil, ou até mesmo ingênua -, retrata o grande desconhecimento que existe sobre a história africana e a tendência em compreender a África como uma região única, sem diferenças internas.
E você, o que sabe sobre a África?
Desconstruindo o Mito da “África selvagem”
Ainda que a África possua florestas densas e seja habitada por leões, macacos e elefantes, caracterizá-la unicamente como uma grande selva seria um erro ao mesmo tempo geográfico e histórico.
Do ponto de vista geográfico, basta uma rápida análise do mapa físico do continente para observar que a floresta é uma das diversas vegetações existentes na África. 
Além das florestas características da zona equatorial, a África ainda possui outros cinco tipos de vegetação: 
Vegetação:
as savanas (que na realidade são o hábitat natural dos animais de grande porte)
as estepes
mediterrânea
desértica
oásis
Cada uma dessas vegetações está relacionada a um clima diferente (que leva o mesmo nome das vegetações), que por sua vez estão ordenados de forma muito parecida a partir da linha do Equador tanto ao norte quanto ao sul. Tal atributo faz com a que a África seja chamada de “continente espelho”.
O mesmo mapa ainda demonstra uma grande diferença no quadro pluviométrico africano. As regiões próximas à linha equatorial (caracterizadas tanto pelas florestas como pelas savanas) são as que possuem a maior concentração de rios e lagos. Em seguida estão as regiões de estepes que têm poucos, mas extensos rios; e por fim os dois grandes desertos africanos (o Saara e o Calahari) que possuem um único rio perene cada. 
Embora não esteja explicitado nesse mapa, o continente ainda apresenta diferentes relevos e diversas paisagens litorâneas, além de estreitas relações com outros continentes, devido à sua proximidade com a Europa
(via Mar Mediterrâneo) e com o Oriente Médio (via Mar Vermelho).
Frente a esse diversificado quadro geográfico é impossível pensar em uma única África. A trajetória de povos que ocuparam as regiões desérticas não pode ser a mesma dos povos que habitavam, por exemplo, a região dos Grandes Lagos ou dos grupos que se organizaram nas margens dos rios Senegal e Gâmbia. Desta forma, tal como no continente europeu, asiático e americano, o hábitat natural teve grande influência nas diferentes formas de organização social dos povos africanos.
Embora o continente africano seja muito extenso, a concentração das bacias hidrográficas em determinadas regiões e a relativa falta de rios e lagos em outras localidades acabou criando condições às quais os grupos humanos tiveram que adaptar-se. Por mais contraditório que possa parecer, uma das principais estratégias de sobrevivência das sociedades africanas foi se organizar em pequenos grupos que ficaram conhecidos como as famosas “tribos” da África.
Dessa forma, é possível afirmar que a grande quantidade de pequenas sociedades no continente africano é decorrente do conhecimento que seus habitantes possuem sobre a natureza que fazem parte, assunto que será melhor trabalhado na Aula 3 deste curso. 
O importante a sublinhar neste momento é que a formação das “tribos” africanas não está relacionada a nenhum pretenso atraso dessas populações, como se acreditou durante
muitos anos. 
Ao contrário do que disse o filósofo alemão Hegel no século XIX, a África tem, sim, inúmeras histórias. O fundamental é termos as ferramentas certas para conseguir enxergá-las.
Fontes e documentos para estudar a história da África
Conforme anunciado acima, um dos grandes problemas encontrados pelos historiadores ocidentais para estudar a história da África devia-se ao fato de que a maior parte das sociedades do continente serem ágrafas, ou seja, elas não haviam desenvolvido a escrita, ou então não a usavam de forma sistemática. 
Até meados do século XX, os povos que viveram na África - bem como em outras regiões do mundo como partes da Ásia, América e Oceania - eram considerados desprovidos de história, porque não haviam feito registros escritos de seu passado.
Sendo assim, os primeiros historiadores do continente africano foram os antropólogos, arqueólogos e linguistas. Com o intuito de estudar manifestações culturais, vestígios materiais e a imensa pluralidade de línguas faladas na África, esses profissionais conseguiram resgatar muitos fatos e costumes dos povos africanos, chegando a estudar sociedades milenares.
Fontes e Documentos para Estudar a História da África
Aolongo do século XX, a História Ocidental passou por diversas mudanças, sendo a principal delas o alargamento das fontes documentais, ou seja, das ferramentas do historiador. Ainda que a escrita seja a principal forma de acessar o passado, os historiadores do século XX ampliaram seu diálogo com outras disciplinas, sobretudo com a:
Antropologia
Arqueologia
Sociologia
Linguística
Tal ampliação permitiu que novas fontes passassem a fazer parte do escopo documental dos historiadores, e que a África passasse a ser vista como um continente possuidor
de história.
Paralelamente à reorientação metodológica dos estudos de história, a partir da década de 1920, no contexto da luta das colônias africanas por liberdade, muitos africanos (de diferentes regiões) começaram a reivindicar a possibilidade de contarem a história de seu povo. 
HISTÓRIA DA ÁFRICA
Importantes nomes, como Amadou Hampatê Ba e Joseph Ki-Zerbo, apresentaram para o Ocidente uma África pouco conhecida, mas de uma complexidade ímpar. Uma das maiores contribuições desses historiadores foi apresentar para o Ocidente, de maneira palatável e compreensível, que a África era um continente complexo, que precisava ser analisado dentro de sua complexidade, mas que, em muitas vezes, sua história estava mais próxima da perspectiva
eurocêntrica do que os próprios europeus imaginavam.
No entanto, um dos temas que ainda se apresenta como um desafio para o estudo da história africana e que pode ser ampliado como uma questão para a disciplina de História como um todo, é trabalhar com a oralidade. Como já foi apontado, antes do contato com os muçulmanos e com os europeus, a imensa maioria das sociedades africanas era ágrafa. A principal forma que elas desenvolveram para guardar e resgatar seu passado foi por meio da oralidade, ou seja, da palavra falada. 
Como este é um tema complexo, ele será retomado em outros momentos do curso. Todavia, é fundamental compreender o que os africanos entendiam por oralidade, e, para isso, o mais adequado é examinar o que um africano escreveu sobre o assunto.
Clique no PDF!
Ao longo do curso, nós iremos estudar diferentes povos do continente africano, fazendo uso das ferramentas disponíveis para o historiador, inclusive a oralidade. 
O objetivo é conseguirmos compreender os aspectos comuns existentes entre muitos povos da África, mas, sobretudo, entender a multiplicidade e complexidade que circunda o estudo deste continente para que possamos compreender a nossa própria história de maneira mais aprofundada. Comecemos com aquela África que nos é mais próxima. Bons estudos
Nesta aula, você:
Examinou alguns dos estereótipos existentes sobre o continente africano;
desconstruiu esses estereótipos, analisando as particularidades existentes na história da África;
identificou a necessidade de alargar o uso das fontes documentais para o estudo da história africana, sobretudo no que diz respeito à oralidade.
Na próxima aula, você vai estudar:
Os aspectos gerais no Egito Antigo;
a organização sociopolítica e econômica do Reino da Núbia;
a trajetória do Egito faraônico com a dinâmica política dos núbios.
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