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UNICE – ENSINO SUPERIOR 
IESF – INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR DE FORTALEZA 
GRADUAÇÃO EM FARMÁCIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O USO IRRACIONAL DE DESCONGESTIONANTES NASAIS POR 
CLIENTES DE UMA FARMÁCIA COMERCIAL LOCALIZADA NO 
MUNICÍPIO DE FORTALEZA - CE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FAGNER BATALHA FERREIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fortaleza – Ceará 
2016.1 
2 
 
FAGNER BATALHA FERREIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O USO IRRACIONAL DE DESCONGESTIONANTES NASAIS POR 
CLIENTES DE UMA FARMÁCIA COMERCIAL LOCALIZADA NO 
MUNICÍPIO DE FORTALEZA - CE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho Acadêmico apresentado à 
UNICE – Ensino Superior / IESF – 
Instituto de Ensino Superior de Fortaleza, 
como requisito parcial para a obtenção do 
Título de Bacharel em Farmácia, sob a 
orientação da Prof.ª Me. Juliana 
Fernandes e Prof. Esp. Antônio Cláudio 
Silva Nunes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fortaleza – Ceará 
2016.1 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação 
 
F383u 
 
Ferreira, Fagner Batalha. 
 
O uso irracional de descongestionantes nasais por clientes de uma 
farmácia localizada no município de Fortaleza – CE. / Fagner Batalha 
Ferreira - 2016. 
 
 60f.; il.Color. 
 Inclui Bibliografia. 
 
 Monografia (Graduação em Farmácia) – UNICE – Ensino 
Superior, 2016. 
 Orientador: Prof. Me. Juliana Fernandes. 
 
 1. Congestão Nasal. 2. Uso Irracional. 3. Descongestionantes. 
I. Título. 
 
CDD 615 
 
 
Ficha catalográfica elaborada pelo Serviço Técnico da 
Biblioteca da UNICE - Ensino Superior. 
Bibliotecária: Josyane Moreno da Costa. CRB-3/1302 
 
4 
 
Trabalho Acadêmico apresentado à UNICE – Ensino Superior / IESF – Instituto de 
Ensino Superior de Fortaleza, como requisito necessário para a obtenção do Título 
de Bacharel em Farmácia. A citação de qualquer trecho deste trabalho acadêmico é 
permitida, desde que, em conformidade com as normas da ética científica. 
 
 
 
 
 
__________________________________________________________________________ 
Fagner Batalha Ferreira 
 
 
 
 
 
 
Apresentação em: _______/_______/_______ 
 
 
 
 
 
 
 
___________________________________________________________________ 
Orientadora Prof.ª Me. Juliana Fernandes Pereira 
 
 
 
 
 
 
___________________________________________________________________ 
1ª Examinadora Prof.ª Dr.ª Terezinha de Jesus Afonso Tartuce 
 
 
 
 
 
 
___________________________________________________________________ 
2º Examinador Prof. Esp. Antônio Cláudio Silva Nunes 
 
 
 
 
 
 
___________________________________________________________________ 
Coordenador do Curso Prof. Me. Fábio Luiz Tartuce Filho 
 
5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico 
 
Este trabalho primeiramente a Deus, que me deu força e 
coragem nessa longa jornada. Aos meus pais e esposa, 
que com muito carinho e apoio, não mediram esforços 
para que eu concluísse mais esta etapa na minha vida. 
6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agradeço 
 
A todos da minha família e minha amada esposa que, de 
alguma forma, incentivaram-me na constante busca pelo 
conhecimento. 
Aos meus orientadores, Prof.ª Juliana Fernandes e Prof. 
Antônio Cláudio, pela paciência, dedicação e sabedoria 
que muito me auxiliaram para conclusão deste trabalho. 
A todos os meus amigos e colegas de trabalho, que 
contribuíram de alguma forma nessa jornada. 
A todos os mestres dessa instituição, que dedicaram-se a 
transmitir uma das maiores virtudes que eles podem ter: o 
conhecimento. Meus sinceros agradecimentos! 
7 
 
RESUMO 
 
 
Muitos descongestionantes nasais tópicos são vendidos livremente nas farmácias e 
drogarias do Brasil, o que predispõe ao uso irracional, pois muitos acreditam que 
esses medicamentos não causam danos aos usuários. Entretanto, estudos têm 
demonstrado efeitos nocivos relacionados tanto ao uso terapêutico quanto ao uso 
indiscriminado desses medicamentos. Os descongestionantes nasais promovem o 
alívio sintomático da congestão nasal e, se utilizados pelo período e modo 
apropriado, o paciente obtém resultados, geralmente, eficazes. Por outro lado, 
quando usados de modo incorreto, ou por um período que ultrapassa o 
recomendado, pode resultar em efeitos adversos e em situação conhecida como: 
rinite medicamentosa, provocando certa dependência ao produto. É necessária uma 
maior conscientização da população quanto aos riscos do uso continuado de 
descongestionantes nasais tópicos. A avaliação farmacêutica da prescrição e da 
forma como o paciente utiliza esses medicamentos, bem como a orientação no ato 
da dispensação podem gerar bons resultados. Considerando ampliar conhecimentos 
relevantes a este tema, demonstrou-se a necessidade desse estudo que tem como 
intuito investigar o uso irracional de descongestionantes nasais e a prevalência de 
pacientes com uso dependente dessa medicação e, ainda, os fatores relacionados 
ao consumo desse produto. Para o embasamento teórico, a pesquisa fundamentou-
se em um levantamento bibliográfico de diversas obras e artigos pertinentes ao 
tema. 
 
Palavras-chave: Congestão Nasal; Descongestionantes; Uso Irracional; Importância 
do Farmacêutico. 
 
8 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 10 
 
CAPÍTULO I. CONGESTÃO NASAL ........................................................................ 13 
1.1 Fisiopatologia da Rinite ....................................................................................... 16 
1.1.1 Rinite Medicamentosa .................................................................................. 17 
1.1.2 Rinite Infecciosa ........................................................................................... 17 
1.1.3 Rinite Alérgica .............................................................................................. 19 
1.1.4 Rinite Crônica ............................................................................................... 21 
1.1.5 Pólipos Nasais ............................................................................................. 21 
1.2 Fisiopatologia da Rinosinusite ............................................................................. 22 
1.3 Fisiopatologia da Adenoidite ............................................................................... 24 
 
CAPÍTULO II. DESCONGESTIONANTES NASAIS ................................................. 26 
2.1 Nafazolina ........................................................................................................... 29 
2.1.1 Indicações .................................................................................................... 29 
2.1.2 Mecanismo de Ação ..................................................................................... 30 
2.1.3 Efeitos Adversos .......................................................................................... 30 
2.1.4 Os Riscos da Superdosagem ....................................................................... 31 
2.1.5 Tratamento da Intoxicação ........................................................................... 31 
2.1.6 Interações Medicamentosas ........................................................................ 32 
2.2 Fluticasona ..........................................................................................................32 
2.2.1 Indicações .................................................................................................... 33 
2.2.2 Mecanismo de Ação ..................................................................................... 34 
2.2.3 Efeitos Adversos .......................................................................................... 34 
2.2.4 Os Riscos da Superdosagem ....................................................................... 34 
2.2.5 Tratamento da Intoxicação ........................................................................... 35 
2.2.6 Interações Medicamentosas ........................................................................ 36 
 
CAPÍTULO III. A IMPORTÂNCIA DO FARMACÊUTICO NO COMBATE AO USO 
IRRACIONAL DE DESCONGESTIONANTES ......................................................... 38 
 
9 
 
CAPÍTULO IV. PESQUISA DE CAMPO ................................................................... 44 
4.1 Método da Pesquisa ............................................................................................ 44 
4.2 Universo da Pesquisa ......................................................................................... 45 
4.3 Perfil do Sujeito ................................................................................................... 45 
4.4 Apresentação dos Dados .................................................................................... 46 
4.5 Análise dos Resultados ....................................................................................... 50 
 
CONCLUSÃO ........................................................................................................... 52 
 
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 53 
 
FONTES ON LINE .................................................................................................... 56 
 
APÊNDICES ............................................................................................................ 59 
 
 
10 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
Muitas vezes, o fato de se ter assistência médica e acesso a 
medicamentos não implica necessariamente em melhores condições de saúde ou 
qualidade de vida. Isso ocorre porque mesmo nessas condições, ainda pode haver 
problemas como erros de prescrição médica, automedicação inadequada e uso 
irregular de medicamentos. Tais práticas levam a tratamentos ineficazes e 
inseguros. 
 
Os medicamentos constituem-se em importantes métodos 
terapêuticos largamente utilizados no tratamento da saúde. Porém, apesar do seu 
uso ter por objetivo o trato de enfermidades, os medicamentos também apresentam 
riscos à saúde dos pacientes. 
 
Dentre os principais riscos, destacam-se as intoxicações 
medicamentosas e as reações adversas ao medicamento, podendo piorar a 
condição atual do paciente ou mesmo provocar o surgimento de uma nova 
enfermidade. 
 
Diante dos riscos oferecidos pelo uso de medicamentos é 
fundamental o seu uso de forma racional, ou seja, a utilização do fármaco correto, 
proveniente de uma origem conhecida e certificada, munido de orientação médica e 
farmacêutica, nos horários e quantidades especificadas na bula. 
 
Entretanto, apesar das recomendações médicas e de 
autoridades de saúde com relação ao uso racional de medicamentos, estudos 
mostram o crescente uso abusivo de fármacos e suas consequências. Os 
descongestionantes nasais configuram como um dos medicamentos mais acessíveis 
à população e, portanto, ocupam uma posição de risco quanto a sua má utilização, 
muitas vezes de forma irracional. 
 
Nesse contexto, o papel do farmacêutico é fundamental como 
11 
 
profissional de saúde responsável pela orientação da utilização correta dos 
medicamentos. 
 
A partir do que foi evidenciado anteriormente, apresenta-se a 
seguinte problemática: quais os principais fatores que contribuem para o uso 
irracional de descongestionantes nasais? 
 
Tem-se como hipóteses que o uso irracional de 
descongestionantes nasais é influenciado por diversos fatores como: grau de 
escolaridade, acesso a serviço de saúde (privado ou público), baixa qualidade do 
atendimento nos serviços de saúde, hábitos culturais de aconselhamento com 
amigos e familiares, experiência prévia com medicamentos, publicidade de 
medicamentos, que muitas vezes estimulam a utilização desnecessária e irracional, 
tudo isso atrelado à falta de esclarecimento sobre os riscos associados ao seu uso. 
 
Portanto, este trabalho acadêmico tem como objetivo 
evidenciar os riscos causados pelo uso indiscriminado de descongestionantes 
nasais, focando na importância da orientação farmacêutica no combate ao uso 
irracional desses medicamentos. Outra contribuição pretendida é analisar o perfil 
dos pacientes que realizam essa prática. 
 
Sendo assim, esse trabalho acadêmico está estruturado em 
quatro capítulos: 
 
O primeiro capítulo aborda os aspectos teóricos da congestão 
nasal, bem como as fisiopatologias associadas a este sintoma, como a fisiopatologia 
da rinite, a fisiopatologia da rinosinusite e a fisiopatologia da adenoidite. 
 
O segundo capítulo detalha o que são os descongestionantes 
nasais, abordando dois deles: a nafazolina e a fluticasona. São retratados, também, 
suas indicações, mecanismos de ação, efeitos adversos, riscos de superdosagem, 
tratamento da intoxicação e interações medicamentosas. 
 
O terceiro capítulo relata a importância da atenção 
12 
 
farmacêutica no combate ao uso irracional de descongestionantes. 
 
O quarto capítulo apresenta a pesquisa de campo que será 
realizada em uma farmácia comercial, mostrando a prática do uso abusivo de 
descongestionantes, com apresentação de dados e resultados obtidos. 
 
Nessa visão, o entendimento dessa realidade vivenciada pela 
população, para captação dos detalhes em relação ao uso de descongestionantes 
nasais, torna-se indispensável para um melhor aproveitamento desse produto. 
 
13 
 
CAPÍTULO I. CONGESTÃO NASAL 
 
 
Problemas relacionados à congestão nasal têm sido 
referenciados como um dos principais motivos para a busca por atendimento médico 
no Brasil; como aponta BRANCO, FERRARI e WEBER, 1 tais sintomas podem ser 
originados por fatores como resfriado, sinusite, alergias e outros que desencadeiam 
o irritamento ou inflamação dos tecidos nasais. 
 
Em concordância com os autores citados, MELLO JÚNIOR et 
al. atestam que: 
 
As afecções inflamatórias do nariz e seios paranasais são o 
grupo de doenças mais prevalentes na população em geral. 
Estas doenças, como, por exemplo, as rinites alérgicas e não 
alérgicas, as rinossinusites agudas e crônicas, com e sem 
polipose nasal, causam acentuada queda da qualidade de vida 
dos pacientes afetados, gerando perdas significativas das 
atividades de trabalho, lazer e sociais em geral. Estes 
pacientes necessitam de tratamento específico e especializado. 
2 
 
MALM adiciona que a congestão nasal também é um “(...) 
sintoma comum observado em pacientes com rinite atrófica, doença crônica da 
mucosa nasal caracterizada por uma progressiva atrofia da mucosa, crosta nasal e 
um surpreendente alargamento do espaço nasal.” 3 
 
Por outro lado, SHEDDEN 4 afirma que uma das 
consequências do sintoma supracitado é o estreitamento anatômico das vias aéreas. 
Em decorrência de tal sequela, os agentes podem passar a sofrer distúrbios 
respiratórios de sono e sonolência diurna. O autor ainda aponta que uma série de 
 
1
 A. Branco; G. F. Ferrari; S. A. T. Weber. Alterações orofaciais em doenças alérgicas de viasaéreas. 
2007, p. 266-270. 
2
 J. F. Mello Júnior et al. Posicionamento da academia brasileira de rinologia sobre terapias tópicas 
nasais. 2013, p. 391-400. (a) 
3
 J. M. Malm. Definition, prevalence and development of nasal obstruction. Disponível em: 
http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1398-9995.1997.tb04876.x/epdf. Acessado em: 
03/mar/2016. 
4
 A. Shedden. Impact of nasal congestion on quality of life and work productivity in allergic rhinitis. 
2005, p. 439-446. 
14 
 
pesquisas tem relacionado o congestionamento nasal a doenças das vias aéreas 
inferiores. 
 
YOUN, FINN e KIM 5 complementam o estudo anterior ao 
caracterizar os efeitos da congestão nasal sobre os distúrbios do sono, via efeito da 
respiração nasal, tanto na resistência quanto na velocidade do fluxo, afetando o 
diferencial de pressão entre a atmosfera e o ambiente intratorácico. 
 
Contextualizando o que ensinam os autores referenciados, a 
obstrução nasal gera uma sensação de desconforto ocasionada pela insuficiente 
passagem de ar pelo nariz, não indicando necessariamente a presença de um 
obstáculo anatômico na corrente aérea, como, por exemplo, desvio de septo, 
hipertrofia de cornetos, adenoides e de amígdalas palatinas, tumores e pólipos, mas, 
com frequência, indica a presença de processo inflamatório, como ocorre nas rinites 
alérgicas e asma. 
 
De tal forma, pacientes com rinite alérgica e outras doenças do 
trato respiratório superior têm sua qualidade de vida e desempenho laboral 
comprometido. 
 
Pesquisas têm sido realizadas nos últimos anos no intuito de 
avaliar o efeito da rinite alérgica e não alérgica sobre a atividade econômica norte-
americana. MIN 6 aponta que casos de rinite alérgica estão se expandido ao redor 
de todo o mundo; ainda, segundo o autor, estima-se que cerca de 60 milhões de 
pessoas são afetadas pela doença. 
 
Em outra pesquisa, SIN e TOGIAS 7 observam que 30% da 
população americana possuem rinite alérgica ou não alérgica, com a proporção de 
adultos oscilando entre 10 e 30%, enquanto a proporção se eleva para cerca de 
40% na idade infanto-juvenil. 
 
 
5
 T. Young; L. Finn; H. Kim. Nasal obstruction as a risk factor for sleep-disordered breathing. 1997, p. 
557-562. 
6
 Y. G. Min. The pathophysiology, diagnosis and treatment of allergic rhinitis. 2010, p. 65-75. 
7
 B. Sin; A. Togias. Pathophysiology of allergic and nonallergic rhinitis. 2011, p. 106-114. 
15 
 
Em termos laborais, NATHAN 8 infere que a rinite alérgica 
causa a perda de 3,5 milhões de dias de trabalho na economia americana; 
adicionalmente, o autor aponta que 2 milhões de dias de escola são perdidos 
também em decorrência da doença, o que tende a afetar a formação de capital 
humano do país. Fica claro, portanto, que a doença, além de afetar a produtividade 
presente na economia, tem potencial para causar um impacto negativo sobre o 
desempenho das futuras gerações. 
 
Porém, essas doenças epidemiológicas, em relação à rinite 
alérgica, não é exclusividade de países estrangeiros. LEAL et al. afirmam que, 
 
Embora estudos que avaliem a prevalência de sintomas 
associados à rinite alérgica e a interferência na vida diária entre 
os adultos jovens sejam importantes para possibilitar medidas 
preventivas, existem poucos trabalhos com população de 
adolescentes e adultos, particularmente estudantes 
universitários, principalmente na região Nordeste. Os adultos 
em crise de rinite alérgica podem apresentar alterações 
psicológicas como sensação de fadiga, dificuldade de 
concentração, lentidão do raciocínio e alterações de humor. 
Essas modificações psicológicas podem interferir na 
capacidade de trabalho, em atividades que requeiram atenção 
e na coordenação motora. 9 
 
Logo, pode-se inferir que, além dos custos diretos como a 
utilização do sistema de saúde e os relativos ao consequente tratamento, tais 
doenças causam um impacto indireto relacionado à perda de produtividade no 
trabalho, de modo que gera um potencial devastador sobre a renda da economia, 
uma vez que ele causa uma reação em cadeia, afetando diversos setores da 
economia. 
 
Nessa linha de raciocínio, REED, LEE e MCCRORY 10 
caracterizam que os custos indiretos relacionados à rinite alérgica causam o maior 
impacto sobre a economia americana. Os autores estimaram que a perda associada 
aos termos financeiros oscila entre US$ 5.5 bilhões e US$ 9.7 bilhões, 
 
8
 R. A. Nathan. The burden of allergic rhinits. 2007, p. 3-9. 
9
 A. O. Leal et al. Sinais de rinite em estudantes universitários da área da saúde. 2015, p. 184-185. 
10
 S. D. Reed; T. A. Lee; D. C. Mccrory. The economic burden of allergic rhinits: a critical evaluation of 
the literature. 2004, p. 345-361. 
16 
 
representando um valor duas ou três vezes maior do que as perdas diretas 
atribuídas à rinite (US$ 1.7 bilhões até US$ 4.3 bilhões). 
 
Para o caso brasileiro, apesar de não existirem estudos 
estimando o efeito de doenças como a rinite sobre a economia, é consensual que 
seu impacto deve ser elevado, uma vez que, como será explicitado adiante, estima-
se que cerca de 40 milhões de brasileiros são afetados pela rinite. 
 
1.1 FISIOPATOLOGIA DA RINITE 
 
 Segundo SOLÉ e SAKANO, 11 a rinite é uma inflamação da 
mucosa de revestimento nasal, caracterizada pela presença de um ou mais dos 
seguintes sintomas: congestão nasal, rinorreia, espirros, prurido e hiposmia e pode 
afetar até 20% da população em geral. 
 
É oportuno mencionar que as rinites podem ser classificadas 
com base em critérios clínicos, frequência e intensidade de sintomas, citologia nasal, 
e fatores etiológicos. Segundo a sua duração, podem ser classificadas em: aguda, 
subaguda e crônica. A classificação etiológica parece ser a mais adequada, pois 
está diretamente relacionada à terapêutica, segundo demostra a Tabela 1. 
 
TABELA 1. CLASSIFICAÇÃO DAS RINITES SEGUNDO O FATOR ETIOLÓGICO 
INFECCIOSA 
VIRAL 
BACTERIANA 
FÚNGICA 
ALÉRGICA IMUNOLÓGICA 
 
 
 
NÃO ALÉRGICA 
 
INDUZIDA 
POR DROGAS: 
 VASOCONSTRITORES TÓPICOS (RINITE MEDICAMENTOSA); 
 ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO HORMONAIS, 
 ANTI-HIPERTENSIVOS, 
 PSICOTRÓPICOS (ANTIPSICÓTICOS), 
 COCAÍNA E 
 OUTRAS. 
HORMONAL 
 RINITE EOSINOFÍLICA NÃO ALÉRGICA (RENA) 
 RINITE IDIOPÁTICA 
 RINITE NEUROGÊNICA 
 RINITE ATRÓFICA 
 RINITE ASSOCIADA A REFLUXO GASTROESOFÁGICO 
OUTRAS RINITE MISTA; RINITE OCUPACIONAL; RINITE ALÉRGICA LOCAL 
Fonte adaptada: D. Solé; E. Sakano. III Consenso Brasileiro sobre rinites. Brazilian journal of 
otorhinolaryngology. 2012, p. 1-52. 
 
11
 D. Solé; E. Sakano. III Consenso Brasileiro sobre rinites. Brazilian journal of 
otorhinolaryngology. 2012, p. 1-52. 
17 
 
1.1.1 Rinite Medicamentosa 
 
Segundo TOOHILL et al., 12 a rinite medicamentosa é uma 
forma não alérgica, induzida pelo uso de drogas em que a mucosa nasal é agredida 
ou tem suas lesões prévias agravadas pelo uso excessivo ou inadequado de 
descongestionantes nasais tópicos. Incide na prática otorrinolaringológica em cerca 
de 1% das consultas. 
 
Para LAGUE, ROITHMANN e AUGUSTO, 13 essa patologia 
caracteriza-se por congestão nasal, gotejamento pós-nasal, espirros e pode iniciar 
após a utilização de descongestionantes nasais tópicos por mais de três dias. Ainda 
segundo os autores, uma série de estudos tem demonstrado que a congestão nasal 
rebote não se desenvolve em até 8 semanas de uso de descongestionante tópico, 
enquanto outros sugerem que o inícioda rinite medicamentosa ocorre após o uso de 
simpaticomiméticos tópicos por 3 a 10 dias. 
 
Antagonicamente, TREBIEN 14 defende que “(...) o intervalo 
entre uma tomada e outra do medicamento é determinada por vários parâmetros, 
entre eles o tempo de meia-vida plasmática e a concentração sanguínea do 
medicamento (...),” em outras palavras, apesar de existir uma grande quantidade de 
estudos com relação à rinite medicamentosa, nenhum critério foi validado, não 
existindo, portanto, um consenso com relação ao intervalo temporal entre o início da 
utilização de descongestionantes tópicos e a congestão nasal rebote. 
 
1.1.2 Rinite Infecciosa 
 
A rinite infecciosa pertence à classe não-alérgica, sendo 
identificada por sintomas periódicos e passageiros, não sendo mediadas por eventos 
IgE-dependentes. Tal processo inflamatório pode ser agudo ou crônico. 
 
Porém, as rinites infecciosas agudas, etiologicamente, são 
 
12
 R. J. Toohill et al. Rhinitis medicamentosa. 2007, p. 14-21. 
13
 L. G. Lague; R. Roithmann; T. A. M. Augusto. Prevalência do uso de vasoconstritores nasais em 
acadêmicos de uma universidade privada do Rio Grande do Sul. 2013, p. 39-43. 
14
 H. A. Trebien. Medicamentos: benefícios e riscos com ênfase na automedicação. 2011, p. 61. 
18 
 
classificadas em bacterianas ou virais, sendo relacionadas com uma infecção 
respiratória superior viral, representando-se de forma geral com obstrução nasal, 
febre, dentre outros. Consoante à classe viral, de acordo com ROBBINS et al. 15 a 
inflamação pode ser decorrente de um ou mais vírus – como o adenovírus, eco 
vírus, e rinovírus. 
 
Esse tipo de rinite infecciosa é considerado o processo mais 
corriqueiro entre todo conjunto de rinites; a transmissão se dá por meio do contato 
pessoal. WALLACE e DYKEWICZ 16 afirmam que durante o estágio inicial da doença 
ocorre um espessamento da mucosa nasal, outro sinal desse processo inflamatório 
é a coriza – secreção clara e serosa – acompanhada por frequentes espirros e 
obstrução nasal. 
 
Cabe ressaltar que o quadro inflamatório brevemente exposto 
tende a durar entre 7 e 10 dias, em média, porém, uma infecção bacteriana 
secundária pode intensificar a reação inflamatória podendo causar complicações. 
 
Os referidos autores ainda afirmam que as formas crônicas são 
menos frequentes e, entre os principais sintomas desse processo de rinite 
infecciosa, destacam-se a congestão e corrimento nasal, fadiga, dor de cabeça, 
além de alterações no olfato. Em termos de longevidade do processo inflamatório, 
tal inflamação das fossas nasais diferencia-se do processo agudo por perdurar em 
um período muito superior, podendo causar crises alérgicas intensas de mais de 90 
dias. 
 
O diagnóstico toma por base o histórico clínico do paciente, 
levando em conta, posteriormente, a análise de exames físicos, testes de alergia e 
citologia nasal, apesar de seu valor clínico limitado. 
 
De acordo com ROITHMANN, 17 os tipos crônicos de rinite 
infecciosa podem ser classificados em específicos: como leishmaniose, hanseníase, 
 
15
 S. L. Robbins et al. Patologia: bases patológicas das doenças. 2010, p. 138-139. 
16
 D. V. Wallace; M. S. Dykewicz. The diagnosis and management of rhinits: an updated practice 
parameter. 2008, p. 1-1237. 
17
 R. Roithmann. Rinites. 2000, p. 96-99. 
19 
 
rinosporidiose, por exemplo, ou inespecíficos: síndrome da discinesia ciliar ou 
Kartagener, síndrome de Young, fibrose cística, entre outras. 
 
1.1.3 Rinite Alérgica 
 
A rinite alérgica é considerada um processo inflamatório nasal 
desenvolvido por meio da hipersensibilidade mediada IgE a substâncias estranhas 
(alérgenos). BOUESQUET et al. 18 afirmam que os principais sintomas incluem 
rinorréia aquosa, obstrução/prurido nasais, espirros e sintomas oculares, tais como 
prurido e hiperemia conjuntival, os quais se resolvem espontaneamente ou através 
de tratamento. 
 
ROBBINS et al., descrevem alguns informações sobre a rinite 
alérgica, 
 
Inicia-se por reações de hipersensibilidade a um dentre muitos 
alérgenos, mais comumente pólen de plantas, fungos, 
alérgenos animais e ácaros. Ela afeta 20% da população dos 
Estados Unidos. Como no caso da asma, a rinite alérgica é 
uma reação imune mediada por IgE com uma resposta de fase 
inicial e de fase tardia “Hipersensibilidade Imediata (tipo I)”. A 
reação alérgica é caracterizada por um edema evidente da 
mucosa, vermelhidão e secreção de muco, acompanhados de 
infiltração leucocitária na qual há proeminência de eosinófilos. 
19 (grifo original) 
 
BOUSQUET et al. 20 realizaram um estudo colaborativo 
denominado International Study on Asthma and Allergies in Childhood - ISAAC, no 
Brasil, no qual mostrou que a prevalência média de sintomas relacionados à rinite 
alérgica foi 29,6% entre adolescentes e 25,7% entre escolares. Quanto aos sintomas 
relacionados à asma ativa, a prevalência média foi de 19,0 e 24,3% entre 
adolescentes e escolares, respectivamente. 
 
 
18
 J. Bousquet et al. Allergic rhinitis and its impact on asthma. 2008, p. 8-160. 
19
 S. L.Robbins et al. Op. Cit. p. 1972. 
20
 J. Bousquet et al. Loc. Cit. p. 8-160. 
20 
 
Assim, segundo os autores citados, o Brasil está no grupo de 
países que apresentam as maiores taxas de prevalência de asma e de rinite alérgica 
no mundo. 
 
SOLÉ e SAKANO 21 definem a rinite alérgica como uma 
resposta mediada por reação de hipersensibilidade do tipo 1. O processo de 
sensibilização ocorre pela deposição de antígenos na mucosa nasal, os quais são 
processados por células apresentadoras de antígenos - APCs, que assim o fazem 
aos linfócitos T - TH0 que se diferenciam em TH2. Tais células induzem a liberação 
de citocinas, estimulando colônias de granulácitos e monócitos. 
 
FIGURA 1. ESQUEMA RESUMIDO DA RESPOSTA ALÉRGICA E PRINCIPAIS 
CITOCINAS ENVOLVIDAS 
 
Fonte: D. Solé; E. Sakano. III Consenso Brasileiro sobre rinites. Brazilian journal of 
otorhinolaryngology. 2012, p. 1-52. 
 
Ainda segundo os teóricos mencionados, pelo que demonstra a 
Figura 1, as citocinas (IL-4 e IL-13) estimulam os linfócitos B à diferenciação em 
plasmócitos, que acabam por produzir IgE. Os anticorpos IgE ligam-se a receptores 
de IgE de alta afinidade, localizados, principalmente, em mastócitos e basófilos e a 
receptores de IgE de baixa afinidade em eosinófilos, monócitos e plaquetas. Assim, 
os sintomas são decorrentes dos estímulos da histamina (age em receptores H1), 
 
21
 D. Solé; E. Sakano. Op. Cit. p. 1-52. 
21 
 
que causam o aumento da permeabilidade vascular e secreção glandular, iniciados 
pela IgE. 
 
É importante frisar que, segundo esse contexto, além da 
histamina, há liberação de prostaglandinas - PGD2, leucotrienos (LB4, LC4, LD4) e 
bradicinina. Além disso, a liberação de prostaglandinas e leucotrienos são 
mecanismos que estão relacionados com os eventos inflamatórios iniciais, como a 
resposta axonal, migração leucocitária e elevação da permeabilidade vascular. 
 
Por fim, os referidos autores apontam que as interleucinas 
induzem o aparecimento de fatores que contribuem para localização e migração 
inflamatória, que são as moléculas de adesão celular (ICAM-1, VCAM-1). A 
substância P, neurocinina A e peptídeo são neurotransmissores ligados ao gene da 
calcitonina que agem como mecanismo não adrenérgico/não colinérgico na ativação 
de regiões dos gânglios trigêminais e esfenopalatino,produzindo reflexos 
espontâneos de vasodilatação. 
 
1.1.4 Rinite Crônica 
 
Para ROBBINS et al., 22 a rinite crônica surge como resultado 
de crises alérgicas periódicas, de origem microbiana ou alérgica, com o 
desenvolvimento eventual de infecções bacterianas superpostas. Características 
como o desvio de septo nasal ou pólipos nasais contribuem para a invasão 
microbiana, na medida em que impedem o processo de drenagem das secreções. 
 
Os autores complementam, ainda, que é comum a ocorrência 
de descamação ou ulceração superficial do epitélio da mucosa. Essas infecções 
supurativas por vezes estendem-se para dentro dos seios da face. 
 
1.1.5 Pólipos Nasais 
 
Segundo ROBBINS et al., 23 crises recorrentes de rinite tem o 
 
22
 S. L. Robbins et al. Op. Cit. p. 1972-1973. 
23
 Idem. Ibidem. p. 1972-1973. 
22 
 
potencial de gerar protrusões focais da mucosa, produzindo pólipos nasais que 
podem atingir entre 3-4 cm de tamanho. Esses pólipos consistem em uma mucosa 
edemaciada com estroma frouxa que, com certa frequência, abrigam glândulas 
mucosas císticas ou hiperplásicas. 
 
NIGROVIC e LEE 24 observam que o revestimento mucoso dos 
pólipos permanece intacto na ausência de infecção bacteriana, porém, o caráter 
crônico do processo inflamatório pode torná-lo ulcerado ou infectado. No caso 
extremo de pólipos múltiplos ou de grande dimensão, pode-se decorrer a invasão 
das vias aéreas e o impedimento da drenagem dos seios. Ainda que as 
características dos pólipos nasais apontem para uma etiologia alérgica, muitas 
pessoas com pólipos nasais não são atópicas, e somente 0,5% dos pacientes 
atópicos desenvolvem pólipos. 
 
1.2 RINOSINUSITE 
 
De acordo com ABBAS, KUMAR e FAUSTO, 25 de forma 
geral, a sinusite aguda é antecedida pela rinite aguda ou crônica, enquanto a 
sinusite maxilar, ocasionalmente, pode ter origem a partir da extensão de uma 
infecção periapical por meio do assoalho do osso do seio. Os agentes agressores 
geralmente são habitantes da cavidade oral, e a reação inflamatória tende a ser 
totalmente inespecífica. A drenagem deficiente do seio decorrida em função do 
edema inflamatório da mucosa surge como um fator primordial para o processo, 
podendo encerrar o exsudato supurativo de modo a gerar o empiema do seio. 
 
Como ressaltam os autores citados, a obstrução do efluxo, 
mais frequentemente a partir dos seios frontais e menos comumente a partir dos 
seios etmoidais, ocasionalmente, desencadeia o acúmulo de secreções mucoides 
na ausência de invasão bacteriana direta, produzindo uma mucocele. 
 
 Cabe, porém, reiterar que a sinusite aguda pode, em 
qualquer estágio, dar origem a uma sinusite crônica, em particular quando houver 
 
24
 P. A. Nigrovic; D. M. Lee. Synovial mast cells: role in acute and chronic arthritis. 2007, p. 1-19. 
25
 A. Abbas; V. Kumar; N. Fausto. Patologia – bases patológicas das doenças. 2005, p. 255-290. 
23 
 
interferência com a drenagem. Existe, de forma geral, uma flora microbiana mista, 
amplamente constituída de microorganismos da cavidade bucal. Algumas formas 
graves de sinusite crônica são particularmente causadas por fungos: cita-se 
mucormicose, especialmente em pacientes diabéticos. 
 
Incomumente, a sinusite é um componente da síndrome de 
Kartagener, que também inclui bronquiectasia e situs inversus. Todas essas 
características são secundárias à ação ciliar defeituosa. Embora a maioria das 
sinusites crônicas seja mais desconfortável do que incapacitante ou grave, as 
infecções possuem potencial de se espalhar para a órbita ou penetrar o osso 
adjacente e dar origem a uma osteomielite ou invadir a abóbada craniana, 
causando tromboflebite séptica do seio venoso dural. 
 
Com base em SOLÉ e SAKANO, 26 define-se que a utilização 
do termo rinossinusite alérgica se deve principalmente a três fatores: 
 
1. Estudos epidemiológicos sugerindo incidência aumentada de rinite alérgica em 
pacientes com rinossinusite. 
2. Adoção do termo rinossinusite pelo continuum da mucosa nasal com a sinusal. 
3. Facilidade em explicar o mecanismo fisiopatológico pelo qual a rinite alérgica 
pode causar rinossinusite, via edema e hipersecreção da mucosa nasossinusal 
e obstrução do óstio dos seios paranasais, com consequente êxtase de muco, 
o que favorece a infecção bacteriana secundária. 
 
De acordo com ANNESI-MAESANO, 27 a sinusite está 
comumente associada à asma e as evidências sugerem uma relação de causa e 
efeito, isto é, que a rinossinusite pode desencadear ou exacerbar a asma. Cerca de 
30% a 70% dos pacientes com asma apresentaram sinusite pelo menos uma vez, 
enquanto que 34% dos pacientes que tiveram sinusite têm asma. Entretanto, a 
relação entre estas entidades ainda não está definida, pela inexistência de 
observações feitas a partir de estudos adequadamente controlados. 
 
26
 D. Solé; E. Sakano. Op. Cit. p. 1-52. 
27
 I. Annesi-Maesano. Epidemiological evidence of the occurrence of rhinitis and sinusitis in 
asthmatics. 1999, p. 7-13. 
24 
 
1.3 ADENOIDITE 
 
As vegetações celulares encontradas na parede póstero-
superior da nasofaringe são nomeadas como adenoide. A ocorrência de inflamações 
nas adenoides é causada por infecções bacterianas ou virais, visto que a adenoide é 
localizada na região onde o fluxo aéreo nasal passa. O aumento dessas células tem 
o potencial de causar obstrução nasal, maior exposição a antígenos, o que, por sua 
vez, tende a aumentar ainda mais o seu tamanho, gerando uma reação em cadeia. 
 
Nessa linha de pensamento, CASSANO et al. 28 defendem que 
a causa mais importante e mais frequente para a obstrução das vias aéreas 
superiores é a hipertrofia adenoideana. A presença de uma tonsila faríngea de 
volume aumentado obstruindo a nasofaringe, prejudica todas essas funções. A partir 
dos sete anos de idade, a atrofia da tonsila faríngea e o aumento do diâmetro da 
nasofaringe melhoram o fluxo de ar local. 
 
De acordo com SCOTT, sobre a classificação clínica das 
Adenoidites: 
 
 Adenoidite aguda: quadro muito difícil de diferenciar de IVAS 
generalizada, ou mesmo de rinossinusite bacteriana. Apresenta-
se com febre, rinorréia, obstrução nasal e roncos, que 
desaparecem com o término do processo. 
 Adenoidite aguda recorrente: 4 ou mais episódios de adenoidite 
aguda em 6 meses. Pode ser muito difícil de diferenciar de 
sinusite aguda recorrente. 
 Adenoidite crônica: rinorréia constante, halitose, secreção em 
orofaringe e congestão crônica podem significar adenoidite 
crônica, que é difícil diferenciar de sinusite crônica. A associação 
com OMS sugere mais adenoidite. OBS: RGE pode ser causa de 
adenoidite crônica. 
 Hiperplasia adenoidiana: obstrução nasal crônica (com roncos e 
respiração bucal), rinorréia e voz hiponasal. 29 (grifo original) (sic) 
 
Diante do exposto, observam-se diversos tipos de adenoidite, e 
em grande parte sua semelhança com outras patologias respiratórias. Um 
 
28
 P. Cassano et al. Adenoid tissue rhinopharyngeal obstruction grading based on fiberendoscopy 
findings: a novel approach to therapeutic management. 2003, p. 1303-1309. 
29
 B. A. Scott. Deep neck space infections in Bailey Head & Neck Surgery – otolaryngology. 1998, p. 
1-313. 
25 
 
prognóstico mais acurado antes de qualquer tipo de automedicação faz-se 
necessário para o tratamento correto da doença e não somente do tratamento do 
sintoma. 
 
Em suma, a obstruçãonasal pode ser provocada por doenças 
virais ou por distúrbios estruturais. Em geral, quando a causa é uma infecção por 
vírus, o incômodo é passageiro, mas pode ser persistente e progressivo nas rinites 
alérgicas, se houver uma barreira anatômica que impeça a passagem do ar. Por 
isso, é importante uma avaliação farmacêutica do indivíduo que sofre com esses 
tipos de enfermidades para obtenção de um diagnóstico e tratamento específico. 
 
26 
 
CAPÍTULO II. DESCONGESTIONANTES NASAIS 
 
 
Para MELLO JÚNIOR et al., 30 os medicamentos 
descongestionantes nasais apresentam um excelente efeito sobre a obstrução e a 
congestão nasal em pacientes com várias patologias naso-sinusais, como rinite 
alérgica, rinite não alérgica e sinusite crônica com e sem polipose nasal. Isso ocorre 
porque estas são drogas simpaticomiméticas que atuam diretamente sobre os vasos 
de capacitância das conchas nasais. 
 
CASTRO destaca ainda, 
 
A eficácia dos descongestionantes se restringe ao controle de 
um único sintoma nasal: o bloqueio, um dos mais 
desconfortáveis. Sua melhor indicação ocorre nos sintomas 
agudos de obstrução nasal que ocorrem nos quadros de 
resfriado comum ou em crises de rinite. Esta indicação aguda 
se deve a suas características farmacológicas, pois uso 
prolongado em dias consecutivos está relacionado a distúrbios 
na motilidade dos vasos, taquifilaxia e ao efeito rebote, que 
implica na continuidade de seu uso inadequado e consequente 
gênese da rinite medicamentosa. O tempo ideal de tratamento 
necessário para que estes sintomas não ocorram varia, na 
literatura, entre três e dez dias. 31 
 
A partir dos discursos apresentados, evidencia-se que, por 
todas essas características, o uso dos descongestionantes nasais deve ser bastante 
restrito. Não há indicação dos descongestionantes em doenças nasais crônicas 
como a rinite alérgica persistente, principalmente no País, onde há elevadas taxas 
de automedicação. Os fármacos descongestionantes nasais tópicos são constituídos 
por classes ou categorias farmacológicas, como observa-se no Quadro 1. 
 
 
 
 
 
30
 J. F. Mello Júnior et al. Brazilian academy of rhinology position paper on topical 
intranasal therapy. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/bjorl/v79n3/v79n3a20.pdf. Acessado em: 
20/mar/2016. (b) 
31
 A. P. B. M. Castro. Medicamentos tópicos nasais em pediatria. Disponível em: 
http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=3634. Acessado em: 20/mar/2016. 
27 
 
QUADRO 1. CLASSIFICAÇÃO DOS DESCONGESTIONANTES NASAIS SEGUNDO SUA 
CATEGORIA FARMACOLÓGICA 
CATEGORIA 
SUBSTÂNCIAS ENCONTRADAS NA 
COMPOSIÇÃO 
Corticoides 
 Beclometasona 
 Budesonida 
 Fluticasona 
 Mometasona 
 Triancinolona 
Anti-Histamínicos 
 Azelastina 
 Levocabastina 
Vasoconstritores 
 Efedrina 
 Fenilefrina 
 Nafazolina 
 Oximetazolina 
 Xilometazolina 
Cromoglicato  Cromaglicato Dissodico 2% e 4% 
Anticolinérgico  Brometo de Ipratropico 
Fonte: A. P. S. Balbani; J. G. Duarte; J. C. Montovani. Análise retrospectiva da toxicidade de gotas 
otológicas, medicamentos tópicos nasais e orofaríngeos registrada na Grande São Paulo. Disponível 
em: http://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/67888/2-s2.0-
33644637849.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acessado em: 20/mar/2016. 
 
Conforme LAGUE, ROITHMANN e AUGUSTO, os fármacos 
descongestionantes nasais tópicos são constituídos por duas classes 
farmacológicas: 
 
 As aminas simpaticomiméticas (fenilefrina, anfetamina, 
benzedrine, cafeína, efedrina, pseudoefedrina, mescalina, 
fenilpropanolamina) 
 Os imidazólicos (clonidina, nafazolina, tetraidrozolina, 
oximetazolina, xilometazolina). 
32
 (grifo original) 
 
Ainda de acordo com os autores referenciados, a classe dos 
imidazólicos é mais suscetível a causar o efeito rebote de edema na mucosa nasal 
devido à longa duração do seu efeito farmacológico sobre os vasos sanguíneos da 
mucosa nasal. 
 
32
 L. G. Lague; R. Roithmann; T. A. M. Augusto. Op. Cit. Disponível em: 
http://www.amrigs.com.br/revista/57-01/1088.pdf. Acessado em: 20/mar/2016. 
28 
 
Para BALBANI, DUARTE e MONTOVANI, 33 os derivados 
imidazólicos são vasoconstritores potentes e podem causar estimulação alfa-
adrenérgica central, gerando reflexo vagal e bradicardia. Em alguns casos, a 
oximetazolina pode acarretar reações ainda mais sérias como sedação, 
convulsões, agitação, insônia e alucinações, em crianças. 
 
Os autores caracterizaram que, 
 
Dentre os medicamentos tópicos nasais, destacamos os 
vasoconstritores. Esses simpatomiméticos dividem-se em: 
derivados imidazólicos (nafazolina, oximetazolina, 
tetraidrozolina e xilometazolina) e derivados das catecolaminas 
(epinefrina, efedrina e fenilefrina). Os derivados imidazólicos 
são vasoconstritores potentes e podem causar estimulação 
alfa-adrenérgica central, gerando reflexo vagal e bradicardia. 34 
 
Dentre os descongestionantes nasais tópicos, existem aqueles 
que necessitam de prescrição médica e os que são isentos dela. Porém, em ambos 
os casos o seu uso deve ser cauteloso, obedecendo as instruções médicas ou as 
instruções do farmacêutico. 
 
 Como apontam WANG et al., 35 vários estudos têm 
demonstrado que o uso abusivo desses medicamentos tem o potencial de causar 
efeitos nocivos aos usuários, como intoxicações medicamentosas, reações clínicas e 
em alguns casos, até o surgimento de uma nova enfermidade. 
 
ARRAIS et al. 36 afirmam que os descongestionantes são a 
classe de medicamentos mais utilizados na automedicação no Brasil. Dentre os 
principais descongestionantes nasais mais utilizados estão o Neosoro, o Sinustrate, 
o Sorine, o Adnax e o Rinoklin. No entanto, nesse trabalho serão abordados os 
 
33
 A. P. S. Balbani; J. G. Duarte; J. C. Montovani. Análise retrospectiva da toxicidade de gotas 
otológicas, medicamentos tópicos nasais e orofaríngeos registrada na grande São Paulo. Disponível 
em: http://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/67888/2-s2.0-
33644637849.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acessado em: 20/mar/2016. 
34
 Idem. Ibidem. Disponível em: http://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/67888/2-s2.0-
33644637849.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acessado em: 20/mar/2016. 
35
 R. Wang et al. Síndrome do balonamento apical secundário ao uso abusivo de descongestionante 
nasal. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/abc/v93n5/a22v93n5.pdf. Acessado em: 20/mar/2016. 
36
 P. S. Arrais et al. O perfil da automedicação no Brasil. Disponível em: 
http://www.scielo.br/pdf/rsp/v31n1/2212.pdf. Acessado em: 06/abr/2016. 
29 
 
componentes fármacos nafazolina e fluticasona, nos quais compõem boa parte 
destes medicamentos. 
 
2.1 NAFAZOLINA 
 
A nafazolina é um componente fármaco derivado imidazolínico 
no qual é frequentemente utilizado como descongestionante tópico. Por ter contato 
direto com a mucosa nasal, uma região altamente vascularizada, tem ação imediata 
(aproximadamente de 5 a 10 minutos após o uso). Ela possui ação vasoconstritora, 
de forma a reduzir o inchaço dos vasos sanguíneos da mucosa nasal, promovendo a 
descongestão nasal. Estima-se que o seu efeito dure, aproximadamente, até 6 
horas. 
 
De acordo com HERBERTS et al., 37 a nafazolina auxilia, 
também, na drenagem das secreções, nas afecções dos seios paranasais, facilita a 
rinoscopia e controla a hiperemia em pacientes com vascularidade superficial 
córnea. 
 
Os teóricos salientam que, apesar da eficácia no tratamento dedescongestionamento nasal, o uso prolongado da nafazolina pode trazer sérias 
consequências. Entretanto, estes riscos são, muitas vezes, desconhecidos dos 
pacientes que fazem uso de descongestionantes, na medida em que os sintomas 
permanecem, descumprindo o tempo máximo do tratamento. 
 
2.1.1 Indicações 
 
Verifica-se o alívio sintomático da congestão nasal, auxiliando 
na drenagem das secreções e nas afecções dos seios paranasais. É também 
indicado para facilitar a rinoscopia. 
 
 
 
37
 R. A. Herberts et al. Uso indiscriminado de descongestionantes nasais contendo nafazolina. 
Disponível em: 
http://www.sbtox.org.br/Revista_SBTox/V19%5B2%5D%202006/V19%20n%202%20Pag%20103-
108.pdf. Acessado em: 20/mar/2016. 
30 
 
2.1.2 Mecanismos de Ação 
 
De acordo HERBERTS et al., 38 as ações terapêuticas 
decorrem da estimulação direta dos receptores 2-adrenérgicos pós-sinápticos dos 
vasos sanguíneos periféricos das mucosas, causando vasoconstrição local. 
 
2.1.3 Efeitos Adversos 
 
LAGUE, ROITHMANN e AUGUSTO 39 apontam que o uso 
contínuo e duradouro de descongestionantes nasais da família de imidazólicos, 
nos quais a nafazolina está inserida, tem um alto risco de desenvolver o efeito 
congestão rebote, dependência aos usuários e lesão na mucosa. 
 
Além dessas reações, BUCARETCHI, DRAGOSAVAC e 
VIEIRA 40 chamam a atenção para as manifestações clínicas como: sudorese, 
sonolência, palidez, hipotermia e, até mesmo, a necessidade de assistência 
ventilatória mecânica por parte de uma criança de um ano de idade. 
 
É bastante significativo citar outras possíveis reações a esse 
fármaco que são: pressão alta transitória, erupção na pele, urticária, náusea, 
irritação no estômago, retenção urinária em paciente com hipertrofia prostática, 
sensação anormal de queimação, formigamento ou agulhadas ao toque, dor de 
cabeça, tontura e reações locais (agulhadas, secura, irritação). 
 
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA, 41 
ressalta, ainda, a contraindicação do uso de nafazolina em crianças, 
 
38
 R. A. Herberts et al. Op. Cit. Disponível em: 
http://www.sbtox.org.br/Revista_SBTox/V19%5B2%5D%202006/V19%20n%202%20Pag%20103-
108.pdf. Acessado em: 20/mar/2016. 
39
 L. G. Lague; R. Roithmann; T. A. M. Augusto. Op. Cit. Disponível em: 
http://www.amrigs.com.br/revista/57-01/1088.pdf. Acessado em: 20/mar/2016. 
40
 F. Bucaretchi; S. Dragosavac; R. J. Vieira. Exposição aguda a derivados imidazolínicos em 
crianças. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/%0D/jped/v79n6/v79n6a10.pdf. Acessado em: 
20/mar/2016. 
41
 Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA. Publicações farmacovigilância. Disponível em: 
http://portal.anvisa.gov.br/wps/content/anvisa+portal/anvisa/pos+-+comercializacao+-+pos+-
+uso/farmacovigilancia/publicacoes+farmacovigilancia/alertas+anvisa/2013+regiao+nacionais/201307
1604. Acessado em: 20/mar/2016. (c) 
31 
 
especialmente no caso de superdosagem, podendo ter efeitos como: náusea, 
cefaleia, hipertensão, hipotensão, depressão do sistema nervoso central com 
diminuição acentuada da temperatura do corpo, bradicardia, sudorese, sonolência 
e coma. 
 
2.1.4 Os Riscos da Superdosagem 
 
HERBERTS et al. 42 afirmam que os sintomas característicos 
da intoxicação por nafazolina, provocada pela administração tópica excessiva ou 
ingestão oral, são sonolência, sudorese, hipotensão ou choque, bradicardia, 
depressão respiratória e coma. 
 
Um resultado mais grave a reações ao uso abusivo de 
descongestionantes nasais da classe das imidazolinas é abordado por WANG et al. 
43. Foi o caso do desencadeamento de um caso típico de síndrome do balonamento 
apical em uma paciente octogenária, com alteração eletrocardiográfica de 
contratilidade do ventrículo esquerdo. Nesse caso, apenas com a retirada do 
descongestionante nasal é que a paciente apresentou melhora do quadro clínico, 
mostrando uma provável relação causal entre o uso de simpatomimético e a 
síndrome coronariana aguda e o balonamento apical. 
 
2.1.5 Tratamento da Intoxicação 
 
De acordo com estudos de BUCARETCHI, DRAGOSAVAC e 
VIEIRA, 44 não há um tratamento específico para intoxicação com esse 
medicamento. A recomendação da ANVISA é a suspensão do medicamento e o 
encaminhamento urgente do paciente ao serviço médico. 
 
 
 
42
 R. A. Herberts et al. Op. Cit. Disponível em: 
http://www.sbtox.org.br/Revista_SBTox/V19%5B2%5D%202006/V19%20n%202%20Pag%20103-
108.pdf. Acessado em: 20/mar/2016. 
43
 R. Wang et al. Op. Cit. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/abc/v93n5/a22v93n5.pdf. Acessado 
em: 19/mar/2016. 
44
 F. Bucaretchi; S. Dragosavac; R. J. Vieira. Op. Cit. Disponível em: 
http://www.scielo.br/pdf/%0D/jped/v79n6/v79n6a10.pdf. Acessado em: 20/mar/2016. 
32 
 
2.1.6 Interações Medicamentosas 
 
Recomenda-se precaução no uso do produto nos pacientes 
em tratamento com inibidores da monoaminoxidase. Os autores referenciados 
asseveram que o uso concomitante de nafazolina com antidepressivos tricíclicos 
pode levar a uma potencialização dos efeitos pressóricos do composto 
imidazólico. 
 
2.2 FLUTICASONA 
 
Conforme SZEFLER, 45 os corticosteroides sistêmicos foram 
desenvolvidos na década de 50 e mostraram-se efetivos para tratar rinite alérgica, 
porém, ofereciam alto risco de toxicidade sistêmica em longo prazo. 
 
MORROW, STOREY e GEORGE 46 mostram que em 1972 foi 
publicada, pela primeira vez, a eficácia da beclometasona em aerossol 
pressurizado, sem aparente evidência de toxicidade sistêmica. Nos últimos anos, 
desenvolveram-se moléculas com menor biodisponibilidade e melhor perfil de 
segurança. 
 
Os referidos autores frisam que, atualmente, estão 
disponíveis comercialmente no Brasil sete componentes: acetonido de 
triancinolona, budesonida, dipropionato de beclometasona, ciclesonida, propionato 
de fluticasona, furoato de mometasona e furoato de fluticasona. Todos os 
corticosteroides disponíveis reduzem o processo inflamatório da rinite alérgica. 
 
AREND et al. descrevem que, 
 
A fluticasona tem a menor percentagem ativa de droga 
disponível após a inativação hepática (< 1%), enquanto que a 
triancinolona tem 10%, a budesonida 21% e a beclometasona 
41%. A beclometasona pode ter, portanto, mais efeito 
sistêmico e efeitos colaterais. A indústria farmacológica tem 
 
45
 S. J. Szefler. Pharmacokinetics of intranasal steroids. 2001, p. 26-31. 
46
 M. H. Brown; G. Storey; W. H. S. George. Beclomethason.e dipropionate: a new steroid aerosol 
for the treatment of allergic asthma. 1972, p. 90. 
33 
 
se preocupado em aumentar a potência tópica, a fim de 
diminuir a absorção sistêmica, de forma a haver menos 
efeitos colaterais. Apresentam-se em ordem decrescente 
quanto à potência: fluti-casona, budesonida, beclometasona, 
triancinolona e flunisolida. 47 
 
Nota-se que a fluticasona pode impedir a liberação de 
substâncias no corpo que causam inflamação e também por ser usada para tratar os 
sintomas nasais como congestão, espirros e corrimento nasal provocado por 
alergias sazonais, ou durante todo o ano; tem fortes investimentos das indústrias 
farmacológicas. 
 
 DERENDORF e MELTZER, 48 em seus estudos 
farmacológicos sobre potência, utilizando apenas o critério de afinidade, geraram 
uma classificação para os glicocorticoides e os corticosteroides - GCC. Os GCC 
intranasais mais potentes são o furoato de mometasona, o furoato de fluticasona e 
o propionatode fluticasona. 
 
BELVISI et al., 49 acrescentam que as cadeias laterais dos 
ésteres de furoato e propionato proporcionaram a estas moléculas, uma alta ação 
lipofílica, qualidade que pode facilitar a sua absorção pela mucosa nasal e 
posterior progressão por meio das fosfolipases de membrana das células. Estes 
compostos não demonstram absorção sistêmica relevante, com valores menores 
que 1%, conjuntamente com a ciclesonida. 
 
2.2.1 Indicações 
 
De acordo com o BOUSQUET, VAN CAUWENBERGE e 
KHALTAEV, 50 a fluticasona é indicada no tratamento da rinite alérgica, 
intermitente ou persistente, e nas rinites não alérgicas. Constituem a única classe 
 
47
 E. E. Arend et al. Corticóide inalatório: efeitos no crescimento e na supressão adrenal. Jornal 
Brasileiro de Pneumologia. 2005, p. 3. 
48
 H. Derendorf; E. O. Meltzer. Molecular and clinical pharmacology of intranasal corticosteroids: 
clinical and therapeutic implications. Disponível em: http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1398-
9995.2008.01750.x/pdf. Acessado em: 26/fev/2016. 
49
 M. G. Belvisi et al. Preclinical profile of ciclesonide, a novel corticosteroid for the treatment of 
asthma. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1124/jpet.105.085217 Acessado em: 26/fev/2016. 
50
 J. Bousquet; P. Van Cauwenberge; N. Khaltaev. Op. Cit. p. 147-334. 
34 
 
farmacológica que promove melhora significativa de todos os sintomas, como 
prurido, espirros, coriza e congestão nasal. 
 
2.2.2 Mecanismos de Ação 
 
Segundo LEUNG e BLOOM, 51 a ação biológica dos GCC é 
mediada por meio da ativação intracelular dos receptores de glicocorticoides, que 
são expressos na maioria dos tecidos e células. Dois tipos de receptores foram 
identificados nos humanos: GR-alfa e GR-beta, os quais são originários do mesmo 
gene e que se dividem após a transcrição primária do receptor de glicocorticoide. 
 
Assim, a fluticasona é um corticosteroide trifluorado sintético 
que tem afinidade muito grande com o receptor de glicocorticoides e potente ação 
anti-inflamatória. 
 
2.2.3 Efeitos Adversos 
 
De acordo com LIPWORTH, 52 o risco de efeitos adversos 
dos corticoides depende da via de administração, dose, potência, 
biodisponibilidade, metabolismo hepático de primeira passagem e de sua meia-
vida. 
 
Então, ressalta-se o fato de que a avaliação dos efeitos 
adversos desses fármacos pode ser realizada verificando a presença de 
rouquidão, candidíase oral, atraso na velocidade de crescimento e pelos achados 
de supressão adrenal por meio de análises bioquímicas. Essas são 
reconhecidamente mais sensíveis do que a avaliação clínica. 
 
2.2.4 Os Riscos da Superdosagem 
 
A inalação da droga em doses muito acima daquelas 
 
51
 D. Y. Leung; J. W. Bloom. Update on glucocorticoid action and resistance. Disponível em: 
http://dx.doi.org/10.1067/mai.2003.97 Acessado em: 26/fev/2016. 
52
 B. J. Lipworth. Systemic adverse effects of inhaled corticosteroid therapy: a systematic review and 
meta-analysis. 1999, p. 55. 
35 
 
aprovadas pode levar à supressão temporária do eixo hipotalâmico-hipofisário-
adrenal. Geralmente, isso não requer ação emergencial, uma vez que a função 
adrenal normal costuma recuperar-se em poucos dias. 
 
Entretanto, se o uso do propionato de fluticasona em doses 
diárias, acima das aprovadas, for continuado por períodos prolongados, é possível 
que ocorra uma significativa diminuição da função adrenal. Foram relatados casos 
muito raros de crise adrenal aguda em crianças expostas a doses maiores que as 
aprovadas (geralmente 1.000 mcg/dia ou acima) por períodos prolongados (muitos 
meses ou anos). 
 
SKONER et al. 53 observaram um retardo do crescimento em 
crianças tratadas com duas aplicações diárias de 168 mcg de beclometasona 
nasal, por um ano. Contudo, como observado anteriormente, não é usual a 
administração de duas doses diárias de corticosteroide intranasal durante o 
tratamento de manutenção da RA. 
 
CHONG NETO, ROSÁRIO e ROSÁRIO 54 afirmam que o uso 
de furoato de mometasona por 12 meses não provocou atrofia e metaplasia da 
mucosa nasal e o uso prolongado de propionato de fluticasona causou metaplasia 
insignificante em apenas um indivíduo. 
 
Os sinais observados incluíram hipoglicemia e sequelas de 
diminuição da consciência ou convulsões. Os teóricos citados comentam que 
situações que podem acelerar a crise adrenal aguda incluem exposição a traumas, 
cirurgias, infecções ou uma redução brusca na dosagem. 
 
De fato, é importante frisar que os pacientes medicados com 
doses superiores às aprovadas devem ser cuidadosamente monitorados, e a dose 
reduzida gradualmente. 
 
 
53
 D. P. Skoner et al. The effects of intranasal triamcinolone acetonide and intranasal fluticasone 
propionate on short-term growth and HPA axis in children with allergic rhinitis. 2003, p. 56-62. 
54
 H. J. Chong Neto; C. S. Rosário; N. A. Rosário. Corticosteroides intranasais. 2010, p. 4. 
36 
 
2.2.5 Tratamento da Intoxicação 
 
Para DELGADO, SOLE e NASPITZ, 55 a intoxicação é 
normalmente observada no uso crônico de corticosteroides sistêmicos, quando 
manifestam-se os sinais e sintomas de supressão do eixo hipotálamo-
hipófiseadrenal. 
Segundo MELTZER, 56 nas intoxicações agudas, muitas 
vezes o quadro clínico é dado pelo descongestionante ou anti-histamínico 
associado ao corticosteroide, devendo ser investigada a presença desse último na 
formulação antialérgica utilizada pelo paciente. O uso prolongado de 
corticosteroides intranasais não tem sido associado a efeitos adversos sistêmicos, 
nem com o aumento da pressão intraocular. 
 
2.2.6 Interações Medicamentosas 
 
De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária –
ANVISA, 57 o furoato de fluticasona é rapidamente eliminado por extenso efeito 
metabólico de primeira passagem, mediado pelo citocromo P450 3A4. Com base 
em dados de outro glucocorticoide (propionato de fluticasona), metabolizado pelo 
CYP3A4, não se recomenda a administração concomitante com ritonavir devido 
ao risco de aumento da exposição sistémica do furoato de fluticasona. 
 
Nesse mesmo contexto do referido órgão, num estudo de 
interação medicamentosa do furoato de fluticasona intranasal com o cetoconazol, 
um potente inibidor do CYP3A4, houve mais indivíduos com concentrações 
mensuráveis de furoato de fluticasona, no grupo cetoconazol (6 de 20 indivíduos) 
comparativamente ao placebo (1 em 20 indivíduos). Este pequeno aumento na 
exposição, não resultou numa diferença estatisticamente significativa, nas 
concentrações séricas de cortisol de 24 horas entre os dois grupos. 
 
55
 L. F. Delgado; D. Sole; C. K. Naspitz. Antihistamínicos "não clássicos" e cardiotoxicidade. Revista 
Brasileira de Alegia e Imunopatia. 1997, p. 46-55. 
56
 E. O Meltzer. An overview of current pharmacotherapy in perennial rhinitis. 1995, p. 110. 
57
 Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA. Modelo de texto de bula profissional de saúde 
Avamys. Disponível em: 
http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=9736752014&pIdA
nexo=2287137. Acessado em: 08/abr/2016. (a) 
37 
 
Recomenda-se, nesse sentido, precaução quando se 
administra concomitantemente furoato de fluticasona com inibidores potentes do 
CYP3A4, uma vez que não se poderá excluir a possibilidade de um aumento na 
exposição sistémica. 
 
Por fim, as interações medicamentosas variam deacordo 
com os medicamentos descongestionantes nasais. Cada substância existente 
nestes medicamentos podem provocar diversas reações e, associadas com o 
consumo de outros componentes fármacos, ser muito prejudiciais à saúde do 
paciente. Desse modo, reitera-se a necessidade do diagnóstico correto da 
doença, a devida prescrição do medicamento necessário e o uso de forma 
recomendada. 
 
 
 
 
 
 
38 
 
CAPÍTULO III. A IMPORTÂNCIA DO FARMACÊUTICO NO COMBATE 
AO USO IRRACIONAL DE DESCONGESTIONANTES 
 
 
Apesar de os medicamentos trazerem como principal objetivo 
tratar enfermidades, também apresentam riscos à saúde dos pacientes, como 
interações medicamentosas, efeitos adversos, risco de intoxicação. 
 
A automedicação é um risco ao paciente, e não um risco 
atrelado ao medicamento, como uma reação adversa. É importante verificar uma 
forma melhor de iniciar a escrita de automedicação. 
 
PIVATTO JÚNIOR, BERNARDI e BARROS 58 acrescentam 
que, a automedicação pode trazer alguns eventos indesejáveis ao usuário como, por 
exemplo, reações idiossincráticas, relacionadas aos efeitos provenientes do 
medicamento, bem como contraindicação do uso desconhecidas pelo paciente e 
também pode acarretar na suspensão de um tratamento sem consultar um 
profissional especializado ou alteração na dosagem do medicamento. 
 
Ainda nessa linha de raciocínio, PEREIRA et al., relatam que 
“(...) pode-se apontar como uma das causas a facilidade de acesso a medicamentos 
devido ao número elevado de farmácias e drogarias, além de práticas comerciais 
éticas e legalmente questionáveis cometidas por diversos estabelecimentos (...).” 59 
 
Apesar do intenso controle exercido pelos órgãos de vigilância 
sobre a comercialização de medicamentos, ainda há uma certa facilidade na 
obtenção de alguns fármacos, muitas vezes, em virtude das sobras de remédios 
anteriores, prescrição médica inadequada ou, até mesmo, a obtenção irregular de 
receitas. Essas práticas são expressamente desaconselhadas pelos órgãos de 
saúde. 
 
58
 F. Pivatto Júnior; R. B. Bernardi; H. M. T. Barros. Interações medicamentosas. 2010, p. 101. 
59
 J. R. Pereira et al. Riscos da automedicação: tratando o problema com conhecimento. Disponível 
em: 
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/premio_medica/pdfs/trabalhos/mencoes/januaria_ramos_trabalho_com
pleto.pdf. Acessado em: 04/abr/2016. 
39 
 
Dessa forma, o fácil acesso a alguns medicamentos, a sua 
utilização inadequada e o desconhecimento da população sobre os efeitos nocivos 
dessas substâncias ao organismo, têm aumentado significativamente o número de 
intoxicações em todo o mundo. 
 
Diante disso, os riscos oferecidos pelo uso de medicamentos 
torna fundamental o uso de forma racional, ou seja, utiliza-se o fármaco correto, 
proveniente de uma origem conhecida e certificada, munido de orientação médica e 
farmacêutica, nos horários e quantidades especificadas na bula. 
 
A ANVISA 60 alerta que todo medicamento oferece riscos à 
saúde, mesmo quando utilizados de forma correta, porém, o seu consumo de forma 
racional objetiva proporcionar o máximo de benefício em detrimento aos possíveis 
efeitos prejudiciais à saúde. 
 
Em suma, o uso racional dos medicamentos proporciona tanto 
benefícios individuais para o paciente quanto benefícios para a sociedade e 
instituições. O Ministério da Saúde evidencia alguns dos principais benefícios 
decorrentes do uso racional de medicamentos, 
 
Para o usuário, a escolha racional proporciona mais garantia 
de benefício terapêutico (eficácia e segurança) a menor custo, 
contribuindo para a integralidade do cuidado â saúde. 
Institucionalmente, há melhorias do padrão de atendimento, 
maior resolubilidade do sistema e significativa redução de 
gastos. Em plano nacional, condutas racionais acarretam 
consequências positivas sobre mortalidade, morbidade e 
qualidade de vida da população, aumentando a confiança do 
usuário na atenção pública à saúde. 61 
 
Uma das principais decorrências do uso irracional de 
medicamentos é o agravamento, ou até mesmo o surgimento de uma nova 
 
60
 Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA. O que devemos saber sobre medicamentos. 
Disponível em: 
http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/d1ebd3804745871090afd43fbc4c6735/Cartilha+o+que+d
evemos+saber+sobre+medicamentos.pdf?MOD=AJPERES. Acessado em: 19/mar/2016. (b) 
61
 Brasil. Ministério da Saúde - MS. Uso racional de medicamentos. Disponível em: 
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/uso_racional_medicamentos_temas_selecionados.pdf. 
Acessado em: 19/mar/2016. 
40 
 
enfermidade. ARRAIS 62 alerta que o uso desnecessário ou mesmo a utilização de 
fármacos em situações contraindicadas, expõem os pacientes a riscos, como 
intoxicações medicamentosas e reações adversas a medicamentos, podendo levar, 
inclusive, o paciente a óbito. 
 
MATOS, ROZENFELD e BORTOLETTO, 63 com o intuito de 
conhecer a magnitude das ocorrências de intoxicações medicamentosas em 
crianças menores de cinco anos, no Brasil, analisaram as frequências por classe 
terapêutica, seguimento e circunstâncias dos casos de intoxicação em menores de 
cinco anos de idade, nos anos de 1997 e 1998, em São Paulo e no Rio Grande do 
Sul. Os autores utilizaram dados secundários do Sistema Nacional de Informações 
Tóxico-Farmacológicas – SINITOX, totalizando uma amostra de 15.559 mil casos de 
intoxicação de crianças com menos de cinco anos. 
 
Os resultados apontaram que, para crianças com até dois 
anos, a principal classe de medicamento responsável pela intoxicação 
medicamentosa foi o descongestionante nasal, seguidos pelo uso do broncodilatador 
e de analgésico. A causa preponderante deste problema foram os incidentes 
individuais e erro de administração. 
 
Nesse mesmo contexto, BUCARETCHI, DRAGOSAVAC e 
VIEIRA 64 estudaram a exposição aguda a derivados de imidazolínicos em crianças 
com idade inferior a 15 anos, atendidas no período de janeiro de 1994 a dezembro 
de 1999. Os derivados imidazolínicos são frequentemente empregados como 
descongestionantes tópicos de ação rápida e prolongada por via nasal e ocular. 
 
Os autores avaliaram 72 crianças com idade entre dois meses 
e 13 anos expostas a nafazolina, fenoxazolina, oximetazolina, tetrizolina por via oral, 
nasal ou desconhecida. Os resultados apontaram que cerca de 79% das crianças 
 
62
 P. S. D. Arrais. O uso irracional de medicamentos e a famarcovigilância no Brasil. Disponível em: 
http://www.scielo.br/pdf/csp/v18n5/11022.pdf. Acessado em: 20/mar/2016. 
63
 G. C. Matos; S. Rozenfeld; M. E. Bortoletto. Intoxicações medicamentosas em crianças menores de 
cinco anos. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/%0D/rbsmi/v2n2/17114.pdf. Acessado em: 
19/mar/2016. 
64
 F. Bucaretchi; S. Dragosavac; R. J. Vieira. Op. Cit. Disponível em: 
http://www.scielo.br/pdf/%0D/jped/v79n6/v79n6a10.pdf. Acessado em: 19/mar/2016. 
41 
 
desenvolveram alguma manifestação clínica, tais como sonolência, sudorese, 
palidez, hipotermia, bradicardia, extremidades frias, agitação, taquicardia, vômitos, 
respiração irregular e apneia, miose/midríase, sendo a nafazolina, a fenoxazolina e a 
oximetazolina os princípios ativos mais envolvidos. 
 
WANG et al. 65 trazem resultados mais graves quanto a 
reações ao uso abusivo de descongestionantes nasais. Em seu estudo, os autores 
descrevem um caso típico de síndrome do balonamento apical em uma paciente 
octogenária com alteração eletrocardiográfica, de contratilidade do ventrículoesquerdo. 
 
Segundo esse argumento, a provável causa dessa síndrome 
seria uma reação ao uso de altas doses de Afrin (cloridrato de oximetazolina- 
pertencente a classe das imidazolinas), descongestionante nasal comercializado 
sem a necessidade de prescrição médica. Essa relação causal foi comprovada pela 
melhora do quadro clínico da paciente, ao ser suspenso o uso deste medicamento. 
Os pesquisadores ainda chamam atenção para o aparecimento de novos casos, 
devido ao fácil acesso a esse fármaco, a sua venda sem receita médica e o seu uso 
indiscriminado. 
 
Dentre as formas de tornar o uso de medicamentos mais 
racional, pela compreensão dos teóricos mencionados, a conscientização por parte 
dos pacientes, por meio da compreensão dos riscos quanto ao uso de 
medicamentos e no devido cumprimento das orientações; o adequado acesso aos 
medicamentos apropriados; e a capacitação, supervisão e orientação dos 
profissionais de saúde, figuram como as principais formas. 
 
Nesse contexto, o farmacêutico desempenha um papel 
fundamental como profissional de saúde responsável pela orientação da utilização 
correta dos medicamentos. 
 
Logo, a evolução do papel do farmacêutico acompanhou as 
 
65
 R. Wang et al. Op. Cit. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/abc/v93n5/a22v93n5.pdf. Acessado 
em: 19/mar/2016. 
42 
 
mudanças na sociedade, na economia e na indústria. Com o advento da indústria 
farmacêutica, o profissional farmacêutico evoluiu de mero produtor e vendedor de 
medicamentos e se tornou uma peça fundamental para a saúde pública. 
 
VIEIRA 66 afirma que a prática farmacêutica orienta para a 
atenção ao paciente, e o medicamento é apenas um meio ou instrumento para se 
alcançar um resultado, seja este paliativo, curativo ou preventivo. Dessa forma, a 
finalidade do trabalho deste profissional é voltada para a sociedade, sempre visando 
o bem estar do paciente e trabalhando para que não tenha sua qualidade de vida 
comprometida por um problema decorrente de uma terapia farmacológica. 
 
Em conformidade, LEONARDO ressalta, ainda, a influência e 
abrangência do profissional farmacêutico: 
 
O farmacêutico tem um papel de extrema importância perante 
a população, pois é a farmácia que, frequentemente, os 
doentes recorrem quando surgem os primeiros sintomas de 
uma patologia. Procuram aconselhamento, esclarecimento e 
muitas vezes questionam a necessidade de recorrer a consulta 
médica. Assim sendo, o farmacêutico deve estar apto, 
baseando-se nos seus conhecimentos científicos e práticos, a 
averiguar a situação clínica do paciente e desse modo, remetê-
lo a consulta médica ou aconselhamento de forma a aliviar-lhe 
os sintomas. 67 
 
Portanto, o profissional farmacêutico tem sua atuação em 
diversas áreas. Ele atua na orientação direta dentro de estabelecimentos comerciais 
de medicamentos, denominados de farmácias, ou ainda nos hospitais. MIRANDA et 
al. 68 ressaltam a importância do farmacêutico clínico nas unidades de pronto 
atendimento. 
 
Segundo os referidos autores, o farmacêutico clínico pode 
aumentar a qualidade do cuidado ao paciente e segurança em relação às terapias 
 
66
 F. S. Vieira. Possibilidades de contribuição do farmacêutico para a promoção da saúde. Disponível 
em: http://www.scielosp.org/pdf/csc/v12n1/20.pdf. Acessado em: 20/mar/2016. 
67
 R. S. M. R. Leonardo. Aconselhamento Farmacêutico em Otorrinolaringologia. Disponível em: 
http://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/1110/1/mono_ritaleonardo.pdf. Acessado em: 20/mar/2016. 
68
 T. M. M. Miranda et al. Intervenções realizadas pelo farmacêutico clínico na unidade de primeiro 
atendimento. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/eins/v10n1/pt_v10n1a15.pdf. Acessado em: 
20/mar/2016. 
43 
 
medicamentosas, identificando e prevenindo erros de medicação. A principal 
abordagem adotada por esse profissional é a interação direta com o paciente, para 
obter o histórico de medicamentos e, assim, poder minimizar as possíveis 
consequências negativas do uso de medicamentos. 
 
Para MENEZES et al., 69 numa atuação correta, é 
imprescindível que o farmacêutico tenha o conhecimento científico necessário para 
transmitir ao paciente toda a informação sobre o fármaco e a forma farmacêutica, 
assegurando o uso adequado do medicamento. Dessa forma, a linguagem adotada 
pelo profissional deve ser acessível e clara aos pacientes, uma vez que não há 
distinção de idade ou nível de escolaridade entre a população que necessita do 
auxílio do farmacêutico. 
 
Diante do exposto, é de amplo conhecimento que o profissional 
farmacêutico exerce fundamental influência na orientação do uso de medicamentos 
em geral, tanto os isentos de prescrição médica quanto àqueles que a necessitam. 
Este profissional desempenha um importante papel no combate ao uso irracional de 
medicamentos, especialmente, no auxílio àqueles medicamentos que são muito 
demandados nas farmácias comerciais pelos pacientes, como é o caso dos 
descongestionantes. 
 
 
69
 E. A. Menezes et al. Automedicação com antimicrobianos para o tratamento de infecções urinária 
em estabelecimento farmacêutico de Fortaleza (CE). Disponível em: 
http://www.cff.org.br/sistemas/geral/revista/pdf/77/i07-automedicao.pdf. Acessado em: 20/mar/2016. 
44 
 
CAPÍTULO IV. PESQUISA DE CAMPO 
 
 
Para a elaboração deste trabalho torna-se indispensável a 
realização de uma pesquisa, objetivando-se confrontar os resultados com a 
problemática apresentada. 
 
Para TARTUCE, 
 
A pesquisa é o processo de desenvolvimento do método 
científico, cujo objetivo é descobrir respostas mediante o uso 
dos processos científicos, ou seja, a pesquisa de campo tem 
por objetivo procurar as respostas para as indagações 
propostas. 70 
 
Diante desse raciocínio, a pesquisa serve de base para 
identificação e solução de problemas, fornecendo informações que correspondem à 
realidade dentro de determinada área. A pesquisa de campo pode ser de natureza 
qualitativa ou quantitativa, podendo ser realizada por meio de entrevistas ou 
questionários, respectivamente. 
 
Dessa forma, por meio das informações obtidas nesta pesquisa 
de campo, será possível analisar de que forma ocorre o uso de descongestionantes 
nasais pela população. 
 
4.1 MÉTODO DE PESQUISA 
 
Esta pesquisa tem natureza quantitativa, na qual foi aplicado 
um questionário com 14 perguntas em uma farmácia comercial, no município de 
Fortaleza-CE, voltadas ao tema proposto, com intenção única de coletar 
informações que respondam à problemática. 
 
De acordo com TARTUCE, 
 
 
70
 Terezinha de Jesus Afonso Tartuce. Normas e técnicas para trabalhos acadêmicos. 2008, p. 41. 
45 
 
Pesquisa de campo de caráter quantitativo é a técnica de 
coleta de dados de observação direta extensiva. É o resultado 
da formulação de uma série ordenada de questões. As 
questões devem ser respondidas pelo informante, por escrito, 
sem a presença do pesquisador. 71 
 
O método utilizado proporciona eficácia na análise, na medida 
em que o questionário fornece respostas objetivas, sendo possível apresentar com 
clareza e objetividade os resultados encontrados. 
 
4.2 UNIVERSO DA PESQUISA 
 
A pesquisa proposta se fundamenta nos dados coletados a 
partir do questionário aplicado em uma farmácia comercial do município de 
Fortaleza- CE, realizada no período de 11 a 15 de abril de 2016. 
 
A pesquisa de campo foi realizada com 50 pessoas, escolhidas

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