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Aula 02

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Aula 02
Relações Internacionais p/ AFC/CGU - Prevenção da Corrupção e Ouvidoria
Professor: Ricardo Vale
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AULA 02: DIREITO DOS TRATADOS II 
 
 
 
SUMÁRIO PÁGINA 
1-Palavras Iniciais 1 
2- Conclusão e entrada em vigor dos tratados 2 - 23 
3- Observância, aplicação e interpretação dos tratados 23 - 36 
4-Emenda e Modificação dos Tratados 36 - 38 
5-Nulidade, extinção e suspensão dos tratados 38 - 56 
6- Relação entre o direito internacional e o direito 
interno 
56 - 69 
7- Lista de Questões e Gabarito 70 - 81 
 
Olá, amigos do Estratégia Concursos! Tudo bem? 
Estamos de volta para continuar estudando o Direito dos Tratados! 
Como já disse anteriormente, trata-se de tema muito importante e cobrado 
com bastante frequência em concursos públicos. 
Todos preparados? 
Então bola pra frente! 
Grande abraço e bons estudos, 
Ricardo Vale 
ricardovale@estrategiaconcursos.com.br 
http://www.facebook.com/rvale01 
“O segredo do sucesso é a constância no objetivo!” 
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1-CONCLUSÃO E ENTRADA EM VIGOR DOS TRATADOS: 
1.1-Processualística dos Tratados: 
Para entender a processualística dos tratados, analisaremos o 
processo convencional sob a ótica brasileira. No Brasil, a celebração de um 
tratado envolve diversas fases, algumas internacionais e outras internas. São 
elas: i) negociações; ii) adoção do texto; iii) assinatura; iv) autorização pelo 
Congresso Nacional; v) ratificação; vi) publicação e promulgação. 
 
a) Negociações: 
É a fase inicial do processo de celebração de um tratado. Em regra, 
as negociações ocorrem no âmbito de uma organização internacional ou de 
uma conferência internacional especialmente convocada para esse mister. Em 
virtude da pluralidade de idiomas dos Estados envolvidos em uma 
negociação, é necessário que sejam escolhidos os idiomas em que esta será 
desenvolvida, assim como aqueles em que será produzida a versão autêntica 
do texto convencional.1 
 
b) Adoção do texto: 
A adoção do texto do tratado não pode ser confundida com a 
assinatura, o que é bastante comum. A adoção do texto é o momento final 
da fase de negociações, quando se tem um texto convencional produzido 
pelas partes contratantes. O texto adotado é aquele que seguirá para a 
assinatura. 
Tendo em vista a dificuldade de que um texto convencional seja 
resultado da unanimidade da vontade das partes reunidas em uma conferência 
internacional, o art. 9º da Convenção de Viena de 1969 estabeleceu o 
seguinte: 
Artigo 9 - Adoção do Texto: 
1. A adoção do texto do tratado efetua-se pelo consentimento de todos 
os Estados que participam da sua elaboração, exceto quando se aplica 
o disposto no parágrafo 2. 
 
1 A versão autêntica do tratado é aquela que é efetivamente assinada pelas partes 
contratantes. Já a versão oficial é aquela que resulta da tradução, para seu próprio 
idioma, feita pelos Estados contratantes. As versões autênticas dos acordos da OMC 
são em inglês, espanhol e francês. No entanto, existe a versão oficial dos acordos da 
OMC em português. 
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2. A adoção do texto de um tratado numa conferência internacional 
efetua-se pela maioria de dois terços dos Estados presentes e 
votantes, salvo se esses Estados, pela mesma maioria, decidirem 
aplicar uma regra diversa. 
Pela regra do art. 9º da CV/69, a adoção do texto do tratado 
ocorrerá, prioritariamente, pelo consentimento de todos os Estados 
envolvidos na negociação. Entretanto, caso não seja possível o 
consentimento unânime, admite-se a adoção do texto do tratado pelo quórum 
de 2/3 dos Estados presentes e votantes em uma conferência 
internacional, salvo se esses Estados, pela mesma maioria, decidirem aplicar 
uma regra diversa. 
 
c) Assinatura: 
Após a adoção do texto do tratado, este seguirá para a assinatura. A 
assinatura representa, em regra, o consentimento provisório de um Estado 
em se obrigar ao texto de um tratado. Nos acordos em forma simplificada, a 
assinatura poderá, todavia, representar o consentimento definitivo. 
No Brasil, a assinatura de um tratado é responsabilidade do 
Presidente da República, conforme prevê o art. 84, inciso VIII da CF/88 
(“Compete privativamente ao Presidente da República celebrar tratados, 
convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso 
Nacional.”) 
Um fato que nos chama a atenção é o de que a literalidade do 
texto constitucional brasileiro prevê que as competências privativas do 
Presidente da República não podem ser delegadas, salvo em algumas 
exceções, dentre as quais não está relacionado o inciso VIII. Assim, em tese, 
não seria possível a delegação a outros agentes estatais da competência para 
celebrar tratados internacionais. O Presidente seria o único responsável por 
assinar todos os tratados. 
É claro que essa, por ser totalmente desarrazoada, não é a prática 
em vigor. Podem assinar tratados, por delegação presidencial, o Ministro 
das Relações Exteriores e os agentes que detenham a carta de plenos 
poderes. 2 A solução jurídica para o problema não é, como se pode perceber, 
dada pelo texto constitucional, mas sim por uma interpretação da Constituição 
 
2 Recorde-se que os chefes de missão diplomática e os representantes acreditados 
junto a uma conferência ou organização internacional podem apenas adotar o texto de 
um tratado. 
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Federal à luz do princípio da razoabilidade e de um costume internacional já 
positivado na CV/69. 3 
Mas quais são os efeitos da assinatura de um tratado já que ela 
representa apenas um consentimento provisório? 
A assinatura representa, de fato, o consentimento provisório, mas 
isso não quer dizer que ela seja desprovida de valor jurídico. Ao contrário, são 
vários os efeitos da assinatura. 
O art. 18 da CV/69 estabelece que um Estado é obrigado a abster-
se da prática de atos que frustrem o objeto e a finalidade do tratado 
quando houver assinado ou trocado instrumentos constitutivos do 
tratado, sob reserva de ratificação, aceitação ou aprovação, enquanto não 
tiver manifestado sua intenção de não se tornar parte no tratado. Com efeito, 
a assinatura representa uma obrigação moral e política do Estado em não 
atuar de forma a comprometer o objeto do tratado. Trata-se de obrigação 
fundamentada no princípio da boa fé. 
Outro efeito da assinatura é o de que ela serve para autenticar o 
texto de um tratado que, a partir de então, não poderá mais ser 
unilateralmente alterado. Ao mesmo tempo, a assinatura significa que o 
Estado aceita as normas costumeiras previstas no tratado.4 Durante 
muito tempo, a CV/69, embora não ratificada pelo Brasil, foi aplicada por esse 
Estado na condição de costume internacional. 
 
d) Autorização pelo Congresso Nacional: 
O tratado, após ter sido assinado, não tem o condão de vincular 
definitivamente o Estado, o que ocorrerá somente após a ratificação. A 
ratificação
compete ao Chefe do Poder Executivo, que é o responsável pela 
representação externa do Estado. Todavia, a maior parte dos países, assim 
como o Brasil, resolveu permitir a participação do Poder Legislativo no 
processo de conclusão de tratados. 
A participação do Poder Legislativo na processualística dos tratados 
tem como objetivo permitir que o povo faça parte da formação da vontade 
do Estado ao atuar no plano internacional. Ao mesmo tempo, representa um 
controle parlamentar sobre a atuação internacional do Poder Executivo, o 
que está em plena consonância com o moderno sistema de tripartição dos 
poderes, que propugna pela existência de “freios e contrapesos”. 
 
3
!VARELLA, Marcelo Dias. Direito Internacional Público. São Paulo: Saraiva, 2009, pp. 43-
45. 
4
!VARELLA, Marcelo Dias. Op. Cit. pp. 43-45.!
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Após a assinatura do tratado pelo Presidente da República, este 
poderá submetê-lo à apreciação do Congresso Nacional. Ressalte-se que 
a comunicação entre o Presidente da República e o Congresso Nacional se dará 
mediante Mensagem Presidencial. 
A Mensagem Presidencial é, então, enviada, juntamente com uma 
exposição de motivos, à Câmara dos Deputados. Uma vez aprovado o tratado 
na Câmara dos Deputados, ele seguirá para a aprovação do Senado Federal. 
Caso o Senado Federal aprove o tratado, será promulgado, então, um decreto 
legislativo pelo Presidente do Senado. 
O decreto legislativo é o ato que materializa a aprovação do 
tratado pelo Congresso Nacional. Ele representa uma autorização para que o 
Presidente da República ratifique o tratado no plano internacional. Com 
efeito, o Poder Legislativo não tem voz exterior, para fins de representação do 
Estado brasileiro. Assim, a competência para ratificação é do Presidente da 
República, que encarna a representação externa da República Federativa do 
Brasil. O que o Congresso Nacional faz é apenas autorizar que o Chefe do 
Poder Executivo proceda à ratificação. 
Uma leitura mais rápida e descuidada do art. 49, inciso I, da CF/88 
pode induzir alguns a acreditarem, equivocadamente, que a ratificação é 
competência do Poder Legislativo. Isso porque, segundo o art. 49, inciso I, da 
CF/88, compete exclusivamente ao Congresso Nacional resolver 
definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que 
acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio 
nacional. 
Ora, se o Congresso Nacional resolve definitivamente sobre tratados, 
não seria ele o responsável pela ratificação? Essa é a grande pergunta que se 
faz! 
Grande parte da doutrina reconhece que a redação do art. 49, inciso 
I, da CF/88 é inadequada e imprecisa. A ratificação é competência do 
Presidente da República, sendo o Congresso Nacional competente apenas para 
autorizá-la. Dessa forma, empregando-se a teoria do efeito útil5, a 
interpretação mais adequada do art. 49, inciso I, da CF/88, é a de que o 
Congresso Nacional resolve definitivamente sobre um tratado quando 
o rejeita.6 Quando ele o aprovar, a palavra final caberá ao Presidente da 
República, a quem cabe ratificá-lo. 
 
 
 
5
!A teoria do efeito útil prega que expressões ambíguas ou obscuras devem ser interpretadas 
conforme o sentido que lhes atribua maior eficácia possível. 
6
!MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público, 4ª ed. São Paulo: 
Editora Revista dos Tribunais, 2010, pp. 314-315.!
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f) Ratificação: 
A assinatura dos tratados é vista pelo grande público como o 
momento mais marcante do procedimento convencional. Entretanto, em 
poucas situações, ela representa o comprometimento definitivo do Estado. O 
compromisso definitivo do Estado é, em regra, manifestado apenas pela 
ratificação. 
A ratificação é o ato internacional pelo qual o Estado se 
compromete definitivamente a vincular-se ao texto de um tratado. Por ser 
um ato internacional, é o Poder Executivo o competente para realizá-la. No 
caso específico do Brasil, o Congresso Nacional apenas autoriza a ratificação, 
que é feita pelo Presidente da República. 
 
No Brasil, a ratificação é competência do 
Presidente da República. O Congresso Nacional 
apenas autoriza a ratificação por meio de decreto 
legislativo. 
O fundamento da existência da ratificação reside, entre outros 
motivos, na necessidade de controle dos atos dos plenipotenciários pelo 
Chefe do Poder Executivo e na importância de o Poder Legislativo, por meio 
de exame prévio, participar da formação da vontade nacional. 
A ratificação é um ato unilateral e discricionário. Nesse sentido, 
pode o Presidente da República, mesmo após autorizado pelo Congresso 
Nacional, deixar de proceder à ratificação. Ou indo ainda mais longe, após ter 
assinado o tratado, o Presidente pode simplesmente deixar de enviá-lo à 
apreciação do Congresso Nacional, frustrando todo o prosseguimento da 
processualística convencional. Por ser um ato discricionário, não há, em regra, 
um prazo para que o Estado ratifique o tratado. 
É possível, todavia, em situações excepcionais, que um tratado 
preveja um lapso temporal dentro do qual os Estados poderão proceder à 
ratificação. Nesse caso, passado o prazo previsto, o Estado não poderá ratificar 
o tratado. O caminho mais adequado para ingressar no domínio jurídico da 
norma convencional será, então, a adesão. 
A ratificação é ato irretratável, mesmo antes de o tratado ter 
entrado em vigor. Para desfazer o seu vínculo com o tratado, o Estado terá 
como instrumento a denúncia unilateral, nas hipóteses em que esta for 
autorizada. 
 A ratificação é também um ato expresso. Assim, não há que se 
falar em ratificação tácita, perfazendo-se esta apenas por meio de documento 
escrito. 
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Os tratados bilaterais, para que entrem em vigor e passem a 
produzir efeitos jurídicos, deverão ser ratificados pelas duas partes 
contratantes. Há dois procedimentos usuais para que isso se realize: a troca 
dos instrumentos de ratificação e a notificação de ratificação. 
A troca dos instrumentos de ratificação é um ato solene pelo qual 
representantes dos dois Estados trocam entre si, simultaneamente, os 
documentos que comprovam as respectivas ratificações. Por sua vez, a 
notificação de ratificação é a comunicação que um Estado faz a outro sobre 
a realização da ratificação. 
Já nos tratados multilaterais, são muitas as partes envolvidas, o 
que torna complicado que cada Estado, ao ratificar o tratado, comunique o 
feito a todos os outros. Surge, então, a figura do depositário, que pode ser 
um Estado ou até mesmo uma organização internacional. O depositário é o 
responsável por receber e manter sob sua guarda todos os instrumentos de 
ratificação, mantendo os Estados contratantes informados sobre o status das 
ratificações. Quando o tratado estiver apto para entrar em vigor, quer por ter 
atingido um número mínimo de ratificações, quer por ter sido ratificado por 
todos os Estados, o depositário irá informar sobre essa condição aos Estados 
contratantes. 
 
g) Publicação e promulgação: 
Como vimos, a ratificação é ato internacional de competência do 
Presidente
da República que representa o compromisso definitivo do Estado em 
vincular-se a um tratado. Cumpridas as condições previstas no tratado, ele 
estará, então, apto a entrar em vigor no plano internacional para o Estado 
ratificante. 
Entretanto, a entrada em vigor do tratado no ordenamento jurídico 
interno dependerá, no caso brasileiro, de um procedimento adicional do Chefe 
do Poder Executivo. Após proceder à ratificação, o Presidente da República 
deverá expedir um decreto executivo, por meio do qual irá promulgar e 
publicar o texto do tratado no Diário Oficial da União. A partir da publicação 
do decreto executivo, considera-se que o tratado foi internalizado no 
ordenamento jurídico brasileiro, estando apto a entrar em vigor. Destaque-
se que uma condição para que um tratado entre em vigor no plano interno é 
que ele já esteja em vigor no plano internacional. Com efeito, não há sentido 
em aplicar um tratado internamente sem que este tenha entrado em vigor 
internacional. 
É importante, nesse momento, explicarmos a distinção entre 
promulgação e publicação. A promulgação é o ato pelo qual se atesta que 
o a lei (no caso, o tratado) é válida, executável e obrigatória. Já a publicação 
é o ato que dá conhecimento público à norma (no caso, o tratado). Assim, o 
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decreto executivo é responsável por promulgar o texto do tratado, sendo, 
adicionalmente, publicado no Diário Oficial da União. 
Cabe destacar que a doutrina entende que os tratados que 
necessitam da aprovação do Congresso Nacional devem ser 
promulgados e publicados. Já os acordos executivos (que não dependem 
de autorização do Congresso Nacional) são apenas publicados no Diário 
Oficial da União. 7 
 
1.2- Registro e Publicidade: 
Uma prática comum na história da diplomacia internacional foi a da 
celebração de acordos secretos entre os Estados, o que, para além de 
comprometer a transparência, colide frontalmente com os princípios 
democráticos. 
Com vistas a impedir os acordos secretos, o art. 102 da Carta da 
ONU dispõe o seguinte: 
Art. 102 
1. Todo tratado e todo acordo internacional, concluídos por qualquer 
Membro das Nações Unidas depois da entrada em vigor da presente 
Carta, deverão, dentro do mais breve prazo possível, ser registrados e 
publicados pelo Secretariado. 
2. Nenhuma parte em qualquer tratado ou acordo internacional que 
não tenha sido registrado de conformidade com as disposições do 
parágrafo 1º deste Artigo poderá invocar tal tratado ou acordo perante 
qualquer órgão das Nações Unidas. 
Da leitura do art. 102 da Carta da ONU, extrai-se a obrigação da 
Secretaria-Geral da ONU de registrar e publicar todos os tratados 
concluídos por qualquer de seus Estados-membros. Somente os tratados 
registrados e publicados pela Secretaria-Geral poderão ser invocados perante 
os órgãos das Nações Unidas. Dessa forma, um Estado não poderá invocar, em 
uma controvérsia submetida à Corte Internacional de Justiça8, um tratado que 
a Secretária-Geral da ONU não tiver registrado. 
É relevante destacar que o registro do tratado pela Secretaria-
Geral da ONU não é condição necessária para que ele entre em vigor. 
Um tratado em vigor que não tenha sido registrado continua obrigando as 
 
7 MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público, 4ª ed. 
São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010, pp. 324 & REZEK, Francisco. Direito 
Internacional Público: curso elementar, 11ª Ed, rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 
2008, pp. 78 – 79. 
8
!A Corte Internacional de Justiça é o principal órgão judiciário das Nações Unidas. 
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partes contratantes, não podendo, entretanto, ser invocado perante um órgão 
da ONU. 
 
1.3-Reservas: 
1.3.1- Definição e Generalidades: 
Segundo a CV/69, “reserva é uma declaração unilateral qualquer 
que seja a sua redação ou denominação, feita por um Estado ao assinar, 
ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, com o objetivo 
de excluir ou modificar o efeito jurídico de certas disposições do tratado em 
sua aplicação a esse Estado.” 
As reservas não são admissíveis em todos os casos. O art. 19 da 
CV/69 estabelece as situações em que as reservas não poderão ser 
formuladas. Vejamos: 
Artigo 19 - Formulação de Reservas: 
Um Estado pode, ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, 
ou a ele aderir, formular uma reserva, a não ser que: 
a) a reserva seja proibida pelo tratado; 
b) o tratado disponha que só possam ser formuladas determinadas 
reservas, entre as quais não figure a reserva em questão; ou 
c) nos casos não previstos nas alíneas a e b, a reserva seja 
incompatível com o objeto e a finalidade do tratado. 
Da leitura do art. 19, depreende-se que são três as situações em que 
há restrições à formulação de reservas: 
a) Quando a reserva for proibida pelo tratado: Se o tratado 
dispuser expressamente que não podem ser formuladas reservas a nenhum de 
seus dispositivos, as reservas serão, então, proibidas. É o caso, por exemplo, 
do Estatuto de Roma9, que não admite reservas a nenhum de seus 
dispositivos. 
b) Quando o tratado dispuser que somente podem ser 
formuladas determinadas reservas, entre as quais não figura a reserva 
em questão: Como exemplo, imagine que Brasil, Argentina, Uruguai e 
Paraguai celebrem um tratado que preveja expressamente que só podem ser 
apresentadas reservas aos art.30 a art.35. Nessa situação, nenhum dos 
Estados contratantes poderá apresentar reservas ao art. 1º. 
c) Quando a reserva for incompatível com o objeto e a 
finalidade do tratado. Há determinados dispositivos de um tratado que 
podemos considerar como sendo sua parte central, sua “alma”. Por exemplo, o 
 
9 Estatuto de Roma é o tratado que criou o Tribunal Penal Internacional (TPI) 
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art. 26 da CV/69, sobre o qual estudaremos mais à frente, instituiu a regra 
“pacta sunt servanda”, que é o fundamento de validade dos tratados 
internacionais. Não existiriam tratados internacionais, muito menos teria 
sentido a CV/69, sem a regra “pacta sunt servanda”. Dessa forma, 
entendemos que nenhum Estado pode apresentar reservas ao art. 26 da 
CV/69, sob pena de violar de forma grave e irreversível o objeto e a finalidade 
da referida convenção. 
Do exposto no art. 19, extrai-se que, para saber se há 
possibilidade de apresentação de reservas a um tratado, é necessário, 
prioritariamente, analisar-se o texto do tratado, uma vez que há alguns 
que, expressamente, vedam as reservas ou as limitam a certos dispositivos. 
Caso o texto do tratado seja silente, a CV/69 determina que as reservas 
são possíveis, desde que não sejam incompatíveis com o texto do 
tratado. 
Uma controvérsia jurídica bastante importante é acerca da 
competência para a formulação de reservas. Trata-se de competência 
limitada ao Poder Executivo? Ou o Poder Legislativo também pode apresentar 
reservas a um tratado? 
A doutrina não é unânime na resposta a essas perguntas. Para Rezek, 
apenas o Poder Executivo pode apresentar reservas a um tratado 
internacional. O Poder Legislativo, na visão do autor, poderia apenas aprovar 
com
restrições um tratado, o que seria, a posteriori, traduzido em reservas 
pelo Poder Executivo no momento da ratificação. 10 
Já no entendimento do Prof. Valério Mazzuoli, é plenamente 
possível a aposição de reservas a um tratado pelo Congresso 
Nacional11. O autor fundamenta sua posição no conceito de reservas trazido 
pela CV/69, que admite sejam elas apresentadas por um Estado ao aprovar 
um tratado. Recorde-se que aprovação é ato por meio do qual o Congresso 
Nacional autoriza a ratificação pelo Presidente da República. Nesse sentido, a 
própria CV/69 autorizaria a aposição de reservas pelo Poder Legislativo. 
 
Para concursos públicos, recomendo que levem o 
entendimento adotado pelo Prof. Valério Mazzuoli. No 
concurso de Procurador da Fazenda Nacional – 2007, 
foi considerada correta questão que afirmava que o 
Congresso Nacional pode apresentar reservas ao 
texto de um tratado, ainda que estas não tenham 
sido feitas no momento da assinatura. 
 
10
!REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar, 11ª Ed, rev. 
e atual. São Paulo: Saraiva, 2008, pp. 68 – 69. 
11
!MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público, 4ª ed. São Paulo: 
Editora Revista dos Tribunais, 2010, pp. 217-220!
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É relevante destacar que, uma vez que as reservas sejam 
formuladas pelo Poder Legislativo, o Presidente da República somente 
poderá ratificar o tratado com as ditas reservas. A ratificação, no 
entanto, conforme já se comentou, é ato discricionário do Presidente e ele 
poderá, caso não concordar com as ressalvas do Poder Legislativo, 
simplesmente deixar de manifestar o consentimento definitivo do Estado ao 
tratado internacional. 
Outro ponto controverso relacionado às reservas é quanto à 
possibilidade de que, havendo o Poder Executivo apresentado reservas por 
ocasião da assinatura do tratado, estas sejam suprimidas pelo Congresso 
Nacional ao aprová-lo. 
Mais uma vez a doutrina se divide... 
Para Rezek12, o Congresso Nacional poderia, em seu exame, 
recomendar o abandono de reserva feita pelo governo por ocasião da 
assinatura do tratado. Entretanto, outros autores, como João Hermes Pereira 
de Araújo, citado por Mazzuoli, entendem que, uma vez apresentadas as 
reservas pelo governo no momento da assinatura, não cabe ao 
Congresso Nacional suprimi-las. 13 Em outras palavras, se o tratado for 
assinado com reservas, o Congresso Nacional não poderá adotá-lo na 
íntegra. 
 
Para concursos públicos, vamos adotar a tese defendida 
pelo jurista João Hermes Pereira de Araújo. Na prova de 
Procurador da Fazenda Nacional – 2007, foi considerada 
correta assertiva que afirma o seguinte: 
“Caso o tratado seja assinado com reservas, o 
Congresso Nacional não tem poderes para adotar o 
tratado em sua íntegra.” 
Assim, entende-se que o Congresso Nacional não poderá 
suprimir reservas efetuadas pelo Poder Executivo. 
É importante termos cuidado para não confundir as reservas com as 
emendas a tratados internacionais. Mais à frente, estudaremos com mais 
calma sobre as emendas a tratados. Por ora, basta sabermos que trata-se 
de procedimento por meio do qual os Estados-parte em um tratado 
podem modificar o texto do tratado. 
 
12
!REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar, 11ª Ed, rev. 
e atual. São Paulo: Saraiva, 2008, pp. 68 – 69. !
13
!MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público, 4ª ed. São Paulo: 
Editora Revista dos Tribunais, 2010, pp. 219. !
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No Brasil, as emendas devem ser aprovadas pelo Congresso Nacional 
mediante decreto legislativo. Mas, perceba-se, o Poder Legislativo não terá 
nunca poder para formular emendas a um tratado internacional, eis que 
estas são negociadas em conjunto pelos Estados-parte do tratado a ser 
emendado. 
 
1.3.2- O processo das reservas: 
Os tratados internacionais podem, em seu bojo, versar sobre o tema 
das reservas, dizendo se estas são ou não permitidas. Quando o tratado 
regulamentar as reservas, não haverá dúvidas quanto à possibilidade de os 
Estados as formularem. Entretanto, caso o tratado seja silente a respeito das 
reservas, é dizer, não as regulamente, estaremos diante de um problema. 
Segundo o art.19 da CV/69, quando o tratado não disser nada a 
respeito das reservas, estas serão possíveis, desde que não sejam 
incompatíveis com o objeto e a finalidade do tratado. 
Mas como saber se uma reserva é ou não incompatível com o objeto 
e a finalidade do tratado? 
Difícil encontrar uma resposta... 
Na verdade, quando o tratado for silente a respeito das reservas e 
uma reserva for apresentada, abre-se a possibilidade para que todos os 
demais Estados-parte no acordo manifestem sua aceitação ou objeção às 
reservas. 
A aceitação de uma reserva poderá ser expressa ou tácita. 
Desde que o tratado não disponha diversamente, uma reserva é tida como 
aceita tacitamente por um Estado se este não formulou objeção à 
reserva no prazo de 12 (doze) meses da data da notificação ou, caso o 
Estado tenha ratificado ou aderido ao acordo após a reserva, não tenha 
formulado, nessa data, uma objeção. 
Vamos visualizar com um exemplo! 
É assinado um tratado entre os Estados “A”, “B”, “C” e “D”. O Estado 
“D”, ao ratificar o tratado, formula uma reserva. Como o tratado não 
regulamenta as reservas, abre-se a possibilidade para que os Estados “A”, “B’ 
e “C” expressem sua aceitação ou objeção a elas. Passam-se 12 meses sem 
que o Estado “A” tenha objetado as reservas, logo considera-se que houve 
aceitação tácita da reserva pelo Estado “A”. Da mesma forma, se um Estado 
“E” adere ao acordo e, no momento da adesão (que é posterior à formulação 
da reserva por “A”), não apresenta objeção à reserva, considera-se que ele a 
aceitou tacitamente. 
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Se todos os Estados-parte aceitarem a reserva, não teremos grandes 
problemas. Estes só começam a aparecer quando algum Estado apresentar 
objeção à reserva. Temos várias situações reguladas pela CV/69: 
1)- Se o tratado for o ato constitutivo de uma organização 
internacional: a reserva exigirá a aceitação do órgão competente da 
organização, a não ser que o tratado disponha diversamente. 
2)- Se há um número limitado de Estados negociadores e isso 
nos levar a crer que o tratado deve ser aplicado na íntegra entre todas as 
partes: a reserva irá requerer a aceitação de todas as partes. É o caso, 
por exemplo, de tratados bilaterais, em que uma reserva, a princípio, 
representa um convite à renegociação do texto convencional. 
3)- Se as reservas forem incompatíveis com o objeto e a 
finalidade do tratado e isso nos leva a crer que o tratado deve ser aplicado na 
íntegra entre todas as partes: será necessário que todas as partes aceitem 
a reserva. 
4)- Se alguns Estados apresentaram objeções e outros 
aceitaram a reserva: nesse caso, haverá uma duplicidade de regime jurídico. 
Entre o Estado autor da reserva e aqueles que apresentaram objeções, vigora 
o tratado sem as disposições da reserva. Já entre o Estado autor da reserva e 
aqueles que a aceitaram, vigora o tratado
com as disposições modificadas pela 
reserva. Perceba-se que, mesmo tendo sido apresentadas objeções à reserva, 
isso não impede que o tratado entre em vigor entre o Estado que formulou a 
reserva e o Estado que formulou a objeção. 
As reservas, assim como as objeções às reservas, podem ser 
retiradas a qualquer tempo, a não ser que o tratado disponha de maneira 
diversa. Todos esses atos (reservas, aceitação expressa e objeções às 
reservas) devem ser formulados por escrito e comunicados aos Estados 
contratantes e aos outros Estados que tenham o direito de se tornar partes no 
tratado. 
 
1.4- Entrada em vigor: 
O art. 24 da CV/69 dispõe expressamente que, em regra, um 
tratado entra em vigor na forma e na data nele previstas ou acordadas 
pelos Estados negociadores. Em outras palavras, a entrada em vigor de um 
tratado será determinada pelo próprio texto do tratado. 
É bastante comum, ao lermos o texto de um tratado, que vejamos 
cláusulas dispondo sobre sua vigência. A CV/69, por exemplo, dispõe em 
seu art. 84 o seguinte: “A presente Convenção entrará em vigor no 30º dia 
que se seguir à data do depósito do trigésimo quinto instrumento de ratificação 
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ou adesão.” Por sua vez, o Tratado de Assunção (que instituiu o MERCOSUL) 
estabelece que entrará em vigor 30 dias após a data do depósito do terceiro 
instrumento de ratificação. 
Perceba, caro (a) amigo (a), que é o texto do próprio tratado que 
dispõe sobre quando ele entrará em vigor. A vigência do tratado pode ser de 
dois tipos: 
- Vigência contemporânea: são os tratados que passam a produzir 
efeitos jurídicos no exato momento em que as partes manifestam seu 
consentimento definitivo. Ex: tratado entra em vigor após ser ratificado por 5 
Estados. 
- Vigência diferida: são os tratados que começam a produzir efeitos 
jurídicos somente após um lapso temporal posterior ao momento em que foi 
expresso o consentimento definitivo pelas partes. Em outras palavras, são os 
tratados que começam a operar efeitos apenas depois de uma vacatio legis. 
Ex; tratado entra em vigor 60 dias após a ratificação por 5 Estados. 
Mas aí cabe uma pergunta importante: o que ocorrerá caso o texto 
do tratado nada disponha sobre sua vigência? 
Nesse caso, precisaremos recorrer ao art.24 da CV/69, que assim 
dispõe: 
Artigo 24 - Entrada em vigor 
1. Um tratado entra em vigor na forma e na data previstas no tratado 
ou acordadas pelos Estados negociadores. 
2. Na ausência de tal disposição ou acordo, um tratado entra em 
vigor tão logo o consentimento em obrigar-se pelo tratado seja 
manifestado por todos os Estados negociadores. 
3. Quando o consentimento de um Estado em obrigar-se por um 
tratado for manifestado após sua entrada em vigor, o tratado entrará 
em vigor em relação a esse Estado nessa data, a não ser que o tratado 
disponha de outra forma. 
4. Aplicam-se desde o momento da adoção do texto de um tratado as 
disposições relativas à autenticação de seu texto, à manifestação do 
consentimento dos Estados em obrigarem-se pelo tratado, à maneira 
ou à data de sua entrada em vigor, às reservas, às funções de 
depositário e aos outros assuntos que surjam necessariamente antes 
da entrada em vigor do tratado. 
Pela leitura do art. 24 da CV/69, percebe-se que, caso o tratado 
não possua qualquer cláusula relativa à sua vigência, este entrará em 
vigor no momento em que todos os Estados negociadores houverem 
manifestado seu consentimento definitivo em obrigar-se pelo tratado. 
Em outras palavras, o tratado somente entrará em vigor após ter sido 
ratificado por todos os Estados contratantes. 
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E se o consentimento de um Estado em obrigar-se a um tratado foi 
manifestado apenas após a entrada em vigor do tratado? O que acontece? Isso 
é possível? 
É plenamente possível que isso ocorra, como, por exemplo, no caso 
de um tratado aberto à adesão ou de um tratado que não dependa do 
consentimento definitivo de todas as partes. Segundo o art. 24, §3º, da CV/69, 
“quando o consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado for 
manifestado após sua entrada em vigor, o tratado entrará em vigor em 
relação a esse Estado nessa data [data do consentimento], a não ser 
que o tratado disponha de outra forma.” 
Destaque-se que o art. 24, §3º, da CV/69, ao usar a expressão “a 
não ser que o tratado disponha de outra forma”, abre a possibilidade para a 
chamada irretroatividade relativa. A irretroatividade relativa fica 
caracterizada quando um Estado, tendo manifestado seu consentimento após a 
entrada em vigor do tratado, sofrerá os efeitos do tratados a contar de data 
anterior àquela em que manifestou o consentimento. 
Questão importante, para a qual a CV/69 não apresenta solução 
jurídica, é acerca da entrada em vigor dos tratados bilaterais. Segundo a 
doutrina, a entrada em vigor dos tratados bilaterais ocorrerá somente 
após a manifestação do consentimento definitivo das duas partes 
contratantes. É comum que isso ocorra mediante um ato solene no qual 
representantes dos dois Estados trocam entre si, simultaneamente, os 
instrumentos de ratificação. 
 
1.5- Aplicação Provisória de tratados: 
A Convenção de Viena de 1969 reconhece a possibilidade de que 
alguns tratados sejam aplicados provisoriamente, é dizer, sejam aplicados 
antes de sua entrada em vigor. Segundo o art. 25 da CV/69, um tratado ou 
uma parte do tratado aplica-se provisoriamente enquanto não entra em vigor 
se o próprio tratado assim dispuser ou os Estados negociadores assim 
acordarem por outra forma. 
Vejamos o art. 25 da CV/69: 
Artigo 25 - Aplicação Provisória: 
1. Um tratado ou uma parte do tratado aplica-se provisoriamente 
enquanto não entra em vigor, se: 
a) o próprio tratado assim dispuser; ou 
b) os Estados negociadores assim acordarem por outra forma. 
2. A não ser que o tratado disponha ou os Estados negociadores 
acordem de outra forma, a aplicação provisória de um tratado ou parte 
de um tratado, em relação a um Estado, termina se esse Estado 
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notificar aos outros Estados, entre os quais o tratado é aplicado 
provisoriamente, sua intenção de não se tornar parte no tratado. 
Da leitura do art. 25, é possível extrairmos que a aplicação 
provisória de um tratado será possível quando uma de suas cláusulas 
assim o prever. A aplicação provisória de tratados por um Estado independe 
de comunicação a outros Estados. No entanto, esta se encerra em relação a 
um Estado se este notificar aos outros Estados entre os quais o tratado é 
aplicado provisoriamente sua intenção em não se tornar parte no tratado. 
Cabe destacar que o Brasil não reconhece a aplicação provisória 
de tratados, tendo ratificado a CV/69 com reservas ao art. 25. Mas por que o 
Brasil não reconhece a aplicação provisória de tratados? 
O Brasil formulou reservas ao art. 25 da CV/69 em virtude da 
incompatibilidade desse dispositivo com o art.49, inciso I da CF/88, 
segundo o qual o Congresso Nacional é competente para resolver 
definitivamente sobre tratados internacionais. Assim, salvo raras exceções 
(acordos executivos), para que o Brasil possa se comprometer em nível 
internacional, é fundamental a manifestação do Poder Legislativo. 
Com efeito,
se admitíssemos que um tratado fosse aplicado 
provisoriamente pelo Brasil, ou seja, anteriormente à ratificação, isso 
significaria que teriam sido assumidos compromissos sem que o Poder 
Legislativo fosse ouvido. É por isso que se pode alegar a incompatibilidade 
entre a aplicação provisória de tratados e o ordenamento 
constitucional brasileiro. 
Vejamos como esses assuntos podem ser cobrados em prova! 
 
 
1. (Defensor Público da União – 2014) Segundo a Convenção de 
Viena sobre Direitos dos Tratados, o Estado é obrigado a abster-se de 
atos que frustrem o objeto e finalidade do tratado, quando houver 
trocado instrumentos constitutivos do tratado, sob reserva de 
aceitação. 
Comentários: 
É exatamente o que prevê o art. 18, da CV/69. O Estado é obrigado 
a abster-se da prática de atos que frustrem o objeto e a finalidade do 
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tratado, quando houver assinado ou trocado instrumentos constitutivos do 
tratado, sob reserva de ratificação, aceitação ou aprovação, enquanto não tiver 
manifestado sua intenção de não se tornar parte no tratado. Questão correta. 
2. (Delegado Polícia Federal – 2013) A Convenção de Viena sobre o 
Direito dos Tratados estabelece que o Estado que tenha assinado um 
tratado, ainda que não o tenha ratificado, está obrigado a não frustrar 
seu objeto e finalidade antes de sua entrada em vigor. 
Comentários: 
O art. 18, da CV/69, estabelece que um Estado é obrigado a abster-se da 
prática de atos que frustrem o objeto e a finalidade do tratado quando o 
houver assinado. Esse é, portanto, um dos efeitos da assinatura. Questão 
correta. 
3. (25º Concurso- Procurador da República-2011)- Quando um 
Estado faz reserva a cláusula de tratado: 
a) está diferindo sua entrada em vigor. 
b) está declarando que não quer se vincular a esta cláusula 
c) tem que contar com a aquiescência de todas as demais partes do tratado 
com a reserva, para tornar-se parte deste. 
d) está exercendo um direito soberano que é inerente à adesão a todo tratado. 
Comentários: 
A reserva é uma declaração unilateral por meio da qual um Estado 
busca excluir ou modificar o efeito jurídico de certas disposições do tratado em 
sua aplicação a esse Estado. Assim, se um Estado apresentou reservas a uma 
cláusula de um tratado, isso significa que ele não quer se vincular a esta 
cláusula. A resposta é, portanto, a letra B. 
4. (25º Concurso- Procurador da República-2011)- A assinatura de 
um tratado sob reserva de ratificação, segundo a Convenção de Viena 
sobre o Direito dos Tratados de 1969: 
a) é ato de solenidade política, sem conseqüência jurídica. 
b) apenas indica o término da negociação. 
c) encerra compromisso de boa fé, porque Estados não podem praticar atos 
que inviabilizem a ratificação posterior do tratado. 
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d) não veda a governos que recomendem ao parlamento, incontinentemente, a 
rejeição do tratado, como o fez o então Presidente Bill Clinton, ao recomendar 
a rejeição do Estatuto de Roma. 
Comentários: 
Letra A: errada. A assinatura produz efeitos jurídicos. 
Letra B: errada. O término da negociação é materializado pela adoção 
do texto do tratado. 
Letra C: correta. Segundo o art. 18 da CV/69, quando um Estado 
houver assinado um tratado, ele será obrigado a abster-se da prática de atos 
que frustrem o objeto e a finalidade do tratado. 
Letra D: errada. A assinatura encerra compromisso de ordem política, 
não podendo o Estado praticar atos que frustrem o objeto e a finalidade do 
tratado. 
5. (Advogado CEF/2010)- A entrada em vigor de um tratado 
internacional com mais de duas partes apenas se dá a partir do 
momento em que todas as partes tenham concluído o processo de 
ratificação, não surtindo efeito para nenhuma delas antes que todas 
tenham concluído este processo. 
Comentários: 
A entrada em vigor de um tratado multilateral (com mais de duas 
partes) ocorrerá na forma e na data previstas no tratado. Apenas caso o 
tratado seja silente a respeito é que a entrada em vigor se produzirá com a 
ratificação de todos os Estados contratantes. Questão errada. 
6. (Juiz Federal 2º Região / 2009)- Segundo a Carta da ONU, os 
tratados não registrados não podem ser invocados perante órgãos das 
Nações Unidas. 
Comentários: 
Segundo o art. 102 da Carta da ONU, os tratados não registrados não 
poderão ser invocados perante um órgão das Nações Unidas. Nesse sentido, 
um Estado não poderá, em uma controvérsia submetida à apreciação da CIJ, 
invocar um tratado não registrado. Questão correta. 
7. (Procurador – Banco Central/1997)- O tratado internacional 
entra em vigor internacionalmente, na data nele prevista e, caso seja 
silente a esse respeito, tão logo as partes manifestem o seu 
consentimento em obrigar-se por ele. 
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Comentários: 
Segundo o art. 24 da CV/69, o tratado entra em vigor na data e na 
forma nele prevista. Caso seja silente a respeito, a vigência terá início tão logo 
seja ratificado por todos os Estados contratantes. Questão correta. 
8. (Procurador – Banco Central/1997) O tratado internacional 
torna-se obrigatório, internacionalmente, com a troca dos 
instrumentos de ratificação. 
Comentários: 
Um procedimento usual nos tratados bilaterais é a troca dos 
instrumentos de ratificação. Trata-se de ato solene por meio do qual os 
representantes estatais trocam entre si os documentos comprobatórios da 
ratificação, marcando a entrada em vigor do tratado bilateral. Questão correta. 
9. (Consultor Legislativo / Senado-2002)- De acordo com 
renomados internacionalistas, o Poder Legislativo não tem a faculdade 
de formular emendas aos tratados internacionais submetidos à sua 
apreciação, cabendo-lhe tão-somente aprová-los ou rejeitá-los no 
todo. Por outro lado, havendo a possibilidade de apresentar-se 
reservas no tratado internacional sob apreciação, o Poder Legislativo 
poderá fazê-lo, cabendo ao Poder Executivo julgar da conveniência e 
oportunidade de ratificar o tratado com as ditas reservas congressuais. 
Comentários: 
Várias informações importantes na questão: 
1) O Poder Legislativo não pode formular emendas a tratados 
internacionais. 
2) Embora não haja consenso doutrinário, para concursos públicos, o 
entendimento que deve prevalecer é o de que o Poder Legislativo pode 
formular reservas a tratados internacionais. 
3) Se o Poder Legislativo formular reservas a um tratado, o Poder 
Executivo somente poderá ratificar o tratado com as ditas reservas. No 
entanto, a ratificação é ato discricionário do Poder Executivo, que deverá 
fazê-lo com base em exame de conveniência e oportunidade. 
Por tudo isso, a questão está correta. 
10. (Procurador – Banco Central/2002)- Uma “reserva” visa, tão-só, 
a excluir o efeito jurídico de certas disposições do tratado em sua 
aplicação ao formulador da “reserva”. 
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Comentários: 
A reserva também poderá modificar o efeito jurídico de certas 
disposições do tratado em sua aplicação ao formulador
da reserva. Questão 
errada. 
11. (Juiz Federal 16ª Região/ 2003)- O Tratado Internacional, no seu 
processo de conclusão, atravessa apenas as seguintes fases: 
negociação, assinatura, retificação, promulgação e publicação. 
Comentários: 
Não existe essa tal de retificação! Questão errada. 
12. (PFN/2004) No que toca às obrigações e compromissos 
internacionais, assumidas pelos Estados em forma de tratados, têm-se 
as reservas, corretamente identificadas como: 
a) qualificativos de consentimento, pelos quais os Estados pactuantes emitem 
declarações unilaterais visando a excluir ou modificar o efeito jurídico de certas 
disposições de tratados. 
b) indicativos de entendimento, pelos quais os Estados pactuantes emitem 
declarações multilaterais visando a incluir ou potencializar efeito jurídico de 
certas disposições do tratado, mediante prévia concordância dos demais 
signatários. 
c) quantitativos de aferição, pelos quais os Estados pactuantes medem os 
efeitos possíveis dos tratados em relação a seus desdobramentos internos, 
especialmente no plano normativo. 
d) incentivos de adesão, pelos quais os Estados pactuantes acenam com 
vantagens econômicas, de modo a justificarem a ampliação do conjunto de 
signatários. 
e) referenciais de submissão, pelos quais os Estados pactuantes justificam 
internamente a transigência para com normas jurídicas internas. 
Comentários: 
A reserva é um ato unilateral por meio do qual o Estado exclui ou 
modifica o efeito jurídico de certas disposições do tratado. Portanto, ela 
qualifica o consentimento do Estado ao assinar, ratificar ou aderir a um 
tratado. A resposta é, portanto, a letra A. 
13. (AFRFB/2005) Nos termos e na definição da Convenção de Viena 
sobre Direito dos Tratados, e para seus fins, a expressão “reserva” 
tem significado normativo e características específicas, 
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nomeadamente a reserva é uma declaração unilateral feita por um 
estado, seja qual for o seu teor ou denominação, ao assinar, ratificar, 
aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, com o objetivo de 
excluir ou modificar o efeito jurídico de certas disposições do tratado 
em sua aplicação a esse estado. A reserva, sua aceitação expressa e 
sua objeção devem ser formuladas por escrito e comunicadas aos 
Estados contratantes e aos outros estados com direito de se tornarem 
partes no tratado. 
Comentários: 
É exatamente isso o que dispõe a CV/69 sobre as reservas. Trata-se 
de uma declaração unilateral feita por um Estado ao assinar, ratificar, aceitar, 
aprovar ou aderir a um tratado, por meio do qual visa a excluir ou modificar o 
efeito jurídico de certas disposições do tratado em sua aplicação a esse Estado. 
A reserva, a aceitação expressa e as objeções são atos formulados por escrito. 
Questão correta. 
14. (OAB 2006.2)- O instituto da reserva, por ser um instituto geral 
de direito internacional, é aplicável, sem impedimentos, a todos os 
tratados. 
Comentários: 
Nem todos os tratados podem ser alvo de reservas. Há alguns que 
expressamente proíbem as reservas e outros cuja apresentação de reservas 
viola seu objeto e finalidade. Isso é o que se depreende do art. 19 da CV/69. 
Questão errada. 
15. (OAB 2006.2)- A adoção do texto de um tratado em uma 
conferência internacional efetua-se por maioria de dois terços dos 
Estados presentes e votantes, a menos que estes Estados decidam, por 
igual maioria, aplicar uma regra diferente. 
Comentários: 
A adoção do texto de um tratado no âmbito de uma conferência 
internacional obedece ao quórum de 2 / 3 dos Estados membros e votantes, a 
menos que se decida, por igual maioria, aplicar uma regra diferente. Questão 
correta. 
16. (Juiz Federal 1ª Região- 2009)- Um Estado pretende ratificar um 
tratado, mas, para fazê-lo, almeja adaptar alguns de seus dispositivos 
à interpretação que seus tribunais internos dão a determinado direito 
contido no tratado. Nessa situação, o instrumento mais adequado a ser 
utilizado por esse Estado é 
a) a denúncia. 
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b) a cláusula rebus sic stantibus. 
c) a suspensão. 
d) o jus cogens. 
e) a reserva. 
Comentários: 
De acordo com a CV/ 69, a reserva é “... uma declaração unilateral, 
qualquer que seja a sua redação ou denominação, feita por um Estado ao 
assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, com o 
objetivo de excluir ou modificar o efeito jurídico de certas disposições do 
tratado em sua aplicação a esse Estado.” 
Na situação apresentada pela questão, é exatamente isso o que 
ocorre. O Estado quer se tornar parte do tratado, mas deseja afastar ou 
modificar alguns de seus dispositivos. Assim, ele ratifica o tratado, mas o faz 
com reservas. A resposta é, portanto, a letra E. 
17. (Procurador da Fazenda Nacional – 2007-adaptada)- A empresa 
brasileira XYZ tem investimentos de grande vulto no país ABC. De 
forma arbitrária, o novo governo de ABC, ao tomar posse, apropria-se 
do patrimônio que XYZ detinha em ABC. Inconformada, a empresa XYZ 
recorre ao Governo brasileiro para que lhe conceda proteção 
diplomática, encampando o problema da empresa e recorrendo à Corte 
Internacional de Justiça em sua defesa. O ato por meio do qual o 
Estado brasileiro assume a reclamação da empresa XYZ, fazendo-a 
sua, e dispondo-se a tratar da matéria junto ao Estado autor do ilícito 
é denominado ratificação. 
Comentários: 
A ratificação é o ato internacional por meio do qual um Estado se 
compromete definitivamente a vincular-se ao texto de um tratado. O ato por 
meio do qual um Estado assume a reclamação de uma empresa, fazendo-a 
sua, e dispondo-se a tratar da matéria junto ao Estado autor do ilícito é 
denominado endosso. Questão errada. 
18. (Procurador da Fazenda Nacional -2007-adaptada)- Se o tratado 
nada dispuser sobre o assunto, entende-se que as reservas a um 
tratado internacional são possíveis, a não ser que sejam incompatíveis 
com seu objeto e finalidade. 
Comentários: 
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Para saber se há possibilidade de apresentação de reservas a um 
tratado, é necessário, prioritariamente, analisar-se o texto do tratado, uma vez 
que há alguns que, expressamente, vedam as reservas ou as limitam a certos 
dispositivos. Caso o texto do tratado seja silente, a CV/69 determina que as 
reservas são possíveis, desde que não sejam incompatíveis com o texto do 
tratado. Questão correta. 
19. (Procurador da Fazenda Nacional -2007)- Caso o tratado seja 
assinado com reservas, o Congresso Nacional não tem poderes para 
adotar o tratado em sua íntegra. 
Comentários: 
Embora não haja consenso doutrinário a respeito, para concursos 
públicos, o entendimento que deve prevalecer é o de que o Congresso Nacional 
não poderá suprimir reservas feitas pelo Poder Executivo por ocasião da 
assinatura do tratado. Questão correta. 
20. (Procurador da Fazenda Nacional -2007)- Caso o tratado admita 
reservas, essas podem ser feitas pelo Congresso Nacional, mesmo que 
não tenham sido feitas pelo Presidente da República (ou outro 
plenipotenciário) no momento da assinatura. 
Comentários: 
O entendimento que você deve levar para a prova é o de que é 
possível a aposição de reservas a um tratado pelo Congresso
Nacional. 
Destaque-se que, quando estas forem elaboradas pelo Poder Legislativo, o 
Presidente da República somente poderá ratificar o tratado com as reservas. 
Questão correta. 
 
2-OBSERVÂNCIA, APLICAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DOS TRATADOS: 
2.1- Tratados x Direito Interno: 
O fundamento de validade dos tratados internacionais é a regra 
“pacta sunt servanda”, que foi expressamente reconhecida pelo art. 26 da 
CV/69, ao dispor que “todo tratado em vigor obriga as partes e deve ser 
cumprido por elas de boa fé”. Trata-se de princípio fundamental do direito 
dos tratados, sem o qual não haveria qualquer segurança nas relações 
internacionais. 
O descumprimento de um tratado viola, portanto, a regra 
fundamental do direito internacional, qual seja, a de que os compromissos 
assumidos devem ser cumpridos. E aqui cabe ressaltar que não interessa ao 
direito internacional público o porquê do descumprimento de um tratado. Em 
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geral, não há razões para um Estado descumprir um tratado, sob pena de ser 
responsabilizado internacionalmente. Tampouco interessa ao direito 
internacional se o responsável pela violação do tratado foi um ato do Poder 
Executivo, uma lei editada pelo Poder Legislativo ou uma decisão do Poder 
Judiciário. Os atos dos três Poderes, caso incompatíveis com um tratado, 
configurarão ilícito internacional e darão ensejo à responsabilização do Estado. 
Buscando enfatizar a necessidade de respeito às normas de direito 
internacional, o art. 27 da CV/69 estabeleceu uma relação hierárquica entre 
o direito internacional e o ordenamento jurídico interno. Nesse sentido, dispõe 
que uma parte não pode invocar as disposições de seu direito interno 
para justificar o inadimplemento de um tratado. Em outras palavras, as 
regras positivadas em um tratado internacional devem ser observadas pelos 
Estados, independentemente da existência de normas de direito interno que a 
ela sejam contrárias. 
Vejamos um exemplo de como isso funciona na prática! Qualquer 
semelhança com a realidade, é mera coincidência! ☺ 
O Brasil, por meio de acordos celebrados no âmbito da OMC, assumiu 
o compromisso de conceder, em matéria de tributos internos, tratamento 
nacional aos bens estrangeiros. Assim, se sobre um automóvel nacional incide 
uma alíquota de IPI de 5%, essa mesma alíquota deverá incidir sobre um 
automóvel estrangeiro similar. Caso seja editada uma lei (ou mesmo um 
decreto) que estabeleça uma alíquota de IPI mais gravosa para os automóveis 
estrangeiros, teremos aí uma clara violação de um tratado. 
O Brasil poderá, então, ser responsabilizado internacionalmente 
tendo em vista a edição de uma lei ou decreto contrário ao direito 
internacional. E trazendo à tona o art. 27, o Brasil não pode alegar 
disposições de seu direito interno (a lei ou o decreto) para justificar o 
inadimplemento (descumprimento) do tratado. Reforçando ainda mais a 
nossa argumentação, a regra “pacta sunt servanda”, segundo a qual os 
compromissos assumidos devem ser cumpridos, veda que o Brasil desrespeite 
um tratado em vigor. 
Vamos dar uma olhada no que diz o art. 27 da CV/69? 
Artigo 27 - Direito Interno e Observância de Tratados 
Uma parte não pode invocar as disposições de seu direito interno para 
justificar o inadimplemento de um tratado. Esta regra não prejudica o 
artigo 46. 
Percebe-se que o art. 27 da CV/69 ressalva o art. 46 da mesma 
convenção. Isso quer dizer que a única situação em que um Estado pode 
invocar disposições de seu direito interno para justificar o 
inadimplemento de um tratado é na hipótese do art. 46. 
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Mas o que diz o art. 46 da CV/69? 
Artigo 46 - Disposições do Direito Interno sobre Competência 
para Concluir Tratados 
1. Um Estado não pode invocar o fato de que seu consentimento em 
obrigar-se por um tratado foi expresso em violação de uma disposição 
de seu direito interno sobre competência para concluir tratados, a não 
ser que essa violação fosse manifesta e dissesse respeito a uma norma 
de seu direito interno de importância fundamental. 
2. Uma violação é manifesta se for objetivamente evidente para 
qualquer Estado que proceda, na matéria, de conformidade com a 
prática normal e de boa fé. 
O art. 46 da CV/69 dispõe sobre o tema das “ratificações 
imperfeitas”, sobre o qual nos aprofundaremos mais à frente. Por ora, basta 
sabermos que quando o consentimento estatal em obrigar-se por um 
tratado foi expresso com manifesta violação de uma norma de direito 
interno de importância fundamental sobre competência para concluir 
tratados, abre-se a possibilidade para que se pleiteie a nulidade do tratado. 
Enfatize-se novamente, trata-se da única situação em que o Estado invocar 
seu direito interno para justificar o inadimplemento de um tratado. 
 
2.2- Irretroatividade dos Tratados: 
Os tratados são celebrados para regular situações futuras, ou seja, 
produzem efeitos a partir de sua entrada em vigor (efeitos ex nunc). Esse é, 
inclusive, o que o art.28 da CV/69 prevê como regra geral para os tratados 
internacionais: 
Artigo 28 - Irretroatividade de Tratados 
A não ser que uma intenção diferente se evidencie do tratado, ou seja 
estabelecida de outra forma, suas disposições não obrigam uma 
parte em relação a um ato ou fato anterior ou a uma situação 
que deixou de existir antes da entrada em vigor do tratado, em 
relação a essa parte. 
Destaque-se que, apesar de os tratados serem, em regra, 
irretroativos, é possível que, excepcionalmente, ele regule situações 
pretéritas, desde que isso esteja previsto no texto do próprio tratado. 
A Convenção de Viena de 1969, reforçando o princípio da 
irretroatividade dos tratados, dispõe, ainda, no seu art. 4º, que ela mesma 
somente se aplicará aos tratados concluídos por Estados após sua 
entrada em vigor em relação a esses Estados. Assim, a CV/69 prevê, 
explicitamente, que ela regulará apenas situações futuras. 
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2.3- Aplicação Territorial de Tratados: 
O art. 29 da CV/69 determina que, em regra, um tratado obriga 
cada uma das partes em relação a todo o seu território. Todavia, caso 
uma intenção diferente se evidencie do tratado, ou seja estabelecida de outra 
parte, o tratado poderá aplicar-se apenas a parte do território das partes 
contratantes. 
 
2.4- Conflito entre Tratados: 
O art. 30 da CV/69 regula as diferentes situações em que há conflito 
entre tratados sucessivos sobre o mesmo assunto. Vejamos: 
Artigo 30 - Aplicação de Tratados Sucessivos sobre o Mesmo 
Assunto 
1. Sem prejuízo das disposições do artigo 103 da Carta das Nações 
Unidas, os direitos e obrigações dos Estados partes em tratados 
sucessivos sobre o mesmo assunto serão determinados de 
conformidade com os parágrafos seguintes. 
2. Quando um tratado estipular que está subordinado a um tratado 
anterior ou posterior ou que não deve ser considerado incompatível 
com esse outro tratado, as disposições deste último prevalecerão. 
3. Quando todas as partes no tratado anterior são igualmente partes 
no tratado posterior, sem que o tratado anterior tenha cessado de 
vigorar ou sem que a sua aplicação tenha sido suspensa nos termos do 
artigo 59, o tratado anterior só se aplica na medida em que as
suas 
disposições sejam compatíveis com as do tratado posterior. 
4. Quando as partes no tratado posterior não incluem todas a partes 
no tratado anterior: 
a) nas relações entre os Estados partes nos dois tratados, aplica-se o 
disposto no parágrafo 3; 
b) nas relações entre um Estado parte nos dois tratados e um Estado 
parte apenas em um desses tratados, o tratado em que os dois 
Estados são partes rege os seus direitos e obrigações recíprocos. 
5. O parágrafo 4 aplica-se sem prejuízo do artigo 41, ou de qualquer 
questão relativa à extinção ou suspensão da execução de um tratado 
nos termos do artigo 60 ou de qualquer questão de responsabilidade 
que possa surgir para um Estado da conclusão ou da aplicação de um 
tratado cujas disposições sejam incompatíveis com suas obrigações em 
relação a outro Estado nos termos de outro tratado. 
O art. 30, §1º, faz menção ao art. 103 da Carta da ONU, o qual 
consagra a primazia da Carta da ONU na solução de conflitos entre 
tratados. Segundo o referido dispositivo, “no caso de conflito entre as 
obrigações dos membros das Nações Unidas em virtude da presente Carta 
[leia-se, Carta da ONU] e as obrigações resultantes de qualquer outro 
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acordo internacional, prevalecerão as obrigações assumidas em virtude da 
presente Carta.” 
 O art. 30, §2º, por sua vez, se refere à situação em que um 
tratado expressamente dispõe que está subordinado a um tratado 
posterior ou anterior e que não deve ser considerado incompatível com 
este. Por óbvio, esse conflito resolve-se a favor do principal dos tratados, isto 
é, aquele ao qual o outro está subordinado. Em nosso entendimento, a CV/69 
disse muito mais do que precisaria ter dito, uma vez que se um tratado se 
autodeclara subordinado a outro, assim ele deverá ser interpretado. 
O art. 30, § 3º, busca dirimir os conflitos entre tratados quando 
todas as partes em um tratado anterior são também parte do tratado 
posterior. O conflito, nesse caso, é resolvido pela aplicação do brocardo “lex 
posterior derogat priori”. O tratado posterior prevalece naquilo que for 
incompatível com o tratado anterior. Em outras palavras, o tratado anterior 
somente irá aplicar-se na medida em que as suas disposições sejam 
compatíveis com as do tratado posterior. 
Identificamos duas situações reguladas pelo art. 30, § 3º: 
- Situação nº 1 – Há identidade da fonte de produção 
normativa, isto é, as partes no tratado posterior são exatamente as mesmas 
do tratado anterior. Nesse caso, não há grandes dúvidas: prevalecerá o 
tratado posterior. Exemplo: tratado A (anterior), celebrado entre Brasil e 
Argentina x tratado B (posterior), celebrado também entre Brasil e Argentina. 
Prevalecerá o tratado B, naquilo que este for incompatível com o tratado A. 
- Situação nº 2- Todas as partes no tratado posterior são partes no 
tratado anterior, entretanto, o tratado posterior possui outros Estados 
signatários. Nesse caso, também irá prevalecer o tratado posterior. Ex: 
tratado A (anterior), celebrado entre Brasil Argentina x tratado B (posterior), 
celebrado entre Brasil, Argentina e Uruguai. Prevalecerá o tratado B, naquilo 
que este for incompatível com o tratado A. 
O art. 30, § 4º, a seu turno, tenta resolver os conflitos entre 
tratados quando as partes no tratado posterior não incluem todas as partes no 
tratado anterior. Seria o caso, por exemplo, de um tratado A (anterior) 
celebrado entre Brasil, Argentina e Uruguai e um tratado B (posterior) 
celebrado entre Brasil e Argentina. 
Nesse caso, não é possível simplesmente aplicar o princípio “lex 
posterior derogat priori”, uma vez que o Uruguai não é parte no tratado 
posterior. A solução será o estabelecimento de uma duplicidade de regimes 
jurídicos. Nas relações entre Brasil e Argentina (que são parte nos dois 
tratados) será aplicado o tratado posterior. Já nas relações entre Brasil e 
Uruguai aplica-se o tratado A, que é o tratado em que ambos os Estados são 
parte. Isso também vale para as relações entre Argentina e Uruguai. 
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Rezek chama a atenção para um típico caso de conflito entre tratados 
não solucionado pela CV/69. Imaginemos que o Estado X celebra um tratado 
de aliança ofensiva com o Estado Y e um tratado de aliança defensiva com 
o Estado Z. Caso o Estado Y invada o Estado Z surge o dilema: o Estado X 
deverá honrar seu pacto de aliança ofensiva e apoiar o Estado Y no ataque ou 
deverá honrar seu pacto de aliança defensiva e apoiar o Estado Z na defesa de 
seu território?14 
Trata-se de conflito real entre tratados, que não pode ser solucionado 
pela aplicação de princípios jurídicos. Qualquer que seja a escolha adotada pelo 
Estado X, ela irá violar um dos tratados. Até mesmo se ele decidir não se 
envolver, haverá violação dos compromissos assumidos: nesse caso, ele 
deixará de cumprir ambos os tratados. A opção do Estado X, nesse exemplo, é 
totalmente baseada em considerações extrajurídicas.15 
 
2.5- Interpretação dos Tratados: 
A interpretação dos tratados pode ser feita de duas formas: 
autêntica (realizada pelos próprios Estados) ou não autêntica (realizada 
pelos tribunais internacionais). Com o processo de aperfeiçoamento do direito 
internacional e sua crescente jurisdicionalização, com a proliferação de 
instâncias de solução de controvérsias, a interpretação não autêntica ganha 
cada vez maior espaço.16 
Se a interpretação é resultado do exame de um caso concreto por um 
organismo (permanente ou “ad hoc”) com jurisdição sobre as partes litigantes, 
estaremos diante de uma interpretação jurisdicional. Quando esta advir de 
um tribunal de caráter permanente, diz-se, ainda, que trata-se de 
interpretação judiciária. Caso provenha de um órgão de natureza “ad hoc”, 
será uma interpretação jurisdicional, porém não judiciária. 17 
O art. 31 da Convenção de Viena de 1969 dispõe que “um tratado 
deve ser interpretado de boa fé, segundo o sentido comum atribuível aos 
termos do tratado em seu contexto e à luz de seu objetivo e finalidade.“ 
Do exame do referido dispositivo, é possível extrair que a CV/69 
erigiu a boa fé a princípio de interpretação dos tratados. A boa fé consiste na 
aplicação de um juízo de razoabilidade na interpretação do texto convencional, 
 
14
!REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar, 11ª Ed, rev. 
e atual. São Paulo: Saraiva, 2008, pp. 94-96. 
15
!REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar, 11ª Ed, rev. 
e atual. São Paulo: Saraiva, 2008, pp. 94-96.!
16
!VARELLA, Marcelo Dias. Direito Internacional Público. São Paulo: Saraiva, 2009, pp. 103-
109. !
17
!REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar, 11ª Ed, rev. 
e atual. São Paulo: Saraiva, 2008, pp. 90-93.!
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de forma que isso resulte na satisfação dos direitos de todas as partes, sem 
injustiça para nenhuma delas. 
Outro princípio é o da interpretação literal, que fica nítido quando a 
CV/69 diz que os tratados devem ser interpretados segundo o sentido comum 
atribuível aos seus termos. Reforçando esse entendimento, a CV/69 dispõe que 
um termo apenas será entendido em seu sentido especial se estiver 
estabelecido
que era essa a intenção das partes. Também na interpretação dos 
tratados deve-se levar em consideração o contexto em que estes foram 
celebrados. 
Quando a interpretação realizada aos moldes do que prevê o art. 31 
deixa o sentido ambíguo ou obscuro ou conduz a um resultado 
manifestamente absurdo ou desarrazoado, podem ser usados meios 
suplementares de interpretação, inclusive os trabalhos preparatórios do 
tratado e as circunstâncias de sua conclusão. 
Questão que merece nossa análise é o fato de alguns tratados terem 
versões autênticas em mais de um idioma. Os acordos da OMC, por exemplo, 
foram celebrados tendo como versão autêntica o inglês, o espanhol e o 
francês. Sem dúvida, a pluralidade de idiomas é fator que pode causar 
dificuldades ao intérprete. Com efeito, determinadas expressões empregadas 
em um idioma não tem seu equivalente exato em outro. 
Daí surge a pergunta: qual idioma deve ser utilizado para fins de 
interpretação do texto do tratado, quando este possuir mais de uma versão 
autêntica? 
Segundo o art. 33 da CV/69, se um tratado for autenticado em duas 
ou mais línguas, seu texto faz igualmente fé em cada uma delas, a não 
ser que o tratado disponha ou as partes concordem que, em caso de 
divergência, prevaleça um texto determinado. Presume-se que os termos 
do tratado têm o mesmo sentido nos diversos textos autênticos. Caso a 
comparação dos textos autênticos revele diferença de sentido, deve-se adotar 
aquele sentido que, tendo em conta o objetivo e a finalidade do tratado, 
melhor conciliar seus textos. 
 
2.6- Efeitos dos tratados sobre terceiros Estados: 
Há três formas de um tratado propagar seus efeitos sobre terceiros 
Estados: i) efeitos difusos; ii) efeito aparente e; iii) previsão 
convencional de direitos e obrigações para terceiro Estado.18 
 
18
!REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar, 11ª Ed, rev. 
e atual. São Paulo: Saraiva, 2008, pp. 81-83. 
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2.6.1- Efeitos Difusos: 
Existem alguns tratados que criam situações jurídicas objetivas 
entre as partes, mas que repercutem sobre toda a sociedade internacional, 
nem que seja apenas para o mero efeito de reconhecimento. Como exemplo, 
podemos citar um tratado que define a linha de fronteira entre dois Estados. 
Esse tratado gera obrigações a ambas as partes, também operando um efeito 
difuso sobre os outros Estados integrantes da sociedade internacional. 
Destaque-se que, no campo do direito internacional, não há 
obrigatoriedade de reconhecimento das situações jurídicas objetivas 
pelos demais Estados, em razão de a sociedade internacional ser 
descentralizada e não possuir nenhum poder supranacional com capacidade 
para determinar o cumprimento de regras.19 
 
 
2.6.2- Efeito aparente: 
Alguns tratados produzem efeitos sobre terceiros Estados na condição 
de fatos (e não de normas jurídicas!). Nesse sentido, estes tratados tem o 
condão de produzir apenas um “efeito aparente” sobre terceiros Estados. 
O exemplo de efeito aparente mais festejado pela doutrina é o que 
envolve a aplicação da cláusula da nação mais favorecida.20 Imaginemos 
que seja celebrado um tratado bilateral entre os Estados A e B por meio do 
qual estes concedem preferências tarifárias mútuas. Ainda por meio desse 
tratado, os Estados estabelecem uma cláusula de nação mais favorecida. Isso 
significa que se o Estado A conceder uma preferência para um terceiro Estado, 
deverá estendê-la para o Estado B automática e incondicionalmente. Da 
mesma forma, o Estado B, ao conceder uma preferência para um terceiro 
Estado, deverá estendê-la para o Estado A automática e incondicionalmente. 
 
19
!MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público, 4ª ed. São Paulo: 
Editora Revista dos Tribunais, 2010, pp. 240. !
20 Os alunos que já estudaram Comércio Internacional devem se recordar de que a 
cláusula da nação mais favorecida é um princípio basilar do sistema multilateral de 
comércio, vedando o tratamento discriminatório entre membros da OMC. Destaque-
se, todavia, que a cláusula NMF (que é uma obrigação de tratamento não 
discriminatório) também pode estar prevista em outros tipos de normas 
internacionais. 
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Firmado esse tratado entre A e B, suponha agora que o Estado B 
celebre um acordo de preferências tarifárias com o Estado C. Em virtude da 
cláusula de nação mais favorecida, o país B deverá estender automaticamente 
ao país A a preferência tarifária concedida ao país C. Agora é que vem a 
pergunta: não estaria o segundo tratando operando efeitos sobre o país A 
quando obriga que toda e qualquer preferência seja a ele estendida? 
A resposta é sim! O segundo tratado produz efeitos sobre A. No 
entanto, segundo Rezek, este “pacto ulterior não produz efeito como 
norma jurídica, mas como simples fato”.21 Dessa forma, no caso de efeito 
aparente, não cabe dizer que o tratado produz efeitos jurídicos sobre terceiro 
Estado. 
 
2.6.3- Previsão convencional de direitos e obrigações para um terceiro 
Estado: 
O art. 34 da CV/69 determina que, em regra, um tratado não cria 
obrigações nem direitos para um terceiro Estado sem o seu 
consentimento. A contrario sensu, caso haja aquiescência do terceiro Estado, 
um tratado poderá gerar-lhe obrigações e direitos. 
Para que uma obrigação surja para um terceiro Estado, é necessário 
que esse Estado a aceite expressamente e por escrito, nos termos do art. 
35 da CV/69. Nada mais natural, uma vez que seria totalmente ilógico admitir-
se que alguns Estados possam, por meio de um tratado, atribuir obrigações a 
um terceiro Estado sem a certeza do seu consentimento. Um exemplo de 
obrigação atribuída a terceiro Estado é a função de depositário. O depositário 
até pode ser um Estado-parte de um tratado, mas isso não é uma condição 
sine qua non para que ele exerça suas atribuições. Assim, um Estado que 
tenha assumido a condição de depositário de um tratado, mas não o tenha 
ratificado, continuará vinculado à responsabilidade assumida. 
Vejamos o que nos diz a literalidade do art. 35 da CV/69: 
Artigo 35 - Tratados que Criam Obrigações para Terceiros 
Estados 
Uma obrigação nasce para um terceiro Estado de uma disposição 
de um tratado se as partes no tratado tiverem a intenção de criar a 
obrigação por meio dessa disposição e o terceiro Estado aceitar 
expressamente, por escrito, essa obrigação. 
A concessão de direitos a terceiros Estados tem uma 
regulamentação um pouco diversa. Segundo o art. 36 da CV/69, para que um 
tratado atribua direitos a um terceiro Estado também é necessário o 
 
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!REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar, 11ª Ed, rev. 
e atual. São Paulo: Saraiva, 2008, pp. 82 
40531388093
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consentimento deste. Todavia, presume-se o consentimento até indicação 
em contrário, a menos que o tratado disponha diversamente. Em outras 
palavras, o consentimento do terceiro Estado pode ser tácito quando um 
tratado lhe atribui direitos. 
Artigo 36 - Tratados que Criam Direitos para Terceiros

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