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Crises epiléticas e epilepsia Crise epiléticas / Icto (s) Sinais clínicos paroxísticos (episódicos), estereotipados (fenômenos que ocorrem no paciente são semelhantes – região do córtex cerebral que está disparando essas crises epiléticas – lobo occipital pode afetar somente a visão – córtex frontal afeta o comportamento e a área de memoria – lobo temporal é parte do sistema límbico, onde se tem as emoções, alterações importantes do comportamento), transientes (duram de segundos a poucos minutos) e involuntários (se tiver uma crise epilética no córtex motor, posso ter movimentos involuntários no braço esquerdo por exemplo, posso perder a consciência, mas não consigo parar) Nem todas as crises são convulsivas Crises focais que podem ou não se projetar secundariamente Motores, autonômicos e/ou comportamentais – de forma isolada ou relacionada entre eles Atividade excessiva e hiperssincrônica de populações neuronais no cérebro – todos os neurônios estão disparando ao mesmo tempo Cada região tem uma frequência diferente Período mais comum de se ter uma crise epilética é durante o repouso – durante o sono a atividade cerebral ocorre de maneira hiperssincrônica, então um paciente com um limiar de excitabilidade mais baixo e entra no sono é mais fácil dele desenvolver uma crise epilética Período pródromo (pré-ictais) e pós-ictais – nem sempre são bem definidos, sendo variável entre cada paciente, pode demorar de segundos a dias Importante perguntar para o proprietário se ele sabe identificar esses períodos Quanto tempo dura a crise epilética do animal? Proprietário não sabe identificar o momento da crise, que dura alguns segundos a minutos – apenas observa o que vem depois Epilepsia É a doença em si, doença crônica, neurológica Pode ter cura em apenas 20% dos casos Distúrbio cerebral (PROSENCÉFALO) – toda crise epilética causa dano cerebral devido ao dano neuronal naquela localização, quanto mais crise tem hoje, mais terá amanhã Sinais clínicos: acontece de maneira recorrente e espontânea Predisposição constante a gerar crises epiléticas recorrentes e espontâneas Convulsiva Não convulsiva Se o paciente teve uma crise epilética agora e tem predisposição a ter uma nova, ele é considerado como tendo epilepsia Crise reativa: resposta natural do cérebro normal frente a um transtorno, funcional transitório (de natureza metabólica ou tóxica), que é reversível quando a causa é corrigida Intoxicação ou um problema metabólico (hipoglicemia, problema no fígado que faz com que a amônia chegue ao cérebro) Enquanto não corrigir a alteração, o animal vai continuar tendo essas crises reativas, ele não pode ser considerado como epilético Encefalopatia hepática: paciente possui um shunt (desvio porto sistêmico), compostos nitrogenados que deviam ser metabolizados estão caindo na circulação e vai pro encéfalo. Causa uma encefalopatia e gera as crises. Crise provocada: crise reativa Epilepsia: ao menos 2 crises não provocadas com uma diferença de tempo mínimo de 24 horas Tem que ser descartado problemas metabólicos Convulsão: termo LEIGO! Componente motor generalizado! “Contração violenta e involuntária dos músculos e/ou membros, bilateral” Epilepsia pós-traumática: o paciente tem um trauma e só depois de anos, apresenta sinais clínicos Tem uma região lesionada devido ao trauma, os neurônios que estão ao redor assumem a função dos neurônios que não estão funcionando mais (plasticidade sináptica – capacidade de compensação). Com o tempo vai tendo a perda de células, inclusive neurônios e chega uma hora que os neurônios que estavam compensando a região vão deixar de compensar e vai começar a ter crises epiléticas Todo cérebro tem atividade excitatória ou inibitória e qualquer estímulo como stress, trauma, inflamação (DAMNTIV), qualquer coisa que mexa com esse equilíbrio vai desenvolver uma crise epilética. Tem paciente que possuem predisposição genética para ter epilepsia (idiopática). Classificação do tipo de crises Crises epiléticas focais: somente um dos hemisférios cerebrais está gerando uma crise epilética – o mesmo paciente pode ter vários tipos. Ela acaba por se generalizar secundariamente. Podem ou não levar a alterações no estado de consciência Motoras Autonômicas Comportamentais Crises epiléticas generalizadas: quando todo o cérebro está originando uma crise epilética. Generalizada sempre causa perda de consciência Crise epilética generalizada primária: tem todo o cérebro disparando de forma sincrônica Convulsivas: Tônico-clônica, Tônica (contraídos), Clônica, Mioclônica (vários movimentos musculares) Não convulsivas: Atônica (paciente perde o tônus muscular), Ausência (nenhum tipo de movimentação) Crise epiléticas focais evoluindo para crise epiléticas generalizadas Crise generalizada com perda de consciência Ex:. Crise focal devido ao acometimento na Zona Epileptogênica, pega somente um pedaço do diencéfalo e não vai ter alteração secundaria. O animal não tem generalização para todo o corpo dele e tem o que chamamos de automatismo orofacial. Componente motor e autonômico. Animal caça mosca imaginária ou morder a mosca (fly catching e fly biting) – sinal de crise epilética Síncope – animal tem a crise e levanta como se nada tivesse acontecido Status epiléticos – crise epilética por um tempo prolongada Benzodiazepínico (Diazepam) – utilizado para animal que chega na emergência com crises epiléticas – a gente quer fazer sedação nesse animal Quando os sinais clínicos são mais exacerbados, tem que praticamente induzir o animal ao coma Se o animal completamente saudável começou a apresentar crises epiléticas, o que vou suspeirar do DAMNTIV? Causas traumáticas e tóxicas. Pode ter começado como uma crise focal e ter piorado de acordo com o tempo e o proprietário só identificou quando teve crise Sinais Clínicos: Animal tem alteração de marcha, lambedura (síndrome do chiclete), animal que corre atrás do rabo, Head Drop (quedas de cabeça), síncope, narco epilepsia (animal não consegue manter o seu ciclo de sono adequada – alterações do SARA) associada com cataplexia. Diagnóstico: Eletroencefalograma Diagnóstico terapêutico Classificação: duração de uma crise Auto-limitantes Reflexas: estímulo sensorial aferente precipitante (fogos de artifício) Ex: crises epiléticas audiogênicas Desenho do pokemon – comprimento de onda do raio do desenho causava crise epiléticas em crianças já predisponentes Crises seriadas – em “cluster” Mais de 2 crises em um período de 24 horas Prognóstico reservado – animais não respondem corretamente a medicação (são refratários) Status epilepticus Atividade epilética contínua com mais de 5 minutos (clínica) Mais de 30 minutos (cientifico) causa lesões cerebrais Mais de 2 crises generalizadas com recuperação incompleta Emergência – risco de vida Classificação segundo a etiologia Epilepsia idiopática (3 subdivisões) Epilepsia genética – um gene causador é identificado / fundo genético confirmado Epilepsia com suspeita genética – influencia genética apoiada por alta prevalência racial (mais que 2%), analise genealógica e/ou acúmulo familial Epilepsia de causa desconhecida - natureza da causa subjacente ainda é desconhecida e sem nenhuma indicação de epilepsia estrutural, sem nenhuma predisposição para epilepsia genética (shistzu e yorkshire) Diagnóstico por exclusão – baixo limiar (genético) Apresentam a crise Cães: entre 6 meses e 6 anos de idade Gatos: entre 1 e 7 anos Ausência de alterações no exame físico e neurológico no período interictal (cuidado: FAE e pos ictus) – se der alteração significa que tem algo estrutural lá dentro Não pode fazer o exame após o uso de fármacos antiepiléticos Não avaliar no período pós-ictal Ausência de anormalidades significativas na base de dados mínimas de análise de sangue de urina Grau de confiança – não pode ter alterações Grau I de confiança: hemograma, bioquímica sérica (sódio, potássio, cloro, cálcio, fosfato, ALT, FA, bilirrubina total, ureia, creatinina, proteínas totais,albumina, glicose, colesterol, triglicerídeos e ácidos biliares em jejum e/ou amônia), urina (densidade urina específica, proteínas, glicose, Ph e citologia de sedimento). Comorbidade neurocomportamental – RM e análise de FCE Grau II de confiança: nível I + ausência de alterações dos ácidos biliares pré e pós prandiais, na RM e na análise do FCE. Repetir RM depois de 16 semanas livre das cruses Grau III de confiança: níveis I + II + achados anormais ictais ou intersticiais no EGG Epilepsia estrutural Problemas estruturais nesse cérebro DAMNTIV Crises provocadas por afecção intracraniana/cerebral: doenças vasculares, inflamatórias/infecciosas, traumáticas, anômalas/do desenvolvimento, neoplásicas e degenerativas confirmadas por imagem, análise do fluído cérebro-espinhal, teste de DNA ou achados post mortem Suspeita de doenças e descarte Encefalopatia hepática: ácidos biliares pré e pós prandiais, amoníaco em jejum e US abdominal Distúrbios tireoideanos: T4 total, T4 livre e TSH Insulinoma: frutosamina, curva de glicose e/ou relação glicose/insulina Neoplasias metastáticas: imagens de tórax e abdome Hipertensão arterial: exames de fundo de olho e medicação não invasiva da PAS Disturbios musculares: níveis de atividade de CK sérica e de lactato Disturbios infecciosos regionais: sorologia/PCR/provas de antígeno Mal absorção de cobalmina: vitamina B12 Hipocalcemia: cálcio ionizado Exposição a toxinas: provas de toxinas ou detecção toxicológica especifica por espectromia de massa Erros inatos do metabolismo: quantificação de aminoácidos e ácidos orgânicos e determinação de glicosaminoglicanos, oligossacarídeos, purinas, pirimidinas no soro, análise de FCE ou urina Mutação genética conhecida: provas genéticas Diagnóstico por imagem Radiografia Tomografia – depende da alteração Ressonância magnética Principais diferenciais Caçar mosca: oftalmopatias e gastropatias Mascar chiclete; odontopatias e oropatias Perseguir a cauda: neuropatias periféricas, encefalopatias, vestibulopatias Síncope – crise atônicas Fraqueza episódica Tremores Espasmos, dor Síndromes vestibulares agudas - desorientação Mudanças comportamentais Distúrbios paroxístico do movimento Terapia antiepilética Fármacos antiepiléticos Eles somente equilibram as sinapses excitatórias que estão desiquilibradas Elucidar a causa primaria Objetivo Reduzir ou eliminar (não é realidade) as crises epiléticas Frequencia, duração e gravidade Todos os fármacos tem efeito colateral por isso tem que acompanhar o paciente de perto Evitar e reduzir a gravidade dos efeitos secundários Reduzir a mortalidade e as comorbidades associadas Qualidade de vida do paciente e de seu tutor Quando iniciar o tratamento? (de acordo com o bom senso) Período interictal menor que 6 meses (2 ou mais crises) Sinais pós-ictais graves (agressão, cegueira) ou duram mais de 24 horas Frequencia, duração e/ou gravidade das crises aumentando ao longo de 3 periodos interictais Cluster/status epilepticus Qual FAE utilizar inicialmente? Quando associar os fármacos? Quando já estiver no limite superior, com efeitos colaterais e aumentando as crises. Mensurar sempre o Fenobarbital e Brometo. Fenobarbital – não usa com paciente hepatopata De primeira eleição, de baixo custo, baixa toxicidade Dose 3-5 mg/kg/ BID (caes) e 2-3 mg/kg/BID (gatos), sempre a cada 12hrs Concentrações plasmáticas de 25-35 miligramas por ml Efeito colateral: poliuria, polidipsia e polifagia (CUIDADO), hipotireoidismo Eficaz para diminuir a frequencia de crises Epilepsia idiopática em caes e felinos Dosagem sérica 14 dias (inicio ou modificação) – estabilização na corrente sanguinea Antes disso tem picos de altos e baixo – podendo ter sedação ou crises epiléticas Meço somente depois de 14 dias 6 semanas – tolerancia metabolica A cada 3-6 meses Dosagem novemente para acompanhar Qualquer momento – estado de equilíbrio Crises refratarias: percistencia com concentração maior que 40 miligramas/ml Retirada = máximo de 20-25% da dose mãe por mês Associar com o segundo fármaco se não estiver adiantando Interações farmacocinéticas Diminui o efeito de FAEs – emergência duplicar as doses Corticoides, ciclosporina, metronidazol, digoxina, fenilbutazina e anestésicos (tiopental) Cimetidina, omeprazol, lanzoprazol, cloranfenicol, trimetropim, fluoroquinolonas, tetraciclinas, ketoconazol, fluconazol, itaconazol, fluoxetina, felbamato e topiramato – inibem o metabolismo de fenobarbital e aumentam sua concentração sérica – toxicidade Brometo de Potássio – cuidado com pacientes renais (não pode comer alimentos salgados, não pode burlar a dieta) Primeira eleição para hepatopatas, SID – baixa frequência de crises; UE complementar Pode causar sedação inicial, flatulência, comedoes na pele (remover) 40 mg/kg/SID-BID, com alimentos (cães); 5-10 mg/kg/BID (gatos) – asma Só usa em gato quando já se usou de tudo Concentração sérica terapêutica: 3 meses, mudanças e a cada 6 meses Farmacocinética Não há metabolização hepática Excretado inalterado na urina – pacientes renais Reabsorvidos tubularmente competindo com cloro Dieta com alto teor de Cl – maior excreção renal Interações farmacocinéticas Furosemida – maior eliminação de KBr **NÃO APLICAR DIAZEPAM TODA VEZ QUE SEU ANIMAL TIVER EPILEPSIA Qual FAE associar caso a primeira opção não seja satisfatória? Levetiracetam Alta tolerabilidade e segurança Sem evidencia para uso primário. Poucos estudos Dose: 20 mg/kg/ TID-QID (PO, SC, IM, IV) Tratamento para crises em cluster 60 mg/kg depois de sinais pré-ictais ou primeira crise 20 mg/kg/TID até 48 horas sem crise Farmacocinética Mínima metabolização hepática e eliminação renal Tolerância – efeito “lua de mel” FB altera sua disponibilidade, aumenta a sua eliminação Monitoração Níveis de concentração plasmática desconhecido Hematologia e bioquímica antes e a cada 6 meses Diazepam Ausência de tolerância funcional Segunda escolha para manutenção Meia vida de 20 horas Cães: rápido desenvolvimento de tolerância funcional, ação muito curta Status epilepticus ou clusters/ diagnostico terapêutico Usado somente em emergência Dose: 0,25 – 2 mg/kg/TID Compete com fenorbital por receptor gabaérgico Um inibe o outro, usar a associação somente na emergência 5 dias: necrose hepática fatal aguda - gato 2 semanas: sinais de hepatotoxidade Controle a cada 3-6 meses Cabe ao proprietário Confiar na terapia e não julga-la nas primeiras 2 semanas Não mudar ou suspender a medicação Evitar modificação no ambiente (maior excitação) Não suspender/diminuir a medicação depois de controlada as crises Ajustes na dose ou associação de fármacos podem ser necessários Fracasso da terapia Doença progressiva Orientação inadequada Colaboração insuficiente Uso incorreto de fármacos Baixas concentrações terapêuticas Epilepsia refratária (20-30 %) Perspectiva para refratários Estimulação do nervo vago Cirurgia (zona epileptogênica) – ainda não é realidade Canabidiol – imunosseptores para caratenoides (?) Terapia celular Dieta hipoalergênica Dieta cetogênica
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