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CENTRO UNIVERSITÁRIO LUTERANO DE MANAUS - CEULM CURSO DE ENGENHARIA CIVIL ROBSON DIEGO LUSTOSA GONÇALVES ANÁLISE DO MODELO DE DIMENSIONAMENTO DE PAVIMENTOS FLEXÍVEIS SEGUNDO O DEPARTAMENTO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES EM MANAUS-AM MANAUS 2018 ROBSON DIEGO LUSTOSA GONÇALVES ANÁLISE DO MODELO DE DIMENSIONAMENTO DE PAVIMENTOS FLEXÍVEIS SEGUNDO O DEPARTAMENTO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES EM MANAUS-AM Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Engenharia Civil do Centro Universitário Luterano de Manaus – CEULM/ULBRA, como parte dos requisitos para obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Civil. Orientador: Profº. MSc. Reginaldo José Queiroz de Souza MANAUS 2018 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) G635a Gonçalves, Robson Diego Lustosa. Análise do modelo de dimensionamento de pavimentos flexíveis segundo o departamento de infraestrutura de transporte em Manaus-AM./ Robson Diego Lustosa Gonçalves. – 2018. 84 f. il. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Engenharia Civil) – Centro Universitário Luterano de Manaus CEULM/ULBRA, Manaus, 2018. Orientador Prof. Reginaldo José Queiroz de Souza. 1. Mistura asfáltica. 2. DNIT 3. Tráfego. I. Souza, Reginaldo José Queiroz de. II. Centro Universitário Luterano de Manaus - CEULM/ULBRA. III. Título. CDU 625.85(035) Biblioteca Martinho Lutero / Setor de Processamento Técnico / Manaus – AM Bibliotecária Kamile Nascimento CRB11 - 672 ROBSON DIEGO LUSTOSA GONÇALVES ANÁLISE DO MODELO DE DIMENSIONAMENTO DE PAVIMENTOS FLEXÍVEIS SEGUNDO A DEPARTAMENTO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES EM MANAUS-AM Trabalho de Conclusão de Curso II apresentado ao Curso de Graduação em Engenharia Civil do Centro Universitário Luterano de Manaus – CEULM-ULBRA, como parte dos requisitos para obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Civil. Aprovado em 05 de julho de 2018. Banca examinadora ____________________________________________________ Profª DSc. Maria do Socorro Martins Sampaio Centro Universitário Luterano de Manaus ____________________________________________________ Prof. MSc. Fernando de Farias Fernandes Centro Universitário Luterano de Manaus ____________________________________________________ Prof. MSc. Reginaldo José Queiroz de Souza Centro Universitário Luterano de Manaus Dedico este trabalho ao meu pai Franciso, à minha mãe Magnólia, à minha irmã Raylla e à minha esposa Júlia. Todos eles responsáveis pela consolidação da palavra família. AGRADECIMENTOS É de suma importância fazer essa dedicatória aos principais apoiadores da minha jornada. Caminhada longa e cheia de dúvidas que se iniciou em outra faculdade e em outro Estado, na verdade, Distrito, Distrito Federal. Tive dúvidas ao ter a iniciativa de trancar o curso de Engenharia Civil em Brasília e me arriscar em outro campo para que, em algum dia, retornasse aos estudos da graduação em alguma faculdade do Brasil. Nunca imaginei que eu iria concluir esse curso na capital do Amazonas e que teria a palavra Manaus como componente do título desse trabalho. Uma cidade encantadora e com bastante potencial. Deus é o responsável por me guiar até aqui, nada é por acaso. Por isso, quero agradacer: Aos meus pais Franscisco Ferreira Gonçalves e Magnólia Lustosa de Sousa Gonçalves por terem me dado muito amor e me apoiado desde sempre, até na decisão por ter optado em sair de casa aos 21 anos, sabendo que eu poderia não voltar a morar com eles. À minha irmã Raylla Lustosa Gonçalves por ser tão especial para mim e saiba que jamais quero te decepcionar, pois sei que sou um espelho para você. À minha amada esposa Júlia Carmo Toledo Gonçalves por ser uma grande incentivadora dos meus planos, por querer crescer junto comigo, por me amar e por me fazer entender que hoje minhas opções fizeram sentido. Ao meu orientador Prof°. Msc. Reginaldo José Queiroz de Souza por me guiar nessa jornada universitária, sempre me aconselhando no que devo fazer e não fazer na vida acadêmica e profissional. RESUMO A cidade de Manaus, capital do Estado do Amazonas, encontra-se em uma região tropical, caracterizada por longos períodos chuvosos, uma elevada precipitação pluviométrica e extenso período de estiagem. Esta região caracteriza-se por ser sedimentar, tendo o Arenito Manaus como rocha predominante, sendo difícil a sua extração, não só pelas dificuldades técnicas como também pela baixa resistência mecânica deste agregado. Aliado ao clima e a escassez de material pétreo temos a distribuição do Cimento Asfáltico de Petróleo (CAP) 50/70 pela Refinaria de Manaus (REMAN), considerado um CAP médio com ponto de amolecimento próximo a 46 °C. O conjunto de todas estas particularidades incidem diretamente na resistência mecânica e na vida útil das misturas asfálticas tipo Concreto Asfáltico (CA). O método tradicional de dimensionamento para pavimentos flexíveis do Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (DNIT) baliza este procedimento por meio do ensaio de CBR (California Bearing Ratio) e do número “N”, item que expressa o volume e tipo do tráfego em um certo período. Neste cenário, as camadas de Revestimento, Base e Sub- base são dimensionadas para suportar uma certa carga de projeto, ou seja, há uma compatibilidade entre camadas analisadas e tráfego esperado. Na cidade de Manaus, visualiza-se constantemente revestimentos sendo substituídos por outros revestimentos asfálticos, ou seja, recapeamento, sem a manutenção das Bases e Sub-bases já fadigadas, desta forma, ficando à margem do que preconiza o DNIT. Este trabalho tem por finalidade analisar o dimensionamento do pavimento flexível executado em Manaus-AM com foco no cálculo do fluxo de cargas pesadas. Palavras chave: Mistura Asfáltica, DNIT, Tráfego, Dimensionamento ABSTRACT The city of Manaus, capital of the state of Amazonas, is located in a tropical region and is characterized by long rainy periods, a high rainfall and an extensive drought. This region is also characterized by being sedimentary, with Manaus Sandstone as the predominant rock, which is difficult to extract, not only due to technical difficulties but also due to the low mechanical resistance of this aggregate. Allied to the climate and the shortage of stone material, we have the distribution of the Asphalt Oil Cement (Cimento asfáltico de petróleo,CAP) 50/70 by Refinaria de Manaus (REMAN), considered a medium CAP with a softening point near 46°C. The set of all these particularities directly affect the mechanical strength and useful life of asphalt mixtures like the Asphalt Concrete (Concreto asfáltico, CA). The traditional method of sizing for flexible pavements of the National Department of Terrestrial Infrastructure (Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre, DNIT) carries out this procedure by means of the CBR (California Bering Ratio) test and the "N" number, an item that expresses the volume and type of traffic in a certain period. In this scenario, the Coating, Base, and Subbase layers are sized to support a certain design load, that is to say, there is compatibility between analyzed layers and expected traffic. In the city of Manaus, coatings are constantly being replaced by other asphaltic coatings, in other words, resurfacing, without the maintenance of the bases and subbases already fatigued, being, in this way, in the margin of what DNIT advocates. This work has the purpose of analyzing the sizing of the pavement executed in Manaus-AM calculation of heavy loads. Keywords: Asphalt Mixture, DNIT, Traffic, Sizing LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Trajeto Bola da Suframa - Porto Chibatão ............................................................................. 9 Figura 2– Área a ser estudada ............................................................................................................... 10 Figura 3– Bacias do estado do Amazonas ............................................................................................. 11 Figura 4– Bacias sedimentares da Região Norte do Brasil e situação da Bacia do Amazonas no estado do Amazonas (em azul) ......................................................................................................................... 11 Figura 5– Mapa Geológico do estado do Amazonas com ênfase na formação de Alter do chão ......... 13 Figura 6– Pedreira do Aluízio: brita “arenito Manaus”, Itacoatiara ...................................................... 13 Figura 7– Temperaturas no 7 de agosto de 2008 das 11 às 17 horas .................................................... 18 Figura 8– Temperatura em Manaus, agosto-2008 (14h) ....................................................................... 19 Figura 9– Precipitação no dia 5 março 2009 das 7 às 21 horas ............................................................. 20 Figura 10– Precipitação no dia 5 março de 2009 (mm) ........................................................................ 20 Figura 11– Precipitação e temperatura, Manaus (2016) ........................................................................ 21 Figura 12– Curva granulométrica ......................................................................................................... 23 Figura 13– Ensaio por penetração ......................................................................................................... 26 Figura 14– Detalhe do esquema do anel ............................................................................................... 27 Figura 15– Equipamento ....................................................................................................................... 28 Figura 16– Perfis de pavimentos: a) flexível; b) rígido ......................................................................... 30 Figura 17– Concreto-cimento (corte longitudinal) ................................................................................ 30 Figura 18– Asfáltico flexível (corte transversal) ................................................................................... 31 Figura 19– Esquema geral do pavimento com suas tensões, deformações e deslocamentos. ............... 32 Figura 20– Molde cilíndrico, cilindro complementar e soquete, ensaio CBR ...................................... 34 Figura 21– Imersão do corpo de prova em água para medida de expansão axial ................................. 35 Figura 22– Prensa para penetração ........................................................................................................ 36 Figura 23– Equipamento triaxial de Carga repetida .............................................................................. 38 Figura 24– Fatores de equivalência de operação................................................................................... 43 Figura 25 – Dimensões e pesos de veículos até 45t .............................................................................. 48 Figura 26 – Dimensões e pesos de veículos até 74t (AET) ................................................................... 49 Figura 27– Carga máxima (resumo) ...................................................................................................... 53 Figura 28– Ábaco para dimensionamento de pavimentos flexíveis ...................................................... 56 Figura 29– Dimensionamento do pavimento ........................................................................................ 57 Figura 30– Rodovia Itaipava – Teresópolis (BR 495) .......................................................................... 59 Figura 31– Rodovia Castelo Branco – São Paulo - SP .......................................................................... 61 Figura 32– Ábaco para dimensionamento de pavimentos flexíveis (Pavimento) ................................. 70 Figura 33– Ábaco para dimensionamento de pavimentos flexíveis (acima da Sub-Base) .................... 71 Figura 34– Seção do Pavimento ............................................................................................................ 72 LISTA DE TABELAS Tabela 1– Precipitação em Manaus de 1991 a 2006 ............................................................................. 16 Tabela 2– Normais climatológicas das Média das temperaturas em Manaus de 1991 a 2006 .............. 17 Tabela 3– Temperatura na superfície .................................................................................................... 21 Tabela 4– Cimento Asfáltico de Petróleo. ............................................................................................ 28 Tabela 5– Granulometria para base granular ........................................................................................ 41 Tabela 6– Fatores de equivalência de operação .................................................................................... 44 Tabela 7– Determinação do fator de operação ...................................................................................... 45 Tabela 8– Fator Climático Regional ..................................................................................................... 46 Tabela 9– Coeficiente de equivalência estrutural .................................................................................. 54 Tabela 10– Espessura mínima do revestimento betuminoso ................................................................. 55 Tabela 11– Contagem Volumétrica ....................................................................................................... 63 Tabela 12– Contagem Volumétrica ....................................................................................................... 64 Tabela 13– Contagem Volumétrica ....................................................................................................... 65 Tabela 14– Carga por eixo segundo Anexo A ...................................................................................... 65 Tabela 15– Fator de Veículo .................................................................................................................66 Tabela 16– Número Total de Eixos ....................................................................................................... 67 Tabela 17– Fator de Eixo (Fe) ............................................................................................................... 67 Tabela 18– Fator de Carga (Fc) ............................................................................................................. 68 Tabela 19– Valores de expansão e ISC do Solo de referência .............................................................. 69 Tabela 20– Valores de expansão e ISC do Solo de referência .............................................................. 69 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS °C AASHTO AAUQ ABCP ABNT AET B cal CAP CBR cm CONTRAN CPRM CVC DNER DNIT ESRD ESRS ETD ETT Fc Fe FEq Fr Fv h20 H20 Hm hn Hn INMET INPE ISC K KB kg kgf kN Graus Celsius American Association of State Highway and Transportation Officials Areia Asfalto Usinado a Quente Associação Brasileira de Cimento Portland Agência Brasileira de Normas Técnicas Autorização Especial de Trânsito Espessura da Base Calorias Cimento Asfáltico de Petróleo Califórnia Bearing Ratio Centímetro Conselho Nacional de Trânsito Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais Combinação de Veículo de Carga Departamento Nacional de Estradas de Rodagem Departamento Nacional de Estrutura De transporte Eixo Simples de Roda Dupla Eixo Simples de Roda Simples Eixo Tandem Duplo Eixo Tandem Triplo Fator de carga ou fator de equivalência de operações Fator de Eixo Fator de Equivalência de Operação Fator Climático Regional Fator de veículo Espessura da Sub-Base Espessura sobre a Sub-Base Espessura do Pavimento Espessura do Reforço do Subleito Espessura sobre do Reforço do Subleito Instituto Nacional de Meteorologia Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais Índice de Suporte Califórnia Coeficiente de Equivalência Estrutural Coeficiente da Base Quilograma QuiloGrama-Força Quilo-Newton KR KREF KS m MJ MR N NBR P R SEINFRA t tf UFAM USACE Vmd Vt Coeficiente do Revestimento Coeficiente do Reforço do Subleito Coeficiente da Sub-base Metros MegaJoules Módulo de Resiliência Número de operações do eixo-padrão Norma Brasileira Quantidade projetada em anos para vida útil do pavimento Espessura do Revestimento Secretaria de Estado de Infraestrutura. Tonelada Tonelada-Força Universidade Federal do Amazonas United States Army Corps of Engineer Volume de Tráfego Médio Diário Volume Total de Trafego SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 7 2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................ 8 2.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ....................................................................... 9 2.2 FORMAÇÃO GEOLÓGICA DO ESTADO DO AMAZONAS .......................................... 10 2.3 O CLIMA ................................................................................................................ 15 2.4 AGREGADOS GRAÚDOS .......................................................................................... 22 2.5 LIGANTES .............................................................................................................. 24 2.5.1 CIMENTO ASFÁLTICO DE PETRÓLEO (CAP) ............................................................ 24 2.5.1.1 Ensaio de penetração ............................................................................................ 26 2.5.1.2 Ponto de amolecimento.......................................................................................... 26 2.6 PAVIMENTOS ......................................................................................................... 28 2.6.1 CLASSIFICAÇÃO DOS PAVIMENTOS .......................................................................... 29 2.6.1.1 O pavimento flexível .............................................................................................. 31 2.6.1.1.1 Índice de Suporte Califórnia (California Bearing Ratio) ...................................... 32 2.6.1.1.2 Módulo de Resiliência ........................................................................................... 37 2.7 MATERIAIS BASE, SUB-BASE E REFORÇO DO SUBLEITO........................................ 38 2.8 DIMENSIONAMENTO DO PAVIMENTO .................................................................... 39 2.8.1 NÚMERO “N” .......................................................................................................... 40 2.8.1.1 Análise de tráfego .................................................................................................. 41 2.8.1.1.1 Tipos de eixos ........................................................................................................ 47 2.8.1.2 Coeficiente Estrutural ............................................................................................ 53 2.8.1.3 Espessura mínima do revestimento betuminoso .................................................... 54 2.8.1.4 Dimensionamento .................................................................................................. 55 2.9 WHITETOPPING ...................................................................................................... 57 2.9.1 VANTAGENS E BENEFÍCIOS ..................................................................................... 58 2.9.1.1 Economia ............................................................................................................... 58 2.9.1.2 Técnica e Desempenho .......................................................................................... 59 2.9.1.3 Construção ............................................................................................................. 60 2.9.1.4 Segurança .............................................................................................................. 60 3 METODOLOGIA ................................................................................................ 62 4 RESULTADOS .................................................................................................... 63 4.1 DIMENSIONAMENTO NÚMERO “N” ....................................................................... 63 4.2 DIMENSIONAMENTO DO PAVIMENTO ................................................................... 69 5 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 73 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 74 ANEXO A – Veículos adotados na classificação no Manual de Estudo de Tráfego da DNIT (2006) ............................................................................................................................ 79 ANEXO B – Ficha de Contagem Volumétrica da DNIT (2006) ......................................... 84 7 1 INTRODUÇÃO A busca por pavimentos flexíveis ideais para o transporte urbano leva-nos a vários testes para o feito. Fatores como a formação geológico da região, devido a influência de materiais pétreos para a pavimentação, o clima da região, o tipo Cimento Asfáltico de Petróleo (CAP), a drenagem e, não tão menos importante,o dimensionamento através do número “N” conforme os tipos de eixos de cargas que trafegam no trecho, este sendo o objeto desse trabalho. Sabe-se que o pavimento é um conjunto de camadas finitas que tem a capacidade de proporcionar maior conforto no rolamento e dissipar os esforços gerados pelas cargas para o subleito. Diante disso, é de suma importância verificar quais os tipos de veículos que passam e são autorizados a passar, para com isso, definir as espessuras ideais para resistir a intensidade desses esforços, sendo ela pontual ou não. Afinal, um pavimento, como toda obra, possui uma vida útil prevista em norma e deve ter manutenções. Todavia, muitos problemas, casos como aqui em Manaus, é o excesso de recapeamento para sanarem panes constantes, sem levar em conta que existem outras camadas abaixo do revestimento ou se é que existam. Primeiramente, deve-se saber o Índice de Suporte Califórnia (ISC) do subleito, se houve algum reforço do subleito caso o índice seja incompatível para, juntamente com a análise do tráfego do trecho analisado, compor o memorial de cálculo do dimensionamento. O trecho a ser levantado será o da Bola da Suframa ao Porto Chibatão, que é a principal rodovia urbana de escoamento para um dos portos mais importantes da américa latina. Com o objetivo de demonstrar a importância do número “N” para a pavimentação, este trabalho visa realizar uma revisão da literatura acerca do assunto do tema escolhido, listar um dos principais métodos de dimensionamento de pavimentação asfáltica, assim como sua manutenção e realizar levantamento em campo para coletar informações técnicas de projeto das vias urbanas escolhidas para o projeto. É mister desenvolver esse projeto com foco no bem-estar dos cidadãos, apontando os erros recorrentes e sugerindo uma estrutura condizente com a necessidade da região devido ao grande fluxo de carretas com contêineres, gerenciando uma melhoria na circulação do capital e da riqueza na região devido a comodidade do rolamento no transporte. 8 2 REFERENCIAL TEÓRICO A busca por metodologias de aplicação universal (não empíricas) sempre foi um dos objetivos dos pesquisadores em todo o mundo. Devido as complexidades por abranger a quase totalidade das condições existentes no campo de sua aplicação, onde deve levar em consideração diversas variáveis e o seu inter-relacionamento. Esse inter-relacionamento acaba concomitando em uma “busca mais rápida” evitando certa complexidade na modelagem matemática, pelo fato de muitas vezes até “saber como resolver”, mas inviável na prática. Naquela época, já havia a preocupação de se calcular e medir os parâmetros elásticos dos pavimentos. Francis N. Hveem, em 1938, sob a influência da Divisão de Estradas da Califórnia (EUA), começou a usar sensores mecânico-eletromagnéticos de deslocamento vertical inseridos nos pavimentos. Em 1951, uma extensa campanha de medição de deflexões na Califórnia foi empreendida com a aplicação de 400 sensores nos pavimentos analisados (ALBERNAZ, 1997). A expansão da malha rodoviária mundial, principalmente logo após a 2ª Guerra Mundial, fez com que tivessem grande impulso as metodologias desenvolvidas empiricamente, em face a falta de praticabilidade dos métodos analíticos. Como exemplo, tem-se o método do índice CBR (Califórnia Bearing Ratio) desenvolvido inicialmente pelo Departamento de Estradas da Califórnia e adotado pelo corpo de Engenheiros do Exército dos Estados Unidos, USACE (United States Army Corps of Engineer) nos projetos de pavimentos de pistas de aeroportos durante a segunda grande guerra. Pois, com a criação, no governo de Getúlio Vargas, em 1937, do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), subordinado ao Ministério de Viação e Obras Públicas, houve em 1942 o contato dos engenheiros brasileiros com os americanos. E o dimensionamento no Brasil com CBR é utilizado até hoje. Sendo o número “N” o resultado do cálculo que varia conforme o CBR, o número de eixos dos veículos e as cargas desses eixos para iniciar o dimensionamento das camadas finitas que compõem a estrutura do pavimento. 9 2.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO A área analisada é de suma importância para a região, responsável por abranger o principal meio de comércio com outros estados ou países. Manaus é movimentada, ainda, por grande fluxo de embarcações, pois ainda não há rodovia adequadas que a interliga as demais regiões do país. Para gerar o capital é todo um conjunto: caminhão, contêiner, embarcação. Para apoiar, exige-se uma estrutura capaz de suportar grandes cargas. A análise do pavimento que conecta a bola da Suframa ao porto Chibatão, um dos maiores complexos portuários da América Latina, é o objetivo desse trabalho (Figura 1 e 2). Trecho utilizado por veículos pesados que exige bastante do pavimento flexível do local. Figura 1 – Trajeto Bola da Suframa - Porto Chibatão FONTE: <http://maps.google.com.br>. Acesso em 09/09/2017 10 Figura 2– Área a ser estudada FONTE: Autor (2017) 2.2 FORMAÇÃO GEOLÓGICA DO ESTADO DO AMAZONAS O estado do Amazonas possui uma superfície aproximada de 1.577.820,2 km2,. caracterizado por uma extensa cobertura sedimentar fanerozóica, distribuída nas bacias Acre, Solimões, Amazonas e Alto Tapajós (Figura 3), que se depositou sobre um substrato rochoso pré-cambriano onde predominam rochas de natureza ígnea, metamórfica e sedimentar. A bacia do Amazonas envolve uma área de aproximadamente 480.000 km2 que atravessa os estados do Pará a leste e Amazonas a oeste. A leste, o Arco Gurupá assinala o limite entre a Bacia do Amazonas e a fossa Marajó, e a oeste, o Arco Purus limita as bacias Amazonas e Solimões (Figura 4). 11 Figura 3– Bacias do estado do Amazonas FONTE: CPRM (2010) Figura 4– Bacias sedimentares da Região Norte do Brasil e situação da Bacia do Amazonas no estado do Amazonas (em azul) FONTE: CPRM (2010) 12 A Formação Alter do Chão (Figura 5) é constituída por arenitos, argilitos, arenitos cauliníticos e restritos arenitos silicificados – ou seja, existe cimento natural de sílica (componente principal da areia) que ocupa parcial ou totalmente a sua porosidade - estes conhecidos como “arenito Manaus” (Figura 6). Arenitos são rochas de origem sedimentar resultante da junção de grãos de areia por meio de um cimento natural. Em geral, os sedimentos da Formação Alter do Chão são fracamente consolidados e estão sob um extenso manto de intemperismo, que pode atingir 20 m de espessura, capeado por latossolo amarelo (CPRM, 2010). A brita usada no estado do Amazonas provém de três fontes distintas: - Arenito silicificado da Formação Alter do Chão, conhecido como “Arenito Manaus”. Esse tipo rochoso tem sido amplamente extraído nos arredores da cidade de Manaus e nos municípios de Itacoatiara e Rio Preto da Eva, nas proximidades da Rodovia AM-010. - Rochas vulcânicas que ocorrem no setor setentrional do município de Presidente Figueiredo, cujos afloramentos são alcançados pela Rodovia BR- 174. Nesse município existem seis minas em atividade. Porém, a produção encontra-se aquém da demanda atual do setor da construção civil da Grande Manaus. - Gnaisses e metagranitos do Complexo Jauaperi, com frente de lavra na localidade de Moura, no município de Barcelos. O seixo produzido no estado do Amazonas, com aplicação na indústria da construção civil, provém de leitos ativos de rios, é extraído por dragas de sucção e sua composição é basicamente de quartzo leitoso e, secundariamente,de sílex. A lavra desse bem mineral ocorre nos seguintes rios (CRPM, 2010): - Japurá, abrangendo parte dos municípios de Japurá e Maraã. - Solimões (parte dos municípios de Tefé, Coari, Codajás, Anori e Anamã). - Negro, nos paranás Bacaba e Canta Galo (Novo Airão); na proximidade de Moura (Barcelos); na proximidade de São Gabriel da Cachoeira e de Santa Isabel do Rio Negro. - Nhamundá, em atendimento às cidades de Faro, Nhamundá e Parintins. - Uatumã, englobando parte dos municípios de São Sebastião do Uatumã e Itapiranga. - Aripuanã, que é o principal fornecedor de seixo do estado do Amazonas. 13 Figura 5– Mapa Geológico do estado do Amazonas com ênfase na formação de Alter do chão FONTE: CPRM (2010) Figura 6– Pedreira do Aluízio: brita “arenito Manaus”, Itacoatiara FONTE: CPRM (2010) 14 Quando o assunto é mistura asfáltica, a indústria usa predominantemente rochas duras ou cristalinas de origem ígnea ou metamórfica, que possuem boa resistência à ação de forças mecânicas. No estado do Amazonas, as matérias-primas para a brita ocorrem longe dos grandes centros populacionais, distando mais de 200 km ao norte de Manaus e em torno de mais de 300 km do pólo petrolífero de Coari, o que torna dispendioso sua exploração para a pavimentação. Devido a isso, tem-se um alto custo da pedra britada, ocasionado pelas grandes distâncias de transportes dos afloramentos rochosos (matérias-primas) e, quando presentes, próximos aos locais de construção, encontram-se cobertos por espessas camadas de solo, em geral de granulometria argilosa, inviabilizando sua obtenção. Além disso, o arcabouço rochoso do estado é formado principalmente pelas chamadas rochas moles ou sedimentares das bacias do Solimões e Amazonas, de idades paleozóicas e cenozóicas, que em geral não se prestam para aquele uso. As propriedades de resistência desses materiais são modificadas devido ao intenso intemperismo físico-químico da região amazônica que desagregam ainda mais estas rochas, propiciando o desenvolvimento de espessos solos, recobertos por densa cobertura vegetal da floresta, contribuindo ainda mais para a escassez de material pétreo (SARGES et al, 2010). Muitas vezes, o seixo rolado é uma alternativa comumente empregada como agregado graúdo na pavimentação, especialmente para a composição de misturas asfálticas do tipo concreto betuminoso usinado a quente. O seixo é um agregado de forma esférica e textura superficial lisa, provoca redução no atrito entre suas partículas e, por conseguinte, diminui a resistência ao cisalhamento da mistura (FROTA et al., 2007). Contudo a exploração do seixo é um procedimento que causa grande impacto ambiental aos ecossistemas fluviais, uma vez que é obtido por dragagem do leito de rios. Adicionalmente, os seixos são componentes relativamente escassos no segmento médio do sistema fluvial Solimões-Amazonas onde predominam sedimentos finos. Na ausência do citado material, a solução mais adotada, em termos de revestimento, tem sido empregada a Areia Asfalto Usinada a Quente (AAUQ), se apresentando inicialmente mais econômico e menos danoso ao meio ambiente, em comparação ao concreto asfalto com material aluvionar, entretanto não se mostra satisfatória em termos de comportamento mecânico, notadamente quando submetido a um tráfego pesado e altas temperaturas. 15 2.3 O CLIMA O clima atual da região amazônica é uma combinação de vários fatores, sendo que o mais importante é a disponibilidade de energia solar, através do balanço de energia. Amazônia, situada na região entre 5 N e 10° S recebe no topo da atmosfera um valor máximo de 36,7 MJ/m2.dia (877 cal/cm2.dia) em Dezembro/Janeiro e um valor mínimo de 30,7 MJ/m2.dia (733 cal/cm2.dia) em Junho/Julho (SALATI e MARQUES, 1984). Estes valores são reduzidos pela transmissão atmosférica, mas são, em média, da ordem de 16-18 MJ/m2.dia (média de 500 cal/cm2.dia). A altitude baixa resulta em forte incidência nos raios solares durante o ano, com forte insolação no período da tarde (12h-15h). Pesquisas na Amazônia são frequentes. No artigo de Salati e Marques (1984) apresentam que a amplitude térmica sazonal é da ordem de 1-2°C, em que Manaus-AM apresentam temperatura média mensal máxima de 27,9°C em setembro e mínima de 25,8°C em abril. Todavia, o clima da cidade é modificado em consequência da estrutura urbana, os materiais da construção, pavimentação de vias, tráfego de veículos, diminuição da vegetação, movimento da população, serviços e atividades em geral. A capital do Amazonas não é a mesma de 1984. Com a criação do projeto Zona Franca de Manaus (DECRETO-LEI 288/67), as instalações de industrias começou a ser implantada na década de 1970. Chegada de mais mão de obra vinda do interior do Amazonas e também do nordeste brasileiro em busca de emprego no Distrito Industrial. Na década de 1980 a SUFRAMA chegou a oferecer cerca de 100 mil empregos diretos nas indústrias e fábricas de componentes eletrônicos. Esse grande fluxo migratório causou um crescimento acentuado da população urbana de Manaus, juntamente com um grande aumento desordenado da área urbana da cidade, expressivo processo de degradação, graves mudanças no ambiente natural, afetando a flora e a fauna e alterações climáticas locais, denegrindo desse modo a qualidade de vida ambiente. Com a implantação da Zona Franca, grande parcela da população da zona rural do Estado do Amazonas e de outros estados, principalmente nordestinos, migraram para cidade de Manaus na busca de empregos no Distrito Industrial, no processo semelhante ao que ocorreu por ocasião do período áureo da borracha no final do século XIX, quando milhares de nordestinos migraram para os seringais da Amazônia para extraírem o látex e produzir a borracha (SILVA, 2009). O clima predominante de Manaus, segundo a classificação de Koppen (1948) apud SEINFRA/AM (2012) é o tropical e se confunde entre floresta, sempre úmido, e monção, curta estação seca. Caracterizado, no geral, por climas megatérmico, temperatura do mês mais 16 frio do ano acima de 18°C, estação invernosa ausente, forte precipitação anual e alta umidade relativa. A temperatura média em Manaus é de 26,7°C. As variações são entre 23,3 a 31,4°C. Resultando amplitude térmica média de 8,1ºC. A média anual da umidade relativa é de 83%, e a precipitação de 2.291,8mm, com cerca de 190 dias de chuvas (AGUIAR, 1995). Aguiar (1995) fez um pesquisa têmporo-espacial com coleta de dados dos meses de agosto de 1994 e março de 1995. Na coleta de dados o autor utilizou-se de valores de 14 estações distribuídas na área urbana e rural da cidade. Como resultado da análise temporal ficou constatado aumento da precipitação em Manaus entre 1901 a 1990 de 29,7%. Nesse mesmo período a umidade relativa sofreu aumento de 6%. Com relação a temperatura, que foram incluídos os anos de 1901 a 1994, na média compensada registrou-se uma diminuição de 0,4°C. Na média das mínimas não houve alteração. E na média das máximas houve declínio de 0,3ºC. Fato que possivelmente pode ser associado ao aumento da precipitação. Alcântara (2007) usando dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e Aguiar (1995), constatou como se observa na Tabela 1, aumento de precipitação entre os anos de 1990 a 2006, de 8,2 mm. Entre os anos 1960 a 2006 o aumento alcançou 189,3 mm. E entre 1930 a 2006, somaram expressivos 524,7 mm. Com relação a temperatura ocorreu um decréscimo na média de 0,4°C no século XX, especificamente até 1994 (AGUIAR, 1995). Com relação à umidade relativa, o autor constatou aumento equivalente a 6% nomesmo período. Não obstante, Alcântara (2007), usando dados de Aguiar (1995) e do INMET (Tabela 2), verificou aumento na temperatura média das máximas em Manaus, de 0,4°C ao longo do século XX e início do XXI. Tabela 1– Precipitação em Manaus de 1991 a 2006 Precipitações totais acumuladas (mm) ANO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ ANUAL 1901/1930 249,9 228,8 252,2 234,9 168,8 88,3 62,6 38,6 54,9 102,9 142,7 196,5 1.775,3 1931/1960 275,0 277,1 300,2 287,4 193,3 98,4 60,8 40,8 61,8 111,6 164,7 227,3 2.110,7 1961/1990 266,4 275,2 332,7 308,1 266,7 114,5 81,5 52,4 78,3 116,2 180,0 221,2 2.292,8 1991/2006 306,7 290,2 302,8 351,9 248,5 109,8 55,7 67,3 79,6 102,9 171,9 212,7 2.300,0 FONTE: INMET; Aguiar (1995); Apud. Silva (2009). 17 Tabela 2– Normais climatológicas das Média das temperaturas em Manaus de 1991 a 2006 Médias das temperaturas máximas (°C) ANO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ ANUAL 1901/1930 31,1 30,9 30,5 30,3 30,4 30,8 31,3 32,7 33,3 33,0 32,7 31,6 31,8 1931/1960 30,0 29,9 29,9 29,9 30,7 31,1 31,7 32,7 33,1 32,7 32,1 31,1 31,3 1961/1990 30,5 30,5 30,6 30,8 30,7 31,0 31,5 32,9 33,2 33,0 32,2 31,2 31,5 1991/2006 31,0 30,9 30,8 30,9 31,1 31,5 32,1 33,0 33,7 33,7 32,6 31,9 31,9 FONTE: INMET; Aguiar (1995); Apud. Silva (2009). Pesquisa mais recente feita por Silva (2009) foram levantados nos meses de agosto (2008) e março (2009) a temperatura e a pluviosidade. Para agosto, a ausência de nebulosidade e precipitação na região de Manaus no dia da pesquisa proporcionou o registro de valores climáticos característicos do período sazonal identificado como seco na Amazônia. Esse período se estende aproximadamente de junho a outubro e é conceituado regionalmente como verão. Período mais importante a ser levado em conta no dimensionamento de pavimento flexíveis, pois as altas temperaturas do ambiente acarretam baixa resistência do Cimento Asfáltico de Petróleo (CAP). Os horários levantados variam das 7 às 20 horas (Figura 7), contudo, o período mais quente está entre 13 e 15 horas, com picos de 36ºC. A área mais fria foi detectada na UFAM no bairro do Coroado, provavelmente pela sua rica “área verde”. 18 Figura 7– Temperaturas no 7 de agosto de 2008 das 11 às 17 horas FONTE: Silva (2009) Temperatura às 14: 00 horas do dia 7 de agosto de 2008. Nesse horário a ilha de calor urbana persistiu no Conjunto Nova Cidade, porém, retornou à área do Aeroclube com valores iguais de 36,0ºC. As temperaturas foram altas mesmo nas áreas com vegetação, com exceção da UFAM que continuou sendo a “ilha de frescor” com o menor índice registrando 30,0ºC. O que dá uma diferença em relação às duas áreas mais quente de 6,0ºC, configurando ilha de calor nos dois locais de magnitude muito grave (Figura 8). 19 Figura 8– Temperatura em Manaus, agosto-2008 (14h) FONTE: Silva (2009) Quanto ao período de chuva, agosto é relativamente baixo e março que é caracterizado como um dos meses mais chuvoso em Manaus, bem como, em quase toda Amazônia Central. Aguiar (2001), constatou no período aproximado entre 10 e 18 anos de 1975 a 2000, que de seis cidades da Amazônia Central, em três, o mês de março foi o mais chuvoso. Também em Manaus, entre as médias das normais de 1901 a 1990, de 30 anos cada, o mês mais chuvoso foi março. Entretanto, segundo dados do INMET, a partir de 1991, o mês mais chuvoso tem variado entre março, abril e maio. Sendo abril o de maior ocorrência no período. Silva (2009) distribuiu 13 postos e foi observado, conforme a Figura 9, que o posto (10) Jardim Botânico se destacou entre os demais com maior core, 127 mm. Enquanto o posto (12) aeroporto Ponta Pelada registrou o menor índice do experimento, 20 mm, com contribuição apenas de 3% do total geral. A Figura 10 detalha uma relação contínua quanto a pluviosidade, alta na região leste de decresce para a região oeste de Manaus. 20 Figura 9– Precipitação no dia 5 março 2009 das 7 às 21 horas FONTE: Silva (2009) Figura 10– Precipitação no dia 5 março de 2009 (mm) FONTE: Silva (2009) Com os dados levantados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), percebe-se que o estudo feito pelo Aguiar (1995) e Silva (2009) continuam no mesmo padrão para os dias de hoje. Na Figura 11 observa-se a precipitação do ano de 2016, em que onde há precipitação, a temperatura cai. Ou seja, nos meses de agosto a novembro abrange o período mais quente em Manaus, beirando uma média de 27,8 °C com precipitação média mínima de 50 mm, enquanto os meses de janeiro a maio, 26 °C e 250 mm. 21 Figura 11– Precipitação e temperatura, Manaus (2016) FONTE: INPE (2017) Todavia, sabe-se na verdade que a temperatura média varia de 24 a 36 °C durante o dia, podendo chegar a 40 °C. Em estudo feito por Picanço et al (2011) apontam-se que a temperatura superficial do revestimento asfáltico pode apresentar valores consideráveis nas épocas mais quentes do ano, podendo alcançar até 59,7 °C no meio dia solar (Tabela 3), influenciando a temperatura ambiente e gerando uma sensação térmica de grande desconforto. Tabela 3– Temperatura na superfície TEMPERATURA NA SUPERFÍCIE (°C) SUPERFÍCIE HORAS CA AA PR GR 06:30 27,10 27,90 27,8 25,20 07:30 29,70 30,80 30,00 27,60 08:30 34,60 38,20 35,00 31,50 09:30 40,60 45,50 40,60 34,90 10:30 46,20 53,50 45,20 39,60 11:30 49,30 57,40 48,00 50,90 12:30 51,10 58,90 50,20 42,00 13:30 52,85 59,70 51,40 41,50 14:30 50,60 57,20 50,60 42,20 15:30 48,00 53,10 47,50 35,40 16:30 44,30 47,90 43,00 33,70 17:30 36,40 39,40 37,60 39,30 MÉDIA 42,56 47,46 42,24 35,33 CA – Concreto Asfalto; AA – Areia Asfalto; PR – Pavimento Rígido; GR - Grama FONTE: Picanço, et al (2011) 22 2.4 AGREGADOS GRAÚDOS Agregados é a denominação genérica de materiais pétreos, que podem ser naturais ou artificiais. Aqueles encontrados na natureza, como o pedregulho, os seixos rolados, etc., e estes os que necessitam de alguma transformação física e química para sua utilização. A classificação do agregado é baseada em 3 grandes grupos: • Quanto à natureza; • Quanto ao tamanho; • Quanto à graduação; Os agregados provenientes de rochas naturais pertencem a um de quatro tipos principais, que são ígneos, sedimentares, metamórficos ou areias e pedregulhos: Rochas ígneas: são aquelas que se solidificaram de um estado líquido e apresentam composição química, granulação, textura e modos de ocorrência muito variáveis. Alguns tipos são resultantes de esfriamento lento de grandes massas no interior da crosta terrestre, resultando, por exemplo, em granitos e dioritos de granulação grossa. Outros tipos são extrusivos, provenientes de fluxos de lava para a superfície da Terra, resultando em rochas de granulação fina, como os basaltos; Rochas sedimentares: são tipicamente formadas pelo intemperismo e erosão de rochas preexistentes, e seu resultado transportado pela ação da água, vento ou gelo. São caracterizadas por camadas estratificadas, originadas pelos processos de deposição. Elas podem ser formadas também por precipitação química de minerais dissolvidos em água, como é o caso do calcário; Rochas metamórficas: ocorrem como resultado de alteração por aquecimento, pressão ou atividade química de rochas ígneas ou sedimentares existentes e compõem um grupo bastante complexo de rochas; Areias e pedregulhos: são agregados naturais, provenientesdas rochas de que são originários e dos processos de transporte sofridos antes da deposição. No caso de agregados graúdos, pode-se identificá-lo conforme o seu tamanho através do peneiramento. Seria todo o material retido na peneira n° 10 (2,0 mm): britas, cascalhos, seixos, etc. Desse material que passou e ficou retido na peneira n° 200 (0,075 mm) é o agregado miúdo: pó de pedra, areia, etc. E, por último, o que passa pelo menos 65% nesta última peneira é o agregado de enchimento ou material de enchimento (filer): cal extinta, cimento Portland, pó de chaminé, etc. 23 O tamanho máximo do agregado em misturas asfálticas para revestimentos pode afetar essas misturas de várias formas. Pode tornar instáveis misturas asfálticas com agregados de tamanho máximo excessivamente pequeno e prejudicar a trabalhabilidade e/ou provocar segregação em misturas asfálticas com agregados de tamanho máximo excessivamente grande. Na distribuição ou graduação dos grãos, tem-se o de graduação densa, com curva granulométrica (Figura 12) bem graduado e contínua, com quantidade de material fino, suficiente para preencher os vazios entre as partículas maiores. A graduação aberta, parecida com a anterior, diferenciando-se na insuficiência de material fino capaz de preencher os vazios. A graduação uniforme possui um padrão, um único tamanho, chamado “onze size agregate”, sendo a curva granulométrica bastante íngreme. Por último, o agregado com graduação com degrau ou descontínua, inadequados quando trabalhados em misturas asfálticas, apresentam pequena porcentagem de agregados com tamanhos intermediários. Figura 12– Curva granulométrica FONTE: Bernucci, et al (2006) A forma das partículas dos agregados influi na trabalhabilidade e resistência ao cisalhamento das misturas asfálticas e muda a energia de compactação necessária para se alcançar certa densidade. Partículas irregulares ou de forma angular tais como pedra britada, 24 cascalhos e algumas areias de brita tendem a apresentar melhor intertravamento entre os grãos compactados, tanto maior quanto mais cúbicas forem as partículas e mais afiladas forem suas arestas (BERNUCCI et al, 2006). 2.5 LIGANTES Cerca de 95% das estradas pavimentadas são de revestimento asfáltico. Seu uso possui várias razões para seu uso intensivo: é impermeabilizante, é durável, é resistente à ação da maioria dos ácidos, dos álcalis e dos sais, tudo isso permitido por ser um ligante que proporciona uma forte união dos agregados. As seguintes definições e conceituações são empregadas com referência ao material: Betume: comumente é definido como uma mistura de hidrocarbonetos, produzidos naturalmente ou por combustão, solúvel no bissulfeto de carbono. Em geral, o betume engloba asfalto e alcatrões; Asfalto: material aglutinante de consistência variável, cor pardo-escura ou negra e que é uma mistura de hidrocarbonetos derivados do petróleo de forma natural ou por destilação, cujo principal componente é o betume, podendo conter ainda outros materiais, como oxigênio, nitrogênio e enxofre, em pequena proporção; Alcatrão: é uma designação genérica de um produto que contém hidrocarbonetos, que se obtém da queima ou destilação destrutiva do carvão durante a fabricação de gás e coque, madeira etc. Todavia, mesmo parecido, por conterem materiais betuminoso, o asfalto e o alcatrão possuem propriedades diferentes e não podem ser confundidos. O alcatrão, por ser cancerígeno, não é mais utilizado em pavimentação, além de ser pouco homogêneo e de baixa qualidade. Sendo que, fica aceitável a utilização dos termos betume e asfalto como sinônimos. Quando o asfalto se enquadra em uma determinada classificação particular, que em geral se baseia em propriedades físicas que pretendem assegurar o bom desempenho do material na obra, ele passa a ser denominado comumente pela sigla CAP – cimento asfáltico de petróleo. 2.5.1 CIMENTO ASFÁLTICO DE PETRÓLEO (CAP) O asfalto utilizado em pavimentação, para Benucci et al (2006), é um ligante betuminoso que provém da destilação do petróleo e que tem a propriedade de ser um adesivo 25 plástico com alta viscosidade (podendo ser conformado e moldado), impermeável à água e pouco reativo. A baixa reatividade química a muitos agentes não evita que esse material possa sofrer, no entanto, um processo de envelhecimento por oxidação lenta pelo contato com o ar e a água. Conforme relata Senço (1997), a produção de asfalto no Brasil iniciou-se em 1944, na refinaria Ipiranga, com petróleo importado da Venezuela. Até então, utilizava-se, nos serviços de pavimentação, o asfalto importado de Trindad, acondicionado em tambores de cerca de 200 litros. As principais propriedades que resultaram na preferência pelos pavimentos betuminosos, são: • Adesividade entre o betume e os agregados, que permite a ligação entre as pedras; • Impermeabilidade; • Durabilidade das misturas e manutenção das propriedades do betume por muitos anos; • Possibilidade de trabalho a diversas temperaturas; • Apesar das dificuldades citadas, preço competitivo e, em muitos casos, vantajosos em relação a outros materiais utilizados em pavimentação, principalmente na capa de rolamento. O CAP nada mais é um material quase totalmente solúvel em benzeno, tricloroetileno ou em bissulfeto de carbono, propriedade que será utilizada como um dos requisitos de especificação. Na norma DNIT 031/2006-ES tem por definição o concreto asfáltico como sendo uma mistura executada a quente, em usina apropriada, com características específicas, composta de agregado graduado, material de enchimento (filer) se necessário e cimento asfáltico, espalhada e compactada a quente. Para sua produção, são empregados: • CAP - 30/45; • CAP - 50/70; • CAP - 85/100. Todavia, para especificar um determinado asfalto como adequado para pavimentação, a maioria dos países utiliza medidas simples de características físicas do ligante, pela facilidade de execução nos laboratórios de obras. As duas principais características utilizadas 26 são: a “dureza”, medida através da penetração de uma agulha padrão na amostra de ligante, e a resistência ao fluxo, medida através de ensaios de viscosidade. 2.5.1.1 Ensaio de penetração Comumente utilizado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte, é por meio desse ensaio que definimos se o asfalto é um CAP 30/45, CAP 50/70, etc. O ensaio é a penetração de uma agulha com massa padronizada (100g) que penetra, com profundidade em décimo de milímetros, numa amostra de volume padronizado de cimento asfáltico por 5 segundo, à temperatura de 25°C (Figura 13). São levantadas três medidas individuais de penetração para cada ensaio. A média dos três valores é anotada e aceita, caso a diferença entre elas não exceda um limite especificado em norma (NBR 6576/07). Figura 13– Ensaio por penetração FONTE: Bernucci, et al (2006) 2.5.1.2 Ponto de amolecimento O ponto de amolecimento é uma medida empírica que correlaciona a temperatura na qual o asfalto amolece quando aquecido sob certas condições particulares e atinge uma determinada condição de escoamento (BERNUCCI et al, 2006). O objetivo do ensaio é a determinação da temperatura em que os asfaltos se tornam fluidos. É definido como a 27 temperatura em que uma esfera de aço pensando de 3,45 a 3,55g, com diâmetro de 9,5 mm (Figura 14), atravessando um anel padronizado de 15,8 mm de diâmetro e 6,4 mm de altura, perfeitamente cheio, toca uma placa de referência após ter percorrido uma distância de 25,4 mm, sob condições especificadas. Ou seja, todo o conjunto é colocadodentro de um banho de água num béquer (Figura 15). O banho é aquecido a uma taxa controlada de 5ºC/minuto. Quando o asfalto amolece o suficiente para não mais suportar o peso da bola, a bola e o asfalto deslocam-se em direção ao fundo do béquer. A temperatura é marcada no instante em que a mistura amolecida toca a placa do fundo do conjunto padrão de ensaio. Esse ensaio é referenciado como ensaio do anel e bola (ABNT NBR 6560/2016). Figura 14– Detalhe do esquema do anel FONTE: NBR 6560/00; Bernucci, et al (2006) 28 Figura 15– Equipamento FONTE: NBR 6560/00; Bernucci, et al (2006) Em julho de 2005 foi aprovada pela Agência Nacional de Petróleo, Gás e Energia (ANP) uma nova especificação de CAP para todo o Brasil. Essa nova especificação enquadra o objeto desse TCC em que se baseia na penetração e no ponto de amolecimento e é apresentada na Tabela 4. Tabela 4– Cimento Asfáltico de Petróleo. Características Unidade Limites Métodos CAP 30-45 CAP 50-70 CAP 85-100 CAP 150-200 ABNT ASTM Penetração (100g, 5s, 25ºC) 0,1mm 30 a 45 50 a 70 85 a 100 150 a 200 NBR 6576 D 5 Ponto de amolecimento, mín. °C 52 46 43 37 NBR 6560 D 36 FONTE: ANP (2005); Bernucci, et al (2006) 2.6 PAVIMENTOS Pavimento é uma estrutura de múltiplas camadas de espessuras finitas, construída sobre a superfície final de terraplenagem, destinada técnica e economicamente a resistir aos esforços oriundos do tráfego de veículos e do clima, e a propiciar aos usuários melhoria nas condições de rolamento, com conforto, economia e segurança (BERNUCCI et al, 2006). 29 Pavimento de uma rodovia é a superestrutura constituída por um sistema de camadas de espessuras finitas, assentes sobre um semi-espaço considerando teoricamente como infinito – a infraestrutura ou terreno de uma fundação, a qual é designada de subleito. O subleito, limitado assim superiormente pelo pavimento, deve ser estudado e considerado até a profundidade onde atuam, de forma significativa, as cargas impostas pelo tráfego. Em termos práticos, tal profundidade deve situa-se numa faixa de 0,60 m a 1,50 m (DNIT, 2006). Segundo Medina (2015) o pavimento é uma estrutura construída após a terraplenagem e destinada economicamente e simultaneamente em seu conjunto a: a) Resistir e distribuir ao subleito os esforços verticais produzidos pelo tráfego; b) Melhorar as condições de rolamento quanto à comodidade e segurança; c) Resistir aos esforços horizontais que nele atuam tornando mais durável a superfície de rolamento. 2.6.1 CLASSIFICAÇÃO DOS PAVIMENTOS Os pavimentos, de uma forma geral, são classificados em 3 tipos: flexíveis, semi- rígidos e rígidos (DNER,1996). Pavimento flexível – É uma estrutura constituída de uma ou mais camadas de espessura finita, assente sobre um semi-espaço infinito, cujo revestimento é do tipo betuminoso. Todas as camadas sofrem deformação elástica significativa sob o carregamento aplicado e, portanto, a carga se distribui em parcelas aproximadamente equivalentes entre as camadas. Seu dimensionamento é comandado pela resistência do subleito. Pavimento Semi-Rígido – Caracteriza-se por uma base cimentada por algum aglutinante com propriedades cimentícias como por exemplo, por uma camada de solo cimento revestida por uma camada asfáltica. Pavimento Rígido – é formado, predominantemente, por camadas que trabalham sensivelmente à tração. Seu revestimento tem uma leveda rigidez em relação às camadas inferiores e, portanto, absorve praticamente todas as tensões provenientes do carregamento aplicado. Exemplo típico: pavimento constituído por lajes de concreto de cimento Portland. Em forma básica, o pavimento rodoviário classifica-se em dois tipos: rígidos e flexíveis (Figura 16). Mais recentemente há uma tendência de usar a nomenclatura pavimentos de concreto de cimento Portland (ou simplesmente concreto-cimento) e pavimento asfálticos, respectivamente, para indicar o tipo de revestimento do pavimento. 30 Figura 16– Perfis de pavimentos: a) flexível; b) rígido FONTE: Medina (2015) Os pavimentos de concreto-cimento são aqueles em que o revestimento é uma placa de concreto de cimento Portland. As placas de concreto podem ser armadas ou não com barras de aço (Figura 17). É comum designar a subcamada desse pavimento como sub-base, uma vez que a qualidade do material equivale à sub-base de pavimentos asfálticos (flexíveis). Figura 17– Concreto-cimento (corte longitudinal) FONTE: Bernucci, et al (2006) 31 Os pavimentos asfálticos (flexíveis) são aqueles em que o revestimento é composto por uma mistura constituída basicamente de agregados e ligantes asfálticos. É formado por quatro camadas principais: revestimento asfáltico, base, sub-base e reforço do subleito. O revestimento asfáltico pode ser composto por camada de rolamento (em contato direto com as rodas dos veículos) e por camadas intermediárias ou de ligação, denominadas de binder (do inglês que significa ligante asfáltico). Dependendo do tráfego e dos materiais disponíveis, pode-se ter ausência de algumas camadas. As camadas da estrutura repousam sobre o subleito, ou seja, a plataforma da estrada terminada após a conclusão dos cortes e aterros, após a terraplenagem (Figura 18). Figura 18– Asfáltico flexível (corte transversal) FONTE: Bernucci, et al (2006) 2.6.1.1 O pavimento flexível Quando falamos em pavimentos flexíveis, temos o revestimento asfáltico. É nessa camada que é destinada basicamente a resistir diretamente às ações do tráfego e transmiti-las de forma atenuada, dissipando a energia, às camadas inferiores. Tem a função também de impermeabilizar o pavimento, além de melhorar as condições de rolamento (conforto e segurança). O trincamento por fadiga dessa camada é relacionada as tensões e deformações sofridas pelas cargas do tráfego. Já o trincamento por envelhecimento é com relação a outros fatores, tal como a ação climática. Parte de problemas relacionados à deformação permanente e outros defeitos pode ser atribuída ao revestimento asfáltico. 32 Nos pavimentos asfálticos, as camadas de base, sub-base e reforço do subleito são de grande importância estrutural. Limitar as tensões e deformações na estrutura do pavimento (Figura 19), por meio da combinação de materiais e espessuras das camadas constituintes, é o objetivo da mecânica dos pavimentos (MEDINA, 2015). Figura 19– Esquema geral do pavimento com suas tensões, deformações e deslocamentos. FONTE: Albernaz (1997) Para o dimensionamento de estruturas de pavimentos, utilizam-se no país principalmente dois parâmetros de caracterização mecânica: • Índice de Suporte Califórnia (ISC) • Módulo de Resiliência (MR) 2.6.1.1.1 Índice de Suporte Califórnia (California Bearing Ratio) O ensaio para a determinação do Índice de Suporte Califórnia, com abreviatura de ISC em português e CBR em inglês, foi concebido no final da década de 1920 para avaliar o 33 potencial de ruptura do subleito, uma vez que era o defeito mais frequentemente observado nas rodovias do estado da Califórnia naquele período. O ensaio foi concebido, portanto, para avaliar a resistência do material frente a deslocamentos significativos, sendo obtida por meio de ensaio penetrométrico em laboratório (BERNUTTI et al, 2006). A resistência ou capacidade de suporte ISC foi correlacionada empiricamente com o desempenho das estruturas levando a um método de dimensionamento de pavimentos que fixa espessuras mínimasda estrutura dependendo do índice de suporte do subleito, de modo a limitar tensões e protegê-lo da ruptura. Este método serviu como referencial para o desenvolvimento de outros métodos, como o do Corpo de Engenheiros norte-americano e, mais tarde, o método brasileiro do DNER 1966. O ISC é expresso em porcentagem, sendo definido como a relação entre a pressão necessária para produzir uma penetração de um pistão num corpo-de-prova de solo ou material granular e a pressão necessária para produzir a mesma penetração no material padrão referencial (100%). O ensaio é regido pela DNIT 172/2016 -ME, consta de forma sucinta nas seguintes etapas: • Moldagem do corpo-de-prova: solo ou material passado na peneira de 19 mm, seco ao ar e destorroado no almofariz pela mão de gral, compactado na massa específica e umidade de projeto, em um molde cilíndrico de 15,24 cm de diâmetro e 17,78 mm de altura, provido de um cilindro complementar de extensão com 6,08 cm de altura. Soquete metálico cilíndrico, de face inferior plana, com diâmetro de 5,08, massa de 4,536 kg e com altura de queda de 45,72 cm (Figura 20). A moldagem é dada em 5 camadas iguais, de forma a se ter uma altura total de solo de 12,5 cm após a compactação. São 12 golpes para materiais de subleito e de 26 a 55 golpes para materiais de base e sub- base. Após, coloca-se em uma estufa (105 °C – 110 °C) o material que tem cerca de 100 g para determinação do teor de umidade. Repete-se o procedimento com as amostras de solos não trabalhados para teores crescentes de umidade para caracterizar a curva de compactação. 34 Figura 20– Molde cilíndrico, cilindro complementar e soquete, ensaio CBR FONTE: DNIT (2016) • Imersão do corpo-de-prova: imerge-se o cilindro com a amostra compactada dentro, em um depósito cheio d’água, durante 96 horas (quatro dias). Durante todo o período de imersão é empregada, por meio de um tripé porta- extensômetro (Figura 21), uma sobrecarga de massa superior a 4,536 kg sobre o corpo-de-prova. Fazem-se leituras por meio de um extensômetro, a cada 24 horas, calculando-se a expansão axial do material em relação à altura inicial do corpo-de-prova. Terminado o período de “embebição”, cada molde com o corpo de prova deve ser retirado da imersão e deixa-se escoar a água durante 35 15 minutos. Findo esse tempo, o corpo de prova estará preparado para a penetração. Figura 21– Imersão do corpo de prova em água para medida de expansão axial FONTE: Bernucci, et al (2006) • Penetração do corpo-de-prova: feita através do puncionamento na face superior da amostra por um pistão com aproximadamente 4,96 cm de diâmetro, sob uma velocidade de penetração de 1,27 mm/min (Figura 22). Anota-se as pressões do pistão e os deslocamentos correspondentes conforme padrão prevista na DNIT 172/2016 -ME, de forma a possibilitar a plotagem de uma curva pressão- penetração, na qual se definem os valores de pressão correspondentes a 2,54 mm (P0,1”) e 5,08 mm (P0,2”). 36 Figura 22– Prensa para penetração FONTE: DNIT (2016) Solos que apresentam valores significativos de expansão sofrem deformações consideráveis ao serem solicitados. Costuma-se estipular que o valor máximo aceitável de expansão do subleito seja de 2%, medida axialmente, no ensaio ISC; em casos em que a expansão supere este valor, em geral sugere-se troca de solo, ou estabilização do mesmo com cimento ou cal, ou ainda a colocação de uma camada de material pétreo na dimensão de pedras (acima de 60mm), conhecida popularmente como rachão, para aumento do valor de suporte. Para materiais de reforço do subleito, estipula-se em geral 1% como o valor máximo admissível de expansão axial e 0,5% para bases e sub-bases (BERNUTTI et al, 2006). É desejável que a diferença entre a capacidade de suporte antes da imersão em água e aquela obtida após imersão em água seja pequena ou muito reduzida, ou seja, para a utilização em pavimentos, é ideal um material que não perca sua resistência quando entra em contato com a água. É interessante realçar que o ISC obtido em laboratório pode não corresponder ao de campo devido a vários fatores como: diferença na sobrecarga, perda de umidade dos 37 materiais, principalmente de solos etc. Há materiais cuja resistência é bastante dependente da sobrecarga, tal como sua expansão. Todavia, o ISC, devido à facilidade e baixo custo de equipamentos, é um ensaio ainda muito popular no Brasil, pois, nos Estados Unidos, foi sendo progressivamente substituído pelo módulo de resiliência, adotado definitivamente em 1986 pelo American Association of State Highway and Transportation Officials (AASHTO), que é o guia de projeto norte- americano. 2.6.1.1.2 Módulo de Resiliência Conforme levantado a cima, o módulo de resiliência foi reconhecido como de grande importância no dimensionamento de estruturas de pavimentos asfálticos. A recomendação de substituir o ISC e outros valores de resistência de materiais pelo módulo de resiliência (MR) foi baseada nas seguintes razões: • O MR indica uma propriedade básica do material que pode ser utilizada na análise mecanística de sistemas de múltiplas camadas; • O MR é um método aceito internacionalmente para caracterizar materiais para o projeto de pavimentos e para sua avaliação de desempenho; • Há técnicas disponíveis para estimar o módulo de resiliência em campo com testes rápidos e não-destrutivos, o que facilita a uniformização entre os procedimentos de dimensionamento de pavimentos novos e de reforço de pavimentos antigos. O MR nada mais é como o resultado obtido em um ensaio utilizado por meio de cargas repetidas para simular um possível tráfego. Assim como o Módulo de Elasticidade na resistência dos materiais, importantíssimo no cálculo estrutural. A Figura 23 mostra um exemplo de equipamento triaxial de cargas repetidas e um desenho esquemático da montagem do corpo-de-prova dentro da célula triaxial. 38 Figura 23– Equipamento triaxial de Carga repetida FONTE: Medina (2015) 2.7 MATERIAIS BASE, SUB-BASE E REFORÇO DO SUBLEITO Esses materiais de base, sub-base e reforço do subleito são ainda classificados segundo seu comportamento frente aos esforços em: materiais granulares e solos, materiais estabilizados quimicamente ou cimentados, e materiais asfálticos. Entende-se por materiais granulares aqueles que não possuem coesão (a não ser aparente pela sucção) e que não resistem à tração, trabalhando eminentemente aos esforços de compressão. Os solos coesivos resistem à compressão, principalmente, e também à tração de pequena magnitude, graças à coesão dada pela fração fina. Os materiais cimentados são materiais granulares ou solos que recebem adição de cimento, cal ou outro aditivo, de forma a proporcionar um acréscimo significativo de rigidez do material natural e um aumento da resistência à compressão e à tração. Há ainda misturas asfálticas e solo-asfalto que se destinam à camada de base e que poderiam ser classificadas como coesivas. Nesse caso, a 39 ligação entre agregados ou partículas é dada pelo ligante asfáltico, sendo a resistência à tração bastante superior aos solos argilosos, e por isso são enquadrados em classe diferente dos solos e dos materiais cimentados (BERNUCCI, et al, 2006). Segundo Bernucci, et al (2006) os materiais mais empregados em pavimentação da classe dos: a) Granulares e solos: • brita graduada Simples (BGS); • brita corrida • macadame hidráulico; • macadameà seco; • misturas estabilizadas granulometricamente estabilizadas por combinação de materiais para atender certos requisitos ou mecanicamente); • solo-agregado; • solo natural; • solo melhorado com cimento ou cal; • materiais de reutilização e reciclagem. b) Cimentados: • brita graduada tratada com cimento (BGTC); • solo-cimento; • solo-cal; • solo-cal-cimento; • concreto rolado (CCR – concreto compactado a rolo). c) Mistura asfáltica: • solo-asfalto; • solo-emulsão; • macadame betuminoso e base asfáltica de módulo elevado. 2.8 DIMENSIONAMENTO DO PAVIMENTO Esse método é previsto no Manual de Pavimentação da DNIT, oriunda do método DNER pelo Eng. Murilo Lopes de Souza (Souza, 1981), com base o trabalho “Design of Flexible Pavement Considering Mixed Loads and Traffic Volume” do Corpo de Engenheiros do Exército dos Estados Unido e conclusões obtidas na Pista Experimental da AASHTO. 40 A capacidade de Suporte do Subleito e dos demais materiais constituintes dos pavimentos é feita pelo CBR, obtidas em laboratório. Os materiais do subleito devem apresentar uma expansão, medida no ensaio CBR, menor ou igual a 2% e um CBR ≥ 2%. Os materiais empregados no pavimento são classificados (SOUZA, 1981): a) Materiais para reforço do subleito: CBR maior que o do subleito; Expansão ≤ 2%. b) Materiais para sub-base: CBR ≥ 20%; Expansão ≤ 1%. c) Materiais para base: CBR ≥ 80%; Expansão ≤ 0,5%; Limite de liquidez ≤ 25%; Índice de plasticidade ≤ 6%. 2.8.1 NÚMERO “N” Segundo o Manual de estudo de tráfego da DNIT (2006), o número “N” é o número de repetições (ou operações) dos eixos dos veículos, equivalentes às solicitações do eixo padrão rodoviário de 8,2 tf durante o período considerado de vida útil do pavimento. Sendo que o eixo padrão rodoviário brasileiro é um eixo simples de rodas duplas e que transmite ao pavimento uma carga total de 8,2 toneladas (80 kN). Para um número de repetições do eixo padrão, os materiais para base granular devem se enquadrar numa das seguintes faixas granulométricas (Tabela 5). 41 Tabela 5– Granulometria para base granular Tipos Para N > 5x106 Para N < 5x106 Tolerâncias de faixa de projeto Peneira A B C D E F % em peso passando 2” 100 100 - - - - ±7 1” - 75-90 100 100 100 100 ±7 3/8” 30-65 40-75 50-85 60-100 - - ±7 N° 4 25-55 30-60 35-65 50-85 55-100 10-100 ±5 N° 10 15-40 20-45 25-50 40-70 40-100 55-100 ±5 N° 40 8-20 15-30 15-30 25-35 20-20 30-70 ±2 N° 200 2-8 5-15 5-15 10-25 6-20 8-25 ±2 FONTE: DNIT (2006) 2.8.1.1 Análise de tráfego O tráfego tem influência predominante no dimensionamento do pavimento, pois este é dimensionado em função do número equivalente (N) de operações de um eixo tomado como padrão, durante o período de vida útil do projeto. O número “N” adotado na DNIT – Manual de Pavimentação - (2006) tem-se a seguinte fórmula: 𝑁 = 365 𝑥 𝑃 𝑥 𝑉𝑚𝑑 𝑥 𝐹𝑐 𝑥 𝐹𝑒 𝑥 𝐹𝑟 (1) 𝐹𝑣 = 𝐹𝑐 𝑥 𝐹𝑒 (2) 𝑁 = 365 𝑥 𝑃 𝑥 𝑉𝑚𝑑 𝑥 𝐹𝑣 𝑥 𝐹𝑟 (3) Onde: N – Número de operações do eixo-padrão P – Quantidade projetada em anos para vida útil do pavimento Vmd – Volume de Tráfego Médio Diário Fc – Fator de carga ou fator de equivalência de operações 42 Fe – Fator de Eixo Fv – Fator de veículo Fr – Fator Climático Regional Para calcular o Vmd, necessita-se do o volume médio diário de tráfego do ano de abertura (V1), num sentido e admitindo-se uma taxa de t% de crescimento anual, em progressão aritmética, durante o período de P anos. Tem-se: 𝑉𝑚𝑑 = 𝑉1[2+ (𝑃−1)𝑡 100 ] 2 (4) O volume total de tráfego, (num sentido) durante o período, Vt, será: 𝑉𝑡 = 365 𝑥 𝑃 𝑥 𝑉𝑚 (5) Admitindo-se uma taxa t% de crescimento anual em progressão geométrica, o volume total do tráfego, Vt, durante o período é dado por: 𝑉𝑡 = 365𝑉1[(1+ 𝑡 100 ) 𝑝 −1] 𝑡 100 (6) Ou seja, de forma simplificada, o Vmd pode ser calculado de forma linear ou exponencial. O Fe é o coeficiente que, multiplicado pelo número de veículos, dá o número de eixos correspondentes. 𝐹𝑒 = 𝑃2𝑥2 + 𝑃3𝑥3 + ⋯ + 𝑃𝑛𝑥𝑛 (7) Onde: P2: porcentagem de veículos de 2 eixos; P3: porcentagem de veículos de 3 eixos; Pn: porcentagem de veículos de n eixos; 43 O Fc é coeficiente que, multiplicado pelo número de eixos que operam, dá o número de eixos equivalentes ao eixo padrão, assim, por exemplo, quando o fator de equivalência de operações é igual a 9, deve-se interpretar como um veículo cuja passagem representa o mesmo efeito que nove passagens do veículo padrão; um veículo com um fator de equivalência de operações igual a 0,2 deve ser interpretado como a necessidade de cinco passagens desse veículo para equivaler a uma passagem do veículo padrão. No método, o veículo padrão adotado é o veículo americano de 18.000 libras (8,2 tf; 80 KN) por eixo simples de roda dupla (ESRD), ou seja, 9.000 libras com carga de roda. Sendo assim, conforme mencionado anteriormente, o veículo padrão tem 8,2 tf por eixo simples aproximadamente. Multiplicando-se os valores do fator de equivalência pelo número de veículos por dia, com uma determinada carga por eixo, obtêm-se a equivalência, para esse tipo de veículo, no período considerado, geralmente em veículos dia. Sua somatória, de todos os veículos que trafegarão pela via, dá a equivalência de operações (Figura 24, Tabela 6). Figura 24– Fatores de equivalência de operação FONTE: DNIT (2006) 44 Tabela 6– Fatores de equivalência de operação Eixo Simples Carga por eixo (tf) Fator de equivalência simples Eixo Simples Carga por eixo (tf) Fator de equivalência “tandem” duplo 1 0,0004 1 0,001 2 0,004 2 0,002 3 0,020 3 0,005 4 0,050 4 0,010 5 0,100 5 0,020 6 0,200 6 0,060 7 0,500 7 0,100 8 1,000 8 0,200 9 2,000 9 0,400 10 3,000 10 0,600 11 6,000 11 0,700 12 9,000 12 1,300 13 15,000 13 2,000 14 25,000 14 3,100 15 40,000 15 4,000 16 50,000 16 6,000 17 7,000 18 10,000 19 15,000 20 20,000 21 30,000 22 35,000 FONTE: Autor (2018) Após a obtenção dos valores do fator de equivalência dado em ábaco, são elevados à coluna 3 da Tabela 7 fornecida pela DNIT. Os valores da coluna 4 são produtos dos valores da coluna 2 pelo da coluna 3. 45 Tabela 7– Determinação do fator de operação (1) (2) (3) (4) Porcentagem Fator de equivalência Fator de operações Eixos simples (t) Eixos tandem (t) FONTE: DNIT (2006) Os valores da coluna 3 são obtidos no ábaco da Figura 24. Os valores da coluna 4 são os produtos dos valores da coluna 2 pelos da coluna 3. O somatório dos valores da coluna 4 representa o produto 100xFc, isto é, Equivalência = 100Fc. 𝐹𝑐 = 𝐸𝑞𝑢𝑖𝑣𝑎ê𝑛𝑐𝑖𝑎 100 (12) O Fv é um número que, multiplicado pelo número de veículos que operam, dá, diretamente, o número de eixos equivalentes. Porém, para calculá-los é necessário conhecer a composição de tráfego. Para isso, deve-se fazer uma contagem do tráfego na estrada, estudando-se um certo volume total de tráfego (Vt). Como sendo: 𝐹𝑣 = 𝐹𝑐 𝑥 𝐹𝑒 (2) Normalmente, o cálculo de N é feito de acordo com as seguintes etapas: a) Cálculo
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