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DIREITO E CINEMA SÍRIA EM FUGA

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SOCIEDADE
CATHERINE DOS SANTOS CAVALCANTI
HEBERT RESENDE DE FREITAS
HENRIQUE DE PAULA ROSSI
ISABELLE CAMPOS HENRIQUE
JULIANA EVANGELISTA SCHUINDT
NYCHOLAS TRENTO LESSA DE CASTRO
THAÍS LIMA TAVARES
THAMIRES DE SOUZA FRANCISCO LOPES
WAGNER VINICIUS CLASS DE MORAES
SÍRIA EM FUGA
Macaé
2016
CATHERINE DOS SANTOS CAVALCANTI
HEBERT RESENDE DE FREITAS
HENRIQUE DE PAULA ROSSI
ISABELLE CAMPOS HENRIQUE
JULIANA EVANGELISTA SCHUINDT
NYCHOLAS TRENTO LESSA DE CASTRO
THAÍS LIMA TAVARES
THAMIRES DE SOUZA FRANCISCO LOPES
WAGNER
SÍRIA EM FUGA
Trabalho acadêmico apresentado à disciplina Direito e Cinema, do curso de Direito da Universidade Federal Fluminense, com intuito de aprovação na disciplina.
Macaé
2016
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... pág.3
2. ASPECTOS HISTÓRICOS .................................................................................. pág.4
3. OS MOTIVOS DA GUERRA CIVIL DA SÍRIA ................................................ pág.4
4. GRUPOS RIVAIS ................................................................................................ pág.6
5. OS REFUGIADOS SÍRIOS ................................................................................. pág.9
6. CONSEQUÊNCIAS SOCIAIS ........................................................................... pág.11
7. LEI SOBRE OS REFUGIADOS ........................................................................ pág.12
8. ONU, REFUGIADOS E SÍRIA .......................................................................... pág.13
1. INTRODUÇÃO
“A morte do meu filho serviu para abrir os olhos e os corações do mundo para o problema dos refugiados”, frase de um refugiado sobrevivente que perdeu sua esposa e seus dois filhos, após o naufrágio do barco que trazia fugitivos da Síria para a Turquia, comovendo o mundo inteiro diante de cenas fortes e bárbaras. O documentário “Síria em Fuga”, que foi ao ar no dia 12 de dezembro, no canal de televisão Globonews, buscou através de entrevistas a combatentes e experiências de sobreviventes, relatar de forma real a guerra civil travada na Síria desde o ano de 2011. Estima-se que o conflito já causou mais de 300 mil vítimas, sendo considerada a maior crise humanitária do século, segundo a ONU. 
Logo no início do documentário, Abdullah, o pai do menino de três anos que morreu afogado enquanto os fugitivos tentavam aportar em uma praia da Turquia, conta os momentos de terror que viveu com sua família durante a travessia. Segundo o sobrevivente, nada disso teria acontecido se “as portas estivessem abertas para os refugiados”. 
A guerra não se trata apenas de uma guerra civil contra um governo ditatorial e autoritário, mas envolve conflitos religiosos, ideológicos e acima de tudo, interesses econômicos, conflito esse que vem se intensificando com a represália do governo Assad contra os combatentes, além da disseminação de grupos extremistas islâmicos na região.
Diversos campos de refugiados estão presentes no país, no intuito de levar mantimentos e donativos para os sobreviventes que tiveram que deixar suas casas, apesar das dificuldades enfrentadas pelos mesmos nesses campos, como mostrado no documentário. Durante todo o filme, observam-se cidades destruídas e desoladas e os bombardeios e combates armados são constantes, trazendo medo e insegurança àqueles que, de alguma forma, acreditam que há um futuro para a Síria.
O número de refugiados ao redor do mundo vem crescendo, devido aos conflitos existentes em diversos países. O Brasil é um país muito procurado pelos refugiados, de diversas nacionalidades, sendo a africana a mais corriqueira. Ainda assim existe muito preconceito, xenofobia, racismo e etnocentrismo em diversos lugares e a falta de suporte às travessias e a escassez de oportunidades dadas aos mesmos quando chegam aos países, tem sido a causa de muitas mortes e de miséria entre essas pessoas.
2. ASPECTOS HISTÓRICOS
A história síria foi marcada pela violência, e uma das causas disso se encontra no sectarismo religioso que interfere nas relações sociais e políticas do país. Localizada no Oriente Médio, a Síria é a segunda potência militar árabe, superada apenas pelo Egito. Seu território é dominado pelo Deserto Sírio e sua economia é baseada na agricultura e exploração de petróleo, principal produto de exportação. O país é governado por um regime autoritário. Na Antiguidade, a Síria compreendia os atuais Estados da Síria, Líbano, Israel e Jordânia, além de parcelas do Egito, Turquia e Iraque. Habitada inicialmente por povos de origem semita, sofre invasões de outros grupos étnicos, sendo dividida ou incorporada a diversos impérios.
Protagonista do conflito árabe-israelense, a Síria reivindica a devolução das Colinas de Golã, ocupadas por Israel desde a Guerra dos Seis Dias (1967). Em 1976, a Síria intervém na Guerra Civil do Líbano, patrocinando várias facções em luta. Para eliminar qualquer obstáculo à sua hegemonia no Líbano, o governo sírio articula uma facção dissidente da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) contra a liderança de Yasser Arafat (1929). Em 1983, após violentos combates, o chefe palestino e 4 mil seguidores deixam o Líbano. No plano interno, Assad comanda um regime autoritário. No o ano de 1982, como represália a atentados da Confraria Muçulmana, o governo desencadeia uma brutal repressão contra a cidade síria de Hamah, matando mais de 20 mil pessoas. Após o colapso da antiga União Soviética, Assad aproveita-se da Guerra do Golfo (1991) para se aproximar dos Estados Unidos, apoiando a investida norte-americana contra o Iraque. Em troca recebe o aval para impor ao Líbano a sua solução para a Guerra Civil.
Depois de governar por quase 30 anos, o ditador Hafiz al-Assad morre, em 2000 e é sucedido por seu filho Bachar. A Síria está entre os países acusados pelo governo dos Estados Unidos de patrocinar o terrorismo. Embora reprima grupos islâmicos radicais em seu território, o país apoia organizações anti-Israel no exterior, como as milícias do Hezbollah, baseadas no Líbano, país em que a Síria mantém 27 mil soldados.
3. OS MOTIVOS DA GUERRA CIVIL DA SÍRIA
A Síria vive em uma guerra civil sangrenta desde 2011. Contudo, lutas armadas naquela região não são novidades e seu início advém de um contexto histórico conflituoso muito antigo e sucessões de golpes de Estado desde a sua formação. Para entender os motivos da guerra, é necessário analisar separadamente e depois conjugar os aspectos históricos, econômicos, políticos e culturais da região.
No aspecto histórico, a região que corresponde ao território sírio sempre foi disputada pelos impérios da civilização ocidental e oriental. O Império Macedônico de Alexandre o Grande, o Império Romano Oriental, os Persas, o Império Turco-otomano e o Vaticano, através das Cruzadas Cristãs, são exemplos históricos de impérios que já disputaram e tomaram controle daquele território. Durante a Primeira Guerra Mundial, os aliados franceses e ingleses também voltaram seus olhos para aquela região, que pertencia ao inimigo comum, os turco-otomanos. Através de uma promessa de formação de um Estado Nacional para todos os árabes, chamado de “Gran Arabia”, franceses e ingleses conquistaram o apoio local que foi determinante para a vitória da Grande Guerra. Porém, tal promessa nunca se concretizou. De fato, através do acordo Sykes-Picot, a Arábia foi dividida em diversos Estados-Políticos para facilitar o controle pela França e pela Inglaterra da região. Esta divisão que desconsiderou os interesses dos povos árabes que habitam a região é o início dos motivos para os conflitos regionais.
No aspecto econômico, a região desperta interesse de outros países
por causa do petróleo e gás em abundância. Embora na Síria sejam poucos os poços de petróleo, é na costa Síria que o petróleo explorado no território iraquiano pode ser escoado para o ocidente. Este ponto de comunicação entre ocidente e oriente sempre foi disputadíssimo, concedendo diversas benesses econômicas para quem detiver o seu controle. Por isso, a região sempre sofreu pressão e interferência internacional, o que agrava a disputa interna da Síria.
No aspecto político, a Síria alcançou sua independência apenas após a Segunda Guerra Mundial, quando os franceses que detinham seu controle foram expulsos. Nos primeiros anos, houveram diversos golpes de Estado, até que o partido Baath alcançou o poder e estabeleceu a atual República Síria, uma ditadura laico-socialista comandada por um partido único. Porém, o poder estabelecido pelo partido Baath, liderados pela geração al-Assad (o pai e atualmente o filho), não veio sem custos políticos gravíssimos. A Síria permaneceu em estado de exceção desde 1961 até 2011, sendo vedado à oposição participar de eleições ou criar partidos políticos. Este regime autoritário verá sua legitimidade deteriorar a partir de 2005, quando movimentos sociais conhecidos como “a Primavera Árabe” são violentamente reprimidos pelo governo local, o que gerará a criação de uma oposição organizada por membros desertores do exército chamada de “Exército Livre da Síria”. Esta oposição armada quer derrubar o governo atual, criando mais um dos motivos da atual guerra síria.
No aspecto cultural, a Síria abriga em seu território diversas etnias que buscam alcançar a sua autodeterminação política, como os curdos. Além disso, a população da região possui uma forte religiosidade incompatível com o poder exercido pelo governo laico. Al-Assad, de família xiita, é o presidente de uma gigantesca maioria sunita, vertentes opostas do islamismo. A religião sempre foi fundamental nas aspirações dos povos sírios, de tal forma que radicais, desacreditados no governo, formaram o chamado Estado Islâmico, uma força que busca estabelecer um estado fundamentalista na região.
Portanto, devido a interferências históricas na formação do Estado Sírio, que não goza de uma identidade nacional autônoma, nascem os primeiros motivos de uma guerra civil. O aspecto econômico, de interesse internacional, fez com que o território fosse permanentemente ocupado por forças estrangeiras ou por elas influenciadas. Esta influência afetou a autodeterminação nacional, resultando em um Estado que não corresponde a uma Nação. Para unir este Estado, foi estabelecido um governo autoritário, contudo, repressão não cria legitimidade em longo prazo. Assim, a oposição se formou e cresceu a ponto de ser insustentável o governo atual, nascendo o conflito entre o “Exército Livre da Síria” e o governo. Contudo, não são estes os únicos ingredientes do conflito: há ainda povos que foram agrupados no mesmo território e que procuram independência como os curdos, além de um terceiro front, composto por radicais religiosos que veem na interferência governamental uma inaceitável afronta à sua religião.
Assim, a guerra civil na Síria vem da combinação da ausência de legitimidade do governo atual de al-Assad - apoiado pelos russos e chineses - contra a oposição do “Exército Livre da Síria” - apoiada pelos EUA e pelo ocidente em geral - e juntando os aspectos culturais da região que fazem surgir o ISIS, a terceira via desta luta.
4. GRUPOS RIVAIS
O Estado Islâmico conforma-se como um califado proclamado há poucos anos que afirma ter autoridade religiosa sobre todos os muçulmanos do mundo, apresentando como pretensão maior a tomada da maior parte das regiões do globo que apresentem maioria islâmica. Suas aspirações primordiais envolvem a tomada da região chamada de Levante, que inclui territórios da Jordânia, Israel, Palestina, Líbano, Chipre e Turquia. O modus operandi do grupo consiste basicamente em obrigar os indivíduos das áreas sob sua jurisdição se converterem ao islamismo, obedecendo as correntes sunitas – base do grupo – de interpretação da religião e sob a lei charia, que consubstancia o aparato normativo islâmico. Àqueles que se mostram contrários a isso restam poucas alternativas, sendo a maioria deles assassinados de maneiras atípicas e chocantes, envolvendo desde fuzilamentos até cordões de bomba, afogamento e crucificação. Diante disso, existe uma quantidade grande de grupos em combate ao EI, especialmente o Hezbollah, os peshmergas e as milícias cristãs.
	Primeiro deles, o Hezbollah, configura-se como um grupo de atuação paramilitar e política com orientação no fundamentalismo islâmico xiita – corrente que vai completamente de encontro ao que perpassa o Estado Islâmico -, visando combatê-lo especialmente pela discrepância na interpretação religiosa e pelos anseios sunitas em invadir e dominar o território libanês. O grupo atua em favor do governo sírio de Bashar al-Assad no combate aos terroristas do Estado Islâmico no afã de resguardar a fronteira entre Síria e Líbano, havendo variadas declarações do líder do movimento libanês, Hassan Nasrallah, convocando o mundo arábe a combater o EI:
“Hoje enfrentamo-nos a um tipo de perigo que não tem precedentes na história e que vai contra a própria humanidade. Trata-se não só de uma ameaça para a resistência no Líbano ou para as autoridades da Síria ou o Governo no Iraque ou um grupo no Iêmen. É um perigo para todos. Ninguém deve enterrar a cabeça na areia. Convidamos todo mundo no Líbano e na região a assumir a responsabilidade e fazer frente a este perigo e pôr fim ao silêncio, à vacilação e à neutralidade.”
	Em relação aos peshmerga, estes são os combatentes curdos, sediados especialmente no norte do Iraque, que tentam fazer alguma resistência ao avanço dos jihadistas sunitas também em direção ao Iraque. Estão organizados em torno das Unidades de Proteção Popular, já tendo recuperado diversas áreas da fronteira turco-síria, como por exemplo os entornos da cidade de Kobani. Sua atuação insistente também foi a responsável por fazer com que o EI abandonasse Sinyar, região próxima a Mosul, uma das cidades que foi palco de cerca de cinco mil assassinatos protagonizados pelo auto-proclamado califado, sem falar nas milhares de mulheres feitas de escravas sexuais e dos milhares de fugitivos que se deslocaram para as montanhas sem água ou alimento.
	Os peshmerga, “aqueles que encaram a morte”, conformam uma das forças mais temidas pelo Estado Islâmico pois suas tropas são formadas por voluntários, ou seja, indivíduos que tem como real anseio e objetivo de vida a derrocada dos sunitas do Estado Islâmico, que já é conhecido por ter em suas fileiras jovens estrangeiros ressentidos e convencidos a partir de uma propaganda utópico e manipuladora, o que fez com que o comando do grupo terrorista tenha emitido ordens constantes de abater de qualquer maneira os peshmergas. Atualmente vem recebendo algum apoio dos Estados Unidos, mas nada muito marcante, o que gera um temor dentro do governo do Iraque pois é sabido que os curdos desejam a independência e uma pátria, já que são o maior povo sem território do mundo todo.
	Finalmente, em relação às milícias cristãs, estas tem surgido desde que o Estado Islâmico se inclinou a atacar violentamente grupos cristãos principalmente no Iraque, exemplificando o ataque que se deu a uma aldeia perto de Mosul, em tempos de festa de Natal, em que o EI matou vários iraquianos cristãos, dando início ao surgimento da Brigada Babilônia ou Resistência Cristã Iraquiana, que hoje congrega cerca de 30 grupos e mais de 100 mil soldados também voluntários. Vale destacar curiosamente uma aliança pouco vista, já que dentre esses 30 grupos, a maior parte deles é muçulmano, sendo somente e Brigada Babilônia cristã.
	Atualmente estas milícias são patrocinadas pelo governo central iraquiano, chegando a receber mais de 1 bilhão de dólares ao ano, engajados no combate ao avanço do Estado Islâmico e disseminação da jihad sunita pelo mundo arábe. Segue uma entrevista
ao líder da Brigada, Babilônia, Rayan al-Kildani, que ilustra a vontade com que esses grupos combatem seu opositor:
“Quantos homens você tem?”, pergunta a reportagem da BBC.
Ele responde: “isso é um segredo militar”.
“Vocês têm centenas de homens ou milhares?”
“Muitos”.
“Armas?”
“Foguetes”, ele diz. “De tamanho médio. Isso é guerra. Você não pode lutar uma guerra com metralhadoras”.
“Então, vocês são uma milícia cristã”, diz a reportagem.
“O que o Estado Islâmico está fazendo com cristãos é terrível”, ele responde. “Eles são o demônio”.
“Sua milícia já combateu alguma vez?”
“Nós lutamos lado a lado com as milícias muçulmanas. Somos o primeiro poder cristão na história do Iraque”.
E continua: “Eu sei que a Bíblia diz que quando você recebe um tapa, você deve oferecer o outro lado da face. Mas nós temos forças de defesa muito boas agora. Ninguém vai fazer nenhum mal aos cristãos. Alguns tiveram suas casas tomadas. Eu fui pessoalmente a essas casas para dizer às pessoas que chegaram que deixassem as residências. O sofrimento cristão acabou”.
Um dos telefones dele toca. Ele olha para o número que está chamando, dá um grunhindo e entrega para alguém atender.
“E sobre o mandamento 'Não matarás'?”, a BBC pergunta.
“Nós temos que lutar, temos que nos defender. Jesus mesmo disse que se você não tem uma espada, você deve sair e comprar uma”.
“Ele disse isso mesmo?”, pergunta a reportagem.
“Está na Bíblia”, insiste Kildani.
“Em Mateus”, diz um homem. “Lucas”, afirma outro. “Mateus e Lucas”, eles dizem juntos. Kildani olha para um dos assistentes que está brincando com um joguinho no celular.
“Encontre”, ele ordena.
O jovem com o telefone anda até o repórter. Ele tem um verso em árabe na tela do celular.
É Lucas, capítulo 22, versículo 36: “Se você tem uma bolsa, pegue, e também uma mala; e se você não tem uma espada, venda o seu casaco e compre uma”.
5. OS REFUGIADOS SÍRIOS
O documentário inicia com a seguinte frase “A morte do meu filho serviu para abrir os olhos e os corações do mundo para o problema dos refugiados”. Um problema atual que tem tido uma repercussão muito grande pelo mundo após a morte do menino refugiado de 3 anos. A Guerra Civil Síria se tornou em um dos maios desastres da história e estima-se que mais de 6,6 milhões de civis sírios tenham se deslocado para outros países. 
A maioria dos refugiados Sírios estão saindo do país por causa da Guerra Civil, iniciada em março de 2011 com a Primavera Árabe. Rebeldes começaram a lutar contra o regime aliado a uma forte repressão ao governo. Alguns desertores do Exército Sírio, criaram o Exército Livre da Síria, uma forte disputa entre grupos étnicos e as divisões entre islâmicos e seculares, tornam a Síria um país impossível de viver. 
Cenário de completa destruição e guerras infindáveis. A todo momento a população vive com medo. Bombardeios frequentes e a história de toda uma nação que perdeu sua liberdade por motivos de guerra. Por esse motivo, os refugiados não têm muitas opções de fuga. De acordo com a Anistia Internacional, 95% dos refugiados sírios se concentram, devido à proximidade e por serem rotas fáceis e rápidas, nos países vizinhos: Turquia, Líbano, Jordânia, Iraque e Egito
De acordo com o Alto Comissariado da ONU para Refugiados, desde 2011 até o dia 3 de março de 2015 , 4.815.868 sírios deixaram o país tentando encontrar refúgio em países como o Egito, Iraque, Jordânia, Líbano e Turquia e 897.645 pediram asilo em 37 países da Europa. Porém, alguns países como Grécia, Áustria e Hungria, não têm sido muito receptivos. Os países europeus em que os sírios mais buscam refúgio são Sérvia, Alemanha, Suécia, Hungria, Austria, Holanda e Dinamarca. 
Além de toda a dificuldade vivida pelos refugiados Sírios em seu país, encontram outra barreira nessa caminhada em busca da paz: Alguns países da União Europeia e do Golfo Pérsico os têm rejeitado. Hungria, Polônia, República Tcheca e Eslováquia rejeitaram 160 mil refugiados no mês de novembro de 2015. Na Hungria, uma ONG afirma ter visto policiais húngaros jogando comida para o alto para alimentá-los. Não o suficiente, a Hungria está construindo uma barreira de 175 km para impedir a entrada de imigrantes. Mesmo árabes estrangeiros de qualificação média, de áreas como por exemplo educação e saúde, dificilmente conseguem visto para países como Kuwait e Arábia Saudita, que querem proteger os empregos de seus cidadãos. Há também, os países que se dispuseram a aceita-los. A Alemanha concedeu a maioria dos pedidos de asilo, seguida por Suécia e Itália.
Para conseguir asilo em outros países, precisam passar por um processo. Devem provar às autoridades que estão sendo perseguidos e correm risco de vida caso voltem ao seu país de origem, além de terem suas necessidades ponderadas caso a caso, individualmente. As autoridades podem outorgar o asilo em primeira instancia. Caso não aconteça, o requerente pode solicitar à justiça contra a decisão, com possibilidade de obter êxito. Os refugiados têm o direito à alimentação, a primeiros socorros, a serem abrigados em um centro de recepção e de trabalhar em até nove meses após sua chegada. 
Brasil acolhe mais sírios que países na rota europeia de refugiados. O Brasil concedeu status de refugiados a mais de dois mil sírios nos 4 últimos anos. Esse número excede o de alguns portos de destino na Europa e do que quase todos os países do continente americano, exceto pelo Canadá, que acolheram aproximadamente 2.500 no mesmo período.
Há uma norma na Europa, denominada “Regulação de Dublin”, a qual requere que refugiados solicitem por asilo no primeiro país ao qual chegarem. Porém, a Alemanha abriu uma ressalva, onde autorizam os refugiados sírios a se registrarem no país, independentemente de onde tenham adentrado na União Europeia. O que resultou em uma grande parte dos sírios a se dirigirem diretamente à Alemanha. 
Entretanto, essa atitude da Alemanha tem um motivo maior do que receber os refugiados. Isso se dá ao fato de que a população da Alemanha está decrescendo, aumentando o índice de idosos. Ou seja, haverá menos de dois alemães de até 65 anos para trabalhar e pagar impostos para cada alemão com mais de 65 anos. Evidentemente, a Alemanha precisa desses imigrantes para manter sua força de trabalho em alta. Economistas, em sua maioria, alegam que a Alemanha se favorecerá economicamente na recepção de refugiados.
 
6. CONSEQUÊNCIAS SOCIAIS
 É importante frisar, também, a parte do documentário que relata como a vida dos civis se tornou após o começo da guerra. O documentário ilustra o verdadeiro terror que se tornou a vida de qualquer pessoa que resida em Aleppo, seja esse homem, mulher ou até mesmo uma criança. 
O documentário consegue descrever como é o dia-a-dia dos habitantes da cidade, mostrando o constante medo da morte, a dor de perder seus entes queridos devido ao conflito, as condições precárias de higiene, pouco acesso a comida e recursos médicos. 
Esse também mostrou a rotina de um médico que se recusou a sair de sua casa e continua ajudando a população como podia, sendo que já foi alvejado somente por ter prestado socorro a um combatente “inimigo”. O mesmo já havia escavado um abrigo antibombas subterrâneo onde já salvará a vida de centenas de pessoas. Infelizmente, poucos dias depois das filmagens o mesmo foi morto.
As gravações registraram uma dualidade, algumas casas foram abandonadas com tudo dentro, os moradores levaram somente o que era extremamente necessário que poderia ser carregado e suas roupas do corpo; já outros, mesmo com as constantes troca de tiros, bombardeios e a ameaça de morte iminente se recusavam a abandonar a sua casa e o local onde nasceram e cresceram. 
Um dos pontos mais marcantes é a demonstração de uma escola improvisada para crianças pequenas, onde essas, apesar de tudo, demonstram interesse em aprender. Também foi gravado o casamento de um combatente e foi feito uma festa tradicional para celebrar a união. Esse é o ponto mais marcante de todo o documentário, foi capturado a esperança
das pessoas que com tudo de terrível em suas vidas ainda tentam forma famílias, ter uma vida o mais normal e feliz possível. 
7. LEI SOBRE OS REFUGIADOS
	É notória a triste realidade a qual enfrentam os refugiados do mundo todo, nesse caso em especial, os sírios. Tratados muitas vezes sem qualquer dignidade, sendo recusados por diversos países, principalmente europeus, eles escolhem cidades brasileiras para recomeçarem a vida. Essa escolha não é feita em vão. 
O Brasil apresenta uma Lei, a de número 9.474, de 22 de julho de 1997, na qual contém uma grande quantidade de artigos que versam sobre a situação dos refugiados ao chegarem no país. Essa lei é muito bem vista e tira grandes elogios, tendo em vista que expressa um grande cuidado e preocupação com essas pessoas.
	Nessa lei, logo no art 1º diz o seguinte: Será reconhecido como refugiado todo indivíduo que:
I - devido a fundados temores de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas encontre-se fora de seu país de nacionalidade e não possa ou não queira acolher-se à proteção de tal país;
II - não tendo nacionalidade e estando fora do país onde antes teve sua residência habitual, não possa ou não queira regressar a ele, em função das circunstâncias descritas no inciso anterior;
III - devido a grave e generalizada violação de direitos humanos, é obrigado a deixar seu país de nacionalidade para buscar refúgio em outro país.
	Visto isso, é nítido observar que há vários sentidos que se englobam no significado de refugiados, o que dá maiores chances para quem busca aqui o lugar para se viver, uma vez que comparado a outros países, a entrada no Brasil é considerada menos difícil. Porém, há uma série de requisitos que devem ser obedecidos. Logo quando são identificados, devem prestar informações a Polícia Federal, além de serem entrevistados por Oficiais da Conare (Comitê Nacional para Refugiados) e também serem acompanhados pelo Acnur, que é a agência das Nações Unidas para Refugiados.
De uma maneira geral, essa lei assegura uma série de garantias para esses refugiados, bem como direitos e deveres. A vinda dessas pessoas também ajuda na própria economia do país, o que é visto como algo muito positivo. Além da questão da entrada e do pedido de refúgio, a lei também versa sobre proibições de rechaço, deportação e à expulsão, regulando também a questão da extradição.
Na avaliação do órgão das Nações Unidas para refugiados no Brasil, a lei brasileira reflete bem a Convenção da ONU de 1951 que cuida do assunto. É, inclusive, considerada mais ampla que a própria convenção e se destaca por considerar a violação dos direitos humanos um fator que exclui os direitos ao refúgio. (PONTES, 2010).
	Por fim, é válido ressaltar que baseando-se também nas concepções das Nações Unidas a respeito desse assunto, o Brasil nega a entrada de pessoas que já tenham cometido crimes contra a paz e humanidade, bem como crimes hediondos ou de guerra, além daqueles que tenham ligação com o tráfico de drogas e os que tenham participado de atos terroristas.
8. ONU, REFUGIADOS E SÍRIA
O Direito Internacional tem se posicionado a respeito da Guerra Civil Síria, ainda que isso não seja o suficiente para solucionar a questão. As resoluções das Organizações Internacionais têm caráter de soft law, ou seja, são diretrizes recomendatórias que norteiam o posicionamento das nações frente a uma situação, não havendo sanção jurídica, mas sim político-econômica. Em alguns casos, temos normas internacionais de natureza ius cogens, que, explicada na “Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados” em seu artigo 53:
“A norma do ius cogens é aquela norma imperativa de Direito Internacional geral, aceita e reconhecida pela sociedade internacional em sua totalidade, como uma norma cuja derrogação é proibida e só pode sofrer modificação por meio de outra norma da mesma natureza. ”
Como exemplo de norma de caráter ius cogens, podemos citar a “Declaração Universal dos Direitos Humanos” da ONU de 1948. Ressaltando o segundo parágrafo do preâmbulo:
“Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da Humanidade e que o advento de um mundo em que os todos gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do ser humano comum”
Além disso, podemos também citar a “Conferência Mundial Contra o Racismo, Xenofobia e Intolerância Correlata” em Durban (31 de agosto a 8 de setembro de 2001). Por tanto, situações como a da Síria já são há muito tempo alvo de discussões e matéria de tratados internacionais que visam controlar e amenizar o problema. Contudo, como o Direito Internacional respeita a soberania das nações, por isso, não pode impor uma conduta específica para nenhum país, mas propõe acordos entres países signatários de apoio mútuo em casos de calamidade, visando remediar o problema.
No dia 11 de novembro de 2016, o Conselho de Segurança da ONU tentou aprovar uma resolução, proposta pela França e Espanha, para pôr fim imediato aos bombardeios na Síria em Aleppo. Contudo, não obteve sucesso, uma vez que tal condição não foi aprovada pela Rússia (envolvida na Guerra Síria e apoiadora de Bashar Al-Assad) e esta, por ser membra permanente do conselho da ONU, tem poder de veto.
Sendo assim, como tentativa de remediar causas como a Guerra Síria, foram firmados tratados acerca da condição dos refugiados, muitos dos quais o Brasil é signatário, como o Protocolo de 1967 e a Lei 9474/97 referente ao Estatuto dos Refugiados. Dessa maneira, busca-se regulamentar a condição de refugiado e oferecer a essas pessoas uma mínima condição de recomeço.
Estudo de Especialista da ONU desvincula o fluxo de refugiados ao terrorismo, e é importante desvincular essa imagem midiática da situação real. O Brasil é um dos países que mais acolhe refugiados: em 2014, foram por volta de 8.302 refugiados de 44 nacionalidades diferentes, dentre elas, sírios. Ainda assim, nenhum atentado terrorista foi registrado no Brasil. Como forma de incentivar a absorção dessas pessoas em território nacional, a Organização das Nações Unidas publicou a cartilha “Trabalhando com Refugiados”: um documento acessível e didático informando sobre condições de refugiados, mercado de trabalho e direitos trabalhistas dos mesmos.
Enfim, a cooperação mutua dos países ainda não é suficiente para resolver uma guerra multilateral, uma vez que existem os limites de soberania dos países, elementos culturais, religiosos e políticos que fomentam a guerra. Contudo, os tratados, trabalhos humanitários e as nações acolhedoras procuram oferecer um recomeço para essa população. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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