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* * Flávia Spitale Jacques Poggiali flaviaspitale@gmail.com * * O ensaio de tração pode ser usado para avaliar diversas propriedades mecânicas dos materiais que são importantes em projetos. Um ensaio de tração leva vários minutos para ser realizado e é um ensaio destrutivo, ou seja, a amostra é deformada até a ruptura. * * A tensão de engenharia é definida pela relação: σ = F (MPa = 106 N/m2; psi) A0 F = carga instantânea aplicada em uma direção perpendicular à área do corpo-de-prova. A0 = área da seção reta original antes da aplicação de qualquer carga. * * A deformação de engenharia é definida de acordo com a expressão: ε = li – l0 = ∆l (m/m; mm/mm; %) l0 l0 l0 = comprimento original antes de qualquer carga ser aplicada. li = comprimento instantâneo. ∆l = alongamento ou variação no comprimento a um dado instante, em referência ao comprimento original. * * * * Para a maioria dos metais que são submetidos a uma tensão de tração em níveis relativamente baixos, a tensão e a deformação são proporcionais entre si, de acordo com a relação: σ = E ε (LEI DE HOOKE) E = constante de proporcionalidade, módulo de elasticidade ou módulo de Young (GPa = 109 N/m2 = 103 MPa). * * Módulo de Elasticidade: - Metais: Entre 45 GPa (magnésio) e 407 GPa (tungstênio). - Cerâmicos: Entre 70 e 500 GPa. - Polímeros: Entre 0,007 e 4 GPa. * * Deformação elástica: processo de deformação no qual a tensão e a deformação são proporcionais. A inclinação desse segmento linear corresponde ao módulo de elasticidade E. Esse módulo corresponde à rigidez do material, ou seja, à resistência do material à deformação elástica. DEFORMAÇÃO TENSÃO CARGA DESCARGA COEFICIENTE ANGULAR = MÓDULO DE ELASTICIDADE * * Quanto maior o módulo de elasticidade, mais rígido será o material. A deformação elástica não é permanente, quando a carga aplicada é liberada, a peça retorna à sua forma original. DEFORMAÇÃO TENSÃO CARGA DESCARGA COEFICIENTE ANGULAR = MÓDULO DE ELASTICIDADE * * Em escala atômica, a deformação elástica macroscópica é manifestada na forma de pequenas alterações no espaçamento interatômico e na extensão das ligações interatômicas. Como consequência, a magnitude do módulo de elasticidade representa uma medida da resistência à separação exibida por átomos/íons/moléculas adjacentes, ou seja, as forças de ligação interatômicas. * * As diferenças nos valores para os módulos de elasticidade de metais, cerâmicos e polímeros são uma consequência direta dos diferentes tipos de ligações atômicas existentes nesses três tipos de materiais. O módulo de elasticidade tende a diminuir com o aumento da temperatura. * * 1) Um pedaço de cobre originalmente com 305 mm de comprimento é puxado em tração com uma tensão de 276 MPa. O módulo de elasticidade do cobre é de 110 GPa. Se a sua deformação é inteiramente elástica, qual será o alongamento resultante? * * σ = E ε (regime elástico) ε = li – l0 = ∆l l0 l0 σ = E ∆l l0 ∆l = σ l0 = (276 MPa) (305mm) = 0,77 mm E 110 x 103 MPa * * Existem alguns materiais (ferro fundido cinzento, concreto e muitos polímeros) para os quais essa porção elástica da curva tensão-deformação não é linear. Sendo assim, não é possível determinar o módulo de elasticidade através da Lei de Hooke. Para esse comportamento não-linear, utiliza-se normalmente um módulo tangencial ou um módulo secante. * * MÓDULO TANGENCIAL (EM σ2) MÓDULO SECANTE (ENTRE A ORIGEM E σ1) TENSÃO DEFORMAÇÃO * * O módulo tangencial é tomado como sendo a inclinação (coeficiente angular) da curva tensão-deformação em um nível de tensão específico. O módulo secante representa a inclinação (coeficiente angular) de uma secante tirada desde a origem até algum ponto específico sobre a curva. * * Quando uma tensão de tração é imposta sobre o material, um alongamento elástico e a sua deformação correspondente εz resultam na direção da tensão aplicada. A partir desse alongamento, contrações nas direções x e y aparecem perpendicular à tensão que é aplicada, de onde determina-se as deformações compressivas εx e εy. * * * * Se a tensão aplicada for uniaxial (direção z) e o material for isotrópico, então εx = εy. O coeficiente de Poisson, representado por ν, é definido como sendo a razão entre as deformações lateral e axial: ν = - εx = - εy εz εz * * O sinal negativo na equação serve para que o coeficiente de Poisson seja sempre positivo, uma vez que εx e εz terão sempre sinais opostos. Teoricamente, o coeficiente de Poisson para materiais isotrópicos deve ser de 1/4. O valor máximo para ν (ou aquele valor para o qual não existe qualquer alteração líquida de volume) é de 0,50. * * Para materiais isotrópicos, os módulos de cisalhamento e de elasticidade estão relacionados entre si com o coeficiente de Poisson através da expressão: E = 2G(1+ ν) Para a maioria dos metais, G equivale a aproximadamente 0,4E. * * 2) Uma tensão de tração deve ser aplicada ao longo do eixo do comprimento de um bastão cilíndrico de latão com diâmetro de 10 mm. O coeficiente de Poisson é de 0,34 para o latão e o módulo de elasticidade é de 97 GPa. Determinar a magnitude da carga necessária para produzir uma alteração de 2,5 x 10-3 mm no diâmetro do bastão se a deformação for puramente elástica. εz = li – l0 = ∆l l0 l0 εx = di – d0 = ∆d d0 d0 * * * * εx = di – d0 = ∆d = 2,5 x 10-3 mm = -2,5 x 10-4 d0 d0 10mm ν = - εx → εz = - εx = -(-2,5 x 10-4) =7,35 x 10-4 εz ν 0,34 σ = E εz = (97 x 103 MPa) (7,35 x 10-4) = 71,3 Mpa σ = F → F = σ A0 = σ (d0/2)2π A0 F = (71,3 x 106 N/m2)(10 x 10-3m / 2)2 π =5600 N * * Para a maioria dos materiais metálicos, o regime de deformação elástica persiste até deformações de aproximadamente 0,005. De uma perspectiva atômica, a deformação plástica corresponde à quebra de ligações com os átomos vizinhos originais e em seguida formação de novas ligações com novos átomos vizinhos. A deformação permanente em metais ocorre por meio do escorregamento, que envolve o movimento de discordâncias. * * LIMITE DE ESCOAMENTO SUPERIOR LIMITE DE ESCOAMENTO INFERIOR TENSÃO DEFORMAÇÃO DEFORMAÇÃO TENSÃO * * Limite de proporcionalidade: ponto de escoamento onde ocorre o afastamento inicial da linearidade na curva tensão-deformação (ponto P). Tensão limite de escoamento (σ1 OU σY ): uma linha paralela à porção elástica é construída a partir de uma pré-deformação específica, geralmente de 0,002. * * Para materiais que possuem a região elástica não-linear (ferro fundido cinzento, concreto), não é possível obter a tensão de escoamento a partir de uma pré-deformação. Sendo assim, a tensão limite de escoamento é definida como a tensão necessária para produzir uma determinada quantidade de deformação (por exemplo, ε = 0,005). * * Fenômeno do pico de escoamento descontínuo: alguns materiais possuem a transição elastoplástica bem definida, que ocorre de uma forma abrupta. Limite de escoamento superior: a deformação plástica tem seu início com uma diminuição real da deformação. Limite de escoamento inferior: a deformação que se segue flutua ligeiramente em torno de algum valor de tensão constante. Tensão limite de escoamento: tensão média associada ao limite de escoamento inferior. * * Limite de resistência à tração (LRT): é a tensão no ponto máximo da curva tensão-deformação de engenharia. O LRT corresponde à tensão máxima que pode ser suportada por uma estrutura que se encontra sob tração. Resistência à fratura: corresponde à tensão aplicada no momento em que ocorre a fratura. * * LRT TENSÃO DEFORMAÇÃO * * Quando a resistência de um metal é citada para fins de projeto, a tensão limite de escoamento é o parâmetro utilizado. * * 3) A partir do comportamento tensão-deformação em tração para um corpo-de-prova de latão mostrado na figura, determinar o seguinte: a) O módulo de elasticidade b) A tensão limite de escoamento a um nível de pré-deformação de 0,002. c) A carga máxima que pode ser suportada por um corpo-de-prova cilíndrico com um diâmetro original de 12,8 mm. d) A variação no comprimento de um corpo-de-prova que tinha originalmente 250mm de comprimento e que foi submetido a uma tensão de tração de 345 MPa. * * * * a) O módulo de elasticidade: σ = E ε E = ∆σ / ∆ε E = (σ2 – σ1) / (ε2 – ε1) E = (150 – 0) / (0,0016 – 0) E = 93.780 MPa = 93,8 GPa * * b) A tensão limite de escoamento a um nível de pré-deformação de 0,002. Interseção da linha que passa pela pré-deformação de 0,002 com a curva tensão-deformação. Tensão limite de escoamento = 250 MPa. * * c) A carga máxima que pode ser suportada por um corpo-de-prova cilíndrico com um diâmetro original de 12,8 mm. σ = F A0 F = σ A0 = σ (d0/2)2π F = (450 x 106 N/m2) (12,8 x 10-3 m /2)2π F = 57900 N * * d) A variação no comprimento de um corpo-de-prova que tinha originalmente 250mm de comprimento e que foi submetido a uma tensão de tração de 345 MPa. Ponto A da curva: deformação = 0,06 ε = ∆l l0 ∆l = ε l0 ∆l = (0,06) (250mm) = 15 mm * * Ductilidade: representa uma medida do grau de deformação plástica que foi suportado até o momento da fratura. Um material que experimenta um pequena ou nenhuma deformação plástica até o momento da fratura é chamado de frágil. * * DÚCTIL FRÁGIL TENSÃO DEFORMAÇÃO * * A ductilidade pode ser expressa quantitativamente como: - Alongamento percentual AL% = (lf – l0 ) x 100 l0 - Redução percentual da área (coeficiente percentual da fratura) RA% = (A0 – Af ) x 100 A0 * * Importância da ductilidade: - Fornece uma indicação ao projetista do grau segundo o qual uma estrutura irá se deformar de maneira plástica antes de sofrer uma fratura. - Especifica o grau de deformação permissível durante as operações de fabricação. Os materias frágeis geralmente possuem uma deformação de fratura inferior a aproximadamente 5%. * * Resiliência: é a capacidade de um material de absorver energia quando ele é deformado elasticamente e depois, com a remoção da carga, recuperar essa energia. Propriedade associada: módulo de resiliência Ur: representa a energia de deformação por unidade de volume exigida para tensionar um material desde um estado com ausência de carga até a sua tensão limite de escoamento. * * Módulo de resiliência: área sob a curva tensão-deformação de engenharia até o escoamento: Ur = ½ σy εy (J/m3, Pa) Ur = ½ σy (σy /E) = σy2 /2E DEFORMAÇÃO TENSÃO * * Tenacidade: termo mecânico usado em vários contextos, representa uma medida da habilidade de um material para absorver energia até sua fratura. É representada pela área sob a curva tensão-deformação até o ponto da fratura. Sua unidade é a mesma de resiliência (energia por unidade de volume do material). * * DÚCTIL DEFORMAÇÃO TENSÃO FRÁGIL * * DEFORMAÇÃO TENSÃO DESCARREGAMENTO REAPLICAÇÃO DA CARGA RECUPERAÇÃO DA DEFORMAÇÃO ELÁSTICA * * * * σV = F Ai σV = tensão verdadeira Ai = área da seção instantânea εV = ln li/l0 Se não ocorre alteração de volume durante a deformação (Ai li = A0 l0) até o surgimento do pescoço: σV = σ (1+ ε) εV = ln (1+ ε) * *
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