Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP MATERIAL PARA MONITORIA DE PARASITOLOGIA VETERINÁRIA NEMATÓIDES E PROTOZOÁRIOS DOSCENTE IAN TANCREDI DISCENTE QUELI RIBEIRO 2018 NEMATÓIDES FILO NEMATHELMINTOS CLASSE NEMATODA Características - Vermes de corpo cilíndrico. - Simetria bilateral. - Dupla camada de membranas. - Músculos lisos segmentados entre as membranas. - Pode apresentar cristas, espinhos ou asas (essas podem ser cefálicas, cervicais ou caudais). - Sistema digestivo completo (boca, vestíbulo oral, lábios, esôfago, faringe, intestino e ânus ou abertura anal). - Dimorfismo sexual (embora existam fêmeas partenogenéticas). Tipos De Bocas, Vestíbulos Orais e Lábios - Boca simples, com coroa franjada ou ainda com espinhos ou dentes (para hematófagos). - Vestíbulo oral simples, com lamelas ou com dentes. - Trilabiada, bilabiada ou com interlábios. Tipos De Esôfago -Simples ou filariforme. -Oxiuriforme (com bulbo posterior). -Rabditiforme (com istmo e bulbo). -Com bulbo anterior. -Com dois bulbos. -Com divertículo. Tipos De Intestino -Com abertura anal no final do corpo. -Com abertura anal no meio do corpo. Sistema Genital Feminino: É composto por dois ovários, dois ovidutos, um útero, uma vagina e uma vulva. Quanto ao tipo de útero podem ser: 1.Opistodelfas: útero voltado para a parte posterior do corpo. 2.Prodelfas: útero voltado para a parte anterior do corpo. 3.Anfidelfas: útero dividido, sendo que os ovários ficam um para cada lado do corpo. 4.Mesodelfas: útero faz uma volta, onde os ovários quase se tocam. Sistema Genital Masculino: É composto por dois testículos, dois canais deferentes, um canal ejaculador, dois espículos (que são estruturas quitinizadas para condução do sêmen à abertura genital e que podem ser simples, com ganchos ou ornamentados), um gubernáculo (que orienta os espículos durante a cópula) e 1 bolsa copuladora com raios bursais. Essa é dividida em troncos (para abraçar a fêmea): 1. Tronco ventral: dois troncos para cima. 2. Tronco lateral: três troncos para trás. 3. Tronco dorsal: três troncos para trás. Forma Infectante Para O Hospedeiro A maioria dos nematóides infecta por L3. Tipos De Ovos 1. Simples. 2. Operculado. 3. Bioperculado. 4. Larvado. A casca apresenta três camadas: 1. Membrana de fertilização: responsável pela secreção da casca. É a parte mais interna. 2. Membrana lipoídica 3. Membrana protéica: só aparece em alguns helmintos e esses ficam mais resistentes à condições ambientais ( ex: Ascarídeos). OBS: Os ovos podem ser encontrados em fezes, urina e expectoração brônquica. Tipos De Fêmeas 1.Ovovivíparas: Postura de ovos com embrião ou larva formada (na hora da postura). 2.Ovíparas: Postura de ovos no 1° estágio (sem segmentação). 3.Vivíparas: fêmeas fazem postura de larvas. OBS: A resistência da larva é devido a sua cutícula. Em cada muda ela perde a cutícula e ganha outra, a não ser na passagem de L2 para L3, pois aí a L3 retém a cutícula da L2 ficando com duas e se tornando assim mais resistente às condições do meio ambiente. Formas De Infecção -Picada de mosquito. -Ingestão de ovos. -Ingestão de larvas. -Ingestão do HI. -Infecção cutânea (penetração). O desenvolvimento de L3 a adulto pode ser de várias formas: Alguns ficam no tubo digestivo e ali se desenvolvem; alguns se desenvolvem fixados à mucosa; e outros vão a circulação indo se desenvolver nos órgãos. ORDEM RHABDITIDA SUPERFAMÍLIA RHABDITOIDEA FAMÍLIA STRONGYLOIDIDAE GÊNERO Strongyloides ESPÉCIE – Strongyloides sp. Significado : Strongy- redondo/ oides- forma HOSPEDEIRO DEFINITIVO: S. westeri: Eqüinos. S. ransomi: Suínos. S. papillosus: Bovinos. S. stercoralis: Homem, cão e gato. LOCAL: Intestino delgado CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: -Tamanho muito pequeno (♀ parasitas menores que 1 cm). -Fêmeas partenogenéticas, com boca trilabiada, sem cápsula bucal e com esôfago claviforme. -Ovário e útero anfidelfos (alças p/ lados diferentes) e no 2° quarto do corpo. -Larvas com esôfago filariforme, ocupando um terço do tamanho do corpo. -Aparecem ovos por todo o corpo da fêmea. -Ovo larvado com 50 a 60 micras. OBS: Só as fêmeas partenogenéticas são parasitas. Essas são triplóides e possuem esôfago filariforme. Machos são haplóides e fêmeas de vida livre são diplóides e produzem indivíduos triplóides. Esses possuem esôfago rabditiforme (ocupa ¼ do corpo) CICLO BIOLÓGICO: 1 - Homogômico ou direto: Em condições ambientais favoráveis a L1 vai a L2 e L3 dentro ou fora do ovo. O hospedeiro definitivo se contamina através da penetração das larvas L3 na pele e essas ganham as arteríolas, coração, pulmão e nos bronquíolos a L3 passa a L4 e vai aos brônquios, traquéia, laringe, onde são deglutidas caem no tubo digestivo e passam a L5 (larvas jovens) desenvolvendo-se as fêmeas partenogenéticas. Outra forma de infecção é através da ingestão de alimentos contaminados aonde a L3 chega ao tubo digestivo e no intestino rompe a parede, passa para a circulação e repete o ciclo. Também pode haver contaminação placentária. 2 - Heterogômico ou indireto: Em condições ambientais ideais a L1 segue o caminho que dará origem a L3 (forma infectante) ou origina formas não infectantes, ou seja, L1, L2, L3, L4 e L5 que amadurecem, vão a adultos de vida livre e copulam gerando formas parasitárias (fêmeas partenogenéticas). PPP- 15 à 25 dias IMP.MED.VET: Atingem exclusivamente animais jovens (primeiros meses de idade), podendo afetar fêmeas em lactação. A penetração das larvas na pele causa irritação, inflamação local e dermatite localizada (que pode ser purulenta), tudo depende do número de larvas e do local de penetração. A passagem pelo pulmão pode causar processos inflamatórios (pneumonia) e as formas adultas que estão nas vilosidades intestinais promovem a erosão destas provocando infecção e levando a enterite catarral, que apresenta muito catarro e muco. Pode gerar também aumento do peristaltismo intestinal provocando diarréia, má absorção alimentar, desidratação o que acarreta diminuição do desenvolvimento dos animais jovens. Em casos graves leva a morte do animal. Período pré-patente- 15- 25 dias. OBS: Utiliza-se para diagnóstico a técnica MACMASTER no caso de S. westeri, S.ransomi e S. papillosus. Já para diagnosticar S. stercoralis utiliza-se a técnica de BAERMAN que procura larvas, pois os ovos são postos num estágio mais avançado. ORDEM OXYURIDA SUPERFAMÍLIA OXYUROIDEA FAMÍLIA OXYURIDAE -Boca trilabiada. -Esôfago oxyuriforme ou rabditiforme. GÊNERO Oxyuris ESPÉCIE - Oxyuris equi HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Eqüinos. LOCAL: Intestino grosso CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: -Tamanho médio (♀ - 4 a 15 cm, ♂ - 0,9 a 1,2 cm). -Esôfago oxyuriforme, com istmo longo. -Cauda terminando em forma de chicote. -Fêmeas com muitos ovos por toda a extensão do corpo. -Macho com um espículo e asa caudal. -Ovos operculados, ovais e amarelados. CICLO BIOLÓGICO: A - Ovo com L3 é ingerido. B,C – Larva liberada no intestino. D – passa a L4 e L5 (adultos). E - Fêmea migra até o ânus onde deposita ovos na região perianal com uma substância cimentante. PPP = Quatro a cinco meses. Obs: Larvas podem eclodir e voltar ao intestino grosso – retroinfecção. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: As formas jovens são mais patogênicas, principalmente as L3 que penetram na mucosa levando à inflamações intestinais (enterite) seguidas de diarréia. A substância colocada com o ovo na região perianal provocaum prurido intenso e o animal se coça, se machucando e podendo perder pelo. ORDEM ASCARIDIDA (Apresentam papilas pré-cloacais, cloacais e pós-cloacais) SUPERFAMÍLIA ASCARIDOIDEA FAMÍLIA HETERAKIDAE GÊNERO Heterakis ESPÉCIE - Heterakis gallinarum HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Aves. H. PARATÊNICO (de transporte): Minhoca. LOCAL: Cecos. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: -Tamanho pequeno – 4 a 15 mm. -Boca trilabiada. -Esôfago bulbiforme. -Machos apresentam dois espículos de tamanhos diferentes, uma ventosa pré-cloacal e asa caudal na extremidade posterior. Também apresenta papilas pré- cloacais, cloacais e póscloacais. CICLO BIOLÓGICO: Ciclo direto, sem migração. No ceco, as fêmeas fazem a postura de ovos (com uma célula e casca espessa) e esses saem com as fezes para o meio ambiente. Ocorre o desenvolvimento de L1 dentro do ovo (passa a L2 e L3) e o HD se infecta ingerindo os ovos com a forma infectante (L3). No tubo digestivo da ave, que também pode ingerir minhocas que mantém larvas L3 em seus tecidos, a L3 é liberada e vai ao ceco. Uma parte das larvas penetra profundamente na mucosa cecal e outra fica nas criptas do epitélio cecal fazendo as mudas para L4 e L5 e depois passando a adultos. PPP = 4 semanas. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: As larvas podem causar espessamento de mucosa cecal causando pequenas inflamações. As larvas ao se alimentarem da mucosa podem ingerir e depois transmitir um protozoário chamado Histomonas meleagridis (ou ele entra na formação do ovo). É patogênico para perus jovens por isso não se recomenda criar perus em terrenos já utilizados por galinhas. FAMÍLIA ASCARIDIIDAE GÊNERO - Ascaridia ESPÉCIE: Ascaridia galli HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Aves. LOCAL: Intestino delgado. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: -Tamanho médio (♀ - 6 a 12 cm, ♂ -1 a 2 cm). -Esôfago claviforme. -Ovos semelhantes so de Heterakis. -Boca trilabiada. -Machos apresentam dois espículos de mesmo tamanho e uma ventosa pré-cloacal na extremidade posterior. Também apresenta papilas pré-cloacais, cloacais e pós-cloacais. -A cauda nos machos termina abruptamente. CICLO BIOLÓGICO: O ciclo evolutivo é direto (sem migração). A ave ingere o ovo com a L3 (estádio infectante). A L3 eclode no intestino delgado onde passam a L4 e adultos (Machos e fêmeas). Há a cópula e a fêmea faz a postura dos ovos que são levados ao meio ambiente com as fezes. No interior do ovo em condições de temperatura e umidade adequadas há a formação da L1, L2 e L3. IMP.MED.VET: É um dos helmintos mais comuns de aves. Um grande número de parasitas pode obstruir o intestino e causar a morte da ave. Geralmente é grave em animais jovens (até três meses de idade). SUPERFAMÍLIA ASCARIDOIDEA FAMÍLIA ASCARIDIDAE SUBFAMÍLIA ASCARIDINAE GÊNERO Ascaris CARACTERÍSTICAS: - São parasitos de animais jovens porque interferem no crescimento e no ganho de peso. - Os ovos têm casca muito espessa e isso os torna extremamente resistentes no solo. - O ovo não é atingido por desinfetantes. - A fêmea coloca até 20.000 ovos por dia. ESPÉCIE Ascaris lumbricoides HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Homem. LOCAL: Intestino delgado. GÊNERO Ascaris ESPÉCIE Ascaris suum HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Suínos. LOCAL: intestino delgado. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: -Tamanho grande (♀ - 20 a 40 cm,♂ -15 a 25 cm). -Vagina no terço anterior. -Fêmeas terminam em cauda romba e machos possuem 2 espículos. -Boca trilabiada. CICLO BIOLÓGICO: Os suínos se infectam ao ingerirem (E) o ovo com membrana dupla contendo L3, ou ao ingerir hospedeiros paratênicos (minhocas ou besouros) contendo a L3 que é liberada no tubo digestivo (intestino principalmente ceco). A L3 penetra na mucosa (F), por via linfática vai aos linfonodos e pela veia porta vai ao fígado (G), coração e pulmão (H) via circulação. A muda para L4 ocorre nos alvéolos, a larva (L4) vai à glote (I) é redeglutida e no intestino delgado elas se alojam fazendo o resto das suas mudas (L5) e se tornando adultos. As fêmeas fazem a postura e os ovos saem nas fezes (A). O ovo quando sai nas fezes não está larvado (B), mas para ser infectante precisa ocorrer a formação da L3 (Larva 3) no seu interior (C). PPP = 2 meses. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: As larvas podem causar pneumonia transitória (pulmão), anemia do leitão e manchas esbranquiçadas que condenam o fígado e que representam inflamação. Os vermes adultos podem levar a obstrução intestinal e icterícia, o que também pode levar a condenação da carcaça. Há importância em suínos jovens pois leva a diminuição no ganho de peso levando a um prolongamento no período de engorda. GÊNERO Parascaris ESPÉCIE Parascaris equorum HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Eqüinos. LOCAL: Intestino delgado. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: -Tamanho grande – (♀ - 20 a 50 cm,♂ -15 a 28 cm). -Machos possuem asa caudal. -Boca trilabiada com interlábios. PPP: Um a três meses. CICLO: Semelhante ao do Ascaris suum. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: Pode ocasionar cólica e obstrução no intestino delgado de potros. GÊNERO Neoascaris (Toxocara) ESPÉCIE - Neoascaris vitulorum HOSPEDEIRO DEFINITIVO – Bovídeos. LOCAL – Intestino delgado. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: -Tamanho grande – (♀ - 22 a 30 cm,♂ -15 a 26 cm). -Cor esbranquiçada. -Cabeça mais estreita que o corpo. -Boca trilabiada. -Ovos com 60 a 100 μm. CICLO – Semelhante ao do Ascaris. SUBFAMÍLIA TOXOCARINAE GÊNERO Toxocara ESPÉCIE - Toxocara canis HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Cães. LOCAL: intestino delgado. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: -Tamanho médio (♀ - 9 a 18 cm,♂ - 4 a 10 cm). -Esôfago claviforme. -Boca trilabiada. -Asa cervical longa e estreita. -Apresentam ventrículo esofagiano. -Macho tem uma projeção digitiforme na cauda. ESPÉCIE - Toxocara cati HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Gatos. LOCAL: Intestino delgado. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: -Tamanho médio (♀ - 4 a 12 cm,♂ - 3 a 7 cm). -Esôfago claviforme. -Boca trilabiada. -Asa cervical larga e curta. -Apresentam ventrículo esofagiano. GÊNERO Toxascaris ESPÉCIE - Toxascaris leonina HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Felinos e caninos. LOCAL: Intestino delgado. CARACTERÍSTICAS: -Tamanho médio – (♀ - 2 a 10 cm,♂ - 2 a 7 cm). -Esôfago claviforme. -Boca trilabiada. -Asa cervical. -Não apresentam ventrículo esofagiano. PPP = Quatro a cinco semanas. CICLO BIOLÓGICO GERAL DE TOXOCARINAE: As fêmeas fazem a postura dos ovos que saem nas fezes e forma-se a L1, L2 e L3 dentro do ovo. O HD se infecta de 4 maneiras: 1) Via oral - o hospedeiro definitivo ingere o ovo com a forma infectante, que é liberada no tubo digestivo e penetra na mucosa do intestino delgado e pela circulação porta vai ao fígado, depois coração e alvéolos pulmonares, onde faz a muda para L4, chega a glote sendo deglutida e indo novamente ao intestino, onde muda para L5 e torna-se adulta. Esse é o ciclo de Loss (ou hepatotraqueal) que ocorre em cães jovens (até três meses), pois em cães adultos as larvas chegam ao pulmão como L3 e pegam a circulação de retorno para o coração e são bombeadas pela aorta para diferentes partes do corpo onde mantêm-se ativas por anos. Imagem ciclo 2) Via transplacentária - Em fêmeas gestantes as larvas passam pelo sangue arterial podendo contaminar o feto. Se a cadela contaminar-se antes da gestação e possuir as larvas na musculatura, em função das alterações hormonais elas podem ser reativadas e contaminar o feto. É a forma de contaminação mais importante nos cães, mas em gatos não ocorre. 3) Via transmamária - As fêmeas passam as larvas aos filhotes através do leite. Não há migração pulmonar no filhotepor essa via. Via hospedeiros paratênicos - Pode haver contaminação através da ingestão de roedores e aves (no caso de cães) e outros animais (no caso de gatos). IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: A ingestão do ovo com a L3, no caso de Toxocara, pelo homem faz com que essa larva passe pelo fígado e desencadeie reações de corpo estranho, podendo causar lesões hepáticas conhecidas como larvas migrans visceral. Em cães a infecção pode levar à pneumonia, enterite mucóide e até oclusão parcial ou completa do intestino, e nos casos mais raros, perfuração com peritonite. ORDEM STRONGYLIDA SUPERFAMÍLIA STRONGYLOIDEA -Macho com bolsa copuladora que se movimenta para auxiliar o movimento da cópula. -Ovos de casca dupla e fina com várias células no seu interior (ovo morulado). FAMÍLIA STRONGYLIDAE CARACTERÍSTICAS: -Presença de cápsula bucal. -Presença de esôfago claviforme. SUBFAMÍLIA STRONGYLINAE -Cápsula bucal com formato subglobular. -Adultos hematófagos. GÊNERO Strongylus ESPÉCIE: Strongylus vulgaris HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Eqüinos. LOCAL: Intestino grosso. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: • Tamanho de pequeno a médio (♀ - 2 a 2,5 cm, ♂ - 1 a 1,6 cm). • Adultos hematófagos. • Cápsula bucal grande, com coroa franjada, apresentando dois dentes arredondados e um ducto da glândula esofagiana. • Esôfago claviforme. • Machos com bolsa copuladora e 2 espículos de tamanho médio. • Fêmeas terminando afiladamente. CICLO BIOLÓGICO: O hospedeiro definitivo ingere a L3 nas pastagens ou na água contaminada. No intestino delgado a larva perde a bainha de proteção e vai ao intestino grosso penetrar na mucosa (pode penetrar no delgado mesmo). Vai então à íntima da artéria mesentérica e atravessa a art. mesentérica anterior (cranial) fazendo aí as mudas para L4 e L5 e formando nódulos e lesões chamadas de arterite. Quando a L5 se desprende, atravessa a parede do ceco/cólon caindo na luz intestinal. Nesse local ocorre a diferenciação sexual (machos e fêmeas). Após a cópula as fêmeas colocam os ovos que saem nas fezes e se desenvolvem no meio ambiente. PPP = Seis a sete meses. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: É a espécie mais patogênica para eqüinos, porque os nódulos formados na artéria mesentérica anterior são responsáveis por tromboembolias que levam a cólicas, o que pode até matar o animal por hemorragia interna pelo rompimento da artéria. ESPÉCIE: Strongylus equinus HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Eqüinos. LOCAL: Intestino grosso. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: -Tamanho de pequeno à médio (♀ - 3,5 a 5,5 cm, ♂ - 2,5 a 3,6 cm). -Adultos hematófagos. -Cápsula bucal grande, com coroa franjada e apresentando três dentes pontiagudos (sendo um deles com ponta bífida) e um ducto da glândula esofagiana. -Esôfago claviforme. -Ovos medindo 98 μm de comprimento. CICLO BIOLÓGICO: O hospedeiro definitivo ingere a L3 nas pastagens ou na água contaminada. No intestino delgado a larva perde a bainha de proteção e vai ao intestino grosso penetrar na mucosa (pode penetrar no delgado mesmo). Atinge então a subserosa formando nódulos e após 11 dias atinge a cavidade peritonial (já como L4) e migra para o fígado onde provoca lesões. Após ± 3 meses, vai ao intestino grosso como L5 e aí amadurece virando adulto com 260 dias. Após a postura os ovos saem nas fezes e se desenvolvem em meio ambiente. PPP = 9 meses. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: Dependendo da quantidade de L3 ingerida o animal pode apresentar emagrecimento, dor, cólica devido a função hepática ou pancreática estar anormal. ESPÉCIE - Strongylus edentatus HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Eqüinos. LOCAL: Intestino grosso. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: -Tamanho de pequeno a médio (♀ - 3,3 a 4,4 cm, ♂ - 2,3 a 2,8 cm). -Adultos hematófagos. -Cápsula bucal grande, com coroa franjada, um ducto da glândula esofagiana e sem apresentar dentes. -Esôfago claviforme CICLO BIOLÓGICO: O Hospedeiro definitivo ingere a L3 nas pastagens ou na água contaminada. No intestino delgado a larva perde a bainha de proteção e vai ao intestino grosso penetrar na mucosa (pode penetrar no delgado mesmo). Vai assim pela circulação porta ao fígado (após 11 a 18 dias) e depois de 9 semanas migram pelo ligamento hepático formando nódulos, nesse local fazem mudas para L4 e L5. Vão então à cavidade peritonial, penetram na mucosa do ceco e cólon onde aparecem nódulos hemorrágicos e após 3 a 5 meses já estão no lúmem para que haja cópula, postura e liberação dos ovos nas fezes com posterior desenvolvimento desses no meio ambiente. PPP = Três a cinco meses. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: Dependendo da quantidade de L3 ingerida o animal pode apresentar emagrecimento, dor, cólica ocasionados pela função hepática anormal e pelos nódulos no ceco/cólon. FAMÍLIA TRICHOSTRONGYLIDAE CARACTERÍSTICAS: - Nematódeos delgados e pequenos. - Cápsula bucal pequena ou ausente. - Macho com bolsa copuladora bem desenvolvida. - Espículos curtos e grossos. - Ciclo monoxeno. - Infecção passiva por L3. GÊNERO Trichostrongylus CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: -Pequenos e delgados (0,2 a 0,8 cm). -Sem cápsula bucal. -Poro excretor situado normalmente em uma fenda visível na extremidade anterior. -Sem papilas cervicais. -Machos apresentam espículos fortes e gubernáculo. PPP - 15 a 23 dias. ESPÉCIE - Trichostrongylus axei HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Eqüinos. LOCAL: Estômago (eqüinos). CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: -Tamanho muito pequeno – (♀ - 0,3 a 0,8 cm, ♂- 0,2 a 0,6 cm). -Extremidade anterior afilada sem cápsula bucal. -Sem papilas cervicais. -Poro excretor situado normalmente em uma fenda visível na extremidade anterior. -Machos com bolsa copuladora bem desenvolvida e 2 espículos desiguais, com forma e tamanhos diferentes. Um dos espículos é grosso e o outro fino. -Presença de gubernáculo. -Raio dorsal no meio da bolsa. ESPÉCIE - Trichostrongylus colubriformis HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Ovinos, caprinos e bovinos. LOCAL: Intestino delgado CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: -Tamanho muito pequeno (♀ - 0,5 a 0,8 cm, ♂ - 0,4 a 0,7 cm). -Extremidade anterior afilada sem cápsula bucal. -Poro excretor situado normalmente em uma fenda visível na extremidade anterior. -Sem papilas cervicais. -Machos com bolsa copuladora bem desenvolvida e 2 espículos de forma e tamanhos iguais. -Presença de gubernáculo. -Raio dorsal no meio da bolsa. GÊNERO Haemonchus CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: -Maior que os outros da família – ♂ - 0,1 a 1,2 cm e ♀- 1,8 a 3,0 cm. -Cápsula bucal pequena com um fino dente ou lanceta. -Com duas papilas cervicais. -Machos com lobo dorsal pequeno e assimétrico. PPP - 26 a 28 dias. ESPÉCIE - Haemonchus contortus – Ovina. H. placei – Bovinos. HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Ruminantes LOCAL: Abomaso CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: -Extremidade anterior afilada e com pequena cápsula bucal. -Presença de duas papilas cervicais proeminentes e espiniformes. -Machos com bolsa copuladora com raio dorsal em posição assimétrica e em forma de forquilha (y). -Espículos de ponta fina e presença de gubernáculo. -As fêmeas apresentam um apêndice na região vulvar, que pode ser linguiforme (grande e proeminente ou pequeno em forma de botão). ESPÉCIE - Haemonchus similis HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Ruminantes. LOCAL: Abomaso CARACTERÍSTICAS: -Presença de duas papilas cervicais. -Machos com bolsa copuladora com raio dorsal em posição assimétrica e em forma de taça (arqueado). -Espículos de ponta fina e presença de gubernáculo. -As fêmeas apresentam um apêndice na região vulvar, que pode ser linguiforme ou em forma de botão. SINAIS CLÍNICOS: 1) Haemoncose hiperaguda: É pouco comum, mas pode ocorrer em animaissusceptíveis expostos a infecção maciça repentina. A enorme quantidade de parasitos provoca anemia, fezes de cor escura e morte súbita, devida a uma aguda perda de sangue. Há uma gastrite hemorrágica intensa. 2) Haemoncose aguda: Ocorre principalmente em animais jovens susceptíveis com infecções intensas. A anemia pode ocorrer rapidamente, mas há resposta eritropoiética da medula óssea. A anemia vem acompanhada dahipoproteinemia e edema (papada) e produz a morte. 3) Haemoncose crônica: Muito comum e de importância econômica. A enfermidade se produz por uma infecção crônica com um número baixo de parasitos (100 - 1000). A morbidade é de 100% mas a mortalidade é baixa. A anemia e hipoproteinemia podem ser graves dependendo da capacidade eritropoiética do animal e de suas reservas metabólicas nutricionais. * OBS: Na necropsia o animal tem mucosas e pele pálidas, hidrotórax, ascite e caquexia. OBS: A hipobiose é um fenômeno caracterizado pela inibição ou retenção do desenvolvimento e serve para sincronizar o desenvolvimento do parasito com as condições do hospedeiro e do ambiente. Alguns trichostrongilídeos são capazes de fazer hipobiose, assim como D. viviparus e D. filaria. Os principais fatores que estimulam esta hipobiose são temperatura, nutrição e também resistência. SUPERFAMÍLIA FILARIOIDEA CARACTERÍSTICAS: -Importante para pequenos animais. -Esôfago com duas regiões: uma muscular e outra glandular. -Corpo alongado. -Machos menores que as fêmeas. -Espículos desiguais e de tamanhos diferentes. -Fêmeas larvíparas (microfilárias no sangue). -Ciclo indireto (necessitam de hospedeiro intermediário). FAMÍLIA FILARIIDAE SUBFAMÍLIA DIROFILARINAE GÊNERO Dirofilaria ESPÉCIE - Dirofilaria immitis HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Cães HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Mosquitos Culicidae. LOCAL: Coração direito e artéria pulmonar CARACTERÍSTICAS: -Tamanho médio (macho – 12 a 16 cm e fêmea- 25 a 30 cm). -Extremidade anterior simples. -Machos menores que as fêmeas. -Extremidade posterior da fêmea simples. -Macho com extremidade posterior espiralada, um espículo grande e outro pequeno e papilas pré e pós-cloacais. CICLO BIOLÓGICO: As fêmeas fazem a postura das microfilárias (L1) na circulação. A L1 vai à circulação periférica, onde o mosquito a ingere ao fazer o repasto sanguíneo. No estômago do mosquito a larva penetra na mucosa estomacal e depois de 24hs vai aos túbulos de Malpighi. Depois de 5 dias ocorre a muda para L2 e depois de mais 10 dias, para L3. Essa vai à cabeça do mosquito e se instala no aparelho bucal, aproveitando o repasto sanguíneo do mosquito para infectar o cão. A larva vai então ao tecido subcutâneo, sofre muda para L4 e L5 e depois migra pela circulação periférica até o coração, onde fica adulta (no ventrículo direito ou na artéria pulmonar). OBS: É possível infecção transplacentária. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: A patogenia é grande, em altas infecções pode ocorrer obstrução do ventrículo direito e da artéria pulmonar levando a trombos sanguíneos nos vasos o que gera falta de oxigenação nos órgãos vitais. Pode atingir ainda o pulmão causando deficiência respiratória e até pneumonia. Ocorre perda gradativa de condição e intolerância a exercícios e o animal apresenta uma tosse crônica branda no final da doença. Pode ocasionar ascite. OBS: Poucos casos em gatos. DIAGNOSTICO: Pesquisa de microfilárias na circulação através de esfregaço sanguíneo, técnica da gota espessa, técnica de Knott e exames de imunodiagnóstico. ORDEM ENOPLIDA SUPERFAMÍLIA DIOCTOPHYMATOIDEA -Extremidade anterior simples e mais afilada que a posterior. -Esôfago com duas porções (a primeira simples e a segunda formada por várias células). -Ciclo direto. ORDEM ENOPLIDA FAMÍLIA TRICHURIDAE SUBFAMÍLIA TRICHURIÍNAE GÊNERO Trichuris ESPÉCIE -Trichuris sp. HOSPEDEIRO DEFINITIVO: -T. suis- suíno -T. vulpis- cão -T. discolor- bovino e bubalino T. ovis- ovino -T. trichuria- homem LOCAL: Ceco. CARACTERÍSTICAS: -Tamanho pequeno à médio (♀ - 3 a 7 cm, ♂ - 2 a 4 cm). -Extremidade anterior simples e mais afilada que a posterior. -Esôfago com 2 porções: a primeira simples e outra formando várias células. -Fêmeas têm extremidade posterior simples e são ovíparas (ovos bioperculados e espalhados no ovário). -Machos têm apenas 1 espículo e este é envolvido por uma bainha dando aspecto de prepúcio. CICLO BIOLÓGICO GERAL: Os ovos saem nas fezes e no meio ambiente passam a ovos larvados (L1). O ovo é ingerido diretamente pelo hospedeiro definitivo e a L1 é liberada no intestino delgado onde penetra na mucosa cecal.(ou pode penetrar nas vilosidades do intestino delgado) Quando adultos saem da mucosa e permanecem na luz intestinal indo se instalar no ceco. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: Em grandes infestações leva à lesão da mucosa cecal gerando gastroenterite nos cães. A lesão abre portas para infecção secundária (gastrenterite infecciosa) podendo ficar conjugado problema infeccioso e parasitário. A maioria das infecções é leve e assintomática. PROTOZOÁRIOS FILO PROTOZOA CARACTERÍSTICAS: - Unicelulares, eucariontes (com membrana nuclear). - Com organelas adaptadas ao parasitismo como flagelo, cílios e pseudópodes. - Membrana lipoprotéica para limitar as trocas (permeabilidade), que pode ser fina ou grossa. - Uninucleados, sendo que o período que precede a divisão pode ter vários núcleos. - Presença de organelas estáticas, como por exemplo, a membrana cística. Flagelo: Organela que se origina do cinetoplasto (extremidade anterior) e ao se dirigir para a cauda carrega uma membrana, formando a membrana ondulante. Ele precisa de muita energia e aparece na classe dos Trypanosoma. Cílios: Dão pouco impulso ao parasito mas, atuam beneficamente compondo a flora intestinal de ruminantes. Pseudópodes: São prolongamentos citoplasmáticos encontrados em amebas. Geralmente emitem apenas um e o corpo acompanha. Reprodução dos protozoários I - Sexuada (Gametogonia ou Esporogonia): Ocorre troca de material genético 1.Cópula- União do macho com a fêmea. 2.Conjugação- fusão entre célula fêmea e macho dando origem à célula filha. O macho (microgameta) geralmente é menor que a fêmea (macrogameta), mas as células filhas são todas iguais (isogametas). II - Assexuada: célula mãe origina célula filha 1. Divisão binária - Núcleo se divide igualmente dando origem a duas células idênticas à mãe. Ex: Trypanosoma e Amebas 2. Divisão binária sucessiva ou divisão múltipla - É o caso das amebas. 3. Brotação - Brotamento de novas células dentro da célula mãe, a qual é bem maior no inicio. 4. Endodiogenia - Dentro da célula mãe ocorre a formação das células filhas (núcleo e citoplasma) e só depois se rompe a membrana citoplasmática da mãe. 5. Esquizogonia - Esquizonte (célula que sofrerá esquizogonia) se divide sucessivamente e ocorre formação de milhões de merozoítas (núcleo que vai originar um indivíduo) OBS: Os protozoários podem apresentar dois tipos de reprodução juntos. NUTRIÇÃO DOS PROTOZOÁRIOS I-HOLOZÓICA Nutrem-se de matéria orgânica já elaborada. Envolve a captura, ingestão, assimilação e eliminação das porções não digeridas. Protozoário tira a substância do hospedeiro, digere e joga fora. Ocorre na maior parte dos protozoários. Ex.: Amebas, Plasmodium (utilizasse de parte da hemoglobina para se nutrir). II- HOLOFÍTICA Protozoários sintetizam seu material nutricional usando raios solares como fonte de energia. Não tem importância veterinária. Ex.: fitoflagelados. III- SAPROZÓICA Utilizam a matéria orgânica e inorgânica dissolvida em líquidos. São osmotróficos (absorvem substâncias digeridas da célula ou do tecido do hospedeiro) Ex.: Trypanosoma.RESPIRAÇÃO DOS PROTOZOÁRIOS I- Aeróbica- Vivem em meio rico em oxigênio . II - Anaeróbica- Vivem em meio onde não há muito oxigênio. TIPOS DE PARASITAS I - Monoxeno: Só um hospedeiro. Ex: Entamoeba, Giardia,Tritrichomonas. II- Heteroxeno: Precisa de mais de um hospedeiro para completar o ciclo. Ex: Plasmodium, Babesia, Trypanosoma. DIVISÃO DO FILO PROTOZOA TRÊS SUBFILOS: I-Subfilo Sarcomastigophora: Possui duas classes: a) Classe Mastigophora (locomoção por flagelos)- Trypanosoma, Tritrichomonas, Leishmania, Giardia, Histomonas. b) Classe Sarcodina (locomoção por pseudópodes) – Amebas. II- SubFilo Apicomplexa ou Sporozoa: 2classes: a)Classe Sporoasida ou Coccidia-Coccídeos: Toxoplasma, Cryptosporidium, Eimeria,Sarcocystis. b)Classe Piroplasmasida – Babesia III- SubFilo Ciliophora: a)Ciliados (sem muita importância). FILO PROTOZOA I -SUBFILO SARCOMASTIGOPHORA Nesse Subfilo estão compreendidos os protozoários que possuem organelas para sua locomoção como: flagelos, pseudópodes ou ambos. CARACTERÍSTICAS: - Normalmente não intracelulares. - Possuem organelas de locomoção como flagelos e pseudópodes. GÊNERO Tritrichomonas ESPÉCIE Tritrichomonas foetus. HOSPEDEIROS: Bovinos. LOCAL: Prepúcio dos machos e vagina das fêmeas. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - Trofozoíta com formato piriforme. - Sem simetria bilateral. - Presença de quatro flagelos, sendo três curtos e um que vai à extremidade posterior carregando parte da membrana plasmática e formando assim a membrana ondulante. - Possui um axóstilo no centro do corpo. - Possui um núcleo deslocado. - Possui um citóstoma, que é uma vesícula alongada por onde o parasito se alimenta. CICLO BIOLÓGICO: A transmissão é puramente mecânica e se dá através do coito, por isso esse protozoário não apresenta forma cística, pois não necessita de resistência no meio ambiente. O macho uma vez infectado passa a ser o agente transmissor. Pode ocorrer contaminação por fômites e inseminação artificial. As vacas por sua vez adquirem resistência com o tempo, podendo dar origem a terneiros sãos por inseminação artificial (para não contaminar os touros). IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: Leva ao aborto precoce nas vacas (pouco detectado devido ao pequeno tamanho do feto) ou absorção fetal. Esse protozoário pode ainda invadir o útero atacando as membranas fetais e causando a Trichomonose genital das vacas. Permite o aparecimento de infecções oportunistas, principalmente se ocorrer retenção de placenta. O macho não apresenta sintomatologia, mas passa o parasito para outras vacas através do coito, sendo inviabilizado para reprodução (o tratamento no macho não é seguro). DIAGNÓSTICO: Lavagem do trato reprodutivo com soro fisiológico e observação do conteúdo em microscópio. Cultura do material. PROFILAXIA: Retirar o touro do plantel, dar descanso sexual para as fêmeas (três a quatro meses, pois a mudança de pH durante o cio mata o parasito) e utilizar touro negativo e sêmen de boa procedência. OBS: T. vaginalis - Aparece nas mulheres. É favorecido pela baixa de pH (quando a mulher passa da puberdade). Fazer exames ginecológicos periodicamente. T. gengivalis - Aparece em pessoas que têm muita cárie e tártaro, pois o protozoário digere restos alimentares e bactérias. Fazer revisão periódica dos dentes. T. intestinalis - Há baixa patogenicidade no homem. Aparece no esôfago de pombos. II - ORDEM DIPLOMONADIDA FAMÍLIA HEXAMITIDAE A forma trofozoíta apresenta simetria bilateral e seis a oito flagelos. GÊNERO Giardia ESPÉCIE Giardia lamblia = intestinalis HOSPEDEIROS: Homem, cão, caprinos, bovinos. LOCAL: Intestino. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - Trofozoíta com formato piriforme. - Possui dois núcleos. - Possui vários flagelos (seis a oito). - Possui dois axóstilos. - Possui discos suctórios (ventosas) que mantém o parasito na mucosa para que ele se alimente. - Apresenta forma cística alongada com quatro núcleos. - Com simetria bilateral. TRANSMISSÃO: Ingestão de cistos contidos nos alimentos e água. Os cistos são viáveis por até duas semanas no ambiente. FORMAS EVOLUTIVAS: Cisto e trofozoíto. CICLO BIOLÓGICO: A contaminação se dá através da ingestão de alimentos ou água contaminados com a forma cística. No intestino ocorre a liberação dos trofozoítos que se multiplicam por fissão binária, algumas formas se encistam na mucosa do intestino e evoluem até cisto que é eliminado com as fezes e que resistem às condições adversas do ambiente. O cisto no duodeno após fissão binária dá origem a dois trofozoítos. Os trofozoítos fixam-se nas células do intestino, se encistam, amadurecem e, após, os cistos são eliminados para a luz do intestino por onde vão ao meio exterior com as fezes. IMP. EM HIGIENE E SAÚDE PÚBLICA: Leva a casos de cólica e diarréia. PROFILAXIA: Limpeza do ambiente, lavar bem os alimentos e só beber água filtrada. III- ORDEM RHIZOMASTIGINA FAMÍLIA MASTIGAMOEBIDAE GÊNERO Histomonas. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: Organismos amebóides e uninucleados. Seu único flagelo nasce de um grânulo basal próximo ao núcleo. ESPÉCIE Histomonas meleagridis. HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Galinhas e perus. Pode aparecer em codornas, pintos e faisão. HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Heterakis gallinarum. LOCAL: Mucosa de ceco e no fígado de perus. TRANSMISSÃO: A ave contamina-se por Ingestão de ovos de Heterakis gallinarum (parasita dos cecos das aves) contendo o Histomonas no seu interior. ESTÁGIOS: Trofozoíto. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS (EM CORTE HISTOLÓGICO DE CECO OU FÍGADO): - Trofozoíta arredondado com núcleo basófilo (roxo) e citoplasma negativo (branco). - Flagelo não visível. - Presença de eosinófilos (rosa). CICLO BIOLÓGICO: O verme Heterakis gallinarum ao se alimentar da mucosa do ceco das aves se infecta com o protozoário. Quando é feita a postura de ovos de Heterakis para o meio ambiente, esses já possuem no seu interior os trofozoítos de Histomonas. As aves ao se alimentarem podem ingerir ovos embrionados desse verme (Heterakis) e quando a sua larva eclode e se fixa no intestino, os parasitas (Histomonas) liberam-se e penetram na mucosa do intestino onde se reproduzem por fissão binária. Alguns trofozoítas migram para o fígado produzindo lesões características. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: Pode levar a inflamação do ceco seguida de alterações patológicas no fígado (enterohepatite), acarretando na queda de produtividade do plantel e até morte das aves. É uma doença principalmente de aves jovens. PROFILAXIA: Os perus devem ser criados em terrenos que não tenham sido utilizados por galinhas, pois as galinhas são os principais reservatórios da doença já que disseminam o parasito sem adoecer. FAMÍLIA TRYPANOSOMATIDAE GÊNERO Trypanosoma GÊNERO Trypanosoma ESTÁGIOS DE VIDA DO TRYPANOSOMA - Forma tripomastigota: Estrutura em forma de foice que aparece sempre em esfregaço de sangue e em hospedeiro vertebrado. Apresenta flagelo livre na extremidade anterior, membrana ondulante, um núcleo central, cinetoplasto e blefaroplasto (local exato onde o flagelo se forma). - Forma opistomastigota: Estrutura em forma de foice que apresenta cinetoplasto posterior próximo ao núcleo e flagelo livre sem membrana ondulante. - Forma epimastigota: Estrutura em forma de foice onde o cinetoplasto é anterior e aparece próximo ao núcleo. - Forma promastigota: estrutura em forma de foice que aparece em cultura de células e em hospedeiro invertebrado. Ë uma forma alongada, onde o flagelo não forma membrana ondulante, o cinetoplasto fica na extremidade anterior, longe do núcleo e este é central. - Forma esferomastigota: Estrutura arredondada que aparece dentro decélulas que possui um núcleo central e um cinetoplasto e ainda um pequeno flagelo. - Forma amastigota: Estrutura arredondada que aparece dentro das células e por isso não necessita de movimento, logo não apresenta flagelo. Possui um núcleo central e um cinetoplasto em forma de bastão. Sempre em hospedeiro vertebrado. REPRODUÇÃO: Assexuada por divisão binária. TRANSMISSÃO: Inoculativa ou contaminativa. ESPÉCIES DE TRYPANOSOMA SEÇÂO STERCORARIA – transmitido através das fezes I - Trypanosoma cruzi HOSPEDEIROS: Humanos, primatas, cães e gatos. VETORES: Hemípteras (barbeiros). CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: 1. Forma tripomastigota (circulante): - Forma de C. - Extremidades pontiagudas. - É a fase contaminativa para o hospedeiro. - Núcleo central grande (se cora em roxo). - Presença de membrana ondulante e flagelo. - Cinetoplasto grande e próximo a extremidade posterior (se cora em roxo). 2. Forma amastigota (tecidual): - Possui forma arredondada. - Encontrada nos tecidos (principalmente na musculatura cardíaca), é a fase de multiplicação. - Núcleo não tão grande. CICLO BIOLÓGICO do T. CRUZI: O barbeiro ingere as formas circulantes (tripomastigotas) ao picar o hospedeiro contaminado e no tubo digestivo o protozoário se multiplica, se transforma em promastigota, depois passa a epimastigota e no final do trato digestivo forma-se a forma infectante (tripomastigota metacíclica). Para infectar, ao se alimentar à noite no hospedeiro ele defeca próximo a picada (Trypanosoma da secção stercoraria - transmissão contaminativa). Há calor e inchaço no local da picada e o hospedeiro ao se coçar faz com que as fezes contaminadas com tripomastigotas penetrem na ferida. No tecido retículo endotelial passa a forma amastigota onde sofre divisão binária e vai à circulação, transformando-se em tripomastigota (permanece uns cinco dias na circulação). Um grande número de tripomastigotas é destruído na circulação, entretanto os que escapam vão se localizar em diferentes órgãos e tecidos (musculaturas do cólon, esôfago, baço, fígado, coração) onde se transformam em amastigotas constituindo os focos secundários e generalizados. Nestes focos secundários, os amastigotas, após multiplicação, com novas invasões, evoluem para a forma flagelada e voltam ao sangue periférico para recomeçar o ciclo. O inseto é infectado ao picar o homem para se alimentar. IMPORTÂNCIA EM SAÚDE PÚBLICA: Promove a hiperfunção de órgãos como esôfago, coração e cólon ocorrendo aumento no tamanho dessas estruturas e os sintomas à longo prazo são febre, lesões no sistema cardíaco e digestivo. No local onde ocorreu a picada forma-se um edema que é chamado de chagoma ou sinal de Romanã. PROFILAXIA: Deve-se evitar habitações precárias (pois é comum a presença de ninhos do barbeiro) e deve-se combater o hemíptera destruindo seus ninhos. SEÇÂO SALIVARIA- Transmitido via picada II - Trypanosoma vivax HOSPEDEIROS: Ruminantes, principalmente bovinos e bubalinos. VETORES: Stomoxys e tabanídeos. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: 1. Forma tripomastigota: - Forma de foice, mas sem forma de C e bem menor que o T. cruzi. - Núcleo grande e central (se cora em roxo). - Cinetoplasto pequeno e fraco(se cora em roxo). - Extremidade posterior mais arredondada. CICLO BIOLÓGICO: O vetor pica o hospedeiro contaminado ingerindo a forma tripomastigota e na sua probóscida se transforma em promastigota, que se multiplica por divisões binárias sucessivas e quando o inseto pica novamente outro animal inocula as formas promastigotas (Trypanosoma da secção salivaria - transmissão inoculativa) que penetram nas células retículo endoteliais virando amastigotas e passam à circulação sangüínea na forma tripomastigota. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: Leva a doença de caráter crônico onde, ao longo dos anos, o animal pode ou não estar contaminado. Na África ele utiliza como vetor a mosca Tsé tsé que causa a doença do sono. Pode causar morte por hemorragia ou isquemia. PROFILAXIA: Combate aos vetores. III - Trypanosoma equinum = evansi HOSPEDEIROS: Eqüinos. VETORES: Stomoxys e tabanídeos. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: 1. Forma tripomastigota: 2. Imagem de tripanossomamastigota Núcleo bem visível. - Cinetoplasto praticamente invisível. - Membrana ondulante bem visível. - Grânulos no citoplasma. CICLO BIOLÓGICO: Os vetores picam o hospedeiro contaminado e se alimentam da forma tripomastigota e essa forma é diretamente inoculada em outros animais (Trypanosoma da secção salivaria - transmissão inoculativa). Não ocorre desenvolvimento do Trypanosoma no inseto, a transmissão é mecânica. Como a picada do tabanídeo é dolorosa facilita a transmissão, pois o animal sente logo e se coça. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: Essa espécie causa o Mal das cadeiras, doença no qual os sintomas são: Paralisia progressiva dos membros posteriores, febre, anemia e emaciação. PROFILAXIA: Combate aos vetores. IV - Trypanosoma equiperdum HOSPEDEIROS: Eqüinos e asininos. TRANSMISSÃO: Passam de hospedeiro vertebrado para outro hospedeiro vertebrado sem auxílio de insetos vetores. Transmissão de tripomastigotas através do coito. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: 1. Forma tripomastigota: - Núcleo bem visível. Cinetoplasto bem pequeno. - Membrana ondulante bem visível. - Número maior de grânulos no citoplasma. CICLO BIOLÓGICO: É um Trypanosoma da secção Stercoraria e a transmissão é venérea, ou seja, via sexual. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: Leva a uma doença venérea chamada durina, na qual os sintomas mais comuns são: secreção excessiva na mucosa genital e edema dessas partes. Em casos severos pode ocorrer aborto. FAMÍLIA TRYPANOSOMATIDAE GÊNERO Leishmania Protozoário da classe Mastigophora (flagelado) que é transmitido para o vertebrado pela picada de um inseto vetor. Há duas espécies de importância: Leishmania donovani (agente da leishmaniose visceral) e Leishmania braziliensis.(agente da leishmaniose cutânea). I - Leishmania donovani HOSPEDEIROS: Homem e cães. VETORES: Phlebotomum e Lutzomyia. LOCALIZAÇÃO: Os protozoários se multiplicam no interior de macrófagos, que acabam sendo destruídos, causando a liberação dos parasitos, que invadem macrófagos vizinhos. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS (EM CORTE HISTOLÓGICO DE FÍGADO OU BAÇO): 1. Forma amastigota: - Estruturas arredondadas pequenas e aglomeradas. - Núcleo central. - Ausência de flagelo. - Encontrada nos vertebrados. 2. Forma Promastigota: - Encontrada no inseto vetor. - Corpo alongado. - Flagelo livre na extremidade anterior do corpo. CICLO BIOLÓGICO: Na picada o vetor (Lutzomyia) se infecta com a forma amastigota (que está dentro de macrófagos) e essas se transformam em promastigotas, que ao se multiplicarem podem até obstruir o canal alimentar do inseto. Este, ao inocular saliva no hospedeiro definitivo manda aquele “bolo” de formas promastigotas que penetram nos macrófagos e se transformam em amastigotas, onde se multiplicam e ganham a corrente sanguínea, indo ao baço ou fígado. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: Provoca uma doença chamada leishmaniose visceral ou calazar, onde as formas promastigotas se proliferam nos macrófagos e os destroem. Em casos avançados pode atingir o tubo digestivo causando diarréia, abdômen distendido e mortalidade que alcança 70 a 90% nos casos não tratados. É uma zoonose onde os cães são excelentes reservatórios de Leishmania para o homem. Imagem ciclo PATOGENIA: A L. donovani é um parasito exclusivo do Sistema Fagocitário Mononuclear (antigo Sist. Ret. Endotelial), principalmente das células localizadas no baço, fígado e medula óssea. No citoplasma das células os parasitas multiplicam- se, distendendoas células até sua ruptura. Os parasitas liberados são fagocitados por novas células reticulares e este ciclo continua indefinidamente. Consequências: Aumento dos órgãos ricos em macrófagos (hepato e esplenomegalia). A medula óssea sofre atrofia uma vez que as células reticulares aí situadas, são desviadas pelo parasitismo, para a função macrofágica. Quadro hematológico com pancitopenia, mais especialmente leucopenia e anemia por hemorragia devido a baixa de plaquetas. PROFILAXIA: Eliminação de cães infectados e combate aos vetores. II - Leishmania braziliensis HOSPEDEIROS: Homem e cães. VETORES: Phlebotomum e Lutzomyia. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS (EM CORTE HISTOLÓGICO DE PELE): 1. Forma amastigota: - Estruturas arredondadas pequenas e aglomeradas. - Núcleo central. - Ausência de flagelo. PATOGENIA: A infecção estabelece-se pela inoculação de promastigotas através da picada de flebotomíneos. Os parasitas ficam incubados (em média de duas semanas a dois meses) nas células histiocitárias da pele onde se multiplicam sob a forma de amastigotas, aparecendo então a lesão inicial. CICLO BIOLÓGICO: Na picada o vetor se infecta com a forma amastigota e essas se transformam em promastigotas no canal alimentar do inseto. Ao picar o hospedeiro definitivo inocula um “bolo” de formas promastigotas que penetram nas células retículo endoteliais e se transformam em amastigotas, que se multiplicam e ficam na pele do hospedeiro. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: Leva a séria lesão cutânea, principalmente no focinho dos cães e na região nasal dos homens, podendo invadir as mucosas produzindo erosão nos tecidos cartilaginosos. É a chamada leishmaniose cutânea ou úlcera de Bauru. Também é uma zoonose e os cães são ótimos reservatórios da doença para o homem. PROFILAXIA: Eliminar cães infectados e combater os vetores. Se prevenir contra insetos principalmente nos bosques úmidos. b) CLASSE Sarcodina – Locomoção por pseudópodes. São as amebas, e não possui muita importância em Medicina veterinária. GÊNERO Eimeria CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: Eimeriidae cujos oocistos esporulados possuem quatro esporocistos e cada oocisto recém saído nas fezes e que não está esporulado, possui um núcleo. HOSPEDEIROS: Mamíferos, aves, répteis, anfíbios, peixes. PATOGENIA A patogenia depende da espécie de Eimeria, do número de oocistos ingeridos, da idade da ave (quanto mais jovem mais susceptível), presença e severidade de outras doenças, eficácia do coccidiostático, estado nutricional das aves e nível de medicação na ração. CICLO: Os oocistos eliminados com as fezes do hospedeiro são imaturos (não esporulados). No meio ambiente ocorre a esporulação dos oocistos, para isso precisa de O2, temperatura de 25 a 30 graus e umidade de 70 a 80%. O tempo de esporulação nessas condições é de dois a três dias. Os oocistos esporulados são infectantes e podem permanecer viáveis por dois a três meses. O hospedeiro se contamina ao ingerir esse oocisto. Na moela ou estômago o oocisto é destruído, liberando os esporocistos. Depois pela ação da tripsina e da bile ocorre a liberação dos esporozoítos no intestino delgado. Esses esporozoítos penetram nas células da mucosa intestinal, arredondam-se e originam os trofozoítos que passam a esquizontes iniciando assim a reprodução assexuada denominada de esquizogonia ou merogonia. Cada esquizonte (ou meronte) tem em seu interior um número variável de merozoítas (depende da espécie). Esses merozoítas rompem a célula hospedeira atingem a luz do intestino e invadem novas células epiteliais, arredondando-se e formando uma nova geração de esquizontes. Alguns merozoítos da segunda geração penetram em novas células e dão início a terceira geração de esquizontes, outros penetram em novas células e dão início a fase sexuada do ciclo, conhecida como gametogonia. A maioria desses merozoítos se transforma em gametócitos femininos ou macrogametócitos que vão formar os macrogametas. Outros se transformam em microgametas ou gametócitos masculinos que vão dar origem aos microgametócitos. Os microgametas rompem a célula e vão até o macrogameta para a fertilização. Dessa fertilização resulta o zigoto que desenvolve uma parede dupla em torno de si, dando origem ao oocisto. Os oocistos rompem a célula e passam à luz intestinal saindo para o exterior com as fezes na forma não infectante, pois não estão esporulados. No ambiente em um a cinco dias esporulam e tornam-se infectantes. IMPORTÂNCIA MÉDICA VETERINÁRIA: Essa parasitose destrói as células do intestino causando diarréia sanguinolenta, acarreta uma baixa conversão alimentar, diminuição da resistência orgânica, redução do peristaltismo intestinal, perda de peso e predispõem a infecção bacteriana secundária. GÊNERO Isospora O gênero Isospora pertence à família Eimeriidae e o gênero Cystoisopora pertence à família Sarcocystidae. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS • Oocistos possuem dois esporocistos contendo quatro esporozoítos cada quando esporulados. HOSPEDEIROS: Aves e carnívoros. Quando encontrado em aves o gênero é Isospora e quando encontrado em carnívoros é chamado de Cystoisospora. CICLO BIOLÓGICO: A contaminação se dá através de alimentos como ração, capim e água contaminados com o oocisto esporulado. No tubo digestivo do animal os esporozoítos saem do oocisto e penetram na célula epitelial do intestino onde se arredondam, passando a serem chamados de trofozoítas. Começa a reprodução assexuada. Sucessivas mitoses vão formando vários núcleos e citoplasmas para formar os esquizontes (ou merontes) que contém os merozoítas. A célula não suporta a pressão e se rompe, liberando os merozoítas que seguem dois caminhos: - Penetram novamente nas células intestinais fazendo outra fase de reprodução assexuada que formará uma 2ª geração. - Continuam para a fase sexuada, onde os merozoítas dão origem a macro e microgametócitos. Os microgametas que estão nos microgametócitos saem da célula parasitada e fecundam os macrogametas (e com isso perdem seus flagelos – ex-flagelação) formando o gameta ou oocisto imaturo. Esse sai nas fezes para fazer a esporogonia. Na esporogonia, sob condições ideais de temperatura alta, oxigenação e umidade, o oocisto sofre divisão, formando dois esporocistos, contendo quatro esporozoítos em cada um. GÊNERO Toxoplasma Toxoplasma ESPÉCIE Toxoplasma gondii HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Felídeos, principalmente o gato. HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Diversos mamíferos e répteis. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS (EM CORTE HISTOLÓGICO DE FÍGADO OU CÉREBRO): - Pseudocisto - estrutura alongada, sem parede definida onde se encontram os taquizoítas. - Cisto - estrutura arredondada com parede bem definida onde se encontram os bradizoítas. - Zoíta - estrutura em forma de foice com um núcleo. Não aparece em corte histológico. CICLO BIOLÓGICO: O hospedeiro intermediário ingere o oocisto ao pastorear ou ao ingerir alimentos mal lavados. No trato digestivo há liberação de esporozoítos que pela via sanguínea vai ao fígado, cérebro e outros órgãos passando a se chamar trofozoítos. Nestes ocorre a reprodução assexuada (esquizogonia). Esta fase é tão rápida que os trofozoítas são chamados de taquizoítas e é a fase aguda da doença. O organismo do animal reage e cria anticorpos e os taquizoítas então diminuem sua velocidade de reprodução passando a se chamar bradizoítas, que formam uma parede cística como proteção aos anticorpos. O hospedeiro definitivo se infecta ao ingerir restos de animais contaminados com os esquizontes (cistos), na mucosa intestinal ocorre a gametogonia e o oocisto formado vai ao meio ambiente com as fezes. Ocorre a esporulação formando um conjunto de dois esporocistos contendoquatro esporozoítas e esses esporozoítas são as formas infectantes para o hospedeiro intermediário. OBS: Pode haver transmissão pré-natal. O hospedeiro intermediário pode contaminar-se através da ingestão de carne mal cozida contendo cistos do parasito. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: No hospedeiro intermediário pode ocorrer má formação fetal, hidrocefalia fetal, morte cerebral, aborto em ovinos, bovinos e equinos, podem ocorrer distúrbios pulmonares, fortes dores musculares, cegueira e queda na produção. PROFILAXIA: Deve ser feita a limpeza diária de gatis, remoção adequada de fezes, precauções higiênicas como lavar as mãos antes das refeições e uso de luvas na jardinagem, não dar carne crua aos gatos, cobrir as rações. OBS: Hammondia e Frenkelia também são parasitas de cães e gatos e têm importância no diagnóstico diferencial de oocistos. SUBCLASSE GREGARINASINA FAMÍLIA HEPATOZOIIDAE GÊNERO Hepatozoon ESPÉCIE Hepatozoon canis HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Carrapato Rhipicephalus sanguineus. HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Cães. LOCAL: Interior de leucócitos. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - Isogametas que são estruturas alongadas no interior dos neutrófilos. OBS: O cão se infecta ao ingerir o carrapato. CICLO: O cão infecta-se ao ingerir o carrapato que contém esporocistos na sua cavidade corporal. Ocorre destruição dos esporocistos e liberação dos esporozoítas que penetram na parede intestinal e através da corrente sanguínea passam ao baço, linfonodos, pulmões, músculos, fígado e medula onde fazem a esquizogonia. Nesses locais ocorrem várias gerações de esquizontes, após os merozoítos penetram nos leucócitos circulantes e passam a gametócitos. O ciclo se completa quando o carrapato ingere sangue contaminado com os gametócitos. Os gametócitos livres se unem em pares e formam os zigotos que ficam no interior do carrapato (hemocele) e passam a oocisto contendo 30 a 50 esporocistos com 16 esporozoítos em cada. IMPORTÂNCIA MÉDICA VETERINÁRIA: É uma parasitose assintomática, encontrada geralmente com outras parasitoses como Babesia e Ehrlichia. CLASSE PIROPLASMASIDA ORDEM PIROPLASMORIDA FAMÍLIA BABESIDAE GÊNERO Babesia CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS E HOSPEDEIROS: 1. Babesia canis - Cães -Grande Babesia. -Aparece um a dois trofozoítas dentro da hemácia. 2. Babesia gibsoni- Cães -Pequena Babesia. 3. Babesia bovis (transmissão por larvas do carrapato) – Bovinos. -Pequena Babesia. -Parasitemia muito baixa. -Aparece de um a dois trofozoítas dentro de cada hemácia. Pode aparecer nos capilares do cérebro, provocando trombos nos vasos. 4. B. bigemina (transmissão por ninfas e adultos do carrapato)- Bovinos. -Grande Babesia. -Aparece um a dois trofozoítas dentro de cada Hemácia 5. B. equi ou Nutallia equi ou mais recentemente Theileria equi - Equinos -Pequena Babesia. -Parasitemia muito alta. -Aparecem um, dois, três ou quatro trofozoítas, sendo que quando aparecem quatro, são em forma de cruz de malta. -Animal permanece portador por toda a sua vida. 6. B. caballi - Equinos -Grande Babesia. -Aparece um a dois trofozoítas dentro da hemácia. CICLO BIOLÓGICO: O carrapato ao se alimentar do sangue do hospedeiro definitivo ingere os merozoítos que se diferenciam e fazem a reprodução sexuada ou gametogonia que vai dar origem a um zigoto chamado oocineto. Este penetra nas células do tubo digestivo do carrapato e nelas se multiplica por divisão binária ou múltipla até as células se romperem e liberarem os vermículos (organismos claviformes, móveis e alongados). Esses vermículos migram para os tecidos da fêmea do carrapato, através da hemolinfa, podendo chegar aos ovários (transmissão transovariana) ou as glândulas salivares (transmissão transestadial) na forma de trofozoítas. O carrapato ao sugar o hospedeiro inocula as formas trofozoítas que penetram nas hemácias do animal e se dividem assexuadamente por divisão binária formando merozoítas. A célula se rompe e os merozoítas são liberados penetrando em novas hemácias. TIPOS DE TRANSMISSÃO: Transovariana - Ocorre nas babesioses transmitidas por carrapatos monoxenos, como Boophilus microplus e Anocentor nitens. Por só terem um hospedeiro na vida, a transmissão é da fêmea para seus ovos. As larvas ou ninfas originadas desses irão contaminar outros animais. Transestadial - ocorre nas babesioses transmitidas por carrapatos heteroxenos, como Rhipicephalus sanguineus. Por a muda ocorrer no solo, a larva infectada passa para ninfa com as formas infectantes e essa então transmite o parasita a outro animal. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: Além da destruição das hemácias gerando anemia, observam-se lesões em outros órgãos irrigados pelo sangue contaminado. O baço filtra hemácias parasitadas (e incha causando esplenomegalia) e acaba por não identificá-las mais fagocitando também as hemácias sadias e com isso intensifica a anemia (anemia auto imune). No rim as hemácias se rompem e no fígado ocorre hemoglobinúria por não ocorrer metabolização da hemoglobina. Ainda, a Babesia ativa a calicreína e leva ao aumento de permeabilidade dos vasos e vasodilatação, provocando uma estase circulatória. No quadro de babesiose cerebral bovina ocorre destruição dos capilares cerebrais e se observa aumento da coagulação intravascular, hiper excitabilidade e incoordenação. PROFILAXIA: Deve ser feito o controle dos vetores. Em regiões endêmicas os animais já têm imunidade adquirida através do colostro que deve ser reforçada gradativamente com o desenvolvimento do animal.