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Enf. Obstetra Lídia Peres Fertilização Quando ocorre a fertilização, seguem-se a clivagem do zigoto e a blastogênese. O ovócito é fertilizado e então completa a segunda divisão meiótica. O corpo lúteo cresce, formando o corpo lúteo gravídico, que aumenta sua produção de hormônios. A degeneração do corpo lúteo é impedida pela produção da gonadotrofina coriônica humana (hCG), que é secretada pelo sinciotrofoblasto, rico em LH. O corpo lúteo permanece funcionalmente ativo pelas primeiras 20 semanas de gestação, época em que a placenta já assumiu a produção de estrógeno necessária para a manutenção da gestação. Transporte do Oócito No momento da ovulação, o oócito está rodeado de células granulosas, que são responsáveis pela sua aderência à parede folicular. O transporte do ovo envolve o tempo entre a ovulação e a formação da mórula dentro do útero. As fímbrias tubárias que se localizam perto da superfície do ovário captam o óvulo e levam-no para o infundíbulo. Quando chegam a ampola, os cílios movem-se sincronizadamente em direção ao útero, levando o óvulo. Em geral esse transporte dura 3 dias. O tempo para fertilização é de 12 a 24 horas. Transporte do Espermatozóide (SPTZ) Os SPTZ necessitam de 72 dias para chegar ao epidídimo. Eles atravessam o muco cervical, entram no útero e chegam as trompas uterinas em minutos. Dos milhões de SPTZ, apenas 100 ou menos chegam ao oócito. Para chegar ao óvulo são capacitados, essa capacitação é a habilidade de sofrer alterações acrossômicas para ligar-se a zona pelúcida, ligando-se ao oócito. Os SPTZ não sobrevivem mais de 48 horas no trato genital feminino. Em geral a gravidez ocorre quando o coito acontece até 3 dias após a ovulação. Fases da Fertilização A fertilização ocorre na ampola da tuba uterina, região mais comprida e larga. Quando o oócito não é fertilizado neste local, avança até o útero onde é reabsorvido. Na primeira fase da fertilização, ocorre a passagem do SPTZ para a zona pelúcida de um oócito, o contato se dá por receptores que ligam SPTZ com oócito. Após a penetração de um SPTZ o oócito é protegido por reação acrossômica contra a penetração de outro SPTZ na zona pelúcida. Posteriormente ocorre fusão das membranas do oócito com o SPTZ, onde sua cabeça e cauda penetram no citoplasma. Após esta entrada o ovócito termina a divisão meiótica, formando um ovócito maduro. A partir dessa fusão ocorre a primeira divisão de clivagem. O ovócito fertilizado, ou zigoto, é um embrião unicelular. A combinação de 23 cromossomos de cada pro-núcleo forma o zigoto com 46 cromossomos. Clivagem do Zigoto A clivagem resulta em rápido aumento do número de células (blastômeros), conseqüência de repetidas divisões mitóticas. Primeiro o zigoto divide-se em dois blastômeros, que por sua vez, dividem-se em quatro e assim por diante (4, 8, 16, 64). A cada divisão as células se tornam menores. A clivagem acontece na tuba, e depois os blastômeros mudam de forma e se aderem formando uma bola compacta, passando a ser chamados de mórula. Cerca de quatro dias após fertilização, a mórula forma em seu interior um espaço cheio de fluído chamado de cavidade blastocística. Com o aumento de fluído nesta cavidade, os blastômeros são separados em duas partes: Troflobasto: camada celular externa que dá origem embrionária à placenta. Embrioblasto: massa celular interna formada por um grupo de blatômeros, de localização central que dá origem ao embrião. Neste estágio de desenvolvimento o embrião é chamado de blastocisto. Cerca de 6 dias após fertilização, o blastocisto fixa-se ao epitélio do endométrio, geralmente do lado adjacente à massa celular, o polo embrionário. Com o aumento desta cavidade blastocística, há a diferenciação de uma camada de células externas (trofoblasto), responsável pela nutrição do ovo e formação do futuro tecido embrionário, e uma camada interna, a massa celular interna, denominada embrioblasto. A partir do momento da implantação do pré- embrião no endométrio, o trofoblasto inicia uma diferenciação em sinciciotrofoblasto (camada externa) e citotrofoblasto (camada interna). O sinciciotrofoblasto (massa multinucleada, sem limites regulares) adquire grande capacidade erosiva e invade o epitélio conjuntivo (estroma). O sincíciotrofoblasto produz enzimas que erodem os tecidos maternos, permitindo ao blastocisto penetrar no endométrio. A partir do contato do sincíciotrofoblasto com o endométrio materno, este sincício também produzirá o hcg (gonadotrofina coriônica humana), que mantém a atividade do corpo lúteo gravídico até a 20a. semana de gravidez. Quando a capacidade invasora do trofoblasto (sincício) se inicia fora da cavidade uterina (antes da chegada na cavidade), dar-se-á a gravidez ectópica. ao penetrar os tecidos endometriais, o zigoto é recoberto por células e substâncias glicoprotêicas que farão a nutrição inicial do embrião (nutrição histotrófica). Este sincíciotrofoblasto penetra nos tecidos até atingir a base do endométrio (laminina), momento em atinge também vasos sanguíneos maternos. LH Corpo Lúteo Progesterona 6-7o. dia Fecundação Mórula Útero Blastocisto Trofoblasto CitoTrof. Sincício Sincício Erosão Estímulo ao Corpo Lúteo Placenta 20a. Semana Produção Endócrina Nutrição Histotrófica SincícioTrofoblasto = Invasão endometrial Ovo implantado no endométrio A placenta pode ser considerada como uma fusão das membranas fetais com a mucosa uterina, promovendo as trocas de nutrientes, gases, metabólitos,etc. Sua formação começa no momento da implantação, com a ação do trofoblasto. À medida que o sincício invade tecidos endometriais, formam-se lacunas que são preenchidas pelo Citotrofoblasto, originando as pré- vilosidades (primitivas). Placenta Humana Com os dias que se seguem estas lacunas vão se ampliando, havendo comunicações entre si, onde o sangue materno passa a ocupar tais espaços. À medida que o Blastocisto continua a penetrar em camadas mais profundas e romper vasos maiores, promove as primeiras relações circulatórias útero- placentárias. Entre 12-14 dias se finda a nutrição Histotrófica e dá-se o início da nutrição Hematotrófica. No término da 2a. Semana o Blastocisto está completamente recoberto pelo Endométrio, podendo haver pequeno sangramento que pode ser confundido com um sangramento menstrual e conseqüente erro de cálculo da IG. À medida que as lacunas se formam, o Citotrofoblasto recobre a face interna destas estruturas, ditas Vilosidades Primárias, Secundárias e Terciárias (Hematrófica à medida que o sistema cardiovascular fetal entra em funcionamento – 4a. Semana). O sangue materno não entra em contato com o sangue fetal devido à presença da Membrana Placentária. No final do 2o. mês a Decídua Capsular ou Reflexa se torna lisa (Cório Liso), enquanto a Decídua Basal se desenvolve mais e é denominada Cório Frondoso, (local da Placenta, propriamente dita). No fim do 3o. Mês a Placenta apresenta duas faces: Materna (placa basal) e Fetal (placa corial). Entre as faces materna e fetal encontram-se vilosidades tampões. Estas vilosidades hipertrofiam-se, formando os troncos vilositários de 1a., 2a. e 3a. ordem. O conjunto de troncos formam o chamado Cotilédone Fetal. Formam-se de 20-40 cotilédones fetais na placenta, ocorrendo então a hipertrofia e crescimento destes até o final da gravidez. Entre a 12a. e a 40a.semana de gestação há o aumento em 500 vezes no tamanho destes cotilédones. No término da gravidez, a placenta apresenta-se Discóide, diâmetro de 15-20 cm e espessura de 1,5 a 3,0 cm. Seu peso chega a 500 g ou 1/6 do peso fetal. A face materna tem tonalidade vinhosa, superfície irregular (aspecto de fígado), com 50 Km de capilares de troca e 67 m2 de superfície – mecanismos que ↑ sua área de troca. A face fetal é brilhante, lisa e nacarada, recoberta pelo Âmnio, com vasos ramificados e direcionados ao Cordão Umbilical (geralmente central). O Âmnio está intimamente fundido ao Córion. Tem como principais funções: ENDÓCRINA – produz hormônios HCG, Estrogênio, Progesterona, Corticotrofina Coriônica, Tireotrofina e Somatotrofina Coriônica; NUTRIÇÃO; RESPIRAÇÃO; PROTEÇÃO – Barreira placentária; EXCREÇÃO. Secreção Endócrina Placentária O Trofoblasto sintetiza e envia HCG ao Corpo Lúteo fazendo com que o mesmo continue produzindo Progesterona até ± 20 semanas de IG, momento em que a Placenta está em condições de assumir sua função endócrina (Corpo Lúteo Gravídico). PROGESTERONA – é sintetizada pela placenta através da Hidroxilação do colesterol materno, servindo como competidor nos receptores miometriais de Ocitocina, fazendo com que a contratilidade uterina permaneça bloqueada até próximo do parto. Estrogênios HCG – Produzido pelo Sincício, com pico máximo em 09 semanas de gravidez, exercendo ação luteotrófica sobre o Corpo Lúteo, tornando-o Corpo Lúteo Gravídico (Progesterona e Relaxina). LACTOGÊNIO PLACENTÁRIO HUMANO (hPL) – é também chamado Somatotrofina Humana (hCS), tem efeito contra-insulínico e lipolítico. Primeira semana: Blastômero→Mórula →penetração na cavidade uterina →Blastocisto →Trofoblasto (invade o endométrio em torno do 7 dias-Nidação) Segunda semana Formam-se duas camadas: O citotrofoblasto e o sinciciotrofoblasto; Formação da circulação uteroplacentária primitiva. Terceira semana Formação do tubo neural, Surgimento do celoma intra-embrionário que formará as cavidades pericárdica, pleural e peritoneal, A circulação sanguínea principia no fim da terceira semana, sendo o sistema cardio-vascular o primeiro a alcançar estado funcional. Quarta semana Os folhetos germinativos primários se diferenciam nos vários tecidos e órgãos. No fim da sétima semana quase todos os principais sistemas do organismo estão formados. (8ª à 12 ªsemana) Em torno da oitava semana, tem o embrião já aparência humana, inicia-se o período fetal; A genitália externa de machos e fêmeas ainda aparece indiferenciada. Só se estabelece na 12ªsemana. (13 ª à 16 ªsemana) Crescimento muito rápido especialmente do corpo. Aparecimento dos centros de ossificação. (16ª à 20ª semanas) Percepção dos movimentos fetais pela mãe. Ao início da 20 semana surgem lanugem e a pele está coberta de veniz caseoso. (22 à 24 semanas) Embora todos os órgãos estejam desenvolvidos, o feto é incapaz de existência extra-uterina, devido a imaturidade do sistema respiratório. Durante as 6-8 últimas semanas O tecido adiposo se desenvolve rapidamente. Preparação dos sistemas envolvidos na transição da vida intra para extra-uterina. Fisiologia Fetal Respiração: Com 28 semanas os pulmões já estão desenvolvidos a ponto de permitir a sobrevida pré- termo. Síntese da lecitina (surfactante-ativa): segregado pelas células epiteliais tipo II dos alvéolos pulmonares. Reduz a tensão superficial, mantendo a luz dos alvéolos e evitando o seu colapso após o nascimento. Anexos do embrião e do feto São três, os anexos do feto: A placenta, o cordão umbilical e as membranas (cório e âmnio). PLACENTA: Implanta-se na camada intermediária da decídua (nome que o endométrio assume durante a gravidez) Cordão Umbilical Tem em média 50 cm de comprimento, sendo formado por 02 artérias e 01 veia. As artérias contém sangue venoso e na veia o sangue arterial. Sua coloração é brilhante, azul perolado a esbranquiçado, devido à presença da Geléia de Wharton e Âmnio. Têm diâmetro de 02 cm. Dentre as variações de comprimento, pode apresentar-se muito curto (30 cm) ou muito longo (70 cm). Estando muito curto pode levar ao rompimento do mesmo no momento da expulsão do feto. Apresentando-se muito longo pode levar às Circulares de Cordão, facilitadas pela mobilidade do feto dentro da cavidade amniótica. Membranas Fetais: âmnio e Cório Entre o 6o. e o 7o. dia após a fecundação, as células do trofoblasto iniciam uma diferenciação que dará origem à Cavidade Amniótica, ficando o concepto envolto nesta estrutura (Saco Gestacional). As membranas são Âmnio e Cório, sendo a primeira a camada interna, fina e menos resistente. O Âmnio possui 05 camadas, a saber: Epitélio, Basal, Compacta, fibroblastos, Esponjosa. O Cório é externo, mais resistente e é a primeira estrutura da bolsa a ser tocada no momento do toque vaginal. Possui 04 camadas: Delgada, Reticular, Pseudomembrana Basal e Trofoblasto (Sincício e Cito). Estas membranas estão intimamente ligadas, num espaço virtual. A perda do tampão mucoso e o rompimento das membranas (RUPREMA), de forma precoce, leva ao risco de Corioamnionite, utilizando-se de antibioticoprofilaxia como rotina após 12-36 horas. A Eritropoese A formação de sangue no embrião só ocorre no 2° mês, principalmente no fígado. O baço é orgão eritropoético entre o 3° e o 7° mês e no 5° a Medula óssea começa sua atividade, tornando-se no 7° mês, a sede principal da elaboração dos glóbulos vermelhos. A função urinária A placenta depura o sangue fetal e mantêm o equilíbrio hídrico, eletrolítico e acido-básico (via pulmões e rins maternos), O rim definitivo começa a se desenvolver no início da 5ª semana e funciona 2 a 3 semanas mais tarde. A urina fetal tem papel importante no volume de líquido amniótico. A circulação placentária Substâncias são intercâmbiadas entre a mãe e o feto (circulações distintas), O sangue materno alcança o assoalho do espaço interviloso onde ingressa nas veias endometriais e o sangue fetal oxigenado passa através da veias que têm o mesmo trajeto das artérias, em sentido contrário, para o cordão umbilical, sendo coletado pela veia umbilical carreando O2 para o feto. O sangue, pobre em O2 deixa o feto e pelas artérias umbilicais segue em direção a placenta. Função metabólica da placenta A placenta sintetiza glicogênio, colesterol e ácidos graxos. Funciona como reservatório de nutrientes e de energia para o embrião. Função endócrina da placenta Gonadotrofina coriônica humana (HCG): é um hormônio glicoproteíco, secretado desde o início da formação da placenta pelas células trofoblásticas, após nidação (implantação) do blastocisto. A principal função fisiológica deste hormônio é a de manter o corpo lúteo, de modo que as taxas de progesterona e estrogênio não diminuam, garantindo, assim, a manutenção da gravidez. Sistema amniótico O Líquido Amniótico (LA) encontra-se no interior da cavidade formada pelas membranas Cório e Âmnio, envolvendo o feto. Tem como funções: Manter a temperatura corporal fetal; Permitir a livre mobilidade fetal; Proteger contra traumatismos e impactos; Evitar o atrito entre o feto e as membranas fetais; Proteger contra infecções.Origem e reabsorção do líquido amniótico(L.A) Nas primeiras semanas a produção do L.A decorre da passagem passiva de líquidos através da membrana amniótica. Em torno da 14ª s os rins fetais começam a funcionar. Os maiores solutos dissolvidos no líquido amniótico são o sódio, cloro, potássio, uréia, bicarbonato e lactato. Também são encontrados surfactante, células da descamação de tecidos fetais. 99% da composição é água e 1% de componentes como hormônios: cortisol, estrôgeno, progesterona, h.paratireoidiano, prolactina, proteínas, ácido úrico, insulina, hcg, numerosas enzimas, IgA e IgG de origem fetal,bilirrubinas, ácido úrico. Reabsorção do líquido amniótico Com cerca de 13-14 semanas, os rins começam a excretar urina dentro do líquido amniótico. Deglutição (líquido é retirado pela deglutição fetal). Via transmembranosa (o fluido atravessa o corioâmnio e entra na circulação materna da parede uterina). Via intramembranosa (O líquido entra pelo âmnio placentário e a rede capilar da placa corial). A quantidade de líquido deglutido é de 7 ml/dia na 16a semana, chegando à 500 ml/dia no termo. Característica do líquido amniótico Nos primeiros meses de gestação o líquido se torna claro e transparente. Torna-se turvo no final da gestação. Cor vermelho escuro ou castanha e chocolate: óbito fetal. Amarelada: Sofrimento fetal crônico ou aloimunização feto-materna. Esverdeado: Sofrimento fetal agudo. Volume de líquido amniótico O volume de líquido é quase todo constituído de água e corresponde a resultante entre o que é produzido e o que é reabsorvido. A taxa de crescimento se mantém constante na primeira metade da gravidez e declina no seu final. Com 36-37 semanas, média de 1000 ml, abatendo-se progressivamente até 300ml com 42 semanas. Referência Bibliográfica: BUSSÂMARA, Neme. “Obstetrícia básica”, 3 edição. Editora savier, 2006 REZENDE, Carlos. “Obstetrícia Fundamental”, Editora Goanabara koogan, 10 edição, 2006 ZUGAIB, Marcelo. Obstetrícia. Editora Manole, 2008
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