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Guia de estudos - 1 E Psicomotricidade

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Psicomotricidade
 
UNIDADE 1
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 DISCIPLINA: PSICOMOTRICIDADE - UNIDADE 1
Profª Adriana Martins Ianino
 Palavras do Professor
Olá, meu nome é ADRIANA MARTINS IANINO e é um grande prazer estar aqui, colaborando para seu 
aprendizado acerca deste conhecimento tão importante que é a Psicomotricidade. Minha carreira aca-
dêmica teve início com a formação em Fonoaudiologia (UNICAP- Universidade Católica de Pernambuco), 
seguido de uma especialização em Patologias da Linguagem (UNICAP – Universidade Católica de Pernam-
buco). Minha segunda formação é em Pedagogia (UFPE – Universidade Federal de Pernambuco), seguida 
de uma especialização em Educação Infantil e Desenvolvimento (AVM – Faculdade Integrada). Parale-
lamente às minhas formações acadêmicas, sempre tive uma paixão: dançar! E o que era inicialmente 
apenas um hobby, tornou-se profissão. 
Então, me tornei professora de dança (dançarina e coreógrafa), registrada pelo SATED – Sindicato dos 
artistas de PE. Dando continuidade, atualmente sou mestranda em Educação (UPE – Universidade de 
Pernambuco) – onde tenho como objeto de estudo o corpo na aprendizagem - e estou cursando também, 
Licenciatura em Educação Física (UFRPE – Universidade Federal Rural de Pernambuco). Como você pode 
perceber querido(a) aluno(a), gosto bastante de estudar! E espero estar servindo de motivação para você, 
que está dando início (ou continuidade) aos seus estudos acadêmicos. Com relação a minha experiência 
profissional, atuo em todas as minhas áreas de conhecimento e sempre procurando articulá-las de forma 
Inter e transdisciplinar. E é isso justamente que me fascina na Psicomotricidade: ela nos dá a possibilida-
de de compreender como nosso corpo está interconectado com o mundo e faz parte de cada processo de 
desenvolvimento do ser humano, não sendo possível separá-lo, de outros conhecimentos. Somos corpo e 
mente interligados e inseparáveis. Enfim, desejo a você ótimos estudos e me coloco a disposição no que 
puder colaborar. Grande abraço!
 Orientações da Disciplina
1. Boas-vindas!
É com grande satisfação que apresento a você, caro(a) aluno(a), o conteúdo da disciplina de Psicomotri-
cidade do curso de Graduação em Pedagogia a distância. Esta disciplina está dividida em duas unidades 
didáticas (segundo ementa) e através delas você terá acesso a um material de estudo (textos, vídeos e 
atividades teóricas e práticas) que irá contribuir muito para o enriquecimento de seus conhecimentos 
acerca deste tema. Então mãos à obra!
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2. Conteúdos abordados 
Nesta primeira unidade faremos uma retrospectiva em relação à evolução dos estudos da psicomotricida-
de, sua definição e os autores que mais trouxeram contribuições científicas. 
Em seguida, faremos uma reflexão sobre a conexão entre psicomotricidade e educação e como estas 
áreas quando trabalhadas de forma interligada, podem contribuir para o aprendizado escolar. 
3. Objetivos esperados
Esperamos com o decorrer dos estudos desta disciplina que você possa:
ü	Reconhecer o conceito de Psicomotricidade e seu objeto de estudo;
ü	Entender a importância da psicomotricidade e sua relação com as teorias que embasam o 
desenvolvimento humano;
ü	Discutir e argumentar sobre os diferentes campos de estudo da psicomotricidade;
ü	Compreender a relevância deste estudo para sua formação acadêmica em Pedagogia.
4. Materiais a serem utilizados
Como material de apoio para seus estudos, você irá contar com o Guia de Estudos que contém: textos 
referentes ao assunto; indicações de links e/ou vídeos que irão enriquecer seu aprendizado; vídeos ex-
plicativos sobre conteúdos da disciplina e atividades no fórum, onde poderemos interagir através da 
publicação de pequenos textos redigidos ou escolhidos por você e/ou por outros alunos, relacionadas a 
um tema principal descrito no enunciado do fórum. Alem disso, será disponibilizado um questionário de 
10 perguntas objetivas e de múltipla escolha.
É importante que você o responda, para que possa fazer uma autoanálise de seu aprendizado. E tão impor-
tante quando a sua autoavaliação, é a consulta paralela e constante ao livro-texto da disciplina (E-book) e 
também o acesso à Biblioteca Virtual, em busca de referenciais teóricos que irão servir de base aos seus 
estudos. 
Vamos começar!
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GÊNESE E INTRODUÇÃO HISTÓRICA DA PSICOMOTRICIDADE. 
Se pararmos para pensar um pouco, observaremos que tudo o que fazemos na nossa vida envolve movi-
mentos. Dessa forma, compreender como adquirimos o controle motor e a coordenação dos movimentos 
é fundamental para compreendermos como vivemos.
O estudo da evolução psicomotora perpassa pelos campos da fisiologia, biomecânica, psicologia social 
e psicologia do desenvolvimento. O termo “psicomotricidade” surgiu inicialmente, a partir do discurso 
médico, mais precisamente o neurológico. Com o desenvolvimento e as descobertas da neurofisiologia, 
começou-se a constatar que há diferentes disfunções graves sem que o cérebro esteja lesionado ou sem 
que a lesão esteja claramente localizada. E é justamente, a partir desta necessidade médica de encontrar 
uma área que explique certos fenômenos clínicos que se nomeia, no início do século XIX, o termo Psico-
motricidade.
Fonte: http://www.aems.edu.br/
A seguir, você irá conhecer os primeiros estudiosos que impulsionaram as pesquisas sobre o desen-
volvimento psicomotor. O neuropsiquiatra Enerrst Dupré foi de fundamental importância para o âmbito 
psicomotor, já que é ele quem contradiz a separação corpo – mente e contribui para outros desafios 
importantes no nível do desenvolvimento funcional cognitivo, motor e afetivo. 
Henry Wallon, médico psicólogo, relacionou o movimento à emoção, ao meio ambiente e aos hábitos do 
indivíduo.
Edouard Guilmain, neurologista, desenvolveu um exame psicomotor para fins de diagnóstico, de indicação 
da terapêutica e de prognóstico. 
Julian de Ajuriaguerra, psiquiatra, redefiniu o conceito de debilidade motora, delimitando com clareza os 
transtornos psicomotores que oscilam entre o neurológico e o psiquiátrico.  
No Brasil, a psicomotricidade teve influências da escola francesa. Em 1970, Simone Raiman chega ao 
Brasil, com suas experiências psicocinéticas (sugiro a pesquisa sobre cinestesia) e no ano de 1979 o Mi-
nistério da Educação convida as médicas Dalila Costallat e Gisele Soubiran para virem ao Brasil divulgar 
sua pesquisa: a Psicomotricidade como processo de reabilitação em pessoa com deficiência mental. 
Ao longo dos anos, a importância dada aos aspectos psicomotores no desenvolvimento humano tomou 
grande dimensão em todo o mundo e atualmente, temos várias pesquisas científicas em relação a este 
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tema. Atualmente, encontramos várias definições para a Psicomotricidade. Cada autor coloca o seu olhar 
para defini-la. 
 
 Visite a Página
Para uma melhor compreensão do conceito, objeto de estudo e contribuições para a ciência, 
sugiro a você aluno(a), uma pesquisa sobre o termo “psicomotricidade”. Esta definição pode ser consul-
tada no site da Wikipédia, através do link: https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicomotricidade.
Boa Leitura!
Contudo, é importante você saber que a psicomotricidade se estrutura em três pilares: o emocional (“que-
rer fazer”/sistema límbico), o motor (“poder fazer”/sistema reticular) e o cognitivo (“saber fazer”/córtex 
cerebral); e qualquer desequilíbrio em um desses sistemas pode provocar desestruturação no processo de 
aprendizagem da criança.
A psicomotricidade segue dois amplos padrões de desenvolvimento: o céfalo-caudal e próximo-distal, isto 
é, da cabeça para os pés e do centro para as extremidades. Dessa forma, observamos que primeiramente 
o bebê senta, segura a cabeça e depois engatinha. Seguimos um processo de maturação que nos permite 
passar por todas as fases de fortalecimento tônico, até ficarmos em pé e nos equilibrar e a partir daí, 
começarmos a noslocomover. A exploração do espaço e dos objetos nos permite incorporar novos esque-
mas de ações e coordenações bilaterais, tornando-nos conscientes de nossa existência e da interação 
que temos com o universo ao nosso redor.
Então, prezado(a) aluno(a), até o momento você está se familiarizando com a psicomotricidade, tendo a 
oportunidade de conhecer um pouco seu histórico e definição. Porém, este é apenas um material de apoio 
e é importante que você se aprofunde sobre o tema, realizando pesquisas individuais. Quanto mais você 
se aprofundar, melhor será sua compreensão futura (ou já atual) na atuação profissional.
Educação e Psicomotricidade 
Fonte: http://www.mariziamaior.com.br/imagens/2572013103818.JPG
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Neste tópico, pretendo trazer as principais correntes teóricas sobre o desenvolvimento da aprendizagem 
e aquelas que mais se aproximam de uma educação voltada para o aprendizado integral; que considera 
o desenvolvimento humano uma construção contínua, influenciados por fatores genéticos e adquiridos, 
através de sua cultura e do ambiente que vive, interagindo entre si.
No entanto, prezado(a) aluno(a), antes disso vamos refletir um pouco sobre as políticas educacionais de 
nosso País e as propostas atuais da Educação Básica. 
 Leitura complementar
E para um melhor poder de pensamento argumentativo de sua parte, sugiro a leitura dos Parâ-
metros Curriculares Nacionais para a Educação Básica que se encontra disponível no site do Ministério 
da Educação – MEC: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf
O currículo educacional no Brasil, desde sua origem, veio se modificando, sendo incialmente demarcado 
pelo histórico de carreira do sujeito e posteriormente correspondendo ao plano de estudos proposto e/
ou imposto pela instituição a qual pertencesse. E neste contexto, podemos observar “o poder regulador 
do currículo”, que é comprovado nas escolas, através de sua rígida padronização, a qual aquele que não 
corresponde ao que foi pré-estabelecido, é considerado como fracassado.
Podemos observar ainda, que há uma mobilização, principalmente por parte dos professores, que estão 
em contato direto com os alunos, de haver uma maior flexibilização do currículo, buscando adequá-lo à 
realidade da comunidade escolar.
No entanto, é possível verificar que o currículo atualmente se caracteriza como um “campo de batalha” 
que reflete lutas corporativas, políticas, econômicas, religiosas, de indentidades, culturais, etc. E estas 
lutas, infelizmente, ainda encontram-se vivas, presentes e arraigadas, dificultando o processo de desen-
volvimento de um currículo mais democrático e menos hegemônico.
Talvez você esteja se perguntando neste momento: “mas o que essa discussão tem haver exatamente com 
esta disciplina?” E respondo-lhe: “Tem tudo haver!” Esta análise política educacional, caro(a) aluno(a), é 
de grande importância, porque você que está agora estudando para tornar-se um futuro educador, é que 
pode provocar mudanças significativas em nosso sistema educacional, através do exame de suas várias 
dimensões e implicações, envolvendo a análise das mudanças e impactos causados sobre as práticas, 
avaliações e organizações pedagógicas. Sendo estas, apenas o ponto de partida para a análise de ques-
tões mais amplas, como o funcionamento e o papel do Estado (para seu maior aprofundamento sobre está 
temática, sugiro a leitura dos autores: Stephen Ball e Richard Bowe).
Se pararmos para pensar, o Estado (por parte de alguns governantes), encontra-se distante da realidade 
encontrada nas escolas. Aqueles que criam as regras – que elaboram o currículo-, “desconhecem” (na 
realidade, na maioria das vezes, agem em favor da minoria dominante) o público alvo. 
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A criação de parâmetros curriculares para a educação nacional surgiu como uma tentativa de minorar a 
grande diversidade de padrões e garantir o mínimo de qualidade educacional previstos na Constituição. 
No entanto, esse “padrão de qualidade” acaba por se restringir à avaliação de desempenho final do 
estudante, desconsiderando o desenvolvimento e as particularidades envolvidas no processo de apren-
dizagem de cada sujeito. Neste ponto, colocando-me enquanto observadora deste cenário de mudanças, 
percebo que apesar de haver a intenção de uma renovação dos parâmetros curriculares, essa modificação 
não é ainda a realidade presente na maioria das escolas; tanto da rede pública, quanto privada de ensino.
Quando se espera um bom desenvolvimento da aprendizagem dos alunos, devem ser consideradas as 
variáveis de entrada e saída dos mesmos na escola. Ou seja, a preocupação não deve existir apenas com 
relação aos conteúdos que serão ministrados, mas tanto quanto, com as condições que estão sendo ofe-
recidas para que o aluno alcance o sucesso escolar. A corrida para superação do atraso em relação aos 
grupos de países mais ricos e desenvolvidos mundialmente, acaba por montar estratégias baseadas em 
princípios economicistas e mercadológicos, estando, desta forma, a qualidade educacional muito mais 
fundada em interesses econômicos do que sociais.
 Dica!
Um autor que poderá ajudar muito nesta sua compreensão é Michel Foucault. Este pesquisador nos ajuda 
a entender melhor a relação corpo e poder em sua forma mais cotidiana: na atuação dos profissionais de 
saúde, nos enfrentamentos em salas de aula, nas grades curriculares, nas recomendações contidas, ou 
não, nos Parâmetros Curriculares Nacionais. 
Para Foucault o controle da sociedade sobre os indivíduos não se opera simplesmente pela consciência ou 
pela ideologia, mas começa no corpo, com o corpo. Foi no biológico, no somático, no corporal que, antes 
de tudo, investiu a sociedade capitalista. O corpo é uma realidade biopolítica. O surgimento do corpo vem 
acompanhado de uma perspectiva de controle, principalmente, através da repressão e da punição. 
 Acesse o Ambiente Virtual
Verifiquei na Biblioteca Virtual que há um livro muito bom para seu aprofundamento, que traz não somen-
te o pensamento de Michel Foucault, mas de outros autores igualmente importantes para seus estudos 
em educação: Aprendendo a ensinar: uma introdução aos fundamentos filosóficos da educação, Renato 
Nogueira Jr.
Retomando as políticas públicas materializadas nos Parâmetros Curriculares Nacionais, podemos obser-
var que as mesmas têm como compromisso a produção de determinados tipos de sujeitos, o que se confi-
gura como um processo complexo, conjugado a partir de interesses diversos e apoiado em vasta produção 
de verdades e poderes/saberes oriundos de múltiplos campos. 
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A escola parece investir mais no adestramento dos alunos do que em aprendizado e a aprendizagem não 
se mostra tão significativa e não há espaço para a vivência e a sensibilidade. A análise dos PCN revela 
diferenças significativas entre as orientações sobre o corpo. O corpo chega a ser uma questão de opção 
entre as diversas possibilidades apresentadas aos alunos: Ciências Naturais, Educação Física, Artes, 
Saúde, Meio Ambiente, Ética, Orientação Sexual, Trabalho e Consumo e Pluralidade Cultural. E quando 
falamos em Psicomotricidade, principalmente na área de educação, é de opinião do senso comum, o pri-
meiro pensamento se remeter às práticas realizadas em sala de aula através de recursos, como: recortes, 
pintura, danças e/ou às aulas de recreação/educação física. Mas é preciso entender que o corpo vai muito 
além disso.
Toda aprendizagem exige habilidades cognitivas e perceptivas, maturidade emocional e social; e tudo isso 
possui uma relação de dependência com os métodos pedagógicos, ou seja, das maneiras de proceder em 
determinadas situações. Existem diversas hipóteses e modelos de como o ser humano aprende; porém a 
criança, em geral, aprende a ler e escrever independente do método, ainda que uns sejam considerados 
melhores que outros. 
 Guarde essa ideia! 
Contudo, é preciso lembrar que nãohá escolas boas ou más simplesmente em função de seu posiciona-
mento filosófico ou método de ensino. Não existem escolas perfeitas, nem escolhas perfeitas. Conside-
rando as necessidades e particularidades de cada criança, as escolhas tendem a ser mais adequadas.
Existem três principais teorias da aprendizagem: a positivista, a construtivista e a interacionista. De acor-
do com a corrente positivista, o comportamento, embora muito complexo, pode ser investigado como 
qualquer fenômeno observável. A aprendizagem baseada neste método é adquirida através da associação 
de estímulos e respostas, onde o indivíduo deve ter a capacidade de fazer esta associação de forma pas-
siva, mecânica, repetitiva e imitativa. Há uma separação clara entre o sujeito e o objeto do conhecimento, 
sendo o sujeito como uma tabula rasa ou processador passivo do estímulo-ambiente.
Contrapondo-se a esta corrente, em meados dos anos 50, vários autores voltaram-se para pesquisas no 
campo da psicologia cognitiva, onde se acreditava que a aprendizagem resulta de uma interação entre o 
ambiente e estruturas pré-existentes do indivíduo. Como principais precursores desta corrente Construti-
vista, podemos citar Noam Chomsky e Jean Piaget. 
Divergindo com o sistema pedagógico tradicional: autoritário, reducionista e baseado na memorização 
de conteúdos, este movimento tem o homem como um ser ativo, que tem capacidade para criar, porém 
dentro dos moldes de uma sociedade pré-estabelecida, ou seja, o homem não transforma e sim, se ajusta 
a sociedade. O conhecimento é construído a partir da interação entre o indivíduo e o meio.
O modelo interacionista partiu de ideias de linguistas e psicólogos que começaram a se interessar pelas 
relações entre linguagem e sociedade. Nesta concepção o homem não é entendido isoladamente, mas 
inseparável do seu contexto ativo, crítico e transformador; capaz de mudar a si mesmo e à sociedade que 
o circunda através da linguagem.
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De acordo com Vigotsky precursor desta corrente, o processo de ensino-aprendizagem se dá na relação 
entre indivíduos que estão inseridos em contextos de vida próprios. Alunos e professores partilham de um 
processo de troca, onde um aprende com o outro. Nesta interação não existe um detentor do conhecimen-
to, mas seres inacabados que aprendem e ensinam mutuamente. Além disso, vale ressaltar que, nesta 
perspectiva, todo processo de ensino-aprendizagem depende do interesse dos sujeitos participantes: alu-
nos, professores, comunidade escolar, etc. Assim, a aprendizagem se dá na coletividade, mas não perde 
de vista o indivíduo que é singular.
 Palavras do Professor
Gostaria de “abrir um parêntese” para a fundamental colaboração da neurociência cognitiva para a com-
preensão da relação entre a psicomotricidade e o desenvolvimento da aprendizagem. Não irei me esten-
der muito neste tema, porém, gostaria que você o pesquisasse assim que possível. 
A Neurociência Cognitiva vem trazendo contribuições significativas para a comunidade educacional, re-
ferendando importantes possibilidades de reformulações conceituais, adequações pedagógicas e meto-
dológicas.
A neurociência cognitiva tem como precursores Alexander Romanovich Luria e Lev Semenovich Vigotsky, 
que trazem a importância do desenvolvimento psicomotor do indivíduo para a aprendizagem de conceitos 
científicos e espontâneos (do dia a dia); ressaltando igualmente, a relevância do meio sociocultural para 
estes processos. Ou seja, atividades complexas, como a leitura e escrita, resultam do trabalho simultâneo 
e integrado de várias zonas existentes no cérebro.
Portanto, funções mentais superiores são processos cognitivos que envolvem atenção, memória, gno-
sias ou percepções, pensamento, consciência, comportamento emocional, aprendizagem e linguagem, e 
refletem o modelo dinamicista discutido anteriormente, em que as áreas cerebrais (auditiva, sensorial e 
tátil-cinestésica, visual, planejamento consciente do comportamento e programas de ação) se integram 
funcionalmente e são influenciadas ativamente pelo meio sociocultural, nas relações sociais do homem. 
Estas funções mentais superiores são determinantes para a aprendizagem, numa relação intrínseca do 
desenvolvimento psicomotor e cognitivo, mediando nossas funções psicointelectuais.
Tanto Luria quanto Vygotsky, resgatam a importância da escola e do papel do professor como agentes 
indispensáveis do processo de ensino-aprendizagem. O professor pode interferir no processo de apren-
dizagem do aluno e contribuir para as descobertas dos alunos, acerca dos conhecimentos acumulados 
historicamente pela humanidade.
Daí o valor dos docentes compreenderem os sistemas funcionais ou as Unidades Funcionais, 
que proporcionam os processos cognitivos superiores como a linguagem e a aprendizagem. 
Ambos os autores rejeitam os modelos engessados, baseados em pressupostos inatistas que 
determinam características comportamentais universais do ser humano, como, por exemplo, as 
que expressam definições de comportamento por faixa etária, que entendem o homem como 
um sujeito datado, atrelado às determinações de sua estrutura biológica e de sua conjuntura 
histórica.
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Na concepção da neurociência cognitiva, o professor é aquele que, detendo mais experiência, funciona 
intervindo e mediando a relação do aluno com o conhecimento. Ele está sempre, em seu esforço peda-
gógico, procurando criar Zonas de Desenvolvimento Proximal (ver em Vigotsky), isto é, atuando como 
elemento de intervenção.
 
 Para resumir
Portanto, caro(a) aluno(a), diante destas informações a que você está tendo neste momento, podemos 
concluir que, ao pensarmos em estimulação psicomotora, significa oferecer às crianças, a possibilidade 
de, por meio de experiências vivenciadas com seu corpo, criarem facilitadores no longo do seu caminho 
de aquisições, até estar amadurecido o suficiente para integralizar todas as etapas de aprendizagem 
necessárias ao processo de alfabetização.
Ou seja, quando se encontra num ambiente favorável, a criança pode encontrar possibilidade de retirar 
o máximo proveito de suas potencialidades inatas. Contrariamente, num ambiente indiferente e hostil, 
apenas algumas dessas possibilidades básicas poderão exprimir-se.
Para você, futuro professor, é fundamental que compreenda que a estimulação psicomotora, em termos 
educacionais, principalmente na educação infantil, pois é nessa fase que a criança vivencia de forma mais 
intensa as experiências de perceber seu entorno e adquirir inúmeras praxias (práticas motoras) e gnosias 
(reconhecimento dos objetos por meio dos sentidos); constitui-se como um aspecto indispensável em sua 
prática pedagógica.
A estimulação psicomotora tem por objetivo a utilização do corpo como via de comunicação com o mundo, 
a fim de colocar a criança em situações variadas de exploração e experimentação concretas, apropriando-
se e resgatando sua memória motora, cognitiva, emocional e social. E esse corpo assimilado de “forma 
real”, leva a criança à otimização e conscientização de suas potencialidades, agindo como facilitador na 
apreensão dos processos pedagógicos, e por meio de atividades lúdicas, favorece o resgaste do “corpo 
vivido”. 
Sendo assim, a estimulação psicomotora quando incorporada a currículos e projetos educacionais, nos 
quais a criança possa utilizar a ferramenta que é o seu corpo; para explorar, perceber, criar, brincar, re-
lacionar, imaginar, planejar e sentir que poderá funcionar como facilitadora e motivadora para aprender. 
Por meio da experiência com o brincar, a aprendizagem pode se tornar não simplesmente um processo 
acomodativo, mas sim uma aprendizagem prazerosa e significativa para a criança.
 Palavras do Professor
O brincar... Vamos agora, querido(a) aluno(a), falar um pouco sobre o brincar. De quais brincadeiras você 
se lembra de quando era criança? Você ainda brinca atualmente? Dos momentos bonsque você se lembra 
da escola, em quais deles a brincadeira estava presente? E dos momentos bons da sua vida, em quais 
deles a brincadeira está presente?
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Suponho que na maioria não é mesmo? Creio que seja importante refletirmos, aqui, sobre a “brincadeira”, 
a fim de tentarmos desconstruir a ideia de que brincar é apenas “coisa de criança” e considerarmos a 
seriedade da brincadeira, principalmente para a criança! 
O olhar do adulto sobre a brincadeira da criança, na maioria das vezes, é “adultizado. Ou seja, é progra-
mado, estigmatizado, previsível... Para brincarmos como crianças, é preciso nos deixar “abandonar” na 
brincadeira, não duvidar de nada, não se subestimar, nem subestimar o outro. E para o adulto, este não é 
um exercício fácil.
Para Renata Meirelles, uma pesquisadora que viaja o Brasil para conhecer, por meio das brincadeiras 
infantis, diferentes aspectos da nossa cultura, “o brincar é o aqui e agora; é quando você está sendo você 
na sua essência”. Junto ao marido seus dois filhos, Renata percorreu o Brasil e visitaram comunidades ru-
rais, indígenas, quilombolas, grandes cidades, sertão e litoral para realizar um documentário “O território 
do Brincar”; e mostrar o país por meio dos olhos das crianças e registrar as sutilezas da espontaneidade 
do brincar. 
Nas palavras desta pesquisadora “o brincar é um canal de sentir quem é você no mundo, com o outro, na 
sua própria construção de ser. E isso vai sendo carregado junto conosco ao longo da vida. A nossa infân-
cia é levada aonde quer que formos. Até porque ela é o alimento primeiro, a base, onde a gente mais se 
acessou. Se conseguimos trazer isso, aí temos os limites de nós mesmos”.
Para o psicólogo evolucionista Peter Gray, as crianças de hoje não têm tempo, espaço e permissão para 
brincar livremente. Seus lugares são controlados, as horas escolares cresceram e a organização das cida-
des desfez laços comunitários, tornando o espaço público inacessível e perigoso. Tudo isso tem profundos 
impactos no aprendizado e no desenvolvimento das pessoas. 
Este estudioso defende, que quanto mais desenvolvido o cérebro de um mamífero, maior a quantidade 
de tempo que seus filhotes passam brincando. Além disso, pesquisas mostram que animais privados de 
contato social no desenvolvimento tornam-se arredios e assustados e não têm resposta para lidar com as 
ameaças. E com as crianças, isso é ainda mais acentuado. 
Como afirma Peter Gray, ao longo da história, o brincar é maneira pela qual as crianças adquirem estrutura 
física, emocional, intelectual e social. Ao brincar, nós simulamos um mundo no qual é possível praticar 
as habilidades que serão necessárias ao nos tornarmos adultos de fato. É na brincadeira de risco, livre e 
ao ar livre que se consegue lidar com problemas complexos. Por exemplo: “é subindo numa árvore ou até 
brigando uns com os outros, que eles aprendem a lidar com raiva e medo sem se autodestruírem”. 
Lembre-se que, neste constante movimento, aparentemente um simples brincar, milhões de processos 
ocorrem e levam ao amadurecimento dos sistemas neurosensorial, rítmico e motor. Através do pegar, 
subir, correr, pular, etc, habilidades são conquistadas para o resto da vida tais, como: definição de domi-
nância lateral, equilíbrio, geografia corporal, orientação espacial, entre tantos outros. 
Dessa forma, queridos alunos, deixemos as crianças brincarem! E brinque com eles! As crianças que brin-
cam livremente, que criam suas brincadeiras, que possuem contato diário com a natureza, que recebem 
contato interessado e amoroso dos adultos, certamente são e serão mais inteligentes emocionalmente e 
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cognitivamente; são capazes de perceber com sensibilidade a si e ao outro, estabelecer relações e inte-
ragir no ambiente sensorial e emocional. 
 Palavras do Professor
Querido(a) aluno(a), chegamos ao encerramento desta primeira unidade. Desde já, lhe dou parabéns por 
sua dedicação e disponibilização de seu tempo para aprender um pouco mais sobre temas tão importan-
tes para sua futura profissão: Pedagogo.
Na próxima unidade daremos continuidade às reflexões teóricas sobre a psicomotricidade, explorando o 
campo de estudos científicos sobre o desenvolvimento psicomotor.
Reforço à relevância de você acessar a Biblioteca Virtual (aproveite ao máximo este recurso oferecido 
pela Instituição) e o E-book da disciplina para embasar seus estudos. Assim como, realizar as atividades 
propostas no Fórum e também realizar sua autoavaliação através do questionário proposto.
Grande abraço para você e até a próxima Unidade!
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