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Resenha Tao da Física

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Resenha
CAPRA, Fritjof. O Tao da Física. 1975, 1983. Tradução © Editorial Presença, Lda., Lisboa, 1989. 1º edição, Lisboa, 1989. (Capitulo I e II)
Fritjof Capra, nascido em Viena, Áustria em 1 de fevereiro de 1939, é um físico teórico e escritor que desenvolve trabalho na promoção da educação ecológica. Capra recebeu, em 1966, seu doutorado em física teórica, pela Universidade de Viena, e tem dado palestras e escrito extensamente sobre as aplicações filosóficas da nova ciência.
Capra inicia o capitulo I falando que a física moderna influenciou profundamente vários aspectos da sociedade humana e com isso tornou-se a base da ciência natural que combinada com a técnica transformou fundamentalmente as condições de vida na Terra, seja para o bem ou para o mal. A influência da física, ao contrário do que muitos pensam, vai além da área tecnológica, ela se entende ao domínio do pensamento e da cultura modificando assim a nossa concepção de universo e a nossa relação com ele.
Os conceitos da física moderna mostram, frequentemente, surpreendentes paralelos com as ideias expressas nas filosofias religiosas do Extremo Oriente. Apesar de não terem sido amplamente discutidos, eles têm sido anotados por alguns dos maiores físicos do nosso século quando entraram em contato com a cultura do Extremo Oriente durante viagens de estudo à Índia, China e Japão.
A autor esclarece que a ideia principal do livro é explorar a relação entre os conceitos da física moderna e as ideias fundamentais das tradições filosóficas e religiosas do Extremo Oriente. Ou seja, Capra acredita que a física moderna nos conduz a uma visão do mundo similar às sustentadas pelos místicos de todos os tempos e tradições. As tradições místicas a qual ele se refere são as do oriente, já que no ocidente as escolas místicas sempre tiveram um papel marginal. No oriente as escolas místicas constituem o veículo principal do pensamento filosófico e religioso.
Em seguida é falado das raízes da física, que assim como as raízes da ciência ocidental em geral, encontram-se no primeiro período da filosofia grega, no século IV a.C., numa cultura em que não havia a separação entre ciência, filosofia e religião. Por isso o objetivo principal naquela época era descobrir a natureza essencial, ou constituição verdadeira, das coisas a que chamavam “físicas”. O termo “físico” empregado naquela época significava a tentativa de ver a essência das coisas. Esse é o objetivo central dos estudos místicos.
Capra cita a filosofia de Heraclito de Éfeso, que era baseada na crença de um mundo em continua mudança, de eterno devir. Heraclito, foi um filosofo que ensinou que todas as mudanças no mundo provêm da conjugação dinâmica e cíclica dos opostos, e concebia qualquer par de opostos como uma unidade. A esta unidade, que contém e transcende todas as forças opostas, dava-se o nome de Logos.
A ruptura dessa unidade chamada Logos começou com a escola de Eleia, que sustentou a crença de um Princípio Divino estável acima dos deuses e dos homens. Este princípio foi encarado como um Deus inteligente e personalizado, que permanece acima do mundo e o comanda. Foi assim que começou a tendência de pensamento que resultou na separação entre espírito e matéria.
No fim do século XV, o estudo da natureza foi, pela primeira vez, procurado num verdadeiro espírito científico, e foram efetuadas experiências para testar as ideias teóricas. Galileu foi o primeiro a combinar conhecimento empírico com matemática, e é, portanto, considerado o pai da ciência moderna.
O nascimento da ciência moderna foi precedido e acompanhado por um desenvolvimento do pensamento filosófico que conduziu a uma formulação extrema do dualismo espírito-matéria. Esta formulação apareceu no século XVII na filosofia de René Descartes, que fundava a sua visão da natureza numa divisão fundamental em dois domínios separados e independentes: o da mente e o da matéria.
A filosofia de Descartes foi de fundamental importância para o desenvolvimento da física clássica, como também foi a responsável por uma tremenda influência na maneira ocidental de pensar, influencia essa que perdura até os dias de hoje. Um exemplo disso é a famosa frase de René “Penso, logo existo”, foi essa frase que levou à nós, ocidentais, a equivaler nossa identidade com a mente em vez de com todo o nosso organismo.
A divisão cartesiana e a visão mecanicista do mundo foram extremamente bem-sucedidas no desenvolvimento da física clássica e tecnologia, mas tiveram consequências adversas para a nossa civilização. 
Capra fala como é fascinante verificar que a ciência do século XX, originada da divisão cartesiana e da visão mecanicista do mundo, está ultrapassando a fragmentação existente entre espirito e matéria e regressando à ideia de unidade expressa nas primeiras filosofias grega e oriental, ou seja, voltando a ter uma visão holística do universo, pensando nele como um todo.
No segundo capitulo Capra traz a difícil questão de como comparar uma ciência exata, expressa na linguagem altamente sofisticada da moderna matemática, e as disciplinas espirituais baseadas sobretudo na meditação. Ele fala que o que ele quer comparar são as afirmações feitas por cientistas e místicos orientais acerca do seu conhecimento do mundo.
Contudo ao tentar fazer isso em níveis corretos de comparação ele se depara com algumas questões importantes como por exemplo o que um monge budista entende por “conhecimento” é o mesmo que um físico de Oxford? Quais tipos de afirmações vão ser comparadas? O que vão ser selecionados dos dados experimentais, equações e teorias, de um lado, e das escrituras religiosas e mitos antigos, de outro? Com isso Capra fala que o objetivo principal desse capitulo é tornar claro a natureza do conhecimento envolvido e a linguagem na qual este conhecimento é expresso.
Em seguida o autor fala que ao longo da história tem sido reconhecido que a mente humana é capaz de dois tipos de conhecimento, ou dois modos de consciencialização, designados muitas vezes por racional e intuitivo, e têm tradicionalmente sido associados com ciência e religião, respectivamente.
No decorrer do capitulo Capra explica o que é o conhecimento racional e conhecimento absoluto. Conhecimento racional deriva da experiência que temos com os objetos e acontecimentos no meio do nosso dia a dia. Pertence ao domínio do intelectual cuja função é discriminar, dividir, comparar, medir e categorizar. Deste modo, é criado um mundo de distinções intelectuais, de contrários que só podem existir como relações entre si, razão pela qual os budistas chamam a este tipo de conhecimento relativo.
Já conhecimento absoluto, denominado assim pelos budistas, é o conhecimento que vem de uma tal experiência. Ele é chamado assim porque não confia nas discriminações, abstrações e classificações do intelecto que, para os budistas, são sempre relativas e aproximadas.
Capra conclui falando que quando os místicos orientais expressam o seu conhecimento por palavras (mitos, símbolos, imagens poéticas ou afirmações paradoxais) ele está ciente das limitações inerentes à linguagem e ao pensamento linear. A física moderna, contrária as ideais que a fundamentaram por anos, chegou à mesma atitude no que diz respeito aos seu modelos e teorias verbais, percebendo que eles também são apenas aproximações e necessariamente inexatos.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS
CURSO: BACHARELADO EM CIÊNCIAS EXATAS E TECNLÓGICAS
CAMPUS: CRUZ DAS ALMAS
RESENHA CRÍTICA
Cruz das Almas-BA
2017.1
Fernando de Souza Bonsucesso
RESENHA CRÍTICA
O Tao da Física
Capítulo I - Física moderna: uma via coerente?
Capítulo II - Conhecendo e observando
Trabalho solicitado a UFRB – Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, como requisito para a aprovação parcial na disciplina de Fundamentos de Filosofia. Turma T02 – Quinta-feira, 8:00hrs.
 
 Orientador (a): Maria Nilza de Jesus.
	
Cruzdas Almas – BA
2017.1

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