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capítulo 10 � Condições Dolorosas da Coluna Superior, Pescoço e Braço Conceitos de Tratamento ........................................................... 333 Causas Mecânicas da Dor..................................................... 333 Espasmo Muscular................................................................... 333 Encurtamento Adaptativo ..................................................... 334 Fraqueza de Alongamento.................................................... 334 Estabilidade ou Mobilidade ................................................... 335 Estruturas Musculoesqueléticas.................................................. 336 Tratamento.................................................................................... 336 Modalidades Fisioterápicas.................................................... 336 Procedimentos......................................................................... 337 Suportes .................................................................................... 338 Diretrizes para o Clínico .......................................................... 338 Condições Dolorosas da Coluna Superior................................ 339 Distensão do Trapézio Médio e Inferior................................. 339 Rombóides Contraturados..................................................... 340 Dor em Casos de Paralisia do Serrátil.................................... 340 Dor devido a Osteoporose ..................................................... 341 Dor no Pescoço e Dores de Cabeça ........................................ 341 Retração dos Músculos Posteriores do Pescoço ................. 341 Dores de Cabeça Occipitais ............................................ 341 Dores de Cabeça por Tensão ........................................... 342 Distensão do Trapézio Superior.............................................. 342 Dores no Braço ............................................................................. 342 Síndrome da Abertura Torácica Superior............................. 342 Síndrome da Pressão do Coracóide ..................................... 343 Síndrome do Redondo............................................................ 344 Dor devido a Subluxação do Ombro ................................... 345 Pressão na Raiz Nervosa Cervical.......................................... 346 Costela Cervical ...................................................................... 346 � 331 � •í � CONCEITOS DE TRATAMENTO Esta introdução contém uma breve visão geral dos vários tópicos que serão abordados neste capítulo. O propósito desta secáo é apresentar algumas abordagens e conceitos clínicos para a avaliação e tratamento que são pertinentes à discussão de problemas musculoesqueléticos dolorosos contidos neste capítulo e no próximo. Causas Mecânicas da Dor. A dor — seja no músculo, articulação ou no próprio nervo — é uma resposta do nervo. Independentemente do local onde possa se originar o estímulo, a sensação de dor é conduzida por fibras nervosas. Os fatores mecânicos que dão origem à dor terão, desse modo, que afetar diretamente as fibras nervosas. Existem dois fatores mecânicos que devem ser considerados em problemas de mecânica corporal defeituosa. A pressão sobre raiz nervosa, tronco, ramos nervosos ou terminações nervosas pode ser causada por alguma estrutura firme adjacente tal como osso, cartilagem, faseia, tecido cicatricial ou músculo tensionado. A dor resultante de um ligamento amarelo alargado ou disco intervertebral herniado exemplifica a pressão em raízes nervosas. A "síndrome do escaleno anterior" em casos de dor no braço, e a "síndrome piriforme" em casos de dor ciática são exemplos de irritação nervosa associada com tensionamento dos músculos respectivos. A tensão nas estruturas que contêm terminações nervosas sensíveis à deformação, como se vê em músculos, tendões ou ligamentos alongados ou distendidos, pode causar uma dor leve ou excruciante, dependendo da gravidade da distensão. As forças no corpo que exercem uma tensão que causam lesão e resultam em distensão do tecido mole geralmente originam-se de uma distorção prolongada do alinhamento ósseo ou de uma tração muscular súbita. A distribuição da dor ao longo do curso do nervo comprometido e das áreas de distúrbio sensorial cutâneo são auxílios na determinação do local de lesão. A dor pode ser localizada abaixo do nível de comprometimento direto ou pode ser disseminada devido a dor reflexa ou referida. Em uma lesão de raiz, a dor tende a estender-se da origem do nervo até sua periferia e o envolvimento sensorial cutâneo é relacionado com os dermátomos. O comprometimento nervoso periférico geralmente se distingue pela dor abaixo do nível da lesão. A maioria dos nervos periféricos contém fibras sensori-ais assim como motoras. Os sintomas de dor ou formigamento geralmente aparecem nas áreas cutâneas supridas pelo nervo antes que a insensibilidade ou fraqueza sejam aparentes. Existem, contudo, numerosos músculos que são supridos por nervos que são puramente motores para o músculo, e sintomas de fraqueza aparecem sem sintomas prévios ou concor- �rentes de dor ou formigamento. (Para detalhes adicionais, vide p. 378.) Espasmo. O espasmo muscular é uma contração involuntária do músculo, ou de um segmento dentro do músculo, que ocorre como resultado de estimulação nervosa dolorosa. A irritação devido ao nível de raízes, plexo, ou ramos de nervos periféricos tenderá a causar espasmo de vários músculos, enquanto que o espasmo devido a irritação das terminações nervosas dentro de um músculo poderá se limitar ao músculo envolvido, ou poderá se disseminar devido a mecanismos de dor reflexa. O tratamento do espasmo muscular depende do tipo de espasmo. O alívio do espasmo resultante de irritação nervosa inicial da raiz, tronco ou ramo periférico depende do alívio da irritação nervosa que a provoca. O tratamento agressivo do músculo ou músculo com espasmo tenderá a agravar os sintomas. Por exemplo, deve-se evitar o uso de calor, massagem e alongamento de músculos isquiotibiais em casos de dor ciática aguda. A imobilização rígida do membro é também contra-indicada. O espasmo protetor pode ocorrer secundariamente a lesão de estruturas subjacentes tais como ligamento ou osso. Essa "imobilização" protetora, como geralmente ocorre após uma lesão da coluna, impede o movimento e irrita ainda mais as estruturas lesadas. O espasmo protetor deve ser tratado com a aplicação de um suporte protetor de modo a aliviar os músculos dessa função extra. O espasmo muscular tende a ceder rapidamente e a dor diminui quando um suporte é aplicado. Na medida em que o músculo relaxa, o suporte mantém a função de proteção para permitir a cicatrização a qualquer lesão de fundo que tenha dado origem à resposta muscular de proteção. Além do alívio pela restrição do movimento, o suporte acrescenta o alívio por pressionar os músculos que estão em espasmo. A resposta positiva à pressão direta sobre o músculo diferencia esse tipo de espasmo daquele devido à irritação nervosa inicial. Na coluna lombar, onde o espasmo muscular protetor ocorre com frequência, um aparelho com coxim lombar, ou um colete com haste posterior curva para conformar-se ao contorno da coluna lombar pode ser usado tanto para imobilização quanto para pressão. Na maioria dos casos pode-se assumir que o distúrbio de fundo é sério o suficiente para requerer o uso de um suporte pelo menos por alguns dias para permitir a cicatrização. Contudo, não é raro cnstatar, quando o surgimento agudo da dor é causado por um exagero súbito dos movimentos, que uma postura rígida persista devido ao medo do movimento, em vez de ser devido a uma necessidade persistente de rea-ção protetora. Como existe essa possibilidade, é geralmente útil aplicar calor e massagem leve como um auxilio diagnóstico para determinar a extensão da reação de proteção. 333 � � 33* Condições Dolorosas da Coluna Superior,Pescoço e Braço � O ffpaffio muscular segmentar é uma contração involuntária do segmento não lesado de um músculo como resultado de uma lesão no músculo. A contração dessa parte coloca tensão sobre a parte lesada e uma condição de distensão passa a estar presente. A dor associada com tensão no músculo pode ser delineada pelas margens do músculo, ou pode disseminar-se devido a mecanismos de dor reflexa ou referida. O tratamento requer imobilização em uma posição que alivia a tensão no músculo afetado. Uma resposta positiva pode também ser obtida com massagem leve e localizada na área do espasmo. O espasmo muscular associado com lesão tendínea difere daquele acima quando a tensão é exercida no tendão em vez de sobre parte de um músculo. Os tendões contêm muitas terminações nervosas sensíveis ao alongamento, e a dor associada com lesão tendínea tende a ser intensa. Encurtamento Adaptativo. Encurtamento adaptativo é a retração que ocorre como resultado da permanência do músculo em uma posição encurtada. A menor que o músculo opositor seja capaz de tracionar a parte de volta para a posição neutra, ou seja exercida alguma força externa para alongar o músculo encurtado, este permanecerá na condição de encurtamento. A retração ou encurtamento representa uma diminuição leve a moderada no comprimento muscular e resulta em uma restrição correspondente da amplitude de movimento. Ela é considerada reversível, mas os movimentos de alongamento devem ser feitos gradualmente para evitar dano às estruturas tissulares. Um período de várias semanas é geralmente necessário para a restauração da mobilidade em músculos que exibam retração moderada. Fraqueza por Alongamento. A. fraqueza por alongamento é definida como uma fraqueza que resulta de músculos que permanecem em condição alongada, contudo leve, além da posição de repouso fisiológica neutra, mas não além da amplitude normal de comprimento muscular. O conceito relaciona-se com a duração do alinhamento defeituoso mais que com a gravidade dele. (Não se refere ao alongamento excessivo, que significa além da amplitude normal de comprimento do músculo.) Muitos casos de fraqueza por alongamento têm respondido ao tratamento que suportou os músculos em uma posição favorável, embora os músculos tenham estado fracos ou parcialmente paralisados por um longo tempo, até mesmo vários anos após o surgimento do problema inicial. (Vide abaixo e na p. 123). O retorno da força nesses casos indica que o dano aos músculos não foi irreparável. Os músculos que exibem fraqueza por alongamento não devem ser tratados com alongamento ou com movimentos através da amplitude de movimento articular na direção dos músculos fracos alongados. A �condição é decorrende de alongamento contínuo e responde à imobilização em posição de repouso fisiológico por um período de tempo suficiente para permitir que ocorra recuperação. A fraqueza por alongamento pode ser sobreposta sobre os músculos normais, ou sobre músculos inicialmente afetados por uma lesão de nervo periférico, célula do corno anterior ou sistema nervoso central. A seguir apresentamos exemplos de vários tipos de envolvimento. Um exemplo familiar de fraqueza por alongamento sobreposta a um músculo normal é o pé caído que pode desenvolver-se em um paciente acamado como resultado dos lençóis que mantêm o pé em flexão plantar. A fraqueza em dorsiflexores resulta do alongamento contínuo sobre esses músculos, mesmo quando não há comprometimento neurológico. A seguir um exemplo de fraqueza por alongamento sobreposta a uma lesão de nervo periférico. Uma mulher estava erguendo uma pesada pedra enquanto fazia jardinagem. Suas mãos estavam em supinação. A pedra caiu subitamente, rodando seus antebraços em pronação. Ela sentiu uma dor aguda no antebraço direito, superiormente. Desenvolveu-se fraqueza nos músculos supridos pelo nervo radial abaixo do nível do supinador. Ela foi examinada por vários médicos, incluindo um neurocirurgião que disse que havia visto alguns casos, e sabia de outros relatados na literatura, onde o nervo radial se achava similarmente envolvido no nível onde passa pelo supinador. A paciente foi vista pela primeira vez por um fisi-oterapeuta 78 meses após a ocorrência. Os extensores do punho e o extensor dos dedos mostravam acentuada fraqueza, porém não paralisia completa, e graduavam-se como fracos e fracos+. Foi aplicado um splint, e com 2 semanas a força havia melhorado para graus de fraco-i- e regular+. Então a condição chegou a um impasse. A paciente havia começado a fazer mais trabalho com a mão e ficava sem o splint a maior parte do tempo. Três semanas se passaram, mas ao invés de ser liberada, foi decidido pela paciente, pelo doutor e pelo fisioterapeuta que seria tentado um período de imobilização mais completa. Foi aplicado um splint gessado extensor, incluindo extensão das articulações metacarpofalângicas. Isso protegeu os extensores do punho e extensor dos dedos mas permitiu o uso das articulações interfalângicas em flexão e extensão. O splint era removível mas a paciente foi alertada para usá-lo até 24 horas por dia se possível, e não mover o punho e dedos em flexão completa nos momentos que o splint fosse removido. Após 2 semanas, os músculos do punho e dedos haviam melhorado muito. A paciente tocou piano e datilografou pela primeira vez após 2 anos. A fraqueza por alongamento sobreposta aos músculos afetados por comprometimento das células do � � 335 Cond:ções Dolorosas da Coluna Superior, Pescoço e Braço � corno anterior foi vista numerosas vezes em pacientes de poliomielite. A seguir um exemplo. Esta paciente foi vista pela primeira vez 4 anos a p ó? o surgimento da doença. Ela foi admitida para tratamento de escoliose e de um problema no braço. A paciente apresentava também pé caído mas não havia sido planejado tratamento para essa condição. O exame revelou um traço questionável de força no músculo tibial anterior. O doutor responsável foi persuadido a colocar um gesso removível no pé, mantendo-o em leve dorsiflexão e inversão. Durante os tratamentos (feitos diariamente ou pelo menos três vezes por semana) não se permitiu que o pé caísse além do ângulo reto. Em 3 meses, a força muscular havia retornado até regular-, e em 6 meses havia melhorado para o grau bom. A paciente recebeu alta usando um aparelho durante o dia e usando um meio-gesso durante a noite. Mais tarde o aparelho e o gesso foram descartados e a única correção foi uma cunha interna sobre o salto do sapato. Com atividade normal, o músculo havia retido a força de bom — como indicou o exame feito 2 anos mais tarde. A fraqueza por alongamento sobreposta a uma lesão do sistema nervoso central tem sido observada em pacientes com esclerose múltipla, especialmente com relação aos extensores de punho e dorsiflexores de tornozelo. O alongamento dos músculos opositores que se tornaram encurtados e a aplicação de um suporte na forma de um splint com extensão para o punho ou uma órtese para o tornozelo têm resultado em melhora da força e habilidade funcional. Outro tipo de lesão do sistema nervoso central com fraqueza sobreposta é exemplificado pelo caso a seguir. Uma criança que sofreu hemiplegia direita ao nascimento foi vista pela primeira vez com 12 anos de idade devido a queda do punho. A mão foi colocada em um splint extensor e deixada por vários meses nessa posição, dia e noite, exceto para os períodos de tratamento. Os músculos apresentaram retorno excelente de força. Os dados a seguir, tirados do seu registro, são especialmente interessantes porque esse paciente foi visto ocasionalmente durante um longo período de tempo. A fraqueza por alongamento de natureza menos dramática é vista frequentemente em casos de Idade do Paciente (anos) Extensor ulnar do carpo Graus de Força Muscular R B+ N N B 12 13 16 20 24 Extensor radial do carpo F-B+ N N B �distensão ocupacional e postural. Os músculos mais frequentemente afetados são os músculos uniarticulares: Glúteo médioe mínimo, iliopsoas, rotadores externos do quadril, músculos abdominais e trapézio médio e inferior. A fraqueza por alongamento, sendo resultado de tensão persistente sobre o músculo, precisa ser tratada por alívio da tensão. O realinhamento da parte, colocando-a em posição neutra e o uso de medidas de apoio para ajudar a restaurar e manter esse alinhamento até que os músculos fracos recuperem a força são fatores importantes no tratamento. Qualquer retração dos opositores que tenda a manter a parte fora do alinhamento precisa ser corrigida de modo a aliviar a tensão sobre os músculos fracos. Posições ocupacionais defeituosas que impõem contínua tensão sobre certos músculos precisam também ser ajustadas ou corrigidas. Deve-se ter o cuidado de não sobrecarregar um músculo que tenha estado sujeito a uma sobrecarga de tensão prolongada. Na medida em que os músculos melhoram em força e são capazes de manter o ganho, espera-se que o paciente use os músculos trabalhando para manter o equilíbrio muscular apropriado e o bom alinhamento. Estabilidade ou Mobilidade. No tratamento de condições anormais de articulações e músculos, é preciso determinar os objetivos gerais do tratamento com base na decisão sobre se o que se quer é estabilidade ou mobilidade como resultado para função ideal. As estruturas articulares são elaboradas de forma que junto com uma maior mobilidade ocorre menor estabilidade e junto com uma maior estabilidade se vê menos mobilidade. E totalmente aceito geralmente que junto com o crescimento desde a infância até a idade adulta ocorre um "tensionamento" das estruturas ligamentares, com uma diminuição correspondente na flexibilidade dos músculos. Essa mudança fornece maior estabilidade e força para os adultos do que para as crianças. O indivíduo com ligamentos "relaxados", geralmente chamados como do tipo "frouxo", não tem a mesma estabilidade na posição em pé que apresenta um indivíduo menos flexível. Um joelho que faz hiperextensão, por exemplo, não é mecanicamente tão estável para sustentação de peso como um que se mantenha em extensão normal. A falta de estabilidade da coluna no indivíduo flexível pode levar a problemas quando o trabalho requer que se fique em pé ou sentado por longos períodos, ou quando há necessidade de erguer ou carregar objetos pesados. Os músculos não são bem-sucedidos para funcionar tanto para o movimento quanto para o suporte normalmente oferecido pêlos ligamentos. Quando ocorrem os sintomas, eles aparecem primeiro como fadiga, depois como dor. Geralmente um adulto jovem com força excelente, mas com flexibilidade � 336 Condições Dolorosas da Coluna Superior. Pescoço e 3'açc � excessiva da coluna, irá requerer um suporte para coluna para aliviar sintomas dolorosos. Sob certas circunstâncias, a função é melhorada e a dor aliviada pela restrição da amplitude de movimento até o ponto de fixação completa. Condições como artrite de Marie-Strümpell da coluna, quando fundidas em bom alinhamento, e fusões pós-operató-rias da coluna, quadril, pé ou punho exemplificam esse princípio. Do ponto de vista mecânico, existem dois tipos de defeitos relacionados com alinhamento e mobilidade: V) compressão indevida sobre superfícies articulares de ossos; 2) tensão indevida sobre ossos, ligamentos ou músculos. Eventualmente, podem ocorrer dois tipos de alterações ósseas. A compressão excessiva produz um efeito de erosão sobre a superfície articular, enquanto que a tração pode resultar em um aumento no crescimento ósseo no ponto de inserção. A falta de mobilidade está intimamente relacionada com alinhamento defeituoso persistente como um fator causador de compressão indevida. Quando a mobilidade é perdida ocorre rigidez e um certo alinhamento permanece constante. Isso pode ser devido à restrição de mobilidade por músculos retraídos, ou devido à inabilidade dos músculos fracos para moverem a parte através do arco de movimento. A retração muscular é um fator constante que tende a manter a parte em alinhamento defeituoso independentemente da posição do corpo. A fraqueza muscular é um fator menos constante porque a mudança na posição do corpo pode produzir uma mudança no alinhamento da parte. Quando ocorre um movimento normal nas articulações, o desgaste e as lacerações sobre as superfícies articulares tendem a ser distribuídas; contudo, quando ocorre limitação da amplitude, o desgaste ocorre somente nas superfícies articulares que representam o arco de uso. Se a parte que está restringida por retração muscular está protegida contra qualquer movimento que provoque distensão, outras partes precisarão compensar pois tal restrição irá ao invés sofrer a distensão. A mobilidade articular excessiva resulta em tensão sobre os ligamentos que normalmente limitam a amplitude de movimento e podem resultar em compressão indevida sobre as margens das superfícies articulares quando a amplitude excessiva for de longa instalação. Estruturas Musculoesqueléticas. O sistema musculoesquelético é composto de músculos estriados, vários tipos de tecido conectivo e esqueleto. Esse sistema proporciona os componentes essenciais para estabilidade na sustentação de peso, força, flexibilidade e movimento voluntário. Os ossos do esqueleto são mantidos unidos pêlos ligamentos, que são faixas fibrosas fortes ou folhas de tecido conectivo. Eles são flexíveis, porém não ex- �tensíveis. Aigur.ï '.:; an-er,:-: í '~'*--~ í -~~p-~_inp em tal extensão que a art:;ulacã: fi:a ir^cT-L. alguns permitem liberdade de m c v.—í-r.:-: 'Is lirín«rc.r<>5 são classificados como capsulares. er.raLiiJSulares e intracapsulares. Eles contém temir.ac-!«rs nervosas que são importantes nos mecanismos reflexos e na percepção de movimento e posição. Eies pocern diferir do ponto de vista da função mecânica. Por exemplo, ligamento colateral refere-se a um tipo extracapsular que permanece tensionado através de toda a amplitude de movimento articular; o ligamento cruzado (como na articulação do joelho) permanece frouxo durante alguns movimentos e tensionado durante outros movimentos. As, fibras musculares esqueléticas são classificadas primariamente em dois tipos: Tipo I (vermelhas, con-tração lenta) e Tipo II (brancas, contração rápida). Os tipos de fibras são mistos na maioria dos músculos, mas geralmente um tipo predomina, dependendo das propriedades contrateis do músculos como um todo. As fibras Tipo I parecem predominar em alguns músculos posturais tais como o eretor da espinha e sóleo. As fibras do tipo II geralmente predominam nos músculos dos membros onde são necessárias forças rápidas potentes. Contudo, existe variabilidade nessas relações na população, especialmente com relação ao desenvolvimento e envelhecimento. Os músculos, que constituem cerca de 40% do peso corporal, são inseridos ao esqueleto através de aponeuroses, faseias ou tendões. As aponeuroses são folhas de tecido conectivo denso, com cor branca e brilhante. Elas vestem as largas origens do músculo grande dorsal. Os músculos oblíquo externo e interno são inseridos na linha alba por meio de aponeuroses. O palmar longo insere-se na aponeurose palmar e a tensiona. Faseias são de dois tipos: superficial, que fica embaixo da pele e permite livre movimento da pele, e profunda que envolve, reveste e separa os músculos. Algumas faseias profundas proporcinam inserções para os músculos; por exemplo, o trato iliotibial é uma forte faixa de faseia profunda que proporciona inserções para o tensor da faseia lata na tíbia e para o glúteo máximo no fémur e na tíbia. A faseia toracolombar proporciona inserção para o transverso do abdome. Os tendões são faixas fibrosas brancas que inserem os músculos nos ossos. Eles têm grande força tênsil, mas são praticamente inelásticos e resistentes ao alongamentos. Os tendões têm poucos vasos sanguíneos, mas são supridos com fibras nervosas sensoriais que terminam em órgãos de Golgi perto da junção musculotendínea. Em lesões que envolvem um estiramento grave, o músculo tem maior probabilidadede ser afetado. Às vezes a inserção tendínea no osso é afetada. Por exemplo, a inserção do fibular curto na base do quinto metatársico pode ficar com- � � 337 Z:~: ::es De o'osas da Coluna Superior. Pescoço e Braço � prometida em um^. lesa: :-:cr irví-íl: i-: p-e Os tendões podem se ncrper 'Qr_Lnj: : -.írr.dãc cie Aquiles se rompe ocorre- reirscâ: i:* ~.u.s-cu_.:s ïastrocnèmio e sóleo com espasm-i e i: r aruia Modalidades Fisioterápicas de Tratamento. Os efeitos terapêuticas d: .jg."•:•*• incluem alívio da dor e espasmo muscular, diminuição da rigidez articular, aumento da extensibilidade do tecido colágeno, aumento do fluxo sanguíneo e alguma assistência na resolução dos infiltrados inflamatórios (45). As propriedades relaxantes do calor superficial tornam-no uma modalidade efetiva no tratamento de músculos retraídos ou contraturados, através do alívio da dor e espasmo e facilitação do alongamento. Contudo, o calor não deve ser aplicado a músculos que estejam fracos devido ao alongamento porque um relaxamento adicional dos músculos não é indicado. Por exemplo, na coluna superior, quando a fraqueza do trapézio médio e inferior é a principal questão, o calor deve ser evitado. O uso de calor pode aumentar ao invés de diminuir a dor. O calor não deve ser usado na maioria das condições agudas, nem sobre áreas onde a sensação e circulação estejam comprometidas. O tipo de calor de um turbilhão não é indicado quando existe edema porque requer uma posição pendente do braço ou perna durante o tratamento. Se o calor provoca um aumento na dor ou dá uma sensação "desconfortável", significa geralmente que o tipo de calor está errado, ou que há uma duração ou intensidade excessivas. Uma resposta adversa ao calor pode acompanhar a dosagem excessiva. Se usado com cuidado, o calor profundo tal, como o ultra-som, pode ser efetivo através do aumento da extensibilidade do tecido conectivo retraído, aumentando o fluxo sanguíneo, ou assistindo na resolução de um processo inflamatório crónico. Os efeitos terapêuticos do frio incluem alívio do ciclo da dor e espasmo muscular secundário à patologia esquelética e articular, redução da espasticidade, e redução do edema e sangramento através da promoção da vasoconstricção. Muitos tipos de modalidades de estimulação elé-trica estão disponíveis atualmente para uso nos programas de tratamento para controle da dor, reeduca-ção muscular ou manejo de edema. Alguns são efetivos, quando usados com critério, como um adjunto em um programa de tratamento bem planejado. Outros, contudo, são de valor questionável ou permanecem com valor controvertido. Procedimentos de Tratamento. A tração é uma força usada terapeuticamente com fins de produzir alongamento ou estiramento de estruturas articulares e/ou músculos. Aplicada apropriadamente, a força traciona na direção de separação ou destração das articulações dos membros ou corpos vertebrais. A tração pode ser aplicada manualmente, ou pode ser usa- �do um dispositivo de tração mecânica, pesos estáticos, ou tração por posição. Os efeitos terapêuticos incluem alívio da dor e espasmo, redução ou prevenção de adesões, alongamento da musculatura retraída e melhora da circulação. A massagem é geralmente subestimada e subutilizada como procedimento terapêutico. Quando aplicada corretamente pode ser bastante efetiva no manejo de condições musculoesqueléticas. Os propósitos para seu uso são basicamente a melhora da circulação, promoção do relaxamento dos músculos, ajuda na liberação de tecido cicatricial e alongamentos de músculos e faseias retraídos. Uma massagem relaxante suave é efetiva no alívio do espasmo muscular (como se vê no espasmo de proteção). Antes da aplicação de calor suave, superficial, ela geralmente melhora a resposta. Devido ao efeito relaxante da massagem, não deve ser usada quando se trata de músculos alongados que estejam fracos. (Vide abaixo sobre o tratamento de músculos paralisados.) A técnica utilizada, a área de aplicação, a direção e a duração da massagem devem ser apropriadas à disfunção dos tecidos moles, à tolerância do paciente e ao resultado de tratamento desejado. A massagem com alongamento é de valor no tratamento corretivo de músculos e faseias encurtados por defeitos posturais ou imobilização de longa instalação. A resposta do paciente desencadeada é geralmente a de "algo que machuca mas é bom" e o alongamento efetivo possibilita aos músculos retraídos "cederem". O alívio dos sintomas é às vezes quase imediato, confirmando o quanto é apropriada essa abordagem. A técnica correta emprega frotamentos firmes, porém suaves, específicos aos tecidos retraídos ("mobilização de tecidos moles"). Às vezes é mais efetivo fazer o frotamento a partir da direção de origem até a inserção. Deve-se evitar alongamento excessivo, pois a musculatura pode ficar excessivamente dolorida. A massagem é também apropriada quando a meta é aliviar o edema excessivo que restringe a mobilidade. O edema geralmente ocorre distalmente após cirurgia, trauma e pendência e desuso prolongados. A parte deve ficar em posição elevada, e a massagem deve ser aplicada cuidadosamente usando-se pressão firme e homogénea em sentido distai para proximal (em direção ao coração). Exercício. Os músculos possuem a capacidade de se contraírem e de serem alongados. A qualidade da elasticidade do músculo depende de uma combinação dessas duas características. Os exercícios são usados para fortalecer músculos fracos e para alongar músculos curtos com fins de restaurar, o quanto possível, a elasticidade da qual depende a função normal do músculo. Os exercícios são também usados para aumentar a resistência à fadiga, melhorar a coordenação e restaurar a função. � 338 Concições Dolorosas da Coluna Superior, Pescoço e Braço � Os movimentos de alongamento precisam ser feitos gradualmente para evitar dano às estruturas tissulares. A retração que vem ocorrendo a certo período de tempo precisa ter um tempo razoável para sua correção. Geralmente são necessárias várias semanas para restauração da mobilidade em músculos que exibem retração moderada. O tratamento da fraqueza muscular devido a alongamento e desuso requer consideração das causas de fundo. Em casos de mecânica corporal defeituosa existem numerosos exemplos de fraqueza por alongamento muscular, enquanto que o elemento da atrofia por desuso é muito menos comum. Os músculos que se acham paralisados ou enfraquecidos por doença ou lesão requerem cuidados especiais no manuseio e no tratamento. Os músculos que estão sofrendo atrofia por denervação são mais delicados que os músculos normais e podem ser lesados por um tratamento que não faria mal a músculos normais. "O trauma às fibras atróficas delicadas nos primeiros meses de atrofia sem dúvida acelera o processo de degeneração" (46). Músculos que sejam incapazes de movimento necessitam de tratamento para estimular a circulação e para ajudar a manter os músculos móveis. O calor leve e a massagem são indicados, mas a massagem precisa ser delicada. Os músculos paralisados ou denervados são extremamente vulneráveis ao envolvimento secundário por manuseio sem cuidado ou tratamento excessivo. Sunderland afirma que um dos objetivos do tratamento é "Manter músculos paralisados em repouso e protegê-los de serem alongados excessivamente ou serem permanentemente encurtados por fibrose intersticial" (47). A abordagem racional de tratamento consiste em manter uma amplitude de movimento funcional de modo a impedir rigidez articular, mover as articulações até a amplitude de movimento completa na di-reção do alongamento dos músculos normais, mas deve-se ter grande cuidado ao mover na direção de alongamento o músculo fraco ou paralisado. Músculos fracos que perderam a força devido a procedimentos de alongamento têm recuperado a força somente com uma única mudança no tratamento quanto à restrição da amplitude de alongamento. Suportes. Os suportes são usados por várias razões: l) imobilizar uma parte, 2) corrigiralinhamento defeituoso; 3) aliviar a distensão sobre músculos fracos; 4) facilitar a função; 5) restringir o movimento em uma determinada direção. A correção dos defeitos de alinhamento associados com fraqueza geralmente requer medidas de suporte, mas tais medidas podem ser efetivas se existir retração nos músculos opostos aos que estão fracos. A aplicação de um suporte em uma posição defeituosa não irá aliviar a distensão. O músculo contraturado precisa ser alon- �gado. Um suporte que seja ajustável e possa ajudar a manter a correção obtida pelo tratamento pode facilitar e acelerar a recuperação. Frequentemente surge uma questão quanto a se pessoas com músculos abdominais fracos devem ser aconselhadas a usar um suporte, ou se tal suporte assumiria de tal forma a função que os músculos se tornariam mais fracos? Quando são empregados procedimentos de testagem muscular e postural, a tentativa e erro pode ser minimizada com respeito à determinação sobre quando usar medidas de suporte. O grau de fraqueza e a extensão do alinhamento defeituoso ajudam a determinar se é necessário um suporte. A fraqueza extrema devida a distensão ou fadiga pode requerer repouso no leito temporário ou a restrição do movimento da parte afetada pela aplicação de um suporte. A fraqueza moderada pode ou não requerer suporte — dependendo em grande parte da ocupação do indivíduo. A fraqueza leve dos músculos irá geralmente responder a exercícios localizados sem suporte ou à redução da atividade funcional. Em termos de força muscular abdominal, os adultos que têm grau regular ou menor são considerados como necessitando de suporte. E geralmente difícil convencer uma pessoa que o uso de suporte irá ajudá-la a conseguir um aumento na força dos músculos fracos. Tal afirmação parece contrária ao conhecimento geral de que o exercício e a atividade aumentam a força muscular. É preciso explicar ao paciente que ao invés daquela fraqueza muscular em particular ser causada por falta de exercício, ela é causada por distensão contínua. O suporte irá aliviar a distensão postural e permitir que os músculos funcionem em uma posição mais próxima da normal. Se resolve-se aplicar o suporte, surge a questão sobre por quanto tempo o suporte será necessário. O suporte precisará ser permanente somente se a parte suportada estiver irreparavelmente enfraquecida: por exemplo, devido a paralisia ou Lesão. Contudo, a maioria das condições de fraqueza rr.u5f.il ar associadas com defeitos posturais p-ode ser e:rrui:áa. e conse-qüentemente os suportes precisam: s-er s-:— ente temporários até que a fores muscular :er_ha 5:áo restaurada. Se não for us.ad: rerjiurr. rum: tratamento além do suporte, a c-es,s.:.a. zxõr-ri se m mar dependente do suporte e reLuzar -m re^cTé-L:. Mas se for compreendido que o* eterraanre icra-réuncos são para suplementar o uso õ; scsktm para. ç--íé- esse mais tarde possa ser abano:'-, s» a: :e 5rr«:r:es se tornarão somente uma a;uoa para srrrecá:. em vez de uma parte permanente 2: '~^'--~-i-~'.-DIRETRIZES PARA O CLINICO Seja guiado pel; vellt: -daz:: "Não façais o mal." Obtenha a confiança •=• :->:cera;ão do paciente. Ouça ru: ia a: ss~€t~j: : zür-nte � � 339 Condições Dolorosas da Coluna Superior, Pescoço e Braço � Observe a postura, linguagem corporal e movimentos espontâneos que proporcionam pistas diagnosticas importantes. Aplique seu conhecimento básico de anatomia, fisiologia e mecânica corporal nas avaliações musculo-esqueléticas e tratamentos de seus pacientes. Considere se as atividades ocupacionais ou recreacionais do paciente aliviam ou agravam os problemas existentes. Eduque seus pacientes; ajude-os a compreender a natureza de seus problemas, encoraje-os a ajudarem-se a si próprios e desencoraje dependência desnecessária na terapia ou no terapeuta. Seja paciente com seus pacientes. Geralmente leva mais de uma sessão para vencer a ansiedade e "pro-teção" contra a dor. Seja guiado pela reação do paciente a tratamentos anteriores. Inicie os tratamentos de forma suave. Compreenda que um músculo enfraquecido por lesão ou doença precisa ser manuseado com mais cuidado do que um músculo normal. Segure com firmeza, contudo com delicadeza, quando aplicar tração. Evite beliscar, torcer ou puxar a pele sobre a parte que está sendo presa. Espere que os tratamentos progridam gradualmente de acordo com a tolerância e resposta de cada paciente. Evite a atitude de que "Quanto mais melhor." É preferível tratar a menos do que a mais, já que as rea-ções ao tratamento são geralmente retardadas. Pode-se não ficar sabendo até o dia seguinte se o tratamento anterior foi excessivo. Perceba que a continuação do tratamento está con-tra-indicada quando aparecerem qualquer um dos seguintes sintomas: edema, rubor, temperatura anormal da parte, hipersensibilidade acentuada, perda da amplitude de movimento, ou dor persistente. Lembre-se que é essencial obter relaxamento antes de tentar alongar músculos retraídos. O alongamento que seja vigoroso demais pode retardar ao invés de acelerar a recuperação. Evite a aplicação de calor sobre áreas de sensibilidade comprometida ou circulação alterada. Envolva o paciente no estabelecimento das metas de tratamento e no planejamento de um programa domiciliar. Seja responsável. Documente sua verificação, avaliação, plano de tratamento e acompanhamento. CONDIÇÕES DOLOROSAS DA COLUNA SUPERIOR As razões e as fontes de dor na coluna superior permanecem uma questão conjecturai em muitos casos. Diferente das áreas onde os músculos são supridos por nervos tanto sensoriais quanto motores, os rombóides e serrátil anterior são supridos por nervos que são somente motores. Conseqüentemente, os �sintomas sensoriais usuais associados com músculos alongados ou retraídos não estão presentes. (Vide p. 378.) O nervo espinhal acessório para o trapézio é somente motor, mas pode haver alguma inervação sensorial através dos ramos nervosos espinhais (Vide 390).A dor pode ocorrer nas articulações e ao redor delas, contudo, ou em áreas intimamente relacionadas como resultado de mudanças no alinhamento da escápula e cintura escapular; ou pode ser mais pronunciada na área das inserções musculares no osso. A perda de movimento normal em uma área pode resultar em movimento excessivo em outra área. Os rombóides contraturados limitam a excursão da escápula na direção da abdução, e a distensão excessiva na articulação posterior do ombro pode ocorrer quando se levanta o braço para frente em flexão. Seja qual for a causa da dor relacionada, o tratamento de escolha será a restauração do equilíbrio muscular para facilitar o movimento normal através do alongamento de músculos retraídos e fortalecimento de músculos fracos e o uso de suportes quando indicado. Distensão do Trapézio Médio e Inferior. Distensão do trapézio médio e inferior refere-se à condição dolorosa da coluna superior que ocorre devido a tensão gradual e contínua sobre os músculos trapézio médio e inferior. A condição é bastante prevalecente, e é uma das que são geralmente crónicas. Não apresenta um surgimento agudo a menos que esteja associada com lesão, mas os sintomas crónicos podem atingir o ponto de serem bastante dolorosos. Os sintomas de dor não aparecem cedo. A fraqueza pode estar presente por algum tempo sem queixas. Contudo, parece que queixas de dor são associadas com tração pelo músculo sobre suas inserções ósseas ao longo da coluna. Os pacientes podem-se queixar de dor em focos, ou a palpação pode desencadear dor ou hipersensibilidade aguda em áreas de inserções vertebrais ou escapulares do trapézio médio e inferior. A fraqueza por alongamento dos músculos que precede a distensão muscular crónica pode resultar de uma posição habitual de ombros anteriorizados ou coluna superior arredondada, ou de uma combinação dos dois defeitos. Pode ocorrer também como resultado de os ombros serem tracionados para frente por músculos anteriores da cintura escapular encurtados e superdesenvolvidos. Ocupações taiscomo datilografar, tocar piano ou muitas outras que requerem movimentos contínuos com os braços em uma posição anteriorizada, contribuem para o alongamento dos músculos trapézios. Um bancário, por exemplo, que se senta sobre um banco alto, e inclina-se para frente sobre seu trabalho, está sujeito a esse tipo de distensão. Embora o problema principal seja a tensão indevida sobre os músculos posteriores, ocorre também compressão indevida das superfícies anteriores dos corpos das vértebras torácicas. � 340 Condições Dolorosas da Coluna Superior, Pescoço e Braço � Suporte de ombro com Um suporte do tipo cami-hastes atrás para ajudar seta elástica que ajuda a a suportar a coluna supe- manter os ombros para rior e manter os ombros trás. para trás. A recumbência ou mudança de uma posição sentada pode remover o elemento de tensão contínua sobre o trapézio, mas nas pessoas que apresentam retração nos adutores do ombro e na faseia coracoclavicular, a tensão acha-se continuamente presente. A mudança de posição do indivíduo não muda o alinhamento da parte quanto existe tal retração. A dor é aliviada muito pouco, ou nada, com a recumbência. As provas para comprimento dos adutores e rotadores internos do ombro devem ser feitas para determinar se existe retração. (Vide pp. 63 e 64.) Quando há retração, indica-se o alongamento gradual dos músculos e faseias retraídos. Deverá haver algum alívio de dor efetivo em um curto tempo caso o tratamento seja feito diariamente. Quando existe fraqueza acentuada do trapézio médio e inferior, exista ou não retração dos músculos opositores, geralmente é indicado um suporte de ombro. Ele pode assistir efetivamente no esforço para manter os ombros para trás em uma posição que alivie a tensão sobre os músculos. O calor e massagem na coluna superior sobre a área de força muscular deve ser evitada. Tais medidas meramente servem para relaxar os músculos já alongados. Após o suporte ter sido aplicado, e junto com o tratamento para corrigir a retração dos músculos opositores, devem ser feitos exercícios para fortalecer os músculos trapézio inferior e médio. O exercício de tracionar os ombros para trás contra a parede �com os braços acima da cabeça e tracionar os braços para trás contra a parede em uma posição diagonal acima da cabeça são os dois movimentos específicos para fortalecimento desses músculos. Os exercícios para os rombóides são contra-indicados em casos de distensão do trapézio médio ou inferior. (Vide p. 339). Para pacientes (geralmente pessoas mais idosas) que apresentam uma cifose fixada da coluna, conse-gue-se pouca correção. Alguma correção da anteriorização dos ombros pode ser possível, mas os defeitos básicos não podem ser alterados. Um aparelho do tipo Taylor (vide p. 353) pode ser usado para impedir a progressão da deformidade e para dar algum alívio dos sintomas dolorosos. Para algumas mulheres, o peso das mamas pesadas que não são adequadamente sustentadas contribui para a posição defeituosa da coluna superior, pescoço e ombros. (Vide p. 344 para detalhes adicionais.) Pessoas com dorso curvo geralmente desenvolvem sintomas no pescoço posterior. Na medida em que a coluna torácica flete-se em cifose, a cabeça é levada para frente, os olhos procuram nivelar-se para preservar a posição ereta da cabeça, e a coluna cervical é estendida (vide pp. 66 e 91). Os sintomas associados com esse problema estão descritos em Retração dos Músculos Posteriores do Pescoço, p. 341. Rombóides Contraturados. Os rombóides podem se encurtar como resultado de exercícios forçados na direção da adução, elevação e rotação para baixo da escápula. Eles podem também tornar-se encurtados como resultado de fraqueza ou paralisia do serrátil anterior, que é um oponente direto dos rombóides. A massagem e alongamento dos rombóides é indicada. A colocação do braço para frente em flexão de ombro normalmente traz a escápula na direção da abdução. Quando os rombóides se acham contraturados é difícil obter uma posição abduzida meramente com o posicionamento do braço. Para alongar os rombóides é necessário aplicar alguma pressão contra a borda vertebral da escápula na direção da abdução. Dor em Casos de Paralisia do Serrátil. Durante um tempo de afiliação no hospital, os Kendalls examinaram e trataram numerosos casos de paralisia do serrátil anterior. Dependendo da etiologia, alguns pacientes não se queixavam de dor antes, durante ou por um período após o surgimento da paralisia. As primeiras queixas eram sobre a inabilidade para usar o braço normalmente. Em alguns casos, quando o surgimento era gradual, não havia queixas até que a fraqueza se tornasse bastante pronunciada. Quando os efeitos da fraqueza do serrátil criavam problemas secundários envolvendo outras estruturas, havia queixas de dor ou desconforto em áreas fora do músculo serrátil, p. ex., pescoço ou ombro. O mais significativo desta história é o fato de que o nervo longo do tórax para o serrátil é puramente motor. (Vide p. 378.) � � 341 Condições Dolorosas da Coluna Superior, Pescoço e Braço � Dor Na Coluna Média ou Superior Devido a Osteoporose. A cifose torácica é uma deformidade primária encontrada em osteoporose, geralmente acompanhada por extensão compensatória da coluna cervical. As queixas de dor na coluna lombar, torácica e cervical são comuns e podem ser mais bem tratadas através de esforços delicados para reduzir a deformidade postural e prevenir progressão adicional antes que se transforme em um defeito estrutural fixado. Se um suporte pode ser tolerado, o paciente deve ser encorajado a usar algo que o ajude a manter o melhor alinhamento possível. Na medida em que forem tolerados, devem ser feitos exercícios para ajudar a manter a amplitude de movimento funcional e desenvolver a força. PESCOÇO Os problemas musculares associados com dor no pescoço posterior são essencialmente de dois tipos: um associado com retração muscular e outro com distensão muscular. Os sintomas e indicações de tratamento diferem de acordo com o defeito de fundo. Os dois tipos são bastantes prevalecentes; aquele associado com retração muscular geralmente apresenta surgimento gradual dos sintomas, enquanto que aquele associado com distensão muscular geralmente tem surgimento agudo. Retração dos Músculos Posteriores do Pescoço. A dor cervical e dores de cabeça associadas com retração dos músculos posteriores do pescoço são encontrados muito frequentemente em pacientes que apresentam anteriorização da cabeça e dorso curvo. Como se vê nas páginas 66 e 91, a posição compensatória da cabeça associada com um dorso curvo e relaxado resulta em uma posição de extensão da coluna cervical. A mecânica defeituosa associada com essa condição consiste principalmente de pressão indevida posteriormente sobre as facetas articulares e superfícies posteriores dos corpos das vértebras, fraqueza por alongamento dos flexores anteriores cervicais e retração dos extensores do pescoço, incluindo o trapézio superior, esplênio da cabeça e semi-espinhal da cabeça. As dores de cabeça associadas com essa retração muscular aparecem sob dois títulos: dor de cabeça occipital e dor de cabeça por tensão. O nervo occipital maior, que é tanto sensorial quanto motor, supre os músculos semi-espinhais e esplênio da cabeça. Ele atinge o semi-espinhal da cabeça e o trapézio perto de suas inserções no osso occipital. Esse nervo também inerva o couro cabeludo, posteriormente subindo até o topo da cabeça. Na dor de cabeça occipital, ocorre geralmente dor e hipersensibilidade à palpação na área onde o nervo entra nos músculos e dor no couro cabeludo na área suprida pelo nervo. Na dor de cabeça por tensão, além da posição postural defei- �tuosa da cabeça e pescoço e da retração dos músculos posteriores do pescoço, existe geralmente um elemento de stress que faz com que a condição flutue com os momentos de maior ou menor stress. Em qualquer evento, os músculos retraídos geralmente respondem ao tratamento que ajudaa relaxar os músculos. Podem ocorrer outros sintomas além da dor junto com as dores de cabeça por tensão. "Ocasionalmente, as dores de cabeça por contração muscular serão acompanhadas por náusea, vómitos e embaçamento de visão, mas não ocorre a síndrome pré dor de cabeça como nas enxaquecas" (48). De outra fonte vem a afirmação que essa posição de anteriorização da cabeça parece "causar uma alteração na posição de repouso da mandíbula, uma respiração torácica superior, com subsequente hiperatividade dos músculos acessórios da respiração, e respiração através da boca com uma perda da posição de repouso da língua... e pode levar a eventual osteoartrite e remodelamento da articulação temporomandibular" (49). A palpação, os músculos posteriores se acham tensos; os movimentos do pescoço são geralmente limitados em todas as direções exceto extensão. A dor pode ter intensidade menor quando o paciente está deitado, mas tende a estar presente independentemente da posição que ele assume. O paciente deve usar um travesseiro que permita uma posição confortável do pescoço, mas não deve dormir sem um travesseiro porque a cabeça irá cair para trás em extensão de pescoço. De outro modo, o uso de um travesseiro alto demais deve ser desencorajado porque pode resultar em uma posição anteriorizada da cabeça ainda maior. Um travesseiro cervical vendido em lojas especializadas ou feito em casa pode proporcionar o conforto necessário e manter o pescoço em boa posição. Ele deve ser achatado no centro para proporcionar suporte posterior e lateralmente. O tratamento ativo consiste de calor, massagem e alongamento. Inicialmente a massagem deve ser suave e relaxante, progredindo para um frotamento mais profundo. O alongamento dos músculos retraídos deve ser bastante gradual, usando movimentos tanto ativos quanto assistidos. O paciente deve tentar ativamente alongar os músculos posteriores do pescoço através de esforços para reti-ficar a coluna cervical; i.e., tracionar o queixo para baixo e para dentro. (Vide p. 67.) Essa ação compara-se com o esforço para retiíïcar a coluna lombar em casos de lordose. Esse exercício pode ser feito em decúbito dorsal, sentado ou em pé, não em decúbito ventral. Os exercícios que hiperestendem a coluna cervical são contra-indicados. Como a posição defeituosa da cabeça é geralmente compensatória para uma cifose torácica, que por sua vez pode resultar de desvios posturais da coluna lombar ou pelve, é frequentemente necessário iniciar o � 342 Condições Dolorosas da Coluna Superior, Pescoço e Braço � tratamento com a correção dos defeitos associados. O tratamento para o pescoço pode precisar começar com exercícios para fortalecer os músculos abdominais inferiores e com o uso de um bom suporte abdominal que permita ao paciente assumir uma melhor posição da coluna superior e tórax. A retração unilateral nos músculos póstero-late-rais do pescoço é cada vez mais um lugar comum como resultado de segurar um telefone preso sobre o ombro. O ombro é elevado e a cabeça inclinada em dire-ção ao mesmo lado (vide ilustração na p. 346). O músculo escapular que é o oponente mais direto do trapézio superior é o trapézio inferior que age para deprimir a escápula posteriormente. O oponente mais direto do trapézio superior agindo para deprimir o ombro e cintura escapular diretamente para baixo no plano coronal é o grande dorsal. As provas de força para esse músculo geralmente revelam fraqueza no mesmo lado do ombro elevado, e exercícios para fortalecer esse músculo são indicados junto com exercícios para alongar os flexores laterais do pescoço. (Vide p. 67 sobre exercícios para o grande dorsal, e para exercícios para alongar os flexores laterais do pescoço.) Distensão do Trapézio Superior. O trapézio superior é a parte do trapézio que se estende do occípito até o terço lateral da clavícula e acrômio da escápula. Uma distensão desse músculo resulta em dor, geralmente aguda, na região póstero-lateral do pescoço. A sobrecarga que dá origem essa condição é geralmente uma combinação de tensão e contração do músculo. O alongamento para os lados para alcançar um objeto enquanto mantém a cabeça inclinada na direção oposta pode provocar uma crise. (Um exemplo típico pode ser alguém abaixado no chão tentando pegar um objeto que rolou sobre uma carteira, ou sentado no banco da frente de um carro tentando pegar um objeto no banco de trás.) A abdução do braço requer fixação escapular pela ação do trapézio, e a inclinação para o lado da cabeça tensiona o músculo ao mesmo tempo. O músculo desenvolve um "nó" ou cãibra, mais bem descrito como espasmo segmentar no músculo (Vide p. 333.) A aplicação de calor ou massagem em toda a área tende a aumentar a dor quando o músculo é alongado. A parte a ser tratada é a parte que está sofrendo espasmo. Como é difícil localizar o calor efetiva-mente a uma área pequena, somente a massagem é indicada. Comece com uma massagem de frotamento superficial e aumente conforme for tolerado. Pode ser usado um colar improvisado ou uma tipóia, ou ambos, caso a condição permaneça muito dolorosa e não responda favoravelmente à massagem. Um colar simples pode ser feito de uma pequena toalha dobrada no comprimento até a largura correta, amarrada firmemente ao redor do pescoço, e mantida � no lugar com uma fita adesiva forte. O colar pode ser mais firme colocando-se uma tira de papel cartão dentro da toalha. O colar pode ser necessário por somente dois ou três dias para dar alívio. BRAÇO A dor localizada ou radiada no braço é geralmente resultado de um alinhamento defeituoso que provoca compressão ou tensão sobre os nervos, vasos sanguíneos, ou tecidos moles de suporte. O alinhamento defeituoso pode estar primariamente no pescoço, coluna superior ou cintura escapular, mas muito frequentemente as três áreas estão envolvidas e o tratamento deve ser direcionado para a correção global. Síndrome da Abertura Torácica Superior. A síndrome da abertura torácica superior resulta de uma compressão da artéria subclávia ou plexo braquial dentro do canal formado pêlos músculos escaleno anterior e posterior e a primeira costela. O diagnóstico é geralmente vago e controvertido porque engloba numerosas entidades clínicas similares, incluindo síndromes do escaleno antigo, de hiperabdução, da abertura costoclavicular e costodorsal, do peitoral menor e da costela cervical. Os sintomas são variados e podem ser de origem neurogênica ou vascular. As parestesias e dor difusa "em queimação" sobre todo o braço são comuns. A condição é agravada por carregar, erguer ou engajar-se em atividades como tocar um instrumento musical. Quando há atrofia muscular, ela geralmente afeta todos os músculos intrínsecos da mão. Os reflexos tendíneos não são alterados. A compressão arterial é uma causa menos comum do que se pensava, mas sintomas como frieza, dor no músculo e perda de força com uso contínuo podem refletir comprometimento vascular. "O teste diagnóstico apropriado deve ser a produção dos sintomas neurológicos através de abdução do braço, exista ou não uma alteracsc r.o pulso ou a ocorrência de um ruído" < 50 . A menos que os sintomas sejam graves e :'.:-.r?.-mente definidos, o tratamento ccr.serv.-. i • r ieve enfatizar o aumento de espaço d?. ?."'~:-.ur^ vtí:.:;. � � 343 Condições Dolorosas da Coluna Superior, Pescoço e Braço � superior através da melhora da postura, da correção do desequilíbrio muscular e da modificação dos hábitos ocupacionais, recreacionais e do modo de dormir que afetam adversamente a postura da cabeça, pescoço e coluna superior. A cooperação do paciente na execução do tratamento é essencial para o sucesso. O paciente deve aprender exercícios de auto-alongamen-to para aliviar a retração nos músculos escalenos, esternocleidomastóideo, peitorais e extensores do pescoço. (Vide p. 67 e folha de exercícios da p. 117.) O aprendizado da respiração diafragmática reduzirá o envolvimento dos músculos respiratórios acessórios, alguns dos quais precisando dealongamento. O sono em decúbito ventral deve ser evitado. As atividades que envolvem levantar os braços acima da cabeça devem ser mantidas ao nível mínimo. A pesquisa tem mostrado que "com a terapia conservadora (e)...exercícios elaborados para corrigir uma postura desleixada de ombro, ...pelo menos dois de cada três pacientes melhoram até um grau satisfatório" (50). Síndrome da Pressão do Coracóide. A síndrome da pressão do coracóide* é uma condição de dor no braço onde ocorre compressão do plexo braquial. E associada com desequilíbrio muscular e mau alinhamento postural (15). No nível da inserção do peitoral menor no processo coracóide da escápula, os três cordões do plexo e a artéria e veia axilar passam entre essas estruturas e a caixa torácica. (Vide figura ao lado.) No alinhamento normal da cintura escapular não deve ocorrer compressão sobre nervos ou vasos sanguíneos. A depressão para frente do processo coracóide, que ocorre em alguns tipos de alinhamento postural defeituoso, tende a estreitar esse espaço. O processo coracóide pode ser inclinado para baixo e para frente devido à retração em certos músculos ou porque a fraqueza em outros músculos permite com que ele se aloje nessa posição. As condições dolorosas do braço são mais frequentemente encontradas onde o fator retração predomina. O músculo que age para deprimir o processo coracóide anteriormente é principalmente o peitoral menor. Atração para cima dos rombóides e levantador da escápula posteriormente ajuda no desvio para cima da escápula que ocorre junto com a inclinação anterior. A retração do grande dorsal afeta a posição indi-retamente através de sua ação para deprimir a cabeça do úmero. A retração da parte esternal do peitoral maior age de maneira similar. Em alguns casos, a retração do bíceps e coracobraquial, que se origina no processo coracóide junto com o peitoral menor, parece ser importante. A retração muscular pode ser Essa síndrome foi relatada pêlos autores em 1942. Foi apresentada no Joint Meeting of the Baltimore e Philadelphia Orthopedic Socicty, março de 1947. por E. David Wcinberg, M.D., e recebeu referência em um artigo por Dr. Irvin Stein intitulado "Condições dolorosas da articulação do ombro; Phys Ther Rev, 1948; 28i6i. �verificada através das provas de comprimento para adutores e rotadores internos do ombro. (Vide pp. 63 e 64.) A fraqueza do trapézio inferior contribui para a posição defeituosa do ombro. A fraqueza por alongamento desse músculo permite que a escápula vá para cima e incline-se para baixo anteriormente e favorece um encurtamento adaptativo do peitoral menor. Escaleno anterior / Escaleno médio Levantador da escápula Plexo braquial Trapézio Art. Subclávia Nervo supra-escapular Coracóide Nervo peitoral mediano Peitoral menor Relação do plexo braquial com o processo coracóide e o músculo peitoral menor. No estágio agudo, pressão moderada ou mesmo leve sobre o processo coracóide geralmente desencadeia dor descendo para o braço. A dor é aguda nesse ponto e na área descrita pelo músculo peitoral menor ao longo da parede torácica. A dor que desce para o braço pode ser generalizada ou ser predominantemente de distribuição do cordão lateral ou medial. Pode haver formigamento, amortecimento ou fraqueza. O paciente geralmente queixa-se de perda da garra na mão. Pode haver evidência de congestão circulatória com edema da mão e engurgitamento dos vasos sanguíneos. O paciente queixar-se-à de aumento da dor quando estiver vestindo um casaco pesado, quando tentar erguer um objeto pesado ou levantar uma maleta com aquele braço. A pressão pode também ser causada por uma mochila ou bolsa tiracolo. Frequentemente a área que se estende do occípito até o processo do acrômio, que corresponde ao músculo trapézio superior, mostra-se sensível e dolorosa. Esse músculo fica em um estado de espasmo prote-tor, tentando levantar o peso da cintura escapular � 344 Condições Dolorosas da Coluna Superior, Pescoço e Braço � para aliviar a pressão sobre o plexo. Ele tende a permanecer em um estado de contração a menos que seja instituído o tratamento efetivo. O tratamento no estágio agudo consiste primeiro da aplicação de uma tipóia (vide p. 345) que suporta o peso do braço e cintura escapular, aliviando a pressão sobre o plexo, e tirando a carga de trabalho do trapézio superior. Calor e massagem podem ser aplicados ao trapézio superior e a outros músculos que exibem retração. A massagem deve ser suave e relaxante, progredindo após algum tratamento para o frotamento superficial e alongamento. O alongamento passivo lento do peitoral menor pode ser iniciado (vide p. 68). Se a retração também estiver presente no peitoral maior e/ou grande dorsal, o braço envolvido deverá ser colocado cuidadosamente acima da cabeça, se tolerado, para fazer um leve alongamento sobre os músculos. A tração suave é aplicada com uma mão, enquanto que a massagem é aplicada com a outra. O suporte de ombro (vide p. 340) é geralmente necessário para ajudar a manter a correção do alinhamento e aliviar a distensão sobre o músculo trapézio inferior durante o período de recuperação. Entre mulheres que têm mamas muito grandes, o alinhamento defeituoso pode ser acentuado por pressão das tiras do soutien. O tratamento inclui obtenção de um corpete longo com reforço (com uma faixa sobre o diafragma de 5 a 7,5cm de largura) que seja reforçado com bojos revestidos por hastes. O soutien reforçado suporta o peso da mamas de baixo para cima. As tiras não deverão sustentar peso se o suporte for efetivo. Veja as fotografias abaixo. Após a distensão ter sido aliviada pelo suporte e pelo alongamento dos músculos opositores retraídos, são indicados exercícios específicos para o trapézio médio e inferior. (Vide as figuras da p. 68 e folha de exercícios da p. 117). Se a postura geral for defeituosa, será necessária uma correção postural global. Certos exercícios são contra-indicados. O levantamento da cabeça e ombro a partir do decúbito dorsal. como no início dos exercícios abdominais, deve ser evitado porque esse movimento arredonda a coluna superior, deprime o coracóide anteriormente, aumentando a compressão na região anterior do ombro Exercícios forçados dos extensores do ombro que envolvam rombóides, peitoral menor e grande dorí-a. � deprimem a cabeça do úmero e o processo coracóide, e exageram os defeitos existentes. (Vide a foto abaixo.) Em uma postura defeituosa com coluna superior arredondada e cabeça anteriorizada, as escápulas ficam deprimidas anteriormente. Tracionar os ombros para trás como mostra a ilustração ao lado deve ser evitado porque o movimento tende a aumentar os defeitos posturais existentes. Síndrome do Redondo. O espaço quadrilátero (ou quadrangular) na axila é cercado pelo redondo maior, redondo menor, cabeça longa do tríceps e úmero. O nervo axilar emerge por esse espaço para suprir o deltóide e o redondo menor. A área de distribuição sensorial do ramo cutâneo do nervo axilar está mostrada na p. 382. A "síndrome do redondo" foi descrita em Posture andPain (15). Em um livro publicado em 1980. existe uma discussão bastante interessante dessa síndrome que é chamada "Síndrome do Espaço Quadrilátero" (51). Outro texto identifica o envolvimento do nervo axilar nesse espaço em conexão com lesões esportivas (50). Nervo axilar Deltóide � � 345 Condições Dolorosas da Coluna Superior, Pescoço e Braço � Essa síndrome é caracterizada por dor no ombro e limitação da mobilidade do ombro, particularmente rotação e abdução. A dor estende-se para a área de distribuição cutânea do ramo sensorial do nervo axilar. A hipersensibilidade pode ser desencadeada por palpação do espaço quadrilátero entre o redondo maior e menor. Uma pressão leve ou moderada sobre o espaço pode desencadear dor aguda que se irradia para a área do músculo deltóide. O redondo maior, que é um rotador medial, se acha geralmente tenso e mantém o úmero em rotação interna. Em pé, os braços tendem aficar pendurados ao lado do corpo em uma posição de rotação interna, i.e., a palma da mão aponta mais para trás que para o lado do corpo (vide p. 90). Existe um elemento de tensão sobre o cordão posterior e o ramo axilar produzido pela posição do braço. A dor que é mais acentuada durante o movimento ativo é indicadora de fricção sobre o nervo axilar pêlos músculos redondos no movimento. A rotação interna ou externa, seja feita ativa ou passivamente, é dolorosa. Com a limitação da rotação externa, os movimentos de abdução ficam também dolorosos porque o úmero não roda para fora como normalmente deveria ocorrer durante a abdução. A dor provavelmente não é semelhante à encontrada em casos de bursite do deltóide. O tratamento consiste em calor e massagem nas áreas de retração muscular e exercícios ativos assistidos para alongar os rotadores mediais e os adutores do úmero. O alongamento do braço acima da cabeça em flexão ou abdução e em rotação externa é feito bem gradualmente. Com a retração no redondo maior, a escápula é tracionada em abdução na medida em que o braço é levantado em flexão ou abdução e rodado externamente. Para assegurar que o alongamento seja localizado no redondo, é necessário pressionar contra a borda axilar da escápula ao levantar o braço de modo a restringir a abdução excessiva da escápula. Se a escápula se move excessivamente na direção da abdução, o redondo, que é um músculo escapuloumeral, não é alongado, e os rombóides, que ligam a escápula à coluna vertebral, irão alongar-se demais (Vide p. 68.) Dor devido a Subluxação do Ombro. A dor no ombro resultante de tração sobre a articulação do ombro devido à perda de tono e mal alinhamento da articulação requer considerações especiais de tratamento. A causa pode ser paresia secundária a AVC, trauma do plexo braquial, ou uma lesão do nervo axilar. O manejo efetivo requer manutenção da aproximação articular durante o repouso e durante o tratamento para restaurar a mobilidade e melhorar o controle motor. Uma tipóia especial chamada suporte ombro-bra-ço (52) ajuda a prover aproximação articular e suporte para proteger o ombro subluxado quando o pa- � Na figura B, o peso do braço é levado pelo pescoço e cintura escapular oposta. Em casos de distensão lateral do pescoço, o ombro precisa ser suportado no lado da distensão. A tipóia acomoda o uso dessa ma- Na figura A, a tipóia suporta o braço com o úmero mantido firmemente na cavidade glenóide. O peso do braço é levado pela cintura escapular e não há pressão pela tipóia pendurada no pescoço. ciente está sentado ou em pé. (Vide a figura A, acima.) Quando usada para manter o ombro na cavidade glenóide, a cintura escapular leva o peso do braço e a tipóia não fica pendurada no pescoço. Devem ser tomadas medidas cuidadosas para que a tipóia proporcione a melhor aproximação da articulação e impeça alongamento adicional, instabilidade e dor no membro superior enfraquecido. São feitas medidas com o cotovelo em ângulo reto. Uma fita métrica é mantida no topo do ombro, dá a volta ao redor do antebraço e retorna por trás até o ombro. O número de centímetros determina o tamanho. Deve-se ensinar ao paciente como proteger o ombro quando não estiver usando a tipóia. O alinhamento e aproximação apropriados podem ser mantidos na posição sentada em uma poltrona com braços colocando o braço afetado suportado no apoio. Nessa posição, o paciente pode usar a mão oposta para pressionar para baixo sobre o topo do ombro fazendo com que o úmero se encaixe na cavidade glenóide. Ensine ao paciente a relaxar o braço nessa posição sobre o apoio de braço e a evitar levantar o ombro. A aproximação da articulação do ombro precisa ser mantida durante os exercícios ativos assistidos para restaurar a mobilidade e função articular (53). Em outras palavras, não deixe a articulação subluxada em nenhum momento. Pressão na Raiz Nervosa Cervical. Assim como a dor ciática causada por uma protrusão de disco lombar é basicamente um problema neurológico, ocorre também com a dor no braço devido à pressão na raiz nervosa cervical. A má postura da coluna cervical pode agir como fator contribuinte em casos onde o surgimento não está associado com trauma súbito. A extensão da coluna cervical, como se vê em uma posição anteriorizada da cabeça típica (vide p. 66) pró- � 346 Condições Dolorosas da Coluna Superior, Pescoço e Braço � duz compressão indevida sobre as facetas e superfícies posteriores dos corpos das vértebras cervicais. Quando a condição é aguda, um alívio significativo pode ser obtido com o uso de calor úmido (confor-tavelmente morno) para aliviar o espasmo muscular de proteção, e massagem suave para ajudar a relaxar os músculos, junto com tração manual ou mecânica de baixa intensidade para aliviar a compressão. O uso de colar é geralmente necessário na intervenção inicial. Ele pode proporcionar suporte apropriado para ajudar a imobilizar a coluna cervical, impedir a hiperextensão e ajudar a transmitir o peso da cabeça para a cintura escapular. Quandos os sintomas são subagudos ou crónicos, o tratamento deve também incluir exercícios para corrigir quaisquer defeitos de fundo no alinhamento ou equilíbrio muscular. O tratamento conservador pode ser adequado ou pode ser um adjunto para medidas cirúrgicas. (Vide figura, p. 342.) Costela Cervical. Uma costela cervical é uma anormalidade óssea congénita que pode ou não dar origem a sintomas de irritação nervosa. Uma condição de braço doloroso aparecendo em adultos jovens ou de meia idade é ocasionalmente vista como relacionada à presença de uma costela cervical. A postura do indivíduo com uma costela cervical geralmente determina se os sintomas dolorosos irão ou não ocorrer. O aparecimento dos sintomas após a pessoa ter atingido a idade adulta somente pode ser explicado pelo fato de que a postura do indivíduo se torna gradualmente mais defeituosa em seu alinhamento, desse modo fazendo com que a relação entre a costela e os troncos nervosos adjacentes se modifiquem desfavoravelmente. O alinhamento defeituoso que mais provavelmente cause irritação é o tipo caracterizado por um dorso curvo e cabeça anteriorizada. O cuidado de um paciente com sintomas dolorosos devido a costelas cervicais requer correção postural da coluna superior e pescoço. Esse tratamento pode aliviar os sintomas completamente e evitar a necessidade de procedimentos cirúrgicos. � Apoiar um telefone no ombro com o pescoço em flexão lateral e ombro elevado pode dar origem a dor no pescoço e/ou braço. (Vide retração unilateral do pescoço, p. 341.) Nessa fotografia, a pessoa está sentada com dorso curvo e cabeça levantada para olhar no monitor que está colocado alto demais na mesa. Manter a cabeça nessa posição pode posteriormente precipitar problemas dolorosos no pescoço. � A altura do monitor, teclado e texto deve ser ajustada para as necessidades individuais do trabalhador para que a sobrecarga e distensão sejam mínimas. O Uso de um fone de ouvido ou auto-falante ajuda a impedir a posição defeituosa da cabeça que leva a retração unilateral do pescoço.