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Análise Comparativa de Diferentes Métodos de Triagem Nutricional do Paciente Internado - Artigo revisão

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331Com. Ciências Saúde. 2010;21(4):331-342
Correspondência
Maria Hélida Guedes Logrado
SQN 116, Bloco A, Apartamento 604, Asa 
Norte, Brasília-DF. 70773-010, Brasil.
guedeslogrado@gmail.com
RESUMO
Introdução: Estudos sobre a desnutrição no ambiente hospitalar mos-
tram que sua prevalência tem aumentado. Existem diversas ferramentas 
de rastreamento do risco nutricional e conhecer todos os seus aspectos é 
essencial para definição do melhor método para cada contexto.
Objetivo: Conhecer e realizar análise comparativa de alguns métodos de 
triagem nutricional: Avaliação Nutricional Subjetiva Global (Subjective 
Global Assessment), Índice de Risco Nutricional (Nutritional Risk Index), 
Score de Risco Nutricional (Nutritional Risk Score), Mini Avaliação 
Nutricional (Mini Nutrition Assessment), Mini Avaliação Nutricional 
Reduzida (Mini Nutrition Assessment Short Form), Instrumento de Triagem 
de Desnutrição (Malnutrition Screening Tool), Instrumento Universal de 
Triagem de Desnutrição (Malnutrition Universal Screening Tool) e Triagem 
de Risco Nutricional 2002 (Nutritional Risk Screening 2002).
Método: Levantamento de artigos científicos publicados em bases de 
dados online e livros técnicos. As palavras-chave utilizadas foram: tria-
gem nutricional, desnutrição hospitalar, risco nutricional, avaliação nu-
tricional. Foram incluídos no estudo 34 artigos e dois livros. A análise 
comparativa foi baseada nas variáveis de cada protocolo, número de 
questões, validação do método, aplicador e tempo de aplicação.
Resultados e Discussão: A triagem nutricional possibilita ao profis-
sional intervir antes do agravamento da desnutrição. Com um método 
de triagem nutricional prático é possível identificar pacientes em risco 
nutricional quando a atenção individualizada para todos os pacientes 
é inoperável.
Conclusão: A escolha do método de triagem deve considerar o contex-
to no qual o paciente está inserido. Clínicas de alta rotatividade necessi-
tam de um instrumento de rastreamento nutricional fácil, rápido e com 
boa sensibilidade. O método que mais se aproximou destes objetivos foi 
o Instrumento de Triagem de Desnutrição.
artigo de reviSão
Análise comparativa de diferentes métodos de triagem 
nutricional do paciente internado
Comparative analysis of different methods of nutritional screening of 
hospitalized patients
Maria Antonia Ribeiro Araújo1
Laís da Silva Lima1
Graziela Cardoso Ornelas1
Maria Hélida Guedes Logrado1
1Programa de Residência em Nutrição 
do Núcleo de Nutrição e Dietética do 
Hospital Regional da Asa Norte, Secretaria 
do Estado de Saúde do Distrito Federal, 
Brasília-DF, Brasil.
Recebido em 24/junho/2010
Aprovado em 21/março/2011
332 Com. Ciências Saúde. 2010;21(4):331-342
Araújo MAR et al.
Palavras-chave: Desnutrição; Triagem; Avaliação Nutricional; Risco 
Nutricional.
ABSTRACT
Introduction: Recent studies of hospital malnutrition have shown that 
its prevalence increased in the last years. There are several tools for scre-
ening nutritional risk described and to know all its aspects is essential 
to define the best method for each context.
Objective: To know and perform analysis comparison of some methods 
of nutritional screening: Subjective Global Assessment, Nutritional Risk 
Index, Nutritional Risk Score, Mini Nutrition Assessment, Nutrition 
Assessment Mini Short Form, Malnutrition Screening Tool, Malnutrition 
Universal Screening Tool and Nutritional Risk Screening 2002.
Method: A survey of articles published in the online databases and 
technical books. The keywords used were: nutrition screening, hospi-
tal malnutrition, nutritional assessment, Subjective Global Assessment, 
Nutritional Risk Index, Nutritional Risk Score, Mini Nutrition 
Assessment, Nutrition Assessment Mini Short Form, Malnutrition 
Screening Tool, Malnutrition Universal Screening Tool and Nutritional 
Risk Screening 2002. We included in this study 34 articles and two 
books. Comparative analysis was based on the variables of each proto-
col, number of issues, validation of the method, applicator, time imple-
mentation and patient target.
Results and Discussion: Nutritional screening enables the professio-
nal to intervene prior to the aggravation of malnutrition. A practical 
Nutritional screening method can identify patients at nutritional risk 
when individualized attention for each patient is inoperable.
Conclusion: The choice of screening method should consider the con-
text in which the patient is inserted. Clinics with high turnover need 
an easy, fast and with good sensitivity instrument for Nutritional scre-
ening. The method candidate who came closest to these goals was the 
Malnutrition Screening Tool.
Key words: Malnutrition; Screening; Nutrition assessment; Nutritional Risk.
Müller e Krawinkel (2005), a América Latina ocu-
pava até aquele ano o terceiro lugar no ranking da 
desnutrição com uma taxa de 9,3%; em primei-
ro lugar estava o continente Africano, com 33,8%, 
seguido da Ásia, com 29%1,2.
InTRODUçãO
No início do ano 2000, a desnutrição, em qual-
quer grau, atingia cerca de 30% da população 
mundial, constituindo cerca de 852 milhões 
de pessoas, sendo que a maior parte delas vivia 
em países em desenvolvimento. De acordo com 
333Com. Ciências Saúde. 2010;21(4):331-342
Análise de métodos de triagem nutricional
Segundo Escoda (2002) e Filho & Rissin (2003), 
nos últimos 25 anos o Brasil tem passado pela cha-
mada transição nutricional caracterizada pela di-
minuição da desnutrição, tanto em adultos como 
em crianças, com concomitante aumento do bi-
nômio sobrepeso/obesidade e de outras doenças 
crônicas não transmissíveis3,4.
Ao contrário da tendência de decréscimo da des-
nutrição verificada na população em geral, no 
contexto da desnutrição hospitalar ocorre o agra-
vamento desta situação, demonstrado pelo au-
mento de sua incidência5.
Neste contexto, destaca-se a importância da detec-
ção precoce do risco nutricional por meio de um 
método efetivo de triagem, visando uma interven-
ção dietoterápica que previna a deterioração do 
estado nutricional ou promova sua recuperação1,5.
Atualmente, existem diversas ferramentas de ras-
treamento do risco nutricional descritas na litera-
tura, sendo importante a análise e conhecimento 
de todos os seus aspectos para definição do mé-
todo mais viável e adequado para cada contexto. 
Deste modo, visando contribuir para o processo 
de escolha de um método de triagem nutricional 
pelo profissional de saúde e apresentar uma pro-
posta mais adequada para ser utilizada pelo nu-
tricionista, principal responsável na identificação 
do paciente com risco nutricional consideran-
do sua formação, o presente trabalho tem como 
objetivo realizar análise comparativa de diferen-
tes métodos de triagem nutricional (Avaliação 
Nutricional Subjetiva Global, Índice de Risco 
Nutricional, Escore de Risco Nutricional, Mini 
Avaliação Nutricional, Mini Avaliação Nutricional 
Reduzida, Instrumento de Triagem de Desnutrição, 
Instrumento Universal de Triagem de Desnutrição 
e Triagem de Risco Nutricional 2002).
MÉTODO
A fundamentação teórica foi realizada por meio 
de levantamento bibliográfico de artigos cien-
tíficos publicados nas bases de dados virtuais 
Scientific Electronic Library Online (SciELO), 
Latin American and Caribbean Center on Health 
Sciences Information (LILACS), United States 
National Library of Medicine (PubMed) e Medical 
Literature Analysis and Retrieval System Online 
(MedLine) e em livros técnicos. A busca foi defini-
da pela combinação das seguintes palavras-chave 
em Português Inglês e Espanhol: triagem nutricio-
nal, desnutrição hospitalar, risco nutricional, ava-
liação nutricional. Ferramentas de triagem nutri-
cional desenvolvidas para adultos e idosos foram 
selecionadas e excluídas aquelas criadas exclusi-vamente para a população infantil. Estudos so-
bre o tema publicados nos últimos 10 anos foram 
resgatados, entretanto, quando observada impor-
tante relevância para o assunto em questão alguns 
artigos anteriores a este período foram incluídos, 
assim, 516 estudos foram inicialmente analisados. 
A seleção dos artigos foi realizada com base nos tí-
tulos e resumos, resultando em 54 estudos. Destes, 
34 foram incluídos neste trabalho de revisão após 
leitura detalhada e análise, dos quais 28 foram tra-
balhos originais e seis de revisão, além de dois li-
vros técnicos.
A análise comparativa dos métodos de triagem nu-
tricional foi baseada nas variáveis de cada protoco-
lo, no número de questões, na validação do méto-
do, aplicador, tempo de aplicação e paciente-alvo.
Formulação do diagnóstico nutricional
O termo desnutrição energético-protéica descreve 
muito mais a causa, o desequilíbrio entre o supri-
mento e a demanda de nutrientes, do que a pa-
togenia da inanição. As alterações patológicas in-
cluem o déficit imunológico dos subsistemas hu-
moral e celular devido à deficiência de proteínas 
e de mediadores imunológicos (como o fator de 
necrose tumoral, por exemplo); o comprometi-
mento do metabolismo de ácidos graxos, já que 
há insuficiência no aporte de carboidratos; há re-
dução de substratos e coenzimas, resultando em 
despigmentação dos cabelos e problemas na pele. 
A presença de edema e ascite parece estar relacio-
nada à reduzida osmolaridade do sangue, o que é 
causado principalmente pela anemia severa e a hi-
poalbuminemia. O sistema imune é extremamen-
te afetado pela desnutrição. Infecções assintomáti-
cas são freqüentes em desnutridos severos, já que 
estes apresentam resposta insuficiente em relação 
a quimiotaxia, opsonização e fagocitose de bacté-
rias, vírus e fungos. O sistema imunológico pode 
estar tão afetado que nem é capaz de produzir fe-
bre como resposta inflamatória2.
Desta forma, a desnutrição energético-protéica 
(DEP) pode assumir características típicas confor-
me os fatores envolvidos até finalmente compor um 
dos quadros clássicos que é o marasmo, o kwashio-
rkor ou a forma mista, envolvendo emagrecimento, 
edema ou ambos. O marasmo é definido como o 
emagrecimento severo; o kwashiorkor constitui a 
334 Com. Ciências Saúde. 2010;21(4):331-342
Araújo MAR et al.
desnutrição com presença de edema; já o kwashio-
rkor marasmático é aquele em que tanto o emagre-
cimento severo quanto o edema estão presentes. O 
marasmo ocorre quando os músculos e a gordura 
subcutânea são mobilizados para suprir a demanda 
endógena e, clinicamente, pode apresentar-se em 
face triangular, amenorréia, abdômen distendido e 
prolapso retal e anal. Já o kwashiorkor apresenta-
-se geralmente sob a forma de edema, alterações 
nos cabelos e pele, anemia, hepatomegalia, letargia 
e deficiência imunitária severa2.
A avaliação nutricional identifica o estado nutri-
cional e o grau em que as necessidades do pacien-
te estão sendo atendidas, envolvendo variáveis 
objetivas e subjetivas, como exame físico, exa-
mes bioquímicos, anamnese alimentar, informa-
ções sobre medicações em uso, história clínica e 
antropometria. Por depender de tantos fatores, a 
formulação de um diagnóstico nutricional é um 
processo difícil e complexo, demandando tempo 
e outros recursos. Entretanto, uma correta inter-
pretação dos dados sinaliza a necessidade de ado-
ção de intervenções nutricionais que promovam 
a recuperação, ou minimizem a deterioração do 
estado nutricional6,7.
Importância da detecção precoce
O risco nutricional descreve o risco do paciente 
desenvolver complicações em seu quadro clínico 
relacionadas ao seu estado nutricional. Desta for-
ma, a avaliação do risco nutricional é essencial por 
possibilitar ao profissional intervir antes do agra-
vamento da desnutrição, prevenindo suas conse-
qüências8.
A triagem ou rastreamento nutricional é um pro-
cedimento que tem como objetivo identificar pa-
cientes desnutridos ou em risco de desnutrição, 
com o intuito de analisar a necessidade de uma 
avaliação complementar ou mais detalhada. Assim, 
é possível reconhecer precocemente os indivíduos 
que poderiam beneficiar-se da terapia nutricional. 
A triagem deve ser aplicada a todos os pacientes 
internados dentro de um prazo de 72h a partir da 
admissão na unidade hospitalar específica8-12.
Os métodos de triagem consistem na sistema-
tização de questões e investigam a existência de 
características que possam estar relacionadas ou 
refletem a deterioração nutricional. Estas caracte-
rísticas são estabelecidas através de estudos que 
analisam a associação das mesmas com o desen-
volvimento da desnutrição13.
Métodos de triagem ou risco nutricional
Neste estudo, foram encontrados doze méto-
dos de triagem nutricional descritos na literatu-
ra, dos quais sete foram selecionados para análise 
pela maior relevância técnico-científica: Avaliação 
Nutricional Subjetiva Global, Índice de Risco 
Nutricional, Score de Risco Nutricional, Mini 
Avaliação Nutricional, Mini Avaliação Nutricional 
Reduzida, Instrumento de Triagem de Desnutrição, 
Instrumento Universal de Triagem de Desnutrição 
e Triagem de Risco Nutricional 2002, conforme 
descritos a seguir.
ƒƒ Avaliação Nutricional Subjetiva Global (ANSG)
A ANSG é considerada padrão-ouro para a tria-
gem do estado nutricional. Este método, inicial-
mente desenvolvido para pacientes cirúrgicos e 
sendo posteriormente adaptado para outras situa-
ções clínicas, tem o objetivo de identificar pacien-
tes com algum risco nutricional6,11,12.
Na década de 80, Detsky e colaboradores iniciaram 
estudos sobre a avaliação nutricional de pacientes 
hospitalizados que pudesse ser realizada por qual-
quer profissional de saúde. Segundo Detsky et al. 
(1987), a avaliação nutricional deveria ser baseada 
em dados clínicos, que consistiriam em verificação 
de história clínica e exame físico11,14.
A ANSG consiste em um instrumento válido, para 
avaliação nutricional que engloba história de perda 
de peso, de tecido adiposo e muscular, mudanças 
no padrão alimentar, sintomas gastrintestinais, alte-
ração de capacidade funcional e exame físico. São 
cinco os critérios a considerar para realizar a avalia-
ção subjetiva global: 1) perda de peso nos últimos 
seis meses, sendo que deve ser levada em conside-
ração a recuperação ou estabilização do peso até a 
data da avaliação; 2) a história dietética em relação 
ao usual, considerando se a ingestão está alterada 
ou não e, em caso positivo, verificar qual o tempo e 
o grau da alteração (jejum, líquidos hipocalóricos, 
dieta sólida insuficiente, etc); 3) presença de sinto-
mas gastrintestinais, sua duração e intensidade; 4) 
capacidade funcional ou nível de força muscular; e 
5) demanda metabólica da doença de base. Além da 
anamnese clínica, há o exame físico a ser realizado 
para completar a avaliação. Nele, deve ser analisa-
da a perda de gordura subcutânea por meio da ava-
liação da região do tríceps e das costelas; a perda 
muscular, detectada em quadríceps e deltóide; e a 
presença de edema sacral ou em tornozelos e pre-
sença de ascite6,14.
335Com. Ciências Saúde. 2010;21(4):331-342
Análise de métodos de triagem nutricional
A ANSG classifica os pacientes como nutridos, 
moderadamente desnutridos ou gravemente des-
nutridos, levando-se em consideração uma escala 
para cada item analisado. Inicialmente, utilizou -se 
uma escala numérica para ponderar a gravidade 
de cada item; posteriormente, esta escala foi adap-
tada para letras, visando melhor expressão da sub-
jetividade das questões avaliadas10,14.
O instrumento da ANSG foi validado, demons-
trando boa correlação entre os dados subjetivos e 
as medidas objetivas e, também foi demonstrada a 
reprodutibilidade fidedigna do método14.
Estudo realizado por Coppini et al. (1995)com-
parou o resultado da ANSG com a avaliação ob-
jetiva em 100 pacientes admitidos consecutiva-
mente por dois meses no hospital da Beneficência 
Portuguesa em São Paulo. A avaliação objetiva 
consistiu na análise das relações de peso, altura, 
prega cutânea triciptal (PCT), circunferência do 
braço (CB), albumina sérica, hemoglobina, hema-
tócrito e linfócitos. Os resultados de albumina, he-
moglobina, PCT, CB e circunferência muscular do 
braço foram significativamente positivos em rela-
ção à ANSG, condizendo com as classificações de 
desnutrição moderada e grave. Outro estudo con-
duzido por Oliveira et al. (2008) com 15 pacientes 
mostrou existir uma alta correlação entre métodos 
subjetivos, dentre eles a ANSG, com parâmetros 
objetivos como a contagem total de linfócitos, cir-
cunferência do braço e albumina sérica8,15.
Desta forma, a ANSG é um método simples, de 
baixo custo, não invasivo e que pode ser facil-
mente aplicado à beira do leito, além de apresen-
tar alta reprodutibilidade, sensibilidade e especi-
ficidade6,10,11.
ƒƒ Índice de Risco Nutricional (NRI)
Criado para aplicação exclusiva em idosos, o NRI 
tem como objetivo rastrear pacientes em risco de 
desenvolver complicações clínicas relacionadas ao 
seu estado nutricional16.
Este método de triagem nutricional foi desenvol-
vido por Wolinsky et al. na década de 80 com base 
em questões extraídas do NHANES I (National 
Health and Nutritional Examination Survey). Para 
a identificação do risco nutricional são considera-
dos alguns aspectos destrinchados em dezesseis 
questões. Entre eles: alterações da ingestão e hábi-
to alimentar, restrições dietéticas, morbidades as-
sociadas e sintomas gastrintestinais10,16.
De acordo com o preenchimento do formulário e 
a soma das pontuações obtidas em cada item, os 
indivíduos podem ser classificados como em bai-
xo risco, risco moderado e alto risco16.
Na validação do estudo, 401 idosos (maiores que 
65 anos) não hospitalizados foram avaliados em 
três momentos: momento inicial, após quatro me-
ses e após doze meses, quanto a questões sobre a 
sua saúde geral, dados demográficos e antropo-
metria17.
Os autores observaram correlação entre os ob-
servadores modesta. Entretanto, observou-se boa 
correlação com indicadores de estado nutricional, 
principalmente com os marcadores bioquímicos 
de desnutrição. Desta forma, os autores sugerem 
que esta ferramenta pode ser utilizada para iden-
tificação de risco nutricional, porém, são necessá-
rios outros estudos para verificar a possibilidade 
de utilização deste como método padrão de ava-
liação nutricional nesta população específica17.
Considerando a existência de poucos métodos de 
triagem para pacientes idosos, este método tor-
na-se de grande importância por ter sido valida-
do para este grupo específico. Entretanto, como o 
formulário é preenchido pelo próprio idoso, o seu 
uso é limitado para pacientes capazes de ler16,17.
ƒƒ Score de Risco Nutricional (NRS)
O NRS foi desenvolvido e validado a fim de au-
mentar a vigilância da equipe de enfermagem para 
detecção precoce do risco nutricional18.
Criado por Reilly et al. em 1995, o NRS tem como 
objetivo identificar o risco nutricional em pa-
cientes de todas as faixas etárias hospitalizados 
por meio de um questionário desenvolvido após 
a revisão bibliográfica de vários métodos de tria-
gem. As questões incorporadas ao questionário do 
NRS englobam perda de peso indesejada (quanti-
dade e tempo), Índice de Massa Corporal (IMC) 
para adultos e percentil de peso para a altura para 
crianças, apetite, capacidade de mastigação e de-
glutição, presença de sintomas gastrointestinais 
(vômitos e diarréia) e fatores de estresse da doen-
ça, levando-se em consideração as conseqüências 
do estado clínico do paciente para suas necessida-
des nutricionais10,18.
Após a aplicação do questionário do NRS, o sis-
tema de escore classifica os pacientes como em 
baixo, moderado ou elevado risco de desnutrição, 
336 Com. Ciências Saúde. 2010;21(4):331-342
Araújo MAR et al.
sendo preconizada pelo NRS a realização de uma 
avaliação nutricional mais detalhada naqueles que 
forem identificados como risco10,18.
Para validação do NRS foi utilizado como padrão-
-ouro o NRI e a impressão clínica do nutricionis-
ta em relação ao grau de desnutrição do paciente. 
Além disso, a reprodutibilidade da triagem foi tes-
tada entre nutricionistas e entre nutricionistas e 
enfermeiros, resultando em coeficientes de corre-
lação de r = 0.91 (p < 0.001) e r = 0.80 (p < 0.001) 
respectivamente10,18.
O NRS apresentou boa correlação com o NRI (co-
eficiente de correlação de 0.68, p< 0.001), ferra-
menta utilizada como padrão ouro, poi s segundo 
os autores, era o único método de triagem valida-
do ao qual tiveram acesso18.
Deste modo, o NRS é considerado um método de 
triagem nutricional de fácil aplicação e apropria-
do para utilização não apenas pelo nutricionista, 
como também pela equipe de enfermagem, em 
uma ampla variedade de pacientes10,18.
ƒƒ Mini Avaliação Nutricional (MNA) e Mini 
Avaliação Nutricional Reduzida (MNA-SF)
A MNA foi criada com o objetivo de detectar a 
presença de desnutrição e de risco nutricional en-
tre os idosos em tratamento domiciliar e/ou am-
bulatorial e em hospitais. Este método de triagem 
afirma detectar a desnutrição e subnutrição em 
sua fase inicial em pacientes idosos, de forma a 
facilitar a intervenção nutricional. Este método 
de triagem foi desenvolvido em parceria entre o 
Hospital Universitário de Toulouse (França), a 
Universidade do Novo México (EUA) e o Nestlé 
Research Center (Suíça)19,20.
A MNA consiste, portanto em um questionário 
dividido em duas partes, a primeira denominada 
Triagem (MNA-SF) e a segunda denominada de 
Avaliação global (MNA). A Triagem é composta 
por questões que englobam alterações da ingestão 
alimentar (por perda de apetite, problemas diges-
tivos ou dificuldade de mastigação ou deglutição), 
perda de peso, mobilidade; ocorrência de estresse 
psicológico ou doença aguda, problemas neurop-
sicológicos e IMC. A Avaliação global inclui, por 
sua vez, questões relativas ao modo de vida, lesões 
de pele ou escaras, medicação, avaliação dietética 
(perguntas relativas ao número de refeições, in-
gestão de alimentos e líquidos e autonomia na ali-
mentação), auto-avaliação (autopercepção da saú-
de e da condição nutricional) e a antropometria é 
então complementada com o perímetro braquial 
e de perna10.
Faz-se inicialmente a Triagem, que determina se 
existe ou não possibilidade de desnutrição e, caso 
exista, o questionário deve ser continuado, caso 
contrario não há necessidade do preenchimento 
do restante do formulário11,21.
O questionário completo pode ser preenchido em 
cerca de 10 minutos. De acordo com o preenchi-
mento do formulário e com a soma do escore ob-
tido, classifica-se o paciente em: normal (ou sem 
risco de desnutrição), em risco nutricional e des-
nutrido10,11,21.
Na validação do método, verificou-se sensibilida-
de de 96%, especificidade de 98% e o valor prog-
nóstico para desnutrição de 97%. Dentre as vanta-
gens do método, além da alta sensibilidade, espe-
cificidade e valor prognóstico citados, é o fato de 
ser uma triagem validada para idosos11,21.
A MNA-SF consiste na aplicação apenas da pri-
meira parte da MNA completa (Triagem) de forma 
a avaliar se há risco nutricional. Desta forma, po-
de-se apenas completar a avaliação nos pacientes 
que efetivamente apresentarem risco nutricional, 
possibilitando uma maior praticidade e rapidez na 
aplicação22.
ƒƒ Instrumento de Triagem de Desnutrição (MST)
O MST é um instrumento de triagem da desnutri-
ção, desenvolvido por Fergunson et al. em 1999, 
para permitir a rápida e fácil realização de tria-
gens nutricionais em pacientes adultos na admis-
são hospitalar10,23.Para criação do MST, foi desenvolvido um ques-
tionário compreendendo vinte e uma questões 
elaboradas a partir da revisão de literatura e expe-
riência dos autores. Dentre essas, as duas questões 
consideradas de maior especificidade e sensibili-
dade para detecção do risco nutricional precoce 
quando comparadas ao padrão-ouro considerado 
(ANSG) foram utilizadas para constituir o questio-
nário final do MST. Essas duas questões englobam 
a redução da ingestão alimentar pela perda de ape-
tite e a perda ponderal indesejada. A sensibilida-
de desta triagem foi de 83,6% e a especificidade, 
65,6%10,23.
337Com. Ciências Saúde. 2010;21(4):331-342
Análise de métodos de triagem nutricional
Após a aplicação do questionário da MST, resulta-
dos com escores maiores que dois significam que 
o paciente está em risco nutricional, sendo ne-
cessária a realização de uma avaliação nutricional 
mais detalhada10,23.
O MST é um instrumento de triagem nutricional 
aplicável em população adulta heterogênea, rápi-
do, de fácil aplicação, não invasivo, barato, váli-
do, reprodutível, que utiliza dados rotineiramente 
disponíveis, não considerando medidas antropo-
métricas e demais dados objetivos. Assim, pode 
ser aplicado por nutricionistas, equipe de saúde, 
pelos próprios pacientes e familiares na admissão 
hospitalar10,11,23.
ƒƒ Instrumento Universal de Triagem de 
Desnutrição (MUST)
O objetivo do MUST é de detectar desnutrição. 
Este método de triagem foi desenvolvido para uso 
na comunidade pelo Malnutrition Advisory Group, 
um comitê integrado da British Association for 
Parenteral and Enteral Nutrition (MAG-BAPEN) e 
apoio de diferentes entidades de saúde10.
O questionário da MUST é composto com dados 
sobre IMC, perda de peso não intencional nos úl-
timos três a seis meses e presença de doença aguda 
com mais de cinco dias de jejum10,11.
O MUST identifica o risco nutricional do paciente 
de acordo com a pontuação obtida com o preen-
chimento do formulário. O paciente é classificado 
em alto risco de desnutrição, médio risco de desnu-
trição e baixo risco de desnutrição. O próprio for-
mulário sugere a terapêutica nutricional para cada 
caso. Quando classificado em alto risco de desnu-
trição, deve-se iniciar a terapêutica nutricional com 
controle e acompanhamento rigoroso; quando em 
médio risco de desnutrição, deve-se observar se há 
agravamento do quadro e reavaliar o paciente pos-
teriormente; se a pontuação for zero, significa baixo 
risco de desnutrição, portanto, devem ser tomados 
os procedimentos de rotina24.
Estudos demonstram que o MUST tem alto grau 
de confiabilidade (88% de concordância inter-
-avaliador). A ferramenta foi recentemente esten-
dida a outros serviços de saúde, incluindo hospi-
tais e aplicada a pacientes adultos de setores va-
riados, como idosos, cirúrgicos, ortopédicos, em 
cuidados intensivos, onde foram encontradas ex-
celente reprodutibilidade e validade em compa-
ração com outras ferramentas, além de validade 
preditiva (de tempo de internação, mortalidade, 
complicações)11,24.
Dentre as vantagens deste método estão a fácil 
aplicação, sua reprodutibilidade e a possibilidade 
de aplicação mesmo quando não é possível men-
surar altura e peso, visto que os critérios utilizados 
podem ser subjetivos e referidos10,11.
ƒƒ Triagem de Risco Nutricional 2002 (NRS 2002)
Desenvolvido por Kondrup et al., o NRS 2002 
tem como objetivo detectar, no ambiente hospita-
lar, a presença de desnutrição e o risco do desen-
volvimento desta, em pacientes adultos, indepen-
dentemente da idade e do diagnóstico clínico11,25.
O NRS 2002 apresenta os componentes nutricio-
nais do MUST e a classificação da gravidade da 
doença, relacionada positivamente com o aumen-
to das necessidades nutricionais. Seu questioná-
rio é dividido em duas partes: a triagem inicial é 
composta por quatro questões referentes ao IMC, 
perda ponderal indesejada nos últimos três meses, 
redução da ingestão alimentar na última semana 
e presença de doença grave e a triagem final que 
classifica o paciente em escores, levando em con-
sideração a porcentagem de peso perdida, a acei-
tação da dieta, o IMC e o grau de severidade da 
doença. Além disso, considera a idade acima de 
70 anos um fator de risco adicional para a desnu-
trição25.
Após o preenchimento do questionário e soma 
dos escores, os pacientes podem ser classificados 
como em risco nutricional, se escore for maior ou 
igual a três e, para valores de escore menores que 
três, recomenda-se realizar semanalmente novos 
rastreamentos para monitorar e detectar precoce-
mente o desenvolvimento de risco nutricional du-
rante o período de internação hospitalar. 25
Para sua validação, o NRS 2002 foi aplicado em 
128 estudos retrospectivos sobre suporte nutricio-
nal, mostrando que pacientes que preencheram os 
critérios de risco nutricional tiveram uma maior 
probabilidade de apresentar resultado significati-
vo após suporte nutricional25.
O NRS 2002 é um método recomendado pela 
European Society for Clinical Nutrition (ESPEN) 
para rastreamento do risco nutricional em hospi-
tais, podendo ser utilizado por enfermeiros e mé-
dicos após rápido treinamento. Em estudo realiza-
do por Kyle et al. (2006), o NRS 2002 foi conside-
338 Com. Ciências Saúde. 2010;21(4):331-342
Araújo MAR et al.
rado o método que está mais relacionado ao tem-
po de internação hospitalar, além de ser prático, 
de rápida aplicação, e necessitar de menor tempo 
para treinamento do aplicador quando compara-
da a ANSG25,26.
Análise comparativa dos métodos de triagem 
nutricional
 Atualmente é incontestável a importân-
cia do estado nutricional adequado para a manu-
tenção da saúde e para a boa evolução clínica do 
paciente internado. Os métodos de triagem nutri-
cional, analisados neste estudo, de um modo ge-
ral foram criados para identificar, em adultos e ou 
idosos, características relacionadas à deterioração 
do estado nutricional. O tempo necessário e a faci-
lidade durante a aplicação desses instrumentos fo-
ram critérios relevantes considerados com o obje-
tivo de que pudessem ser realizados por qualquer 
profissional da área de saúde ou em alguns casos 
até pelo próprio paciente ou acompanhante.
Em relação ao profissional nutricionista atuando 
em ambiente hospitalar, a escolha e a padroniza-
ção de um método de triagem, que possa ser apli-
cado na admissão e durante a visita diária ao pa-
ciente, portanto rápido e de fácil aplicação, contri-
bui para uma melhor assistência ao paciente favo-
recendo o planejamento e priorização de ativida-
des e a atenção individualizada para os que mais 
necessitam.
Neste estudo foram selecionados sete desses mé-
todos de triagem nutricional com o propósito de 
realizar análise comparativa considerando as suas 
diversas variáveis e finalidades.
Estes métodos de triagem nutricional abordam 
uma série de diferentes variáveis (Tabela 1). A per-
da ponderal indesejada e a alteração da ingestão 
alimentar são as únicas variáveis contempladas 
por todos os métodos, sendo que o MUST abor-
da de modo diferenciado a segunda variável, asso-
ciando-a a gravidade da doença. Estudos mostram 
que a perda ponderal, principalmente quando ex-
cede 10% do peso, compromete a habilidade do 
paciente em combater infecções e de se recuperar 
de cirurgias. Já as alterações na ingestão dietética 
contribuem para a perda de peso impedindo o pa-
ciente de ingerir todos os nutrientes necessários, 
fato relevante principalmente em casos de doença 
e hospitalização, em que a demanda por nutriente 
pode estar aumentada24.
Apesar de terem sido desenvolvidas especifica-
mente para idosos, a NRI e a MNA apresentam 
em comum apenas as questões relacionadas à per-
Tabela 1
Métodos de triagem nutricional estudados, suas variáveis e número total de métodos que apresentama variável em sua 
composição, Brasília – DF, 2010.
Variáveis Métodos ANSG NRI NRS MNA-SF MST MUST NRS 2002
Total 
(n)**
Total 
(n%)**
Perda ponderal indesejada X X X X X X X 7 100
Alterações na ingestão alimentar X X X X X X* X 7 100
Fator de estresse X X X X X 5 71
Sintomas gastrintestinais X X X X X 5 71
Adequação de IMC/ percentil de peso/altura X X X X 4 57
Capacidade funcional X 1 14
Exame físico X 1 14
Mobilidade X 1 14
Stress psicológico ou problemas 
neuropsicológicos X 1 14
Uso de medicação prescrita pelo medico X 1 14
Automedicação X 1 14
Cirurgia abdominal X 1 14
Tabagismo X 1 14
Presença de anemia X 1 14
Total 6 8 5 6 2 3 4 - -
(*) Alteração da ingestão associada à doença grave.
(**) Número total e percentual de métodos que apresentam a variável em sua composição.
339Com. Ciências Saúde. 2010;21(4):331-342
Análise de métodos de triagem nutricional
da de peso, alterações na ingestão dietética e sin-
tomas gastrintestinais. Cabe ressaltar que a NRI 
foi elaborada para idosos não hospitalizados, en-
quanto a MNA pode ser aplicada em pacientes 
hospitalizados e ambulatoriais. É importante des-
tacar que esta faixa etária está mais suscetível ao 
desenvolvimento ou agravamento da desnutrição 
e que sintomas gastrintestinais tais como diarréia, 
hiporexia, epigastralgia, vômitos, náuseas podem 
ser determinantes neste sentido. A MNA leva em 
consideração alterações psicológicas como de-
pressão e isolamento, tão comuns nesta fase da 
vida e que podem agravar o estado nutricional do 
idoso27-29.
Em relação ao NRI, mesmo apresentando um n de 
validação adequado (n=377) é preciso considerar 
a análise estatística realizada pelos autores. Para 
tal método, foi encontrada correlação estatistica-
mente significativa com o IMC e valor energéti-
co total ingerido, não sendo estes bons indicado-
res de risco nutricional. Os autores ainda citam 
resultados não significativos em relação a alguns 
marcadores clínicos (hemoglobina, hematócrito, 
albumina e proteínas totais), tendenciando a va-
lidação clínica da triagem30.
Cinco dos métodos analisam o fator de estresse 
causado pela doença de base, entretanto, apesar 
da sua importância para o resultado da triagem 
nutricional já que é sabida a sua influência sobre 
o gasto energético total do indivíduo, sua deter-
minação é bastante subjetiva. Desta forma, o pró-
prio autor da ANSG sugere a exclusão deste tópico 
para a avaliação do risco de desnutrição31.
Para avaliação das reservas corporais, quatro dos 
métodos (NRS, MNA-SF, NRS-2002, MUST, MST) 
utilizam o IMC, enquanto a ANSG usa a avalia-
ção subjetiva muscular e da reserva gordurosa, por 
meio da ectoscopia. Para o cálculo do IMC é ne-
cessária a aferição do peso e altura, portanto, exi-
ge balança e estadiômetro o que pode dificultar o 
processo. Já o exame físico utilizado na ANSG é 
baseado apenas na semiologia nutricional, entre-
tanto, necessita de treinamento do aplicador se-
gundo o próprio autor14.
Sintomas gastrintestinais fazem parte de cinco dos 
métodos (ANSG, NRI, NRS, MNA-SF) com a in-
tenção de investigar o motivo da alteração da in-
gestão alimentar e a possibilidade de redução da 
oferta de nutrientes e conseqüente perda ponde-
ral. O MST restringe a investigação da alteração da 
ingestão alimentar decorrente apenas da presença 
ou não do apetite, devido ao fato dessa variável 
refletir de forma mais ampla o estado de saúde do 
organismo e a associação da doença e estado nu-
tricional10,11.
O NRS 2002 é o método preconizado pela ESPEN, 
sendo utilizado em toda a Europa como ferramen-
ta padrão. Desenvolvido utilizando o maior n de 
validação dentre os trabalhos analisados (n=8944 
em 128 estudos), é também um dos questionários 
com menor número de questões25,32.
A ANSG é o método recomendado pela American 
Society for Clinical Nutrition (ASPEN) e ESPEN 
para aplicação em pacientes cirúrgicos, para os 
quais foi inicialmente desenvolvida. Contudo, es-
tudos posteriores mostram sua aplicabilidade e 
reprodutibilidade para diversos pacientes interna-
dos. Além disso, seu resultado pode ser utilizado 
tanto como uma avaliação de risco como do esta-
do nutricional33,34.
Considerando que o propósito deste estudo foi a 
investigação de um método de triagem que pudes-
se identificar o risco nutricional no atendimento 
de adultos e idosos e ser aplicado pelo nutricio-
nista no momento da admissão e da visita diária 
para a evolução nutricional do paciente, ao anali-
sarmos todos os métodos de triagem nutricional 
descritos, pode-se verificar que o MST, pelo seu 
reduzido número de questões e não necessitar da 
aferição do peso e da altura, é o instrumento mais 
rápido e de mais fácil aplicação, que não deman-
da um aplicador bem treinado, podendo, portan-
to ser aplicado tanto pelo paciente e familiares 
quanto por profissionais da área de saúde. Essas 
características fazem do MST um método de tria-
gem ideal para ser utilizado em clínicas de grande 
rotatividade ou com grande número de pacientes, 
contribuindo para que um maior número de pa-
cientes seja assistido e possua um tratamento mais 
individualizado às suas condições clínicas. Além 
disso, sua especificidade e sensibilidade são ex-
pressivas quando comparadas à ANSG (padrão-
-ouro)10,23.
Muitos dos métodos propõem a aplicação da tria-
gem por enfermeiros ou outros profissionais da 
área de saúde, pois o número de nutricionistas na 
maioria dos hospitais é insuficiente para realiza-
ção da triagem e avaliação de todos os pacientes 
internados6,10,11.
De acordo com o Fergunson et al., o objetivo do 
MST é ser um método de triagem sensível, que 
340 Com. Ciências Saúde. 2010;21(4):331-342
Araújo MAR et al.
possibilite ao profissional a aplicação em um gran-
de número de pacientes. Isso pode justificar sua 
baixa especificidade na sua validação, visto que 
este visa melhor sensibilidade. Entretanto, em ou-
tro trabalho de validação realizado com pacien-
tes oncológicos submetidos à radioterapia, tam-
bém realizado por Fergunson et al., foi encontrada 
alta especificidade (81%) e 100% de sensibilidade 
em comparação à ANSG, caracterizando o méto-
do como um forte preditor do estado nutricional. 
Dessa forma, o protocolo contribui para a detec-
ção de pacientes em risco nutricional, permitindo 
uma rápida e adequada intervenção dietoterápi-
ca10,11,23,35.
CONCLUSÃO
A escolha do método de triagem nutricional deve 
considerar o contexto no qual o paciente está inse-
rido, além de aspectos como a natureza da clínica, 
recursos humanos e físicos disponíveis.
Em clínicas que apresentam recursos humanos e 
físicos adequados, todos os pacientes devem ser 
avaliados e receber os cuidados nutricionais ne-
cessários.
Porém, clínicas de alta rotatividade necessitam 
de um instrumento de rastreamento nutricional 
prático, fácil, rápido, com boa sensibilidade e que 
possa ser inserido na atuação diária do profissio-
nal de saúde responsável, sem alteração significa-
tiva da rotina. Para que, se identificado paciente 
com risco nutricional potencial, o mesmo possa 
ser investigado mais profundamente, inclusive 
podendo ser usado em um segundo momento ou-
tro método com mais variáveis e mais complexo.
Portanto, com base neste estudo e na vivência pro-
fissional o método candidato que mais se aproxi-
ma, conforme os objetivos traçados neste trabalho 
é o MST, pois utiliza apenas duas variáveis, é apli-
cável para adultos e idosos, pode ser utilizado por 
qualquer profissional de saúde, não necessita da 
aferição de peso e nem altura, e em relação ao nu-
tricionista pode ser aplicado no momento da ad-
missão e durante as visitas diárias ao paciente para 
sua avaliação e evolução nutricional, pois estas ati-
vidades fazem parte das atribuições deste profis-
sional na clínica em ambiente hospitalar. Contudo, 
novosestudos devem ser realizados buscando o 
aperfeiçoamento dos métodos existentes e valida-
ção de novos métodos para diferentes populações.
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