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Ensino de surdos - aspectos culturais

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CONSIDERAÇÕES SOBRE O ENSINO DE CIÊNCIAS A ALUNOS SURDOS SOB PERSPECTIVA DA DIVERSIDADE CULTURAL
Camila Gasparin
Introdução 
Cerca de 2,5% da população mundial apresenta diferentes graus de surdez
No Brasil, são cerca de 5% e apesar de conquistas recentes, esta minoria ainda não é satisfatoriamente atendida no ensino regular
É suficiente que haja acompanhamento de tradutor/intérprete de LIBRAS para garantir igualdade de acesso ao conhecimento para os surdos?
Histórico da educação de surdos
Congresso de Milão, 1880, oralismo: negação da diferença, foco na “reabilitação” e “normalidade”
Educação Especial, século XX: escolas especializadas
Legislação brasileira
Constituição de 1988, artigo 207, inciso III: Estado responsável pela garantia de atendimento especializado
Política Nacional de Educação Especial, 1994: garante o direito dos alunos frequentarem o ensino regular desde que tivessem condições e capacidade de seguir o ritmo dos alunos ouvintes
LDBN, capítulo VI, 1996: Educação Especial como responsabilidade do governo, atendimento na rede pública regular
Lei 10.098/00, capítulo VII, artigo 18: formação de intérpretes para pessoas com deficiências sensoriais
Legislação brasileira - Decreto 5.626/05
LIBRAS como disciplina curricular na formação e certificação de professores, instrutores e tradutores/intérpretes para garantir educação bilíngue com Língua portuguesa como segunda língua do surdo
LIBRAS como forma de expressão e comunicação, língua visual-motora com estrutura gramatical própria, sistema de transmissão de ideias e fatos das comunidades de pessoas surdas do Brasil
Exclusão na inclusão
[...] as instituições que garantem o acesso e o atendimento a todos são, por princípio, includentes, mesmo que, no decurso dos processos de comparação e classificação, elas venham a manter alguns desses “todos” (ou muitos deles...) em situação de exclusão. Isso significa que o mesmo espaço considerado de inclusão pode ser considerado um espaço de exclusão. Conclui-se que a igualdade de acesso não garante a inclusão e, na mesma medida, não afasta a sombra da exclusão. (Veiga-Neto; Lopes, 2007, p. 958 apud Lopes)
Aspectos culturais, linguísticos e necessidades educacionais
Considerando a teoria sociointeracionista de Vygotsky entendemos o papel da escola e do professor para que se propicie a interação social do surdo
Se não é possível garantir iguais possibilidades de acesso, permanência e êxito de estudantes ouvintes nas escolas regulares, é possível garanti-los para os surdos?
Aspectos visuais
Pelas características da LIBRAS como língua viso-espacial, é importante que seja garantido ao aluno surdo posicionamento em sala de aula tal que haja total visualização do quadro negro, do professor e do intérprete simultaneamente
O intérprete precisa de espaço para desenvolver suas atribuições
Conceitos, exemplos, experimentos, devem ser palpáveis e passíveis de manipulação
língua
Deve haver reconhecimento da LIBRAS como primeira língua do aluno surdo e da língua portuguesa como segunda língua, compreendendo-se todas as dificuldades encontradas por eles na expressão escrita na segunda
A LIBRAS possui uma gramática no tempo e no espaço, na qual os sinais se diferenciam pelas posições das mãos, movimento, posição frente ao corpo e complementados pela expressão facial e corporal.
Dificuldades a serem superadas
Falta de preparo dos professores das escolas regulares para trabalho com estudantes surdos e reconhecimento de suas necessidades educacionais
Marginalização da língua de sinais e exclusão social escolar do surdo
Conhecimento limitado dos professores quanto à LIBRAS, cultura, sociedade e identidade Surda dos alunos
Conclusão 
Apesar das conquistas caracterizadas pela legislação que busca garantir os direitos educacionais da comunidade surda, é necessário que se vá mais longe
Materiais didáticos não são adaptados, intérpretes precisam de trabalho conjunto com os professores para poderem realizar suas atividades com qualidade, a inclusão em sala de aula não pode ser apenas física mas deve se caracterizar socialmente também
Referências 
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