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CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 1 Aula 1: Fundamentos da educação especial ................................................................................. 2 ............................................................................................................................. 2 Introdução ................................................................................................................................ 3 Conteúdo Entendendo a educação especial ................................................................................... 3 Tipos de deficiências ......................................................................................................... 4 Legislação ............................................................................................................................ 5 Documentos legais ............................................................................................................ 8 Aprendendo com as diferenças .................................................................................... 11 Atividade proposta .......................................................................................................... 11 ....................................................................................................................... 12 Aprenda Mais ........................................................................................................................... 15 Referências ......................................................................................................... 16 Exercícios de fixação Notas ........................................................................................................................................... 22 Chaves de resposta ..................................................................................................................... 22 CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 2 Introdução Nesta aula, vamos refletir sobre as seguintes questões: • O que é educação especial? • Qual é a proposta da educação especial para o Ensino Superior? A ideia é entender as diversidades no âmbito educacional. Afinal, elas existem e temos de lidar com o diverso todos os dias. Bons estudos! Objetivo: 1. Analisar a trajetória da educação especial em uma perspectiva de educação inclusiva no ensino brasileiro; 2. Discutir sobre o papel da educação especial no Ensino Superior. CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 3 Conteúdo Entendendo a educação especial Para darmos início a este estudo, vamos analisar a posição que a educação especial ocupa no sistema de ensino do Brasil: Figura representativa da educação especial. Como você percebeu, atualmente, a educação especial é considerada como elemento integrado e distinto do sistema educacional, que perpassa todos os níveis de ensino. Dessa forma, o projeto de ensino, a organização e a prática pedagógica que a envolvem devem respeitar as peculiaridades dos alunos com necessidades educacionais especiais, desde a educação infantil até o Ensino Superior. Esses estudantes requerem recursos pedagógicos e metodologias específicas de ensino por apresentarem necessidades diferenciadas – de caráter provisório ou permanente – dos demais educandos para a aquisição da aprendizagem. O objetivo é promover o desenvolvimento de seu potencial. Afinal: Quando lidamos com alunos portadores de necessidades educacionais especiais, não trabalhamos com dificuldades, e sim com possibilidades! CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 4 Tipos de deficiências Vamos conhecer, agora, algumas deficiências com as quais os professores têm de lidar no âmbito educacional: Deficiência física Variedade de condições não sensoriais que afetam o indivíduo em termos de mobilidade, de coordenação motora geral ou de fala, em decorrência de lesões neurológicas, neuromusculares e ortopédicas ou, ainda, de má formação congênita ou adquirida. Deficiência visual Redução ou perda total da capacidade de ver. Após a melhor correção ótica, manifesta-se como cegueira ou visão reduzida. Deficiência auditiva Perda total ou parcial, congênita ou adquirida da capacidade de compreender a fala através do ouvido. Essa condição pode se manifestar como surdez leve ou moderada, severa ou profunda. Deficiência múltipla Associação no mesmo indivíduo de duas ou mais deficiências primárias – mental, visual, auditiva ou física – com comprometimentos que acarretam atrasos no desenvolvimento global e na capacidade adaptativa. Altas habilidades Notável desempenho ou elevada potencialidade em qualquer um dos seguintes aspectos: • Capacidade intelectual geral; • Pensamento criativo e produtivo; • Capacidade de liderança; • Talento especial para artes; • Capacidade psicomotora. CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 5 Contexto histórico O século XIX é considerado referência da trajetória histórica da educação especial no Brasil, não no sentido de sua inclusão nas instituições regulares de ensino, mas de atendimento educacional específico aos alunos deficientes visuais e auditivos. Já no século XX, foram elaborados documentos legais de garantia dos direitos fundamentais da pessoa humana, em vários níveis e aspectos, especificamente no que se refere aos alunos com necessidades educacionais especiais. Como consequência dessa linha de conduta mundial, há discursos que visam à promoção da educação especial no Brasil, principalmente no tocante à educação inclusiva. Vejamos o que diz a legislação a respeito dessa especificidade da educação no País. Legislação Diferente da Constituição brasileira de 1824, a atual Constituição Federal de 1988 prevê a questão da igualdade por meio do seguinte texto: “Artigo. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”. Em relação à educação, a Carta Magna atual afirma: “Artigo. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.” CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 6 “Artigo. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; [“...]”. Percebemos, então, a mudança de concepção no campo educacional, onde o princípio de igualdade de condições para o acesso à escola e a permanência na instituição de ensino norteia os documentos educacionais que se sucedem. Um exemplo disso é o Plano Decenal de Educação Para Todos (1993), que aborda a necessidade de implementação de estratégias de ensino para atender às especificidades de aprendizagem de cada aluno, assegurando a todos uma educação de qualidade. Dando sequência aos princípios da educação promulgados anteriormente, a atual Lei nº 9.394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) – considera a educação especial uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis educacionais, entre eles: • A educação infantil; • O Ensino Fundamental; • O Ensino Médio; • O Ensino Superior. Em outras palavras, para que a aprendizagem do aluno com necessidades educacionais especiais se efetive, a educação especial exige maneiras específicas de atendimento a ele. A LDB contemplou a Educação Especial em seu Capítulo V. Lei Nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 CAPÍTULO V DA EDUCAÇÃO ESPECIAL Artigo. 58. Entende-se por educação especial, para osefeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. § 1º Haverá, quando CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 7 necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial. § 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular. § 3º A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil. Artigo. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação: 2 I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades; II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados; III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora; V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular. Artigo. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão critérios de caracterização das instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e com 3 atuação exclusiva em educação especial, para fins de apoio técnico e financeiro pelo Poder Público. Parágrafo único. O poder público adotará, como alternativa preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 8 superdotação na própria rede pública regular de ensino, independentemente do apoio às instituições previstas neste artigo. Estamos diante de avanços que fortalecem o processo de inclusão, que, até então, considerávamos como integração – princípio que surgiu na década de 1960. De acordo com Martins ([s.d.], p. 7): “A análise crítica dessa realidade passou, gradativamente, a considerar que, apesar da garantia legal do direito à normalização, permanecia, no processo de atenção à pessoa com deficiência, um importante hiato operativo, representado pela falta de ações afirmativas, na direção de modificar o contexto social, de forma que a pessoa com deficiência, independente do tipo de comprometimento apresentado, receba os suportes necessários para que possa funcionar no espaço comum da vida da comunidade (familiar, escolar, social mais amplo), com autonomia e dignidade”. O atual momento da educação especial no Brasil representa, portanto, um movimento inclusivo que se fortalece com os documentos legais. Conheça, a seguir, alguns deles. Documentos legais No contexto contemporâneo, a educação especial aponta, no Brasil e no mundo, para a educação inclusiva. Há alguns documentos legais que comprovam essa afirmação. Vamos conhecê-los? Declaração de Salamanca (1994) A Declaração de Salamanca Sobre Princípios, Políticas e Práticas na Área das Necessidades Educativas Especiais é um documento legal de orientação mundial para a educação especial. CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 9 De acordo com esse escrito, é responsabilidade do governo a inclusão das pessoas com algum tipo de deficiência no sistema educacional, conforme assinala o seguinte trecho da Declaração (BRASIL, 1994a, não paginado): “3. Nós congregamos todos os governos e demandamos que eles: • Atribuam a mais alta prioridade política e financeira ao aprimoramento de seus sistemas educacionais no sentido de se tornarem aptos a incluírem todas as crianças, independentemente de suas diferenças ou dificuldades individuais; • Adotem o princípio de educação inclusiva em forma de lei ou de política, matriculando todas as crianças em escolas regulares, a menos que existam fortes razões para agir de outra forma; [...]”. Convenção da Guatemala (2001) Outro documento que norteia a educação especial em nível internacional é a Convenção da Guatemala – Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência –, promulgada pelo Decreto nº 3.956/01. Para refletirmos sobre as questões atuais em relação à discriminação às pessoas portadoras de deficiência, vamos conferir o Artigo I dessa Convenção: “Para os efeitos desta Convenção, entende-se por”: 1. Deficiência O termo ‘deficiência’ significa uma restrição física, mental ou sensorial, de natureza permanente ou transitória, que limita a capacidade de exercer uma ou mais atividades essenciais da vida diária, causada ou agravada pelo ambiente econômico e social. 2. Discriminação contra as pessoas portadoras de deficiência a) o termo ‘discriminação contra as pessoas portadoras de deficiência’ significa toda diferenciação, exclusão ou restrição baseada em deficiência, antecedente de deficiência, consequência de deficiência anterior ou percepção de deficiência presente ou passada, que tenha o efeito ou propósito de impedir ou anular o CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 10 reconhecimento, gozo ou exercício por parte das pessoas portadoras de deficiência de seus direitos humanos e suas liberdades fundamentais. b) Não constitui discriminação a diferenciação ou preferência adotada pelo Estado Parte para promover a integração social ou o desenvolvimento pessoal dos portadores de deficiência, desde que a diferenciação ou preferência não limite em si mesma o direito à igualdade dessas pessoas e que elas não sejam obrigadas a aceitar tal diferenciação ou preferência. Nos casos em que a legislação interna preveja a declaração de interdição, quando for necessária e apropriada para o seu bem-estar, esta não constituirá discriminação”. Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (2007) Aprovada pela Organização das Nações Unidas (ONU), da qual o Brasil é signatário, a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, promulgada pelo Decreto nº 6.949/09, estabelece que os Estados Partes devem assegurar um sistema de educação inclusiva em todos os níveis de ensino, em ambientes que maximizem o desenvolvimento acadêmico e social compatível com a meta de inclusão plena. De acordo com o Artigo 24 dessa Convenção, é responsabilidade dos Estados Partes a adoção de medidas que garantam que: “2. [...] a) As pessoas com deficiência não sejam excluídas do sistema educacional geral sob alegação de deficiência e que as crianças com deficiência não sejam excluídas do ensino primário gratuito e compulsório ou do ensino secundário, sob alegação de deficiência; b) As pessoas com deficiência possam ter acesso ao ensino primário inclusivo, de qualidade e gratuito, e ao ensino secundário, em igualdade de condições com as demais pessoas na comunidade em que vivem; [...]”. CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 11 PolíticaNacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) Como o foco deste estudo é o ensino universitário, precisamos conhecer, também, a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, que estabelece diretrizes com relação ao Nível Superior no Brasil. De acordo com esse documento (BRASIL, 2008, não paginado): “Na educação superior, a educação especial se efetiva por meio de ações que promovam o acesso, a permanência e a participação dos alunos. Essas ações envolvem o planejamento e a organização de recursos e serviços para a promoção da acessibilidade arquitetônica nas comunicações, nos sistemas de informação, nos materiais didáticos e pedagógicos, que devem ser disponibilizados nos processos seletivos e no desenvolvimento de todas as atividades que envolvem o ensino, a pesquisa e a extensão”. Aprendendo com as diferenças Como você percebeu, não é fácil lidar com alunos com necessidades educacionais especiais, pois esse trabalho é individual e requer que o docente não especializado na área busque ajuda para ministrar suas aulas. Mas, com os recursos necessários, coragem e sensibilidade, é possível obter sucesso nesse processo educacional! Cabe ao professor se empenhar para isso. Afinal, todos os profissionais da educação têm de estar preparados para as situações do cotidiano escolar ou acadêmico e para promover a aprendizagem de acordo com as especificidades dos alunos. Esperamos que esta disciplina possa auxiliar, de alguma forma, os futuros educadores nesse sentido! Atividade proposta Nesta aula, discutimos, especificamente, sobre o direito que as pessoas com deficiência têm à educação. A inserção no mercado de trabalho também é um CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 12 direito e uma realidade que lhes diz respeito. Por isso, como qualquer trabalhador, esses indivíduos almejam ascensão profissional. Mas, antes de terem acesso ao Ensino Superior, as pessoas com deficiência precisam completar a Educação Básica. De acordo com o que estudamos nesta aula, isso é possível? Em outros termos, os indivíduos com necessidades educacionais especiais podem ter acesso a todos os níveis de ensino? Justifique sua resposta com base na legislação da educação brasileira. Chave de resposta O aluno deve partir de uma afirmativa e citar a LDB. Aprenda Mais Material complementar Para saber mais sobre a Constituição brasileira de 1824, leia a constituição politica do imperio do brazil (de 25 de março de 1824), disponível em nossa biblioteca virtual. Material complementar Para saber mais sobre a Constituição brasileira atual (1988), leia a constituição da república federativa do Brasil de 1988, disponível em nossa biblioteca virtual. https://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/viwTodos/509f2321d97cd2d203256b280052245a?OpenDocument&Highlight=1,constitui%C3%A7%C3%A3o&AutoFramed CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 13 Material complementar Para saber mais sobre a LEI Nº 9.394, leia a LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996., disponível em nossa biblioteca virtual. Material complementar Para saber mais sobre a declaração de Salamanca, leia a declaração de Salamanca, disponível em nossa biblioteca virtual. Material complementar Para saber mais sobre a declaração de Salamanca, leia a declaração de Salamanca - Sobre Princípios, Políticas e Práticas na Área das Necessidades Educativas Especiais, disponível em nossa biblioteca virtual. Material complementar Para saber mais sobre a trajetória histórica da educação especial brasileira, leia o texto Uma leitura da educação especial no Brasil, disponível em nossa biblioteca virtual. http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%209.394-1996?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%209.394-1996?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%209.394-1996?OpenDocument CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 14 Material complementar Para saber mais sobre o DECRETO Nº 3.956, leia o DECRETO Nº 3.956, DE 8 DE OUTUBRO DE 2001., disponível em nossa biblioteca virtual. Material complementar Para saber mais sobre o DECRETO Nº 6.949, leia o DECRETO Nº 6.949, DE 25 DE AGOSTO DE 2009., disponível em nossa biblioteca virtual. Material complementar Para saber mais sobre a Política nacional de educação especial, leia o documento Política nacional de educação especial na perspectiva da educação inclusiva, disponível em nossa biblioteca virtual. Material complementar Para saber mais sobre a Educação especial no Brasil, leia o texto Uma leitura da educação especial no Brasil, disponível em nossa biblioteca virtual. http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%203.956-2001?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%203.956-2001?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%203.956-2001?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%206.949-2009?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%206.949-2009?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%206.949-2009?OpenDocument CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 15 Material complementar Para saber mais sobre a educação especial, leia o texto História de Mariana, Disponível em nossa biblioteca virtual. Referências BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Presidência da República, 1988. Disponível em: href="http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm" http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 12 jan. 2015. ______. Decreto nº 3.956, de 8 de outubro de 2001. Brasília: Presidência da República, 2001. Disponível em: href="http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2001/d3956.htm" http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2001/d3956.htm. Acesso em: 12 jan. 2015. ______. Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009. Brasília: Presidência da República, 2009. Disponível em: href="http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007- 2010/2009/decreto/d6949.htm" http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007- 2010/2009/decreto/d6949.htm. Acesso em: 12 jan. 2015. ______. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Brasília: Presidência da República, 1996. Disponível em: href="http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm" http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 12 jan. 2015. ______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Declaração de CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 16 Salamanca Sobre Princípios, Políticas e Práticas na Área das Necessidades Educativas Especiais. Brasília: MEC, SEESP, UNESCO, 1994a. ______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial. Brasília: MEC, SEESP, 1994b. ______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília: MEC, SEESP, 2008. MARTINS, F. L. O conhecimento sobre a inclusão de pessoas com necessidades educacionais especiais nas aulas regulares de Educação Física do Ensino Fundamental. Programa de Desenvolvimento Educacional. Londrina: Universidade Estadual de Londrina, [s.d.]. Exercícios de fixação Questão 1 No Brasil,o atendimento às pessoas com deficiência teve início no Império com a criação de duas instituições chamadas, atualmente, de: a) Instituto Pestalozzi e Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE). b) Instituto do Coração e Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE). c) Instituto Benjamin Constant e Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES). d) Instituto Helena Antipoff e Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD). e) Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e Centro Nacional de Educação Especial (CENESP.) Questão 2 De acordo com o que estudamos nesta aula, a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência é denominada: a) Convenção da Guatemala. b) Convenção de Salamanca. CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 17 c) Convenção Universal de Genebra. d) Convenção Universal dos Direitos Humanos. e) Convenção Universal dos Direitos dos Portadores de Deficiência. Questão 3 A deficiência que compromete o aparelho locomotor – que compreende os sistemas osteoarticular, muscular e nervoso – é a seguinte: a) Deficiência física. b) Deficiência visual. c) Deficiência mental. d) Deficiência auditiva. e) Altas habilidades. Questão 4 Analise a charge a seguir: Descrição da imagem: Um cadeirante, com expressão de dúvida e, ao mesmo tempo, de desânimo, olha para uma escadaria bem a sua frente, questionando-se como vai fazer para subir os degraus diante de sua condição de deficiente físico. Na charge, uma questão para reflexão: O que você faria nessa situação? Disponível em: <http://goo.gl/1VJn8s>. Acesso em: 12 jan. 2015. Indique se a situação descrita na charge relaciona-se à inclusão: a) Sim, pois, na proposta inclusiva, tem de haver acessibilidade. b) Não, pois, na proposta inclusiva, tem de haver acessibilidade. c) Sim, pois as pessoas têm de se adaptar às barreiras arquitetônicas. d) Não, pois as pessoas têm de se adaptar às barreiras arquitetônicas. e) Sim, pois a cadeira de rodas pode ser adaptada para subir as escadas. http://goo.gl/1VJn8s CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 18 Questão 5 Indique se, atualmente, o aluno com restrição temporária de movimentos é considerado especial: a) Não, pois os alunos com necessidades educacionais especiais têm alguma restrição temporária. b) Sim, pois os alunos com necessidades educacionais especiais têm alguma restrição permanente. c) Não, pois os alunos com necessidades educacionais especiais têm alguma restrição permanente. d) Sim, pois os alunos com necessidades educacionais especiais têm alguma restrição permanente ou temporária. e) Não, pois os alunos com necessidades educacionais especiais têm alguma restrição permanente ou temporária. Questão 6 Quanto à inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais no Ensino Superior, é CORRETO afirmar que: a) Seu atendimento só ocorre na educação infantil. b) Eles não podem participar das atividades de extensão e pesquisa. c) Ao contrário do que ocorre no Ensino Fundamental, não há obrigatoriedade de atendê-los nesse nível de ensino. d) A educação especial em uma perspectiva inclusiva perpassa todos os níveis de ensino – inclusive o universitário. e) Eles podem frequentar o Nível Superior, desde que se dispensem metodologias específicas de ensino para a efetivação de sua aprendizagem. Questão 7 O Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) é um programa do Ministério da Educação destinado a financiar a Graduação na Educação Superior de estudantes matriculados em instituições não gratuitas. Pensando nessa questão e na inclusão, podemos afirmar que os alunos com necessidades educacionais especiais: CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 19 a) Só têm direito aos programas de saúde. b) Poderão se candidatar a esse financiamento. c) Só têm acesso aos benefícios e programas sociais da Educação Básica. d) Não têm direito a esse benefício nem a qualquer outro relativo ao Ensino Superior. e) Não têm como participar desse programa, pois já estão incluídos no Ensino Superior. Questão 8 Analise a charge a seguir: Descrição da imagem: Uma cadeirante olha para uma escadaria bem a sua frente – a entrada de uma biblioteca – e, revoltada com a situação de impotência em que se encontra por não ter condições de subir os degraus, reivindica seus direitos de deficiente físico, dizendo: – Escadaria NÃO! Rampa é a solução! Ao final da charge, uma frase que sintetiza a situação descrita: IR e VIR: UM DIREITO UNIVERSAL DO HOMEM Com base no que estudamos nesta aula e na análise dessa charge, podemos afirmar que: Os alunos universitários com necessidades educacionais especiais não precisam ter acesso a todos os ambientes da instituição de ensino. • Os alunos de qualquer nível ou etapa de educação precisam ter condições de usar e acessar todos os ambientes – seja na instituição pública ou privada. • Os alunos de qualquer nível ou etapa de educação precisam ter condições de usar e acessar todos os ambientes – somente na instituição pública. Entre os itens anteriores, está(ão) CORRETO(S): a) I e II CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 20 b) I e III c) Somente II d) Somente I e) Somente III Questão 9 O acesso a um sistema educacional inclusivo em todos os níveis de ensino pressupõe: a) A facultativa garantia de condições de acessibilidade necessárias à plena participação e autonomia dos estudantes com deficiência. b) A adoção de medidas de apoio específicas para garantir as condições de acessibilidade necessárias à plena participação e autonomia dos estudantes com deficiência na Educação Básica. c) A adoção de medidas de apoio específicas para garantir as condições de acessibilidade necessárias à plena participação e autonomia dos estudantes com deficiência, em ambientes que maximizem seu desenvolvimento acadêmico e social. d) A falta de adoção de medidas de apoio específicas para garantir as condições de acessibilidade necessárias à plena participação e autonomia dos estudantes com deficiência, em ambientes que maximizem seu desenvolvimento acadêmico e social. e) A desnecessária adoção de medidas de apoio específicas para garantir as condições de acessibilidade necessárias à plena participação e autonomia dos estudantes com deficiência, em ambientes que maximizem seu desenvolvimento acadêmico e social. Questão 10 Analise o gráfico a seguir, que apresenta a evolução das matrículas de estudantes com deficiência na Educação Superior: CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 21 Disponível em: <http://goo.gl/p0LlV9>. Acesso em: 12 jan. 2015. De acordo com esse gráfico, podemos afirmar que, em relação à inclusão no Ensino Superior no Brasil: Há evolução nas matrículas de estudantes com deficiência. • Não houve evolução nas matrículas de estudantes com deficiência. • O acesso das pessoas com deficiência a esse nível de ensino vem se ampliando significativamente. • O acesso das pessoas com deficiência a esse nível de ensino se manteve estável. • Os dados são insignificantes para considerarmos alguma conquista. Entre os itens anteriores, estão CORRETOS: a) I e III. b) I, II e III. c) IV e V. d) II, III, IV e V. e) III e V. http://goo.gl/p0LlV9 CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 22 Educação especial: De acordo com a Política Nacional de Educação Especial (BRASIL, 1994b, p. 17), trata-se de: “[...] um processo que visa promover o desenvolvimento das potencialidades de pessoas portadoras de deficiências, condutas típicas ou altas habilidades, e que abrange os diferentes níveis e graus do sistema de ensino. Fundamenta-se em referenciais teóricos e práticos compatíveis com as necessidadesespecíficas de seu alunado.” Aula 1 Exercícios de fixação Questão 1 - C Justificativa: Em 1854, foi criado o Imperial Instituto dos Meninos Cegos – hoje denominado Instituto Benjamin Constant – e, em 1856, o Instituto dos Surdos Mudos – atualmente chamado de Instituto Nacional de Educação dos Surdos (INES). Questão 2 - A Justificativa: A Convenção da Guatemala norteia a educação especial em nível internacional. Questão 3 - A Justificativa: A deficiência física afeta o indivíduo em termos de mobilidade, de coordenação motora geral ou de fala, em decorrência de lesões neurológicas, neuromusculares e ortopédicas ou, ainda, de má formação congênita ou adquirida. CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 23 Questão 4 - B Justificativa: A cena da charge não se relaciona à proposta de inclusão, que aponta a necessidade de adaptação dos prédios para todas as pessoas – independente de dificuldade de mobilidade. Questão 5 - D Justificativa: O aluno com deficiência requer recursos pedagógicos e metodologias específicas de ensino por apresentar necessidades diferenciadas – de caráter provisório ou permanente – dos demais educandos para a aquisição da aprendizagem. Questão 6 - D Justificativa: O aluno com necessidades educacionais especiais será atendido em todos os níveis de ensino de acordo com suas especificidades e a partir de metodologias específicas de aprendizagem. Questão 7 - B Justificativa: De acordo com a LDB, os alunos da educação especial incluídos no ensino regular terão acesso aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para seu nível educacional. Questão 8 - C Justificativa: Os estabelecimentos de ensino de qualquer nível, etapa ou modalidade de educação – pública e privada – devem proporcionar condições de acesso e utilização de todos os seus ambientes ou compartimentos para pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida – inclusive salas de aula, bibliotecas, auditórios, ginásios, instalações desportivas, laboratórios, áreas de lazer e sanitários. Questão 9 - C Justificativa: É preciso adotar medidas de apoio específicas para garantir as condições de acessibilidade necessárias à plena participação e autonomia dos CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 24 estudantes com deficiência, em todas as modalidades e em todos os níveis de ensino. Questão 10 - A Justificativa: De acordo com os resultados apresentados pelo gráfico, houve evolução nas matrículas dos alunos com necessidades educacionais especiais no Ensino Superior. CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 1 Aula 2: Fundamentos da educação inclusiva ................................................................................ 2 ............................................................................................................................. 2 Introdução ................................................................................................................................ 3 Conteúdo O que é inclusão? .............................................................................................................. 3 Condutas históricas com relação à deficiência ........................................................... 4 Inclusão na sala de aula ................................................................................................... 5 Políticas públicas ................................................................................................................ 6 Ensino Superior e educação inclusiva ......................................................................... 10 Atividade proposta .......................................................................................................... 11 Procurando caminhos possíveis ................................................................................... 30 ....................................................................................................................... 31 Aprenda Mais ........................................................................................................................... 31 Referências ......................................................................................................... 32 Exercícios de fixação Notas ........................................................................................................................................... 35 Chaves de resposta ..................................................................................................................... 35 CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 2 Introdução Nesta aula, vamos conhecer as questões legais referentes ao movimento de inclusão na educação especial com base em sua trajetória histórica. Bons estudos! Objetivo: 1. Discutir sobre a educação especial sob a perspectiva de educação inclusiva. CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 3 Conteúdo O que é inclusão? Na primeira aula, discutimos e refletimos sobre a educação especial no Brasil e muito falamos a respeito da perspectiva atual de inclusão. Nossa proposta inicial para este estudo é pensar nesse assunto partindo da observação do poema a seguir: Como você percebeu, a palavra INCLUSÃO foi escrita repetidamente, mas com tamanhos diferentes. É possível lê-la até certo momento. No entanto, no final do poema, fica quase impossível identificar o que está escrito, não é verdade? Pensem bem! Se o texto não for apresentado com uma fonte adequada, que atenda, pelo menos, a maioria dos que precisam lê-lo, quantas pessoas serão privadas dessa leitura? É mais ou menos isto o que ocorre na educação especial e no processo educacional como um todo: quando não pensamos em questões que, aparentemente, parecem pequenas, excluímos não só os alunos com necessidades educacionais especiais mas também parte da turma que, a princípio, não tem dificuldade de visão. Nesta aula, trataremos, especificamente, da inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais. A questão que norteia este estudo é a seguinte: Como dar oportunidade de acesso à aprendizagem a todos os alunos por meio de uma postura inclusiva? Em primeiro lugar, o docente deve ter em mente que a inclusão não se destina apenas aos alunos com algum tipo de deficiência, mas a todos os que participam do processo de ensino – independente de sua condição. CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 4 Aqui, nosso foco está voltado para esse tipo de estudante. Vamos refletir sobre o assunto? Condutas históricas com relação à deficiência Na aula anterior, percebemos que o movimento de inclusão é uma tendência atual na educação especial. Vamos conhecer, agora, algumas condutas históricas que guiaram o entendimento do conceito de deficiência – antes não atrelado à proposta inclusiva: Antiguidade Neste período, as pessoas consideradas diferentes sofriam, muitas vezes, com o abandono ou eram alvo de proteção ou sustento. Nos relatos bíblicos, há referências ao cego, ao manco e ao leproso como deficientes – a maioria pedinte. Muitos eram rejeitados pela comunidade – seja pelo medo de contrair alguma doença, seja pelo pensamento de que eram amaldiçoados pelos deuses. Idade Média Neste período, por influência do domínio do cristianismo, as pessoas diferentes não eram mais exterminadas, mas, de certa forma, ignoradas e dependiam da caridade dos outros. Há relatos que indicam que, no século XIII, surgiram instituições para abrigar deficientes mentais. Século XVI Neste período, foi criado o primeiro hospital psiquiátrico: um local de confinamento de deficientes, no qual se tentava realizar o tratamento da deficiência a partirde uma referência orgânica baseada na alquimia, na magia e na astrologia – ciências dessa época. Aqui, identificamos o primeiro paradigma – que implica valores e ações – que caracterizou a relação da sociedade com as pessoas com deficiência: o paradigma da institucionalização. CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 5 Século XX O paradigma da institucionalização começou a ser criticado nos anos 1960. Nesse contexto, surgiram os conceitos de normalização, desinstitucionalização e integração. A partir de meados do século XX, emergiu, em todo o mundo, a defesa da concepção de uma sociedade inclusiva. No decorrer desse período histórico, fortaleceu-se, também, a crítica às práticas de categorização e segregação de estudantes encaminhados para ambientes especiais. Essa visão conduziu a sociedade ao questionamento dos modelos homogeneizadores de ensino e de aprendizagem que geravam a exclusão desses alunos nos espaços escolares. Inclusão na sala de aula Até agora, estudamos a trajetória do atual movimento de inclusão dos educandos com necessidades educacionais especiais no ensino regular. Mas, apesar dos discursos em direção ao tema, sabemos que esse movimento ainda não se efetivou, de fato, na atualidade. Vamos continuar refletindo sobre essa questão por meio da leitura da charge a seguir: Disponível em: http://goo.gl/hh7ilI. Acesso em: 13 jan. 2015. CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 6 Como você percebeu, o professor está de costas para a turma, escrevendo no quadro-negro e, ao mesmo tempo, dando informações a respeito da data da prova por meio da linguagem verbal – usando termos como “Veja” e “Ouça” –, sem se dar conta de que há alunos com deficiência em sala de aula. O docente poderia facilitar o aprendizado – não só dos jovens com necessidades educacionais especiais mas também dos demais alunos – se estivesse falando em voz alta e de frente para a turma, certo? No caso do aluno com deficiência auditiva, por exemplo, o professor pode permitir que ele faça uma gravação em vídeo da aula, a fim de que possa, posteriormente, rever e compreender, com tranquilidade, o conteúdo transmitido. Enfim, o educador não deve esquecer que: Incluir é entender e respeitar a individualidade de cada um! Políticas públicas Já discutimos sobre a postura do professor frente à educação especial na perspectiva inclusiva. Mas, apesar de ser o responsável pela aprendizagem dos alunos com necessidades educacionais especiais, sozinho, o docente não consegue dar conta da inclusão desses jovens no universo de ensino. Pensar na educação dos indivíduos com algum tipo de deficiência vai além da responsabilidade exclusiva do educador. Trata-se de um problema social! Para desenvolver com qualidade o trabalho educacional junto a esses alunos, todos os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem precisam estar preparados para lidar com esse grupo, tendo como suporte as políticas públicas. As recomendações teórico-técnicas e normas vigentes que estudaremos a seguir servem para a implementação da educação inclusiva e as práticas CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 7 desenvolvidas para superar os problemas relativos à realidade escolar no processo de inclusão dos alunos com necessidades educacionais especiais. Entre as iniciativas governamentais em relação à inclusão educacional dos alunos com necessidades educacionais especiais nas instituições brasileiras de ensino regular, está a criação da Lei nº 9.394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Essa Lei oferece, em seu Capítulo V – já apresentado na aula anterior –, apoio técnico e financeiro à educação especial em uma perspectiva inclusiva, o que propiciou as seguintes considerações: • A inclusão dos alunos da educação especial no ensino regular é preferencial; • Os alunos incluídos devem ter suas necessidades específicas atendidas para a efetivação de sua aprendizagem; • Há previsão de apoio governamental nesse contexto. Já a Resolução CNE/CEB nº 2/01, que institui as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, destaca, em seu Artigo 2º, o seguinte: "Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos”. Esses dispositivos legais norteiam todo o trabalho pedagógico necessário – desconhecido pela maioria dos docentes – para lidar com os alunos com deficiência, quer na Educação básica ou no Ensino Superior. Conheça, agora, alguns documentos de apoio técnico à educação especial que podem ser encontrados no Portal do Ministério da Educação (MEC): CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 8 Saberes e práticas da inclusão (2003) Este documento “aponta para a necessidade de apoiar as creches e as escolas de educação infantil, a fim de garantir a essa população, condições de acessibilidade física e de acessibilidade a recursos materiais e técnicos apropriados para responder a suas necessidades educacionais especiais” (BRASIL, 2004, p. 23). Projeto Escola Viva (2000 e 2005) De acordo com o Portal do MEC: “Visando atender a necessidade de programas de formação e suporte técnico- científico aos professores que garanta o acesso, a permanência e um ensino de qualidade aos alunos nas salas de aula do ensino regular, a Secretaria de Educação Especial distribuiu para todos os estados brasileiros um conjunto de materiais que compõe o Projeto Escola Viva. Essa coletânea, recentemente reeditada, contém cinco cartilhas e duas fitas de vídeo que devem ser utilizadas nos programas de formação de professores e nas pesquisas educacionais”. Confira o índice das duas versões desse documento (BRASIL, 2000; 2005b): Quadro representativo sobre o índice de materiais distribuídos para formações de professores do projeto Escola Viva. Documento subsidiário à política de inclusão (2005) Nas palavras do próprio material (BRASIL, 2005a, p. 5): CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 9 “Este documento tem como objetivo subsidiar os sistemas educacionais para transformar as escolas públicas brasileiras em espaços inclusivos e de qualidade que valorizem as diferenças sociais, culturais, físicas e emocionais, e atendam às necessidades educacionais de cada aluno. Nesse sentido, são apresentadas reflexões críticas sobre os referenciais que fundamentaram a educação especial na perspectiva da integração, propondo uma análise da formação de educadores, do conceito de deficiência mental e das práticas escolares a partir da evolução da concepção sob o novo paradigma no contexto da educação inclusiva”. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) Nas palavras do próprio material (BRASIL, 2008, não paginado), este documento: “[...] tem como objetivo assegurar a inclusão escolar de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, orientando os sistemas de ensino para garantir: • Acesso ao ensino regular, com participação, aprendizagem e continuidade nos níveis mais elevados do ensino; • Transversalidade da modalidade de educação especial, desde a educação infantil até a Educação Superior; • Oferta do atendimento educacional especializado; • Formação de professores para o atendimento educacional especializado e demais profissionais da educação para a inclusão; • Participação da família e da comunidade; • Acessibilidade arquitetônica nos transportes, nos mobiliários, nas comunicações e informação; • Articulação intersetorial na implementação das políticas públicas”. CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃOINCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 10 Ensino Superior e educação inclusiva Percebemos, por meio deste estudo, que a inclusão escolar tem início na educação infantil, pois esse é o momento-base para as etapas seguintes da trajetória do aluno com necessidades educacionais especiais no ensino regular. Após esse trabalho inicial, quando o professor o atender no Ensino Superior, algumas barreiras pedagógicas já terão sido transportas pelo discente ao longo da Educação Básica – que vai da educação infantil ao Ensino Médio. Essa abordagem nos leva ao seguinte questionamento: Qual o papel do Ensino Superior no cenário da educação inclusiva? Vamos descobrir? Até chegar ao Ensino Superior, o jovem com necessidades educacionais especiais tem de passar por várias etapas. Convidamos você a refletir sobre essa questão por meio do seguinte poema, de Carlos Drummond de Andrade: No meio do caminho No meio do caminho tinha uma pedra Tinha uma pedra no meio do caminho Tinha uma pedra No meio do caminho tinha uma pedra. Nunca me esquecerei desse acontecimento Na vida de minhas retinas tão fatigadas. Nunca me esquecerei que no meio do caminho Tinha uma pedra Tinha uma pedra no meio do caminho No meio do caminho tinha uma pedra. Quando esse aluno – incluído no universo de ensino desde a Educação Básica – encontrar muitas pedras no meio do caminho, caberá ao educador ajudá-lo a transpô-las na medida em que aparecerem. CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 11 Para concluir essa discussão, listamos algumas dicas dadas por Sassaki (2005, p. 1) para lidar com a pessoa com deficiência: • Converse com ela respeitosamente, sabendo que ambos desejam ser respeitados como seres humanos; • Comporte-se de igual para igual, ou seja, considere que vocês dois possuem a mesma dignidade; • Aceite-a como ela é, assim como você espera ser aceito; • Ofereça ajuda sempre que notar que ela necessita de você; • Pergunte antes de ajudar, e jamais insista nisso; • Se ela aceitar a ajuda, deixe que diga a você como quer ser ajudada; • Lembre-se de que ela tem os mesmos direitos garantidos a todos. Atividade proposta Vamos testar seus conhecimentos? Leia o Documento Orientador do Programa Incluir – Acessibilidade na Educação Superior – SECADI/SESu – 2013. Em seguida, identifique a proposta dos programas de extensão presente nesse material. DOCUMENTO ORIENTADOR PROGRAMA INCLUIR - ACESSIBILIDADE NA EDUCAÇÃO SUPERIOR SECADI/SESu–2013 SUMÁRIO I - Introdução II - Contexto Histórico III - Marcos Legais, Políticos e Pedagógicos IV- O direito das pessoas com deficiência à educação superior V - Programa Incluir - acessibilidade na educação superior VI - Conceitos e definições VII - Orientações orçamentarias VIII - Indicadores do Programa Incluir - acessibilidade na educação superior CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 12 ANEXO I - Recursos orçamentários alocados diretamente nas Unidades Orçamentarias das Universidades Federais para implementação da Política de Acessibilidade I - Introdução O presente documento objetiva orientar a institucionalização da Política de Acessibilidade nas Instituições Federais de Educação Superior – IFES, a fim de assegurar o direito da pessoa com deficiência à educação superior, fundamentado nos princípios e diretrizes contidos na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU 2006) e nos Decretos n°. 186/2008,6.949/2009, 5.296/2004, 5.626/2005 e 7.611/2011. Nesse sentido, o Ministério da Educação apoia as IFES, por meio de aporte contínuo e sistemático de recursos orçamentários para a execução de ações de acessibilidade, no âmbito do eixo “Acesso à Educação” do Plano Nacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência – Viver sem Limite. O Programa Incluir – acessibilidade na educação superior é executado por meio da parceria entre a Secretaria de Educação Superior - SESu e a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão – SECADI, objetivando fomentar a criação e a consolidação de núcleos de acessibilidade nas universidades federais, as quais respondem pela organização de ações institucionais que garantam a inclusão de pessoas com deficiência à vida acadêmica, eliminando barreiras pedagógicas, arquitetônicas e na comunicação e informação, promovendo o cumprimento dos requisitos legais de acessibilidade. No período de 2005 a 2011, o Programa Incluir – acessibilidade na educação superior efetivou-se por meio de chamadas públicas concorrenciais, que, naquele momento, significaram o início da formulação de estratégias para identificação das barreiras ao acesso das pessoas com deficiência à educação superior. A partir de 2012, esta ação foi universalizada atendendo todas as CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 13 IFES, induzindo, assim, o desenvolvimento de uma Política de Acessibilidade ampla e articulada. II - Contexto histórico A partir de meados do século XX, emerge, em nível mundial, a defesa da concepção de uma sociedade inclusiva. No decorrer desse período histórico, fortalece-se a crítica às práticas de categorização e segregação de estudantes encaminhados para ambientes especiais, que conduzem, também, ao questionamento dos modelos homogeneizadores de ensino e de aprendizagem, geradores de exclusão nos espaços escolares. Visando enfrentar esse desafio e construir projetos capazes de superar os processos históricos de exclusão, a Conferência Mundial de Educação para Todos, Jomtien/1990, chama a atenção dos países para os altos índices de crianças, adolescentes e jovens sem escolarização, tendo como objetivo promover as transformações nos sistemas de ensino para assegurar o acesso e a permanência de todos na escola. Os principais referenciais que enfatizam a educação de qualidade para todos, ao constituir a agenda de discussão das políticas educacionais, reforçam a necessidade de elaboração e a implementação de ações voltadas para a universalização do acesso à escola no âmbito do ensino fundamental, médio e superior, a oferta da educação infantil nas redes públicas de ensino, a estruturação do atendimento às demandas de alfabetização e da modalidade de educação de jovens e adultos, além da construção da gestão democrática da escola. No contexto do movimento político para o alcance das metas de educação para todos, a Conferência Mundial de Necessidades Educativas Especiais: Acesso e Qualidade, realizada pela UNESCO em 1994, propõe aprofundar a discussão, problematizando os aspectos acerca da escola não acessível a todos estudantes. A partir desta reflexão acerca das práticas educacionais que CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 14 resultam na desigualdade social de diversos grupos, o documento Declaração de Salamanca e Linha de Ação sobre Necessidades Educativas Especiais proclama que as escolas comuns representam o meio mais eficaz para combater as atitudes discriminatórias, ressaltando que: O princípio fundamental desta Linha de Ação é de que as escolas devem acolher todas as crianças, independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras. Devem acolher crianças com deficiência e crianças bem dotadas; crianças que vivem nas ruas e que trabalham; crianças de populações distantes ou nómades; crianças de minorias linguísticas, étnicos ou culturais e crianças de outros grupos e zonas desfavorecidos ou marginalizados. (Brasil, 1997, p. 17 e 18). No paradigma da inclusão, ao afirmar que todos se beneficiam quando as escolas promovem respostas às diferenças individuais de estudantes, são impulsionados os projetos de mudanças nas políticas públicas. A partir dos diversos movimentos que buscam repensar o espaço escolar e da identificação das diferentesformas de exclusão, geracional, territorial, étnico racial, de género, dentre outras, a proposta de inclusão escolar começa a ser gestada. Essa perspectiva conduz o debate sobre os rumos da educação especial, tornando-se fundamental para a construção de políticas de formação docente, financiamento e gestão, necessárias para a transformação da estrutura educacional a fim de assegurar as condições de acesso, participação e aprendizagem de todos estudantes, concebendo a escola como um espaço que reconhece e valoriza as diferenças. Paradoxalmente ao crescente movimento mundial pela inclusão, em 1994 o Brasil publica o documento Política Nacional de Educação Especial, alicerçado no paradigma integracionista, fundamentado no princípio da normalização, com foco no modelo clínico de deficiência, atribuindo às características físicas, intelectuais ou sensoriais de estudantes, caráter incapacitante que se constitui em impedimento para sua inclusão educacional e social. CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 15 Esse documento define como modalidades de atendimento em educação especial no Brasil: as escolas e classes especiais; o atendimento domiciliar, em classe hospitalar e em sala de recursos; o ensino itinerante, as oficinas pedagógicas, a estimulação essencial e as classes comuns. Mantendo a estrutura paralela e substitutiva da educação especial, o acesso de estudantes com deficiência ao ensino regular é condicionado, conforme expressa o conceito que orienta quanto à matrícula em classe comum: Ambiente dito regular de ensino/aprendizagem, no qual também, são matriculados, em processo de integração instrucional, os portadores de necessidades especiais que possuem condições de acompanhar e desenvolver as atividades curriculares programadas do ensino comum, no mesmo ritmo que os alunos ditos normais. (Brasil,1994, p.19) Ao invés de promover a mudança de concepção favorecendo os avanços no processo de inclusão escolar, essa política demonstra fragilidade perante os desafios inerentes à construção do novo paradigma educacional. Ao conservar o modelo de organização e classificação de estudantes, estabelece-se o antagonismo entre o discurso inovador de inclusão e o conservadorismo das ações que não atingem a escola comum no sentido da sua ressignificação e mantém a escola especial como espaço de acolhimento daqueles estudantes considerados incapacitados para alcançar os objetivos educacionais estabelecidos. Sem medidas de investimento na construção e avanço do processo de inclusão escolar, surge o discurso de resistência à inclusão, com ênfase na falta de condições pedagógicas e de infra-estrutura da escola. Esse posicionamento não representa as práticas transformadoras capazes de propor alternativas e estratégias de formação docente e implantação de recursos nas escolas que respondam afirmativamente às demandas dos sistemas de ensino, resultando na continuidade das práticas arcaicas que justificam a segregação em razão da deficiência. Nesse período as diretrizes educacionais brasileiras respaldam o caráter substitutivo da educação especial, CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 16 embora expressem a necessidade de atendimento às especificidades apresentadas pelo aluno na escola comum. Tanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996) quanto a Resolução 02 do Conselho Nacional de Educação (2001) denotam ambiguidade quanto à organização da Educação Especial e da escola comum no contexto inclusivo. Ao mesmo tempo em que orientam a matrícula de estudantes público alvo da educação especial nas escolas comuns da rede regular de ensino, mantém a possibilidade do atendimento educacional especializado substitutivo a escolarização. No início do século XXI, esta realidade suscita mobilização mais ampla em torno do questionamento à estrutura segrega dor a reproduzida nos sistemas de ensino, que mantém um alto índice de pessoas com deficiência em idade escolar fora da escola e a matrícula de estudantes público alvo da educação especial, majoritariamente, em escolas e classes especiais. A proposta de um sistema educacional inclusivo passa, então, a ser percebida na sua dimensão histórica, como processo de reflexão e prática, que possibilita efetivar mudanças conceituais, político e pedagógicas, coerentes com o propósito de tornar efetivo o direito de todos à educação, preconizado pela Constituição Federal de 1988. lll - Marcos Legais, Políticos e Pedagógicos Em consonância com a legislação que assegura o direito da pessoa com deficiência à educação; com a atual política de educação especial e com os referenciais pedagógicos da educação inclusiva, importa explicitar o significado destes marcos legais, políticos e pedagógicos, bem como, seu impacto na organização e oferta da educação em todos os níveis e etapas. Com a finalidade de ressaltar as condições necessárias para o pleno acesso, participação e aprendizagem dos estudantes com deficiência, na educação superior, sublinham-se os principais aspectos da legislação vigente e dos referenciais políticos e pedagógicos educacionais. Assim, as instituições de CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 17 educação superior - IES devem assegurar o pleno acesso, em todas as atividades acadêmicas, considerando: 1. A Constituição Federal/88, Artigo. 205, que garante a educação como um direito de todos; 2. A Lei n° 10.436/2002, que reconhece a Língua Brasileira de Sinais-Libras; 3. O Decreto n° 3.956/2001, que ratifica a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Pessoa Portadora de deficiência; 4. O Decreto n° 5.296/2004, que regulamenta as Leis 10.048/2000 e 10.098/2000, estabelecendo normas gerais e critérios básicos para o atendimento prioritário a acessibilidade de pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. No seu Artigo 24, determina que os estabelecimentos de ensino de qualquer nível, etapa ou modalidade pública e privada, proporcionarão condições de acesso e utilização de todos os seus ambientes ou compartimentos para pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida inclusive salas de aula, bibliotecas, auditórios, ginásios instalações desportivas, laboratórios, áreas de lazer e sanitários; 5. O Decreto 5.626/2005, que regulamenta a Lei n° 10.436/2002, que dispõe sobre o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS e estabelece que os sistemas educacionais devem garantir, obrigatoriamente, o ensino de LIBRAS em todos os cursos de formação de professores e de fonoaudiólogos e , optativamente, nos demais cursos de educação superior; 6. O Decreto n° 5.773/2006, que dispõe sobre regulação, supervisão e avaliação de instituições de educação superior e cursos superiores no sistema federal de ensino; 7. O Decreto n° 6.949/2009, que ratifica, como Emenda Constitucional, a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU,2006),que assegura o acesso a um sistema educacional inclusivo em todos os níveis; 8. O Decreto n° 7.234/2010, que dispõe sobre o programa nacional de assistência estudantil - PNAES; 9. O Decreto n° 7.611/2011, que dispõe sobre o atendimento educacional especializado, que prevê, no §2° do Artigo. 5o : VII -estruturação de núcleos de CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 18 acessibilidade nas instituições federais de educação superior. § 5a Os núcleos de acessibilidade nas instituições federais de educação superior visam eliminar barreiras físicas, de comunicação e de informação que restringem a participação e o desenvolvimento acadêmico e social de estudantes com deficiência; 10. A Portaria n° 3.284/2003, que dispõe sobre os requisitos de acessibilidade às pessoas com deficiência para instruir processo de autorização e reconhecimento decursos e de credenciamento de instituições. A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (MEC/2008), que define a Educação Especial como modalidade transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, tem como função disponibilizar recursos e serviços de acessibilidade e o atendimento educacional especializado, complementar a formação dos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. O acesso a um sistema educacional inclusivo em todos os níveis pressupõe a adoção de medidas de apoio específicas para garantir as condições de acessibilidade, necessárias à plena participação e autonomia dos estudantes com deficiência, em ambientes que maximizem seu desenvolvimento acadêmico e social. "[...] a fim de possibilitar às pessoas com deficiência viver de forma independente e participar plenamente de todos os aspectos da vida, os Estados Partes tomarão as medidas apropriadas para assegurar às pessoas com deficiência o acesso, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, ao meio físico, ao transporte, à informação e comunicação, inclusive aos sistemas e tecnologias da informação e comunicação, bem como a outros serviços e instalações abertos ao público ou de uso público, tanto na zona urbana como na rural. (ONU,2006) [...]" As Conferências Nacionais de Educação - CONEB/2008 e CONAE/2010, que referendaram a implementação de uma política de educação inclusiva, o pleno acesso dos(as) estudantes público alvo da educação especial no ensino regular, à formação de profissionais da educação para a inclusão, o fortalecimento da oferta do AEE e CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 19 a implantação de salas de recursos multifuncionais, garantindo a transformação dos sistemas educacionais em sistemas educacionais inclusivos. IV - O direito das pessoas com deficiência à educação superior O acesso das pessoas com deficiência à educação superior vem se ampliando significativamente, em consequência do desenvolvimento inclusivo da educação básica. Essa mudança pode ser acompanhada por meio dos indicadores do Censo da Educação Básica e Superior, que apontam crescimento constante do número de matrícula desta parcela da população. O Censo da Educação Básica – MEC/INEP registrou, em 1998, 337.326 matrículas de estudantes com deficiência, dentre as quais, 13% em classes comuns do ensino regular. Em 2012, este número subiu para 820.433 matrículas, dentre as quais, 76% em classes comuns do ensino regular, representando crescimento de 143%. Na educação superior, observa-se que as matrículas passaram de 5.078 em 2003 para 23.250 em 2011, indicando crescimento de 358%. Vale lembrar que 72% das matrículas de estudantes com deficiência estão em Instituições Privadas de Educação Superior conforme demonstram os gráficos a seguir. Evolução das matrículas de estudantes público alvo da educação especial na educação básica CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 20 Gráfico representativo sobre Evolução das matrículas de estudantes público alvo da educação especial na educação básica Evolução das matrículas de estudantes com deficiência na educação superior Gráfico representativo sobre Evolução das matrículas de estudantes com deficiência na educação superior Este é um sinal irrefutável de que a educação brasileira vive um intenso processo de transformação, motivado pela concepção da educação inclusiva, compreendido, muito além do acesso efetivado por meio da matrícula. No passado recente, a principal pauta em debate, focava-se no direito à matrícula, negada com naturalidade, muitas vezes. Hoje, há base legal solidamente construída, que garante o acesso e desnaturaliza a exclusão. Indubitavelmente, CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 21 trata-se de eloquente conquista. Porém, tal avanço significa o começo da profunda mudança em curso. Não basta estar; há que se fazer parte. De acordo com o modelo social, pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimento de natureza física, sensorial e intelectual, que em interação com as barreiras atitudinais e ambientais poderão ter obstruída sua participação em condições de igualdade com as demais pessoas. Assim, a deficiência não se constitui como doença ou invalidez e as políticas sociais, destinadas a este grupo populacional, não se restringem às ações de caráter clínico e assistencial. A inclusão das pessoas com deficiência na educação superior deve assegurar-lhes, o direito à participação na comunidade com as demais pessoas, as oportunidades de desenvolvimento pessoal, social e profissional, bem como não restringir sua participação em determinados ambientes e atividades com base na deficiência. Igualmente, a condição de deficiência não deve definir a área de seu interesse profissional. Para a efetivação deste direito, as IES devem disponibilizar serviços e recursos de acessibilidade que promovam a plena participação dos estudantes. A acessibilidade arquitetônica também deve ser garantida em todos os ambientes, a fim de que estudantes e demais membros da comunidade acadêmica e da sociedade em geral tenham o direito de ir e vir com segurança e autonomia, de acordo com o disposto no Decreto n° 5.296/2004. O cumprimento da norma de acessibilidade, neste caso, independe da matrícula de estudante com deficiência na IES. Dentre os recursos e serviços de acessibilidade disponibilizados pelas IES, destacam-se o tradutor e intérprete de Língua Brasileira de Sinais, guia intérprete, equipamentos de tecnologia assistiva e materiais pedagógicos acessíveis, atendendo às necessidades específicas dos estudantes. Assim, as condições de acessibilidade à comunicação e aos materiais pedagógicos se efetivam mediante demanda desses recursos e serviços pelos CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 22 estudantes com deficiência, matriculados na IES e pelos participantes nos processos de seleção para ingresso e atividades de extensão desenvolvidas pela instituição. Cabe às IES a responsabilidade pelo provimento destes serviços e recursos em todas as atividades acadêmicas e administrativas. Nessa perspectiva, à gestão da educação superior compete o planejamento e a implementação das metas de acessibilidade preconizadas pela legislação em vigor, bem como o monitoramento das matrículas dos estudantes com deficiência na instituição, para provimento das condições de pleno acesso e permanência. Esta obrigação não deve ser transferida aos estudantes com deficiência ou as suas famílias, por meio da cobrança de taxas ou qualquer outra forma de transferência da atribuição. O financiamento das condições de acessibilidade deve integrar os custos gerais com o desenvolvimento do ensino, pesquisa e extensão. As IES devem estabelecer uma política de acessibilidade voltada à inclusão das pessoas com deficiência, contemplando a acessibilidade no plano de desenvolvimento da instituição; no planejamento e execução orçamentária; no planejamento e composição do quadro de profissionais; nos projetos pedagógicos dos cursos; nas condições de infraestrutura arquitetônica; nos serviços de atendimento ao público; no sítio eletrônico e demais publicações; no acervo pedagógico e cultural; e na disponibilização de materiais pedagógicos e recursos acessíveis. Tecer o enredo da plena participação é desafiar o velho paradigma em todas as suas manifestações, desde as práticas pedagógicas homogeneizadoras, até a edificação dos prédios, organização dos acervos e dos diversos ambientes acadêmicos, bem como, das formas de comunicação. Consolidar políticas institucionais de acessibilidade, assegurando o direito de todos à educação, consiste em eficaz contribuição para que o novo paradigma torne-se realidadena vida das pessoas. Para apoiar este processo de transformação, foi instituído o Programa incluir-acessibilidade na educação superior. CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 23 V - Programa Incluir- acessibilidade na educação superior O Ministério da Educação - MEC, por meio da Secretaria de Educação Superior/SESu e da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão/SECADI, implementa o Programa INCLUIR - Acessibilidade na Educação Superior, visando promover o desenvolvimento de políticas institucionais de acessibilidade nas IFES. Criado em 2005, o Programa Incluir - acessibilidade na educação superior foi implementado até 2011, por meio de Chamadas Públicas, realizadas pela SEESP e SESU, por meio das quais, as IFES apresentaram projetos de criação e consolidação dos Núcleos de Acessibilidade, visando eliminar barreiras físicas, pedagógicas, nas comunicações e informações, nos ambientes, instalações, equipamentos e materiais didáticos. A partir de 2012, o MEC, por intermédio da SECADI e da SESu, passa a apoiar projetos das IFES, com aporte de recurso financeiro, diretamente, previsto na matriz orçamentária das Instituições, com a finalidade de institucionalizar ações de política de acessibilidade na educação superior, por meio dos Núcleos de Acessibilidade, que se estruturam com base nos seguintes eixos: a) infra-estrutura Os projetos arquitetônicos e urbanísticos das IFES são concebidos e implementados, atendendo os princípios do desenho universal. b) currículo, comunicação e informação A garantia de pleno acesso, participação e aprendizagem das pessoas com deficiência, dá-se por meio da disponibilização de materiais didáticos e pedagógicos acessíveis; de equipamentos de tecnologia assistiva e de serviços de guia-intérprete e de tradutores e intérpretes de Libras. c) programas de extensão A participação da comunidade nos projetos de extensão é assegurada a todos e todas, por meio da efetivação dos requisitos de acessibilidade. Além disso, disseminar conceitos e práticas de acessibilidade por intermédio de diversas ações extensionistas, caracteriza-se em compromisso institucional com a construção de uma sociedade inclusiva. CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 24 d) programas de pesquisa O desenvolvimento de pesquisa básica e aplicada, abrangendo as inúmeras áreas do conhecimento tem sido importante mecanismo para o avanço da inclusão social das pessoas com deficiência, quando se fundamenta no princípio da transversalidade, do desenho universal e no reconhecimento e valorização da diferença humana, compreendendo a condição de deficiência como característica individual. Assim, é possível, dentro das especificidades de cada programa de pesquisa, articular, ressignificar e aprofundar aspectos conceituais e promover inovação, ao relacionar as áreas de pesquisa com a área da tecnologia assistiva. No período de 2005 a 2010, as chamadas públicas concorrenciais, contemplaram as seguintes ações de acessibilidade: a) Adequação arquitetônica ou estrutural de espaço físico reservado à instalação e funcionamento na instituição; b) Adequação de sanitários, alargamento de portas e vias de acesso, construção de rampas, instalação de corrimão e colocação de sinalização tátil e visual; c) Aquisição de mobiliário acessível, cadeira de rodas e demais recursos de tecnologia assistiva; d) Formação de profissionais para o desenvolvimento de práticas educacionais inclusivas e para o uso dos recursos de tecnologia assistiva, da Língua Brasileira de Sinais - Libras e outros códigos e linguagens. VI - Conceitos e definições Para os fins deste Documento Orientador, considera-se: I. acessibilidade: condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida; II. barreiras: qualquer entrave ou obstáculo que limite ou impeça o acesso, a liberdade de movimento, a circulação com segurança e a possibilidade de as pessoas se comunicarem ou terem acesso à informação, classificadas em: CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 25 a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias públicas e nos espaços de uso público; b) barreiras nas edificações: as existentes no entorno e interior da sedificações de uso público e coletivo e no entorno e nas áreas internas de uso comum nas edificações de uso privado multifamiliar; c) barreiras nos transportes: as existentes nos serviços de transportes; e barreiras nas comunicações e informações: qualquer entrave ou obstáculo que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens por intermédio dos dispositivos, meios ou sistemas de comunicação, sejam ou não de massa, bem como aqueles que dificultem ou impossibilitem o acesso à informação; III. - elemento da urbanização: qualquer componente das obras de urbanização, tais como os referentes à pavimentação, saneamento, distribuição de energia elétrica, iluminação pública, abastecimento e distribuição de água, paisagismo e os que materializam as indicações do planejamento urbanístico; IV. - mobiliário urbano: o conjunto de objetos existentes nas vias e espaços públicos, superpostos ou adicionados aos elementos da urbanização ou da edificação, de forma que sua modificação ou traslado não provo que alterações substanciais nestes elementos, tais como semáforos, postes de sinalização e similares, telefones e cabines telefónicas, fontes públicas, lixeiras, toldos, marquises, quiosques e quaisquer outros de natureza análoga; V. - ajuda técnica: os produtos, instrumentos, equipamentos ou tecnologia adaptados ou especialmente projetados para melhorar a funcionalidade da pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida, favorecendo a autonomia pessoal, total ou assistida; VI. - edificações de uso público: aquelas administradas por entidades da administração pública, direta e indireta, ou por empresas prestadoras de serviços públicos e destinadas ao público em geral; VII. - edificações de uso coletivo: aquelas destinadas às atividades de natureza comercial, hoteleira, cultural, esportiva, financeira, turística, recreativa, social, religiosa, educacional, industrial e de saúde, inclusive as edificações de prestação de serviços de atividades da mesma natureza; CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO SUPERIOR 26 VIII. - edificações de uso privado: aquelas destinadas à habitação, que podem ser classificadas como unifamiliar ou muítifamiliar; e IX. - desenho universal: concepção de espaços, artefatos e produtos que visam atender simultaneamente todas as pessoas, com diferentes características antropométricas e sensoriais, de forma autónoma, segura e confortável, constituindo-se nos elementos ou soluções que compõem a acessibilidade. VII - Orientações orçamentárias Esta seção destina-se a transmitir informações úteis referentes à execução orçamentária e financeira do Programa Incluir – acessibilidade na educação superior. Os recursos foram alocados diretamente nas Unidades Orçamentárias de cada Universidade Federal na ação 4002 - Assistência a Estudante de Graduação, conforme tabela em anexo, observando a proporção na quantidade de estudantes matriculados em cada instituição. Nesse sentido, recomenda-se às IFES, o registro das despesas do programa INCLUIR – acessibilidade na educação superior, por meio da utilização do Plano Interno - PI VSS21G0100N, executando-a por meio do Plano Orçamentário – PO da Ação 4002. Ressalta-se, ainda, a importância da utilização do PI mencionado, uma vez que a ação 4002 possui recursos de outros programas, a exemplo do Programa
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