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OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA (CC, Arts. 242-246) MÓDULO IV DO PLANO DE ENSINO Roteiro 1 Conceito de obrigação de dar coisa incerta 2 Da prestação indeterminada e da sua determinação 3 Dos riscos e responsabilidades 1 CONCEITO DE OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA A obrigação de dar coisa incerta consiste na relação obrigacional em que o objeto indicado de forma genérica no início da relação, vem a ser determinado mediante um ato de escolha, por ocasião do seu adimplemento. 2 DA PRESTAÇÃO INDETERMINADA E DA SUA DETERMINAÇÃO 2.1 Da determinação genérica e numérica da coisa A coisa incerta deverá ser indicada pelo menos pelo gênero (ou espécie) e quantidade, sem que nenhuma individuação seja feita. 2.2 Da concentração ou escolha e do seu efeito Concentração é o ato unilateral de escolha, pelo qual, a prestação indeterminada é suscetível de determinação. Feita a escolha, a obrigação de dar coisa incerta se transmuda numa obrigação de dar coisa certa, passando a se submeter as normas desta espécie de obrigação. Para a concentração, não basta a escolha, é necessário que se exteriorize: pela entrega pelo depósito em pagamento, ou por outro ato jurídico que importe a cientificação do credor 2.3 Do direito de escolha e seus limites A escolha pertence, em regra ao devedor, salvo se convencionado o contrário. 2.4 Da qualidade média das coisas de seu gênero A obrigação somente se considera cumprida pela entrega da coisa que contenha as “qualidade médias das coisas de seu gênero. (Caio Mário) No caso do gênero comportar somente duas coisas, a doutrina admite que esta recaia sobre a melhor ou a pior, entretanto: “Ainda que as partes tenham convencionado que a escolha cabe ao credor, ‘não terá este a faculdade de exigir a melhor’.” (Clóvis Beviláqua) “Em sentido contrário, manifesta-se Silvio Rodrigues, para quem, tendo sido afastada a opção legal no exclusivo interesse do credor, ‘lhe foi deferido o direito de exigir a nata do gênero’.” 2.5 A escolha feita por terceiro Admite-se a concentração efetuada por terceiro, como se vê na jurisprudência do TJRJ, referida por Tepedino: “Nas obrigações de dar coisa incerta, a escolha pode ser procedida por terceiro, se assim dispuserem as partes. (TJRJ, 2ª Câm. Cível, Ag. Inst. 199100200140, Rel. Maria Stella Rodrigues, julg. 25.06.1991)” 3 DOS RISCOS E RESPONSABILIDADES 3.1 O princípio genus nunquam perit (CC, art. 246) O gênero nunca se perde antes da escolha, quer pelo devedor, quer pelo credor, a coisa permanece indeterminada no que concerne à perda ou deterioração da coisa, não poderá o devedor falar em culpa, em força maior ou em caso fortuito. 3.2 Do gênero ilimitado O gênero ilimitado importa na não circunscrição da coisa, objeto da prestação, a um determinado lugar (ex.: venda de 100 cabeças de gado) Na perda ou deterioração do bem, aplica-se o princípio do genus nunquam perit: “a obrigação subsiste enquanto houver possibilidade de ser encontrado exemplar da res debita, na quantidade estipulada” (Caio Mário da Silva Pereira) enquanto a coisa não for efetivamente entregue ou posta à disposição do credor, não ocorreu a concentração, sendo impossível a desoneração do devedor 3.3 Do gênero limitado Gênero limitado é aquele circunscrito a coisas que se acham em determinado lugar (ex.: animais de determinada fazenda, cereais de determinado depósito etc.) Em havendo perda ou deterioração: sem culpa do devedor, haverá a resolução da obrigação, sem perdas e danos para o devedor por culpa do devedor, o devedor responderá pelo perecimento ou deterioração 3.4 Da nulidade da obrigação de dar coisa incerta cujo objeto seja indeterminável A doutrina esclarece que a obrigação de dar coisa incerta é nula quando: o objeto da prestação obrigacional seja determinado apenas pelo gênero (ex.: gado, caderno, carros etc.) o objeto da prestação obrigacional for daqueles que somente são úteis se usados em quantidade e esta não for referida (arroz, feijão etc.)