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Aula 03 - Obrigações Das modalidades das Obrigações

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AULA 03 
 
DAS MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES 
 
Modalidades é o mesmo que espécies. Várias são as modalidades 
ou espécies de obrigações. Nos próximos encontros nós vamos analisar as 
principais modalidades de obrigações existentes no direito civil brasileiro. 
 
1 – Quanto ao objeto 
 
Tradicionalmente, as obrigações distinguem-se, basicamente, 
quanto ao objeto, em: a) obrigações de dar; b) obrigações de fazer; e c) 
obrigações de não fazer. 
 
Todas as obrigações que venham a se constituir na vida jurídica 
compreenderão sempre alguma dessas condutas, que resumem o objeto da 
prestação. 
 
O esquema abaixo procura assim explicar: 
 
 
 
 
 
 3e 
 
 
 
 
 
Classificação quanto 
ao objeto 
Obrigação de dar 
Obrigação de 
fazer 
Obrigação de não 
fazer 
Obrigação de dar 
coisa certa 
Obrigação de dar 
coisa incerta 
 
1.1 - Das obrigações de dar 
 
 
As obrigações de dar assumem as formas de entrega ou 
restituição de determinada coisa pelo devedor ao credor. Assim, na 
compra e venda, que gera obrigação de dar para ambos os contratantes, a 
do vendedor é cumprida mediante entrega da coisa vendida, e a do 
comprador, com a entrega do preço. No comodato, a obrigação de dar 
assumida pelo comodatário é cumprida mediante restituição da coisa 
emprestada gratuitamente. 
 
A obrigação de dar é obrigação de prestação de coisa, que pode 
ser determinada ou indeterminada. O Código Civil a disciplina sob os títulos 
de “obrigações de dar coisa certa” (arts. 233 a 242) e “obrigações de dar 
coisa incerta” (arts. 243 a 246). 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.1.1 – Das obrigações de dar coisa certa 
 
Nessa modalidade de obrigação, o devedor se compromete a 
entregar ou a restituir ao credor um objeto perfeitamente determinado, que 
se considera em sua individualidade, como certo quadro de um pintor 
célebre ou o imóvel localizado em determinada rua e número. 
 
Na obrigação de dar coisa certa, o devedor é obrigado a entregar 
ou restituir uma coisa inconfundível com outra. Sendo assim, o devedor da 
coisa certa não pode dar outra coisa, mesmo que seja mais valiosa, nem o 
credor é obrigado a recebê-la. 
 
Obrigação de dar 
Coisa Certa 
Coisa Incerta 
Dispõe, com efeito, o art. 313 do Código Civil que “O credor não é 
obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais 
valiosa.” 
 
Cumpre-se a obrigação de dar coisa certa mediante entrega 
(como na compra e venda) ou restituição (como no comodato). Conforme já 
dito, esses dois atos podem ser resumidos em uma palavra: tradição. 
 
 
 
 
 
 
1.1.2 – Das obrigações de dar coisa incerta 
 
De acordo com o art. 243 do Código Civil: “A coisa incerta será 
indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade.” 
 
A expressão “coisa incerta” indica que a obrigação tem objeto 
indeterminado, mas não totalmente, porque deve ser indicada, ao menos, 
pelo gênero e pela quantidade. É, portanto, indeterminada, mas 
determinável. Falta apenas determinar a sua qualidade. 
 
Se faltar o gênero ou a quantidade (qualquer desses elementos), 
a indeterminação será absoluta e, consequentemente, não gerará 
obrigação. Não pode ser objeto de prestação, por exemplo, a de “entregar 
sacas de café”, por faltar a quantidade, bem como a de entregar “dez 
sacas”, por faltar o gênero. Mas constitui obrigação de dar coisa incerta a 
de “entregar dez sacas de café”, porque o objeto é determinado pelo gênero 
e pela quantidade. Falta determinar somente a qualidade do café. 
 
A principal característica dessa modalidade de obrigação reside no 
fato de o objeto ou conteúdo da prestação, indicado genericamente no 
começo da relação, vir a ser determinado por um ato de escolha, no 
instante do pagamento. 
 
Obrigação 
de dar 
Entregar 
Restituir 
Tradição 
A determinação da qualidade da coisa incerta perfaz-se pela 
escolha. Feita esta, e cientificado o credor, acaba a incerteza e a coisa 
torna-se certa, vigorando, então, as normas da seção anterior do Código 
Civil, que tratam das obrigações de dar coisa certa. Assim dispõe o art. 245 
do Código Civil: “Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na 
Seção antecedente.” 
 
Mas a quem compete o direito de escolha? A resposta é 
encontrada no art. 244 do Código Civil: “Nas coisas determinadas pelo 
gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário 
não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem 
será obrigado a prestar a melhor.” 
 
Porém, o art. 244 do Código estabelece limites à atuação do 
devedor, dispondo que “não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a 
prestar a melhor”. Deve, portanto, guardar o meio-termo entre os 
congêneres da melhor e da pior qualidade. 
 
Adotou-se, desse modo, o critério da qualidade média ou 
intermediária. Caso alguém, por exemplo, se obrigue a entregar uma saca 
de café a outrem, não se tendo convencionado a qualidade, deverá o 
devedor entregar uma saca de qualidade média. Se existirem três 
qualidades, A, B e C, entregará uma saca de café tipo B. Nada impede, 
porém, que opte por entregar, em vez de saca de qualidade intermediária, 
a de melhor qualidade. Apenas não pode ser obrigado a fazê-lo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 
 
FCC - 2012 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Juiz do Trabalho 
É correto afirmar: 
A) A obrigação de dar coisa certa não abrange os acessórios dela, a não ser que 
expressamente mencionados. 
B) Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha cabe ao 
devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar 
a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor. 
C) Até a tradição a coisa pertence ao credor, com seus melhoramentos e 
acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço. 
D) Se a obrigação for de restituir coisa certa e esta, sem culpa do devedor, se 
perder antes da tradição, poderá o credor exigir perdas e danos, sem prejuízo do 
cumprimento da obrigação por terceiros, às expensas do devedor. 
E) Na obrigação de dar coisa incerta, após a escolha não poderá o devedor 
alegar perda ou deterioração da coisa, mesmo que por caso fortuito ou força 
maior. 
 
 
UESPI - 2009 - PC-PI - Delegado de Polícia 
No que é pertinente às obrigações de 'dar', assinale a alternativa correta. 
A) Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e 
acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço. 
B) Quando a coisa se deteriora, antes da entrega e sem culpa do devedor, 
poderá o credor recebê-la no estado em que se encontra, sem direito de exigir 
um abatimento no preço, uma vez que, sem culpa do devedor, não há 
responsabilidade. 
C) A obrigação de dar coisa certa só abrange os acessórios que vierem 
expressamente mencionados. 
D) No caso da coisa certa se perder antes da entrega, o devedor não poderá 
alegar caso fortuito e força maior para excluir sua responsabilidade. 
E) A coisa certa será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade. 
 
 
 
 
FCC - 2006 - TRF - 1ª REGIÃO - Analista Judiciário - Área Judiciária 
Em conformidade com o Código Civil brasileiro, com relação às obrigações de dar, 
é correto afirmar: 
A) Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se 
perder antes da tradição, a obrigação não se resolverá mas, responderá este por 
perdas e danos. 
B) Nas obrigações de dar coisa incerta determinadas pelo gênero e pela 
quantidade, em regra, a escolha pertence ao devedor. 
C) A obrigação de dar coisa certa, em regra, abrangerá somente os acessórios 
previamente mencionados. 
D) Nas obrigações de dar coisa certa, até a tradição, pertence ao credor a coisa, 
com os seus melhoramentos, bem como os frutos percebidos. 
E) Nas obrigações de dar coisa incerta, antes da escolha, não poderá o devedor 
alegar perda ou deterioraçãoda coisa, exceto por força maior ou caso fortuito.

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