Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/321642309 Descritores morfológicos na caracterização do banco regional de germoplasma de mandioca Conference Paper · October 2008 CITATIONS 0 9 authors, including: Some of the authors of this publication are also working on these related projects: Caracterização e usos inovadores de espécies frutíferas nativas do cerrado View project Monitoramento e avaliação de espaços coletivos para a construção social dos mercados pela agricultura familiar de Unaí - MG View project Adalgisa Chaib University of Brasília 5 PUBLICATIONS 10 CITATIONS SEE PROFILE Josefino de Freitas Fialho Brazilian Agricultural Research Corporation (EMBRAPA) 55 PUBLICATIONS 167 CITATIONS SEE PROFILE Marilia Santos Silva Brazilian Agricultural Research Corporation (EMBRAPA) 55 PUBLICATIONS 410 CITATIONS SEE PROFILE Silvana Paula-Moraes University of Florida -UF 65 PUBLICATIONS 345 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Adalgisa Chaib on 07 December 2017. The user has requested enhancement of the downloaded file. DESCRITORES MORFOLÓGICOS NA CARACTERIZAÇÃO DO BANCO REGIONAL DE GERMOPLASMA DE MANDIOCA (Manihot esculenta CRANTZ) DO CERRADO Adalgisa Maria Martins de Castro Chaib1, Eduardo Alano Vieira1, Josefino de Freitas Fialho1, Marilia Santos Silva1, Silvana Vieira de Paula-Moraes1, Jana Buoso Malovany1, Gabriel Freitas de Paula1, Fernanda Rachel Oliveira de Souza1, Mário Ozeas Sampaio dos Santos Filho1 (1Embrapa Cerrados, BR 020, Km 18, Caixa Postal 08223, 73010-970 Planaltina, DF. E-mail: vieiraea@cpac.embrapa.br) Termos para indexação: Manihot esculenta Crantz, variabiliade genética, recursos genéticos, melhoramento genético. Introdução Os recursos genéticos vegetais destacam-se pois se relacionam com necessidades básicas do homem, e com a solução de graves problemas como a fome e a pobreza. Nas plantas cultivadas, tanto as variedades antigas (landraces) como as variedades melhoradas, representam uma forma de recurso genético que deve ser conservado e preservado, pois poderá ser utilizado por melhoristas em programas de melhoramento. Especialmente visando à geração de variedades mais produtivas, com qualidade específica, resistência a pragas e doenças, adaptações específicas, entre outras. Entretanto para isso os pesquisadores precisam conhecer amplamente o germoplasma que dispõem. A variabilidade genética em mandioca no Brasil é muito grande, em razão do país ser o centro de origem e domesticação da cultura (Olsen, 2004; Carvalho, 2005). Essa variação é resultado da seleção natural e cultural durante a pré e pós-domesticação da espécie, nos diversos ambientes (Fukuda, 1996). Entretanto, para que toda essa variabilidade seja conservada e utilizada com eficiência é necessário que o germoplasma esteja caracterizado. Uma vez que a caracterização do germoplasma é o ponto de partida para que o pesquisador defina quais acessos serão incluídos na etapa de avaliação agronômica. Portanto, primeiro o pesquisador faz uma caracterização mais ampla e a partir daí define com maior objetividade os acessos que serão submetidos à etapa de avaliação agronômica, etapa em que os acessos são estudados em experimentos mais elaborados com delineamento experimental e que permitem um estudo do desempenho dos genótipos em relação aos principais caracteres de interesse (Hidalgo, 2003). Para que com base nos resultados de caracterização e avaliação o pesquisador defina quais as prioridades para novas coletas e quais acessos devem ser utilizados no melhoramento genético. Dessa forma, o objetivo do presente trabalho foi caracterizar o Banco Regional de Germoplasma de Mandioca do Cerrado por meio de descritores morfológicos. Material e Métodos No ano de 2007, 421 acessos do Banco Regional de Germoplasma de Mandioca do Cerrado (BGMC), que é mantido na Embrapa Cerrados em Planaltina-DF, foram caracterizados por meio dos 33 descritores morfológicos de mandioca listados na Tabela 1. As avaliações seguiram as recomendações de Fukuda e Guevara (1998). Além desses descritores morfológicos, os acessos tiveram determinado o teor de HCN nas raízes, por meio do método qualitativo descrito por Willians e Edwards (1980). A partir dos dados aferidos foram calculadas as freqüências de cada fenótipo entre os acessos conservados no BGMC. Resultados e Discussão Por meio da análise dos resultados obtidos, podemos afirmar que os acessos conservados no BGMC apresentam variabilidade genética, uma vez que apenas para os caracteres hábito de crescimento do caule e comprimento das estípulas não foi detectada variabilidade, uma vez que todos os acessos avaliados revelaram crescimento reto do caule e estípulas curtas (Tabela 1). Esses resultados permitem o estabelecimento da hipótese de que esses acessos possuem ampla base genética, o que pode ser explicada pelo fato de pequenos agricultores, em especial, terem sempre mantido elevada variabilidade genética sob cultivo, uma vez que eles normalmente cultivam grande número de genótipos de forma conjunta e normalmente introduzem novos genótipos aos seus cultivos (Bellon, 1996; Sambatti et al., 2000). Apesar da elevada variabilidade fenotípica detectada para a grande maioria dos caracteres aferidos, alguns fenótipos foram detectados em frequência muito baixa no BGMC e devem portanto ser priorizados em futuras coletas como: i) forma do lóbulo central ovóide e pandurada; ii) cor do córtex do caule amarelo; iii) cor externa do caule laranja; iv) cor externa da raiz amarela; v) cor da polpa da raiz rosada; vi) cor da folha desenvolvida verde arroxeado e roxa; vii) folhas com três e onze lóbulos; viii) cor da epiderme do caule laranja; ix) planta sem ramificações; x) cor da nervura da folha vermelha; xi) pecíolo inclinado para cima, para baixo ou irregular; xii) margem das estípulas inteiras; xiii) forma da raiz irregular; xiv) planta aberta e cilíndrica; xv) diâmetro médio da raiz grosso; e xvi) conteúdo de ácido cianídrico nas raízes acima de 100 ppm (Tabela 1). Dentre esses caracteres o mais importante comercialmente atualmente para o mercado de mandioca para consumo in natura, é a coloração da polpa da raiz rosada que esta associada à presença de licopeno nas raízes que é uma substância antioxidante com possível importância na prevenção a doenças. Outro caráter de importância e que ocorre em baixa frequência no BGMC e o teor de HCN acima de 100 ppm nas raízes, que está associado à toxicidade das raízes de mandioca e que determina se um acesso pode ou não ser consumido na forma in natura. Sendo que acessos que apresentam menos de 100 ppm de HCN nas raízes podem ter suas raízes tanto consumidas na forma in natura (alimentação humana ou animal) como industrializada (farinha, fécula, entre outros). Enquanto que os acessos que apresentam mais de 100 ppm de HCN nas raízes necessariamente precisam ser processados, para eliminação do HCN, antes do consumo. Tabela 1. Caracteres avaliados, classes fenotípicas e frequência de acessos em cada uma das classes. Caráter Classes fenotípicas Número de acessos Frequência dos acessos (%) Verde claro 35 8,31% Verde escuro 75 17,81% Verde arroxeado 205 48,69% Cor da folha apical Roxo 106 25,18% Ausente 288 68,41% Pubescência do broto apical Presente 133 31,59% Ovóide 1 0,24% Elíptica-lanceolada 65 15,44% Obovada-lanceolada 42 9,98% Oblongo-lanceolada 42 9,98% Lanceolada 198 47,03% Reta ou linear 35 8,31% Pandurada 4 0,95% Linear-piramidal14 3,33% Forma do lóbulo central Linear-hostatilobada 20 4,75% Verde amarelado 6 1,43% Verde 35 8,31% Verde avermelhado 101 23,99% Verde esverdeado 87 20,67% Vermelho 79 18,76% Cor do pecíolo Roxo 113 26,84% Amarelo 1 0,24% Verde claro 160 38,00% Cor do córtex do caule Verde escuro 260 61,76% Laranja 3 0,71% Verde amarelado 49 11,64% Dourado 83 19,71% Marrom claro 30 7,13% Prateado 105 24,94% Cinza 141 33,49% Cor externa do caule Marrom escuro 10 2,38% Curto 46 10,93% Médio 286 67,93% Comprimento da filotaxia Longo 89 21,14% Sessil 69 16,39% Pedunculada 158 37,53% Presença de pedúnculo nas raízes Mixto(ambos) 194 46,08% Branco ou creme 65 15,44% Amarelo 3 0,71% Marrom claro 98 23,28% Cor externa da raiz Marrom escuro 255 60,57% Branco ou creme 303 71,97% Amarelo 36 8,55% Rosado 55 13,06% Cor do córtex da raiz Roxo 27 6,41% Branca 288 68,41% Creme 53 12,59% Amarela 76 18,05% Cor da polpa da raiz Rosada 4 0,95% Lisa 83 19,71% Textura da epiderme da raiz rugosa 338 80,29% Ausente 22 5,23% Floração Presente 399 94,77% Verde claro 106 25,18% Verde escuro 314 74,58% Verde arroxeado 1 0,24% Cor da folha desenvolvida Roxo 0 0,00% Três lóbulos 0 0,00% Cinco lóbulos 31 7,36% Sete lóbulos 347 82,42% Nove lóbulos 43 10,21% Número de lóbulos Onze lóbulos 0 0,00% Cor da epiderme do caule Creme 40 9,50% Marrom claro 158 37,53% Marrom escuro 223 52,97% Laranja 0 0,00% Reto 421 100,00% Hábito de crescimento de caule Zig-zag 0 0,00% Verde 102 24,23% Verde-arroxeado 290 68,88% Cor dos ramos terminais nas plantas adultas Roxo 29 6,89% nenhuma 5 1,19% uma 81 19,24% duas 243 57,72% três 83 19,71% Níveis de ramificação (número de vezes que a planta ramifica) quatro 9 2,14% Poucas ou nenhuma 341 81,00% Médias 63 14,96% Constrições da raiz Muitas 17 4,04% Verde 274 65,08% Verde com vermelho em menos da metade do lóbulo 129 30,64% Verde com vermelho em mais da metade do lóbulo 18 4,28% Cor da nervura Toda vermelha 0 0,00% Inclinada para cima 6 1,43% Horizontal 406 96,44% Inclinado para baixo 7 1,66% Posição do pecíolo Irregular 2 0,48% Curtas 421 100,00% Comprimento das estípulas Longas 0 0,00% Lacinada 420 99,76% Margem das estípulas Inteira 1 0,24% Liso 273 64,85% Sinuosidade do lóbulo foliar Sinuoso 148 35,15% Cônica 57 13,54% Cônica-cilíndrica 270 64,13% Cilíndrica 85 20,19% Forma da raiz Irregular 9 2,14% Compacta 156 37,05% Aberta 13 3,09% Guarda sol 241 57,24% Tipo de planta Cilíndrica 11 2,61% Curta 41 9,74% Intermediária 263 62,47% Comprimento médio da raiz Longa 117 27,79% Finas 372 88,36% Intermediária 47 11,16% Diâmetro médio da raiz Grossa 2 0,48% Fácil 387 91,92% Destaque da película da raiz Difícil 34 8,08% Fácil 166 39,43% Destaque do córtex da raiz Difícil 255 60,57% Tendência vertical 64 15,20% Tendência horizontal 172 40,86% Posição das raízes Irregular 185 43,94% Abaixo de 100 402 95,49% Conteúdo de ácido cianídrico nas raízes Acima de 100 19 4,51% Dentre os caracteres avaliados, alguns são de grande importância para o melhoramento. Dentre eles, destacam-se: i) cor da polpa da raiz, que em especial no DF e entorno onde os agricultores e os consumidores têm preferência por variedades de mesa com cor da polpa amarela, 18,05 % dos acessos evidenciaram cor de polpa amarela, enquanto a grande maioria evidenciou cor de polpa branca que é interessante para variedades para a indústria; ii) constrições nas raízes, os programas de melhoramento genético buscam cultivares com poucas constrições e 81% dos acessos expressaram tal fenótipo; iii) comprimento médio das raízes, os melhoristas de mandioca tem preferência por cultivares com raízes de tamanho médio e 62,47% dos acessos do banco expressaram tal caráter; iv) destaque da película e do córtex da raiz, para estes caracteres o ideal são constituições genéticas com destaque fácil e foi observado que 91,92% dos acessos apresentam destaque fácil da película da raiz, porém 60,57% apresentam destaque difícil do córtex, v) cor externa da raiz e do córtex da raiz, tais caracteres começaram a ter importância agronômica há pouco tempo, sendo que o ideal para a indústria são acessos de cor do córtex e externa da raiz branca e 15,44% dos acessos apresentam cor externa da raiz branca ou creme e 71,97% cor do córtex branca ou creme, enquanto que para a produção de mandioca de mesa são preferidas às mandiocas com coloração externa da raiz marrom claro ou escuro e 83,85% dos acessos evidenciam tais caracteres (Tabela 1). Este cenário sugere que alguns acessos possam ser úteis como genitores em programas de melhoramento, uma vez que grande número destes, apresentam caracteres desejáveis do ponto de vista agronômico e foi detectada a presença de elevada variabilidade genética entre os acessos estudados. Conclusões Os acessos de mandioca conservados no Banco de Regional de Germoplasma de Mandioca do Cerrado evidenciam elevada variabilidade genética, passível de ser utilizada no melhoramento genético da cultura. Agradecimentos Os autores agradecem a Embrapa, Fundação Banco do Brasil, CNPq, FAPDF e ao Programa Biodiversidade Brasil-Itália pelo apoio financeiro. Referência Bibliográficas BELLON, M.R. The dymanics of crop intraspecifc diversity: a conceptual framework at the farmer level. Economic Botany, v.50, p.26-39, 1996. CARVALHO, L.J.C.B. Biodiversidade e biotecnologia em mandioca (Manihot esculenta Crantz). ln: CONGRESSO BRASILEIRO DE MANDIOCA, XI, 2005, Campo Grande. Resumos... Campo Grande, MS: Embrapa Agropecuária Oeste, 2005. Não paginado. FUKUDA, W.M.G. Banco de Germoplasma de mandioca: manejo, conservação e caracterização. Cruz das Almas: CNPMF, 1996. 103p. FUKUDA, W.M.G.; GUEVARA, C.L. Descritores morfológicos e agronômicos para a caracterização de mandioca (Manihot esculenta Crantz). Cruz das Almas: CNPMF, 1998, 38p. HIDALGO, R. Variabilidad genética y caracterización de espécies vegetales. In: FRANCO, T. L.; HIDALGO, R. (Ed.). Análisis estadístico de datos de caracterización morfológica de recursos fitogenéticos. Cali: IPGRI, 2003. 89p. OLSEN, K.M. SNPs, SSRs and inferences on cassava’s origin. Plant Molecular Biology, v.56, p.517-526, 2004. SAMBATTI, J.B.M.; MARTINS, P.S.; ANDO, A. Distribuição da diversidade isoenzimática e morfológica da mandioca autóctone de Ubatuda. Scientia Agrícola, v.57, p.75-80, 2000. WILLIAMS, H.J.; EDWARDS, T.G. Estimation of Cyanide with Alkaline Picrate. Journal of the Science of Food and Agriculture, v.31, p.15-22, 1980. View publication statsView publication stats
Compartilhar