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ARTIGO LUCINÉIA de inclusão DM


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A INCLUSÃO DE DEFICIENTES MENTAIS.UM ÁRDUO DESAFIO
Lucinéia Rodrigues de Oliveira Lima 1.
Orientador (a): 2.
Resumo: Este estudo pretende ser o ponto de partida para a tomada de consciência dos educadores, educandos e famílias, quanto sua importância na acolhida destas pessoas “diferentes” e na preparação para efetiva participação no âmbito social e global. Os educadores precisam compreender que só existirá inclusão de pessoas com necessidades especiais em suas dependências se todos estiverem empenhados em contribuir para a edificação de um trabalho mais humano e acolhedor. Na quebra de paradigmas é fundamental a todo ser humano o respeito à diferença. De acordo com Freitas (2008 p.56), a inclusão é um processo que não se restringe à relação professor aluno, mas que seja concebido como um princípio de Educação para Todos, e valorização das diferenças [...]. A pesquisa foi embasada ainda nos seguintes autores: Mantoan (2008), Mazzotta (2005), Baptista (2008). O conceito de deficiência mental possui uma história que esteve sempre muito próxima das concepções socioeconômicase de homem vigentes em uma determinada sociedade. Neste artigo, apresentamos algumas questões para reflexão relativas à concepção de deficiência mental, à importância do ambiente social para o desenvolvimento da criança com deficiência mental e à dinâmica e funcionamento de famílias com crianças deficientes. A compreensão desses três aspectos e de suas interrelações constitui a base para a promoção da saúde psicológica e o bem-estar destas crianças e de suas famílias. Concluí que há necessidade de implementar projetos de pesquisa que focalizem a dinâmica e o funcionamento familiar, adotando conceitos apropriados de deficiência mental e de família.
Palavras-chave: Deficiência Mental. Família. Inclusão
Cabreúva 
2017
_____________________
1-Licenciada Plena para professores da Educação Infantil e Séries Iniciais do Ensino Fundamental (Pedagogia) pela UNISEB (2011),Email:luci.beto@ig.com.br
Especialista Angela Maria de Souza Fabianovicz, Professora do Programa de Pós –graduação em Educação Básica, Infância e Ludicidade. Email: genio@genioapoio.com.br
 
INTRODUÇÃO
 Conforme declara a Lei 9394/96, inclusão é uma proposta que condiz com a igualdade de direitos e oportunidades educacionais para todos em ambientes favoráveis já “garantidos” por ela. Mas, nem sempre esse direito é de fato uma garantia aos cidadãos. 
 Muitas pessoas usando os termos, “retardado”, “idiota”, “imbecil”, “debilóide”, como um meio grotesco de ofensa a outras pessoas que possuem menor grau de entendimento em determinado assunto. Mas, os estudos revelam que estes termos são originários do século XVIII e perpetuam até a presente data, porém, não fugindo de serem termos atribuídos a um grupo de pessoas que requer mais cuidado e estudo. existem ainda muitos preconceitos com relação às pessoas que apresentam deficiências, encontramos estudiosos que se propõem a discutir e estudar diferentes formas para minimizar a questão da discriminação à qual as pessoas são submetidas e que as impedem de terem oportunidades iguais na sociedade pós-modernidade. 
 A proposta de elaboração desta pesquisa deve-se a uma inquietação muito comum ao deparar-se com educadores despreparados, contudo esforçados em ensinar alunos com NEE, e ainda graças a encantadora função do magistério, tão árdua, mas recompensadora. 
 Propomo-nos à elaboração dessa pesquisa devido às inquietações de algumas colegas que são professoras e deparam-se com alunos com NEE em suas salas de aula e pela formação que permite exercer a docência e que poderemos nos deparar com essa realidade, na qual buscaremos eliminar algumas barreiras que impedem de exercermos a docência perante esses alunos na escola regular. 
 Para realização desse trabalho científico tem-se como objetivo geral investigar a aceitação da inclusão escolar de alunos com NEE no contexto da escola regular por parte dos professores e alunos. Assim como os seguintes objetivos específicos, identificar a convivência escolar de alunos com NEE; elencar a prática docente para atender as necessidades dos alunos com NEE e caracterizar os mecanismos usados para uma convivência proveitosa. 
1.BREVE HISTÓRICO SOBRE A EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA
 Durante muito tempo os portadores de deficiência estiveram fora do contexto social, por serem considerados como incapazes de adaptar-se a esse contexto. 
 Somente no final dos anos de 1950 e início da década de 1960 do século XX, a inclusão escolar para os alunos com NEE e os que apresentavam dificuldades de aprendizagem tiveram na política educacional brasileira, oportunidades de serem inclusos legalmente, de acordo com estudos feitos ao longo do tempo. Período em que educadores e pesquisadores se interessaram pelo atendimento educacional dos alunos com necessidades educacionais especiais (NEE). 
 A situação das pessoas com deficiência no contexto da visão segregacional que buscam acompanhar sua classe apresenta-se à margem da educação em relação às pessoas com deficiência, foi substituída por uma visão inclusiva.
 A educação, que era parte fundamental neste processo, teve que sofrer uma radical transformação. Em todo o mundo, até aquele momento, as pessoas com deficiência haviam sido colocadas á margem da educação: o aluno com deficiência, particularmente, era atendido apenas em separado ou simplesmente excluído do processo educativo que tinha por premissa que os alunos deveriam obedecer a padrões de normalidade. (BRASIL, 2000, p. 83)
 A exclusão dos deficientes ocasionou muitas dificuldades e sacrifício a essas pessoas. Elas eram consideradas como inaptas ao convívio social, sem capacidade de participar e conviver com os outros. Por muito tempo estiveram sem oportunidade de está em contacto com a outra parte da população, isso perdurou ao longo do tempo como um caso inacabado ou sem solução. 
 Diante das dificuldades os especiais necessitaram lutar pelos seus interesses chamando atenção para suas limitações como especiais. Com isso foi possível dá início a grande mudança para inclusão social e educacional das pessoas com NEE. As escolas tiveram que modificar sua sistemática, os docentes necessitaram tomar consciência do trabalho com aqueles que estavam excluídos e marginalizados, oportunizando o acesso ao conhecimento formal pelo qual todos têm direito de receber. 
 Ressalta-se que a educação escolar deve ser considerada primordial no processo formativo do sujeito, e como qualquer outra não tem um mero efeito de influenciar aqueles que pretendem levar a frente o conhecimento. 
 Existe na deficiência problemas que serão solucionados à medida que o sujeito estiver sendo apoiado por aqueles que fazem parte de sua vida diária, motivo pelo qual os alunos com NEE devem aprender na escola regular aquilo que na escola especial convivendo com seus pares, não tiveram oportunidade de apropriarem-se de atitudes que a escola especial não os propiciaram. 
 Para entender a utilidade da inclusão na sociedade das pessoas com NEE, Freitas (2006) descreve que; 
 A inclusão desafia, pois, a mudanças, estimula a flexibilidade das relações, a redistribuição dos recursos para um mais correto aproveitamento, o trabalho em equipe, a colaboração e a cooperação, o envolvimento de toda a escola, dos pais, da comunidade, dos diferentes serviços e dos seus profissionais do sistema educativo. (FREITAS, 2006, p. 38.) 
 A inclusão é possível quando todos que fazem parte do dia-a-dia na convivência com o aluno com NEE colaboram com eles e, especialmente, aqueles que estão ajudando na construção da inclusão, para quea escola seja um lugar de aprendizado, havendo, portanto qualidade de vida. Os responsáveis pela mudança como educadores, pedagogos, psicólogos e legisladores devem estimulá-los dentro do programa de ajuda a inclusão, colocando a escola juntamente com a família, e a comunidade para garantir essa transformação. 
 Mantoan (1988) nos mostra que, no passado os especiais mantinham-se em escolas apropriadas somente para desenvolver habilidades da vida diária que ainda não sabiam realizar sozinhos. A escola não estava preocupada em abrir espaço para a inclusão da diversidade humana, não propiciando condições para que o aluno com NEE tivessem acesso aos conhecimentos do currículo oficial. 
 Apesar das dificuldades encontradas por estes alunos em adquirir espaço na escola regular, foi possível através de estudos, discussões e pesquisas científicas demonstrar que realmente esse alunado tinha condições de estarem em sala de aula regular apropriando-se dos conhecimentos comuns a todos os educandos. 
 A escola inclusiva “é a que não é indiferente a diferença” (FREITAS, p. 42, 2008), mas aquela que contempla as semelhanças que naturalmente existe, assim valoriza as diversidades. 
 
2.O QUE É INCLUSÃO ESCOLAR?
 É a capacidade de entender e reconhecer o outro e, assim, ter o privilégio, de aceitar e conviver com pessoas diferentes, compartilhando experiências que possibilitem seu desenvolvimento social e educacional (MANTOAN, 2008), nesse sentido, a finalidade da educação inclusiva é acolher a todos sem exceção, especialmente os estudantes que tem algum tipo de deficiência seja ela física ou mental, os superdotados, e os que são discriminados do convívio social. 
 A prática da educação inclusiva, de acordo com Meyrellles (2009) só será possível se houver mudanças estruturais na escola, que viabilizem as pessoas com necessidades educativas especiais, condições para que todos tenham acesso e permanência na escola de forma que sejam respeitados e trabalhados suas limitações. 
 A obrigatoriedade da matrícula dos alunos com necessidades educativas especiais em classe regular possibilitou o direito ao acesso a escola, que antes esta, não se achava preparada para recebê-los, e com isso os gestores, técnicos, docentes e pais puderam perceber que precisavam avançar no tempo e gerar oportunidades para aqueles que estiveram ao longo do tempo excluído do convívio da escola regular. 
 Para que haja sucesso na inclusão de alunos com NEE, é necessária a adequação das práticas pedagógicas no sentido de que os alunos com NEE possam apropriar-se dos mesmos conhecimentos que os demais alunos, de acordo com as suas limitações. A escola regular deve primar por mecanismos suficientes para que o ensino ministrado seja adequado a todos os alunos indistintamente. 
 Sabe-se que existem necessidades urgentes entre os recursos educacionais, a ampliação de material didático, a eliminação de barreiras, no sentido que seja acessível para o aluno com NEE a locomoção dentro da escola com adaptações arquitetônicas nos edifícios, adequando a acessibilidade para que eles possam apropriar-se do espaço sem barreiras para aprendizagem. 
 González (2007) afirma que se houver preparação e competência do profissional para lidar de forma eficaz na preparação do projeto educativo, de realizar adaptações curriculares e de adequar nova metodologia, o processo de ensino e aprendizagem chegará a todos os alunos com NEE, sem dificuldades de assimilação e aplicabilidade do mesmo. 
 É preciso que seja construído local apropriado para o aluno com NEE, não somente a sala de aula, mas a escola como um todo e o ambiente social em que a instituição escolar está inserida. 
 É importante que haja aceitação, receptividade e competência profissional por parte dos docentes e de todos que compõem a escola. È necessário um ambiente acolhedor, um lugar que propicie momentos agradáveis e que o aluno com NEE possa sentir-se seguro e acolhido. 
 Diante do exposto, o docente apropriando-se de cursos de formação continuada com foco na temática da educação especial e inclusiva, com aquisição de conhecimentos teóricos e práticos, terá base adequada para lidar com a proposta da educação inclusiva, com condições de trabalhar de forma que sua metodologia seja adequada a cada tipo de aluno com NEE. 
 Quando forem atendidas todas as necessidades de cada aluno com NEE, podemos afirmar que a escola estará cumprindo com seu papel primordial que é o de acolher sem distinção todos aqueles que estiverem necessitando de incluir sem excluir, ensinando todos os alunos sem distinções. 
A inclusão de deficientes mentais
 Ainda neste capítulo pretende-se fazer uma análise de como se dá a inclusão de deficientes mentais no ensino regular. Um árduo desafio para as escolas, educadores e famílias refere-se a um minucioso estudo e análise de fundamentos de autores renomados que abordam a educação especial com o objetivo de dispor aos educadores e a todos aqueles que atuam e que pretendem atuar na Educação, uma proposta de reflexão/ação numa análise mais abrangente da inclusão dos deficientes mentais e outros com necessidades educacionais especiais.
 À escola cabe o papel de estar sempre em sintonia com a família para então melhorar e contribuir da melhor forma possível com o desenvolvimento da criança. Acredita-se que o objetivo principal da escola, deva ser o da busca por tornar a criança mais autônoma perante o indivíduo adulto. No entanto, entende-se que essa autonomia só irá ocorrer através do bom relacionamento com outras pessoas.
 A integração da escola e da família deve ser mais constante nas atividades de socialização das crianças. E, os pais devem estar envolvidos numa procura por bem educar seus filhos. 
 A inclusão do deficiente na escola e mais precisamente no ensino regular alerta para a promoção de um ensino que corresponda não somente às necessidades específicas deste aluno, mas que corresponda aos interesses e necessidades de todos os alunos da classe. "Isto requer a adaptação do ensino que, entre outros aspectos, significa alocar os recursos humanos na escola para trabalharem conjuntamente no sentido de desenvolver métodos e programas de ensino, adaptados à nova situação, bem como para atuarem em conflitos e desafios que toda situação educacional apresenta. 
 Desse modo, a presença de crianças portadoras de deficiência não se constitui num problema para a escola, mas numa possibilidade de aprendizagem e enriquecimento para todos" (Boneti, 1993). 
 Além disso, é importante reconhecer o que existe de construtivo para a criança considerada normal em interagir verdadeiramente com a criança deficiente (Geaudreau e Canavero,1990).
 Pesquisas têm demonstrado que esta interação apresenta efeitos positivos não somente nas atitudes dos estudantes portadores de deficiências, mas também nas daqueles considerados normais (McCarthy & Stodden; Porman; Almond; Rodgers et Krug, in Saint Laurent, 1989). 
3. AS IMPLICAÇÕES DO DEFICIENTE MENTAL
 O deficiente mental enquanto sujeito cognoscente almeja uma educação que favoreça ao máximo o desenvolvimento de suas estruturas lógicas através uma ação pedagógica que lhe possibilite construir e aplicar seus conhecimentos na resolução de problemas em situações específicas. 
 A possibilidade do deficiente mental interagir com o objeto de conhecimento e tirar proveito dessa interação tem sido demonstrada em diversas pesquisas ( Boneti, 1995, 1996; Jatobá, 1995; Katims, 1995; Mantoan, 1987, 1991; Saint-Laurent, Giasson et Couture, 1994). 
 Em estudo realizado com crianças em idade pré-escolar portadoras de deficiênciamental constatamos que essas crianças elaboram esquemas de interpretação da linguagem escrita e passam por conflitos cognitivos semelhantes aqueles identificados por Emilia Ferreiro nas crianças "normais" (Boneti,1995). 
 Em relação ao processo de evolução da linguagem escrita, Katims (1994) observou que crianças deficientes mentais progridem significativamente quando submetidas ao mesmo programa de estimulação da leitura que é oferecido às crianças "normais". Resultados semelhante foram obtidos por Saint-Laurent, Giasson et Couture, (1994). Mantoan (1987, 1991) comprovou experimentalmente que a solicitação do meio escolar resulta em benefícios para o desenvolvimento das estruturas lógicas concretas nos portadores de deficiência intelectual. Estes resultados apontam para a importância da influência do meio escolar no desenvolvimento das operações mentais dessas pessoas. 
 A importância da interação do deficiente mental com o meio social foi abordada por Inhelder que estudou o desenvolvimento das estruturas lógicas nesta população. 
 Segundo Inhelder (1963), o desenvolvimento das operações comporta um aspecto de equilíbrio individual interno e um aspecto social. As operações lógicas constituem um meio de troca entre o indivíduo e o grupo onde as regras operatórias se tornam regras sociais. Deste modo, segundo o sucesso ou fracasso do indivíduo nas suas trocas com o meio social, ele pode chegar a ultrapassar seu potencial esperado ou então ao contrário, no caso da falta de estimulação ou fracassos repetidos pode apresentar um desempenho inferior a sua capacidade. Esta situação segundo Inhelder é válida tanto para as pessoas ditas normais quanto para os portadores de deficiência intelectual.
 Conforme Inhelder os portadores de deficiência mental apresentam níveis intermediários de construções intelectuais e seguem com retardo e fixações o mesmo processo evolutivo que a criança "normal" sem, entretanto jamais chegar a um equilíbrio definitivo. Ou seja, o raciocínio da criança deficiente mental é móvel e em via de progressão ele é coerente, mas este estado de equilíbrio é instável uma vez que o raciocínio não tarda a parar em um nível intermediário que não permite alargar e generalizar a construção operatória para além das operações concretas.
 Pesquisas mais recentes confirmam os resultados de Inelder. Simeonsson e Rosenthal (1991) efetuaram uma exaustiva revisão de estudos desenvolvidos no quadro da teoria piagetiana. 
 Esses estudos concluem que a sequência do desenvolvimento da criança deficiente seria a mesma que a da criança "normal". Entretanto o ritmo da passagem entre os diversos estágios seria caracterizado por importantes retardos nas deficientes. 
 Quanto mais a deficiência é importante, mais lento é este ritmo. Segundo Paour (1988), os trabalhos de inspiração piagetiana que foram conduzidos após a obra de Inhelder (1963) confirmam que os instrumentos cognitivos construídos pelos deficiente mentais não são de natureza diferente daqueles construídos pela crianças "normais". Os resultados de nossas pesquisas (Boneti, 1995, 1996) também confirmam a hipótese que, sobre o aspecto estrutural, a gênese operatória da criança deficiente é semelhante àquela das crianças "normais".
 Entretanto conforme constatou Mantoan (1991), mesmo possuindo as estruturas, o deficiente mental nem sempre age de modo operatório. Nosso estudo sobre a interpretação da linguagem escrita (Boneti,1995), revelou que em muitas situações a criança deficiente mental possuem os esquemas que lhe permitem proceder uma interpretação coerente, mas ela manifesta dificuldade na aplicação desses esquema numa situação precisa. 
 Três tipos de comportamentos foram observadas em relação a utilização dos esquemas de interpretação da escrita: os oscilantes, os hesitantes e os consistentes. Os primeiros procedem como se eles utilizassem esquemas que não estão ainda bem desenvolvidos. Os segundos se caracterizam por uma hesitação que indica que os esquemas estão presentes, mas que a criança encontra uma grande dificuldade para utilizá-los. Os últimos utilizam seus esquemas de forma bastante semelhante às crianças "normais" de mesma idade cronológica.
 Esses resultados, como os de Mantoan (1991), indicam que o deficiente experimenta uma grande dificuldade para fazer uso de sua capacidade na resolução de problemas. 
 Entretanto, a presença desses esquemas de interpretação se constitui num indicador da evolução conceitual do deficiente. Isto conduz a uma atitude positiva frente a sua condição de educabilidade e permite concluir que mesmo experimentando dificuldade na construção e na aplicação de seus conhecimentos, o deficiente mental se beneficiaria de uma educação que solicitasse o máximo de sua capacidade operatória. Neste sentido, o papel fundamental da escola no processo de inclusão social do deficiente mental não se resume apenas em poder desenvolver neles habilidades essenciais para a conquista de uma maior autonomia, mas também na possibilidade de poder contribuir com a sua evolução intelectual.
CONCLUSÃO
 A inclusão é uma realidade que não pode mais esperar melhores preparos por parte das instituições de ensino, como também dos responsáveis em promover a dignidade humana, buscando com isso os valores éticos para que todos tenham lugar e vez nos demais segmentos da sociedade. 
 Todos são responsáveis pela inclusão, tanto a escola como a sociedade de um modo geral. Os cidadãos que participam da sociedade organiz
ada têm que estar atento para a observância do cumprimento da lei da inclusão. È preciso fazer valer os direitos adquiridos aos portadores de necessidades especiais. 
 Incluir os alunos com NEE em todos os segmentos é uma forma de aceitá-los como eles são. Não importa que tipo de deficiência eles carreguem, o importante é dar a eles oportunidades para que se sintam valorizados. 
 O discurso sobre a inclusão leva a uma alienação dos educadores, que não conseguem conduzir a educação da criança especial a uma prática social refletida, condição esta essencial para buscar produzir novos patamares e novas condições na realidade educacional. Com isso, os educadores oportunizam experiências minimizadas, reduzidas, individualizadas e destituídas de sentido. 
 Não trabalham na esfera do simbólico, na relação significado e significante que possibilita a criança avançar no processo de aprendizado. Frente a esse modelo de inclusão proposto, as crianças deficientes não têm possibilidades para superarem as dificuldades encontradas no cotidiano escolar. mesmo buscando se orientar pelos princípios da transformação social, transformação da realidade, com novos métodos de ensino, em função de suas nuances acaba por oferecer um ensino que desconsidera o sujeito; é pouco abrangente enquanto objetivos educacionais; é bastante fragmentado e artificializado enquanto prática educativa; acaba por criar condições para a manutenção de um ensino que não possibilita a superação social da deficiência orgânica da criança e, conseqüentemente, a criança não tem acesso aos bens materiais e culturais da sociedade humana. 
 Por isso, não podemos configurar essa prática como inclusiva, pois a função social da escola como sendo a responsável pela produção do conhecimento e lócus de formação cultural, não é compartilhada pelos educadores, alunos normais e alunos deficientes, de maneira propicia e significativa para o processo de ensino-aprendizado.
 O discurso do sistema inclusivo acaba por destituir a escola da função e os alunos especiais do direito de acesso ao conhecimento científico, filosófico e artístico enquanto patrimônio cultural da humanidade e, com isso restringe o direito a cidadania. Diante destaslimitações e conflitos, o processo de inclusão precisa objetivar para avançar na busca da superação de seus próprios limites, transformando-se. Embora o discurso da inclusão seja comum, vemos que pouco ou até mesmo nada é feito neste sentido.
 Garantir o direito a educação não é uma questão que pode ser resolvida apenas com o acesso a escola regular, sendo que, se não for relacionado a práticas sociais, concepções vigentes, o processo inclusivo acaba entendido de forma mistificada e ilusória. 
 A consequência dessa forma de inclusão, como observado, é a presença do aluno especial na sala de aula regular, porém excluído e marginalizado da dinâmica da construção de conhecimentos em que se envolvem o professor e os demais alunos.
 Portanto, vale ressaltar que essa estrutura posta pela inclusão não está funcionando. Fica evidente que é preciso mudanças no sistema curricular para permitir a real aprendizagem da criança com deficiência mental e não somente seu acesso na escola regular para sua socialização com outras crianças tidas como normais. A saída não é o ensino diferenciado tal como está posto nos documentos inclusionistas.
 Precisamos pensar outras formas de inclusão. Não adianta Não adianta só melhorar as salas de aula comuns e as de apoio. É preciso refletir sobre outros modelos, pois esta configuração da escola inclusiva não possibilita o sucesso da mediação sócio-cultural da professora na superação das dificuldades da criança especial, que de acordo com Vygotski (1997) é como a ação educativa precisa ser concebida.
 A escola que não estiver em seu Projeto Político Pedagógico, como ponto fundamental a inclusão dos especiais, e aceitação dos desafios que eles irão trazer para dentro da escola, não poderá dizer que é uma verdadeira fonte de transformação para o mundo do conhecimento. Ainda faltam mudanças na escola, no que tange a adaptação de seus currículos, no preparo para atingir os alunos NEE, e suas multidimensionalidades, como também que os professores aceitem participar das formações continuadas, a fim de levar para dentro das salas de aula um conhecimento mais abalizado, com relação aos alunos com NEE, e que essa formação possibilite uma ação pedagógica eficaz, trazendo, com isso, melhores condições para que a inclusão seja motivo para romper paradigmas. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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