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TRABALHO DE PROCESSO (1)

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INSTITUTO DE CIÊNCIAS JURIDICAS
CURSO DE DIREITO
TURMA: DR3EF40
TRABALHO DE TEORIA GERAL DO PROCESSO
ADRIANA ROCATO ANNES – RA: T2794A-6
ANA JULIETA R. GUIMARÃES NUNES ARAUJO – RA: D283GH-8
MICHELE CACCIATORE DA SILVA – RA: 41JDD-6
PAULA FRANÇA PIROVANI – RA: D50III-6
TARCILA QUEIROZ OLIVEIRA – RA: D31391-6
SÃO PAULO
2018
 
CURSO DE DIREITO
CAMPUS CHÁCARA SANTO ANTÔNIO
TURMA: DR3EF40 
TRABALHO DE TEORIA GERAL DO PROCESSO
TEMAS: JURISDIÇÂO, AÇÃO, COMPETÊNCIA E INCOMPETÊNCIA.
Orientadora:
PROF: VÂNIA FRANZIN
SÃO PAULO
2018
SUMÁRIO
1 – INTRODUÇÃO...............................................................................................04
2 – JURISDIÇÃO..................................................................................................05
2.1 - CONCEITO DE JURISDIÇÃO....................................................................05
2.2 – OBJETIVOS DA JURISDIÇÃO..................................................................06
2.3 – PRINCÍPIOS DA JURISDICÃO..................................................................07
2.4 – CLASSIFICAÇÃO DA JURISDIÇÃO........................................................08
3 – AÇÃO..............................................................................................................10
3.1 – CONCEITO DE AÇÃO................................................................................10
3.2 – A RELAÇÃO JURÍDICA PROCESSUAL..................................................11
3.3 – ELEMENTOS DA AÇÃO............................................................................13
3.4 – CLASSIFICAÇÃO DA AÇÃO....................................................................14
3.5 – CONDIÇÕES DA AÇÃO.............................................................................15
4 – COMPETÊNCIA.............................................................................................17
4.1 – CONCEITO DE COMPETÊNCIA...............................................................17
4.2 – CRITÉRIOS DETERMINANTES DA COMPETÊNCIA...........................19
4.3 – INCOMPETÊNCIA RELATIVA E ABSOLUTA.......................................21
5 – CONCLUSÃO.................................................................................................24
1.INTRODUÇÃO
O Estado ao longo da evolução do pensamento humano, tomou para si a função de solucionar conflitos entre membros da sociedade. Juridicamente falando, dessa forma surge o conceito de jurisprudência, objeto de estudo deste trabalho. Além do conceito, há também explanação sobre sua classificação, princípios e objetivos.
Além do conceito e estudo de jurisdição, este trabalho ainda tratará da maneira como há essa solução de conflitos, ou seja, através do crivo do Estado de proposituras de ações por partes interessadas, as quais consideram que algum direito seu seja ameaçado de alguma maneira.
Sendo assim, este trabalho traz o conceito de ação, bem como seus elementos, suas características e obrigatoriedades para legitimidade.
Por fim, este estudo trará uma explanação à cerca da competência para abrir uma ação, tratando da incompetência absoluta e relativa determinada pela Constituição Federal de 1988.
2. JURISDIÇÃO
2.1 CONCEITO DE JURISDIÇÃO
 Jurisdição é uma palavra de proveniente do latim jurísdictio, junção de juris (direito) e dictio (dizer), ou seja, significa o direito de dizer, função de dizer. 
 Dessa forma, jurisdição compreende-se a função do Estado de resolver os conflitos ocorridos na sociedade. Age de acordo com os interesses dos envolvidos a fim de alcançar a pacificação da lide.
 É um meio de resolver os conflitos pela intervenção de um terceiro não envolvido na lide, o que determina a hetero-composição, em contrapartida à autotutela na qual as partes resolviam os conflitos na força, ou à auto-composição na qual as partes chegavam a um consenso.
 O Estado promove essa função através do Poder Judiciário, ao qual cabe então a função de submeter sob seu julgo os conflitos e lides existentes na sociedade.
 Há um caso em que a jurisdição é atribuída excepcionalmente ao Senado Federal, como determina o art. 52 da Constituição Federal de 1988:
“Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
        I -  processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles;
        II -  processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade;”
Ilustrando tal conceito de jurisdição, MIRABETE (2008) define como “a faculdade que tem o poder judiciário de pronunciar concretamente a aplicação do direito objetivo”; e TOURINHO FILHO (2008) conceitua jurisdição como “aquela função do Estado consistente em fazer atuar, pelos órgãos jurisdicionais, que são os Juízes e Tribunais, o direito objetivo a um caso concreto, obtendo-se a justa composição da lide”. [2]
2.2 OBJETIVOS DA JURISDIÇÃO
 Giuseppe Chiovenda (1969), explica em sua teoria os três objetivos do Estado ao garantir sua jurisdição:
Alcançar o objetivo social – preservação do direito individual
Manter a integridade do ordenamento jurídico
Preservar a ordem e paz no convívio social
 O processualista Daniel Amorim (2012), também explica os objetivos da jurisdição dividindo-os em jurídico (aplicação concreta da vontade do direito), social (resolução do conflito de interesses, proporcionando às partes envolvidas a paz social), educacional (propagação, por meio das decisões, dos direitos e deveres dos jurisdicionados como um todo), além do escopo político (fortalecimento do Estado).
Entende-se que os motivos que levam as partes a busca de um processo não visam o bem social comum, tampouco a integridade do ordenamento jurídico, na maioria das vezes, busca a satisfação individual. Ainda assim o Estado aceita tal motivação e age procurando solucionar a lide e demonstrar que tal ação atinge também o bem comum e a realização da justiça.
2.3 PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO
Diversos são os princípios que gerem a jurisdição, são eles:
Ne procedat judex ex officio: Princípio da Inércia ou da Iniciativa das partes, ou seja, não há jurisdição sem que haja provocação da parte interessada. o magistrado depende da iniciativa das partes, não podendo iniciar, ex officio, uma ação judicial. Este princípio tem relação com a necessidade de justa composição da lide e de absoluta imparcialidade do juiz
Investidura: só há o exercício da função jurisdicional quando há investidura para o cargo, sob a pena de nulidade do processo e da sentença
Devido processo legal: segundo o art. 5º, LIV, CF-88, ninguém será privado de sua liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal. Dessa forma, qualquer ato que atinja a liberdade ou os bens de uma pessoa deverá sujeitar-se ao julgo do Poder Judiciário.
Juiz natural: rege de acordo com o art. 5º, XXXVII da CF-88, não haverá juízo ou tribunal de exceção, ou seja, todos têm o direito a um julgamento imparcial, realizado por órgão competente jurisdicional, que seja constituído antes da ocorrência do fato, conduzido por um magistrado não suspeito que esteja investido da função jurisdicional.
Indeclinabilidade da jurisdição: Parte do art. 5º, XXXV da CF-88 que afirma que a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Sendo assim, nenhum juiz poderá esquivar-se do exercício da função jurisdicional.
Indelegabilidade da jurisdição: A menos que seja prevista alguma exceção por lei, o juiz não poderá delegar sua jurisdição a qualquer outro órgão.
Improrrogabilidade da jurisdição: Casos de competênciajurisdicional de um juízo não podem ser julgados por outro.
Inevitabilidade ou irrecusabilidade da jurisdição: A menos que haja suspeição, impedimento ou incompetência do juiz escolhido pelo Estado para determinada causa, as partes não poderão recusá-lo, sendo inevitavelmente submetidas ao seu julgamento.
Correlação ou relatividade: Esse princípio garante a harmonia entre a sentença e o pedido. A acusação é que determina a amplitude e conteúdo da prestação jurisdicional. Os fatos descritos na denúncia ou queixa delimitam o campo de atuação do poder judiciário. O juiz, ao proferir sentença, deverá observar a exata correspondência entre sua decisão e o pedido incorporado à denúncia e à queixa. Nula será a sentença citra, extra ou ultra petita, vale dizer, a que julgar aquém, for além ou decidir fora dos limites atribuídos à prestação jurisdicional pelo acusador (art. 384, CPP).
2.4 CLASSIFICAÇÃO DA JURISDIÇÃO
Didaticamente os órgãos que exercem a jurisdição do Estado são classificados sob alguns aspectos vistos a seguir:
Quanto à graduação: Inferior quando se referir à primeira instância, ou seja, juízes estaduais, federais, do trabalho etc. Ou Superior, exercida pelos Tribunais Superiores (STF, STJ, TST, STM) e Tribunais de Apelação (TJ, TRF, TER, TRT).
Quanto à matéria: refere-se à matéria que trata a lide, civil, penal, eleitoral e militar.
Quanto ao organismo jurisdicional: estadual (justiça comum) ou Federal (justiça que julga causas de interesse da União).
Quanto ao objeto: Contenciosa, quando há litígio ou voluntária, quando há acordo homologatório da vontade das partes.
Quanto à função: ordinária (justiça comum) e especial (quando é investido, excepcionalmente, do poder de julgar outro órgão (como nos crimes de responsabilidade do Presidente e Vice-Presidente da República, que são julgados pelo Senado).
Quanto à competência: plena, quando o magistrado tem competência para julgar todos os casos ou limitada, quanto à competência restrita a certos casos.
3. AÇÃO
3.1 CONCEITO DE AÇÃO
Ação é o direito de pedir ao Estado a prestação de sua atividade jurisdicional num caso concreto.
A ação é doutrinariamente concebida como um “direito público abstrato de requerer a tutela jurisdicional do Estado” (WAMBIER, et. al., 2001). 
Outras teorias prosseguiram para concepção da ação. Partindo-se da idéia de que a ação representa um direito autônomo, temos que quatro teorias merecem destaque, quais sejam: do direito concreto; do direito potestativo; do direito abstrato; a eclética.
A teoria que concebe a ação como um direito autônomo, mas concreto, leciona que só haverá ação se houver uma sentença favorável ao autor, é a teoria defendida por Adolf Wach. A ação para esta teoria seria um direito secundário (Belinetti, 1999). Todavia, esta teoria não prospera por tais razões, ou seja, não há como se admitir a ação tão-somente se esta beneficiar o autor (WAMBIER, et. al., 2001).
Uma segunda teoria da ação a define como um direito potestativo, ou seja, a ação seria o instrumento de se efetivar a vontade da lei. Tem como defensor Chiovenda. Entretanto, embora autônoma, vincula-se à sentença final a qual daria a existência à ação.
A terceira teoria da ação a caracterizaria como um direito autônomo abstrato. É a proposição de Carnelutti. Entende a referida teoria que a ação consiste num direito à manifestação do Estado, onde a parte e o juiz buscam a justa composição da lide.
Por fim, a quarta teoria, denominada eclética, desenvolvida por Liebman, como o próprio nome induz, define a ação como um direito autônomo e abstrato, independente do direito subjetivo material, embora condicionada à requisitos para que se possa analisar seu mérito. Trata-se de um direito subjetivo público à disposição dos cidadãos. É a teoria dominante no nosso direito positivo (Belinetti, 1999).
 Para Liebman, somente há ação se presentes as condições da ação, delimitada em nosso Código Processual Civil de 1973, no artigo 267, VI. Esta última teoria entende que, ainda que haja improcedência da ação, o exercício da ação terá se efetivado, pois independe da necessidade de a ação ser procedente ao autor. Wambier (et. al., 2001) conceitua o direito de ação como o “direito público, subjetivo e abstrato, de natureza constitucional, regulado pelo Código de Processo Civil, de pedir ao Estado-juiz o exercício da atividade jurisdicional no sentido de solucionar determinada lide”.
Ação, portanto, é o direito ao exercício da atividade jurisdicional (ou o poder de exigir esse exercício). Mediante o exercício da ação provoca-se a jurisdição, que por sua vez se exerce através daquele complexo de atos que é o processo. 
Vicente Greco Filho também detalha o conceito de ação. Vejamos:
A ação é o direito subjetivo público, autônomo e abstrato de pleitear ao Poder Judiciário decisão sobre uma pretensão, conexo a ela, para a atuação da jurisdição e por intermédio do processo.
3.2 A RELAÇÃO JURÍDICA PROCESSUAL
Desde o momento em que o Estado instituiu a proibição da justiça privada, foi outorgado aos cidadãos o direito de recorrer a órgãos estatais para a solução de seus conflitos de interesses. Primitivamente, entendeu-se o direito de ação como um complemento do direito subjetivo de cada um, mas a doutrina percebeu que aquele era independente deste, isto é, que o direito de ação existia independentemente da existência do direito subjetivo. 
Além disso, ficou claro que o direito de ação não é dirigido contra o réu, mas sim contra o Estado, porque é o direito de obter dele uma decisão sobre determinado pedido. É verdade que com o pedido ao Judiciário, pretende o autor que os efeitos almejados se produzam contra alguém, o réu, mas o direito de agir se exerce perante o Estado-Juiz. 
A pretensão é o bem jurídico que o autor deseja obter por meio da atuação jurisdicional. A pretensão, sim, é dirigida contra o réu, pois é contra ele que o autor deseja a produção dos efeitos da decisão, a fim de obter o que não está conseguindo sem a intervenção jurisdicional. 
A ação, em suma, é um direito subjetivo público, distinto do direito subjetivo privado invocado, ao qual não pressupõe necessariamente, e, pois, neste sentido, abstrato; genérico, porque não varia, é sempre o mesmo; tem por sujeito passivo o Estado, do qual visa a prestação jurisdicional num caso concreto. É o direito de pedir ao Estado a prestação de sua atividade jurisdicional num caso concreto. Ou, simplesmente, o direito de invocar o exercício da função jurisdicional. 
Alexandre Câmara sustenta que a ação não é um direito, mas um poder. Vejamos como ele expõe a ideia:
“(...) a ação é uma posição jurídica capaz de permitir a qualquer pessoa a prática de atos tendentes a provocar o exercício, pelo Estado, da função jurisdicional, existindo ainda que inexista o direito material afirmado. (...)”
Além disso, é de se afirmar que a ação não deve ser encarada como direito subjetivo, e sim como poder jurídico, já que entre seu titular e o Estado inexiste conflito de interesses, elemento essencial para a configuração de um direito subjetivo (já que neste os interesses do titular do direito e do titular do dever jurídico que lhe corresponde são, necessariamente, contrários). 
Desse modo, a ação é o direito/poder de alguém de provocar a atividade jurisdicional em face de outra pessoa física ou jurídica, com a intenção de resolver um bem da vida qualquer, seja declarando um direito, seja constituindo (ou desconstituindo) um fato.
As condições da ação, por sua vez, são requisitos ou exigências preliminares, cujo não preenchimento impede o magistrado de julgar o mérito da demanda. Portanto, as condições da ação são questões prejudiciais de ordem processual que não se confundem com o mérito.
Quanto às condições da ação, o Código de Processo Civil no artigo 267, VI, estabelece quais são elas: possibilidade jurídica do pedido, legitimidade das partes e interesse processual.
3.3 ELEMENTOS DA AÇÃO
Os elementosda ação são fatores formais, identificáveis no artigo 319  do NCPC. São eles: as partes, em sua correta identificação, a causa de pedir e o pedido. Sua inexistência traz prejuízos formais à petição inicial, primeira manifestação do direito de ação. Sua ausência enseja a emenda da petição inicial ou sua inépcia, sendo esta última, impedimento ao prosseguimento da ação por extinção do processo sem resolução de mérito.
Partes: São as pessoas que participam do contraditório perante o Estado-Juiz.São os responsáveis pela composição da lide. O direito de ação é atribuído ao titular de um interesse em conflito com o interesse de outrem. Por meio da ação, um pretende a subordinação do interesse do outro ao seu, ao qual este resiste.
Assim, na ação há dois sujeitos, que são os mesmos da lide a que visa compor, um sujeito ativo, autor, e outro sujeito passivo, réu, ao quais são abrangidos pela denominação jurídica de partes.
Causa de pedir: São os motivos que motivaram as partes a provocarem o Estado na defesa de suas respectivas pretensões.
O autor, quando vai a juízo, narra os fatos, apresenta sua exposição. Assim, apresenta os fundamentos de fato e os fundamentos de direito. Os fundamentos de fato compõem a causa de pedir próxima. É o inadimplemento, a ameaça, a lesão, enfim, é aquilo que autoriza o autor vir a juízo. É a violação do direito que se pretende proteger. Assim, o direito, abstratamente, não pode ser fundamento imediato, não justifica o ingresso em juízo, é necessário fundamentar em que o direito foi ameaçado ou violado.
Os fundamentos de direito, causa de pedir remota, é aquilo que autoriza o pedido. É a fundamentação que o direito dá ao autor.
Pedido: A solução jurisdicional que as partes exigem do Estado-Juiz. Não se justifica o ingresso de alguém em juízo que não para pedir ao judiciário uma medida, um provimento. Seria a indenização; os alimentos; a separação; a anulação do contrato, etc.
O regime jurídico do pedido está contido no CPC entre os artigos 286 a 294. Deve ser explícito, pois interpretado restritivamente – 293, CPC. 128 e 460. Questão de ordem pública.
3.4 CLASSIFICAÇÃO DA AÇÃO
São várias as classificações das ações, expostas aqui de acordo com SANTOS (2009):
a) quanto à natureza do provimento pedido:
a.1) Ação de conhecimento: “por meio do qual o juiz tenha pleno conhecimento do conflito de interesses a fim de que possa proferir uma decisão pela qual extraia da lei a regra concreta aplicável à espécie”. As sentenças de mérito, por sua vez, objeto das ações de conhecimento dividem-se em;
a.1.1) meramente declaratória: busca a declaração quanto à existência ou inexistência de uma relação jurídica ou a autenticidade ou falsidade de documento (CPC, art. 4º);
a.1.2) constitutiva: visa a modificação de uma situação jurídica anterior, criando uma situação nova;
a.1.3) condenatória: busca uma declaração quanto à relação jurídica controvertida e a aplicação da sanção ao réu por desobediência ao imperativo legal, ou seja, visa a condenação do réu a uma prestação de dar, de fazer ou de não fazer;
a.2) Ação executiva: visa o provimento satisfativo. Após a obtenção de uma sentença condenatória, e caso o réu não satisfaça a obrigação, passa-se à “fase” executiva, que nada mais é que a realização de atos concretos que tornem efetiva a sanção aplicada anteriormente;
a.3) Ações cautelares: “visam a providências urgentes e provisórias, tendentes a assegurar os efeitos de uma providência principal, em perigo por eventual demora”;
b) quanto à pretensão:
b.1) Ações patrimoniais:
b.1.1) Pessoais: buscam o cumprimento de uma obrigação que, por sua vez, está amparada por um contrato, delito ou mesmo uma lei;
b.1.2) Reais: visam a tutela de um direito real;
b.2) Ações prejudiciais: visam defender o estado de família. Alguns exemplos de ações prejudicais citados por Moacyr Amaral: ação de emancipação, ação de separação dos cônjuges; ação de filiação, ação destitutória do pátrio poder, dentre outras.
3.5 CONDIÇÕES DA AÇÃO
As condições da ação são fatores que orientam e balizam o próprio direito de ação. São elas: a legitimidade, o interesse de agir e a possibilidade jurídica do pedido, embora esta última não conste expressamente na disciplina do Novo Código de Processo Civil e seja por alguns considerada não mais como uma condição da ação.
A legitimidade é ativa e passiva. Ativamente, por regra, apenas o titular do direito material pode pleitear em seu nome, como consta do artigo 18 do NCPC. Colha-se:
Art. 18 Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico.
O interesse de agir se traduz na noção de que apenas por meio da prestação jurisdicional, corporificada pelo processo, que tem início com a ação, atingir-se-á a pretensão do autor. Está inscrito no artigo 17, que também faz referência à legitimidade:
Art. 17 Para postular em juízo, é necessário ter interesse e legitimidade.
Já a possibilidade jurídica do pedido se traduz na hipótese de que a Jurisdição poderá, sem impedimentos de fato (usucapião da Lua, por exemplo) ou de direito (pleitear que se mate alguém), atender à pretensão do autor, caso seja julgada procedente.
Assim, percebe-se que as condições da ação são essenciais à possibilidade de exercício perfeito do direito de ação. Sua inexistência acarreta a chamada carência de ação.
Embora autônomo e abstrato, o direito de ação está instrumentalmente ligado a uma pretensão sobre a qual deverá incidir a prestação jurisdicional invocada.
4. COMPETÊNCIA
4.1 CONCEITO DE COMPETÊNCIA
A competência é a medida e o limite da jurisdição, é a delimitação do poder jurisdicional.  
Sendo assim, torna-se evidente que um juiz não poderá julgar todas as causas e nem a jurisdição poderá ser exercida ilimitadamente por qualquer magistrado; sendo, portanto, o poder de aplicação do Direito a casos concretos, ou jurisdição, distribuído pela Constituição Federal e por Lei entre os diversos órgãos do judiciário, por meio da competência.
Consoante Júlio Fabbrini Mirabete, essa distribuição baseia-se em dois elementos, a saber: a causa criminal – em que a competência é delimitada tendo em vista a natureza do litígio, é determinada conforme a causa a ser julgada (competência material). O segundo é o referente aos atos processuais, em que o poder de julgar é distribuído de acordo com as fases do processo, ou o objeto do juízo, ou o grau de jurisdição (competência funcional). (MIRABETE, 2008, p. 156)
Aqui já se sabe que a função de dizer o direito aplicável ao caso concreto é do Estado, a competência destina-se a fornecer os elementos necessários à descoberta de qual órgão integrante do Poder Judiciário é que estará apto (de acordo com as regras existentes) à resolução da lide.
Fernando Capez (2014) aduz que a competência é a delimitação do poder jurisdicional. Assim aponta quais casos serão julgados pelo respectivo órgão. Tornando-se assim verdadeira medida de extensão do poder de julgar.
A competência é regulamentada pela Constituição Federal, Constituições Estaduais, pelas Leis Complementares, Leis Ordinárias Federais (Código de Processo Penal) e Leis Ordinárias estaduais.
A Constituição dividiu o poder de julgar entre os diversos órgãos que compõem o Poder Judiciário considerando a natureza da lide, estabelecendo de um lado, as justiças especiais, quais sejam: Justiça do Trabalho, a Justiça Eleitoral e a Justiça Militar (competente para o julgamento dos crimes definidos pelo Código Penal Militar); de outro, a justiça comum que é composta pelos Tribunais e Juízes dos Estados, Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; e os juizados especiais federais ou estaduais.
A Constituição Federal, no seu artigo 109, fixou competência à Justiça Federal para processar e julgar determinadas matérias, sendo a competência da Justiça Comum estadual, em regra, fixada por exclusão; isto é, o que não for de competência das justiças especiais e da JustiçaFederal será de competência da Justiça Comum estadual.
O art. 69 do Código de Processo Penal estabelece sete critérios para a fixação da competência: I. Lugar da infração; II. Domicílio ou residência do réu; III. Natureza da infração; IV. Distribuição; V. Conexão ou continência; VI. Prevenção; VII. Prerrogativa de função.
Passa-se a seguir a esmiuçar algumas das hipóteses previstas na Lei Adjetiva Penal.
A competência na matéria penal é regulamentada pela Constituição Federal, Constituições Estaduais, pelas Leis Complementares, Leis Ordinárias Federais (temos como exemplo o Código de Processo Penal) e Leis Ordinárias estaduais.
A Constituição distribuiu o poder de julgar entre os diversos órgãos jurisdicionais levando-se em conta a natureza da lide; estabelecendo, expressamente, de um lado, as justiças especiais, quais sejam: Justiça do Trabalho (sem competência para a matéria penal), a Justiça Eleitoral (competente para o julgamento de crimes eleitorais e conexos, assim como os remédios constitucionais referentes a tais crimes) e a Justiça Militar (competente para o julgamento dos crimes definidos pelo Código Penal Militar); de outro, a justiça comum: Tribunais e Juízes dos Estados, Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; e os juizados especiais ou de pequenas causas federais e estaduais.
A Constituição da República Federativa do Brasil, em seu artigo 109, fixou competência à Justiça Federal para processar e julgar determinadas matérias, sendo a competência da Justiça Comum estadual, em regra, fixada por exclusão; isto é, o que não for de competência das justiças especiais e da Justiça Federal será de competência da Justiça Comum estadual.
O Código de Processo Penal, por sua vez, no campo infraconstitucional, elenca, em seu artigo 69, os parâmetros de fixação de competência:
Art. 69. Determinará a competência jurisdicional:
I - o lugar da infração;
II - o domicílio ou residência do réu;
III - a natureza da infração;
IV - a distribuição;
V - a conexão ou continência;
VI - a prevenção;
VII - a prerrogativa de função.
4.2 CRITÉRIOS DETERMINANTES DA COMPETÊNCIA
Os critérios que o legislador levou em conta para a distribuição de competência são o da soberania nacional, o da hierarquia e atribuições dos órgãos jurisdicionais (critério funcional), o da natureza ou valor da causa e o das pessoas envolvidas no litígio (critério objetivo), e os dos limites territoriais que cada órgão judicial exerce a atividade jurisdicional (critério territorial).
- Territorial: Circunscrição geográfica. É o critério de foro. Encontrado no CPC.
- Material: É o objeto litigioso, o objeto que estar sendo discutido. Exemplo: causa de família, ou de trânsito, etc. Encontrado nas LOJ’s dos estados federativos.
- Valor da causa: Poderá ser um critério de determinação de competência, é um dos motivos da obrigatoriedade do valor da causa na inicial. Encontra-se nas LOJ’s.
- Funcional ou hierárquico: Gerará a competência originária. Em razão da função ou hierarquia move-se a causa no tribunal, por exemplo. Encontra-se na Constituição Federal para a competência do STJ e STF e para os Tribunais de Justiça encontra-se nas LOJ’s.
As competências territoriais e em relação ao valor da causa são de competência relativa e as competências material e funcional são de competência absoluta.
A competência relativa pode ser modificada pela vontade das partes, a competência absoluta não pode.
Se o juízo incompetente julgar e for competência absoluta é invalido o julgamento, competência absoluta não preclui, pois é matéria de ordem pública.
O primeiro critério que deve ser analisado na determinação da competência se refere ao lugar, posto que no que diz respeito ao processo penal, devera ser o lugar onde ocorreu a infração penal, já que será considerada a facilidade de coleta do material que for objeto do crime, para a possível produção de provas que serão utilizadas no processo.
Assim, e de acordo com Nucci (2014, p. 227) o lugar da infração é, como regra, o foro competente para ser julgada a causa, pois é o local onde a infração penal ocorreu, atingido o resultado, perturbando a tranquilidade social e abalando a paz e o sossego da comunidade, como previsto no art. 70 do Código de Processo Penal.
Como o Código Penal adotou a teoria da ubiquidade quanto ao lugar no crime, definindo como lugar o local da ação como o do resultado, conforme Eugênio Pacceli (2013, p. 287) também entende, deve-se aceitar como foro competente ambos os lugares, isto é, o da ação, como o do resultado, e claro quando a infração penal comportar essa divisão entre ação e resultado. Havendo conflito, dirime-se pela prevenção, ou seja, torna-se competente o primeiro juiz que conhecer do feito.
Subsidiariamente, quando não se tem certeza do lugar onde a infração se consumou, utiliza-se a regra do domicílio ou residência do acusado. Desse modo, é o chamado foro supletivo ou foro subsidiário.
Dá-se esse tipo de competência quando não se sabe o local da infração, e nos crimes de ação penal privada, pode o ofendido usar da faculdade de demandar o agente no domicílio deste, o que causa, dependendo das hipóteses, melhor comodidade em sua defesa.
A prevenção da competência pode ser identificada quando houver dois ou mais magistrados que forem proporcionalmente competentes, para julgar a lide.
Será considerado o juiz prevento, aquele que tomar conhecimento da realizada infração penal com antecedência de qualquer outro juiz que goze de igual competência, sendo ainda imprescindível que determine alguma medida ou realize algum ato.
A competência ratione materiae, por sua vez, é estabelecida em razão da natureza do delito cometido. Assim como a distribuição, este não é um critério de fixação de foro, tendo ele o escopo encontrar o juízo, mais claramente o órgão a que compete o processo e julgamento da infração.
O critério de competência em razão da matéria é regulado pelas leis de organização judiciária, excetuada a competência privativa do Tribunal do Júri que, por determinação constitucional, possui a competência de processar e julgar os crimes dolosos contra a vida. A competência do Júri, além de ser ressalvada no artigo 74 do Código de Processo Penal, está estabelecida no artigo 5º, XXXVIII, d, da Constituição Federal e jamais uma lei ordinária poderia alterá-la.
A prerrogativa de função também é fator determinante da competência penal. Como referido anteriormente, esta é uma previsão de competência originária dos Órgãos Jurisdicionais Superiores, a qual a estes órgãos compete o processo e julgamento de determinadas pessoas. Esta competência denominada ratione personae, entretanto, não é uma competência estabelecida em razão de uma certa pessoa, mas sim em função do cargo exercido por ela. O foro especial é determinado em razão da importância da função que a pessoa desempenha.
4.3 INCOMPETÊNCIA RELATIVA E ABSOLUTA
As regras de competência submetem-se a regimes jurídicos diversos, conforme se trate de regra fixada para atender somente ao interesse público, denominada de regra de incompetência absoluta, e para atender predominantemente ao interesse particular, a regra de incompetência relativa.
A incompetência é defeito processual que, em regra, não leva à extinção o processo, mesmo tratando-se de incompetência absoluta, salvo nas excepcionais hipóteses do inciso III do art. 51 da Lei n.9.099/95 (juizados Especiais Cíveis), da incompetência internacional (arts. 88-89 do CPC) e do § 1º do art. 21 do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.
A incompetência quando absoluta pode ser alegada a qualquer tempo, por qualquer das partes, em sede de preliminar à contestação, e, quando relativa, mediante exceção. Se absoluta, o juiz poderá reconhecê-la de ofício (CPC, art. 113), independentemente da alegação da parte, remetem-se os autos ao juiz competente e reputam-se nulos os atos decisórios já praticados, e, se relativa (CPC, art. 112), somente se acolher a exceção de incompetência, remeterá o juiz o processo para o juízo competentepara apreciar a questão, que terá duas opções: reconhecer sua competência ou divergir, declarando-se igualmente incompetente, suscitando o conflito de competência (CPC, art. 115, II), e não se anulam os atos decisórios já praticados.
Na incompetência absoluta, responderá integralmente pelas custas, a parte que deixar de alegar na primeira oportunidade em que lhe couber falar nos autos responderá integralmente pelas custas, na relativa, o juiz não pode reconhecê-la de ofício (Sumula 33 do STJ).
Costuma-se chamar de absoluta a hipótese de fixação de competência que não admite prorrogação, isto é, o processo não pode “fugir” do juiz que fora originariamente designado pela Constituição ou leis anteriores. Se enquadra no conceito de competência absoluta a que for em razão da matéria e em razão da prerrogativa de função.
A competência relativa se dá quando admite prorrogação. Caso a incompetência do foro não seja alegada no tempo adequado, considera-se competente o juízo que conduz o feito, sem ser possível alegação posterior de nulidade. Nesse sentido se insere a competência territorial.
5. CONCLUSÃO
Este trabalho trouxe um estudo sobre a jurisdição, que é o poder do Estado para intervir em soluções de conflitos na sociedade. Tal intervenção se dá de várias maneiras, seja na edição de leis, no julgamento das lides e quaisquer outros meios que os órgãos jurisdicionais julguem necessários para este fim.
Para um estudo detalhado, este estudo abordou o conceito, objetivos, princípios e classificação da jurisdição.
Verificamos as características, os princípios e as espécies que regem a jurisdição e seus desdobramentos nas relações processuais. Observamos que a jurisdição não pode incidir sobre todos os tipos de demanda, logo, para que haja uma delimitação para a atuação dessa jurisdição o legislador disciplinou regras sobre competência.
Em um segundo momento, tratou-se da ação, também trazendo seu conceito, a relação jurídico-processual, as condições legais para que haja ação, a classificação e os elementos essenciais à proposição de ação. Podemos definir a ação como um direito que todos temos de pedir ao Estado a prestação de sua atividade jurisdicional em um caso concreto. É o direito de você defender, ou conceder ao Estado esse direito, de defender sua pretensão.
Por fim houve ainda uma explanação sobre competência, e a explicação a cerca de incompetência relativa e absoluta de acordo com a legislação brasileira. Passa-se à análise do instituto da competência conceituando-a como a qualidade legítima da autoridade pública de apreciar e julgar um pleito ou questão dentro de uma determinada divisão judiciária. Após, demonstra-se suas modalidades (absoluta/ relativa) e suas hipóteses de modificação.
Desta forma pode-se concluir pela relevância do estudo para uma real compreensão dos temas aqui explorados, contribuindo para o aperfeiçoamento acadêmico/intelectual como também meio de auxiliar na práxis jurídica.
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