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ENG 1007 - INTRODUÇÃO À MECÂNICA DOS SÓLIDOS 27/08/12 Turmas A e B – Prof. Ney Augusto Dumont 1 ANÁLISE DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES 1. Barra submetida a tração Lei de Hooke A relação entre tensão e deformação, no caso de uma barra submetida a esforços moderados de tração, Figura 1.1, pode normalmente ser expressa por x xE (1) onde: x P A = tensão devida a uma força P atuando normalmente a uma superfície A. x xd dx = deformação de um elemento infinitesimal de comprimento dx , quando sofre um alongamento infinitesimal d x . E = constante de proporcionalidade conhecida como módulo de elasticidade do material. Figura 1.1: Barra submetida a tração. A equação acima é denominada Lei de Hooke, em homenagem ao cientista inglês Thomas Hooke (1635-1703), que foi o primeiro a estabelecer experimentalmente que havia uma relação linear entre tensões e deformações, para praticamente todos os tipos de material, até um certo limite de solicitação. Em língua inglesa, o módulo de elasticidade é conhecido como módulo de Young, em homenagem ao cientista inglês que estudou o comportamento elástico das barras. A tensão máxima, para a qual esta lei se aplica, se chama tensão de escoamento do material. Para muitos materiais dúcteis, esta tensão é perfeitamente caracterizada experimentalmente.. Há materiais dúcteis, como o alumínio, para o qual não se tem um patamar de escoamento definido. Para estes materiais, normalmente se convenciona uma tensão de escoamento como aquela correspondente a uma deformação específica do material 002,0x . Nos materiais dúcteis, a Lei de Hooke se aplica tanto para solicitações de tração quanto de compressão. Para materiais frágeis, não se pode falar exatamente em tensão de escoamento, mas a Lei de Hooke se aplica satisfatoriamente até limites estabelecidos experimentalmente. Além disso, materiais frágeis resistem bem menos a tração do que a compressão. Coeficiente de Poisson Quando uma barra é tracionada, o alongamento axial é acompanhado de uma contração lateral, isto é, a largura da barra torna-se menor e seu comprimento cresce, conforme se ilustra na Figura 1.2. A relação entre a deformação lateral y na direção y (negativa) e a deformação longitudinal x , para uma barra tracionada na direção x, é dada por y x xy (2) Da mesma forma, tem-se a relação entre a deformação lateral z na direção z (negativa) e a deformação longitudinal x , para uma barra tracionada na direção x, P P Dumont Rectangle ENG 1007 - INTRODUÇÃO À MECÂNICA DOS SÓLIDOS 27/08/12 Turmas A e B – Prof. Ney Augusto Dumont 2 z x xz (3) Para materiais que têm as mesmas propriedades elásticas em todas as direções, denominados de materiais isotrópicos, xy xz (4) Esta constante é denominada o coeficiente de Poisson do material. Figura 1.2: Contração lateral de um sólido em virtude de alongamento causado por uma força normal. Variação volumétrica A expressão da variação volumétrica de um corpo elástico será apresentada neste item, para que se possa compreender o significado físico do coeficiente de Poisson. Este tema será abordado novamente no item 6, num contexto mais amplo. O volume infinitesimal dV dxdydz de um corpo elástico submetido a deformações x , y e z , segundo suas três direções coordenadas, assume, após deformação, um valor dV d V dx dy dz dVx y z x y z ( ) ( ) ( ) ( )( )( )1 1 1 1 1 1 (5) Considerando que x , y e z são grandezas infinitesimais, produtos são infinitesimais de ordem superior, que podem ser desprezados na equação acima. Tem-se, então: dV d V dVx y z ( )1 (6) de onde se obtém que d V dVx y z ( ) (7) A variação total de volume de um corpo elástico é obtida por integração: dVVdV V zyx V (8) Esta expressão é completamente geral, para um estado múltiplo de tensões e deformações (ver item 6). Para o caso particular de tensão de tração x aplicada, tem-se , ,x x xx y x z x E E E (9) Portanto, a variação volumétrica obtida acima pode ser particularizada para d V dV dV E dVx y z x x ( ) ( ) ( ) 1 2 1 2 (10) O coeficiente de Poisson não pode, em princípio, ser negativo 1 . Como uma barra tracionada também não pode, por razão física, diminuir de volume, conclui-se da expressão acima que 0 0,5 (11) 1 Pode-se ter 0 para certos materiais estruturais. Em termos estritos, o valor mínimo de é dado pela equação (26), que tem que resultar em valor de G finito e positivo. Então, de fato, 1 0,5 . P P ENG 1007 - INTRODUÇÃO À MECÂNICA DOS SÓLIDOS 27/08/12 Turmas A e B – Prof. Ney Augusto Dumont 3 2. Estado multiaxial de tensões e deformações As deformações de um corpo elástico, para um estado múltiplo de tensões x y z, , , podem ser obtidas por uma superposição dos efeitos de cada uma das tensões normais, a partir da equação (9). Considere-se, a princípio, que as propriedades do material sejam diferentes segundo cada direção coordenada, isto é, que o material seja anisotrópico. Então, a superposição proposta fornece para as deformações em cada direção: x x x yx y y zx z z y y y zy z z xy x x z z z xz x x yz y y E E E E E E E E E (12) Esta expressão é didática, por permitir que se identifique claramente a superposição de efeitos empreendida a partir da equação (9). Ela é, no entanto, excessivamente geral, mesmo para o caso de anisotropia, e mereceria um estudo mais aprofundado. Para o caso mais simples e mais freqüente de isotropia, considera-se que haja apenas um módulo de elasticidade E e apenas um coeficiente de Poisson como característica mecânica do material, independentemente de direção. Com isto, tem-se, em lugar da equação acima, x x y z y y z x z z x y E E E E E E ( ) ( ) ( ) (13) Convém observar que o material, mesmo sendo isotrópico, pode não ser homogêneo, isto é, suas características mecânicas podem variar de ponto a ponto. Este caso de não- homogeneidade é muito freqüente, como acontece com os metais, quando ocorre o fenômeno de plastificação em certas regiões de um corpo inicialmente elástico, por excesso de tensões aplicadas ou de temperatura, por exemplo. 3. Tensões e deformações no cisalhamento A Figura 3.1a apresenta a ligação de uma chapa metálica, à esquerda, com duas chapas à direita, por meio de um pino. Submetendo esta ligação a forças de tração, há uma tendência de cisalhamento do pino, conforme se ilustra na Figura 3.1b. Figura 3.1: Pino submetido a forças de cisalhamento. Tensões de cisalhamento, como ilustradas nesta figura, podem ocorrer em qualquer corpo elástico, a depender do tipo de solicitação estática e do plano em que se considera que b) a) Dumont Rectangle ENG 1007 - INTRODUÇÃO À MECÂNICA DOS SÓLIDOS27/08/12 Turmas A e B – Prof. Ney Augusto Dumont 4 as tensões estejam atuando. Seja um paralelepípedo de dimensões infinitesimais, isolado de um corpo elástico submetido a tensões de cisalhamento, conforme a Fig. 3.2. Figura 3.2: Tensão e deformação de cisalhamento. Estas tensões de cisalhamento provocam uma distorção de forma do elemento infinitesimal, expressa por um ângulo , conforme a figura. Se o material for linearmente elástico, a deformação de cisalhamento, medida em cada um dos planos coordenados, será proporcional às tensões de cisalhamento atuantes. Para material isotrópico, esta proporcionalidade é a mesma em todas as direções: xy yx xy yz zy yz zx xz zx G G G (14) em que G é o módulo de elasticidade transversal do material. As equações (13) e (14) constituem a lei de Hooke generalizada, para o caso de material isotrópico. 4. Definição e exemplo de casos particulares de estados de tensão e de deformação Estado uniaxial de tensões Este é o caso de uma barra sob a ação de forças de tração ou de compressão. Sendo x o eixo longitudinal da barra, age sobre ela apenas a tensão x , como mostrado no item 1 e ilustrado na Figura 1.1. Isto significa que y z xy yz zx 0 . Além disso, xy yz zx 0 . As deformações x y ze, , neste caso, estão dadas em termos de x pela equação (9). Estado plano de tensões Este caso ocorre normalmente quando sólidos tridimensionais de pequena espessura na direção z (placas ou membranas) são submetidos a esforços que variam apenas no plano xy e podem ser considerados nulos na direção z, conforme ilustrado na Figura 4.1. As tensões atuantes são x , y e xy . Considera-se que z yz zx 0 . Tem-se também que yz zx 0 As outras deformações são obtidas a partir das tensões atuantes como um caso particular das equações (13) e (14): ENG 1007 - INTRODUÇÃO À MECÂNICA DOS SÓLIDOS 27/08/12 Turmas A e B – Prof. Ney Augusto Dumont 5 x x y y y x z x y E E E 1 1 ( ) ( ) ( ) (15) xy xy G (16) Figura 4.1: Sólido de pequena espessura (placa) submetido a um estado plano de tensões. Estado plano de deformações Este caso ocorre normalmente quando sólidos tridimensionais prismáticos de grande dimensão na direção z (barragem, muro ou túnel) são submetidos a esforços que variam apenas no plano xy e podem ser considerados constantes na direção z. A Figura 4.2a apresenta um muro de arrimo, para cuja análise somente se precisa selecionar uma fatia, conforme se esquematiza nas Figuras 4.2b e 4.2c. Figura 4.2: Muro de arrimo, em que há impedimento de deformação em uma das dimensões, para ilustração do estado plano de deformações de uma fatia genérica. Considera-se que estes sólidos estão impedidos de se deformar na direção z: z 0 . Tem-se também que yz zx 0 e, em conseqüência, yz zx 0 . As tensões atuantes são x , y e xy , além de z . Impondo-se na terceira das equações (13) que, por definição, z 0 , obtém-se o valor de z em função de x e y : z x y ( ) (17) que, substituída nas outras duas equações, fornece a) b) c) ENG 1007 - INTRODUÇÃO À MECÂNICA DOS SÓLIDOS 27/08/12 Turmas A e B – Prof. Ney Augusto Dumont 6 xyyyxx )1( 2 1 ,)1( 2 1 (18) Além disso, tem-se para as solicitações de cisalhamento: xy xy G (19) 5. Relação entre E, e G Seja um elemento de espessura constante e seção quadrada de lado 2 , submetido a um estado biaxial de tensões x e y ( xy = 0), conforme se mostra na Fig. 5.1. Sob efeito destas tensões, o elemento se deforma, conforme indicado na Fig. 5.2, sofrendo, além de uma variação volumétrica, uma mudança de forma, por efeito de tensões de cisalhamento que atuam sobre este elemento. As tensões de cisalhamento podem ser evidenciadas caso se considere o quadrado inscrito, cujos lados fazem ângulo de 45 0 com os eixos coordenados. As tensões de cisalhamento 45 , que atuam neste quadrado inscrito, podem ser obtidas em função de x e y , montando-se o equilíbrio de tensões em uma face qualquer (não nos interessa, no momento, o valor da tensão 45 ): 45 2 x y (20) Por outro lado, evidencia-se na Fig. 5.2a a configuração a b' ' que o segmento de reta ab assume após a deformação. Além de um alongamento (relacionado com a variação volumétrica do elemento), este segmento sofre uma rotação 2 , mostrada no prolongamento dos segmentos ab e a b' ' , em que é exatamente a distorção de forma sofrida pelo quadrado inscrito, conforme se depreende da figura. Pretende-se mostrar que este ângulo de distorção está relacionado geometricamente com os alongamentos. Fazendo-se uma translação do segmento de reta a b' ' , de maneira que os pontos a e a' coincidam, obtém-se um segmento de reta bb bb aa' ' ' ' , conforme ilustrado na Fig. 5.2b. Este segmento, projetado perpendicularmente ao segmento ab , resulta no segmento b c' ' mostrado na figura. Como, apesar do exagero da figura, trata-se na verdade de deformações infinitesimais, obtém-se do triângulo retângulo b''ac: x y x y Figura 5.1: Quadrado de lado 2 submetido a tensões normais de x e y . No quadrado inscrito, girado de 45 0 e de lado 2 , estão representadas as tensões 45 e 45 , em equilíbrio com x e y . ENG 1007 - INTRODUÇÃO À MECÂNICA DOS SÓLIDOS 27/08/12 Turmas A e B – Prof. Ney Augusto Dumont 7 2 cb bc2 cb bcab cb ac cb 2 tg 2 (21) Mas, pela Fig. 5.2b, 2 2 aabbcb (22) Além disso, tem-se por definição de deformação, de acordo com a Fig. 5.2a: bb aa x y ' ' (23) Figura 5.2: a) Configuração distorcida do elemento da Fig. 5.1. Um segmento de reta ab passa à configuração a b' ' . O ângulo formado por estes dois segmentos é 2 . b) Detalhe da figura principal, com translação do segmento a b' ' . Portanto, obtém-se das equações (21) a (23) a relação geométrica entre deformações, para a solicitação biaxial de tensões proposta na Fig. 5.1: x y (24) Por outro lado, tem-se a relação entre tensões e deformações, para este problema: G E 1 E 1 045 xyy yxx (25) Inserindo estes três valores na equação (24) e lançando mão da equação de equilíbrio (20), obtém-se finalmente a relação, válida para quaisquer valores de x e y : G E 2 1( ) (26) De acordo com os limites para o coeficiente de Poisson estabelecidos na equação (11), verifica-seque o módulo de elasticidade transversal G se situa entre os valores extremos /2 a b a' b' a) b) /2 bb aa' 'd i 2 2 aa' b b'' c 45 0 2 2 aabb ENG 1007 - INTRODUÇÃO À MECÂNICA DOS SÓLIDOS 27/08/12 Turmas A e B – Prof. Ney Augusto Dumont 8 G E 2 0 para (27) quando não há contração lateral em resposta a um alongamento, o que corresponde a uma variação máxima de volume do corpo elástico, e G E 3 0 5 para , (28) quando não há variação volumétrica do sólido. A Tabela 1 apresenta valores de algumas propriedades mecânicas típicas de materiais. 6. Variações de volume, área e comprimento Variação de volume Conforme já se deduziu no item 1, a expressão para variação de volume de um sólido submetido a um estado triaxial de tensões e deformações é V zyxV dVVdV (8) No item 1, esta fórmula foi particularizada para um estado uniaxial de tensões. Para um caso tridimensional de tensões, tem-se, a partir da equação (13): V zyx dV E 21 V (29) Como se vê, caso o coeficiente de Poisson seja igual a 0,5 este material é incompressível, não importa o estado de tensões. Para o caso particular de pressão hidrostática, x y z p (30) tem-se a expressão particular da equação (29) VV dV K p pdV E )21(3 V (31) em que K E 3 1 2( ) (32) se denomina o módulo de elasticidade volumétrica do material. Variação de área Da mesma forma como se deduziu a variação volumétrica de um corpo elástico, pode- se deduzir a variação de área de uma seção transversal do sólido. Tem-se, por exemplo, para um elemento infinitesimal de área contido num plano perpendicular ao eixo z: dA d A dx dy dAz z x y x y z ( ) ( ) ( )( )1 1 1 1 (33) Portanto, para deformações infinitesimais, já se integrando sobre toda a área transversal: zz A zyx A zz dAAdA (34) Dumont Rectangle ENG 1007 - INTRODUÇÃO À MECÂNICA DOS SÓLIDOS 27/08/12 Turmas A e B – Prof. Ney Augusto Dumont 9 Para um estado tridimensional de tensões, de acordo com a equação (13), esta variação de área se expressa: zA zzyxz dA E 2 E 1 A (35) Variação de comprimento Seguindo as deduções anteriores, pode-se expressar para um elemento infinitesimal de comprimento, medido por exemplo na direção x: dx d dxx x ( )1 (36) Com isto, a variação de comprimento do sólido na direção x é dada como xx L x L xx dxd (37) Para um estado tridimensional geral de tensões, esta equação se escreve xL zy x x dx EE (38) Esta expressão é mais geral que a equação (49) do item 8, que foi deduzida para um estado uniaxial de tensões. Convém observar a estrutura semelhante das equações (8), (34) e (37) deste item. Exercícios recomendados 6.1 [1] [P1 98.1] Um cilindro de borracha, de diâmetro d, é comprimido em um cilindro de aço, por uma força P (ver a figura). Determinar a pressão p entre a borracha e o aço, para P = 5 kN, d = 5 cm e o coeficiente de Poisson da borracha igual a 0,45. Resposta: 2 4 1 d P p . 6.2 [2] Um tubo de aço de L = 1,8 m de comprimento, d = 300 mm de diâmetro externo e t = 13 mm de espessura é usado como uma pequena coluna e suporta uma carga axial centrada P = 1335 kN. Determinar a variação de comprimento do tubo, a variação do diâmetro externo do tubo e a variação da espessura da parede do tubo. Considerar E = 210 GPa e = 0,3. Resposta (para t << d): tdE PL L , tE P d , dE P t . 6.3 [2] A barra de alumínio AD é ajustada a uma camisa, onde é aplicada uma pressão hidrostática de 40 MPa, no trecho BC de comprimento igual a 300 mm. Sabendo-se que E = 70 GPa e = 0,36, determinar: (a) a variação do comprimento total AD da barra, (b) a variação do diâmetro no ponto médio da barra. Resposta: (a) 0,1234 mm (b) –0,01389 mm. P d Dumont Rectangle Dumont Rectangle Dumont Rectangle ENG 1007 - INTRODUÇÃO À MECÂNICA DOS SÓLIDOS 27/08/12 Turmas A e B – Prof. Ney Augusto Dumont 10 6.4 [2] Para o problema anterior, determinar as forças que deverão ser aplicadas nas extremidades A e D da barra para que: (a) a deformação axial, na porção AB da barra, permaneça nula enquanto a pressão hidrostática estiver aplicada, (b) o comprimento total da barra AD permaneça invariável. Resposta: (a) 0 (b) 19,597 kN 6.5 [2] [P1 99.1] Um bloco cilíndrico de latão, com 160 mm de altura e 120 mm de diâmetro, é deixado afundar no oceano até uma profundidade onde a pressão é 75 MPa. Sabendo-se que E = 105 GPa e = 0,35, determinar as variações de altura, diâmetro e volume do bloco. Resposta: h = -34,3 m , d = -25,71 m , V = -1163 mm 3 6.6 [2] [P1 99.1] Para o bloco do problema anterior, determinar a pressão que pode ser aplicada: (a) somente nas suas faces de topo; (b) somente na sua superfície cilíndrica, para causar a mesma variação de volume causada pela pressão hidrostática. Em cada caso, encontrar também as variações correspondentes de altura e diâmetro do bloco. Resposta: (a) a = 225 MPa, h = -343 m , d = +90 m ; (b) b = 112,5 MPa, h = +120 m , d = -83,6 m 7. Estado de cisalhamento puro Considere-se novamente o estado biaxial de tensões apresentado no item 5, em que, particularmente, x y 0 (39) As Figs. 7.1a e 7.1b reapresentam as Figs. 5.1 e 5.2a, respectivamente, para este caso particular de tensões. Figura 7.1: a) Representação de um estado de cisalhamento puro, em termos de tensões normais dadas pela equação (39) e de tensões de cisalhamento num plano a 45 0 ; b) Representação da deformação sofrida pelo elemento, com mudança apenas de forma. Obtém-se, por equilíbrio, que as tensões de cisalhamento que agem num plano a 45 0 são 45 0 2 máx x y . (40) Além disso, as tensões normais neste plano são nulas, para este estado de tensões: 45 2 245 45 0 x ycos( ) sin( ) (41) 0 b) 0 0 0 a) 0 0 0 0 Dumont Rectangle Dumont Rectangle Dumont Rectangle ENG 1007 - INTRODUÇÃO À MECÂNICA DOS SÓLIDOS 27/08/12 Turmas A e B – Prof. Ney Augusto Dumont 11 O estado de tensões dado pela equação (39) é denominado estado de cisalhamento puro. Para este estado de tensões, não há variação de volume ou área, segundo as equações (29) e (35), desde que se tenha também z 0 . Exercícios recomendados 7.1 [2] Um amortecedor de vibrações consiste em dois blocos de borracha dura, coladas à placa AB, e dois suportes fixos, como indicado. Sabendo-se que a força de intensidade P = 26,7 kN causa uma deflexão vertical de 1,6 mm na placa AB, determinar o módulo de elasticidade transversal para a borracha usada. Resposta: 16,69 MPa. 7.2 [2] [P1 98.1] Um amortecedor de vibrações consiste em dois blocos de borracha, com um módulo de elasticidadetransversal G = 19 MPa, colados à placa AB, e dois suportes rígidos, conforme a figura do problema anterior. Expressando por P a intensidade da força aplicada à placa e por a deflexão correspondente, determinar a constante de mola efetiva P/ do sistema. P/ = 19 MN/m. 7.3 [2] Dois blocos de borracha com um módulo de elasticidade transversal G = 12 MPa são colados aos suportes rígidos e à placa AB. Sabendo-se que c = 100 mm e P = 45 kN, determinar as menores dimensões para a e b dos blocos, se a tensão de cisalhamento para a borracha não deve exceder a 1,45 MPa e a deflexão da placa deve ser pelo menos de 4,7 mm. a = 39 mm, b = 155 mm. 7.4 [2] Um suporte isolador de vibração consiste em uma barra A de raio R1 = 10 mm e um tubo B de raio interno R2 = 25 mm, fixados a um tubo de borracha central de 80 mm de comprimento e com módulo de elasticidade transversal G = 12 MPa. Determinar a maior força P admissível que pode ser aplicada à barra A, sendo que a deflexão não pode exceder a 2,5 mm. Resposta: 16,46 kN. a a c b P A ENG 1007 - INTRODUÇÃO À MECÂNICA DOS SÓLIDOS 27/08/12 Turmas A e B – Prof. Ney Augusto Dumont 12 7.5 [2] [P1 99.1] Um bloco de plástico é colado a um suporte rígido e a uma placa vertical, também rígida, na qual se aplica uma carga P = 240 kN. O módulo de elasticidade transversal do plástico é G = 1050 MPa. Determinar a) a deflexão da placa; b) as tensões máximas de tração, compressão e cisalhamento que ocorrem no bloco; c) a dilatação volumétrica do bloco. Resposta: a) = 1,19 mm; b) máx = 25 MPa, mín = -25 MPa máx = 25 MPa; c) V = 0. 8. Deformações devidas a variação de temperatura Quando um corpo sólido, livre para se deformar, é submetido a uma variação T de temperatura, cada uma de suas três dimensões aumenta numa proporção direta de T . Seja x a dimensão inicial do sólido na direção coordenada x. Devido a variação de temperatura, x sofrerá um aumento x expresso como x x x T (42) onde x é o coeficiente de dilatação térmica do material na direção x. Para variações de temperatura não muito grandes, este coeficiente independe da temperatura atuante no corpo. Se o material é anisotrópico, o coeficiente de dilatação térmica assume valores diferentes para cada direção. Para material isotrópico, no entanto, pode-se considerar um único coeficiente , independentemente de direção. Cada material tem o seu coeficiente de dilatação térmica, que deve ser medido experimentalmente, para um dado intervalo de temperatura. A Tabela 1 apresenta alguns destes valores, para variações de temperatura usuais em condições ambientes. Considerando-se material isotrópico, pode-se aplicar a fórmula acima para expressar a deformação causada na direção x pela variação de temperatura: x temp x x x T( ) lim 0 (43) De maneira geral, pode-se reescrever a equação (13) da seguinte forma, para a consideração conjunta dos efeitos de tensões e variação de temperatura: x x y z y y z x z z x y E E T E E T E E T ( ) ( ) ( ) (44) Convém observar que, num corpo sólido livre para se deformar, a variação de temperatura provoca apenas variação de volume (as deformações de distorção xy, yz, zx são nulas). De acordo com a fórmula acima e a equação (8), pode-se escrever a expressão de variação de volume de um corpo sólido, para uma variação de temperatura: Dumont Rectangle ENG 1007 - INTRODUÇÃO À MECÂNICA DOS SÓLIDOS 27/08/12 Turmas A e B – Prof. Ney Augusto Dumont 13 VV )T(zyx)T( TdV3dVV (45) Analogamente, a equação (34) fornece para uma área Az submetida a variação de temperatura: V zA z)T(yx)T(z TdA2dAA z (46) Quando um corpo sólido é livre para se deformar, a variação de temperatura não provoca tensões, apenas deformações. Tensões podem surgir somente indiretamente, pelo efeito das restrições sobre o corpo sólidos, impedindo-o de se deformar. Este caso é estudado no item 9, para barras estaticamente indeterminadas. 9. Análise de barras carregadas axialmente Alongamento De acordo com definição de deformação e da lei de Hooke, conforme o item 1, a variação d x do comprimento de um elemento infinitesimal dx de uma barra submetida a uma força axial P(x) pode ser expressa como d dx E x dx P x E x A x dxx x x ( ) ( ) ( ) ( ) (47) Portanto, o alongamento total de uma barra de comprimento inicial L se expressa: L 0 L 0 xx dx )x(A)x(E )x(P d (48) em que P(x), E(x) e A(x) são, em geral, funções da coordenada x. Se, e somente se, estas grandezas forem constantes, a equação acima pode ser escrita de forma simplificada EA PL dx EA P d L 0 L 0 xx (49) É comum uma barra ser composta por uma sucessão de trechos Li, ao longo dos quais se têm valores Pi, Ei e Ai constantes. Neste caso, a equação (48) pode ser escrita na forma x i i i ii P L E A (50) Variação volumétrica Este caso já foi estudado no item 1, para a interpretação física do coeficiente de Poisson. Exercícios recomendados 9.1 [1] Um fio longo está pendurado verticalmente e sujeito à ação do seu próprio peso. Calcular o maior comprimento que poderá ter sem causar rompimento se for de (a) aço e sendo a tensão de ruptura igual a 2400 MPa e (b) alumínio, tendo tensão de ruptura de 400 MPa. O peso específico do aço é 80 kN/m 3 e o do alumínio 27 kN/m 3 . Resposta: (a) 30 km (b) 14,815 km. 9.2 [1] Um tubo de aço ( e 280 MPa) deve suportar uma carga de compressão de 1,25 MN, com um coeficiente de segurança contra o escoamento de 1,8. Sabendo que a Dumont Rectangle Dumont Rectangle ENG 1007 - INTRODUÇÃO À MECÂNICA DOS SÓLIDOS 27/08/12 Turmas A e B – Prof. Ney Augusto Dumont 14 espessura da parede do tubo é um oitavo do diâmetro externo, calcular o diâmetro externo mínimo necessário. Resposta: d = 153 mm. 9.3 [1] Duas barras, AB e BC, (ver a figura) suportam uma carga vertical P. As barras são feitas do mesmo material e o comprimento, L, da horizontal BC é constante. Entretanto, o ângulo pode variar pelo movimento vertical do ponto A, alterando-se o comprimento de AB para corresponder às novas posições. Supondo que as tensões admissíveis, à tração e à compressão, sejam iguais e que as barras sejam carregadas até este valor, determinar o ângulo que dê à estrutura o peso mínimo. Resposta: '44542arctan 0 . 9.4 [1] Um peso P é suportado por um braço de comprimento L que gira sobre um plano horizontal, sem atrito, em torno de um eixo vertical (ver a figura). A velocidade angular do peso e do braço é constante, . Desprezando o peso do braço, estabelecer a fórmula para o cálculo da área da seção transversal do braço, considerando uma tensão admissível adm . Resposta: adm 2 g PLA . 9.5 [1] Resolver o problema anterior, agora considerando o peso do braço. Supor que o material do braço tenha o peso específico . Resposta: )Lg2( PL2A 22 adm 3 . 9.6 [1] Uma barra carregada, como na figura, tem a seção trasversal uniforme A e o módulo de elasticidade E. Obter uma fórmula para a deflexão da extremidade inferior. A barra alongará ou encurtará? Resposta: EA3 PL (alongamento). 9.7 [1] O pedestal visto na figura está sujeito às cargas P1 = 600 kN e P2 = 700 kN. O comprimento da parte superior é igual a 500 mm e a seção transversal é quadrada com 75 mm de lado. A parte inferior tem b = 750 mm e seção quadrada cujo lado é igual a 125 mm. Sabendo que E = 200 GPa, achar: (a) a deflexão do topo do pedestal; (b) a relação entre as deformações axiais unitárias das partes superior e inferior. Resposta: (a) = 0,579 mm; (b) 1,282. A C B L P L L L/3 L/3 L/3 P 2P 2P a b P1 P2 Dumont Rectangle Dumont Rectangle Dumont Rectangle Dumont Rectangle ENG 1007 - INTRODUÇÃO À MECÂNICA DOS SÓLIDOS 27/08/12 Turmas A e B – Prof. Ney Augusto Dumont 15 9.8 [1] Uma barra de aço com 3 m de comprimento tem seção transversal circular com d1 = 20 mm, em metade do seu comprimento, e d2 = 15 mm na outra metade. (a) Quanto se alongará sob uma carga de tração P = 25 kN? (b) Se o mesmo volume de material for usado numa barra de 3 m de comprimento e diâmetro d constante, qual será a deformação desta barra sujeita à mesma carga anterior? Fazer E = 210 GPa. Resposta: (a) 1,579 mm (b) 1,455 mm. 9.9 [1] Estabelecer uma fórmula para o cálculo do alongamento total de uma barra prismática, de comprimento L e seção transversal com área A, pendurada verticalmente por uma extremidade e sujeita à ação de seu próprio peso. Supor P o peso total da barra. Resposta: EA2 PL . 9.10 [1] Uma barra de aço, uniforme, apoiada sobre um plano horizontal, mede 5 m. Calcular seu alongamento quando suspensa verticalmente por uma extremidade. Fazer E = 210 GPa e peso específico 3m/kN80 . Resposta: 0,004762 mm. 9.11 [1] Uma barra de comprimento L gira num plano horizontal, em torno de um eixo vertical, com velocidade angular (ver a figura do problema 9.4). A área da seção transversal da barra é A e o peso da barra é P1. Um peso P é preso à extremidade da barra. Calcular o alongamento que ocorre. Resposta: )P3P( gEA3 L 1 22 . 9.12 [1] Uma barra de seção transversal retangular, variável com espessura e constante, suporta uma força P. A largura da barra varia linearmente de b1, no suporte, até b2 na extremidade livre. Estabelecer a fórmula para o cálculo do alongamento devido à ação de P. Resposta: 2 1 21 b b ln )bb(E PL e . 9.13 [1] No problema precedente, estabelecer a fórmula para o acréscimo V do volume da barra. Resposta: )21( E PL V . 9.14 [1] [P1 98.1] Uma barra de aço (E = 210 GPa), com a forma de um tronco de cone de seção transversal circular, comprimento L = 3 m, suporta uma carga de tração P = 50 kN. Na extremidade maior, o diâmetro é d1 = 50 mm e na menor d2 = 25 mm. Calcular o alongamento da barra devido à força P. Resposta: = 0,728 mm. 9.15 [2] Seja um parabolóide de revolução homogêneo, de altura h, peso específico e módulo de elasticidade E. Determinar a deflexão do cume do parabolóide e a variação volume que o seu próprio peso acarreta. Resposta: E4 h2 , E3 h )21( V V . 9.16 [2] Resolva o problema acima considerando que o sólido tem a forma de um cone circular. Resposta: E6 h2 , E4 h )21( V V . Variação de temperatura Este assunto foi apresentado no item 8 desta apostila. Os exercícios recomendados estão relacionados com o próximo item. Dumont Rectangle Dumont Rectangle ENG 1007 - INTRODUÇÃO À MECÂNICA DOS SÓLIDOS 27/08/12 Turmas A e B – Prof. Ney Augusto Dumont 16 10. Barras estaticamente indeterminadas Neste curso, sempre se admitiu que as forças que atuam numa estrutura podem ser calculadas a partir apenas de equações de equilíbrio. Tais estruturas são denominadas de estaticamente determinadas. Há casos, porém, em que as equações de equilíbrio não são suficientes para a determinação de todas as forças e reações numa estrutura. Para estes casos, de estruturas estaticamente indeterminadas, as forças e as reações de apoio só podem ser calculadas se as deformações forem levadas em conta. A maior parte das estruturas é estaticamente indeterminada. O estudo de tais estruturas é objeto de várias disciplinas da engenharia civil e da mecânica. Neste item, será apresentada a análise de uma barra estaticamente indeterminada, para que o estudante tenha idéia de como os conceitos aprendidos até aqui se prestam a uma sistematização da análise de qualquer tipo de estrutura. A premissa básica para esta análise é que haja completa proporcionalidade entre solicitações (forças ou variação de temperatura aplicadas) e efeitos (reações de apoio, tensões, deformações, deslocamentos). Na verdade, mesmo quando não há esta proporcionalidade, como numa análise em regime elasto-plástico, ou para estruturas submetidas a grandes deslocamentos, pode-se empreender uma análise iterativa a partir de equações linearizadas, da mesma maneira que se usa o método de Newton-Raphson para resolver equações não- lineares. Havendo proporcionalidade entre solicitações e efeitos, uma estrutura pode ser analisada para efeitos, ou conjuntos de efeitos, considerados isoladamente, fazendo-se posteriormente uma superposição de todos os resultados. Uma aplicação conveniente do princípio da superposição dos efeitos permite que se combinem equações de equilíbrio com equações de deformação, para que se avaliem as incógnitas de interesse, numa análise estrutural. Seja a barra da Figura 9.1a, que tem seção transversal variável e peso específico . Esta barra foi presa a suportes rígidos em suas extremidades A e B, quando ainda estava em posição horizontal, e em seguida colocada na posição vertical, juntamente com os seus suportes, conforme indicado na figura. Nesta posição vertical, a tendência da barra é de se deformar, diminuindo seu comprimento. Como os apoios estão completamente fixos, vão surgir reações RA e RB. Seja V o volume total da barra. Então, por uma questão de equilíbrio de todas as forças verticais, tem-se VRR BA (51) Esta é a única equação de equilíbrio que se pode estabelecer, para a determinação das reações RA e RB, incógnitas do nosso problema. (As equações de equilíbrio das forças horizontais e de equilíbrio de momentos estão trivialmente satisfeitas.) Para que se entenda o problema de maneira mais geral ainda, suponha-se que a barra da Figura 9.1a também tenha sido submetida a uma variação de temperatura T , após ter sido fixada nos apoios. O fato de ter havido uma variação de temperatura não afeta a equação de equilíbrio da equação (51), mas certamente afeta os valores corretos das reações RA e RB. Considere-se agora a análise da barra da Figura 9.1a como uma superposição de efeitos. Esta barra pode ser analisada pela superposição de dois efeitos, considerados separadamente, em duas etapas distintas, mas relacionados em seguida por uma condição de compatibilidade. Estes dois efeitos estão esquematizados nas Figuras 9.1b e 9.1c. A condição de compatibilidade está descrita na Figura 9.1d. Nas Figuras 9.1b e 9.1c, representa-se uma barra estaticamente determinada, obtida da Figura 9.1a pela retirada de um vínculo de apoio. No caso, retirou-se o apoio A. Não faria diferença retirar-se o apoio B (sugere-se que o estudante refaça o presente exercício desta maneira alternativa, para constatar que o resultadofinal será o mesmo). ENG 1007 - INTRODUÇÃO À MECÂNICA DOS SÓLIDOS 27/08/12 Turmas A e B – Prof. Ney Augusto Dumont 17 A primeira etapa, denominada etapa 0, esquematizada na Figura 9.1b, considera aplicadas todas as solicitações externas (no caso, peso próprio e variação de temperatura), com ausência da reação de apoio RA. Para esta etapa, tem-se o valor da reação de apoio em B: Figura 9.1: Estrutura estaticamente indeterminada resolvida como a superposição dos efeitos de duas etapas, com a imposição complementar de que o deslocamento no topo seja nulo. VR )0(B (52) O valor do deslocamento na extremidade A, que está livre, já que RA(0) = 0, é dado por LTdx )x(AE )x(P L 0 10 (53) Nesta equação, usa-se 10 para caracterizar o deslocamento obtido na direção e no sentido da incógnita 1 (que é a reação de apoio RA) devido à aplicação de solicitações exclusivamente externas (índice 0). Considera-se positivo o deslocamento no mesmo sentido presumido para a reação de apoio RA, que é a incógnita primária do problema. Este deslocamento 10 pode ser positivo ou negativo, a depender dos valores das parcelas que compõem a equação. A força P(x) é, no caso, equivalente a todo o peso exercido pela parte da barra que está acima da ordenada x. Num caso geral, P(x) pode ser determinado por integração do peso de um volume infinitesimal d)(A)(dV , em que )(A é a área de uma seção transversal que dista da origem: x 0 x 0 d)(A)(dV)x(P (54) Tudo o que se precisa saber, para obter a expressão de P(x) e, portanto, de 10 na equação (53), é a expressão da variação da seção transversal da barra. Numa segunda etapa, denominada etapa 1, esquematizada na Figura 9.1c, considera-se que apenas a reação de apoio RA está aplicada. Em conseqüência, tem-se o valor da reação de apoio em B: A)1(B RR (55) e o valor do deslocamento na extremidade A, que está livre para se deslocar sob a ação de RA: A L 0 A11 R E)x(A dx R (56) = + + d) Condição de compatibilidade: 0R A1110 A B RB RA VR )0(B A)1(B RR RA T T 10 11RA a) Estrutura original b) Etapa 0: e T c) Etapa 1: RA L x, ENG 1007 - INTRODUÇÃO À MECÂNICA DOS SÓLIDOS 27/08/12 Turmas A e B – Prof. Ney Augusto Dumont 18 em que 11 é o valor do alongamento medido na direção e sentido da incógnita 1 para valor unitário desta incógnita (RA = 1). Mas, na verdade, conforme se tem na Figura 9.1a, a extremidade A é indeslocável. Portanto, para que as etapas 0 e 1, superpostas, resultem no problema proposto, é necessário que a condição de compatibilidade de deslocamentos da extremidade A seja satisfeita: 0R A1110 (57) de onde se obtém que 11 10 AR (58) em que 10 e 11 estão definidos nas equações (53) e (56), respectivamente. Uma vez obtido o valor da reação de apoio RA, da equação acima, obtém-se o valor da reação de apoio em B, pela superposição dos valores calculados nas etapas 0 e 1, equações (52) e (55): A)1(B)0(BB RVRRR (59) que está de acordo com a equação de equilíbrio (51). Resolveu-se, por uma superposição de efeitos, um problema estaticamente indeterminado. O método que se apresentou é completamente geral e se presta mesmo no caso de existirem mais de uma indeterminação. Como a incógnita primária do problema foi uma força, este método é denominado método das forças. É possível formular este mesmo problema tendo como incógnita primária um deslocamento, quando se teria o método dos deslocamentos. Neste curso, sempre que necessário, será aplicado o princípio da superposição dos efeitos dentro do método das forças, como apresentado. Exercícios recomendados 10.1. Calcular as reações de apoio da Figura 9.1, sabendo que se trata de uma barra de comprimento L = 50 cm e seção quadrada de lado d que varia linearmente desde dA = 5 cm na extremidade A até dB = 10 cm na extremidade B. A barra está submetida a uma variação de temperatura T = 0,50C. O material tem módulo de elasticidade E = 70 GPa, peso específico = 50 kN/m3 e coeficiente de dilatação térmica = 10-5/0C. Resposta: RA = -1,7083 kN (para baixo), RB = 1,85417 kN (para cima). 10.2. Uma vez resolvido o problema anterior, calcular a variação volumétrica da barra, considerando o coeficiente de Poisson = 0,3. Resposta: V = 38,7 mm3. 10.3. [2] A barra AB da figura abaixo é de latão e a barra CD de alumínio (dados na Tabela 1). Sabendo-se que a 160C a fenda existente entre as duas extremidades é de 0,5 mm, determinar: (a) a tensão normal em cada barra, depois que a temperatura for aumentada para 800C; (b) a deformação da barra AB neste instante. Resposta: a) 45,0MPaAB , 25,3MPaAB ; b) -6851,3 10AB . A C B D 250 mm 250 mm 0,5 mm diâmetro = 75 mm diâmetro = 100 mm ENG 1007 - INTRODUÇÃO À MECÂNICA DOS SÓLIDOS 27/08/12 Turmas A e B – Prof. Ney Augusto Dumont 19 10.4. [1] Uma coluna de concreto armado, de seção quadrada, suporta uma carga axial de compressão P. Calcular a fração da carga suportada pelo concreto, sabendo que a área da seção transversal das barras de aço da armação é 1/10 do concreto e que o módulode elasticidade do aço é 10 vezes o do concreto. Resposta: metade. 10.5. [1] Uma barra com seção reduzida nas extremidades, como se vê na figura, está engastada em suportes rígidos e suporta forças P axiais e opostas. Calcular a tensão no meio da barra, supondo A1 = área da seção transversal nas extremidades e A2 = área da seção transversal na parte central. Resposta: 2 1 2 2 Pa aA bA . 10.6. [1] Uma barra de seção quadrada é formada por duas outras de materiais diferentes, tendo os módulos de elasticidade E1 e E2 (ver a figura). As seções transversais das barras são iguais. Supondo que as placas das extremidades sejam rígidas, estabelecer a fórmula para o cálculo da excentricidade e, de modo que ambas as barras tenham a mesma deformação. Resposta: 1 2 1 22 E Eb e E E . 10.7. [1] Os trilhos de uma estrada de ferro são soldados quando a temperatura é de 100C. Calcular as tensões que se desenvolverão nos trilhos quando o aquecimento pelo calor do sol atingir 500C (dados do aço na Tabela 1). Resposta: 98 MPa (compressão). 10.8. [1] Três barras de aço, paralelas e adjacentes, devem juntas suportar uma carga de tração P = 1,2 MN. A área da seção transversal de cada barra é 3500 mm2 e o comprimento 6 m. Se a barra do meio fosse acidentalmente encurtada de 0,75 mm, qual seria a tensão nessa barra quando a carga P fosse aplicada? Resposta: 131,8 MPa. 10.9. [1] Um cabo vertical, de comprimento L, sofre na montagem uma tração inicial de 7,5 kN. Subseqüentemente, coloca-se um peso de 10 kN neste cabo, em um ponto situado a uma altura h em relação à base. Investigar as forças no cabo quando h variar de 0 a L, sabendo que o cabo não pode suportar carga de compressão. Resposta: se 0,25h L , então 10 2,5N h L kN no trecho 0 x h e 10 7,5N h L kN no trecho h x L ; se 0,25h L , então 0N no trecho 0 x h e 10N kN no trecho h x L ; 10.10. [1] Uma barra bimetálica, formada por três lâminas, uma central de cobre e duas externas de aço, é aquecida uniformementeaté T 0 C. Supondo que a largura das barras seja b, o comprimento L e a espessura de cada lâmina e, calcular as tensões no aço e no cobre. Resposta: 2 c a c a a c a TE E E E , 2c a . P e P e a b b b a P P ENG 1007 - INTRODUÇÃO À MECÂNICA DOS SÓLIDOS 27/08/12 Turmas A e B – Prof. Ney Augusto Dumont 20 10.11. [1] O quadro que se vê na figura é formado por barras externas de alumínio e diagonais em fios de aço. As áreas das seções transversais das barras de alumínio e dos fios de aço estão na relação 20:1. Achar as tensões nos fios de aço, se a temperatura do quadro aumentar 450C. Resposta: 84,6 MPa. 10.12. [1] Uma barra de alumínio, de seção circular com diâmetro de 44 mm, ajusta-se no interior de um tubo de cobre de igual comprimento. O diâmetro externo do tubo é de 50 mm e o interno 45 mm. Em cada extremidade um pino metálico, com 5 mm de diâmetro, atravessa a montagem radialmente. Calcular a tensão média de cisalhamento do pino quando a temperatura aumentar de 200C. Resposta: 71,1 MN. Referências bibliográficas [1] S. P. Timoshenko, J. E. Gere, Mecânica dos Sólidos, Livros Técnicos e Científicos Editora, 1994. [2] F. P. Beer, E. R. Johnston, Jr., Resistência dos Materiais, Makron Books, 3 a . edição, 1995 ENG 1007 - INTRODUÇÃO À MECÂNICA DOS SÓLIDOS 27/08/12 Turmas A e B – Prof. Ney Augusto Dumont 21 Tabela 1 – Propriedades mecânicas típicas de alguns materiais (adaptada de [1] e [2]) Material Massa específica (kg/m 3 ) Tensões de ruptura Tensões de escoamento Módulos de elasticidade Coeficiente de dilatação térmica (10 -6 / 0 C) Alongamento máximo (percentual Tração (MPa) Com- pressão (MPa) Cisalha- mento (MPa) Tração (MPa) Cisalha- mento (MPa) Longitudinal (GPa) Transversal (GPa) Aço 7860 300 a 700 300 a 700 210 a 600 210 84 11,7 18 Aço de alta resistência 7860 700 a 1960 700 a 1960 350 a 1500 210 84 11,7 8 Alumínio 2710 290 185 255 140 70 26 23,6 17 Latão 8470 540 300 435 250 105 39 20 8 Concreto 2320 0 20 a 70 20 a 30 10 3,5 Ferro fundido 7300 340 620 330 230 165 64 12,1 10 Magnésio 1800 380 165 275 45 26 7 Titânio 4460 900 825 114 9,5 10 Madeira (pinho) 520 a 600 1100 a 1600 450 a 750 15 a 17 12 a 15 Poliestireno 1050 48 90 55 3 72 4 Vidro plano 2500 24 a 6 60 a 125 65 a 80 950 ENG 1007 - INTRODUÇÃO À MECÂNICA DOS SÓLIDOS 27/08/12 Turmas A e B – Prof. Ney Augusto Dumont 22 ANEXO Consideração de seção transversal composta por vários materiais As fórmulas (47) – (50), apresentadas na apostila de Análise de Tensões e Deformações, consideram que a seção transversal da barra é feita de um único material. Faz- se a seguir um desenvolvimento mais geral, que estará de acordo com outros desenvolvimentos deste curso, para o caso de torção, flexão e cisalhamento de barras. Considera-se, portanto, que o módulo de elasticidade E varie nas direções x, y e z. Representa-se na Figura abaixo a seção transversal genérica de uma barra, com módulo de elasticidade E variável em y e z, submetida a tensões normais. Para este problema mais geral são apresentadas a seguir as equações de equilíbrio, constitutivas (lei de Hooke) e de geometria da deformação, numa generalização do que foi apresentado na Seção 9. Figura 1: Seção transversal de uma barra com sistema de coordenadas posicionado no centro de gravidade. Equações de equilíbrio O esforço normal P resultante que atua na seção é dado pela integral dAP A x (1) Por outro lado, como só estamos considerando esforços axiais, a resultante P das tensões normais x deve atuar no centro de gravidade da seção, ou seja, de tal modo que não haja momentos fletores em relação aos eixos y e z: 0 dAyM A xz (2) 0 dAzM A xy (3) Relação constitutiva É válida a lei de Hooke, para o estado uniaxial de tensões: xx E (4) Geometria da deformação Consideramos que, sob ação de uma força axial, a barra se deforma igualmente em toda a seção transversal, ou seja, x é independente de y e z, embora seja função da coordenada longitudinal x: 0 Azy xxx (5) ..GC z z y y dA ENG 1007 - INTRODUÇÃO À MECÂNICA DOS SÓLIDOS 27/08/12 Turmas A e B – Prof. Ney Augusto Dumont 23 Obtenção das equações que governam o problema Combinando as equações (1) e (4) tem-se dAEdAP A x A x (6) Mas, tendo em vista a equação (5), pode-se retirar x de dentro da integral: dAEP A x (7) Obtém-se portanto: dAE P A x (8) que permite expressar o alongamento da barra de comprimento L: L A L xx dAE dxP dx (9) Somente se E for constante na seção transversal poder-se-á escrever L L xx EA dxP dx (E constante em A) (10) Tem-se também a expressão genérica da tensão normal, a partir das equações (4) e (8): dAE EP E A xx (11) Somente se E for constante na seção transversal poder-se-á escrever A P E xx (12) Definição do centro de gravidade da seção transversal É interessante observar que as equações de momentos fletores nulos (2) e (3) fornecem, a partir da equação (11): 0 dAEy dAE P dAE dAEyP dAyM A AA A A xz (13) 0 dAEz dAE P dAE dAEzP dAzM A AA A A xy (14) De onde resulta 0,0 dAEzdAEy AA (15) significando que o centro de gravidade indicado na Figura 1 é obtido usando o módulo de elasticidade E como função de ponderação (como uma “densidade” do material). ENG 1007 - INTRODUÇÃO À MECÂNICA DOS SÓLIDOS 27/08/12 Turmas A e B – Prof. Ney Augusto Dumont 24 Exemplo 1 Seja a resolução do problema 10.5, aqui enunciado outra vez: Uma barra de seção quadrada é formada por duas outras de materiais diferentes, tendo os módulos de elasticidade E1 e E2 (ver a figura). As seções transversais das barras são iguais. Supondo que as placas das extremidades sejam rígidas, estabelecer a fórmula para o cálculo da excentricidade e, de modo que ambas as barras tenham a mesma deformação. Para que as duas barras se deformem igualmente, é preciso que a força P esteja aplicada no centro de gravidade da seção transversal composta, conforme representado ao lado. Seja ),( zy um sistema auxiliar de coordenadas, que passa exatamente pelo meio da seção, conforme indicado. Então, ezz , obtendo-se a equação de resultante de momento My nula, de acordo com a equação (15): 0)( dAEedAzEdAezEdAEz AAAA dAE dAzE e A A ou aEaE aEaE e bb 21 2221 21 21 2 EE EEb e Exemplo 2 Exercício da 2 a prova de 2004.1: Um tubo de aço é preenchido com concreto e sujeito a uma força compressiva P, aplicada a uma cobertura rígida em seu topo. Determine a tensão no aço devida a estecarregamento, sabendo que a tensão no concreto vale MPac 85,5 . O tubo de aço tem diâmetro externo de 80mm e interno de 70mm. Considere Eaço = 200GPa, Ec = 24GPa e 0 para ambos materiais. Tem-se, para a seção composta de concreto e aço: 2222 32798MPa.,0200)035,004,0(24035,0 mdAE A A tensão no concreto pode ser obtida diretamente da equação (11): 32798,0 24 85,5 P dAE EP MPa A c c MN799460,0 24 32798,085,5 P A tensão no aço vale, portanto, 32798,0 200079946,0 dAE EP A aço aço MPaaço 75,48 z e y b b a z y2 E 1E P 500mm concreto aço b b P P ee
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