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RESUMO DE BENS JURÍDICOS

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09/08/2018
Direito Civil – MH1
Professora Maria Helena Braceiro Daneluzzi
Aula 01
Bens Jurídicos
Conceito
Os bens jurídicos referem-se a bens exclusivamente patrimoniais, isto é, coisas materiais ou imateriais que possuem valor econômico. Há três pressupostos para que uma “coisa” tanto material ou imaterial, possa ser considerada um bem jurídico que são: A Idoneidade, que é a aptidão da coisa para despertar o interesse econômico; A gestão econômica autônoma, que é a expressão econômica do bem, a sua finalidade; A subordinação jurídica ao seu titular, só é bem jurídico aquilo que o homem pode dominar.
Bens são coisas materiais ou imateriais que têm valor econômico e que podem servir de objeto a uma relação jurídica (Agostinho Alvim).
Somente interessa ao direito as coisas (bens) que sejam úteis para satisfação das necessidades humanas. Os bens apropriados pelo homem (ou por pessoa jurídica) integram o seu patrimônio (complexo de relações jurídicas), fazendo surgir um vínculo jurídico denominado domínio.
Caracteres
Idoneidade para satisfazer um interesse econômico - para ser um bem jurídico o bem deve possuir um interesse econômico. Portanto, essa ideia exclui da noção de bem os elementos morais da personalidade (vida, honra, nome, liberdade), por não possuírem representação econômica.
Gestão econômica autônoma - o bem possui autonomia econômica, o que possibilita que se constitua como uma entidade econômica distinta.
Subordinação jurídica ao seu titular - o bem existe de forma autônoma, sendo subordinado ao domínio do homem. As coisas que não podem ser objeto de apropriação (as estrelas, o sol, o mar) não estão compreendidas nesse caractere.
Classificação dos Bens: 
O Código Civil adota quatro diferentes critérios para classificar os bens: 
a) 	Bens considerados em si mesmos (arts. 79 a 91): os bens são considerados em si mesmos, não importando sua relação com outros bens ou com seu titular. Importa para essa classificação a mobilidade, fungibilidade, consumibilidade, etc., do bem, sendo assim, móveis ou imóveis, fungíveis e consumíveis, divisíveis, singulares e coletivos.
b) 	Bens reciprocamente considerados (arts. 92 a 97): os bens são considerados em suas relações recíprocas. Importa para essa classificação distinguir entre coisa principal e coisa acessória.
c) 	Bens considerados em relação ao titular do domínio (arts. 98 a 103): os bens são considerados tendo em conta os sujeitos a que pertencem, sendo públicos e particulares. 
d) 	Bens considerados quanto à possibilidade de serem negociados: assim considerados os bens são divididos em bens no comércio, que podem ser transferidos (alienáveis) e fora do comércio que não podem ser transferidos (inalienáveis).
Bens Corpóreos e Incorpóreos
Os bens corpóreos são aqueles que possuem existência material tangível, como um celular, um caderno, um livro. Já os bens incorpóreos não possuem uma existência material palpável, como a propriedade intelectual. 
Bens Móveis e Imóveis 
Os bens Móveis são aqueles que podem se movimentar/serem transportados sem qualquer prejuízo a sua substância ou forma. 
“Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social.”[1: BRASIL. Lei n. 1046, 10 de Janeiro 2002. Código Civil/02. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/l10406.htm ]
Os bens Imóveis, ao contrário dos bens móveis, são imobilizados, presos ao solo, assim não sendo possível a deslocação sem prejudicar a sua substância ou forma. 
“Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente.”[2: BRASIL. Lei n. 1046, 10 de Janeiro 2002. Código Civil/02. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/l10406.htm]
Para fazer a distinção dos bens móveis e imóveis é necessário analisar qual é a funcionalidade desses bens, podendo eles serem imóveis por natureza, isto é, tudo que é incorporado ao solo naturalmente como as árvores e os frutos dependentes; imóveis por determinação legal é quando a lei determina que aquele bem é imóvel, por exemplo o art. 80 do CC: 
“Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais:
I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram;
II - o direito à sucessão aberta.”
Imóveis por acessão física que é aquilo que o homem incorpora artificialmente e permanentemente ao solo, tal como edifícios e construções; imóveis por acessão intelectual são todos os bens móveis que se destina principalmente a prestar serviços ao imóvel. Se o imóvel for alienado, o bem móvel não o acompanha, somente se for determinado em contrato, desse modo são classificados como “pertenças” no art. 93 do Código Civil:
“Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro.”
Os bens móveis também possuem subclassificações que servem para distingui-los dos bens imóveis que são: Os bens móveis por determinação legal, que são casos em que a lei determinam que aquele bem é móvel:
“Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais:
I - as energias que tenham valor econômico;
II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes;
III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.”
Os móveis por natureza, são bens que são suscetíveis de movimentação, sem que essa prejudique a sua forma ou substância; móveis por antecipação, são bens imóveis que por vontade humana podem se tornar móveis, por exemplo uma árvore destinadas a serem convertidas em lenha, frutos fora da árvore. 
Bens Fungíveis e Infungíveis 
Os bens fungíveis são aqueles que podem ser substituídos por outros de mesmo gênero, quantidade e qualidade, por exemplo dinheiro, folha de papel e etc. Em regra os bens móveis são fungíveis, porém segundo Silvio de Salvo Venosa “A vontade das partes não pode tornar fungíveis coisas infungíveis, por faltar praticidade material, mas a infungibilidade pode resultar de acordo de vontades ou das condições especiais da coisa, à qual, sendo fungível por natureza, se poderá atribuir o caráter de infungível. Assim, uma garrafa de vinho pode ser emprestada apenas para uma exposição: por vontade da parte, o que é fungível torna-se infungível, no empréstimo ad pompan vel ostentationem (para pompa ou ostentação).”[3: VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil 1 – Parte Geral. 17ª edição]
Já os bens infungíveis são aqueles que não admitem substituição por outro de mesmo gênero, quantidade e qualidade. 
“Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade.”[4: BRASIL. Lei n. 1046, 10 de Janeiro 2002. Código Civil/02. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/l10406.htm]
Bens Consumíveis e Inconsumíveis 
Os bens consumíveis são aqueles que se esgotam logo no primeiro uso, por exemplo comida, dinheiro e etc. os bens inconsumíveis são aqueles que não se esgotam no primeiro uso, espera-se que esse tipo de bem tenha uma certa durabilidade, como por exemplo eletrodomésticos, roupas, eletroeletrônicos e dinheiro. Percebe-se que o dinheiro pode estar tanto no campo dos bens consumíveis como no campo dos bens inconsumíveis, pois para distinguir um bem nessa ocasião é necessário observar a finalidade. Nesse caso o dinheiro, nas mãos do consumidor é feito para ser gasto, sendo assim um bem consumível. O dinheiro produzido pela a casa da moeda visa a durabilidade da cédula ou moeda, por tanto sendo considerado inconsumível. Nesse caso temos a hipótese de consuntibilidade jurídica que é destinação econômica jurídica do bem. Não confundir consuntibilidade com fungibilidade, pois um bem que é consumível pode ser infungível. 
“Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação.”[5: BRASIL. Lei n. 1046, 10 de Janeiro 2002. Código Civil/02. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/l10406.htm]Bens Divisíveis e Indivisíveis 
São considerados divisíveis os bens que se fracionados de maneira igual e homogênea não sofrem prejuízo em suas qualidades essenciais. Por exemplo: partilha de herança, divisão de saca de café, loteamento de terra. 
Os bens indivisíveis podem ser assim considerados por natureza, isto é, quando não é possível dividir o bem sem alterar a sua substância ou valor, por exemplo dividir um quadro de um artista famoso, não é possível pois se assim fosse feito o quadro perderia o seu valor; por determinação legal, que são casos em que a lei declara a indivisibilidade do bem; por vontade das partes, quando as partes decidem tornar algo divisível em algo indivisível, por exemplo no caso de uma relação jurídica de um credor que emprestou determinada quantia de dinheiro um devedor e exigiu dele o pagamento total dessa quantia após um ano, o dinheiro em si é um bem divisível, poderia ser pago de maneira parcelada? Sim, porém por determinação do credor e com anuência do devedor, a quantia emprestada deverá ser paga de maneira integral, assim tornando um bem que inicialmente é divisível em bem indivisível. 
“Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam.
Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes.”[6: BRASIL. Lei n. 1046, 10 de Janeiro 2002. Código Civil/02. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/l10406.htm]
Bens Singulares e Coletivos 
São considerados bens singulares são aqueles que embora reunidos, são considerados por si só independentes dos demais, por exemplo um livro. 
São considerados bens coletivos aqueles que são constituídos por vários bens singulares que em conjunto formam um todo único, como por exemplo uma biblioteca que é constituída de vários livros que são bens singulares. Podem se apresentar como: Universalidade de fato, que é o conjunto de bens singulares, homogêneos e corpóreos unidos pela vontade humana; Universalidade de direito, que é constituída de bens corpóreos ou incorpóreos, heterogêneos, que são considerados unidade pela a norma jurídica, por exemplo patrimônio, herança, estabelecimento empresarial e etc. 
“Art. 89. São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos demais.
Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária.
Parágrafo único. Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de relações jurídicas próprias.
Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico.”[7: BRASIL. Lei n. 1046, 10 de Janeiro 2002. Código Civil/02. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/l10406.htm]

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