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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Morfologia e Classes Gramaticais Aula 1 Profª. Margarete Costa CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Conversa Inicial Você já parou para pensar em como nós falamos? Como organizamos nossa fala? Nós falamos por meio de letras, de palavras, de frases? Na realidade nossa fala é silábica, nós falamos juntando sílabas. Um jato de ar sai de nossos pulmões, passam pelas cordas vocais e produzem os diferentes sons. Mas isso é mecânico, é física. Vamos pensar em termos cognitivos. De uma forma extremamente rápida, nosso cérebro organiza um pensamento e o transforma em palavras que formam as frases que nós falamos. O processo mental é bastante complexo. Principalmente porque não pensamos com palavras. Quer um exemplo? Se eu pedisse para você imaginar algo, por exemplo, chocolate. O que vem em sua cabeça? Possivelmente uma barra de chocolate ou outra imagem similar. Acredito que você não pensou na junção das letras: Você não pensou na palavra e sim no objeto que a palavra representa, não é mesmo? Nesta rota, vamos estudar a palavra a conceituação e classificação do morfema. Começaremos com o que um morfema, em seguida estudaremos palavra e vocábulo, depois os conceitos básicos de morfologia e seus princípios teóricos. Veremos os tipos e a classificação dos morfemas. E no final de cada rota vamos propor atividades para realizar em sala de aula com os alunos sobre os temas abordados. No material online, a professora Margarete Costa apresenta os temas que serão abordados nesta aula. Confira! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 Contextualizando Quantas palavras há na Língua Portuguesa? Clique no link a seguir e leia uma interessante reportagem da revista Nova Escola. http://novaescola.org.br/lingua-portuguesa/fundamentos/possivel- calcular-quantas-palavras-surgem-dia-lingua-portuguesa-473887.shtml Mais interessante que saber quantas palavras há na Língua Portuguesa é saber que todas elas são divididas em apenas dez categorias nas classes de palavras. Não é muito fácil classificar as palavras, pois elas variam. Mas de acordo com a função que a palavra tem ou que exerce em uma frase, ela possui características que aproximam de seus pares, fazendo-a pertencer a uma determinada classe. A parte da gramática que examina as classes de palavras é a morfologia (morfo = forma, logia = estudo), isto é, o estudo da forma. Assim, na morfologia estudamos a forma da palavra e não as relações entre as palavras, o contexto em que são empregadas ou outros fatores que podem influenciá-la. Vamos saber mais sobre o assunto? No material online, a professora Margarete Costa contextualiza os conteúdos desta rota. Pesquise O que é morfema? Quando falamos ou escrevemos usamos letras, palavras, frases, sons entre outros recursos comunicativos. Durante a fala é relativamente difícil identificar estes elementos, pois estamos muitas vezes mais preocupados com CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 o significado do discurso da comunicação. Vamos ler um poema muito interessante no nosso querido poeta Mário Quintana: O poema fala, de uma forma simpática, que as pessoas ou coisas que nos atrapalham vão passar, retomando a máxima “tudo passa”, e Mário Quintana brinca com as palavras “passarão” e “passarinho”, que em seu duplo sentido mostra as amarras de um pássaro pesado, preso que não pode voar “passarão” e do passarinho que passa a ideia da liberdade, leveza e desprendimento do poeta. Porém, em relação a interpretação da poesia, devemos lembrar que ela é pessoal e que sua beleza deve ser degustada pelo leitor sem preocupações de entendimentos avançados. Vejamos o que o próprio autor diz sobre a intenção de descobrir o que ele disse: “A gente pensa uma coisa, acaba escrevendo outra e o leitor entende uma terceira coisa... e, enquanto se passa tudo isso, a coisa propriamente dita começa a desconfiar que não foi propriamente dita”. (QUINTANA, 2009) Vamos retomar o poema e analisar as possíveis divisões para análise: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 Você deve estar se perguntando, mas se eu consigo dividir o morfema em letras e fonemas como ele é “indivisível”? Ele é indivisível como unidade significativa. O morfema é a menor unidade portadora de significado dentro da língua. Veja as definições de morfema dos autores a seguir. André Martinet: a menor unidade do discurso provida de significado é o monema: o termo morfema foi atribuído às unidades significativas CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 mínimas gramaticais, enquanto os itens lexicais mínimos recebem o nome lexemas. Bernard Pottier: o morfema é dado como uma forma genérica, enquanto os termos específicos são denominados de gramema (no que diz respeito às unidades mínimas gramaticais) e lexemas (às unidades mínimas lexicais). Câmara Júnior: o termo morfema diz respeito às unidades gramaticais mínimas, enquanto as unidades lexicais mínimas são denominadas semantemas. Cintra e Cunha: os morfemas são as unidades significativas mínimas que, ao se unirem, compõem cada palavra, formando um todo semântico. Podemos sintetizar reafirmando que o morfema é a menor parte escrita que possui significado. Para entender melhor, analise o esquema a seguir: Raiz ou radical: constituinte que designa a ideia básica da palavra e, a partir do qual, novos vocábulos são formados. Tem formas livres (estruturas morfossintáticas independentes). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Afixos: constituinte que designa a ideia básica da palavra e, a partir do qual, novos vocábulos são formados. Formas presas que se ligam às formas livres. Prefixo: morfema que se posiciona à frente do radical. Forma presa ligada antes da raiz. Sufixo: morfema que se coloca após o radical. Forma presa ligada depois da raiz. Exemplos: Você deve ter percebido que uma simples letra pode ter muito significado. O “a” indica muitas vezes o feminino, o “s” indica plural. Em breve iremos estudar mais sobre isso. Leitura Obrigatória: Leia o artigo “O Estudo da Morfologia”, de Bárbara de Paula Stoian de Carvalho, disponível no link a seguir. http://www.portaleducacao.com.br/enem/artigos/14510/o-estudo-da- morfologia Saiba Mais: Aprofunde os seus conhecimentos sobre esse assunto lendo a matéria “Características que diferenciam alguns morfemas” e assistindo ao vídeo “Introdução ao estudo da morfologia, morfemas”. Ambos estão disponíveis nos links a seguir. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 http://brasilescola.uol.com.br/gramatica/caracteristicas-que-diferenciam- alguns-morfemas.htm https://www.youtube.com/watch?v=pYuya2bSMnc No material online, a professora Margarete Costa fala mais sobre o conceito de morfema. Não perca! Palavra e vocábulo O que é palavra? Palavra é uma junção de letras que representa algo. De acordo com Petter (2003, p. 59): a palavra é identificada como uma unidade formal da linguagem, que sozinha ou associada a outras, pode constituir um enunciado. A palavra é um conjunto de sons articulados que expressam ideias e são representados por uma grafia, formada por uma reunião de letras, que quando agrupadas formam as frases. As palavras são facilmenteidentificadas nos textos escritos, pois há todo um processo de espaçamento entre elas. Porém, na língua oral não existe tal espaçamento, como já foi dito, nós falamos por meio das sílabas. Por jatos de ar que passam pelas cordas vocais. Interessante notar que quando estamos com pressa nossa fala diferencia-se de quando estamos tranquilos e calmos. Os espaços na fala modificam-se. Veja alguns exemplos: As asas azuis → /azazazuis/ As rosas amarelas → /azrozazamarelas/ Palavra e vocábulo não são a mesma coisa? Não. Mas, então o que é vocábulo? Vocábulo é uma palavra considerada apenas quanto à forma, sem interesse no significado. O termo vocábulo procede do latim “voz”. Podemos considerar que toda palavra é um vocábulo, mas nem todo vocábulo é uma palavra. Isto é, são palavras apenas os vocábulos que possuam significado CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 lexical. Por exemplo, você sabe o que é ósculo? Se você sabe, ósculo, para você é uma palavra. Se você não sabe, ósculo é um vocábulo. (O significado dessa palavra é beijo). Um bom exemplo do uso de vocábulos são as antigas cartilhas, que se preocupavam em ensinar a escrever sem conhecer os significados das palavras. Veja um típico texto de cartilha: “ O dado é de Didi. Didi deu o dado a Dudu.” Aqui fica claro que a intenção é trabalhar com a letra “d”. Independentemente do significado dos termos, este é um texto voltado para os vocábulos e não para as palavras, pois não há uma preocupação em relação aos elementos do texto no contexto em que ele está inserido. O método de alfabetização de adultos elaborado por Paulo Freire, trabalhava exatamente ao contrário. Para Freire, a alfabetização é construída em três etapas, todas interativas e de participação conjunta de alunos e professores. Saiba mais sobre elas clicando nas palavras destacadas. Etapa de Investigação: onde ocorre a busca conjunta das palavras e temas mais significativos da vida do aluno, dentro de seu universo vocabular e da comunidade onde ele vive. Etapa de Tematização: quando ocorre a tomada de consciência do mundo, pela manipulação de conceitos e significados das palavras geradoras, chegando aos temas geradores que nortearão o processo. Etapa de Problematização: é quando o professor desafia e inspira o aluno a superar a visão mágica e acrítica do mundo, para uma postura conscientizada. O universo de cada aluno se abre, se amplia, e este se torna senhor do seu mundo. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 Leitura Obrigatória: Leia o artigo “Estrutura e Formação de Vocábulos em Português”, disponível a seguir. http://www.filologia.org.br/monografias/caderno_de_pos_graduacao_ufac /estrutura_e_formacao_de_vocabulos.htm Saiba Mais: Deu uma dúvida sobre a diferenciação de vocábulo, palavra e termo? Refresque a sua memória clicando no link a seguir. https://www.youtube.com/watch?v=1XgEBPTurLQ Aprofunde os seus conhecimentos sobre palavra e vocábulo assistindo à explicação da professora Margarete Costa, no material online. Conceitos básicos de morfologia e princípios teóricos O que é morfologia? O termo morfologia é a soma dos elementos [morf (o)] e [logia], da junção da grafia morphe (forma) e logia (estudo). Em Língua Portuguesa morfologia significa o estudo das palavras. Veja outras definições disponibilizadas na internet: É o estudo da estrutura e da formação das palavras; É a parte da gramática que estuda as palavras observadas isoladamente; É a parte da gramática da língua que estuda os morfemas; É a parte da gramática que estuda as palavras de acordo com a classe gramatical a que elas pertencem; Seção gramatical que se dedica ao estudo da formação, da origem e da flexão das palavras. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 Ato de estudar cada uma das diversas palavras em uma frase visando sua classe gramatical Sintetizando, a morfologia estuda a palavra em relação a sua estrutura, formação, classe, morfemas, origem e flexão. Estudar a forma das palavras significa estudar sua estrutura, as partes que as formam, os morfemas. Toda estrutura contém elementos relacionados, assim as palavras são formadas por unidades menores que combinadas produzem significado. Essas “combinações” são intencionais, isto é, elas têm funções em sua estrutura que transmitem algum significado. Assim, forma, função e sentido são elementos distintos e independentes que ao juntar-se trazem sentido às palavras. Desta forma, para analisar e classificar uma palavra deve-se levar em consideração as competências morfológicas, sintáticas e semânticas. Vamos relembrar os estudos dessas competências? PA LA V R A S Forma Função Sentido •é a estrutura e forma das palavrasmorfológicas •estuda o papel que determinada palavra desempenha dentro de uma oraçãosintáticas •estuda o significado das palavras, frases e textos de uma línguasemânticas CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 Morfologicamente as palavras classificam-se em: substantivo, artigo, adjetivo, pronome, numeral, verbo, advérbio, preposição, conjunção e interjeição. Sintaticamente temos a seguinte classificação: Termos essenciais da oração: sujeito e predicado. Termos integrantes da oração: complemento verbal (objeto direto e indireto), complemento nominal e agente da passiva. Termos acessórios da oração: adjunto adverbial, aposto e vocativo. E semanticamente podemos classificar as palavras como: sinonímia, antonímia e polissemia. A morfologia volta-se também para a estrutura e formação de palavras. Durante nossas aulas estudaremos mais detalhadamente cada um desses elementos. Leitura Obrigatória: Leia a resenha do livro “Morfologia”, de Cláudio Cezar Henriques, disponível no link a seguir. http://www.revel.inf.br/files/resenhas/revel_12_resenha_morfologia.pdf Saiba Mais: Quer relembrar as principais questões em relação às estruturas das palavras? Acesse o link indicado a seguir. https://www.youtube.com/watch?v=mbKfJXjvpOc Agora é com a professora Margarete Costa. Veja o que ela tem a dizer sobre os conceitos básicos de morfologia e os princípios teóricos no material online. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 Classificação dos morfemas Todo o vocábulo tem um morfema. Este morfema é denominado de primitivo, básico ou nuclear e podem agregar outros morfemas. Vejamos a seguir o esquema da classificação dos morfemas: Raiz A raiz é um elemento irredutível, isto é, que não pode ser diminuído e é comum a todos os vocábulos da mesma família. Na raiz está a significação básica. Veja estes exemplos: Morfema Raiz Radical Desinência nominal verbal Vogal temática nominal verbal Tema Afixos prefixo sufixo CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 Radical O radical também contém o significado básico da palavra, além de receber outros elementos mórficos. O radical é a parte da palavra que está presente em todas as suas formas, por isso quando as palavras contêm o mesmo radical, elas fazem parte da mesma família e são denominadas de cognatas. A diferença entre raiz e radical é que o radical carrega o significado da palavra enquanto a raiz é irredutível. Porém, há casos em que a raiz coincide com o radical. Vejamos a conjugação do verbo beijar no presente e pretérito perfeito do indicativo.Você pode observar que o radical da palavra beijar é BEIJ, pois ela se repete em toda a conjugação. Desinência As desinências são morfemas que admitem a flexão da palavra a qual se juntam. Elas são nominais quando se juntam a um nome e verbais quando se juntam a um verbo. Desinências nominais são morfemas que indicam a flexão de gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural) Menino Menina Meninos Meninas -o: desinência nominal indicativa do gênero masculino; -a: desinência nominal indicativa do gênero feminino; -s: desinência nominal indicativa do número plural. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 Algumas palavras não aceitam desinências de gênero (como: cama, papel, janela e hotel), já outras não aceitam desinências de número (como: pires, lápis, ônibus e vírus). Dizemos que essas palavras são invariáveis. Desinências verbais são morfemas que indicam a flexão de número (singular e plural), pessoa (1ª., 2ª. e 3ª.), tempo (presente, passado e futuro) e modo (indicativo, subjuntivo e imperativo) em verbos. Veja a tabela a seguir: -o: desinência de número pessoal, indicativa da 1.ª pessoa do singular; Ex: Eu amo, eu beijo, eu abraço, eu aprendo, … -s: desinência de número pessoal, indicativa da 2.ª pessoa do singular; Ex: Tu amas, tu beijas, tu abraças, tu aprendes, … -mos: desinência de número pessoal, indicativa da 1.ª pessoa do plural; Ex: Nós amamos, nós beijamos, nós abraçamos, nós aprendemos, … -m: desinência número pessoal indicativa da 3.ª pessoa do plural. Ex: Eles amam, eles beijam, eles abraçam, eles aprendem, … CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 As desinências modo temporal são as que indicam o tempo em que ocorre a ação verbal. E a desinência verbo nominal indica as formas nominais dos verbos: Vogal temática A vogal temática liga o radical com as desinências. Há três vogais temáticas na língua portuguesa: Tema Tema é a junção do radical e a vogal temática. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 Afixos Afixos são morfemas que podem ser ligados ao radical da palavra, formando assim uma nova palavra, chamada de palavra DERIVADA. Na Língua Portuguesa não há infixos. O que ocorrer no meio do vocábulo é as consoantes e as vogais de ligação. Tipos de morfemas quanto ao significado CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 Quanto ao significado, os morfemas podem ser lexicais. Isto é, eles representam a significação externa das palavras (as ações, as designações de seres e os conceitos). Eles são os portadores da significação básica do vocábulo. Também são chamados de lexemas. Essa significação está contida no radical do vocábulo. Assim, o lexema do vocábulo é o seu radical. Vejamos um exemplo em que morfema lexical é facilmente identificado. Já o morfema gramatical está relacionado ao significado interno da palavra. Os morfemas classificatórios dividem os vocábulos em categorias, uma delas é a vogal temática (verbal e nominal). A vogal temática é um segmento que se acrescenta ao radical para agrupar vocábulos (nomes e verbos) em categorias. A vogal temática incorpora os verbos em três categorias, correspondendo às três conjugações verbais: Verbos de vogal temática – a: primeira conjugação, como em “amar”; Verbos de vogal temática – e: segunda conjugação, como em “comer”; Verbos de vogal temática – i: terceira conjugação, como em “dormir”. Nos nomes a vogal temática não representa a flexão de gênero, como “porta”, “telefonema” e “carta”. Em “artista”, o “a” é usado tanto para feminino como masculino, assim ele é uma vogal temática. Os morfemas derivacionais formam novas palavras com o acréscimo de afixos. Já os morfemas flexionais correspondem às flexões de gênero e número CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 nos nomes (desinências nominais) e às flexões de tempo e modo nos verbos (desinências verbais). Quanto ao significante, ele estuda o aspecto formal das palavras e se apresenta em vários tipos: aditivo, reduplicativo, alternativo, zero, subtrativo. Morfemas aditivos Como o próprio nome diz “aditivo” significa adição, soma. Ocorrem por acréscimo de afixação, que são formas ligadas à raiz. Os afixos são classificados de acordo com sua posição na raiz, são eles: Quando o morfema está no meio do radical, ele é chamado de infixo. Na Língua Portuguesa não há infixos. O que pode ocorrer é a presença de consoantes e vogais de ligação no meio do vocábulo. Afixos Prefixo Vem antes da raiz Infeliz Sufixo Vem depois da raiz Felizmente Infixo* interior da raiz glorificar CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 Há também os morfemas subtrativos, alternativos, reduplicativos, de posição e zero. Conheça melhor cada um deles. Morfemas Subtrativos: procedem da supressão de um segmento fônico do morfema lexical. Por exemplo, o feminino de “órfão” é “órfã”, “anão” é ”anã”. Há uma subtração do “o” e não há adição de nenhum outro morfema. São recorrentes na linguagem informal, no qual as pessoas não utilizam algumas desinências. Morfemas Alternativos: ocorrem na mudança da estrutura fônica da raiz, por exemplo, o masculino “avô” no feminino é “avó”, houve uma mudança somente sonora. Da mesma forma a indicação do tempo presente e passado do verbo “pode” e “pôde” é dado foneticamente. Morfemas Reduplicativos: repetição de uma parte ou de toda a raiz, por exemplo: “babá”, “papai”, “mamãe” e “vovó”. Morfemas de Posição: são aqueles que dão suporte à posição dos termos. Ao se colocar uma informação na frente de outra, estamos dando destaque para ela. Vejamos um exemplo: “O marido matou a esposa” é diferente de “A esposa foi morta pelo marido”. Nesta última frase, a esposa aparece por primeiro e dá a impressão de que teve certa culpa pelo fato. Morfemas Zero: consiste na ausência significativa de morfema e é representado por Ø, ele corresponde a um espaço vazio, isto é, está relacionado com uma classe gramatical, mas não é expresso. Por exemplo, compare os termos: “beijávamos” e “beijava”. “Beijávamos” indica a primeira pessoa do plural, sabemos disso por causa do morfema /-mos/, porém em “beijava” não há morfema, mas sabemos que se trata da primeira ou terceira pessoa do singular; assim podemos representar desta forma: “beijava Ø”. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 21 Veja outro exemplo: “carro” e “carros”, a ausência do “s” indica que o termo está no singular, assim podemos representar a palavra desta forma: carro Ø. Alomorfia Alomorfia é a passagem de uma forma para outra, uma metamorfose. No caso de uma língua, alomorfia é a mudança na forma de um morfema. Veja os exemplos: O “in” e o “i” tem o mesmo significado porque é o mesmo morfema que sofreu uma alteração, uma alomorfia. Leitura Obrigatória: Leia o artigo “Uma questão de terminologia gramatical: a classificação dos morfemas”, de Ana Paula Araújo Silva, disponível no botão a seguir. http://www.filologia.org.br/viiicnlf/anais/caderno14-20.html Saiba Mais: Quer relembrar as principais questões em relação à alomorfia? Clique nos links a seguir. http://www.estudopratico.com.br/alomorfia-alomorfes-morfemas-e- exemplos/ https://www.youtube.com/watch?v=NgAVg7nzlLg A professora Margarete Costa explica mais alguns aspectos da classificação dosmorfemas no material online. Confira! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 22 Trocando ideias Qual a importância do estudo da Morfologia para os professores de Língua Portuguesa e estudiosos da Língua? Reflita a respeito e poste a sua resposta no fórum! Na Prática Ao final de cada rota vamos propor atividades para serem realizadas. São somente ideias que devem ser adaptadas e/ou ampliadas para cada diferente contexto. Vamos também apresentar técnicas de dinâmicas de grupo para que as atividades pareçam jogos, tirando o foco do professor e transformando os alunos em protagonistas. Dinâmica de grupo – O “bisbilhoteiro” a. A classe é dividida em pequenos grupos, o ideal é que os grupos tenham o mesmo número de alunos. b. Cada membro do grupo receberá um número ou letra. c. O professor apresenta a atividade e determina o tempo de sua execução. d. Terminado o prazo o professor sorteia um número ou letra para ser o “bisbilhoteiro”. e. Cada “bisbilhoteiro” sai de seu grupo e vai para outro grupo. f. O grupo apresenta a solução do problema para o “bisbilhoteiro” que ponderará sobre o acerto ou não, dando um ponto para cada acerto. g. Outro “bisbilhoteiro” é escolhido pelo professor e o processo se repete até que todos os alunos tenham visitados grupos diferentes. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 23 Atividade 1 – Criação de palavras Escreva no quadro uma palavra comprida. Por exemplo: Pernambuco. Peça aos alunos que formem palavras usando as letras da palavra, sem repeti- las. Escreva no quadro as palavras que os alunos criarem. Em seguida, peça que escrevam frases com essas palavras. Coma nabo em Roma. Amo Roma. Depois, peça para um aluno escrever outra palavra no quadro, e prossiga com o exercício. O objetivo desta atividade é exercitar a criatividade de fazer com que as palavras tomem sentido na hora de escrever as frases. Atividade 2 – Palavra e vocábulo Jogo do significado (use a dinâmica de grupo do “bisbilhoteiro”). Divida a sala em grupos e peça para os alunos buscarem no dicionário palavras cujo significado seja ignorado pela maioria. Recorte fichas de cartolina com aproximadamente com 7 por 12 cm e peça para que os alunos escrevam nelas as palavras desconhecidas, com o respectivo significado no verso. Redistribua os alunos de forma de cada grupo tenha um aluno de grupos diferentes, cada aluno ficará com uma ou mais fichas das palavras que pesquisou. O jogo começa com um aluno mostrando uma palavra aos colegas que tentarão imaginar o que ela significa. Quem acertar ou chegar mais perto do significado ganha um ponto. Síntese Vamos ver as considerações finais da professora Margarete Costa sobre os conteúdos abordados nesta disciplina? Acesse o material online. Perna – Boca – Nabo – Coma – Peco – Menor – Roma – Amor - Amo CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 24 Referências BASÍLIO, Margarida. Formação e classe de palavras no português do Brasil. São Paulo: Contexto, 2004. CUNHA, Celso; CINTRA, Luís F. Lindley. Palavra e Morfema. In: ___ Nova gramática do português contemporâneo. 5.ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008, p.89- 96.
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