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Resumo Processo Penal 2 bimestre finalizado

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Resumo Processo Penal - 2 Bimestre 
Prisão Preventiva: 
- Conceito: trata-se de uma prisão cautelar por excelência de natureza provisória que tem por finalidade resguardar o interesse público afastando o agente de novos ataques ao mesmo bem jurídico, proteger a prova a ser produzida, evitar a fuga do indivíduo e garantir a efetividade da lei brasileira e instituições públicas. 
- Momento processual (art. 311 CPP): pode ser decretada tanto na fase investigatória quanto na fase processual, até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. 
- Espécies: 
a) Prisão preventiva autônoma, originária ou propriamente dita (art. 311 e 313 CPP): 
Essa espécie de prisão preventiva pode ser decretada pelo Juiz em qualquer momento da investigação ou do processo, desde que observados os pressupostos, os fundamentos e as condições de admissibilidade previstas no CPP. Importante ressaltar que a prisão preventiva autônoma ou independente constitui a regra dentro da persecução penal. Em regra, só poderá ser adotada quando se tratar de infração cuja pena máxima cominada seja superior a quatro anos de prisão. 
b) Prisão Preventiva pelo descumprimento das cautelares diversas da prisão (art. 282 CPP): trata-se da prisão preventiva decretada devido ao descumprimento de medidas cautelares adotadas anteriormente. Nesse caso a prisão preventiva pode ser decretada independentemente da pena máxima cominada ao crime, sob pena de não se mostrarem efetivas as cautelares diversas da prisão. 
- Pressupostos: são o periculum libertates e o fumus comissi delicti traduzindo como o risco de manutenção do agente em liberdade e a existência de um suporte mínimoi de provas quanto à autoria e existência da infração penal (materialidade). 
- Fundamentos: 
a) Garantia da ordem pública: refere-se ao sentido de organização, não se confundindo com clamor público. Considerando que algumas infrações penais graves podem refletir diretamente na tranqüilidade da sociedade, sendo necessário nesses casos efetuar a prisão preventiva para que possa trazer tranqüilidade novamente. 
Ex: estuprador atuando diariamente em um bairro, fazendo várias vítimas. 
Assim, é necessária a intervenção do Estado com o objetivo de "acalmar" a situação, visto que se nada for feito pode instigar outras pessoas a cometerem crimes devido à impunidade, além de proporcionar uma descrença ao ordenamento jurídico. 
*Vetores interpretativos da ordem pública: 
evitar o risco de reiteração criminosa;
evitar o incentivo a demais pessoas, evitando que cometam novos crimes;
garantir a tranqüilização social; 
evitar a aplicação de vingança privada;
conferir credibilidade às Instituições Públicas e ao ordenamento jurídico. 
b) Garantia da ordem econômica: consiste em assegurar que o detentor de um cargo eletivo ou em poder de administração empresarial utilize de suas funções para a prática de atos ante concorrenciais ou predatórios à economia brasileira, podendo ser decretada a prisão preventiva que terá duração enquanto não cessar a conduta do agente. 
c) Por conveniência da instrução criminal: sempre que houver possibilidade de destruição, ocultação ou desfiguração de provas por parte do agente, a prisão preventiva poderá ser decretada até que a prova seja produzida com a finalidade de assegurar a investigação criminal. 
d) Assegurar a futura aplicação da lei penal: tem a finalidade de evitar que o agente fuja do local da prática criminosa para se esquivar da responsabilidade penal. 
- Condições de admissibilidade: 
a) Crime doloso com pena superior a 04 anos; 
b) Reincidência por crime doloso; 
*Obs: o entendimento trazido pelo art. 63 CP esclarece a reincidência como a prática de novo crime é praticado por aquele agente após o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Porém a Jurisprudência define: 
crime + crime = reincidência 
crime + contravenção penal = reincidência 
contravenção + contravenção = reincidência 
contravenção + crime = não há reincidência 
c) Garantias de efetividade ou medidas protetivas ou urgência em face de crimes contra: criança/adolescente, idoso, deficiente, enfermo, mulher. 
- Legitimidade para decretação: diante interpretação do art. 311 é possível identificar que apenas o juiz pode decretar prisão preventiva no Brasil, afastando a hipótese de decreto prisional pelas comissões parlamentares de inquérito. 
Vale ressaltar que uma leitura apressada do referido artigo pode trazer graves equívocos interpretativos, como: 
1) o decreto prisional de ofício pelo juiz somente pode ocorrer durante o curso da ação penal, tendo em vista que adotamos no Brasil o sistema de persecução penal acusatório. 
2) durante a fase investigativa o decreto de prisão dependerá de requerimento do MP, do querelante ou de representação do delegado de polícia;
3) não é cabível o requerimento de prisão preventiva pelo assistente de acusação durante o IP, conforme entendimento extraído do art. 268 CPP. 
Prisão Domiciliar 
- Hipóteses de cabimento: art. 318 CPP
Art. 318.  Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for
I - maior de 80 (oitenta) anos;   
II - extremamente debilitado por motivo de doença graveIII - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência;       
IV - gestante;            
V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos;            
VI - homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos.            
- Parágrafo único.  Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos requisitos estabelecidos neste artigo.          
Prisão Temporária 
- Fundamento: Lei 7.960/89 
- Natureza jurídica: caráter provisório. 
- Momento processual: ocorre somente na fase pré processual. 
- Legitimidade: JAMAIS será decretada de ofício pelo juiz, visto que ocorre somente na fase pré processual, portanto somente será decretada por representação da autoridade policial ou de requerimento do Ministério Público. 
- Prazo: 
a) crimes comuns: 05 dias podendo ser prorrogado por mais 05 dias se necessário.
b) crimes hediondos: 30 dias podendo ser prorrogado por mais 30 dias se necessário. 
- Requisitos: para a doutrina existem 03 correntes quanto aos requisitos, sendo: 
- Posição minoritária: essa pequena parcela da doutrina considera que os requisitos para prisão temporária são cumulativos sob o argumento de que para sua decretação é necessário os incisos I, II e III do art. 1º sejam obedecidos simultaneamente. 
- Posição intermediária: esta posição considera desnecessário dizer que a prisão temporária ocorre durante a investigação de IP, de modo que para sua decretação basta a presença dos requisitos previstos nos inc. II e III do art. 1º. 
- Posição majoritária: a maior parcela da doutrina entende que são necessários os dispostos nos inc. I e III para a decretação da prisão temporária, porém sem impedimento que hipoteticamente o o inc. II se faça presente. 
- Processamento: 
Prazo para o despacho, art. 2º §2º: O despacho que decretar a prisão temporária deverá ser fundamentado e prolatado dentro do prazo de 24 (vinte e quatro) horas, contadas a partir do recebimento da representação ou do requerimento.
Alvará de soltura: a prisão temporária independe de alvará se soltura, devendo o preso ser posto em liberdade assim que findar o prazo, salvo tiver sido convertida em prisão preventiva. 
O Juiz poderá, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público e do Advogado,
determinar que o preso lhe seja apresentado, solicitar informações e esclarecimentos da autoridade policial e submetê-lo a exame de corpo de delito;
Decretada a prisão temporária, expedir-se-á mandado de prisão, em duas vias, uma das quais será entregue ao indiciado e servirá como nota de culpa; 
A prisão somente poderá ser executada depois da expedição de mandado judicial.Efetuada a prisão, a autoridade policial informará o preso dos direitos previstos no art. 5° da Constituição Federal.
Os presos temporários deverão permanecer, obrigatoriamente, separados dos demais detentos. 
- Rol de crimes: está previsto no art. 1º da Lei específica e é taxativo, não admitindo ampliação. Em relação ao crime hediondo, o crime deve estar previsto no rol do art. 1º da lei de prisão temporária e também na lei de crimes hediondos 8.072/90. 
Observações Importantes: 
* Cabimento da Prisão temporária e estupro de vulnerável: a menor parcela da doutrina entende que não cabe prisão temporária neste caso, por se tratar de um rol taxativo que não admite ampliação. Já a maior parte da doutrina entende que é cabível a decretação de prisão temporária neste caso, sob o fundamento de que implicitamente o art.213 e o antigo art. 214 cumulados ao revogado art.223 traziam vulnerabilidade em razão da idade para o direito. 
*Comentários ao art. 288 CP: conforme maior parcela da doutrina, por não ter o novo crime perdido a sua natureza, considera-se possível a decretação da prisão temporária com fundamento no art. 1º, inc. III alínea L da Lei 7.960/89. 
Atos Processuais: 
- Conceito: são atos das partes, juiz e auxiliares da Justiça que provocam conseqüências jurídicas no processo. Os atos processuais impulsionam o processo no sentido de obter uma decisão final.
- Comunicação dos atos processuais: 
a) Citação: trata-se do ato pelo qual se dá conhecimento ao réu dos termos contidos na petição inicial acusatória e ao mesmo tempo o convida para apresentar sua defesa. 
*Formas de Citação: 
1) Citação real ou pessoal: em regra, deve ser realizada diretamente à pessoa acusada, não podendo ser recebida por outrem, há não ser em casos excepcionais, visto que sua finalidade é localizar o próprio acusado para entregar-lhe uma cópia da petição. 
2) Citação por hora certa: foi introduzida em 2008 no processo penal e ocorre quando o réu está se ocultando para não ser citado. 
3) Citação por edital: ocorre em casos de estado de sítio, estado de defesa, calamidade pública, locais de difícil acesso, locais inacessíveis. 
- Prazo para defesa: 10 dias. 
- Conseqüência quanto a ausência de citação: conforme entendimento do art. 564, inc. III alíenea E do CPP, se houver ausência ou defeito de citação, haverá nulidade absoluta do processo. 
- Conseqüências da revelia no Processo Penal: 
*Na citação pessoal e por hora certa: distingue-se neste caso do processo civil, pois se houver revelia no processo penal nas citações pessoais e por hora certa não haverá presunção de veracidade dos fatos. Aqui o efeito verificado, com base no art. 367 CPP será a desnecessidade de novas intimações ao réu revel. 
*Na citação por edital: o réu citado por edital que não comparecer em juízo para apresentar defesa e nem contratar advogado, terá paralisado o processo e também a contagem do prazo de prescrição com fundamento no art. 366 CPP, permitindo ainda ao juiz a produção antecipada de provas urgentes e até mesmo a decretação da prisão preventiva do acusado. 
Observações Importantes: 
*Citação do servidor público: será na pessoa de seu supervisor hierárquico por regras do direito administrativo, pois esse superior irá controlar o processo penal que corre contra o acusado, havendo condenação deverá o funcionário ser desligado de sua função. 
* A leitura por vídeo conferência ao réu presos não perde o caráter de personalidade. 
- Suspensão do Processo e do Prazo Prescricional: 
*Posição STF: entende que o prazo de suspensão da prescrição e do processo será até localizar o réu, não existindo um prazo máximo e tornando a conduta imprescritível. 
*Posição STJ: Baseia-se no entendimento da súmula 415 STJ - " O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena cominada". 
O período máximo de suspensão da fluência do prazo prescricional, na hipótese do art. 366 do CPP, corresponde ao que está fixado no art. 109 do CP, observada a pena máxima cominada para a infração pena. 
b) Intimação: é a comunicação de atos já realizados dentro do processo (atos consumados). 
c) Notificação: é a comunicação dos atos processuais que ainda serão realizados no processo (atos em perspectiva). 
- Classificação dos atos judiciais:
a) Despachos: tratam-se de atos meramente administrativos com a finalidade de impulsionar o processo, sem caráter decisório. 
b) Decisões Interlocutórias: são atos praticados pelo juiz, de caráter decisório, podendo se subdividir em: 
b.1) simples: aquela em que o juiz sem analisar o mérito resolve uma controvérsia ou um incidente processual, sem colocar fim ao processo. Ex: decisão que recebe a denúncia ou queixa, decisão que indefere a produção de determinadas provas. 
b.2) mista terminativa: é aquela em que o juiz sem ingressar no mérito resolve uma controvérsia e coloca fim ao processo. Ex: decisão que rejeita denúncia ou queixa, decisão que impronuncia o réu no procedimento do júri. 
b.3) mista não terminativa: é aquela que não ingressa no mérito, mas resolve uma controvérsia encerrando uma fase procedimental e dá início a outra. Ex: decisão que pronuncia o réu para julgamento perante o tribunal do júri. 
c) Sentenças: trata-se do ato pelo qual o juiz encerra o processo penal (processo de conhecimento), resolvendo o mérito e esgotando a jurisdição, ou seja, condenando, absolvendo ou declarando extinta a punibilidade do réu. 
*Elementos da setença: 
1) Relatório: é uma síntese do processo feita pelo juiz para comprovar que leu os autos. 
2) Fundamentação: é a adequação do fato ao dispositivo legal, onde o juiz demonstra com base no fundamentos legais o porque de sua decisão. 
3) Dispositivo: é parte conclusiva da sentença, onde consta o que foi decidido. 
4) Assinatura: atualmente tem sido digital. 
Obs: 
*Sentença "Per relationem": o STJ tem admitido que os juízes se utilizem da reprodução total de teses de qualquer das partes sem que isso configure nulidade processual. Por outro lado, a doutrina considera tais decisões absolutamente nulas por serem carentes de fundamentação. 
* Princípio da Correlação, adstrição e congruência: consiste na compatibilidade entre aquilo que foi pleiteado pelas partes e o que foi decidido na sentença, de forma a proibir sentenças extra, ultra e citra petita, também exigindo correlação entre a fundamentação e o dispositivo. A desobediência à esse princípio é chamada de "sentença suicida". 
- Emendatio Libelli: consiste na correção da acusação, feita de ofício diretamente pelo juiz, sem necessidade de manifestação das partes. 
*Previsão: art. 383 CPP. 
*Espécies: 
a) Emendatio por erro de classificação legal: ocorre quando o órgão acusador classifica juridicamente o crime de forma equivocada; 
b) Emendatio pela interpretação diferente: ocorre quando o juízo criminal possui entendimento diferente da acusação; 
c) Emendatio pela supressão de elementar/circunstância: ocorre quando há supressão de elementar ou circunstância contida no tipo penal. 
*Correção da acusação nos Tribunais: é permitida, não ocorre supressão de instância pois considera-se que o réu defendeu-se adequadamente do fato a ele imputado. 
- Mutatio Libelli: significa mudança ou alteração da acusação e pode ocorrer quando após a instrução processual o fato que foi imputado ao réu houver sofrido mudança, conseqüentemente a acusação também deverá ser modificada. 
*Previsão: art. 384 CPP, quando o fato puder ter nova definição por elemento ou circunstância não contida na denúncia, deverá ser aditada (complementada).

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