Prévia do material em texto
PROCESSOS DE AUDITORIA E CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL Professora – Sandra A. Saraiva Guimarães Libanio PROCESSOS DE AUDITORIA E CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL AUDITORIA AMBIENTAL O sistema de gestão ambiental está intimamente ligado à auditoria ambiental. O SGA depende da auditoria para poder evoluir na perspectiva de melhoria contínua. Ao se implementar um sistema de gestão ambiental, automaticamente implementa-se a auditoria ambiental periódica. Assim, é necessário o conhecimento da auditoria ambiental como instrumento de gestão ambiental que irá “pilotar” o SGA, exemplificado no ANEXO B. Conceito De acordo com a NBR ISO 14010 (ABNT 1996c), auditoria ambiental é o processo sistemático e documentado de verificação, executado para obter e avaliar, de forma objetiva, evidências de auditoria para determinar se as atividades, eventos, sistema de gestão e condições ambientais especificados ou as informações relacionadas a estes estão em conformidade com os critérios de auditoria, e para comunicar os resultados deste processo ao cliente. Exemplo => Considerando um empreendimento habitacional: - os resultados de uma auditoria ambiental retratam seu desempenho ambiental, com relação ao critério de auditoria considerado, em um dado momento. O cliente constitui tanto os órgãos competentes que tratam da questão ambiental e habitacional, como o próprio morador. O locus da auditoria ambiental é representado pela organização, ou seja, onde se dá o “processo que transforma entradas (matérias-primas, energia, mão-de-obra, etc.) em saídas (produtos e/ou serviços)”, de acordo com a ideia de empresa, extraída de Woiler e Mathias (1985. p. 21). Optamos por este entendimento, pois nele dá-se relevo à transformação dos recursos naturais, que implica, em última análise, em um atentado ao equilíbrio ecológico, “salvo em situações excepcionais e para operações de escala reduzida”, segundo pondera Sachs (1975, p. 47). Da constatação da relação direta entre processo produtivo e impacto ambiental emerge a importância da AA, também, como instrumento para o desenvolvimento sustentável. Histórico A auditoria ambiental surgiu nos Estados Unidos no final da década de 70, com o objetivo principal de verificar o cumprimento da legislação. Ela era vista pelas empresas norte-americanas como uma 2 ferramenta de gerenciamento utilizada para identificar, de forma antecipada, os problemas provocados por suas operações. Essas empresas consideravam a auditoria ambiental como um meio de minimizar os custos envolvidos com reparos, reorganizações, saúde e reivindicações. Muitas empresas aplicavam, também, a auditoria para se prepararem para inspeções da Environmental Protection Agency - EPA e para melhorar suas relações com aquele órgão governamental. O papel da EPA com relação às auditorias ambientais tem-se alterado com o passar do tempo: • 1980 - requeria a implantação de programas de auditoria ambiental a qualquer empresa que causasse danos ao meio ambiente; • 1981 - passou a encarar a auditoria ambiental como de utilização voluntária por parte das empresas e as incentivava a adotá-la fornecendo em contrapartida, por exemplo, a agilização de processos de pedidos de licença e a diminuição no número de visitas de fiscalização; e • 1982 - assumiu o papel de incentivadora de auditorias voluntárias, sem conceder benefícios, e de fornecedora de assistência a programas de auditoria ambiental. Na Europa, a auditoria ambiental começou a ser utilizada na Holanda, em 1985, em filiais de empresas norte-americanas, por influência de suas matrizes. Em seguida, em outros países da Europa, a prática da auditoria passou a ser disseminada em países como Reino Unido, Noruega e Suécia, também por influência de matrizes americanas. É na Europa, em 1992, no Reino Unido, que surgiu a primeira norma de sistema de gestão ambiental, a BS 7750 (BSI, 1994), baseada na BS 5770 de Sistema de Gestão da Qualidade, onde a auditoria ambiental encontra-se ali normalizada. Na sequência, outros países, como, por exemplo, França e Espanha, também apresentam suas normas de sistema de gestão ambiental e de auditoria ambiental. Em 1993, começou a ser discutido o Regulamento da Comunidade Econômica Européia - CEE no 1.836/93, em vigor a partir de 10 de abril de 1995, que trata do sistema de gestão e auditoria ambiental da União Européia (Environmental Management and Auditing Scheme - Emas). No Brasil, a auditoria ambiental surgiu, pela primeira vez, por meio da legislação, no início da década de 90, quando da publicação de diplomas legais sobre o tema, citados a seguir: a) Lei nº 790, de 5/11/91, do Município de Santos-SP; b) Lei nº 1.898, de 16/11/91, do Estado do Rio de Janeiro; c) Lei nº 10.627, de 16/1/92, do Estado de Minas Gerais; d) Lei nº 4.802, de 2/8/93, do Estado do Espírito Santo; e) Projeto de Lei Federal nº 3.160, de 26/8/92; e f) Anteprojeto de Lei do Estado de São Paulo. Internacionalmente, a auditoria ambiental sobre base normalizada começou a ser discutida em 1991 com a criação do Strategic Advisory Group on Environment – Sage no âmbito da ISO. A discussão se amplia mundialmente, em 1994, com a divulgação dos projetos de norma dentro da série ISO 14000. Em 1996, tais projetos de norma são alçados à categoria de normas internacionais, sendo adotadas pelos países participantes da ISO. No Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT apresentou, em dezembro de 1996, as NBR ISO 14010, 14011 e 14012, referentes à auditoria ambiental. Observe-se, ainda, que projetos de normas de auditoria ambiental, da mesma forma que outros projetos de normas de gestão ambiental, são submetidos à discussão e votação dos Organismos Nacionais de Normalização dos países integrantes do Mercado Comum do Sul - Mercosul, para aprovação como norma Mercosul. 3 Tipos de Auditoria Ambiental Para melhor entendimento do processo de auditoria, adotamos a classificação de Campos e Lerípio (2009, p. 9), que divide a AA, quanto à sua aplicabilidade, em: a) auditoria interna; b) auditoria externa de segunda parte; e, c) auditoria externa de terceira parte ou de certificação. A primeira, como a designação sugere, é realizada pela própria organização. As demais são conduzidas por agentes alheios ao sistema auditado, sendo de segunda parte quando realizada pelas partes interessadas da cadeia produtiva e de terceira parte quando tem por finalidade a certificação ou a renovação do certificado, devendo ser regida por empresa de auditoria ou auditor especialista (Figura 1). Objetivos da Auditoria Ambiental Uma auditoria ambiental pode ser realizada com finalidades diferentes, tais como: a) CANTER (1984) trata a auditoria como uma ferramenta a ser utilizada no processo de Avaliação de Impacto Ambiental. O autor argumenta que uma auditoria realizada após a implantação de um empreendimento permite averiguar se as medidas de mitigação e monitoramento previstas foram instaladas; se essas medidas têm desempenho satisfatório; se, e como, os impactos previstos se realizaram; ou ainda, se ocorreram impactos que não estavam previstos; b) POLIDO et al. (1993) refere-se à auditoria ambiental na contratação de seguro ambientalpara um empreendimento, ao citar a necessidade da realização, pela empresa seguradora, de uma inspeção técnica criteriosa das instalações; c) LEPAGE-JESSUA (1992) cita, entre outras, a realização de auditoria ambiental em cinco situações: 1. Auditoria de conformidade: consiste na verificação do cumprimento da legislação aplicável existente. Segundo a própria autora, é uma auditoria de ambição muito limitada, pois se restringe à legislação existente e de caráter “defensivo”. 4 2. Auditoria pós-acidente: centrada nos problemas de responsabilidade penal ou civil, tem por objetivo determinar as causas de um acidente. Em geral, realizada paralelamente a um procedimento jurídico, pode dar elementos à procuradoria, mas também pode fornecer à empresa os meios necessários para sua defesa. 3. Auditoria de risco: pode ser aplicada no caso de um contrato de seguro ou, em um âmbito mais geral, no caso de uma análise de risco. Neste último caso, ela é útil para a empresa conhecer com precisão a extensão do risco de um acidente para o meio ambiente e, conseqüentemente, os riscos jurídico, econômico e financeiro. Com este tipo de auditoria, a empresa visa simplesmente limitar seus riscos. 4. Auditoria de operações de fusão, absorção ou de aquisição: uma empresa que deseja, por exemplo, adquirir uma outra empresa pode solicitar uma auditoria ambiental para saber a natureza dos riscos ao qual ela estaria sujeita. Outro caso, por exemplo, é o da venda de terrenos nos quais serão colocados materiais descartados; a empresa vendedora pode realizar uma auditoria ambiental para se desembaraçar de responsabilidades futuras no caso de contaminação. Da mesma forma, uma empresa que vai comprar um terreno pode solicitar uma auditoria para saber em que situação, com relação à qualidade do solo e das águas, ele se encontra. 5. Auditoria de gerenciamento geral: essa auditoria tem um objetivo maior => Trata-se de verificar todos os possíveis impactos da empresa sobre o meio ambiente. Essa auditoria permite a definição de uma orientação e de uma política da empresa por meio da totalidade dos dados ambientais e considera as evoluções futuras do contexto jurídico. d) no âmbito do sistema de gerenciamento ambiental sobre base normalizada - SGA, a auditoria é realizada com diferentes finalidades: • GILBERT (1995) cita a realização de auditoria ambiental na revisão preparatória da BS 7750 (BSI, 1994); • BRAGA et al. (1996) propõem a realização de uma auditoria, a qual chamam de auditoria ambiental preliminar informal, como ROTHERY (1993), para definição dos aspectos ambientais da organização (requisito da etapa de Planejamento do SGA da NBR ISO 14001); • a NBR ISO 14001 (ABNT, 1996a) indica a utilização da auditoria ambiental na etapa de Verificação e Ação Corretiva, que permite a realização da etapa seguinte (Análise Crítica pela Administração) que vai avaliar o desempenho do sistema implantado e indicar as mudanças necessárias no mesmo, o qual passará a funcionar em um novo patamar; • a NBR ISO 14011 (ABNT, 1996d) indica a auditoria ambiental para avaliação do SGA de uma empresa que vise o estabelecimento de relação contratual com outra empresa; e • com vistas à certificação. Para um empreendimento habitacional, os objetivos da Auditoria Ambiental consistiriam, principalmente, para a identificação dos aspectos ambientais, para avaliação do sistema de gestão ambiental e para a avaliação da conformidade legal. 5 Protocolo de Auditoria Ambiental Para a realização de auditorias ambientais, a NBR ISO 14011 (ABNT, 1996d) faz referência à utilização de documentos de trabalho e, entre eles, cita as listas de verificação, que seriam uma tradução de check- list. De acordo com GRENNO et al. (1987, apud BRAGA et al., 1996) check-list é um dos tipos de protocolo da auditoria ambiental. Para estes autores, o protocolo da auditoria pode ser organizado de diferentes maneiras e ter variados formatos, havendo seis alternativas básicas: 1. Protocolo básico: documento que organiza os procedimentos da auditoria em uma seqüência de etapas, reservando espaço para pequenas anotações, como identificação de funções da equipe de auditoria, comentários e indicação de páginas de registros de campo. 2. Guia detalhado: tem o objetivo de familiarizar os membros da equipe de auditoria com o requisito ambiental (lei ou norma) sobre o qual a auditoria será conduzida. Apresenta a descrição do requisito e as ações que devem ser implementadas pela empresa auditada, em função dele. Não há indicação do que o auditor deve observar ou perguntar. 3. Resumo de tópicos: é o chamado checklist, no qual apenas são citados os assuntos a serem abordados, não estando especificados procedimentos para exame dos diferentes tópicos. Observe-se que, o termo check-list tem sido usado erroneamente como sinônimo de protocolo, quando, na verdade, é apenas um dos tipos de protocolo. 4. Questionário dirigido (sim/não): instrumento primário para obtenção de informações. As perguntas são elaboradas para obtenção somente de resposta sim ou não. 5. Questionário de respostas dissertativas: considerado o inverso do questionário dirigido, o questionário de respostas dissertativas permite a obtenção de informações detalhadas e aprofundadas. 6. Questionário com atribuição de pontuação: visa medir o desempenho ambiental, avaliando cada atividade relevante, de acordo com um gabarito detalhado. Resulta em uma pontuação numérica ou em uma avaliação qualitativa do tipo “Satisfatório” ou “Insatisfatório”. OBSERVAÇÕES => De acordo com BRAGA et al. (1996), cada um desses protocolos tem suas vantagens e desvantagens em momentos e situações diferentes. O protocolo básico requer, necessariamente, uma documentação complementar de campo, na qual devem ser feitas anotações, o que pode ser pouco prático no desenvolvimento da auditoria. O guia detalhado é ideal para ser utilizado em auditoria de conformidade legal, pois fornece informações detalhadas sobre determinados requisitos ambientais, apesar de restringir-se a eles. O resumo de tópicos só deve ser utilizado por auditores com muita experiência, pois não indica os procedimentos. O questionário dirigido (sim ou não) pode ser de utilização pouco prática, por possuir, na maioria dos casos, muitas perguntas para obter uma única informação. O questionário de respostas dissertativas é útil para obtenção de informações aprofundadas, e mais próximas do real, sobre o objeto da auditoria, qualquer que seja ele, pois permite que o auditado explique suas respostas e que o auditor explane suas observações. O questionário com pontuação, se não for construído de acordo com critérios estabelecidos a partir de um profundo conhecimento do objeto da auditoria, tenderá a apresentar resultado subjetivo e, além disso, poderá ocultar aspectos específicos, com nota “baixa”, em uma avaliação global boa. 6 Entre os tipos de protocolo descritos anteriormente, considera-se mais adequado para a definição de aspectos ambientais o protocolo de respostas dissertativas, pois, como visto, tal protocolo é organizado de forma a permitir a aquisição de informações detalhadas e aprofundadas, o que é desejável em uma auditoria ambiental que objetiva a obtenção dos aspectos ambientais, ou seja, dados sobre os quais o sistema de gestão ambiental será construído. O ANEXO C apresenta um exemplo de protocolode auditoria ambiental, do tipo de respostas dissertativas, para identificação de aspectos ambientais em empreendimentos habitacionais. As Normas de Auditoria Ambiental da ABNT As três normas relativas à auditoria ambiental da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, que consistem em traduções das normas da International Organization for Standardization - ISO, são: NBR ISO 14010 (ABNT, 1996c), NBR ISO 14011 (ABNT, 1996d) e NBR ISO 14012 (ABNT, 1996e). “Diretrizes para Auditoria Ambiental - Princípios Gerais” - NBR ISO 14010 Essa norma possui 5 páginas, sendo que na quinta encontra-se um anexo referente à bibliografia. Ela estabelece os princípios gerais aplicáveis a todos os tipos de auditoria ambiental. Está estruturada em três grandes temas: definições, requisitos e princípios gerais. É apresentada definição de treze termos normalmente utilizados em auditoria: Definição de termos apresentada na NBR ISO 14010 Termos e Definições: Conclusão de auditoria é o julgamento ou parecer Critérios de auditoria são os requisitos aos quais são comparadas as evidências da auditoria Evidências de auditoria são as informações verificáveis, registros ou declarações Constatações de auditoria são os resultados da avaliação comparativa entre as evidências e os critérios Equipe de auditoria é o grupo de auditores ou um único auditor Auditado é o que se submete à auditoria Auditor ambiental é o que realiza a auditoria Cliente é o que solicita a auditoria Auditoria ambiental ver item 4.3.1 desta publicação Auditor-líder ambiental é a pessoa qualificada para gerenciar e executar auditorias ambientais. Exemplo de critério de qualificação encontra-se na NBR ISO 14012 7 Organização é a empresa de qualquer tipo que tenha funções e estrutura administrativa próprias Objeto de auditoria é a atividade, o evento, o sistema de gestão e as condições ambientais especificados e/ou informações relacionadas a este Especialista técnico é o que subsidia tecnicamente a auditoria, mas não participa como auditor A NBR ISO 14010 recomenda como requisitos para a realização de uma auditoria ambiental: • que o objeto enfocado para ser auditado e os responsáveis por tal objeto devem estar claramente definidos e documentados; e • que a auditoria só é realizada se o auditor líder estiver convencido da existência de informações suficientes e apropriadas, de recursos adequados de apoio ao processo de auditoria e de cooperação ao auditado. A norma aponta, ainda, os princípios gerais para condução de auditorias que são apresentados abaixo: Princípios gerais de auditoria ambiental apresentados pela NBR ISO 14010 PRINCÍPIOS GERAIS Temas e Recomendações: Definição dos Objetivos e Escopo da Auditoria => Os objetivos da auditoria devem ser definidos pelo cliente e o escopo da auditoria pelo auditor-lider, para atender aos objetivos do cliente. Os objetivos e escopo da auditoria devem ser comunicados ao auditado antes da realização da auditoria. Objetividade, Independência e Competência => Os membros da equipe de auditoria devem ser livres de preconceitos e conflitos de interesse; independentes das atividade por eles auditadas; e devem ter conhecimento, habilidade e experiência para realizar a auditoria. Profissionalismo => As relações auditor/cliente devem ser caracterizadas por confidencialidade e discrição. Salvo quando exigido por lei, é recomendado que informações, documentos e relatório final da auditoria não sejam divulgados sem autorização do cliente e, conforme o caso, sem autorização do auditado. Procedimentos sistemáticos => A realização da auditoria deve seguir diretrizes desenvolvidas para o tipo apropriado de auditoria ambiental. No caso da auditoria de SGA, a norma remete para a NBR ISO 14011. Critérios, evidências e constatações => Os critérios de auditoria devem ser definidos entre auditor e cliente, com posterior comunicação ao auditado; evidências devem ser obtidas a partir da coleta, análise, interpretação e documentação de informações; e as evidências obtidas devem permitir que auditores ambientais, trabalhando independentemente entre si, cheguem a constatações similares. Confiabilidade das constatações e conclusões de auditoria => As constatações e conclusões da auditoria devem possuir nível desejável de confiabilidade, devem ser deixadas claras as limitações/incertezas de evidências coletadas. Relatório de auditoria => O relatório de auditoria deve conter itens como: identificações; objetivos e escopo da auditoria; critérios da auditoria; período e datas; equipe de auditoria; identificação dos 8 entrevistados na auditoria; resumo do processo de auditoria, incluindo obstáculos encontrados; conclusões; declaração de confidencialidade; e identificação das pessoas que recebem o relatório. É recomendado que o auditor-líder, em acordo com o cliente, determine quais os itens que constarão do relatório. Em nota, a norma indica que é responsabilidade do cliente ou do auditado a determinação de ações corretivas; entretanto, se previamente acordado com o cliente, o auditor pode apresentar recomendações no relatório. “Diretrizes para Auditoria Ambiental - Procedimentos de Auditoria - Auditoria de Sistemas de Gestão Ambiental” - NBR ISO 14011 Essa norma possui 7 páginas, sendo que na sétima tem-se a bibliografia. Ela estabelece procedimentos para condução, especificamente, de auditorias de Sistema de Gestão Ambiental. Está estruturada em quatro temas: definições; objetivos, funções e responsabilidades da auditoria do sistema de gestão ambiental; etapas da auditoria de sistema de gestão ambiental; e - encerramento da auditoria.A NBR ISO 14011 apresenta definições para três termos, quais sejam: 1. Sistema de gestão ambiental. É citada a definição existente na NBR ISO 14001. 2. Auditoria do sistema de gestão ambiental. “Processo sistemático e documentado de verificação, executado para obter e avaliar, de forma objetiva, evidências de auditoria para determinar se o sistema de gestão ambiental de uma organização está em conformidade com os critérios de auditoria do sistema de gestão ambiental, e para comunicar os resultados deste processo ao cliente”. 3. Critérios de auditoria do sistema de gestão ambiental. Que são os requisitos da NBR ISO 14001 e, se aplicável, qualquer outro requisito adicional. Quanto aos objetivos, funções e responsabilidades da auditoria do sistema de gestão ambiental, essa norma apresenta recomendações referentes à auditoria em si e às pessoas que participam do processo (auditor-líder, auditor, cliente e auditado), que constituem diretrizes para a auditoria ambiental. Objetivos, funções e responsabilidades da auditoria do SGA Temas e Recomendações Auditoria => A auditoria deve ter seus objetivos definidos, tais como: • determinar a conformidade ao SGA do auditado aos critérios de auditoria de SGA; • determinar a adequação da implementação e manutenção do SGA; • identificar áreas de potenciais melhorias do SGA; avaliar a capacidade do processo interno de análise crítica; e • avaliar o SGA de uma empresa que vise o estabelecimento de relação contratual com outra empresa. Auditor-líder => O auditor-líder tem como função assegurar a eficiente e eficaz execução e conclusão da auditoria. É de sua responsabilidade: • definir junto ao cliente o escopo da auditoria; • obter informações fundamentais; • determinar se os requisitos necessários para realização de uma auditoria foram atendidos; • formar a equipe de auditoria; 9 • conduzir a auditoria de acordo com as normas NBR ISO 14010 e 14011; • elaborar o plano de auditoria; • comunicar o plano a todos os envolvidos; • coordenar a preparação da documentação de trabalho e instruir a equipe; • solucionar problemas surgidos; • reconhecer objetivos inatingíveis e relatar as razões ao cliente e ao auditado; • representar a equipe em discussões; • notificar imediatamente o auditado casos de não-conformidades críticas; • relatar os resultados da auditoria de forma clara, conclusiva e dentro do prazo acordado; e • fazer recomendações para melhoria do SGA, se estiver no escopo da auditoria. Auditor => O auditor deve ser objetivo, eficaz e eficiente para realizar a sua tarefa e tem como responsabilidades: • seguir instruções do auditor-líder; • apoiar o auditor-líder; • coletar e analisar evidências de auditoria relevantes e em quantidade suficiente para chegar às conclusões da auditoria; • preparar documentos de trabalho; • documentar cada constatação da auditoria; • resguardar os documentos da auditoria; e • auxiliar na redação do relatório de auditoria. Cliente => O cliente tem como responsabilidades: • determinar a necessidade da realização de uma auditoria; • contatar o auditado; definir os objetivos da auditoria; • selecionar o auditor-líder ou a organização de auditoria e, se apropriado, avaliar os elementos da equipe de auditoria; • prover recursos para realização da auditoria; • manter entendimento com o auditor-líder para definição do escopo da auditoria; • avaliar os critérios de auditoria e o plano de auditoria; e • receber o relatório de auditoria e definir sua distribuição. Auditado => O auditado deve receber uma cópia do relatório de auditoria, salvo ser for excluído pelo cliente, e tem como responsabilidades: • informar aos funcionários da organização sobre a auditoria; • prover os recursos necessários para a realização da auditoria; • designar funcionários para acompanhar como guias à equipe de auditoria; • prover acesso às instalações, ao pessoal, às informações e aos registros; e • cooperar com a equipe de auditoria para atingir os objetivos propostos. De acordo com a NBR ISO 14011 (ABNT,1996d), existem quatro etapas no processo de auditoria do sistema de gestão ambiental, quais sejam: etapa 1 (início da auditoria); etapa 2 (preparação da auditoria); etapa 3 (execução da auditoria); e etapa 4 (elaboração do relatório de auditoria). A norma descreve procedimentos para cada uma dessas etapas que são apresentados abaixo: Atividades das etapas 1 e 2 do processo de auditoria do sistema de gestão ambiental - Início e preparação da auditoria Etapas, atividades e recomendações: 10 1 - Início da auditoria Definir o escopo da auditoria • o auditor-líder e o cliente devem definir o escopo da auditoria (descrição da localização física e das atividades da organização); • o auditado deve ser consultado; e • os recursos necessários para atender ao escopo devem ser suficientes. Realizar e analisar a crítica preliminar da documentação • a análise deve ser realizada pelo auditor-líder; e • devem ser solicitadas, se necessário, informações suplementares. 2 - Preparação da auditoria Elaborar o plano de auditoria • o plano de auditoria deve ser elaborado pelo auditor-líder; • o cliente deve avaliar o plano de auditoria; • o plano deve ser flexível para poder sofrer eventuais alterações; • o plano deve incluir: ⇒ objetivos e escopo da auditoria; ⇒ critérios de auditoria; ⇒ identificação das unidades auditadas; ⇒ identificação dos funcionários da unidade que tenham responsabilidade direta com o SGA; ⇒ identificação dos elementos do SGA prioritários; ⇒ procedimentos de auditoria; ⇒ identificação de idiomas, dos documentos de referência, da época e da duração previstas, das datas e dos locais e dos membros da equipe de auditoria; => Preparação ⇒ programa de reuniões; ⇒ requisitos de confiabilidade; ⇒ conteúdo e formato do relatório de auditoria e data prevista de sua emissão; e ⇒ requisitos de retenção de documentos. Atribuir as funções/atividades aos membros da equipe de auditoria • a atribuição deve ser feita pelo auditor-líder, em entendimento com os membros da equipe; e • o auditor-líder deve fornecer instruções sobre o procedimento da auditoria. Preparar os documentos de trabalho • os documentos de trabalho podem consistir em formulários para documentar evidências e constatações da auditoria, listas de verificação para avaliar os elementos do SGA e atas de reuniões; • os documentos devem ser arquivados até o encerramento da auditoria; • os documentos com informações confidenciais ou privativas devem ser adequadamente resguardados pela equipe de auditoria. 11 Atividades da etapa 3 do processo de auditoria do sistema de gestão ambiental – Realização da auditoria Etapa, atividades e recomendações: 3 - Execução da auditoria – Realizar a reunião de abertura: • apresentação dos membros da equipe; revisão do escopo, dos objetivos e do plano de auditoria e ratificação do calendário de auditoria; apresentação do método de trabalho e dos procedimentos; estabelecimentos de canais formais de comunicação; confirmação da existência de condições para realização da auditoria; confirmação da data e do horário da reunião de encerramento; promoção da participação efetiva do auditado; e revisão dos procedimentos de emergência e segurança para a equipe de auditoria. Coletar as evidências • as evidências devem ser coletadas por meio de entrevistas, exame de documentos e observação deatividades e situações, em quantidade suficiente para se determinar a conformidade do SGA do auditado em relação aos critérios de auditoria. As não conformidades devem ser registradas e as informações obtidas por meio de entrevistas auditoria devem ser verificadas, executando-se observações, registros e medições, sendo as declarações não-verificáveis identificadas. Analisar as evidências • as evidências devem ser analisadas criticamente em comparação aos critérios. O gerente responsável do auditado deve analisar as constatações de não-conformidade. As conformidades podem ser registradas com o devido cuidado para evitar qualquer implicação de garantia absoluta (sic), se estiver incluso no escopo da auditoria. Reunião de encerramento • essa reunião deve acontecer antes da elaboração do relatório de auditoria. Nela é recomendado que participem: auditores, administração do auditado e responsáveis pelas funções auditadas. As constatações devem ser apresentadas e eventuais divergências devem ser resolvidas, sendo as decisões finais de responsabilidade do auditor-líder. Atividades da etapa 4 do processo de auditoria do sistema de gestão ambiental – Relatório de auditoria Etapas, Atividades e Recomendações 4 - Relatório de auditoria Preparar o relatório de auditoria • os tópicos abordados no relatório devem ser os mesmos apresentados no plano de auditoria, sendo que qualquer alteração deve ser realizada de comum acordo entre auditor, auditado e cliente. Com referência ao conteúdo do relatório, que deve ser datado e assinado pelo auditor-líder, a norma recomenda que estejam registradas as constatações da auditoria ou um resumo delas, indicando-se as evidências que sustentam cada constatação. Os tópicos que podem constar do relatório são: ⇒ identificação da organização auditada e do cliente; 12 ⇒ objetivos, escopo e plano de auditoria acordados; ⇒ critérios acordados, incluindo uma lista de documentos de referência segundo os quais a auditoria foi conduzida; ⇒ período da auditoria e a(s) data(s) em que a auditoria foi conduzida; ⇒ identificação dos representantes do auditado que participaram da auditoria; ⇒ identificação dos membros da equipe da auditoria; ⇒ declaração sobre a natureza confidencial do conteúdo; ⇒ lista de distribuição do relatório da auditoria; ⇒ sumário do processo de auditoria, incluindo quaisquer obstáculos encontrados; e ⇒ conclusões da auditoria, tais como a conformidade do SGA auditado em relação aos critérios de auditoria do SGA; se o SGA está implementado e mantido de forma adequada; e se a análise crítica realizada pela administração é capaz de assegurar a melhoria contínua do SGA. Distribuir o relatório de auditoria • o auditor-líder deve enviar o relatório ao cliente; • a relação de interessados que receberão o relatório deve ser definida pelo cliente, tendo sido registrada anteriormente no plano de auditoria; • o auditado deve receber uma cópia do relatório, a não ser que ele seja excluído pelo cliente; • a distribuição para interessados externos à organização deve ser autorizada pelo auditado; • o caráter confidencial do relatório, que é de propriedade exclusiva do cliente, deve ser respeitado por todos seus destinatários; e • eventuais atrasos na entrega do relatório devem ser comunicados ao cliente e ao auditado, sendo indicada nova data de emissão. Reter ou descartar os documentos da auditoria (documentação de trabalho, minutas, relatórios, entre outros) • a retenção ou o descarte de documentos deve ser realizada conforme acordado entre cliente, auditor- líder e auditado. “Diretrizes para Auditoria Ambiental - Critérios de Qualificação para Auditores Ambientais” - NBR ISO 14012 A NBR ISO 14012 (ABNT, 1996e) estabelece diretrizes quanto aos critérios que qualificam um profissional a atuar como auditor e como auditor-líder ambientais, tanto externo como interno. É salientado pela norma que os auditores internos devem possuir o mesmo nível de competência dos auditores externos, mas podem não atender a todos os critérios dessa norma, dependendo de fatores como: características da organização (tamanho, natureza, complexidade e impactos ambientais) e características necessárias para o auditor ambiental (conhecimento especializado e experiência). A norma apresenta definições para: auditor ambiental (pessoa qualificada para realizar auditorias ambientais); auditor-líder ambiental (pessoa qualificada para gerenciar e executar auditorias ambientais); diploma (certificado reconhecido nacional ou internacionalmente, ou qualificação equivalente, normalmente obtido após a educação secundária, através de um período de estudo formal, em tempo integral, com duração mínima de três anos, ou outro período de estudo equivalente, em tempo parcial); e educação secundária (etapa do sistema educacional completada imediatamente antes do ingresso em universidade ou instituição similar). Após as definições, são apresentados pela NBR ISO 14012 os critérios de qualificação de auditores; 13 diretrizes para avaliação das qualificações de auditores ambientais; e diretrizes para o desenvolvimento de um organismo que assegure um enfoque coerente para a certificação de auditores ambientais. A NBR ISO 14012 recomenda, em seu Anexo A, que o processo de avaliação de auditores deve ser conduzido por pessoa dotada de conhecimentos atualizados e experiência em processos de auditoria. Recomenda, ainda, que a avaliação da educação (experiência profissional, treinamento e atributos pessoais dos auditores) seja realizada utilizando-se os seguintes métodos: entrevistas; prova escrita e/ou oral; análise de trabalhos escritos; referências de empregadores anteriores e colegas; simulação de atuação; observações feitas por outros auditores em auditorias já realizadas; análise das evidências apresentada pelo auditor; apreciação das certificações e qualificações profissionais. Ainda de acordo com a norma, caso seja apropriado, deve haver um organismo que assegure que os auditores ambientais sejam certificados de forma consistente, que deve ser independente e atender às seguintes diretrizes: certificar diretamente; credenciar entidades que certificarão os auditores; estabelecer processo de avaliação de auditores; e manter cadastro atualizado de auditores ambientais que atendam aos critérios especificados pela norma. Critérios de qualificação de auditores ambientais de acordo com a NBR ISO 14012 Critérios e Requisitos: Educação • a norma recomenda que o auditor deve ter, no mínimo, o 2º grau (educação secundária) completo. • a experiência profissional apropriada deve permitir o desenvolvimento de habilidades e conhecimento em um ou mais dos seguintes tópicos técnicos e científicos: ciência e tecnologia ambientais; aspectos técnicos e ambientais das operações da instalação; leis e regulamentos aplicáveis; sistema de gestão ambiental; e procedimentos, processos e técnicas de auditoria; • no caso do auditor ter apenas o 2º grau, é recomendado que ele possua, no mínimo, 5 anos de experiência Experiência profissional apropriada. Este mínimo pode ser reduzido se ele tiver realizado, após conclusão do secundário, profissional um curso formal em pelo menos um dos tópicos técnicos e científicos citados. A quantidade de anos que pode ser reduzida não deve ser superior à quantidade de anos do curso realizado e não deve exceder a 1 ano; • no caso do auditor ter um diploma de 3º grau (universidade ou instituição similar), é recomendado que ele tenha, no mínimo, 4 anos de experiênciaprofissional apropriada. Este mínimo pode ser reduzido se ele tiver realizado um curso formal em pelo menos um dos tópicos técnicos e científicos citados. A quantidade de anos que pode ser reduzida não deve ser superior à quantidade de anos do curso realizado e não deve exceder a 2 anos. Treinamento • além da educação (2º ou 3º graus) e da habilidade e conhecimento em tópicos específicos, o auditor deve realizar treinamentos tanto formal (teórico) como de campo, para realizar e desenvolver competência na execução de auditorias ambientais. O treinamento formal ou teórico deve abranger um ou mais de um dos tópicos técnicos e científicos citados anteriormente. Este critério (treinamento formal) pode ser dispensado se o auditor puder demonstrar sua competência por meio de exames reconhecidos ou qualificações profissionais pertinentes. A norma recomenda que o auditor tenha realizado treinamento de campo (equivalente a 20 dias de trabalho em auditoria ambiental), em pelo menos 4 auditorias ambientais, tendo se envolvido em todo o processo de auditoria, sob orientação de um auditor-líder. O 14 tempo de realização deste treinamento não deve exceder a 3 anos consecutivos. Evidência objetiva • diplomas, certificados de cursos, trabalhos publicados, livros escritos entre outros devem ser mantidos como evidências objetivas de educação, experiência e treinamento. Atributos e habilidades pessoais • capacidade de expressar claramente conceitos e idéias, escrita e oralmente; • ter diplomacia, tato e capacidade de escutar; • ser independente, objetivo e organizado; • saber julgar de forma fundamentada; e • saber respeitar convenções e culturas diferentes da própria. Específicos para auditor-líder • ter participado em processos adicionais completos de auditoria, perfazendo adicionalmente 15 dias de trabalho em pelo menos 3 auditorias adicionais completas; e ter participado como auditor-líder, sob supervisão e orientação de outro auditor-líder, em pelo menos 1 das 3 auditorias citadas; ou • ter demonstrado atributos e habilidades para gestão do programa de auditoria ou outros, por meio de entrevistas, observações, referências e/ou avaliações do seu desempenho em auditorias ambientais feitas segundo programas de garantia da qualidade; e • o atendimento a estes critérios adicionais não deve exceder a 3 anos consecutivos. Manutenção da competência • os auditores devem proceder à atualização periódica de seus conhecimentos, sobre os tópicos técnicos e científicos citados no item referente à educação e experiência profissional. Profissionalismo • a norma remete à NBR ISO 14010 (item referente ao profissionalismo) e recomenda, ainda, que os auditores sigam um código de ética apropriado. Idioma • quando o auditor não tiver capacidade de se comunicar com fluência no idioma necessário, deve obter um suporte, que pode ser um intérprete, que seja independente para realizar seu trabalho de forma objetiva. ASPECTOS LEGAIS DA AUDITORIA AMBIENTAL Inicialmente praticada como instrumento voluntário de verificação de atendimento à legislação ambiental, a Auditoria Ambiental caminha, na legislação brasileira, para se tornar, também, uma ferramenta compulsória para o controle da qualidade ambiental. Neste sentido, analisar os principais aspectos legais relacionados à sua aplicação permitirá melhor definir os limites deste instrumento e, especialmente, sua contribuição para a concretização dos objetivos e princípios de preservação ambiental definidos na Constituição Federal (CF) e na Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA). Para tanto, a partir de uma contextualização legal da Auditoria Ambiental em relação à CF e à PNMA, o trabalho apresenta, com base em leis estaduais vigentes, a tendência nacional de se adotar de forma obrigatória a realização da Auditoria Ambiental naquelas atividades causadoras de significativo impacto ambiental. A discussão vai ao encontro do fortalecimento da esfera protetiva ambiental, concluindo pela necessidade da inclusão da Auditoria Ambiental entre os instrumentos da PNMA. 15 No Brasil, já durante a década de 1990, a auditoria ambiental passa a ter sua realização exigida por lei, através de diplomas instituídos em alguns Estados, como Rio de Janeiro e Minas Gerais, e, ainda, teve uma tentativa de regulamentação federal por meio do Projeto de Lei no 3.160/92 e, posteriormente, do PL no 3.539/97, ambos arquivados em 1992. Resta em tramitação, em sede federal, o PL nº 1.254/2003, que propõe emendas à Política Nacional de Meio Ambiente (Lei Federal 6.938/81). Assim, procuramos analisar os aspectos legais da auditoria ambiental (AA) através das diretrizes contidas no PL e na legislação do Estado do Rio de Janeiro, pioneiro, em âmbito nacional, deste processo de obrigatoriedade da AA. Esta leitura tem por finalidade comparar os elementos definidos pela legislação com a normatização existente em relação à auditoria ambiental (NBR ISO 14.001:2004 e NBR ISO 19.011:2002). Para tanto, inicialmente, apresentamos a análise da AA tanto sob a perspectiva teórico- conceitual como das normas técnicas aplicáveis. Em seguida, identificamos os princípios gerais de Direito Ambiental aplicáveis à AA. Por fim, realizamos um breve diagnóstico dos elementos fundamentais da AA constantes da legislação federal, em processo legislativo, e estadual em vigor. Concluímos pela validade da exigência legal da AA, como forma de aperfeiçoamento da esfera protetiva ambiental. É importante desmistificar o significado da certificação ISO 14.001:2004, muitas vezes admitido como sinônimo de excelência em gestão ambiental e pleno atendimento à legislação ambiental. Na verdade, “a certificação garante que há um sistema de gestão ambiental funcionando, dentro dos padrões da norma, mas não garante que a empresa tenha desempenho ambiental excelente, apenas um compromisso com a melhoria contínua” (PHILIPPI JR., AGUIAR, 2005, p. 876). Para a obtenção do certificado de conformidade com a ISO 14.001:2004 (‘certificação’) a auditoria se configura como o instrumento competente para verificar, objetivamente, a compatibilidade do sistema auditado com os requisitos definidos na norma. Neste contexto, pode ser entendida como o “processo sistemático, documentado e independente para obter evidências de auditoria e avaliá-las objetivamente para determinar a extensão na qual os critérios da auditoria são atendidos” (ABNT NBR ISO 19011:2002). Não há um conceito predominante para auditoria ambiental, assim sendo, Philippi Jr. e Aguiar (2005, p. 868), ao analisarem diversas definições, propõe auditoria ambiental como “um processo sistemático e formal de verificar, por uma parte auditora, se a conduta ambiental e/ou o desempenho ambiental de uma entidade auditada atende(m) a um conjunto de critérios especificados.” A ABNT NBR ISO 19011:2002 fornece um modelo de processo sistemático aplicável, obviamente, à constatação de conformidade com a ABNT NBR ISSO 14.001:2004. Assim sendo, adotaremos ambas as normas para o desenho teórico proposto para a auditoria ambiental. O conhecimento dos aspectos ambientais da organização é a pedra angular da auditoria, visto ser o requisito central da NBR ISO 14.001:2004, conforme releva Viterbo Júnior (1998, p. 76), por atrelar todos os demais itens da norma. A definição dada pela norma esclarece sua importância: “elemento das atividades ou produtos ou serviços de uma organização que pode interagir com o meio ambiente” (ABNT NBR ISO 14.001:2004). Em suma, sãoos elementos que podem causar impactos ambientais, destacando- se aqueles considerados negativos (e. g.: contaminação do solo, poluição atmosférica e hídrica, entre outros). O auditor não deve, portanto, perder o foco nos aspectos ambientais, especialmente aqueles considerados significativos. Para tanto, Kochen (2003, p. 56) orienta para a necessidade de observar durante a auditoria: “a) atendimento a requisitos legais e requisitos de órgãos ambientais; b) conformidade com a política ambiental da empresa; c) gestão dos aspectos ambientais da empresa; d) plano de ação para 16 correção de deficiências identificadas nos itens anteriores.” No que tange ao escopo deste trabalho, daremos ênfase ao conteúdo dos requisitos legais e de órgãos ambientais. À par da evidência que os termos transparecem cumpre reforçar a relevância do cumprimento destes itens, especificamente em relação ao cumprimento: a) dos parâmetros e padrões legais de emissão; b) das condicionantes definidas na licença ambiental pelo órgão competente; c) das medidas mitigadoras e compensatórias apresentadas no Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e aprovadas pelo órgão ambiental. A verificação destes elementos é indispensável ao processo de AA, bem como a comparação dos, impactos ambientais diagnosticados no EIA da organização com os aspectos ambientais apontados pela empresa em seu sistema da gestão ambiental. Deve haver coerência entre estas informações, não sendo admissível, a título de exemplo, que um impacto considerado significativo pelo EIA não tenha correspondência no sistema da gestão ambiental implantado ou em implantação pela empresa. Por fim, visando sintetizar a importância da AA na efetivação de qualquer política que se proponha ambientalmente sustentável, destacamos, entre as motivações apontadas por Campos e Lerípio (2009, p. 4-5) para a implantação da auditoria ambiental: a) buscar conformidade legal; b) estimar os riscos e as responsabilidades; c) analisar procedimentos de resposta a emergências; d) melhorar a utilização dos recursos. Como forma de se desvelar o alcance desta ferramenta podemos, com base na literatura pesquisada, estabelecer seis benefícios empresariais relevantes obtidos através da AA: a) identificação de passivos ambientais; b) melhor relacionamento com órgãos ambientais; c) prevenção de impactos ambientais e respectivos custos, como aqueles relacionados a multas, recuperação de áreas degradadas e indenização de terceiros afetados; d) redução dos custos da falta de controle ambiental, tais como desperdício de matéria-prima e energia; e) maior competitividade da empresa; f) melhoria na imagem da empresa junto a consumidores, clientes e fornecedores. Desta síntese, entendemos ser a AA uma ferramenta compatível com o objetivo geral da Política Nacional de Meio Ambiente, qual seja “a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental” (art. 2º, caput) e seus princípios (art. 2º), particularmente, o da racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar (II), o do planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais e o do controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras (V). Configura, da mesma forma, elemento para o fortalecimento do desenvolvimento nacional sustentável (v. item 2.1), visto adotar uma perspectiva preventiva de longo prazo, ao reduzir, por exemplo, o consumo de recursos naturais, estando, desta maneira, contribuindo para a eficácia do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, em pleno atendimento aos preceitos constitucionais. Destacado o papel desempenhado pela AA na prevenção à ocorrência de impactos ambientais negativos e mesmo para a eficácia do desenvolvimento sustentável, passaremos aos princípios de Direito Ambiental aplicáveis, enquanto fundamentos a serem observados pelas normas que se propõem a exigir a aplicação deste instrumento. PRINCÍPIOS DE DIREITO AMBIENTAL Pela natureza do instrumento Auditoria Ambiental, analisado como ferramenta de verificação da conformidade do desempenho ambiental das atividades produtivas ou de prestação de serviços, relacionamos neste tópico os princípios gerais a serem observados na sua regulamentação legal. 17 Desenvolvimento sustentável Além da tradicional concepção, de corresponder àquele que “atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades” (UNITED NATIONS, 2008), desenvolvimento sustentável é identificado no Dicionário Brasileiro de Ciências Ambientais (LIMA-E-SILVA, 1999, p. 76), como a “Forma de desenvolvimento econômico que não tem como paradigma o crescimento, mas a melhoria da qualidade de vida; que não caminha em direção ao esgotamento dos recursos naturais”. Sob o manto deste modelo de desenvolvimento nacional sustentável, estipulado pela própria Constituição Federal (art. 3º, II c/c art. 170, VI e VII e art. 225, caput), é que devem ser implementadas as diretrizes legais para a auditoria ambiental que, para tanto, devem ter por escopo o planejamento de longo prazo. Equidade intergeracional Previsto pelo art. 225, caput da Constituição Federal (CF/88), envolve a idéia de distribuição justa dos recursos naturais, tanto sob a perspectiva da qualidade ambiental como do estoque de recursos, das presentes para as futuras gerações. A AA ao contribuir para otimizar o uso dos recursos naturais, assegura a disponibilidade tanto quantitativa como qualitativa dos recursos ambientais no tempo e no espaço. prestação de serviços, relacionamos neste tópico os princípios gerais a serem observados na sua regulamentação legal. Poluidor-pagador Por si só, a AA se configura em materialização do princípio do poluidor-pagador, ao se configurar um instrumento de internalização dos custos de proteção do meio ambiente, em respeito ao Princípio 16, da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, 1992. Neste caso, refere-se aos custos de avaliação que, na conceituação de MOURA (2003, p.78), são aqueles “custos para manter os níveis de qualidade ambiental da empresa, por meio de avaliações formais do sistema de gestão ambiental”. Prevenção Sem dúvida, a AA encontra-se dentro da natureza preventiva do Direito Ambiental como um todo e que, in casu, significa, nos dizeres de Machado (1999, p. 67) “prever, prevenir e evitar na origem as transformações prejudicais à saúde humana e ao meio ambiente”. Limite Como vimos, um dos elementos a serem observados na realização da AA é a verificação do cumprimento dos limites legais de emissão, em outras palavras, dos “critérios e padrões de qualidade ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais” (art. 4º, III, da Lei 6.938/81). São estes, os cincos princípios basilares à aplicação compulsória da AA, que passaremos a analisar a seguir. LEGISLAÇÃO BRASILEIRA: obrigatoriedade da auditoria ambiental Foram propostos, no Brasil, dois projetos de lei federal (PL) com o objetivo de sistematizar a auditoria 18 ambiental (AA) em nosso ordenamento jurídico. O PL 3.160/92, primeiro a ser apresentado, acabou arquivado em 02 de fevereiro de 1999 (CÂMARA, 2010a), mesma data em que o PL 3.539/97 teve encerrado seu trâmite (CÂMARA, 2010b), sem a devida conclusão por conta do art. 105, do Regimento Interno da Câmara, que impõe o arquivamento de todas as proposições apreciadas pela Câmara e em tramitação ao fim da legislatura. Aindaassim, cumpre reconhecer os requisitos legais básicos indicados para a AA, segundo análise de Kochen (2003, p. 56-57) do PL 3.160/92: a) obrigatoriedade de auditorias periódicas para atividades potencialmente causadoras de impacto ambiental; b) independência dos auditores; c) credenciamento dos auditores pelo órgão ambiental competente; d) responsabilização da organização auditada, ou de seus técnicos, em relação às não conformidades identificadas; e) periodicidade da verificação de aspectos legais, técnicos e administrativos da organização; f) AA deve seguir procedimento semelhante ao do estudo de impacto ambiental (EIA); g) definição de penalidades, diferenciadas para a empresa e para o auditor, em razão do não tratamento das não conformidades identificadas; h) intervenção estatal para impedir práticas que possam causar dano ao meio ambiente e/ou à saúde da população. Desde 2003, encontra-se, em tramitação na Câmara dos Deputados, o PL nº 1.254/2003 (CÂMARA, 2010c), que altera a Lei nº 6.938/81 com o objetivo de inserir os conceitos de auditoria ambiental, sistema da gestão ambiental, ativos e passivos ambientais na Política Nacional do Meio Ambiente e estabelecer, como um de seus instrumentos, a auditoria. O PL nº 1.254/2003 estabelece que a AA seja periódica, realizada por entidade acreditada pelo INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia) e que seus custos corram por conta da organização auditada. Deverá, em linhas gerais, aferir o desempenho ambiental da organização como um todo, avaliando os passivos ambientais e os custos a eles relacionados, bem como as medidas necessárias para sua correção e as responsabilidades dos agentes envolvidos. Por fim, determinada a publicidade dos resultados da AA. Na esfera federal, veremos agora, que apenas a indústria do petróleo possui tratamento específico em relação à obrigatoriedade da AA. Esta exigência foi motivada pela “necessidade de colher lições do grave derramamento de óleo ocorrido na Baía de Guanabara”, de acordo com as considerações iniciais da Resolução CONAMA no 265/2000, que definiu prazos para a avaliação das medidas de controle do derramamento (art. 1o) e para a Petrobras realizar “auditoria ambiental independente em todas as suas instalações industriais, marítimas e terrestres, de petróleo e derivados, localizadas no Estado do Rio de Janeiro” (art. 2º). Passado o caráter emergencial da CONAMA no 265/2000 entrou em vigor a Resolução CONAMA no 306/2002, que estabelece os requisitos mínimos e o termo de referência para realização de auditorias ambientais de portos organizados e instalações portuárias, plataformas e suas instalações de apoio e refinarias. Para tanto, comanda, em seu Anexo II, em relação aos aspectos legais, a verificação do cumprimento da legislação ambiental aplicável e das exigências contidas no licenciamento ambiental e, por conta das questões operacionais, a análise do desempenho da gestão ambiental através da verificação dos aspectos significativos, das medidas de controle existentes, das ações para combate a emergências entre outros. Destarte, atualmente, apenas normas municipais e estaduais regulam a AA, tendo sido pioneiras a Lei Municipal de Santos nº 790, de 05 de novembro de 1991 e a Lei Estadual do Rio de Janeiro no 1.898, de 26 de novembro de 1991. Diversos outros Estados regulamentaram a prática da AA, como Minas Gerais (Lei nº 10.627, de 16 de janeiro de 1992) e Paraná (Lei nº 13.448, de 11 de janeiro de 2002). Da legislação mineira extraímos a conceituação que consolida a proposta de uma “Auditoria Ambiental Compulsória”: Art. 1º - Para os efeitos desta Lei, denomina-se auditoria ambiental a realização de avaliações e estudos destinados a determinar: 19 I - os níveis efetivos ou potenciais de poluição ou de degradação ambiental provocados por atividades de pessoas físicas ou jurídicas; II - as condições de operação e de manutenção dos equipamentos e sistemas de controle de poluição; III - as medidas a serem tomadas para restaurar o meio ambiente e proteger a saúde humana; IV - a capacitação dos responsáveis pela operação e manutenção dos sistemas, instalações e equipamentos de proteção do meio ambiente e da saúde dos trabalhadores. Consideramos, a partir da legislação em vigor, como requisitos essenciais da auditoria ambiental compulsória: a) periodicidade; b) publicidade; c) definição de seu custeio pelas empresas causadoras de significativo impacto ambiental; d) existência de sanções legais no caso de seu descumprimento. Propomos, ainda, como forma de defender a compulsoriedade da Auditoria Ambiental (AA), suas principais contribuições na implementação dos critérios de sustentabilidade (Tabela 1), conforme classificação de Sachs (2002, p. 85-88). 20 Tendo em vista o ordenamento nacional em vigor, entendemos que a AA constitui instrumento fundamental para alcançar o “objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida” (art. 2º, caput, Lei 6.938/81) e, tendo em vista sua adequação aos critérios de sustentabilidade, atende à finalidade de “compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico [para as presentes e futuras gerações]” (art. 4º, I, Lei 6.938/81). CONSIDERAÇÕES FINAIS O procedimento adotado para a realização da auditoria ambiental se mostra competente para a verificação da conformidade do processo industrial analisado aos requisitos da norma (ABNT NBR ISO 14.001:2004) obtendo um resultado satisfatório para a organização em termos de prevenção de impactos ambientais e de mercado. 21 Tratando-se de instrumento de adesão voluntária supre, por outro lado, uma carência regulatória em sede federal, fruto da morosidade do processo legislativo. A exposição se propôs a apresentar a auditoria ambiental como um eficaz instrumento de gestão ambiental. Entretanto, para que se torne um instrumento de política ambiental, requer a elaboração de diploma que unifique o instituto com base nos princípios de Direito Ambiental. Por esta constatação, consideramos imperativo seu estabelecimento em âmbito federal, tanto pela sua previsão na Política Nacional de Meio Ambiente, em consonância com o PL nº 1.254/2003, como pela definição de seu conteúdo mínimo e do rol de atividades e empreendimentos sujeitos a ela através de regulamentação pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente, a exemplo da Resolução CONAMA no 306/2002, aqui analisada, e daquelas aplicáveis ao licenciamento ambiental, especialmente Resolução CONAMA no 001/1986 e no 237/1997. Importa destacar, entretanto, que, para uma maior eficácia da auditoria ambiental [...] a sua aplicação como instrumento de gestão em políticas públicas, destacadamente no licenciamento, controle ambiental e priorização de incentivos econômicos, ainda depende de uma mudança de postura dos governos e dos órgãos ambientais, que pouco têm se preparado para a aplicação desse instrumento no Brasil (PHILIPPI JR.; AGUIAR, 2005, p. 897). Para que não tenha seus objetivos destorcidos pela agenda pública é preciso ampliar o debate em torno da definição da AA, seu conteúdo mínimo, diretrizes, alcance, periodicidade, transparência e participação das comunidades afetadas pelos empreendimentos. Nossas considerações, portanto, convocam para a discussão acerca da regulamentação da Auditoria Ambiental, como forma de fortalecimento da Política Nacional doMeio Ambiente, buscando dar eficácia aos seus objetivos e princípios que, combinados com a Constituição Federal, visam, em última análise, a construção de um projeto de sociedade justa e solidária, assegurado às presentes e futuras gerações o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e, consequentemente, o direito à existência digna. CERTIFICAÇÃO DE UM SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL Introdução O sistema brasileiro de certificação ambiental é constituído pelas organizações credenciadas para certificarem, pelas empresas certificadas e pelo Inmetro, órgão do governo brasileiro responsável por regular a estrutura de certificação no Brasil. De todas as normas do compêndio ISO 14.000, apenas a NBR ISO 14.001 sobre Sistema de Gestão Ambiental e a NBR ISO 14.040 sobre Análise do Ciclo de Vida são passíveis de avaliação de conformidade. Assim quando uma empresa possui uma certificação ISO 14.001 automaticamente sabemos que o seu Sistema de Gestão Ambiental encontra-se em conformidade com o estabelecido na NBR ISO 14.001:2004. 22 Para obter uma certificação ISO 14.001 é necessário contratar um Organismo de Certificação de Sistema de Gestão Ambiental – OCA, que são empresas certificadas pelo Inmetro que conduzem e concedem a certificação de conformidade, com base na norma ISO 14.001. A relação das organizações credenciadas para certificarem, e das empresas brasileiras com certificação ISO 14.001 está disponível para consulta pública no portal do Inmetro na Internet. É importante lembrar que atualmente, a certificação de um Sistema de Gestão Ambiental pela ISO 14.001:2004 é um requisito essencial para as empresas que desejam competitividade em um contexto de mercado globalizado através da melhoria de seu desempenho ambiental, e pode ser aplicada a qualquer atividade econômica, fabril ou prestadora de serviços. Para a certificação de um sistema de gestão ambiental é necessário a aplicação de uma auditoria de certificação na atividade a ser certificada. A NBR ISO 14.001 é a norma que certifica, no entanto, as outras normas do compêndio ISO 14.000, como as NBRs ISO 14.010, ISO 14.011 e ISO 14.012 são normas de apoio que também devem ser obedecidas na certificação. Uma organização ao certificar o seu Sistema de Gestão Ambiental potencia: Redução de custos: melhoria da eficiência dos processos e, consequentemente, redução de consumos (matérias-primas, água, energia); minimização do tratamento de resíduos e efluentes; diminuição dos prêmios de seguros e minimização de multas e coimas; Redução de riscos, tais como emissões, derrames e acidentes; Vantagens Competitivas: melhoria da imagem da empresa e a sua aceitação pela sociedade e pelo mercado; minimização dos riscos dos investidores; Evidência, de uma forma credível, da qualidade dos processos tecnológicos de uma organização, de um ponto de vista de proteção ambiental e de prevenção da poluição; Uma nova dinâmica de melhoria, nomeadamente através da avaliação independente efetuada por auditores externos. Atualmente, a implementação e a certificação de Sistemas de Gestão é uma realidade em empresas de qualquer dimensão, incluindo as pequenas e médias empresas, pois sendo uma ferramenta de gestão, transversal a toda a organização e universalmente reconhecida, permite aos gestores, tomar decisões baseadas em dados objetivos, tendo com objetivo a satisfação dos clientes e a melhoria contínua. A implementação e a posterior certificação de Sistemas de Gestão constituem um dos fatores críticos de sucesso de qualquer organização inserida num mercado cada vez mais global e competitivo. No que diz respeito aos clientes da APCER, existe até um crescimento bastante positivo de pequenas e médias empresas certificadas, o que será sintoma de que quem aposta na certificação reconhece as reais mais valias. A Certificação exige investimentos naturalmente, mas o mais importante é que também é expectável o retorno desse investimento a médio e longo prazo para além de fomentar o trabalho em equipe e melhorar a relação da organização com todas as restantes partes interessadas. A Certificação mais do que um investimento constitui um desafio para as empresas nacionais, no sentido de continuamente melhorarem os seus processos, os orientarem os seus produtos/serviços de melhoria contínua dos processos, na 23 resposta às expectativas dos seus clientes atuais e futuros. Qualquer organização, independentemente da sua dimensão e setor de atividade, que opte por uma estratégia “amiga do ambiente” poderá optar pela Certificação Ambiental. Sobretudo nos dias de hoje em que a Sustentabilidade das Organizações é um tema tão presente nas estratégias empresariais e em que um dos pilares é precisamente o Ambiente. As organizações estão cada vez mais preocupadas em atingir e demonstrar um desempenho ambiental sólido, através do controlo dos impactes das suas atividades, produtos e serviços no ambiente, em coerência com a sua política e objetivos ambientais. Estas preocupações surgem no contexto do aparecimento de legislação cada vez mais restritiva, e de um crescimento generalizado das preocupações de partes interessadas sobre questões ambientais e de desenvolvimento sustentável. E de fato, entre as principais motivações para obter a certificação ambiental salientam-se a melhoria do desempenho ambiental, a melhoria da imagem da organização bem como o assegurar o cumprimento dos requisitos legais. A obtenção da Certificação do Sistema de Gestão Ambiental (SGA) de acordo com a ISO14001:2004, com a certificadora pressupõe o cumprimento das seguintes fases, após a implementação do SGA: Informação sobre o processo de Certificação; Instrução do Processo; Visita Prévia (Opcional); Auditoria de Concessão (Primeira e Segunda fase); Resposta da Organização (Plano de Ações Corretivas); Parecer da “certificadora” acerca da Certificação. No caso das auditorias de concessão suportadas na ISO 14001:2004 e/ou verificações ambientais suportadas no Regulamento EMAS, as mesmas desdobram-se em dois momentos distintos: 1ª fase e 2ª fase. A Auditoria de Concessão de 1ª fase é centrada na análise documental do sistema. Realizada nas instalações do cliente, com o objetivo de averiguar o estado de preparação para a auditoria de concessão 2ª fase. Esta permite confirmar que a organização aderiu à sua Política Ambiental (PA), aos seus Objetivos e às Práticas que documentou, e que estas estão conformes com a ISO 14001. Após a atribuição da Certificação, o certificado tem a validade de três anos e anualmente é feita uma auditoria de acompanhamento. No 3º ano, após a certificação, é efetuada uma auditoria de renovação. Para finalizar, é importante salientar que um dos principais benefícios associados à certificação ambiental, como salientados anteriormente, é a melhoria da eficiência e da produtividade organizacional, ao mesmo tempo que permite dar confiança acrescida a todos os stakeholders da Organização (acionistas, clientes, colaboradores, comunidade envolvente e sociedade em geral). 1) Sistema de Gestão Ambiental - SGA e ISO 14001. 1.1. Conceitos 24 SGA - Sistema de gestão ambiental: A parte do sistema de gestão global que inclui estrutura organizacional, atividades de planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e recursos para desenvolver, implementar, atingir, analisar criticamente e manter a política ambiental. ISO: InternationalOrganization for Standardization (Organização Internacional para Padronização) ISO 14001: norma internacionalmente aceita que define os requisitos para estabelecer e operar um Sistema de Gestão Ambiental. Observação: Verificar glossário geral ao final da apostila. 1.2. Surgimento da Gestão Ambiental nas Organizações/ Empresas. A relação do ser humano com o seu meio ambiente apresenta imediatamente a questão de como ele constrói as suas condições de vida, as quais são reflexos das opções econômicas adotadas. Cabe salientar aqui que a qualidade de vida do homem é uma conseqüência direta da qualidade ambiental. Ambas são interdependentes e relacionam-se diretamente com a questão econômica (Seifert, 2008). A preocupação com o esgotamento dos recursos naturais surgiu com a percepção, após a Revolução Industrial, de que a capacidade do ser humano de alterar o meio ambiente aumentou significativamente, levando a conseqüências positivas e negativas e evidenciando uma interdependência entre a economia e o meio ambiente. A constatação da existência de limites ambientais ao crescimento econômico vem levando a uma preocupação crescente com a elaboração de políticas que permitam a conciliação da atividade econômica com a proteção ambiental, ainda que em um primeiro momento pareça inviável conciliar ambas. A partir da década de 1950 a relação entre a questão ambiental e o desenvolvimento econômico passou a ser analisada como conseqüência de uma reavaliação dos resultados do crescimento econômico (Donaire, 1999). Os problemas ambientais em nível mundial começam a se tornar preocupantes. Como exemplos significativos, destacam-se o aumento de temperatura da Terra, a destruição da camada de ozônio, o esgotamento acelerado dos recursos naturais, etc. Todos estes problemas levam à busca de um novo modelo de crescimento econômico que considere mais a preservação do meio ambiente. Segundo Cavalcanti (1998), a economia não pode ser vista como algo à parte da natureza. Não é possível extrapolar, no sentido econômico, a chamada “curva de transformação” ou “possibilidades de produção” da natureza, sendo que desta forma a sustentabilidade implica o requisito de que os conceitos e métodos a serem usados na ciência econômica devem levar em consideração as restrições ambientais ao desenvolvimento social. As conseqüências ambientais do crescimento populacional e desenvolvimento econômico desenfreado causam degradações ambientais que hoje estão tomando proporções globais. Ocorrem danos ambientais, mas também ocorrem perdas financeiras. É necessário conciliar as atividades econômicas e a questão ambiental para a busca da sustentabilidade nos 3 eixos: social, econômico e ambiental. Seifert (2008) cita que a inserção da problemática ambiental no panorama institucional vem levando a um contínuo debate da questão, o qual vem desenvolvendo um senso comum, entre a maioria dos países do globo, de que as medidas de proteção ambiental não foram criadas para impedir o desenvolvimento econômico. Estas medidas incorporam-se nas avaliações de custo/benefício ambiental associadas ao desenvolvimento de 25 projetos econômicos, o que por sua vez vem levando à criação de novas regulamentações cada vez mais restritivas, dentro de um contexto de execução de políticas governamentais. A relação entre meio ambiente e desenvolvimento está associada à necessidade da adoção de posturas fundamentadas na compreensão de qual deve ser o caráter do desenvolvimento adotado, analisando-se de forma integrada os custos sociais, econômicos e ambientais dele decorrentes. A busca de formas integradas de abordar as questões ambientais e do desenvolvimento levou à necessidade da criação de conceitos que permitissem trabalhar de forma harmônica essa dualidade (Seifert, 2008). As relações entre ambiente e desenvolvimento econômico estão integradas, é devem buscar sempre o eixo da sustentabilidade. Neste ponto é que entra a busca pela sustentabilidade, ou seja, a empresa deve buscar cumprir os requisitos das normas que se propõem a implantar, as exigências das licenças ambientais, enfim, mas deve visar no uso de todos os instrumentos de planejamento e gestão ambiental na empresa os princípios da sustentabilidade. O termo sustentabilidade foi bem explicado pela primeira vez dentro de um estudo realizado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente das Nações Unidas, mais conhecido como Relatório Brundtland, que o define da seguinte maneira: “é o desenvolvimento que satisfaz as necessidades atuais sem comprometer a habilidade das futuras gerações em satisfazer suas necessidades” (WECD, 1987). Neste relatório, entre outras coisas, chegou-se à conclusão de que era necessária uma mudança de base no enfoque do desenvolvimento, já que o planeta e todos seus sistemas ecológicos estão sofrendo graves e irreversíveis impactos negativos. Segundo Sachs (2002, p. 85), o planejamento do desenvolvimento voltado para a sustentabilidade deve considerar alguns principais aspectos como: social, cultural, ecológico, ambiental e territorial, descritas a seguir: - Sustentabilidade social: aquela em que se alcança um patamar razoável de homogeneidade social; distribuição de renda justa; emprego pleno e/ ou autônomo com qualidade de vida decente; igualdade no acesso aos recursos e serviços sociais; - Sustentabilidade cultural: a que se refere às mudanças no interior da comunidade (equilíbrio entre respeito à tradição e inovação); capacidade de autonomia para elaboração de um projeto nacional integrado e endógeno e alta confiança combinada com abertura para o mundo. Implica ainda na necessidade de se buscar solução de âmbito local, utilizando-se das potencialidades das culturas e do modo de vida da cidade, assim como da participação da população residente nos processos decisórios e nas formulações de programas e do desenvolvimento turístico; - Sustentabilidade Ecológica: a que decorre da preservação do potencial do capital natureza na sua produção de recursos renováveis, da limitação do uso de recursos não renováveis, da limitação em como do respeito da capacidade de carga máxima de suporte dos ecossistemas; - Sustentabilidade Ambiental: aquela que respeita e realça a capacidade de autodepuração dos ecossistemas naturais; - Sustentabilidade Territorial: a que se refere às configurações urbanas e rurais balanceadas (eliminação das inclinações urbanas nas alocações do investimento público). 26 Ainda no contexto da sustentabilidade Barbieri (1996, p. 29) descreve que “o objetivo da sustentabilidade é aumentar as opções das pessoas, respeitando não só as gerações atuais como também as gerações futuras”. Com a inserção do contexto da sustentabilidade nas empresas, e a obrigatoriedade de se cumprir as leis ambientais, surgiu a série de normas ISO 14000, como um marco de auxílio na busca da implantação de uma gestão ambiental efetiva nas empresas. A primeira versão da ISO 14001 disponível foi no ano de 1996, a qual foi atualizada em 2004. Os primeiros sistemas de gestão ambiental foram desenvolvidos na década de 80, depois de graves acidentes ecológicos. Devido a necessidade de uma abordagem permanente, coordenada, e a criação de normas e diretrizes que servissem de base para a política ambiental surgiu a norma BS 7750, que serviu de base para o desenvolvimento da série ISO 14000. Foram criadas por um comitê internacional composto por representantes de 95 países responsáveis por 95% da produção industrial do mundo, cujo objetivo foi especificar normas para um sistema de gestão ambiental quese aplique a qualquer tipo de organização. Impulsionadas pela série de certificações ISO 9000 no Brasil uma certificação da série 14000 vem sendo o mais novo "prêmio" da indústria brasileira que deseja competir nos mais exigentes mercados internacionais , e porque não dizer nacionais também. Assim, ergue-se a seguinte discussão: qual o verdadeiro papel, isto é, os reais benefícios da certificação ISO 14001, que especifica as diretrizes de um sistema de gestão ambiental. Um dos resultados do processo de discussões em torno dos problemas ambientais e de como promover o desenvolvimento econômico frente a essa questão foi o surgimento das normas ISO 14000, as quais procuram desenvolver uma abordagem organizacional que leve a uma gestão ambiental efetiva (Seifert, 2008). A mudança de hábitos do consumidor representa uma questão-chave na construção de um elemento objetivo que despertou nas organizações o interesse pela gestão ambiental. Segundo Seifert (2008), a gestão ambiental integra em seu significado: - a política ambiental, que é o conjunto consistente de princípios doutrinários que conformam as aspirações sociais e/ ou governamentais no que concerne à regulamentação ou modificação no uso, controle, proteção e conservação do ambiente; - o planejamento ambiental, que é o estudo prospectivo que visa a adequação do uso, controle e proteção do ambiente às aspirações sociais e/ ou governamentais expressas formal ou informalmente em uma política ambiental, através da coordenação, compatibilização, articulação e implantação de projetos de intervenções estruturais e não-estruturais. - o gerenciamento ambiental, que é o conjunto de ações destinado a regular o uso, controle, proteção e conservação do meio ambiente, e a avaliar a conformidade da situação corrente com os princípios doutrinários estabelecidos pela política ambiental. A gestão ambiental em uma empresa não deve ser apenas para evitar a inadimplência legal e restrições ou riscos ambientais, mas também uma forma de adicionar valor a organização. 27 Barbieri (2008) indica que a abordagem ambiental na empresa pode ser de três tipos. A primeira delas é chamada de controle da poluição, pois os esforços organizacionais são orientados para o cumprimento da legislação ambiental e atendimento das pressões da comunidade, mostrando-se marcadamente reativa, vinculadas, pois, exclusivamente à área produtiva. Por outro lado, a internalização da variável ambiental na empresa pode ser preventiva, ou seja, nela a organização objetiva utilizar eficientemente os insumos; a preocupação ambiental e mais incisiva na área manufatureira, mas começa a se expandir para toda a organização. No último estágio, a questão ambiental se torna estratégica para a empresa, e as atividades ambientais encontram-se disseminadas pela organização. Segundo Reis 1995, nos países desenvolvidos, as exigências legais e normativas, além das restrições de mercado e proliferação de “selos verdes”, vêm obrigando as empresas a lançarem mão de programas de gerenciamento ambiental. Desta forma uma síntese de alguns determinantes, entre os quais predominam aqueles oriundos de exigências de mercado, na forma de um consumo seletivo e governamental, na forma de exigências legais e normativas. No Brasil, assim como nos demais países do mundo, fica evidenciado de modo geral que as ações que fomentaram, inicialmente, mecanismos de gestão ambiental nas organizações foram induzidas notadamente pela intervenção governamental, a qual é reflexo da evolução histórica do país. Todavia, as políticas orientadas pelo mercado hoje acabam sendo mais eficientes do que mecanismos de imposições como regulamentações ambientais. As normas ambientais que vem sendo desenvolvidas na área de meio ambiente. A proposição de normas e leis revela um aspecto básico da questão ambiental relacionada ao ambiente produtivo, que é o estabelecimento de parâmetros do que vem a ser um processo produtivo ambientalmente adequado. No decorrer do desenvolvimento das normas ISO 14000, buscou-se assegurar que estas estivessem relacionadas à padronização de processos, e não ao estabelecimento de parâmetros de desempenho ambiental, os quais, por sua vez, são atribuíveis unicamente à legislação ambiental. Em virtude disso, estas normas apresentam, os elementos necessários à construção de uma sistema que alcance as metas ambientais estabelecidas pela organização. Segundo Seifert, 2008, um motivo para essa abordagem é que existe uma multiplicidade de pontos de vista diferentes sobre o que é uma boa gestão de desempenho ambiental. Isso se relaciona em parte às diversas tecnologias existentes para alcançar os objetivos ambientais de uma organização. Essa razão pela qual os objetivos de normas como as ISO 14000 estabelecem uma base comum para uma gestão ambiental mais uniforme, eficiente e eficaz. Portanto, haverá maior confiança por parte daqueles envolvidos no processo de gestão ambiental, de que o processo realizado por uma empresa conduzirá a maior cumprimento à lei, além de conformidade a outras exigências e a níveis mais elevados de desempenho ambiental. A ISO 14001 é apenas um dos muitos instrumentos disponíveis que podem auxiliar as organizações na evolução no que se refere às questões ambientais. 1.3. A Busca pela Certificação Ambiental. Neste ponto iremos apresentar uma visão geral da busca pela certificação ambiental das empresas no Brasil, com apresentação de alguns dados e a discussão de alguns fatores que levam as empresas a buscar esta certificação ambiental. 28 Segundo dados da ABNT, no ano de 2005 o Brasil possuía 1.800 organizações certificadas de acordo com a norma ISO 14001, enquanto que o Japão possuía 17.882 organizações certificadas de acordo com esta norma sendo este o país com o maior número de certificações. Em termos de Brasil a região sudeste é a que mais possuía organizações certificadas na ISO 14001, com 67% das certificações totais no país (Anexo 01). Porque as empresas buscam a certificação? As razões que levam as empresas a adotar e praticar a gestão ambiental são várias. Estas razões podem transcender os procedimentos obrigatórios de atendimento da legislação ambiental até a fixação de políticas ambientais que visem a conscientização de todo o pessoal da organização. A busca de procedimentos gerenciais ambientalmente corretos, incluindo-se aí a adoção de um Sistema Ambiental (SGA), na verdade, encontra inúmeras razões que justificam a sua adoção. Os fundamentos predominantes podem variar de uma organização para outra. No entanto, eles podem ser resumidos nos seguintes básicos: Os recursos naturais (matérias-primas) são limitados e estão sendo fortemente afetados pelos processos de utilização, exaustão e degradação decorrentes de atividades públicas ou privadas, portanto estão cada vez mais escassos, relativamente mais caros ou se encontram legalmente mais protegidos. Os bens naturais (água, ar) já não são mais bens livres/grátis. Por exemplo, a água possui valor econômico, ou seja, paga-se, e cada vez se pagará mais por esse recurso natural. Determinadas indústrias, principalmente com tecnologias avançadas, necessitam de áreas com relativa pureza atmosférica. Ao mesmo tempo, uma residência num bairro com ar puro custa bem mais do que uma casa em região poluída. O crescimento da população humana, principalmente em grandes regiões metropolitanas e nos países menos desenvolvidos, exerce forte conseqüência sobre o meio ambiente em geral e os recursos naturaisem particular. A legislação ambiental exige cada vez mais respeito e cuidado com o meio ambiente, exigência essa que conduz coercitivamente a uma maior preocupação ambiental. Pressões públicas de cunho local, nacional e mesmo internacional exigem cada vez mais responsabilidades ambientais das empresas. Bancos, financiadores e seguradoras dão privilégios a empresas ambientalmente sadias ou exigem taxas financeiras e valores de apólices mais elevadas de firmas poluidoras. A sociedade em geral e a vizinhança em particular está cada vez mais exigente e crítica no que diz respeito a danos ambientais e à poluição provenientes de empresas e atividades. Organizações não- governamentais estão sempre mais vigilantes, exigindo o cumprimento da legislação ambiental, a minimização de impactos, a reparação de danos ambientais ou impedem a implantação de novos empreendimentos ou atividades. Compradores de produtos intermediários estão exigindo cada vez mais produtos que sejam produzidos em condições ambientais favoráveis. A imagem de empresas ambientalmente saudáveis é mais bem aceita por acionistas, consumidores, fornecedores e autoridades públicas. Acionistas conscientes da responsabilidade ambiental preferem investir em empresas lucrativas sim, mas ambientalmente responsáveis. 29 A gestão ambiental empresarial está na ordem do dia, principalmente nos países ditos industrializados e também já nos países considerados em vias de desenvolvimento A demanda por produtos cultivados ou fabricados de forma ambientalmente compatível cresce mundialmente, em especial nos países industrializados. Os consumidores tendem a dispensar produtos e serviços que agridem o meio ambiente. Cada vez mais compradores, principalmente importadores, estão exigindo a certificação ambiental, nos moldes da ISO 14.000, ou mesmo certificados ambientais específicos como, por exemplo, para produtos têxteis, madeiras, cereais, frutas, etc. Tais exigências são voltadas para a concessão do “Selo Verde”, mediante a rotulagem ambiental. Acordos internacionais, tratados de comércio e mesmo tarifas alfandegárias incluem questões ambientais na pauta de negociações culminando com exigências não tarifárias que em geral afetam produtores de países exportadores. Esse conjunto de fundamentos não é conclusivo, pois os quesitos apontados continuam em discussão e tendem a se ampliar. Essa é uma tendência indiscutível, até pelo fato de que apenas as normas ambientais da família ISO 14.000 que tratam do Sistema de Gestão Ambiental e de Auditoria Ambiental encontram-se em vigor. É importante considerar que uma das orientações básicas para a elaboração da norma ISO 14001 é sua aplicabilidade a todos os tipos e portes de organizações, em variadas condições geográficas, culturais e sociais, a qual permitirá um aprimoramento contínuo dos processos, através do comprometimento de todos os níveis organizacionais, como forma de alcançar um equilíbrio entre proteção ambiental e necessidades socioeconômicas. Essa flexibilidade pode ser considerada como um importante fator motivador de sua implantação e difundida aceitação em nível mundial (Seifert, 2008). A implantação da norma ISO 14001 deve servir como um importante fator determinante na realização de negócios, tornando-se um pré-requisito para transações entre clientes e fornecedores tanto domésticos quanto internacionais (Seifert, 2008). As estratégias e instrumentos sofrem influências relacionadas às particularidades das empresas. A implantação de qualquer forma estruturada de gestão ambiental deve considerar fatores subjetivos das empresas, como exemplo, valores, estilo de gestão, etc. Algumas das motivações mais comuns para a busca da implantação do SGA e da certificação ambiental são: - Melhoria da reputação e da imagem da organização. - Exigências de clientes - Relacionamentos com partes interessadas. - Inovação de processos. Todavia, também podemos citar algumas dificuldades encontradas, que impedem muitas vezes a empresa de seguir com o planejamento e implantação de um SGA: - Baixa prioridade a temas ambientais. - Dificuldades com tempo e dinheiro. - Pressões – mercado e financeiras ainda são fracas. 30 - Falta de conscientização em grande parte das empresas. Cabe lembrar que a empresa é a única responsável pela adoção de um SGA e por uma política ambiental. Nenhuma empresa hoje é obrigada a adotar um SGA e/ou Política Ambiental; porém caso optem pelo mesmo, depois de adotados, deve-se cumprir o estabelecido sob pena da organização cair num tremendo descrédito no que se refere às questões ambientais e ao mercado como um todo. Como as empresas buscam a certificação nos dias atuais? Muitas empresas apresentam hoje sistemas de gestão (controle e planejamento) que são gerenciados por profissionais multifuncionais que cuidam de várias áreas ao mesmo tempo. Este fator se não bem gerenciado, muitas vezes dificulta a atenção dada a cada área especificamente, e neste caso o setor de meio ambiente acaba sempre sendo deixado por último caso a ser resolvido. È importante ressalta a interação do meio ambiente com o contexto do todo na empresa com as demais áreas, como qualidade, saúde e segurança, produção, compras, enfim, em todos os projetos e decisões que envolvem esta questão dentro da organização. Evitando assim, problemas futuros com a falta de planejamento e integração dessas áreas. Todavia, vem crescendo a consciência das empresas com relação a esta questão. Muitas que não possuem a estrutura buscam profissionais especializados (empresas de consultorias, criação de área específica com profissional especializado) para que possam implantar um SGA – Sistema de Gestão Ambiental efetivo na empresa. Outra alternativa muito utilizada pelas empresas é o uso de softwares (exemplo: sisoft) para a implantação e gerenciamento do SGA, onde este facilitará o trabalho do profissional, sendo este especializado ou não na área. Todavia, estes softwares, embora eficientes, geram custos os quais nem sempre as empresas estão dispostas a pagar, ou mesmo não tem disponíveis visto que no processo de implantação terão muitos gastos com as possíveis implantações de infra-estrutura, kits de emergências ambientais, ações corretivas, dentre outros. Contratar este tipo de serviço para implantar o SGA em uma empresa tem suas vantagens, porém também tem seu lado preocupante na questão que a empresa terá que depender da ação dos consultores para a implantação e para a manutenção deste sistema. Portanto, caso haja a necessidade deste tipo de trabalho a empresa deve buscar manter profissionais especializados na sua equipe para que possam dar continuidade e eficácia ao trabalho. 1.4. Os Benefícios da Certificação Ambiental/ ISO 14001 para as Organizações. A implantação de um SGA e a certificação ambiental em conformidade com a ISO 14001 tem proporcionado as empresas uma ótima oportunidade não só de cumprir com os requisitos legais, como também de se tornar mais competitiva e de melhorar seu desempenho ambiental, aumentando também os lucros da empresa. As organizações devem ser capazes de demonstrar uma sólida gestão empresarial que inclua a preocupação com o meio ambiente. A cada dia, são maiores as evidências de que essa preocupação resulta em vantagens para as áreas de finanças, seguros, marketing, regulamentos e outras áreas operacionais (GRUMMT FILHO, WATZLAWICK, 2008). Alguns dos benefícios na implantação da ISO 14001 na melhoria do desempenho ambiental abrangem especialmente dois enfoques:31 - Benefícios para o processo. - Benefícios para o produto. Benefícios para o processo: - Economia de material. - Aumento no rendimento do processo. - Redução de paralisações – falhas no processo. - Melhor utilização dos subprodutos. - Conversão dos desperdícios em valor. - Economia de energia. - Redução de custos de armazenagem e manuseio de materiais. - Ambiente de trabalho mais seguro. - Eliminação ou redução do custo das atividades – resíduos. Benefícios para o produto: - Produtos com melhor qualidade e mais uniformidade. - Redução de custo do produto. - Redução de custos de embalagem. - Uso mais eficiente dos recursos pelos produtos. - Aumento da segurança dos produtos. - Redução dos custos líquido do descarte do produto pelo cliente. - Maior valor de revenda e de sucata do produto. Benefícios gerais para a organização: Algumas razões gerais para investimentos na questão ambiental empresarial visando a melhoria contínua e o desempenho ambiental: - Maior satisfação do cliente. - Melhoria da imagem da empresa. 32 - Conquista de novos mercados. - Redução dos riscos com penalidades legais e acidentes. - Melhoria da administração da empresa – maior controle dos processos organizacionais. - Maior permanência do produto no mercado. - Maior facilidade na obtenção de financiamentos. - Demonstrar a clientes, vizinhos e acionistas a existência de um sistema ambiental bem estruturado, o qual pode proporcionar vantagens as empresas. A ISO 14001 é uma norma flexível que pode ser aplicada em pequenas empresas como também em grandes multinacionais, possibilitando o acesso ao mercado mundial. 1.5. A Implantação do Sistema de Gestão Ambiental – ISO 14001. A norma ISO 14001 é uma norma flexível e pode ser implementada em empresas públicas e privadas, de pequeno porte a grandes multinacionais, em instituições educacionais, escritórios, etc. A ISO 14001 surge como um instrumento de gerenciamento ambiental comum para as empresas, sendo esta uma resposta para as exigências da lei, do mercado, mas principalmente uma alternativa de implantar a gestão ambiental na empresas. Embora existam hoje muitas empresas que parecem ignorar a questão ambiental, observa-se que este cenário começa a mudar significativamente nos dias atuais. Ocorre o aumento da conscientização ambiental entre consumidores, poder legislativo e o uso de normas como a ISO 14001, e como isso um estímulo maior do uso de técnicas de controle para a qualidade ambiental das organizações. Apesar de as normas serem de adesão voluntária pelas organizações, as mesmas são de grande importância como instrumentos de comando e controle da qualidade ambiental. De acordo com Seifert (2008) embora essas normas sejam consideradas instrumentos de gestão ambiental do tipo “autocontrole”, não apresentando, portanto, o mesmo nível de pressão que mecanismos de tipo “comando e controle” (leis e normas ambientais), passam a funcionar como um mecanismo de “comando e controle” indiretamente. Isso ocorre principalmente porque a organização, ao implantar e certificar um SGA, é compelida a cumprir a legislação ambiental pertinente à sua atividade, em virtude de ser este um dos requisitos principais do sistema. A norma ABNT ISO 14001: 2004 especifica os requisitos relativos a um sistema de gestão ambiental, permitindo a uma organização desenvolver e implementar uma política e objetivos que levem em conta os requisitos legais e outros requisitos por ela subscritos e informações referentes aos aspectos ambientais significativos (ABNT, 2004). A evolução das iniciativas ambientais nas organizações trouxe a necessidade de a gestão ambiental ser tratada enquanto sistema. 33 Segundo Tibor e Feldman (1996), um SGA e a ISO 14001 tem entre seus elementos integrantes uma política ambiental, o estabelecimento de objetivos e metas, o monitoramento e medição de sua eficácia, a correção de problemas associados à implantação do sistema, além de sua análise e revisão como forma de aperfeiçoá-lo, melhorando dessa forma o desempenho ambiental geral. O SGA apresenta-se como um processo estruturado que possibilita a melhoria contínua. Apesar de a adoção e a implantação de formas sistemáticas de gestão ambiental terem o potencial de proporcionar excelentes resultados a todas as partes envolvidas, não existe garantia de que as resultados ambientais a nível de excelência sejam efetivamente alcançados. De acordo com Reis (1995), para que sejam atingidos os objetivos de qualidade ambiental, o sistema de gestão ambiental deve estimular as organizações a considerar a adoção de tecnologias disponíveis, levando em consideração a relação benefício/ custo das mesmas e condicionantes estratégicas envolvidas. Frente à questão da implantação de sistemas de gestão ambiental, a norma ISO 14001 (e série) tem-se apresentado como um novo elemento no panorama gerencial das organizações. Nota-se o crescimento da busca pelas certificações por parte das empresas. A tendência mundial atual é buscar a melhoria no processo de gestão ambiental, a qual deixou de ser somente uma função complementar das operações empresariais. Para muitas empresas a gestão ambiental tornou-se uma questão estratégica, e não somente uma questão de atendimentos aos requisitos legais. Muitas empresas hoje incluem a questão ambiental no plano estratégico da empresa. Atualmente as empresas estão expostas a cobranças de posturas mais ativas com relação à responsabilidade sobre seus processos industriais, resíduos e efluentes produzidos e descartados, bem como o desempenho de seus produtos e serviços em relação à abordagem de ciclo de vida. É importante analisar o produto como um todo, ou seja, desde a matéria-prima até o descarte final. As empresas são consideradas pela sociedade como os principais responsáveis pela poluição, por isso muitas vezes tornam-se vulneráveis a ações legais, recusa por parte dos consumidores, que hoje consideram a qualidade ambiental como uma de suas necessidades principais a serem atendidas (Moura, 2002). A questão ambiental nas empresas tem sido analisada não só pelos órgãos ambientais e pelo mercado, mas também pelos clientes e consumidores destas empresas. O papel das pessoas e suas motivações não são um tema novo para as organizações, mas frente à questão ecológica vêm revelando uma conjunção de fatores os quais se apresentam, por exemplo, na forma de um ganho de importância para a questão ambiental, sobretudo graças à evolução dos meios de comunicação que possibilitam muitas vezes acesso imediato aos fatos. Sendo assim, as empresas constataram a importância dada pelos seus clientes e consumidores à qualidade ambiental (Moura, 2002). O comportamento do consumidor e cliente passa a ser um elemento chave neste processo estratégico das empresas, pois são os mesmos que ajudam a sustentar a organização a qual adquiriu o produto. Outra questão que merece ser dada importância para a implantação de um SGA/ ISO 14001 é a necessidade indispensável de integrar ecologia e economia em conjunto no plano estratégico das empresas. Segundo Seifert (2008), outro elemento que vem à tona devido aos imperativos da questão ambiental que se apresentam às organizações diz respeito aos efeitos que os determinantes externos á organização exercem sobre o seu ambiente interno. Existe uma visão predominante de que há um dilema 34 entre ecologia e economia, ou seja, de um ladoos benefícios sociais provocados pelas normas ambientais rigorosas e do outro os custos privados das indústrias, os quais acarretam aumento de preços e redução da competitividade, existindo dessa forma um permanente conflito entre estas duas questões. Deve-se mudar a visão de que as preocupações ambientais podem aumentar e trazer novos custos as organizações, sendo esta uma questão que deve ser analisada particularmente. O que se nota é que na maioria das vezes a melhoria do desempenho ambiental da empresa pode melhorar os resultados financeiros. Portando, deve-se buscar a viabilidade econômica de sua atividade produtiva sem que, entretanto, os desdobramentos ambientais das alternativas tecnológicas e de produção utilizadas apresentem impacto ambiental excessivo. Ou seja, deve assegurar que seu desempenho ambiental, no mínimo, seja compatível com as exigências legais de onde está instalada. LUCENA (2002) acrescenta que administrar uma organização envolve a harmonia do gerenciamento dos seus riscos conscientes ou não, com aspectos legais, financeiros e administrativos. Em função dos altos encargos inerentes ao inadequado gerenciamento ambiental, as empresas passaram a repensar suas estratégias voltadas à minimização dos seus impactos. Uma questão que deve ser analisada é o fato que de muitas vezes a administração das empresas não focalizam problemas ambientais dentro do ambiente de negócios como possibilidade objetiva de lucro (Seifert, 2008). Podemos citar como exemplo o uso de tecnologias mais limpas, que auxiliam na redução de desperdício de materiais no processo produtivo, bem como os gastos com processos de remediações ambientais e ações corretivas dentro da organização, dentre outros. Coral (2002) destaca que em um ambiente altamente competitivo, é necessário planejar o desenvolvimento futuro das organizações, de forma que elas possam se desenvolver em um ambiente competitivo, enfrentar novos desafios, procurando inserir no planejamento estratégico da organização as questões ecológicas e sociais, normalmente relegadas para um segundo plano em função do privilégio das questões econômicas. A mudança de atitude vem ocorrendo, com base em experiências do passado, com registros de perdas financeiras em função de acidentes ambientais que acarretaram multas emitidas por órgãos ambientais, além de expressivos gastos com a remediação do meio ambiente (CHIUMMO, 2004). Por fim, é importante ressaltar que na idealização da implantação de um SGA – Sistema de Gestão Ambiental em uma empresa deve, obrigatoriamente, considerar todos os setores envolvidos com a questão ambiental. Ao contrário do que se pensa o setor ambiental não é algo único ou separado do restante da organização e um trabalho que envolva as questões ambientais empresariais, envolvem desde aquisição de matéria- prima para a produção até o setor de vendas de uma organização. É de grande importância a interação que deve ter o setor responsável pelas ações de meio ambiente com os demais setores da empresa. O objetivo desta relação é buscar uma integração profissional responsável e com harmonia de interesses e foco nos resultados. È claro que os setores envolvidos com a questão ambiental variam conforme tamanho e estrutura da empresa. Geralmente, hoje, a responsabilidade da implantação pelo SGA e a certificação da ISO 14001 em uma empresa é centralizada no setor de qualidade e ou saúde e segurança. Todavia, pode-se dizer que uma grande parte das empresas estão criando setores específicos da área ambiental que possam tratar 35 especialmente destas questões na empresa, interagindo como os outros setores e realizando grande parte dos projetos com mais agilidade e eficácia. Todavia, é errado também afirmarmos que a questão ambiental na empresa deve ser de única responsabilidade do setor ambiental. Considerando toda a trajetória do produto, desde a aquisição de matéria-prima até o descarte do produto final, várias são as áreas envolvidas em uma organização em que devemos considerar como eixo de ligação, seja direta ou indiretamente, com as questões ambientais da empresa (FIGURA 01). FIGURA 01 – Áreas da organização e sua ligação com o meio ambiente empresarial Fonte: Baseado em Moura, 2002. Elaborado por Moraes, C. S. B, 2010. Podemos citar alguns pontos que cada uma dessas áreas poderá contribuir para a questão ambiental em uma empresa (Moura, 2002): Compras: especificações e aquisições de matérias-primas que produzam menor quantidade de resíduos e poluentes, qualificação de fornecedores que possuam bom desempenho ambiental, armazenamento e manuseio de matéria-prima. Planejamento: programação de atividades e investimentos decididos pela direção da empresa. Engenharia: incorporação da variável ambiental no projeto dos produtos e serviços. Pesquisa e Desenvolvimento: estudar tendências do mercado quanto às exigências ambientais de novos produtos a serem lançados pela empresa. Conceber lançamento de produtos com bom desempenho ambiental – “marketing ecológico”. Para implantação de sistemas de gestão, como a ISO 14001 é comum o uso da metodologia PDCA – Planejar => estabelecer objetivos e processos necessários para atingir os resultados em concordância 36 com a política ambiental da organização; - Desenvolver/Fazer => implementar os processos; - Checar/Verificar => Monitorar/Medir os processos e relatar os resultados; - Agir/Analisar => agir para melhorar continuamente o desempenho do sistema de gestão ambiental. 1.5.1. Requisitos do Sistema de Gestão Ambiental/ ISO 14001: 2004. Baseado na metodologia PDCA é apresentado nesta apostila um check list inicial para a verificação da situação da organização fundamentado nos requisitos da norma ISO 14001, os quais são citados a seguir (Anexo 02). 4.1 Requisitos gerais A organização deve estabelecer, documentar, implementar, manter e continuamente melhorar um sistema da gestão ambiental em conformidade com os requisitos da norma NBR ISO 14001 e determinar como ela irá atender a esses requisitos. A organização deve definir e documentar o escopo de seu sistema da gestão ambiental. O escopo de um sistema de gestão ambiental deve indicar a localidade da instalação e todos os processos realizados naquela localidade. 4.2 Política ambiental A alta administração deve definir a política ambiental da organização e assegurar que, dentro do escopo definido de seu sistema da gestão ambiental, a política: a) Seja apropriada à natureza, escala e impactos ambientais de suas atividades, produtos e serviços, b) Inclua o comprometimento com a melhoria contínua e com a prevenção de poluição, c) Inclua um comprometimento em atender aos requisitos legais aplicáveis e outros requisitos subscritos pela organização que se relacione a seus aspectos ambientais, d) Forneça uma estrutura para o estabelecimento e análise dos objetivos e metas ambientais, e) Seja documentada, implementada e mantida, f) Seja comunicada a todos que trabalhem na organização ou que atuem em seu nome, e g) Esteja disponível para o público. 4.3 Planejamento 4.3.1 Aspectos ambientais A organização deve estabelecer e manter procedimento (s) para: a) identificar os aspectos ambientais de suas atividades, produtos e serviços, dentro do escopo definido de seu sistema de gestão ambiental, que a organização possa controlar e aqueles que ela possa influenciar, levando em consideração os desenvolvimentos novos ou planejados, as atividades e serviços novos ou modificados,37 b) determinar os aspectos que tenham ou possam ter impactos significativos sobre o meio ambiente, isto é, aspectos ambientais significativos. A organização deve documentar essas informações e mantê-las atualizadas. A organização deve assegurar que os aspectos ambientais significativos sejam levados em consideração no estabelecimento, implementação e manutenção do seu sistema da gestão ambiental. 4.3.2 Requisitos legais e outros requisitos A organização deve estabelecer, implementar e manter procedimento(s) para: a) Identificar e ter acesso a requisitos legais aplicáveis e a outros requisitos pela organização, relacionados a seus aspectos ambientais, e b) Determinar como esses requisitos se aplicam aos seus aspectos ambientais. A organização deve assegurar que esses requisitos legais aplicáveis e outros requisitos subscritos pela organização sejam levados em consideração no estabelecimento, implementação e manutenção de seu sistema de gestão ambiental. 4.3.3 Objetivos e metas e programa de gestão ambiental A organização deve estabelecer implementar e manter objetivos, e metas ambientais documentados, nas funções e níveis relevantes na organização. Os objetivos e metas devem ser mensuráveis, quando exequível, e coerentes com a política ambiental, incluindo-se os comprometimentos com a prevenção de poluição, com o atendimento aos requisitos legais e outros requisitos subscritos pela organização e com a melhoria contínua. Ao estabelecer e analisar seus objetivos e metas, uma organização deve considerar os requisitos legais e outros requisitos por ela subscritos, e seus aspectos ambientais significativos. A organização também deve considerar suas opções tecnológicas, seus requisitos financeiros, operacionais, comerciais e a visão das partes interessadas. A organização deve estabelecer, implementar e manter programa(s) para atingir seus objetivos e metas. O(s) programa(s) deve(m) incluir: a) Atribuição de responsabilidade para atingir os objetivos e metas em cada função e nível pertinente da organização, e b) Os meios e o prazo no qual estes devem ser atingidos. Estes programas equivalem a planos de ação, portanto podemos utilizar o 5W1H - what, why, how, who, when, where (o que, porque, como, quem, quando e onde). Os objetivos devem ser específicos: - Pode haver múltiplas metas para cada objetivo 38 - Objetivos e metas devem considerar medidas preventivas 4.4 Implementação e operação 4.4.1 Estrutura e responsabilidade A administração deve assegurar a disponibilidade de recursos essenciais para estabelecer, implementar, manter e melhorar o sistema da gestão ambiental. Esses recursos incluem recursos humanos e habilidades especializadas, infra-estrutura organizacional, tecnologia e recursos financeiros. Funções, responsabilidades e autoridades devem ser definidas, documentadas e comunicadas visando facilitar uma gestão ambiental eficaz. A alta administração da organização deve indicar representante(s) específico(s) da administração, o(s) qual(is), independentemente de outras responsabilidades, deve(m) ter função, responsabilidade e autoridade definidas para: a) Assegurar que um sistema da gestão ambiental seja estabelecido, implementado e mantido em conformidade com os requisitos da norma NBR ISO 14001, b) Relatar à alta direção sobre o desempenho do sistema da gestão ambiental para análise, incluindo recomendações para melhoria. Conforme a estrutura da organização podemos ter vários profissionais cumprindo este papel, por exemplo o gerente da qualidade ou de meio ambiente ou de saúde e segurança do trabalho, porém para meio ambiente é necessário que este gerente tenha o conhecimento técnico e da legislação ou ele deve ter um profissional que seja ao menos um técnico em meio ambiente como suporte para efetivamente conseguir cumprir esta função. 4.4.2 Treinamento, conscientização e competência A organização deve estabelecer, implementar e manter procedimento(s) para fazer com que as pessoas que trabalhem para ela ou em seu nome estejam conscientes: a) da importância de estar em conformidade com a política ambiental e com os requisitos do sistema da gestão ambiental, b) dos aspectos ambientais significativos e respectivos impactos reais ou potenciais associados com seu trabalho e dos benefícios ambientais proveniente da melhoria do desempenho pessoal, c) de suas funções e responsabilidades em atingir a conformidade com os requisitos do sistema da gestão ambiental, e d) das potenciais conseqüências da inobservância de procedimento(s). 4.4.3 Comunicação 39 Com relação aos seus aspectos ambientais e ao sistema da gestão ambiental, a organização deve estabelecer, implementar e manter procedimento(s) para: a) Comunicação interna entre os vários níveis e funções da organização, b) Recebimento, documentação e resposta à comunicação pertinentes oriundas de partes interessadas externas. A organização deve decidir se realizará comunicação externa sobre seus aspectos ambientais significativos, devendo documentar sua decisão. Se a decisão for comunicar, a organização deve estabelecer e implementar método(s) para esta comunicação externa. 4.4.4 Documentação A documentação do sistema de gestão ambiental deve incluir: a) Política, objetivos e metas ambientais, b) Descrição do escopo do sistema de gestão ambiental, O escopo de um sistema de gestão ambiental é diferente do escopo de um sistema da gestão da qualidade, para qualidade podemos implantar a norma em parte dos processos de uma determinada localidade, já na gestão ambiental todo endereço deve ser incluído. c) Descrição dos principais elementos do sistema da gestão ambiental e sua interação e referência aos documentos associados, d) Documentos, incluindo registros, requeridos pela ISO 14001, e e) Documentos, incluindo registros, determinados pela organização como sendo necessários para assegurar o planejamento, operação e controle eficazes dos processos que estejam associados com seus aspectos ambientais significativos. 4.4.5 Controle de Documentos Os documentos requeridos pelo sistema da gestão ambiental e pela NBR ISO 14001 devem ser controlados . Registros são um tipo especial de documento e devem ser controlados de acordo com os requisitos estabelecidos. A organização deve estabelecer, implementar e manter procedimento(s) para: a) aprovar documentos quanto à sua adequação antes de seu uso, b) analisar e atualizar, conforme necessário, e re-aprovar documentos, c) assegurar que as alterações e a situação atual da revisão de documentos sejam identificadas, d) assegurar que as versões relevantes de documentos aplicáveis estejam disponíveis em seu ponto de uso, 40 e) assegurar que os documentos permaneçam legíveis e prontamente identificáveis f) assegurar que os documentos de origem externa requeridos pela organização como sendo necessários ao planejamento e operação do sistema da gestão ambiental sejam identificados e que sua distribuição seja controlada, e g) prevenir a utilização não intencional de documentos obsoletos e utilizar identificação adequada nestes, se forem retidos para quaisquer fins. 4.4.6 Controle Operacional A organização deve identificar e planejar aquelas operações que estejam associadas aos aspectos ambientais significativos identificados de acordo com sua política, objetivos e metas ambientais para assegurar que elas sejam realizadas sob condiçõesespecificadas por meio de: a) Estabelecimento, implementação e manutenção de procedimento(s) documentado(s) para controlar situações onde sua ausência possa acarretar desvios em relação à sua política e aos objetivos e metas ambientais, b) Determinação de critérios operacionais no(s) procedimento(s), e c) Estabelecimento, implementação e manutenção de procedimento(s) associado(s) aos aspectos ambientais significativos identificados de produtos e serviços utilizados pela organização e a comunicação de procedimentos e requisitos pertinentes a fornecedores, incluindo-se prestadores de serviço. 4.4.7 Preparação e respostas à emergências A organização deve estabelecer, implementar e manter procedimento(s) para identificar potenciais situações de emergência e potenciais acidentes que possam ter impacto(s) sobre o meio ambiente, e como a organização responderá a estes. A organização deve responder às situações reais de emergência e aos acidentes, e prevenir ou mitigar os impactos ambientais adversos associados. A organização deve periodicamente analisar e, quando necessário, revisar seus procedimentos de preparação e resposta à emergência, em particular, após a ocorrência de acidentes ou situações emergenciais. A organização deve também periodicamente testar tais procedimentos, quando exequível. 4.5. Verificação 4.5.1 Monitoramento e medição A organização deve estabelecer, implementar e manter procedimento(s) para monitorar e medir regularmente as características principais de suas operações que possam ter um impacto ambiental significativo. O(s) procedimento(s) deve(m) incluir a documentação de informações para monitorar o 41 desempenho, os controles operacionais pertinentes e a conformidade com os objetivos e metas ambientais da organização. A organização deve assegurar que equipamentos de monitoramentos e medição calibrados ou verificados sejam utilizados e mantidos, devendo-se reter os registros associados. 4.5.2 Avaliação do atendimento a requisitos legais e outros De maneira coerente com seu comprometimento de atendimento a requisitos, a organização deve estabelecer, implementar e manter procedimento(s) para avaliar periodicamente o atendimento aos requisitos legais aplicáveis. A organização deve manter registros dos resultados das avaliações periódicas. A organização deve avaliar o atendimento a outros requisitos por ela subscritos. A organização pode combinar esta avaliação com a avaliação referida acima ou estabelecer procedimento em separado. 4.5.3 Não conformidade, ação corretiva e ação preventiva A organização deve estabelecer, implementar e manter procedimento(s) para tratar as nãoconformidades reais e potenciais, e para executar ações corretivas e preventivas. O(s) procedimento(s) deve(m) definir requisitos para: a) identificar e corrigir não-conformidade(s), e executar ações para mitigar seus impactos ambientais, b) investigar não-conformidade(s), determinar sua(s) e executar ações para evitar sua repetição, c) avaliar a necessidade de ação(ões) para prevenir não-conformidades e implementar ações apropriadas para evitar sua ocorrência, d) registrar os resultados da(s) ação(ões) corretiva(s) e preventiva(s) executada(s), e) analisar a eficácia da(s) acão(ões) corretiva(s) e preventiva(s) executada(s). As ações executadas devem ser adequadas à magnitude dos problemas e ao(s) impacto(s) encontrado(s). A organização deve assegurar que sejam feitas as mudanças necessárias na documentação do sistema da gestão ambiental. 4.5.4 Controle de registros A organização deve estabelecer e manter registros, conforme necessário, para demonstrar conformidade com os requisitos de seu sistema da gestão ambiental e da norma NBR ISO 14001, bem como os resultados obtidos. A organização deve estabelecer, implementar e manter procedimento(s) para a identificação, armazenamento, proteção, recuperação, retenção e descarte de registros. Os registros devem ser e permanecer legíveis, identificados e rastreáveis. 4.5.5 Auditoria interna 42 A organização deve assegurar que as auditorias do sistema da gestão ambiental sejam conduzidas em intervalos planejados para determinar se o sistema da gestão ambiental: - está em conformidade com os arranjos planejados para a gestão ambiental, incluindo-se os requisitos da norma NBR ISO 14001, e - foi adequadamente implementado e é mantido, e - fornecer informações à administração sobre os resultados das auditorias. Programa(s) de auditoria deve(m) ser planejado(s), estabelecido(s), implementado(s) e mantido(s) pela organização, levando-se em consideração a importância ambiental da(s) operação(ões) pertinente(s) e os resultados das auditorias anteriores. Procedimento(s) de auditoria deve(m) ser estabelecido(s), implementado(s) e mantido(s) para tratar: - das responsabilidades e requisitos para se planejar e conduzir as auditorias, para relatar os resultados e manter registros associados, - da determinação dos critérios de auditoria, escopo, freqüência e métodos. - a seleção de auditores e a condução das auditorias devem assegurar objetividade e imparcialidade do processo de auditoria. 4.6 Análise crítica pela administração As entradas para análise pela administração devem incluir: a) Resultados das auditorias internas e das avaliações do atendimento aos requisitos legais e outros subscritos pela organização, b) Comunicação(ões) proveniente(s) de partes interessadas externas, incluindo reclamações, c) O desempenho ambiental da organização, d) Extensão na qual foram atendidos os objetivos e metas, e) Situação das ações corretivas e preventivas f) Ações de acompanhamento das analises anteriores, g) Mudança de circunstâncias, incluindo desenvolvimento em requisitos legais e outros relacionados aos aspectos ambientais, e h) Recomendações para melhoria. As saídas da análise pela administração devem incluir quaisquer decisões e ações relacionadas a possíveis mudanças na política ambiental, nos objetivos, metas e em outros elementos do sistema da gestão ambiental, consistentes com o comprometimento com a melhoria contínua. 43 A seguir é descrito os processos de certificação relacionando cada requisito da norma ISO 14001 com o método PDCA. É importante ressaltar que o método é flexível e variável e será aplicado dependendo de cada caso, ou seja, aspecto ambiental e seu problema. A etapa de certificação deverá ser proposta somente após a implantação do Sistema de Gestão Ambiental, a qual geralmente é composta por uma pré-auditoria (que antecede a auditoria final) e a auditoria de certificação, que é o processo final, mas também inicial do ciclo. Chama-se de processo inicial, porque o ciclo deve continuar, o SGA deve ser gerenciado/monitorado e no período estipulado pelo órgão certificador buscar a re-certificação e assim, a manutenção do sistema (Figura 03). 2) Principais séries das normas ISO 14000: foco na organização, foco no produto e processo. Na implantação da série das normas ISO 14000, encontramos enfoques de aplicação na gestão ambiental nas organizações, ou seja, podemos encontrar dois grupos: - Organização - Produto/ processo. Estes dois grupos contém os itens que são trabalhados nas organizações no que se refere a gestão ambiental (FIGURA 04). 44 Cabe ressaltar que antes de iniciar um processo de implantação do SGAe de outras normas de gestão ambiental, deve ser verificada se a mesma está em vigor junto ao órgão responsável, bem como acompanhar possíveis atualizações durante a implantação, e após no processo de gerenciamento do sistema. 3) SGI – Sistema de Gestão Integrado. O que é? ISO 14001: norma que define os requisitos para estabelecer e operar um Sistema de Gestão Ambiental. ISO 9001: norma que define os requisitos para estabelecer e operar um Sistema de Gestão da Qualidade. OHSAS 18001: norma que define os requisitos para estabelecer e operar um Sistema de Saúde e Segurança do Trabalho. SA 8000: norma que define os requisitos para estabelecer e operar um Sistema de Gestão de Responsabilidade Social. (ABNT NBR ISO 16001 – Brasil) Visão geral de sistemas • Os sistemas são estabelecidos e implementados para facilitar controle e consistência dentro do negócio. • Consistem em múltiplas disciplinas e funções. • Os métodos de implementação variam. Os sistemas terão sucesso quando: • A Gestão compreende os sistemas e fornece o suporte necessário. • A implementação é bem planejada e efetivamente comunicada à organização. • Os sistemas são regular e continuamente revisados e auditados. • As pessoas em todos os níveis são treinadas e motivadas a ter um papel ativo. Porque tantas normas? • Guias para as organizações melhorarem seu gerenciamento em aspectos específicos. • Critérios para o relacionamento cliente - fornecedor. • Padronização de linguagem e requisitos. • Levam o conhecimento para todas as organizações. Por que considerar a integração? 45 As normas compartilham os princípios do PDCA e unindo-as iremos: • Encorajar uma visão holística da organização. • Evitar a duplicação e redundância da documentação. • Economizar tempo e dinheiro unindo as auditorias. • Poderemos tratar de todos os sub-sistemas do negócio se as normas forem utilizadas de forma abrangente. Quando considerar a integração? • Estiverem ocorrendo reclamações de clientes cuja causa é devida a problemas na comunicação inter- funcional. • Auditorias internas estiverem focadas em temas de cada função e não abrangerem as inter-relações. • O tempo e o esforço sendo gasto com clientes internos for grande. • Requisitos de medicina e segurança do trabalho, legais ou ambientais não estiverem sendo atendidos. • “Conflitos” ocorrerem devido a brechas ou sobreposição de responsabilidades. 4) Considerações Gerais. Podemos finalizar este tema com algumas considerações gerais citando algumas finalidades básicas da gestão ambiental empresarial, que no geral serve de instrumento de gestão com vistas a obter ou assegurar a economia e o uso racional de matérias-primas e insumos, destacando-se a responsabilidade ambiental da empresa: - Orientar consumidores quanto à compatibilidade ambiental dos processos produtivos e dos seus produtos ou serviços; - Subsidiar campanhas institucionais da empresa com destaque para a conservação e a preservação da natureza; - Servir de material informativo a acionistas, fornecedores e consumidores para demonstrar o desempenho empresarial na área ambiental; - Orientar novos investimentos privilegiando setores com oportunidades em áreas correlatas; - Subsidiar procedimentos para a obtenção da certificação ambiental nos moldes da série de normas ISO 14.000; - Subsidiar a obtenção da rotulagem ambiental de produtos. 46 Os objetivos e as finalidades inerentes a um gerenciamento ambiental nas empresas evidentemente devem estar em consonância com o conjunto das atividades empresariais. Portanto, eles não podem e nem devem ser vistos como elementos isolados, por mais importantes que possam parecer num primeiro momento. Vale aqui relembrar o trinômio das responsabilidades empresariais: - Responsabilidade ambiental - Responsabilidade econômica - Responsabilidade social Podemos concluir brevemente que as empresas certificadas também têm problemas ambientais com certeza, e que estes devem ser analisados no ponto que em a auditoria e certificação ambiental por si só não bastam para direcionar a uma gestão ambiental empresarial contínua e realmente sustentável. Portanto, além da busca da implantação do SGA e certificação ambiental – ISO 14001 em uma empresa, deve-se buscar a melhoria contínua deste sistema, unindo a necessidade de proteção do meio ambiental, bem como satisfazendo as expectativas dos clientes e consumidores e principalmente metas econômicas da organização. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 19011: diretrizes para auditorias de sistema de gestão da qualidade e/ou ambiental. Rio de Janeiro, 2002. _____. NBR ISO 14.001: sistemas da gestão ambiental – requisitos com orientações para uso. Rio de Janeiro, 2004. ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. http://www.abnt.org.br, 2011. ANDRADE, R. O. B. et al. Gestão Ambiental: Enfoque Estratégico Aplicado. São Paulo: Makron Books, 2000. BARBIERI, E. Desenvolver ou preservar o ambiente. São Paulo: Cidade Nova, 1996. BARBIERI, José Carlos. Gestão Ambiental Empresarial. São Paulo: Saraiva, 2008. CÂMARA DOS DEPUTADOS. PLC - Projeto de Lei da Câmara no 3.160/92. Disponível em: <http://www.camara.gov.br/sileg/Prop_Detalhe.asp?id=210189>. Acesso em: 30 ago. 2010a. CÂMARA DOS DEPUTADOS. PLC - Projeto de Lei da Câmara no 3.359/97. Disponível em: <http://www.camara.gov.br/sileg/Prop_Detalhe.asp?id=213657>. Acesso em: 30 ago. 2010b. CÂMARA DOS DEPUTADOS. PLC - Projeto de Lei da Câmara no 1.254/03. Disponível em: <http://www.camara.gov.br/sileg/Prop_Detalhe.asp?id=119920>. Acesso em: 30 ago. 2010c. CAMPOS, L. M. S.; LERÍPIO, A. A. Auditoria ambiental: uma ferramenta de gestão. São Paulo: Atlas, 2009. CAVALCANTI, C. Desenvolvimento e Natureza: Estudo para uma Sociedade Sustentável. São Paulo: Cortez, 1998. CHIUMMO, Luiz Antonio. Desempenho Ambiental e Processo de Comunicação: Estudo de Caso nos Setores Químico e Petroquímico. Dissertação de Mestrado. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, 2004. 196 p. CORAL, E. Modelo de planejamento estratégico para a sustentabilidade empresarial. Tese de Doutorado. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2002, 282 p. DONAIRE, D. Gestão Ambiental na Empresa. São Paulo: Atlas, 1999. 2 edição. 47 GENERINO, R. C. M.; NETTO, O. M. C. Auditoria ambiental: uma proposta metodológica. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, 19., 1997, Anais... Foz do Iguaçu: ABES, 1997. p. 2284-2297. GRUMMT FILHO, A. WATZLAWICK, L. F. Importância da Certificação de um SGA-ISO 14001 para empresas. Revista Eletrônica Latu Sensu. In: www.unicentro.br. Edição 6. 2008. ISSN: 1980-6116. KOCHEN, R. Auditoria ambiental, um instrumento eficaz de gestão ambiental. Engenharia, São Paulo, v. 60, n. 555, p. 56-60, jan./fev. 2003. LIMA-E-SILVA, P. P. et al. Dicionário brasileiro de ciências ambientais. Rio de Janeiro: Thex, 1999. LUCENA, L. G. Gestão ambiental empresarial e certificação ISO 14001: função ambiental ou econômica? Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo, 2002. 148 p. MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito ambiental brasileiro.São Paulo: Malheiros, 1999. MORAES, Clauciana S. B. et al. Gestão Ambiental Empresarial e a ISO 14001. VII Siga – Seminário de Integração em Gestão Ambiental, ESALQ/ USP, 2010 (Apostila de curso). MOURA, L. A. A. Qualidade e Gestão Ambiental. Editora: Juarez De Oliveira, 2002. PERES. W. R et al. As Normas da Série ISO 14000: Contexto Histórico e Análise Crítica. In: VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO - Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável. Niterói, RJ, 2010. POMBO, F. R; MAGRINI, A. Panorama de Aplicação da Norma ISO 14001 no Brasil. In: Revista Gestão e Produção. São Carlos: UFSCar, v. 15, n. 1, p. 1-10, jan.-abr. 2008. REIS, M. J. L. ISO 14000: Gerenciamento Ambiental: um Novo Desafio para a sua Competitividade. Rio de Janeiro: Qualitimark, 1995. SACHS, I. Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável. (Org. Paulo Yone Stroch). Rio de Janeiro: Garamnond, 2002. 2 ª edição. SEIFERT, M. E. B. ISO 14001: Sistemas de Gestão Ambiental – Implantação Objetiva e Econômica. Editora Atlas, 2008. TIBOR, T; FELDMAN, I. ISO 14000: Um Guia para as Normas de Gestão Ambiental. São Paulo: Futura, 1996. WCED, World Commission on Environment and Development. Our Common Future. Oxford, U.K.: Oxford University Press, 1987. 383 p. .................................................................................................................................................................................... Glossário ----------------------------------------------------------------------------------------------------------- Melhoria contínua - Processo de aprimoramento do SGA, visando atingir melhorias no desempenho ambiental global de acordo com a política ambiental da organização. Meio ambiente - Circunvizinhança em que uma organização opera, incluindo ar, água, solo, recursos naturais, flora, fauna, seres humanos e suas interações. Impacto ambiental - Qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte, das atividades, produtos ou serviços de uma organização. Auditoria do SGA - Processo sistemático e documentado de verificação, executado para obter e avaliar de forma objetiva, evidências que determinem se o SGA de uma organização está em conformidade com os critérios de auditoria do SGA estabelecido pela organização, e para comunicar o resultado deste processo à administração. Objetivo ambiental - Propósito ambiental global, decorrente da política ambiental, que uma organização se propõe a atingir, sendo quantificado sempre que exeqüível. 48 Desempenho ambiental - Resultados mensuráveis do SGA, relativos ao controle de uma organização sobre seus aspectos ambientais, com base na sua política, seus objetivos e metas ambientais. Política ambiental - Declaração da organização, expondo suas intenções e princípios em relação ao seu desempenho ambiental global, que provê uma estrutura para ação e definição de seus objetivos e metas ambientais. Meta ambiental - Requisito de desempenho detalhado, quantificado sempre que exeqüível, aplicável à organização ou partes dela, resultante dos objetivos ambientais e que necessita ser estabelecido e atendido para que tais objetivos sejam atingidos. Parte interessada - Indivíduo ou grupo interessado ou afetado pelo desempenho ambiental de uma organização. Prevenção da poluição - Uso de processos, práticas, materiais ou produtos que evitem, reduzam ou controlem a poluição, os quais podem incluir reciclagem, tratamento, mudanças no processo, mecanismos de controle, uso eficiente de recursos e substituição de materiais. Organização (Empresa): Companhia, corporação, firma, empresa ou instituição, ou parte ou combinação destas, pública ou privada, sociedade anônima, limitada ou com outra forma estatutária, que tem funções e estrutura administrativa próprias. Gestão Ambiental: é um processo adaptativo e contínuo, através do qual as organizações definem, e redefinem, seus objetivos e metas relacionados à proteção do ambiente, à saúde de seus empregados, bem como clientes e comunidade, além de selecionar estratégias e meios para atingir estes objetivos num tempo determinado através de constante avaliação de sua interação com o meio ambiente externo (Andrade, 2000). ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- - ANEXOS - ANEXO B Exemplo de Protocolo de Auditoria do SGA O protocolo de auditoria de sistema de gestão ambiental, apresentado a seguir, foi publicado em GESTÃO AMBIENTAL (1996) como um teste para identificar quão próximo da certificação ambiental encontra-se o sistema de gestão ambiental de um empreendimento. Consiste em um questionário com respostas sim ou não, segundo determinados critérios, e foi adaptado para empreendimento habitacional de interesse social. 49 B.1 INSTRUÇÕES O questionário avalia 16 requisitos da gestão ambiental. Para cada requisito existem perguntas que devem ser avaliadas de 0 a 5 de acordo com os seguintes critérios: 0: Não se aplica à realidade deste empreendimento habitacional. 1: Não, este empreendimento habitacional ainda não realizou nenhuma ação neste sentido. 2: Não, mas pretende implementar. 3: Sim, mas esta situação não está ainda formalizada 4: Sim, está em fase de implementação forma 5: Sim, esta situação corresponde totalmente à realidade deste empreendimento. 50 51 52 53 54 55 56 B.3 RESULTADOS Terminada a avaliação, transportar o total de pontos obtidos de cada requisito do questionário e anotá-lo na primeira coluna da tabela B.4 Tabulação. Depois, somando-se estes pontos, tem-se o resultado obtido por princípio (segunda coluna). Para cada princípio, a pontuação obtida (PO) deve ser dividida pela pontuação máxima (PM) por princípio (já indicada na terceira coluna). Colocar o resultado desta divisão na quarta coluna (o resultado será entre 0 e 1). Somar então os pontos obtidos na quarta coluna e comparar o resultado final (entre 0 e 5) com o gabarito a seguir: a) Entre 0 e 1,9 pontos: a gestão ambiental do empreendimento habitacional não tem equilíbrio adequado (é vulnerável); alguns requisitos podem ser desenvolvidos enquanto outros são frágeis. b) Entre 2 e 3,9 pontos: o empreendimento habitacional está no caminho certo para a certificação do SGA, mas ainda tem um longo percurso a percorrer. c) Entre 4 e 5 pontos:o empreendimento habitacional tem um Sistema de Gestão Ambiental que pode estar próximo da conformidade em relação aos requisitos da NBR ISO 14001 e, conseqüentemente, da certificação ambiental do sistema. 57 ANEXO B POMBO, F. R; MAGRINI, A. Panorama de Aplicação da Norma ISO 14001 no Brasil. In: Revista Gestão e Produção. São Carlos: UFSCar, v. 15, n. 1, p. 1-10, jan.-abr. 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/gp/v15n1/a02v15n1.pdf PERES. W. R et al. As Normas da Série ISO 14000: Contexto Histórico e Análise Crítica. In: VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO - Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável. Niterói, RJ, 2010. Disponível em: http://www.excelenciaemgestao.org/Portals/2/documents/cneg6/anais/T10_0240_1073.pdf ANEXO C 58 59 60 61 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS Bibliografia Básica ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Diretrizes para auditorias de sistemas de gestão da qualidade e/ou ambiental: NBR ISO 190011. Rio de Janeiro: ABNT, 2002. 25 p. CAMPOS, Lucilia Maria de Souza; LERÍPIO, Alexandre de Ávila. Auditoria ambiental: uma ferramenta de gestão. São Paulo: Atlas, 2009. ISBN 978-85-224-5478-5. MOURA, L. A. A. Qualidade e Gestão Ambiental. Editora: Juarez De Oliveira, 2002. SEIFERT, M. E. B. ISO 14001: Sistemas de Gestão Ambiental – Implantação Objetiva e Econômica. Editora Atlas, 2008. Bibliografia Complementar SACHS, I. Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável. (Org. Paulo Yone Stroch). Rio de Janeiro: Garamnond, 2002. 2 ª edição. TIBOR, T; FELDMAN, I. ISO 14000: Um Guia para as Normas de Gestão Ambiental. São Paulo: Futura, 1996.