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Ricardo Andreucci Proteção Penal Internacional Adm. Publica

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Prof° Ricardo Andreucci
Matéria – Proteção Penal Internacional Administração Pública (Art.312 ao 359 do CP)
8° Semestre
19/02/2017
1 – Dos Crimes praticados por funcionário público contra a administração em geral – de acordo com o disposto no art. 327 do CP, considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo emprego ou função pública. 
Ex: acessor de desembargador contratado (sem concurso público), seria um cargo transitório com função pública
O conceito de funcionário público, para efeitos penais é mais amplo que o conceito do direito administrativo, englobando até mesmo aqueles que apenas exercem função pública, ainda que transitoriamente ou sem remuneração. 
Exemplos: os jurados no tribunal do júri, mesários eleitorais etc., mesmo que transitoriamente e somente naquele período.
O parágrafo 1° do art. 327 do CP, cuida da figura do funcionário público por equiparação. Considera-se por equiparação, quem exerce cargo, emprego ou função, em entidade para Estatal, e quem trabalha para empresas prestadora de serviço, contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da administração pública. 
Exemplos: Segurança Pública, Transporte público, Regulamentação de trânsito, Limpeza pública etc. 
Na situação de um empregado exemplo de uma empresa de coleta de lixo, onde o funcionário e fichado no regime “CLT” nessa empresa, mas tal empresa presta serviço para a prefeitura, eventualmente por força de contrato esse funcionário responde como funcionário público (logo a qualidade de funcionário público passa para esse funcionário), a partir do momento que presta algum serviço para órgãos públicos.
De acordo com o disposto no parágrafo 2° do art. 327 do CP, a pena será aumentada de terça a parte quando os autores dos crimes previstos neste capítulo, forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo Poder Público.
Nesse caso o funcionário tem a sua responsabilidade aumentada perante a administração, por ele exercer um cargo em comissão, de assessor, a administração deposita mais confiança nele e logo caso ele cometa um crime sua pena é aumentada em 1/3. Quanto mais poder e responsabilidade nesses cargos, maior a pena
1.1- Conceito de Funcionário Público 
1.2 – Peculato – (“Pecus” = gado) - Art. 312 a 326 do CP, sujeito ativo > crimes próprios (Funcionário público), crimes funcionais. 
Vem previsto no art. 312 do CP, trata-se de um crime próprio que somente pode ser praticado por funcionário público. O particular pode ser coautor ou participe. Sujeito passivo é a administração pública. 
Sendo um crime funcional, o particular, coautor ou participe, só responde por peculato desde que ele saiba da qualidade de funcionário público ou participe da ação.
O Peculato, apresenta várias modalidades, são elas: 
- Peculato apropriação – vem previsto na 1° parte do caput do art. 312, em que o funcionário público se apropria de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel público ou particular de que tenha posse em razão do cargo. Pena de 2 a 12 anos e multa.
Exemplo de um Oficial de Justiça, que cumpre um mandado de penhora, e após a apreensão dos bens, e em posse do oficial, ele os leva para sua casa ao invés do fórum, e depois de alguns dias ele passa a usar esses bens, doar outros, vender alguns, se dando a partir daí o crime, agindo como se dono fosse.
- Peculato desvio – previsto na 2° parte do caput do art. 312, em que o funcionário público, desvia, em proveito próprio ou alheio, o dinheiro, o valor ou qualquer bem móvel, público ou particular.
Outro exemplo onde um delegado que lhe é apresentado um carro apreendido como objeto de furto, o delegado apreende o veículo e ao invés de mando para o pátio de veículos apreendidos ele dá a destinação diversa e o desvia, manda para um cunhado, terceiro, amigo ou para uso próprio.
O Peculato apropriação e o Peculato desvio, previstos no caput do art. 312 do CP, são também chamados de Peculato próprio. No peculato próprio, o funcionário público tem a posse do dinheiro, do valor ou do bem móvel, público ou particular 
- Peculato Furto – também chamado de peculato impróprio, vem previsto no parágrafo 1° do art. 312 do CP, e ocorre quando o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, do valor ou do bem, o subtrai ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. 
Exemplo de um escrevente cartorário, sendo o responsável de fechar esse cartório onde desempenha suas funções, ao final de seu expediente e valendo-se do cargo, ele subtrai um computador e vai embora. Tomou posse, se apropriou do bem, consuma o fato de furto. 
- Peculato culposo – vem previsto no § 2° do art. 312 do CP, ocorrendo quando o funcionário público concorre culposamente para o crime de outrem. No peculato culposo o funcionário público atua com imprudência, negligência ou imperícia, dando oportunidade ao crime de outrem. Detenção de 3 meses a 1 ano. 
De acordo com o disposto no parágrafo 3° do art. 312 do CP, é possível a reparação do dano no peculato culposo, nesse caso, se a reparação do dano precede a sentença irrecorrível, estingue a punibilidade do crime. Se a reparação do dano for posterior a sentença irrecorrível reduz de metade a pena imposta. 
Exemplo de um escrevente cartorário, que em determinado dia ao fechar a repartição negligentemente, imprudentemente esquece de trancar a porta, e prevalecendo-se dessa falha outro funcionário público (ou particular) adentra ao local e furta um computador, este que furta se enquadra no peculato furto, porem o que esquece a porta aberta comete o peculato culposo.
Reparação do dano no peculato culposo:
Extinção da Punibilidade <
Processo Sentença Cumprimento pena
 Irrecorrível
 > Reduz pena pela metade
26/02/2017
1.3 – Peculato mediante erro de outrem (peculato estelionato) – vem previsto no art. 313 do CP, punindo a conduta do funcionário público que se apropria de dinheiro ou qualquer utilidade que no exercício do cargo recebeu por erro de outrem. Esse crime também é chamado de Peculato Estelionato. 
É quando um funcionário público se apropria de dinheiro ou de qualquer utilidade, que no exercício do cargo recebeu por erro de outrem, não há o induzimento, só se aproveitou do erro, e se apropriou do valor.
Exemplo de um funcionário que recebe um valor em uma repartição, valor esse que deveria ser pago a outro funcionário, mas por erro, o conteúdo veio a parar em suas mãos se aproveitando do erro.
1.4 – Inserção de dados falsos em Sistema de Informações – vem previsto no art. 313-A do CP. Punem-se as condutas de inserir ou facilitar a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente os dados corretos nos sistemas informatizados ou banco de dados com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano. Esse crime somente pode ser praticado pelo funcionário público autorizado a operar os sistemas informatizados ou banco de dados da administração. 
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
Funcionário público especifico que insere ou facilita para que terceiros insiram esses dados falsos no sistema (dados da administração pública), ou esse mesmo funcionário autorizado (não bastando ser apenas funcionário público, porem autorizado), ele altera ou exclui indevidamente desse banco de dados informatizados
indevidamente dados verdadeiros.
1.5 – Modificação ou alteração não autorizada de Sistema de Informações – vem previsto no art. 313-B do CP. Punem-se a conduta do funcionário público que modificar ou alterar sistema de informação ou programa de informática sem autorização ou solicitação da autoridade competente. 
Nesta hipótese, o funcionário altera ou modifica o programa de informática em si (Software), e não a alteração dos dados. Sendo um crime próprio, só podendo ser cometido por um funcionário público. Sendo o dano a causa do aumento de pena
As penas são aumentadas de um terço até a metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado.
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa.
1.6 – Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento – vem previsto no art. 314 do CP. Pune-se a conduta do funcionário público que extraviar livro oficial ou qualquer documento se que tenha guarda em razão do cargo, sonega-lo ou inutiliza-lo total ou parcialmente.
Trata-se de crime doloso, de modo que o extravio, a sonegação ou a inutilização do livro ou documento deve ser intencional. Se for acidental ou por culpa, não haverá crime, remanescendo eventual responsabilidade administrativa.
Sendo um crime próprio cometido somente por funcionário publico que mantenha consigo a posse ou a guarde, de livro ou documento oficial, em razão do cargo, podendo este documento ser público ou particular, desde que esteja sob a guarda da administração pública.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave.
Caso haja crime mais grave somado e este, responderá pelo mais grave o funcionário público.
1.7 – Emprego irregular de verbas ou rendas públicas – é crime previsto no art. 315 do CP, punindo a conduta do funcionário público que da às verbas ou rendas públicas a aplicação diversa da estabelecida em lei. 
Sujeito ativo deste crime, somente pode ser o funcionário público que tenha poder de disposição de verbas ou rendas públicas. 
Rendas públicas, são aquelas constituídas por dinheiro recebido pela fazenda pública, a qualquer título. 
Verbas públicas são aquelas constituídas por dinheiro destinado para a execução de determinado serviço público, ou para outra finalidade de interesse público. O termo lei empregado pelo artigo inclui, as leis comuns e as leis orçamentárias, além dos decretos e demais normas equivalentes. 
O funcionário publico no caso o administrador público, aquele que tem o poder de disposição sobre as verbas e rendas públicas, como prefeito, governador, presidente, o gestor do dinheiro público, onde todos órgãos públicos tenhas suas verbas destinadas para suas finalidades.
Exemplos: a verba destinada a educação não podendo ser usada como verba na saúde, a verba da segurança publica ser destinada ao uso da educação, sendo todas verbas e rendas destinadas a determinação da lei, não podendo ser desviada para outra área.
Um prefeito municipal que recebe uma verba para cuidar de desabrigados de uma enchente, só pode destinar o valor para essa causa e nenhuma outra hipótese para uso do valor
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
1.8 – Concussão - **prova** - vem previsto no art. 316 do CP, punindo a conduta do funcionário público que exigir para si ou para outrem, direta ou indiretamente ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida. Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
Exigir significa, impor, determinar, ordenar. O crime se consuma com a mera exigência de vantagem indevida, independentemente de aia efetiva percepção. Trata-se de crime formal. 
É um crime formal, sendo sempre um crime consumado, ele se consuma com a mera exigência, independentemente do recebimento efetivo da vantagem, para a caracterização deste crime a exigência deve ser em razão da função e não no exercício dela.
Concussão = exigir
Concussão tentada - A tentativa é admissível desde que a exigência não seja verbal. 
Exemplo dado em sala de aula, onde um pedido via e-mail de um funcionário público, exige um valor há um particular, ou ele me dá tanto ou ofereço a denúncia, na ato de escrever o e-mail já é dada a execução da concussão, mas quando envio o e-mail, por alguma razão alheia a minha vontade a mensagem não chega ao destinatário, onde se conclui a concussão tentada, seria o mesmo exemplo no pedido via carta.
No caso de ser diretamente, seria a pedido do próprio funcionário público, indiretamente, seria a pedido do mesmo funcionário público porem através de um terceiro (interposta pessoa, assessor, segurança) se apresentando em seu lugar, e caso esse terceiro também responde como funcionário público, sendo participe do crime.
As 4 Etapas do Inter criminis
Cogitação, atos preparatórios, atos de execução e consumação, e o e Exaurimento (ato pós consumação) que não entra nessas 4 etapas, ela entra após a consumação, não sendo a parte do crime, não interfere em mais nada
Concussão – art. 316 (somente funcionário público) 
Exigir – vem sempre acompanhado de um mal
Corrupção passiva – art. 317 (somente funcionário público) 
Solicitar / receber / aceitar promessa 
Corrupção ativa – art. 333 (somente particular) 
Oferecer / prometer 
O particular que sede à exigência ou a solicitação do funcionário público, não prática nenhum crime. 
1.8.1 – Excesso de exação – vem previsto no § 1° do art. 316 do CP, punindo a conduta do funcionário público que exigir tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza. 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa 
Exação é a cobrança rigorosa de um tributo ou contribuição social. A exação é obrigação do funcionário público. 
Exemplo seria de um funcionário, que numa cobrança devida, força o pagamento dessa cobrança um valor mais alto que o devido, intimidando o pagador a pagar as vezes ate o dobro do valor que lhe era devido.
Ou, um funcionário publico que vai em um estabelecimento e cobra o devedor alguma cobrança que lhe é devida, como impostos, tributos devidos, valores esses que vão para a própria administração pública, onde se tem o prazo de 30 dias para o pagamento, e esse funcionário publico força o pagamento na presente data, caracterizando o excesso de exação.
1.8.2 – Excesso de exação qualificado – vem previsto no § 2° do art. 316 do CP, e ocorre quando o funcionário público desvia em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos. Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
É quando o funcionário publico além de cobrar o que é indevido de modo vexatório, ainda pega o valor para si ou para outrem.
1.9 – Corrupção passiva – Corrupção passiva = solicitar / receber / aceitar promessa – vem previsto no art. 317 do CP, punindo a conduta do funcionário público que solicitar ou receber, para ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem. Trata-se de crime formal, que se consuma com a prática das condutas mencionadas, independentemente de qualquer outro resultado. Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
No caso de um funcionário público (Policia Militar) que ao abordar bandidos e após averiguação os mesmos oferecerem ou prometerem um pagamento futuro (dinheiro) aos policiais (esses se enquadram na corrupção ativa na voz de prisão pelos policiais), ou mesmo que esses policiais solicitem, ou aceitem uma promessa de pagamento futuro ou então recebam de imediato de algum valor para a liberação desses bandidos, esses policiais são enquadrados na corrupção passiva, no caso dos bandidos pagando, inclui-se em mero exaurimento.
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
1.9.1
– Corrupção passiva qualificada – na corrupção passiva qualificada, prevista no § 1° do art. 317, do CP, a pena é aumentada de 1/3 se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infrigindo o dever funcional. 
Após receber a vantagem que foi pedida indevidamente, e se em razão do que o particular pagou esse funcionário publico deixar de agir corretamente com o ato de oficio pela função pública, será enquadrado na corrupção passiva qualificada.
1.9.2 – Corrupção passiva privilegiada – vem previsto no § 2° do art. 317 do CP, e ocorre se o funcionário pratica ou deixa de praticar, ou retarda ato de ofício com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem. 
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem.
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Seria o ato de agir em favor ou beneficio de um conhecido, exemplo: um rapaz que ao ser preso, pede a sua prima que é namorada de um delegado, para que ele interfira antes de ser lavrado um boletim de flagrante, o delegado que beneficia esse rapaz a pedido da namorada (influencia, pedido) devera ser enquadrado neste artigo.
1.10 – Facilitação de contrabando ou descaminho – vem previsto no art. 318 do CP, Pune-se a conduta do funcionário público que facilitar, com infração de dever funcional, a prática do contrabando ou descaminho. Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
Contrabando é a importação ou exportação de mercadorias proibida no país. 
Descaminho é a importação ou exportação de mercadorias lícitas sem o recolhimento dos tributos devidos. 
Neste crime, não é o funcionário público quem pratica o contrabando ou descaminho. O funcionário público facilita o contrabando ou descaminho. 
Descaminho é a entrada e saída de mercadoria permitida (produto licito), mas sem o pagamento dos tributos devidos nessa entrada e saída, exemplo em uma viagem internacional onde você adquire, câmeras fotográficas, notebooks, relógios, celulares ou qualquer outro tipo de eletroeletrônico.
No sentido de contrabando são as entradas e saídas e mercadorias ilicitas, destacam-se nessas mercadorias produtos como: armas, drogas (se enquadra no tráfico internacional), cigarro, pois mesmo com tributos não pode entrar no país, carro usado, pneu usado (questão ambiental).
Nesse crime o funcionário público não pratica o contrabando ou descaminho, mas sim contribui para a facilitação, faz vista grossa, na alfandega deixa passar, etc.
1.11 – Prevaricação – vem previsto no art. 319 do CP, punindo as condutas de retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício (suas funções) ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal. 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa
No crime de prevaricação, não há qualquer vantagem indevida envolvida. O funcionário atua, retarda ou omite o ato de ofício para satisfazer interesse ou sentimento pessoal (ex: amor, ódio, vingança, inveja, amizade, corporativismo etc). 
Aqui fica bem claro que na prevaricação não existe dinheiro, vantagem, nada que envolva vantagem ilícita.
Em questão seria a situação de uma ocorrência onde ao atenderem uma solicitação a Policia Militar ao chegar no local se depara com uma situação de briga onde a esposa foi agredida e durante a atuação o cônjuge também policial militar, por esse motivo os policiais que atendem a ocorrência não lavram o boletim por agressão (por interesse pessoal e amizade) e corporativismo ao agressor militar.
1.12 – Omissão no dever de vedar acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar – vem previsto no art. 319 – A, do CP, punindo a conduta do Diretor de Penitenciária e/ou do agente público, que deixar de cumprir o seu dever de vedar ao preso o acesso à aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo. 
Trata-se de crime omissivo, que tem como sujeito ativo o diretor de penitenciária e/ou agente público que tenha o dever de fiscalização. Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Vem através do ato de praticar vistoria em presídios no intuito de não deixar entrar aparelhos eletroeletrônicos de meios de comunicação nos presídios (celular, chip, radio).
1.13 – Condescendência criminosa – vem previsto no art. 320 do CP, punindo a conduta do funcionário público que deixar, por indulgência, de responsabilizar o subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente. 
Indulgência, significa clemência e tolerância. 
Superior – sujeito ativo
Pena prevista de 15 dias a um mês 
Indulgência = clemência / tolerância 
Subordinado – infração no exercício do cargo (crime) 
A condescendência criminosa só ocorre pela tolerância, clemencia, qualquer outro sentimento pode levar a prevaricação.
1.14 – Advocacia administrativa – vem previsto no art. 321 do CP, punindo a conduta do funcionário público que patrocinar direta ou indiretamente, interesse privado, perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário. 
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.
O interesse patrocinado pelo funcionário público pode ser direta ou indiretamente, podendo ser ainda legitimo ou ilegítimo. 
É quando um funcionário público pega um interesse que não é público e sim privado ou particular e o leva a repartição, patrocinando esse interesse valendo-se da qualidade de funcionário público, seja desembaraçando algo, seja pedindo para alguém agilizar o andamento, violando um dever funcional onde ele deveria tutelar esse interesse.
Exemplo da planta de um imóvel que foi dado entrada na prefeitura e aguardava aprovação e foi intermediada por um funcionário publico interno para agilizar o andamento do processo, sem exigência ou solicitação de nada.
Salvo a Lei 8112/90 dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da união.
Art. 117.  Ao servidor é proibido:
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro;
1.15 – Violência arbitrária – vem previsto no art. 322 do CP, estando revogado tacitamente pela lei 4.898/65, que trata do crime de abuso de autoridade. 
Não foi revogada expressamente, mas tacitamente, então hoje qualquer funcionário público que exerça violência arbitraria no exercício a da função, pratica um ato de violência, não será enquadrado no art.322 do CP, que já está revogado tacitamente, mas sim na Lei de abuso de autoridade 4898/65.
1.16 – Abandono de função – vem previsto no art. 323 do CP, punindo a conduta do funcionário que abandonar cargo público fora dos casos permitidos em lei. 
O abandono deve ocorrer, sem motivo justificado e por tempo juridicamente relevante. Geralmente, leva-se em conta o período fixado nos respectivos estatutos ou leis orgânicas. 
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Caracteriza o crime de abandona de cargo público quando o funcionário público, ausenta de suas funções por tempo juridicamente relevante, quando vier a se ausentar de maneira injustificada, não observando os motivos observados em lei, gerando prejuízos a administração pública.
Quando gera um prejuízo na administração pública, a modalidade já passa a ser na forma qualificada, caso não houvesse um agravante seria um crime na sua forma simples.
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Em razão de um local onde o funcionário publico exerça seu cargo (faixa de fronteira), gerando outro agravante, porem
não na administração pública, mas sim de termos nossa fronteira desguarnecida.
A lei não diz qual o prazo conciso para considerar o abandono de função, a doutrina diz um prazo juridicamente relevante, então como parâmetro podemos usar os Estatutos da carreiras públicas, ou Leis orgânicas, onde na Prefeitura de SP, a Lei Orgânica do Município decreta o abandono de função com 60 corridos, no Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União fala em 30 dias consecutivos ou 45 dias intercalados dentro do prazo de 1 ano, sendo essas faltas injustificadas e anotadas em prontuário.
Há casos em leis orgânicas que se permite o afastamento da função sem os vencimentos, funcionários públicos podem se afastar da função por ate 2 anos, para outras funções extra publicas etc.
1.17 – Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado – vem previsto no art. 324 do CP, punindo a conduta do funcionário público que entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la sem autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso. 
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa
É cabido aquele funcionário que mesmo antes de promovido (antes de satisfeitos os requisitos legais), ou seja, nem tomou posse e já está trabalhando, já quer fazer suas funções antes do tempo de assumi-las, e mesmo após ter sido substituído, que terminar as suas antigas funções.
Todo e qualquer serviço executado antes de ser nomeado na nova função, ou após essa nomeação executar algum serviço da antiga função, é considerado nulo, por haver prejuízo público.
1.18 – Violação de sigilo funcional – vem previsto no art. 325 do CP, punindo a conduta do funcionário público que revelar fato de que tem ciência em razão do cargo, e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação. 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais grave.
No §, 1°, estão previstas outras figuras assemelhadas. 
O sigilo pode ser legal quando decorrer de lei, ou judicial quando determinada pelo juiz, ou ainda pode ser administrativo, quando imposto por regras administrativas. 
§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: 
I - permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública; 
II - se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. 
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a outrem: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa
Esse crime ocorre quando algum funcionário publico em razão do cargo, ao saber de uma apreensão policial, ou qualquer tipo de ação policial, Ministério Público, esse funcionário divulgue alguma informação (vazar informação), que prejudique de algum modo as investigações ou apreensões, ou informações de processos em segredo de justiça (sigilosos)
1.19 – Violação de sigilo de proposta de concorrência – vem previsto no art. 326 do CP, estando revogado tacitamente pela lei 8.666/93, lei de licitações. 
2 – Crimes praticados por Particular contra a Administração Pública
2.1 – Usurpação de função pública - vem previsto no art. 328 do CP, punindo a conduta de usurpar o exercício de função pública. 
Trata-se de crime praticado por particular contra a administração. 
Usurpar significa apoderar-se, tomar, arrebatar. Neste crime, o particular usurpa função pública. 
Esse crime pode excepcionalmente ser praticado por funcionário público, desde que este usurpe função que não lhe pertence. 
O crime se consuma com o efetivo exercício ilegal da função pública, ou seja, com a pratica de no mínimo um ato funcional. 
De acordo com o disposto no § único do art. 328 do CP, se do fato o agente aufere vantagem, a pena é de reclusão de 2 há 5 anos e multa. 
Trata-se da usurpação de função pública qualificada. 
Seria aquele agente, cidadão comum, ou o particular que usurpa da função que não lhe pertence, uma função pública, e o crime só se consuma com a pratica do ato funcional que ele está agindo, exemplo: se ele usurpa a função de um policial, ele tem que praticar um ato típico da função policia e assim nas demais funções públicas que ele usurpe.
Porem devemos saber separar as questões, de acordo com o ocorrido no momento:
Se o agente diz que é algo que não é, ele diz que é policial, e não é (crime de falsa identidade) art.307, mas se diz que é policial e apresenta um documento falso (uso de documento falso) art.304, neste caso a falsa identidade fica absolvida pelo crime mais grave, mas se ele pratica os atos próprios da função de policial sem ou ser, ai sim ser a usurpação e os outros crimes ficam absolvidos.
Em regra esse crime seria somente praticado pelo particular , mas também pode ser praticado por um funcionário público, e não somente por particular, exemplo do escrivão que usurpa a função que não lhe pertence, se passando por delegado.
2.2 – Resistência – vem previsto no art. 329 do CP, punindo a conduta de opor-se a execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário público competente para executa-lo, ou a quem lhe esteja prestando auxílio. 
Trata-se de crime praticado por particular contra a administração pública. 
Para a configuração do crime de resistência, são necessários os seguintes requisitos:
1° oposição a um ato legal 
2° emprego de violência ou ameaça 
3° a funcionário público competente para executar o ato, ou a quem lhe esteja prestando auxílio.
Se o ato não for legal, ou se não houver emprego de violência ou ameaça, não se configura o crime de resistência. 
O mesmo ocorre se o funcionário público não for competente para o ato. 
Em relação a prisão penal, seria somente por Flagrante de delito, ou por Ordem Escrita e Fundamentada de Autoridade Judiciaria Competente.
Pergunta – um particular (cidadão), pode ser vítima do crime de resistência? 
Resposta – pode sim, desde que esteja prestando auxílio ao funcionário público competente. Sozinho, não. 
Se o fato, em razão da resistência não se executa, a pena é de reclusão de 1 a 3 anos. Se houver violência as penas da violência são aplicadas cumulativamente com as penas da resistência. 
Matéria prova, art’s 312 ao 329.
2.3 – Desobediência – 
2.4 – Desacato -

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