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Ponto_2_-_Penal_-_Processo_Penal_-_Civil_-_Processo_Civil_ -_Financeiro_e_Tributário_-_TRF5_-_XII (1)

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284
Sumário
Direito Penal
A lei penal: características; fontes; interpretação; vigência e aplicação....................... 	01
Lei penal no tempo e no espaço....................................................................................	04
Imunidade ....................................................................................................................	10
Condições de punibilidade...........................................................................................	14
Concurso aparente de normas........................................................................................	24
Crimes contra a Administração Pública.........................................................................	28
Crimes de responsabilidade.............................................................................................	84
Crimes de abuso de autoridade........................................................................................	88
Crimes nas licitações e contratos da Administração Pública..........................................	91
Direito Processual Penal
Persecução Penal...............................................................................................................	100
Outros meios de colheita de indícios da infração.............................................................	134	
Sujeitos do processo............. ........................................................... ...............................	135	
Instrumentos legais de obtenção de prova...... ...............................................................	145
Direito Civil
Domicílio.......................................................................................................................	167
Bens...............................................................................................................................	170
Negócios Jurídicos (atos jurídicos lícitos e ilícitos - aqui abordado) ..........................	183
Invalidades........................................................... ...........................................................	203
Defeitos........................................................... ................................................................	211
Direito Processual Civil
Competência: conceito........................................................... .........................................	224
Critérios de distribuição........................................................... ........................................	224
Espécies, identificação do foro competente + competência interna e intern...................	225
perpetuatio jurisdictionis........................................................... ........................................	229
modificações (conexão, continência, prevenção) .............................................................	231
conflitos positivos e negativos........................................................... ...............................	234
Foros concorrentes, forum shopping, forum non conveniens (não está no edital – mas é pertinente ao assunto)......................................................................................... ...................................	236
homologação de sentença estrangeira........................................................... ..................	237
Competência da Justiça Federal........................................................... ..............................	239
Ação: classificação das ações e critérios identificadores..................................................	248	
Defesa..... ........................................................... ..............................................................	255
Processo..... ........................................................... ........................................................... 	256
princípios informativos, gerais e específicos......................................................................	264
Direito Financeiro e tributário
Despesa pública. Conceito e classificação........................................................... .............	267
Disciplina constitucional dos precatórios..........................................................................	271
Receita pública. Conceito. Ingressos e receitas. Classificação.........................................	275
Dívida ativa da União de natureza tributária e não-tributária............................................	278
Crédito público........................................................... .......................................................	280
Dívida Pública........................................................... ........................................................	281
III - DIREITO PENAL – 1. A lei penal: características; fontes; interpretação; vigência e aplicação. 2. Lei penal no tempo e no espaço. 3. Imunidade. 4. Condições de punibilidade. 5. Concurso aparente de normas. 6. Crimes contra a Administração Pública. 7. Crimes de responsabilidade. 8. Crimes de abuso de autoridade. 9. Crimes nas licitações e contratos da Administração Pública.
Atenção: Acréscimos/alterações na cor verde. Poucas supressões justificadas. 
A Lei Penal
CARACTERÍSTICAS
Atenção: suprimi o texto original do resumo, pois tratava do princípio da legalidade, o qual acredito fazer parte do ponto 1 (princípios básicos do Direito Penal). Seguem as características da Lei Penal, segundo Cleber Masson: 
Exclusividade: soa a lei pode criar delitos e penas (CF, art. 5º, XXXIX, e CP, art. 1º).
Imperatividade: o seu descumprimento acarreta a imposição de pena ou de medida de segurança, tornando obrigatório o seu respeito;
Generalidade: dirige-se indistintamente a todas as pessoas, inclusive aos inimputáveis. Destina-se a todas as pessoas que vivem sob a jurisdição do Brasil, estejam no território nacional ou no exterior. Justifica-se pelo caráter de coercibilidade que devem ter todas as leis em vigor, com efeito imediato e geral (Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, art. 6º).
Impessoalidade: projeta-se os seus efeitos abstratamente a fatos futuros, para qualquer pessoa que venha a praticá-los. Há duas exceções, relativas ás leis que prevêem anistia e abolitio criminis, as quais alcançam fatos concretos.
Anterioridade: as leis penais incriminadoras apenas podem ser aplicadas se estavam em vigor quando da prática da infração penal, salvo no caso da retroatividade da lei benéfica.
FONTES
	É a origem jurídica.
Fonte material (produção/criação): órgão encarregado da criação do Direito Penal. Em regra, somente a União está autorizada a produzir (art. 22, I da CF), mas o § único diz que LC pode autorizar o Estado em matéria de interesse local.
Fonte formal (revelação/divulgação): processo de exteriorização da fonte material.
	A doutrina clássica divide em: imediata (lei) e mediata (costumes e princípios gerais de direito).
	A doutrina moderna também em imediata e mediata, mas divide a imediata em direito penal incriminador (lei) e não incriminador (CF, tratados internacionais, lei e jurisprudência, súmula vinculante). As mediatas são os costumes e Princípio Gerais de Direito.
Costume: comportamentos uniformes e constantes (prática reiterada) pela convicção de sua obrigatoriedade e sua necessidade jurídica – não existe no Brasil o costume incriminador – não se cria crime, nem se comina pena. 
Costume revoga infração penal?
R.: 1°) corrente: não, pois lei somente pode ser revogada por outra lei (LICC) – Jogo de bicho é contravenção e será punido.
 2°) corrente: revoga, em especial quando a infração penal é tolerada pela sociedade – Jogo do bicho não é mais contravenção penal.
 3°) corrente: costume não revoga formalmente infração penal, mas não pune o comportamento quando perde eficácia social – Jogo do bicho é contravenção que não mais se pune. 
	Prevalece a primeira corrente.
	A utilidade do costume no direito penal brasileiro é o costumeinterpretativo (costume secundum legem), aclarar o sentido na norma jurídica penal. Ex.: art. 155, § 1° - repouso noturno - período que determinada a sociedade retira para descanso diário; ato obsceno.
	
Princípios Gerais do Direito: Direito que vive na consciência comum de um povo. Como ocorre com os costumes, também o PGD não pode ser fonte de norma incriminadora, atuando somente no campo da interpretação. 
FONTES DO DIREITO PENAL ANTES DA EMENDA CONSTITUCIONAL 45/04
- IMEDIATA: Lei
- MEDIATAS: Costumes e princípios gerais do direito
FONTES DO DIREITO PENAL APÓS A EMENDA CONSTITUCIONAL 45/04
- IMEDIATAS: 1) Lei (única que pode versar sobre norma penal incriminadora).
		 2) Constituição Federal
		3) Tratados Internacionais de Direitos Humanos
		4) Atos administrativos
		5) Jurisprudência (súmula vinculante)
- MEDIATA: doutrina
OBS.: Costumes passou a ser fonte informal do direito penal.
	Atos Administrativos: Os atos administrativos, no Direito Penal, funcionam como complemento das normas penais em branco. (Fonte Formal Mediata)
OBS: STATUS DOS TRATADOS INTERNACIONAIS: 
	O STF firmou o seu entendimento nos seguintes termos:
tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos e desde que aprovados por 3/5 dos votos de seus membros, em cada casa do Congresso Nacional e em 2 turnos de votação – paridade com as normas constitucionais;
tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos aprovados pela regra anterior à Reforma e não confirmados pelo quórum qualificado – natureza supralegal;
tratados e convenções de outra natureza – força de lei ordinária.
INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL:
Explicar, explanar ou aclarar o significado de palavra, expressão ou texto.
Quanto ao sujeito (origem): 
	- Autêntica/legislativa: dada pela lei – art. 327 do CP, conceito de funcionário público; 
	- Doutrinária ou científica: dada pelos estudiosos;
	- Jurisprudencial: fruto das decisões reiteradas dos tribunais, como regra não vinculantes, exceção: súmulas vinculantes editadas pelo STF;
OBS.: Exposição de motivos do código penal é interpretação doutrinária, vez que dada pelos doutrinadores que elaboraram o projeto. A exposição de motivos do código de processo penal é autêntica ou legislativa ou autêntica. 
Quanto ao modo: 
	- Literal ou gramatical: leva em conta o sentido literal das palavras;
	- Lógica ou Teleológica: indaga-se a vontade ou intenção objetivada na lei; 
	- Histórica: procura-se a origem da lei;
	- Sistemática: a lei é interpretada com o conjunto da legislação e dos princípios gerais de direito.
	- Progressiva: a lei é interpretada de acordo com o progresso da ciência.
Transexual pode ser vítima de estupro?
R.: Interpretação literal – não; Interpretação progressiva – sim.
Quanto ao resultado: 
	- Declarativa: a letra da lei corresponde exatamente aquilo que o legislador quis dizer.
	- Extensiva: amplia-se o alcance das palavras da lei para corresponder ao alcance/vontade do texto. A lei disse menos do que desejava.
	- Restritiva: reduz-se o alcance das palavras da lei para corresponder ao alcance/vontade do texto. A lei disse mais do que desejava.
- Progressiva/adaptativa/evolutiva: busca amoldar a lei à realidade atual.
OBS.: É possível a interpretação extensiva no Brasil?
R.: 1° corrente: O Brasil, diferentemente de outros países (Equador), não proíbe a interpretação extensiva. 
	 2° corrente: Admite-se no Brasil a interpretação extensiva, somente quando favorável ao réu (in dubio pro reu – princípio das provas). Doutrina democratizou o princípio do in dubio pro reu aplicando-o na interpretação.
Art. 157, § 2° do CP – expressão “arma” gera controvérsia – 1°) corrente: sentido próprio: instrumento fabricado com finalidade bélica. Ex.: revólver. 2°) corrente: sentido impróprio: instrumentos com ou sem finalidade bélica, capaz de servir ao taque/defesa. Ex.: faca de cozinha. A primeira corrente utiliza a interpretação restritiva e a segunda extensiva.
OBS.: Interpretação extensiva não se confunde com a interpretação analógica. Nesta, o significado que se extrai do próprio dispositivo (existe norma a ser aplicada ao caso concreto), levando-se em conta as expressões genéricas e abertas utilizadas pelo legislador.
 
	INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA
	INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA
	ANALOGIA (integração)
	Existe norma para o caso concreto
	Existe norma para o caso concreto
	Não existe norma para o caso concreto 
	Amplia-se o alcance na palavra “arma” – art. 157, § 2° do CP
	O legislador previu uma fórmula genérica, permitindo ao juiz encontrar outros
	Juiz aplica a lei prevista para outro caso no caso em que há lacuna.
A interpretação extensiva e analógica não se confundem com a analogia (esta não é interpretação, mas regra de integração), neste caso, ao contrário dos anteriores, partimos do pressuposto de que não existe uma lei a ser aplicada ao caso concreto, motivo pelo qual, socorre-se daquilo que o legislador previu para outro similar.
Interpretação analógica é quando a lei traz exemplos e permite que o intérprete encontre outros casos. Ex: art. 121, § 2º, CP.
A analogia, por sua vez, é quando há uma lacuna na lei. É, portanto, regra de integração. No direito penal ela só ocorre se for em bonan parte – a favor do réu.
	
APLICAÇÃO NO TEMPO E NO ESPAÇO
LEI PENAL DO TEMPO
	A lei busca regular os atos praticados na sua vigência, mas a lei penal pode ser retroativa ou ultrativa quando for benéfica ao réu.
	Em regra “tempus regit acto”.
	Quando no tempo o crime se considera praticado?
Teoria da atividade: tempo da conduta;
Teoria do resultado: tempo da consumação;
Teoria mista/ubiqüidade: tempo da conduta e da consumação.
	O CPB preferiu a teoria da atividade – art. 4º (Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)). Repercute na imputabilidade do agente.
Três repercussões práticas:
Analisar a capacidade/imputabilidade do agente.
Analise das qualidades ou condições da vítima. Ex.: 121 do CP.
Sucessão de leis penais no tempo. A regra extraída do art. 1° do CP é a irretroatividade. A exceção está no art. 2° do CP, qual seja, a retroatividade.
No lei posterior incriminou o fato = irretroativa (art. 1°). 
Momento do fato havia o crime, lei posterior aboliu o crime = retroativa (art. 2°). Ex.: crime de adultério que foi abolido pela Lei 11.106/05.
Momento do fato havia crime, lei posterior continua encarando como crime, porém elevou a pena = irretroativa (art. 1°). Ex.: art. 217 do CP modificada pela Lei 10.763/03.
Momento do fato era crime, lei posterior diminui a pena = retroage (art. 2°). 
O art. 2° é uma exceção na sucessão de leis penais no tempo. Este artigo traz o instituo da “abolitio criminis” sendo hipótese de supressão da figura criminosa. 
Qual a natureza jurídica da abolitio criminis? 
R.: 1° corrente: causa extintiva da punibilidade – adotada pelo CP no art. 107, III do CP.
	 2° corrente: causa de exclusão da tipicidade, consequentemente extingue o direito do Estado de punir. (Flávio Monteiro de Barros e Basileu Garcia).
Lei abolicionista não respeita coisa julgada. Se ocorrer na fase de execução, esta será extinta. Sendo que cessa os efeitos penais (reincidência), e os extrapenais permanecem (sentença condenatória continua servindo como título executivo judicial e perda do cargo). O art. 2 ° do CP não infringe o art. 5° XXXVI da CF, pois o mandamento constitucional tutela a garantia individual do cidadão e não o direito de punir do Estado.
Não há que se falar em abolitio criminis nas hipóteses em que, nada obstante a revogação formal do tipo penal, o fato criminoso passa a ser disciplinado perante dispositivo legal diverso. Verifica-se a incidência do princípio da continuidade normativa.
Aplicação de lei em período de vacatio legis.
R.: 1° corrente: lei na vacatio não retroage, pois carece de eficácia jurídica ou social (majoritária).2° corrente: lei na vacatio retroage desde que o réu demonstre conhecer a alteração (Alberto Silva Franco).
OBS: horário de verão: a jurisprudência diz que o horário de verão é transitório, é uma ficção, tem função de economizar energia. Aplica o ECA (Nucci) se pelo horário convencional ainda era inimputável.
	No caso de sucessão de lei penal no tempo existe uma regra geral – art. 1º, CP (irretroatividade), mas usa-se também a exceção – art. 2º e 3º, CP.
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Lei penal no tempo
        Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.  (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.  (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Lei excepcional ou temporária (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.   (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
	Lei penal no tempo e continuidade delitiva: Súmula 711, STF (aplica sempre a última lei mesmo que mais gravosa – “a lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência”).
	É possível combinação de leis:
1) não se admite a combinação de leis penais, pois o juiz, assim agindo, eleva-se a legislador, criando uma terceira lei (Nelson Hungria, Fragoso, Aníbal Bruno e a 1° Turma do STF – RHC 94802 10/02/09);
2) é possível a combinação de leis penais para favorecer o réu, se o juiz pode o mais pode o menos (Basileu Garcia, Delmanto e 2° Turma do STF – HC 95.435 21/10/2008).
Embora existam julgados isolados no sentido da combinação de lei, em especial quanto à aplicabilidade do §4º, art. 33, da Lei 11.343/2006, a posição mais segura é defender a “teoria da ponderação unitária ou global”, ou seja, a impossibilidade de combinação de leis. No caso, o Juiz analisará se o que favorece mais o réu, no caso concreto, é a aplicabilidade integral da lei antiga ou da lei nova. O STJ possui julgado neste sentido: Sexta Turma. HC 218641 / RS. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR. DJe 01/02/2012.
	 Na fase de execução quem aplica (após o trânsito em julgado)? Se for de ordem matemática é o juízo da execução. Porém, se não for, precisa de Revisão Criminal, pois depende de juízo de valor. 
Súmula 611, STF: Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das execuções a aplicação da lei mais benigna.
	
O complemento da norma penal sofre alteração. Retroage?
R.: A alteração benéfica da norma penal em branco imprópria sempre retroage.
	O problema está para a norma penal em branco própria. Quando o complemento for norma infralegal, o decisivo é saber se a alteração da norma extrapenal implica, ou não, na supressão do caráter ilícito do fato. Por exemplo, no art. 269 do CP a exclusão de doença de notificação compulsória torna a omissão do médico um indiferente penal (abolitio criminis). Nesta hipótese o que se alterou foi a própria matéria da proibição, com redução da área de incidência do tipo. Diferentemente no caso de simples atualização de valores monetários, modificando-se os quantitativos de tabelas de preços. 
	O art. 3º do CP, excepcionalmente prevê uma ultratividade maléfica, ou seja, em prejuízo do agente.
Lei temporária/lei temporária em sentido estrito: é aquela que tem prefixado no seu texto o tempo de sua vigência.
Lei excepcional/lei temporária em sentido amplo: é a que atende a transitórias necessidades estatais, tais como, guerras, calamidades, epidemias etc., perdurando por todo o tempo excepcional.
	A importância do art. 3° é reconhecida pela doutrina. Se não houvesse a disposição legal do art. 3° se sancionaria o absurdo de reduzir as leis temporárias e excepcionais a uma espécie de ineficácia preventiva, instalando a impunidade em relação aos fatos praticados durante a sua vigência (Bettiol).
	Se não fosse assim (ultrativo) elas estariam fadadas ao insucesso.
	É importante, assim, que sua eficácia perdure no tempo.
	Este art. 3º, CP, foi recepcionado pela CF/88? R.: 1°) corrente: Zaffaroni e Rogério Greco entendem que não foi recepcionado, porque a CF não prevê qualquer exceção a proibição da ultra-atividade maléfica; entendem que o art. 3° do CP não recepcionado, porém esta corrente é minoritária. 2°) corrente: a lei nova não revoga a anterior (não há uma verdadeira sucessão de leis penais) porque não trata exatamente da mesma matéria, do mesmo fato típico (é a anterior que deixa de ter vigência em razão de sua excepcionalidade), logo não se tratando de leis penais no tempo, de modo que o art. 3° foi recepcionada pela CF – esta é a corrente que prevalece, sendo adotada pelo LFG.
	Princípio da continuidade normativa típica x “abolitio”: 
	Abolitio criminis
	Princípio da continuidade normativo-tipica
	Supressão formal + supressão do conteúdo criminoso
	Alteração formal, porém com a manutenção do conteúdo criminoso
	A intenção do legislador é não mais considerar o fato como crime
	A intenção do legislador é manter criminoso o fato
	Ex.: art. 217, 220, 240, todos do CPB
	Ex.: art. 214 do CP – 213 do CP.
Alteração de entendimento jurisprudencial retroage?
R.: Súmula 174 (cancelada). Prevalece que não existe retroatividade de entendimento jurisprudencial, ainda que mais benéfico. Cuidado!!! Ganhava força o entendimento que se for súmula vinculante retroagirá, se mais benéfica (não é entendimento dominante, as discussões estão em fase embrionárias). 
LEI PENAL NO ESPAÇO
Sabendo que um fato punível pode, eventualmente, atingir os interesses de dois ou mais Estados igualmente soberanos, o estudo da lei penal no espaço visa a descobrir qual é o âmbito territorial (o espaço) de aplicação da lei penal brasileira, bem como de que forma o Brasil se relaciona com outros países em matéria penal.
	Princípios aplicáveis:
Princípio da territorialidade: aplica-se a lei penal do território do delito (não importa a nacionalidade dos envolvidos ou dos bens jurídicos lesados);
Principio da nacionalidade ativa: aplica-se a lei penal da nacionalidade do agente (não importa o local do crime ou a nacionalidade da vítima ou dos bens jurídicos lesados);
Princípio da nacionalidade passiva: aplica-se a lei penal da nacionalidade do agente apenas quando atingir um co-cidadão (não importa o local do crime) é a ativa + vítima co-cidadã;
Princípio da defesa, da proteção ou real: aplica-se a lei da nacionalidade da vítima ou do bem jurídico (não importa local ou nacionalidade do agente)
Princípio da Justiça universal/cosmopolita: o agente fica sujeito à lei do país em que for capturado (não importa o local do crime, nem a nacionalidade do agente ou da vítima)
Princípio da representação/da bandeira/subsidiário: a lei penal nacional aplica-se aos crimes praticados em embarcações e aeronaves privadas, quando no estrangeiro e aí não são julgados. O país em que o crime ocorreu não age.
	O Brasil adotou o princípio da territorialidade (art. 5º, CP). 
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
        § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreocorrespondente ou em alto-mar. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
        § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
	O art. 5° adotou a territorialidade temperada pela intraterritorialidade. Ex.: imunidade diplomática. 
	Diferentemente do processo penal que adota o princípio da territorialidade relativa/temporária (intraterritorialidade – tratados e convenções).
	Podem ocorrer três fenômenos:
	TERRITORIALIDADE
	EXTRATERRITORIALIDADE
	INTRATERRITORIALIDADE
	Lei do Brasil
	Lei do Brasil
	Lei do estrangeiro
	Local Brasil
	Local estrangeiro
	Local Brasil (imunidade diplomática)
	
		O que é o território nacional? (limite de aplicação da lei). Não apenas o espaço físico, mas, também, um espaço jurídico por ficção/equiparação/extensão, previsto no art. 5º, § 1º, CP. Aeronave e navio público ou a serviço do Brasil onde quer que se encontre. Se for privada ou mercante somente se tiver em auto-mar (aplica-se a bandeira). 
	Embaixada não é extensão do território que representa. No entanto, ela é inviolável.
____________________________________________________________________________
	A contrario sensu, o Brasil obedece ao princípio da reciprocidade/simetria/paralelismo – art. 5º, § 2º, CP.
					LUGAR DO CRIME
	Onde o crime se considera praticado no Brasil? Art. 6º, CP (teoria da ubiquidade ou mista); mesmo quando o resultado deveria acontecer no Brasil, sendo indispensável que no Brasil tenha tido início a execução (tem que iniciar ou terminar no Brasil).
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
OBS.: Cogitação, planejamento, atos preparatórios no Brasil, não fazem o Brasil lugar do crime. O crime não se considera praticado no território brasileiro, é imprescindível o início da execução.
	De acordo com o CP o crime cometido dentro do território nacional, a bordo de navio que apenas passava pelo mar territorial brasileiro aplica-se a lei nacional, porque o crime tocou o nosso território. Hoje, porém, em casos tais, aplica-se a chamada passagem inocente, quando um navio passa no território nacional somente como passagem necessária para chegar ao seu destino não se aplica a lei brasileira. Há que se atentar que o navio nunca atracaria ao território nacional. A passagem inocente somente se refere a navio, a doutrina brasileira utiliza o instituto também para as aeronaves que aqui não pousariam.
	Art. 5º, § 2º - “Instituto da Passagem Inocente”: crime cometido dentro do território nacional, à bordo de avião que apenas sobrevoou o país, não aplica a lei penal brasileira, mas sim o instituto da passagem inocente (aplicado quando a aeronave passa pelo território nacional apenas como passagem necessária para chegar ao seu destino final).
	
Não confundir crime plurilocal com crime à distância. 
Crime à distância (espaço máximo): é quando um fato punível percorre territórios de dois ou mais Estados soberanos (conflito internacional de jurisdição que se resolve com o art. 6º, CP – teoria da ubiquidade). 
Crime plurilocal: quando um fato punível percorre pluralidade de locais de um mesmo Estado Soberano (conflito interno de competência). Para dirimir conflito de competência aplica-se o art. 70, do CPP (teoria do resultado) na lei dos juizados aplica-se a teoria da atividade.
Art. 70.  A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.
        § 1o  Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução.
        § 2o  Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado.
        § 3o  Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.
	Hipóteses de extraterritorialidade:
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 
        I - os crimes:
        a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; (princípio da defesa ou real)
        b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; (princípio da defesa ou real)
        c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; (princípio da defesa ou real)
        d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; (três correntes. A primeira diz que o Brasil adotou o Princípio da Justiça Universal, visto ser crime que o Brasil se comprometeu a reprimir; A segunda diz que é da defesa ou real quando for contra brasileiro; a terceira diz que é princípio da nacionalidade ativa (esta é a menos correta, visto que pode também ser pessoa domiciliada no Brasil). Prevalece a primeira.)
        II - os crimes:  
        a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; (princípio da justiça universal)
        b) praticados por brasileiro; (nacionalidade ativa)
        c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. (princípio da representação)
        § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. 
        § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: 
        a) entrar o agente no território nacional; 
        b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
        c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; 
        d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; 
        e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. 
        § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: 
        a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
        b) houve requisição do Ministro da Justiça. 
Art. 7º, § 3º: a primeira corrente diz que é princípio da nacionalidade passiva (FMB e LFG). Porém, não está correto, visto que necessita de ser concidadãos – vítima brasileira – princípio da defesa ou real (maioria).
	Se aderir LFG, o Brasil adota todos os princípios; mas pela maioria da doutrina o único não adotado é o princípio da nacionalidade passiva.
OBS: não existe extraterritorialidade em contravenção penal.
OBS: o art. 7º está dividido em 3 partes. No inciso I é a extraterritorialidade incondicionada (§ 1º). Já o inciso II e § 3º são extraterritorialidade condicionada.
	Quais são as condições cumulativas? Art. 7º, § 2º, CP.
	Alínea “a”: passar os limites da fronteira não precisa permanece, somente tocar. Território físico ou jurídico, essa condição é chamada de condição de procedibilidade, sendo sua natureza jurídica;
	Aliena “b”: natureza de condição objetiva de punibilidade, ou seja, sua ausência gera a absolvição;
	Alínea “c”: natureza de condição objetiva de punibilidade (a lei utilizou como parâmetro o Estatuto do Estrangeiro,qual seja, pena máxima superior a um ano);
	Alínea “d”: o Brasil respeita coisa julgada estrangeira. Condição objetiva de punibilidade.
	Para o § 3º, além dessas, ainda, existem mais duas condições, chamada de extraterritorialidade hipercondicionada, visto que além de obedecer os casos previstos no inciso II, também tem que observar os requisitos do § 3°.:
	Existe extraterritorialidade em lei especial? Lei de tortura (art. 2º da Lei nº. 9.455/97) – “o disposto nesta lei ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira, ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira”
	Art. 8º do CP atenua o “bis in idem”.
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.  (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
	Ex: condenado por 10 anos no estrangeiro e 15 no Brasil, cumpre só mais 05 anos aqui. Mas, se tiver pena privativa de liberdade com pena pecuniária fica a critério do juiz (decisão fundamentada).
	OBS.: O art. 8° do CP não evita o bis in idem, ele atenua o mesmo (Assis Toledo considera que evita, mas é posicionamento isolado). Há 02 processos, 02 condenações – atenua-se os efeitos deste bis in idem.
IMUNIDADES
	Fere o princípio da isonomia? Não, porque a imunidade não é pessoal, mas em razão do cargo ou função que a pessoa desempenha.
	
	PRIVILÉGIO
	PRERROGATIVA
	Exceção da lei comum deduzida da situação de superioridade das pessoas que a desfrutam 
	Conjunto de precauções que rodeiam a função e que servem para o exercício desta
	É subjetivo e anterior a lei
	Objetiva e deriva da lei
	Tem uma essência pessoal
	Anexa a qualidade do órgão 
	É poder frente a lei
	Conduto para que a lei se cumpra
	Aristocracia das ordens sociais
	Aristocracia das instituições governamentais
Não se fala em foro privilegiado, mas foro por prerrogativa de função.
	Existem duas grandes espécies de imunidades:
Diplomática: são imunidades de direito público de que gozam: 1) chefes de governo ou Estado estrangeiro, sua família e membros de sua comitiva; 2) embaixador e família; 3) funcionários do corpo diplomático e sua família; 4) funcionários das organizações internacionais (ONU) quando em serviço.
	A imunidade do diplomata o livra das consequências jurídicas previstas no preceito secundário da lei penal, ficando sujeito as consequências jurídicas de seu país de origem caso ele descumpra o preceito primário (conteúdo criminoso). Assim, o diplomata deve obediência à lei brasileira, visto que sofrerá as consequências de seu país.
	A imunidade não pode ser renunciada pelo diplomata, visto que a imunidade não é dele, mas do cargo, porém o país que ele representa poderá retirar esta imunidade.
	A imunidade não subtrai o diplomata da investigação, principalmente a investigação para materializar o delito.
	A esposa do embaixador tem imunidade, menos no seu próprio país.
Os diplomatas estrangeiros não podem ser detidos ou presos pelas autoridades do Estado onde se encontram.
	E, os agentes consulares, são imunes? São imunes só quanto aos crimes relacionados com a sua função, porque não representam, exercem apenas papel administrativo. 
Embaixador tem imunidade absoluta, para crime funcional ou comum, já o agente consular sua imunidade é relativa, somente para crimes funcionais. Tanto é assim que os cônsules não poderão ser detidos ou presos preventivamente, exceto em caso de crime grave e em decorrência de decisão de autoridade judiciária competente, fato que já ocorreu no Brasil, com a prisão do cônsul de Israel no Rio de Janeiro, em 2002.
	Esta imunidade tem natureza de uma causa pessoal de isenção de pena (para maioria). LFG entende a natureza jurídica da imunidade diplomática é causa impeditiva da punibilidade.
	Pode renunciar a imunidade? Não pode renunciar, mas seu país pode despi-lo da imunidade. E não pode renunciar porque as imunidades pertencem ao Estado e não ao funcionário.
	As embaixadas não são extensão do território que representam, mas são invioláveis, i.e, gozam de imunidade de jurisdição frente aos Estados onde se encontram.
	As imunidades diplomáticas fundamentam-se na teoria do interesse da função, ou seja, fundamentam-se na necessidade de garantir que os diplomatas exerçam as funções de defender os interesses dos Estados que representam sem coação de qualquer espécie. 
Parlamentar: imunidades parlamentares podem ser de duas espécies: imunidades absolutas ou relativas.
I- Imunidade Parlamentar ABSOLUTA, também chamada de imunidade material, substancial, real, inviolabilidade ou indenidade (Zaffaroni). Art. 53, caput CF.
Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)
        § 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)
        § 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)
        § 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)
        § 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)
        § 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)
        § 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)
        § 7º A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e ainda que em tempo de guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)
        § 8º As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)
	O STF ampliou o sentido do caput para abranger a imunidade civil, penal, administrativa e política, estas últimas não expressas na CF.
	Justificativas (existem 6 correntes sobre a natureza jurídica da indenidade);
Causa excludente de crime (Pontes de Miranda);
Causa que se opõe à formação do crime (Basileu Garcia);
Causa pessoal de exclusão de pena (Aníbal Bruno);
Causa de irresponsabilidade (Magalhães Noronha);
Causa de incapacidade pessoal penal por razões políticas (Frederico Marques);
Causa de atipicidade (Zaffaroni e LFG) – entendimento STF.
	O interesse prático é saber se esta imunidade se estende ao partícipe ou ao co-autor. Existem quatro teorias sobre a participação:
Teoria da acessoridade mínima: basta que o fato principal seja típico;
Teoria da acessoridade média ou limitada: basta que o fato principal seja típico + ilícito;
Teoria da acessoridade máxima: o fato principal tem que ser típico + ilícito + culpável;
Teoria da hiperacessoridade: o fato principal temque ser típico+ ilícito + culpável + punível.
	O Brasil adotou a média ou limitada (TÍPICO E ILÍCITO). Se for pelas que excluem a punibilidade o partícipe pode ser punido e se for causa de atipicidade, não é possível.
	O STF entende que é causa de atipicidade e o partícipe vai ser penalmente beneficiado.
	E a súmula 245 do STF? A maioria da doutrina restringe para a imunidade relativa e não absoluta. Nucci discorda.
SÚMULA 245, STF: A IMUNIDADE PARLAMENTAR NÃO SE ESTENDE AO CO-RÉU SEM ESSA PRERROGATIVA.
	A imunidade material tem limite? A imunidade material pressupõe nexo causal entre as afirmações e o exercício do cargo. 
	Como funciona a imunidade absoluta? O STF tem entendido que:
Ofensa proferida nas dependências da casa legislativa/recinto parlamentar: aqui o nexo funcional é presumido (relativa – o ofendido deve comprovar a inexistência de nexo).
Ofensa proferida fora das dependências da casa legislativa/recinto parlamentar: o nexo funcional não é presumido, ou seja, o parlamentar terá que comprovar o nexo.
Vejamos ex. recente da hipótese 2, em que o STF não reconheceu a imunidade de parlamentar federal em crime praticado fora do recinto parlamentar: (Inq. 2915/PA. Relator Min Luiz Fux. Julgamento 09/05/2013. Pleno)
Ementa: PENAL. INQUÉRITO. CRIME CONTRA A HONRA: CALÚNIA E DIFAMAÇÃO. DECLARAÇÕES PROFERIDAS EM PROGRAMA RADIOFÔNICO POR PARLAMENTAR FEDERAL. IMUNIDADE. INEXISTÊNCIA. QUEIXA-CRIME. RECEBIMENTO. 1. O crime de calúnia, para a sua configuração, reclama a imputação de fato específico, que seja criminoso, e a intenção de ofender à honra; enquanto para o delito de difamação pressupõe-se, para a concretização, a existência de ofensa à honra, objetivo do querelante. 2. In casu, em programa radiofônico, o parlamentar federal teria imputado ao querelante a prática do delito de ameaça de morte a repórter, fazendo-o de modo concreto, indicando o local, a data e o móvel da suposta conduta delituosa, bem como a imputação do crime previsto no artigo 28 da Lei nº 11.343/2006 – uso de drogas. (...) 5. Imunidade parlamentar. Inexistência, quando não se verificar liame entre o fato apontado como crime contra a honra e o exercício do mandato parlamentar pelo ofensor. Os atos praticados em local distinto do recinto do Parlamento escapam à proteção absoluta da imunidade, que abarca apenas manifestações que guardem pertinência, por um nexo de causalidade, com o desempenho das funções do mandato (Precedentes). (...)
II- IMUNIDADE RELATIVA ou imunidade formal:
 Quanto ao foro: art. 53, § 1° da CF. O STF é seu foro natural. Não alcança processos cíveis somente penais.
	Crime doloso contra a vida? Vai a Júri? Não, são julgados pelo STF.
	O foro especial só existe durante o mandato e alcança crimes praticados antes e depois da legislatura.
	Súmula 394, STF – foi CANCELADA (caráter pessoal).
Quanto à prisão: art. 53, § 2º, CF, regra geral, parlamentar não pode ser preso, salvo em flagrante delito de crime inafiançável (EXCEÇÃO). 
“Resolver quanto a prisão”: a decisão é política - conveniência e oportunidade - e não uma análise técnica, jurídica.
	- Prisão pena com trânsito em julgado? Pode prender? Pode, porque a prerrogativa somente alcança prisão cautelar, mas não a definitiva (STF). 
	- A imunidade abrange prisão civil.
OBS: A temática sobre a perda do mandado em decorrência da prisão foi recentemente discutida no STF, mas foge ao objeto deste ponto. V. Informativo 714, STF e decisão monocrática do Min. Barroso, em 02/09/2013, no MS 32.326/DF. Para pegar o assunto “mastigado: Inf. Esquematizado 714, www.dizerodireito.com.br. 
OBS: não confundir injúria qualificada (art. 140, § 3º, CP) com o racismo. Na injúria o agente atribui qualidade negativa (“xingamento”). E o racismo há segregação (apartaid social) é proibir alguém de realizar algo por sua cor, raça, etc. A injúria é afiançável e o racismo é inafiançável podendo prender, inclusive, o parlamentar. Ademais o racismo é imprescritível e é promovido por Ação Penal Pública Incondicionada.
	A doutrina tem chamado a injúria de racismo impróprio.
	Injúria qualificada – art. 140, § 3° do CP
	Racismo da Lei 7.716/89
	Atribui qualidade negativa fazendo referência a raça, cor, etnia, religião 
	Segrega a vítima do convívio social
	Ação Penal de iniciativa privada
	Ação Penal Pública
	Prescritível
	Imprescritível
	Afiançável 
	Inafiançável 
Quanto ao processo: art. 53, §§ 3º, 4º e 5º da CF.
        § 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)
        § 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)
        § 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)
	ANTES
	EC/35
	DEPOIS
	Abrangia qualquer crime praticado antes ou depois da diplomação.
	
	Abrange qualquer crime praticado após a diplomação.
	O STF necessita de autorização da casa legislativa respectiva para processar o parlamentar.
	
	O STF dispensa autorização para processar o parlamentar, mas a casa respectiva pode, no entanto, sustar o andamento do processo.
	Não autorizava, suspendia-se o processo e a prescrição.
	
	Sustado o andamento do processo, suspende a prescrição.
	A imunidade abrangeria crimes praticados antes ou depois da diplomação.
	
	A imunidade só alcança delitos praticados após a diplomação.
	A imunidade abrangeria crimes comuns ou funcionais.
	
	A imunidade abrange crimes comuns e funcionais.
	A imunidade permite suspender o processo, jamais a investigação – posição recente do Ministro Celso de Melo. 
	Essa EC/35 é irretroativa? Prevalece que esta EC é irretroativa, só alcançando os fatos a partir da sua vigência em diante (garantia). Uma segunda corrente diz que são normas processuais regidas pela norma “tempus regit acto”.
	Essa imunidade impede o parlamentar de ser investigado? É uma prerrogativa extraordinária que não alcança inquéritos policiais.
	A imunidade só alcança delitos e não atos de improbidade.
Quanto ao dever de testemunhar: art. 53, § 6º, CF (para não incorrer em falso testemunho). Mas é apenas restrito ao exercício do mandato.
	O parlamentar tem a prerrogativa do art. 221 do CPP? Só quando for testemunha, não se estendendo ao parlamentar indiciado ou processado.
Art. 221. O Presidente e o Vice-Presidente da República, os senadores e deputados federais, os ministros de Estado, os governadores de Estados e Territórios, os secretários de Estado, os prefeitos do Distrito Federal e dos Municípios, os deputados às Assembléias Legislativas Estaduais, os membros do Poder Judiciário, os ministros e juízes dos Tribunais de Contas da União, dos Estados, do Distrito Federal, bem como os do Tribunal Marítimo serão inquiridos em local, dia e hora previamente ajustados entre eles e o juiz.  (Redação dada pela Lei nº 3.653, de 4.11.1959)
§ 1o  O Presidente e o Vice-Presidente da República, os presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do Supremo Tribunal Federal poderão optar pela prestação de depoimento por escrito, caso em que as perguntas, formuladas pelas partes e deferidas pelo juiz, Ihes serão transmitidas por ofício. (Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
§ 2o  Os militares deverão ser requisitados à autoridade superior.   (Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
§ 3o  Aos funcionários públicos aplicar-se-á o disposto no art. 218, devendo, porém, a expedição do mandado ser imediatamente comunicada ao chefe da repartição em que servirem, com indicação do dia e da hora marcados.  (Incluídopela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
		Se o parlamentar se licenciar para exercer cargo no Executivo perde todas as imunidades absolutas e relativas, recebendo as do novo cargo se tiver. Decisão do Ministro Celso de Melo, recente, que diz que mantém, destoando do entendimento do STF. 
	A súmula 4, STF está CANCELADA. “Não perde a imunidade parlamentar o congressista nomeado Ministro de Estado”. Embora ocorra a perda da imunidade parlamentar, não perde a prerrogativa de foro, uma vez que permanece o vínculo que o une ao mandato legislativo, pois pode retomar o exercício. STF. Pleno. MS-MC 25579/DF. Rela. Min. Joaquim Barbosa. 24/08/2007.
	Deputado estadual tem as mesmas imunidades do Federal? Sim, art. 27, § 1º, CF (§ 1º - Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras desta Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas) (princípio da simetria). O foro especial do deputado estadual é o TJ para crimes não federais e TRF para crimes federais. 
	Para o deputado estadual a imunidade se estende ao Brasil todo? Súmula 3, STF (CANCELADA). “A imunidade concedida a deputados estaduais e restrita a justiça do estado.” Assim, a imunidade se estende a todo território nacional.
	Vereador tem imunidade? Em regra, vereador só tem imunidade material/absoluta (opinião, palavras e votos) e limitada ao limites territoriais do Município em que exerce a vereança. Em regra não tem imunidade relativa, salvo se revisto na CE que pode prever imunidade relativa quanto ao foro de julgamento.
Imunidade quanto ao foro X crime doloso contra a vida.
	Deputados e Senadores
	Tem imunidade absoluta e relativa.
	Julgados pelo STF, inclusive nos crimes dolosos contra a vida.
	Deputados estaduais
	Imunidade absoluta e relativa
	Julgados pelo TJ, inclusive nos crimes dolosos contra a vida.
	Vereadores
	Tem imunidade absoluta 
Obs.: foro especial depende da CE.
	Julgados pelo juiz ou TJ, mas nos crimes dolosos contra a vida são submetidos ao julgamento popular.
SÚMULA 721, STF: A COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL DO JURI PREVALECE SOBRE O FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO ESTABELECIDO EXCLUSIVAMENTE PELA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL.
Quanto ao Júri, sumula 721 do STF, diz que o Júri prevalece sobre o TJ estabelecido somente na CE. Quando a prerrogativa de foro é prevista pela própria CF, prevalece o TJ.
Regra geral (art. 53, §8º) as imunidades permanecem no estado de sítio no recinto; fora do recinto, pode ser suspenso nos moldes do artigo citado. 
	Um autor de crime que possui uma imunidade pode ser oposta frente ao Tribunal Penal Internacional? R.: Não. Art. 27 e 28 do Estatuto de Roma – irrelevância da qualidade oficial. 
CONDIÇÕES DE PUNIBILIDADE
Conceito:
	É o direito de punir do Estado.
	São substratos do crime: fato típico, ilicitude e culpabilidade
	Punibilidade não é substrato do crime, mas sua conseqüência jurídica.
	Esquema:
Crime
Fato Típico Ilícito Culpável
Punibilidade
Conceito: É um direito que tem o Estado de aplicar a pena cominada no preceito secundário da norma penal incriminadora, contra quem praticou a conduta descrita no preceito primário, causando lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. (Frederico marques).
	Não é, portanto, requisito do crime, mas sua consequência jurídica.
	O direito de punir encontra limites, ou seja, é condicionado. É, portanto, limitado. Quais são os limites? Limite temporal (prescrição), limite espacial (princípio da territorialidade – art. 5º CP), limitação modal (princípio da humanidade ou humanização da pena – proibição de pena cruel, desumana ou degradante).
Causas de extinção da punibilidade:
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:  (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - pela morte do agente (indiciado, réu, recorrente ou recorrido, reeducando);
II - pela anistia, graça ou indulto;
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada;
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;
VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.
	
	Este rol é meramente exemplificativo.
A) Causas extintivas da punibilidade:
1) CP (parte geral): art. 107;
2) CP (parte especial): art. 312, § 3º (§ 3º - No caso do parágrafo anterior (peculato culposo), a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.);
3) legislação especial: art. 76 e 89 (transação penal) da Lei nº. 9099/95, dentre outras; reparação do débito tributário;
4) CRFB: apesar de não prevalecer no STF, temos corrente lecionando que a imunidade parlamentar absoluta extingue a punibilidade (para o STF é causa de atipicidade – tipicidade conglobante – CUIDADO!);
5) Supralegal: súmula 554 do STF – pagamento do cheque sem fundo antes do recebimento da denúncia.
	Reparação dos danos nos crimes sem violência ou grave ameaça. Antes da lei 7.209/84 não havia dispositivo premiando o arrependimento posterior. Assim, no caso de estelionato na modalidade de cheque sem fundos o STF criou esta súmula como forma de política criminal. Depois da Lei 7.209/84 criou-se o dispositivo diminuindo a pena no caso de arrependimento posterior. Em tese, perdeu a razão de ser, mas o STF ratificou a Súmula 554, criando uma exceção ao art. 16 do CP. (Lembrar que a súmula prevê extinção da punibilidade e o art. 16 do CP, em sua nova redação, prevê diminuição de pena). 
OBS: cláusula de exclusão supralegal do fato típico: princípio da insignificância; da ilicitude: consentimento do ofendido; da culpabilidade: cláusula de consciência + desobediência civil + dificuldade financeira na apropriação indébita previdenciária. 
B) Análise das causas do art. 107:
1) morte do agente: o agente é o indiciado, réu, recorrente, recorrido e reeducando. Extingue o processo a qualquer tempo em razão do princípio da pessoalidade/personalidade da pena (art. 5º, XLV, da CF – nenhuma pena passará da pessoa do acusado).
	E elimina todos os efeitos penais de eventual condenação. Porém, os efeitos civis permanecem (a sentença continua servindo como título executivo judicial).
	É uma causa de extinção da punibilidade personalíssima e não se comunica aos co-autores ou partícipes.
	A morte do agente prova-se, nos termos do art. 62 do CPP, pela certidão de óbito (exceção ao princípio da liberdade de provas), é prova tarifária:
Art. 62.  No caso de morte do acusado, o juiz somente à vista da certidão de óbito, e depois de ouvido o Ministério Público, declarará extinta a punibilidade.
	No caso de morte presumida, a prova se dá por meio da sentença que reconhece a morte presumida, segundo a doutrina moderna (LFG). Porém, existem muitos doutrinadores contrários a esta idéia.
	Decisão embasada em certidão de óbito falsa, qual a consequência? A primeira corrente diz que considerando o trânsito em julgado; considerando ser proibida revisão criminal pro societate, só resta ao MP processar o falsário por falsidade documental. A segunda corrente (Mirabete) diz que a morte foi atestada numa certidão falsa, o fato era inexistente e esta certidão fundamentou a decisão, daí a decisão é inexistente, assim seus efeitos não sofrem qualidade de coisa julgada material. Conclusão: o MP deve reabrir o processo por latrocínio e inaugurar processo pelo crime de falsificação de documento. O STF adota a segunda corrente. 
	A morte do agente impede revisão criminal? Não impede, porque não extingue os efeitos civis, de forma que é possível a absolvição. 
	E reabilitação? Não existe reabilitação de morto.
	Morte da vítima extingue a punibilidade do agente? Quando for de ação penal privada personalíssima.Só existe um caso: é a ocultação (ocultar impedimento para casamento – art. 236 do CP).
2) anistia, graça e indulto: anistia, graça e indulto são todos espécies de renúncia estatal ao direito de punir.
	Pode haver qualquer um deles em crime de ação penal de iniciativa privada? É perfeitamente possível. Pois o Estado não transfere o direito de punir, mas a titularidade da ação penal.
	Anistia: espécies de renúncia estatal ao direito de punir. Trata-se de ato legislativo federal, ou seja, lei penal (e não decreto) devidamente discutida no Congresso sancionada pelo Executivo, através da qual o Estado, em razão de clemência política, social, etc. esquece um fato criminoso, apagando seus efeitos penais (seus efeitos civis permanecem). É a chamada lei penal anômala. 
	Diferença de anistia e abolitio criminis: 
	Anistia
	Esquece um fato preservando o tipo penal, trabalhando com casos concretos.
	Abolitio criminis
	É supressão do tipo penal, trabalhando com casos em abstrato.
	Classificação doutrinária de anistia: 
1) pode ser:
a) própria: quando concedida antes da condenação;
b) imprópria: quando concedida após da condenação;
2) pode ser:
a) irrestrita: quando não exige condição especial do destinatário
b) restrita: quando exige condição especial do destinatário, por exemplo, tem que ser primário;
3) pode ser;
a) incondicionada: quando a lei não impõe condição para a sua concessão;
b) condicionada: quando a lei impõe condição para a sua concessão, por exemplo, reparação do dano;
4) pode ser;
a) comum: quando a anistia incide sobre crime comum;
b) especial: quando se trata de crime político.
	Uma vez concedida, não pode a anistia ser revogada, porque a lei posterior revogadora prejudicaria os anistiados, violando o princípio de que a lei não pode retroagir para prejudicar o réu.
	Graça e indulto: benefícios que extinguem a punibilidade. Espécies de renuncia estatal ao direito de punir. São institutos extintivos da punibilidade concedidos ou delegados pelo Presidente da República, via decreto presidencial (art. 84, XII, CF), permanecendo todos os efeitos secundários de eventual condenação (extinguem apenas os efeitos executórios penais).
	A anistia pode ser concedida antes ou depois da condenação (própria e imprópria). A graça e o indulto pressupõem condenação definitiva, porém hoje, de acordo com doutrina moderna, encampada pela jurisprudência, pressupõe condenação ainda que provisória. Súmula 716 do STF (antes do trânsito em julgado – execução provisória pro-réu). Mas este trânsito em julgado é somente para o MP ou aguarda julgamento de recurso da acusação? Resolução 19 do CNJ – art. 1º - não importa se transitou para o MP ou não, é a partir da condenação, ainda que passível de recurso (execução provisória).
	Diferenças:
	
	Graça
	Indulto
	Benefício individual e depende de provocação do interessado.
	É um benefício coletivo e independe de provocação.
	Por serem tão parecidas, muito chamam a graça de indulto individual, que se diferencia do indulto coletivo.
	Classificações da doutrina:
1) podem ser:
a) plenos: quando extinguem totalmente a pena;
b) parciais: diminuem ou substituem a pena (comutação);
2) podem ser:
a) incondicionados: quando não impõem condições;
b) condicionados: quando impõem condições, por exemplo, reparação do dano, primariedade do agente, etc.;
	Art. 5º, XLIII, da CF: 
	São insuscetíveis de anistia e graça. A lei de crimes hediondos, no art. 2º, incluiu o indulto. É constitucional ou não? A primeira corrente diz que este acréscimo é inconstitucional, pois a CF traz vedações máximas, ou seja, taxativas. (LFG, Alberto Silva Franco). A segunda corrente diz que é constitucional trazendo a CF vedações mínimas (pois a lei definirá), pois para eles graça inclui indulto. Esta corrente é adotada pelo STF.
	A lei 9455/97, que trata da tortura, disse que a tortura não é suscetível de anistia e de graça, não vedando o indulto (art. 1º, § 6º da lei). Uma primeira corrente diz que estaria revogado implicitamente a proibição da lei de hediondos, por ferir o princípio da isonomia. Uma segunda corrente diz que não revogou, porque se trata de lei especial (princípio da especialidade). O STF adotou a segunda corrente.
	A lei de drogas, no art. 44 diz que os crimes por ela previstos são insuscetíveis de anistia, graça e indulto.
	É possível graça e indulto para medida de segurança? Tem doutrina que admite, LFG diz que embora incomum seria possível, em especial o parcial. Mas não é o que prevalece, pois isso compete ao órgão técnico.
3) retratação do agente quando a lei permite: retratar-se não significa, simplesmente negar ou confessar o fato. É mais: é retirar totalmente o que disse. Em síntese, trazer a verdade a tona. São hipóteses taxativas previstas em lei. São quatro: calúnia, difamação (ambas no art. 143 do CP), falso testemunho e falsa perícia.
OBS: a lei de imprensa prevê a retratação na calúnia, na difamação e na injúria. Mas esta lei foi considerada não recepcionada pela CF na ADPF 130.
	Assim, hoje, as hipóteses de retratação encontram-se apenas no CP.
	A retratação prescinde ou imprescinde de concordância do ofendido? Ela dispensa a concordância da vítima, é, portanto, um ato unilateral.
	Até quando pode se retratar? Até a sentença de primeiro grau. Em grau de recurso não extingue a punibilidade (art. 143 e 342, § 2º, do CP). 
	É causa objetiva ou subjetiva da extinção da punibilidade? Isto é, a retratação se comunica aos partícipes? No art. 143 não é, porque fala que o querelado fica isento de pena, é uma circunstância subjetiva e, portanto, incomunicável. No art. 342, § 2º é comunicável, porque se trata de uma circunstância objetiva.
4) perdão judicial: é um instituto pelo qual o juiz, não obstante a prática de um fato típico e ilícito por uma agente comprovadamente culpado, deixa de lhe aplicar a pena, nas hipóteses taxativamente previstas em lei, levando em consideração determinadas circunstâncias que concorrem para o evento. Em tais casos, o Estado perde o interesse de punir. 
	É ato unilateral, diferentemente do que ocorre com o perdão do ofendido, dispensando a concordância do perdoado.
	Preenchidos os requisitos, trata-se de verdadeiro direito subjetivo do réu e não faculdade do juiz. 
	Qual a natureza jurídica da sentença concessiva do perdão judicial? Duas correntes: 1ª é condenatória. E, uma 2ª corrente diz que é declaratória extintiva da punibilidade. Se for pela primeira, interrompe a prescrição. Se for pela segunda, não interrompe a prescrição. Se for pela primeira, serve como título executivo. Se for pela segunda, não serve como título executivo. Capez ainda diz que se for pela primeira, ela deve aguardar o devido processo legal; mas se for pela segunda, ela cabe em qualquer lugar, ainda na fase de apreciação de inquérito policial. Porém, Capez está equivocado, porque pressupõe culpa e precisa de devido processo legal. Prevalece a segunda corrente, sumula 18 do STJ. Mas, esta súmula é contra legem, pois a sentença e condenatória (art. 120 do CP). Na primeira fase, fica com a súmula. Na segunda cita as duas.
5) prescrição: é a perda em face do decurso de tempo do direito do Estado punir ou executar a punição já imposta. É a perda da pretensão punitiva ou da pretensão executória em razão do curso de tempo.
	Por mais grave que seja um crime ele deve prescrever. Porém, existem dois casos de imprescritibilidade (art. 5º, XLII e XLIV, da CF): racismo e grupos armados contra o Estado Democrático. 
	O legislador ordinário não pode ampliar este rol, nem mesmo emenda constitucional, porque seria ampliar o poder punitivo estatal.
a) prescrição da pretensão punitiva: ocorre antes do trânsito em julgado da condenação. Extingue todos os efeitos de eventual condenação (provisória). Tem quatro subespécies:
1ª) prescrição da pretensão punitiva em abstrato: prevista no art. 109 do CP. Trabalha com pena máxima em abstrato (teoria da pior das hipóteses). 
	Para encontrar a pena máxima em abstrato,consideram-se as causas de aumento e diminuição de pena? SIM, se a causa de aumento for variável (ex: 1 a 2/3) deve-se aplicar a que mais aumente. Se for causa de diminuição de pena variável, considera-se a que menos diminui (teoria da pior das hipóteses). 
Cleber Masson ensina que se estiverem presentes, simultaneamente, causas de aumento e de diminuição da pena, ambas em quantidades variáveis, o magistrado deve calcular a prescrição da pretensão punitiva propriamente dita com base na pena máxima cominada ao delito, acrescida da causa que mais aumenta, subtraindo, em seguida, o percentual da causa que menos diminui. 
Não se considera aumento oriundo de concurso de crimes (art. 119 do CP), cada crime prescreve isoladamente. 
	Para saber qual a pena máxima em abstrato, considera-se agravantes e atenuantes de pena? NÃO são consideradas, pois não tem o quantum definido em lei. Porém, é importante lembrar que a menoridade e a senilidade reduzem o prazo prescricional pela metade (art. 115 do CP).
	Se reconhecida esta espécie de prescrição, quais as suas consequências? 
Desaparece para o Estado o seu direito de punir, inviabilizando qualquer análise do mérito. De acordo com o art. 397, IV, do CPP, permite-se o julgamento antecipado da lide (absolvição sumária);
Eventual sentença condenatória provisória é rescindida, não se operando qualquer efeito;
O acusado não será responsabilizado pelas custas processuais;
Terá direito a restituição integral da fiança, se houver pago.
Termo inicial: art. 111 do CP:
Regra geral: começa a correr do dia em que o crime se consumou (prazo penal, ou seja, computa-se o primeiro dia). É o inciso I. 
Exceções: No caso de tentativa, do último ato executório (inciso II). Nos crimes permanentes do dia em que cessou a permanência (extorsão mediante sequestro, ainda que o resgate tenha sido pago, se a vítima não for libertada) (inciso III). Na falsificação de assento de registro, da data em que ficou conhecida (inciso IV).
	E crime habitual? Ex: casa de prostituição. O STF equiparou ao crime permanente (art. 111, III). Enquanto não cessado os atos, o prazo não corre. O Min. Marco Aurélio alegou que é uma analogia in malam parte, porém ficou vencido.
	Hipóteses de interrupção: art. 117 do CP, os incisos I a IV interrompem a prescrição punitiva e os incisos V e VI interrompem a prescrição executória. Da combinação do art. 117 com o art. 111 surgem as balizas prescricionais (___ abstrata - ___ em concreto), as quais são analisadas da seguinte forma:
Procedimento diverso do Júri: 
Fatos______________Recebimento Denúncia_________________Publicação da Sentença condenatória_________________trânsito em julgado
Procedimento do Júri:
Fatos___RD___Pronúncia___confirmação da pronúncia__condenação pelos Jurados__trânsito em julgado
	Súmula 191 do STJ:
Ex: furto:
Fatos_______8a_______RD_______8a_______PBL da Sentença condenatória_____8a_____trânsito em julgado
	Art. 61 do CPP:
	O juiz pode declarar a prescrição de ofício sem ser provocado.
	Ato infracional prescreve? 
	Primeira corrente, não havendo pretensão de punição, mas pretensão de educação, não prescreve. A segunda corrente, com fundamento no princípio da isonomia, se crime prescreve ato infracional também prescreve.
	O STJ sumulou a segunda corrente – súmula 338: prescrição penal é aplicável nas medidas sócio-educativas.
2ª) prescrição superveniente: art. 109 e 110, § 1º do CP. Antes da sentença recorrível, não se sabe qual a quantidade ou tipo da pena a ser fixada pelo juiz, razão pela qual o lapso prescricional regula-se pela pena máxima prevista em lei. 
	Contudo, fixada a pena, ainda que provisoriamente, transitando esta em julgado para a acusação, não mais existe razão para se levar em conta a pena máxima em abstrato, já que a pena aplicada (provisória) passou a ser a pena máxima para o caso concreto.
	Características:
Pressupõe sentença penal condenatória;
Os prazos são os mesmos do art. 109 do CP;
Conta-se a prescrição da publicação da sentença condenatória, até a data do trânsito julgado final (para ambas as partes);
Trânsito em julgado para a acusação ou seu recurso improvido;
As consequências são as mesmas já vistas acima, por ser espécie do gênero prescrição da pretensão punitiva em abstrato.
	Ex: furto: PPPA (8 anos) – condenação em 1 ano. Se MP recorre continua em abstrato. Se o MP não recorre, a prescrição é calculada a partir da pena aplicada em concreto, prescrevendo em 4 anos, isto é, o Tribunal tem 4 anos para julgar o recurso da defesa.
	Importante parcela da doutrina ensina que eventual recurso da acusação só evita a prescrição superveniente se, buscando o aumento da pena, for provido e a pena aumentada pelo Tribunal.
	O juiz de primeiro grau pode reconhecer a prescrição superveniente? Primeira corrente diz que não pode, porque com a sentença esgota-se a sua jurisdição (Capez). Segunda corrente diz que sendo matéria de ordem pública, o juiz pode reconhecer a qualquer tempo. Esta segunda é a que prevalece e é adotada pelo LFG.
3ª) prescrição retroativa: diante da aplicação da pena em concreto e do trânsito em julgado para a acusação, conta-se para trás para ver se o Estado exerceu o jus puniendi no tempo devido. Art. 109 e 110, § 2º do CP (este último parágrafo foi revogado pela Lei 12.234/2010):
Ex: furto – 1 a 4 anos
Fatos__8a__RD___8a__ Pbl sent...............................
 __5a_ ___2a__
 4a 4a 1a
	A prescrição da pretensão punitiva retroativa tem o mesmo fundamento, as mesmas características e idênticas consequências da prescrição superveniente, mas tem por termo inicial data anterior a sentença condenatória recorrível.
Veja que, com as alterações da Lei 12.234/2010: só não é possível agora (na prescrição retroativa) contar o tempo entre a data do fato e o recebimento da denúncia ou queixa. Em contrapartida, é possível ocorrer a prescrição entre o recebimento da denúncia ou queixa e a publicação da sentença. Em outras palavras: não é possível contar (para a prescrição retroativa ou virtual) o prazo pré-processual (ou extra-processual). Só é possível contabilizar o prazo processual (a partir do recebimento da peça acusatória). No exemplo acima, portanto, não se poderia reconhecer a prescrição pq só houve mais de quatro anos entre o fato e o recebimento da denúncia e o §1º do art. 110 veda que se tenha “por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa”. 
O TRF 5 decidiu, acerca da prescrição retroativa depois da alteração legislativa, que: “As disposições da Lei nº 12.234/2010, que vedou a possibilidade de se aferir a prescrição retroativa observando-se como termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa, não se aplicam ao caso dos autos. Por se tratar de nova lei que constitui novatio legis in pejus, não pode ser aplicada aos delitos praticados antes de maio de 2010 e, nestes casos, continua sendo aplicada a prescrição retroativa ocorrida entre a data do fato criminoso e o recebimento da denúncia.” A íntegra da ementa segue abaixo:
ACÓRDÃO - ACR8995/CE (07/06/2012)
Diário da Justiça Eletrônico TRF5 (DJE) - 07/06/2012 - Página 213
PENAL E PROCESSUAL PENAL. DELITO TIPIFICADO NA LEI DE LICITAÇÕES. SENTENÇA CONDENATÓRIA TRANSITADA EM JULGADO PARA A ACUSAÇÃO. ART. 110 DO CÓDIGO PENAL. DECURSO DO PRAZO PARA O EXERCÍCIO DA PRETENSÃO PUNITIVA ESTATAL. CONSUMAÇÃO DA PRESCRIÇÃO RETROATIVA. RECONHECIMENTO. LEI Nº 12.234/2010. INAPLICABILIDADE DA NOVATIO LEGIS IN PEJUS. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. ART. 107, IV DO CP. APELAÇÃO PROVIDA.
1. Apelação criminal interposta contra sentença que acolheu a denúncia e condenou o apelante como incurso nas sanções do art. 89, caput, da Lei nº 8.666/93.
2. O trânsito em julgado da sentença condenatória para a acusação, atrai o disposto no art. 110, caput e parágrafo 1º do Código Penal, segundo o qual, depois de transitada em julgado a sentença condenatória, a prescrição regula-se pela pena aplicada e deve observar os prazos fixados no art. 109 do mesmoEstatuto.
3. Considerando-se que a pena aplicada ao apelante foi de 3 (três) anos, em tais casos a prescrição para o exercício da pretensão punitiva por parte do Estado se verifica em 8 (oito), a teor do no art. 109, IV, do Código Penal.
4. O art. 110 do Código de Processo Penal, vigente à época do fato típico, permitia que se aplicasse a retroação da prescrição da pena concreta até data anterior ao recebimento da denúncia, o que se aplica ao caso dos autos.
5. Os fatos delituosos imputados ao apelante ocorreram no exercício financeiro de 1998, enquanto a denúncia foi recebida somente em 16.10.2008, quando já havia decorrido cerca de 10 (dez) anos do ato ilícito que embasou o oferecimento da denúncia. Esse lapso temporal excede o prazo legal de 8 (oito) anos (art. 109, IV do CP) e impõe o reconhecimento da consumação da prescrição da pretensão punitiva estatal.
6. As disposições da Lei nº 12.234/2010, que vedou a possibilidade de se aferir a prescrição retroativa observando-se como termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa, não se aplicam ao caso dos autos. Por se tratar de nova lei que constitui novatio legis in pejus, não pode ser aplicada aos delitos praticados antes de maio de 2010 e, nestes casos, continua sendo aplicada a prescrição retroativa ocorrida entre a data do fato criminoso e o recebimento da denúncia.
7. A pena de multa prescreve no mesmo prazo da pena privativa de liberdade, quando for aplicada alternativamente ou cumulativa, conforme dispõe o art. 114, II, do Código Penal.
8. Reconhecimento da ocorrência da prescrição da pretensão punitiva estatal, com a consequente extinção da punibilidade do recorrente, nos termos do artigo 107, IV do Código Penal.
9. Apelação criminal provida
 
4ª) prescrição da pretensão punitiva em perspectiva ou por prognose ou antecipada ou virtual: é criação da jurisprudência, que o STF não adota.
	A prescrição da pretensão punitiva em perspectiva, de criação jurisprudencial, analisando as circunstâncias do fato, bem como as condições pessoais do agente, antevê a ocorrência da prescrição da pretensão punitiva retroativa, concluindo pela falta de interesse de agir.
O STF, em julgamento de RE, com repercussão geral reconhecida, inadmitiu a possibilidade desta prescrição por ausência de previsão legal. No mesmo sentido decidiu o TRF 5: “Acrescente-se à controvérsia, o fato de a Súmula nº 438, editada pelo Superior Tribunal de Justiça - STJ, afastar de vez renhida problemática acerca da possibilidade, doravante vedada, do reconhecimento de evento prescricional antes mesmo de eventual prolação de sentença, ou seja, do que se chamava "prescrição em perspectiva", "prescrição virtual" ou "prescrição antecipada", que, na verdade, nunca foi contemplada pela legislação de regência.” (JULGADO DE RELATORIA DO EXAMINADOR MARCELO NAVARRO)
Ex: furto – 1 a 4 anos
Fatos__8a__RD___8a__..............................
1990 __9a_1999 
 
Indiciado é primário + bons antecedentes;
Não incidem causas especiais de aumento de pena;
Não há agravantes.
b) prescrição da pretensão executória: ocorre depois do trânsito em julgado da condenação. Subsistem todos os efeitos secundários da condenação. Em resumo, só impede o cumprimento da pena. Prevista no art. 110, caput do CP.
	Características:
Considera-se a pena em concreto;
pressupõe trânsito em julgado final;
os prazos são do art. 109 do CP.
	Reconhecida esta espécie de prescrição, são consequências: extingue-se somente a pena aplicada, sem, contudo, rescindir a sentença condenatória (que produz efeitos penais e extrapenais).
Ex:
Fatos ___PPPA___ RD ___PPPA___ Publ. Sent. ___PPPA___ transito julgado definitivo ___PPPE
 
 Trans julg. MP
 (não recorreu/recurso desprovido)
 Retroativa superveniente
	A prescrição da pretensão executória pode ser interrompida (art. 117 do CP - não considera o tempo pretérito e dá novo lapso).
Ex: furto – 1 a 4 anos 1a
Fatos (1/1/90) _8a_ RD (10/5/93) __8ª__ Pbl (18/3/95) __ trans. Definitivo (10/6/98) ___PPPE
 (9/5/95) preso: 2/6/98
 Trans julg. MP 
 (não recorreu/recurso desprovido) fuga:2meses
 Retroativa superveniente
 Não ultrapassou 4 anos Não ultrapassou 4a
	Art. 113 do CP: a prescrição é regulada pelo tempo que resta da pena.
	Art. 115 do CP: reduz pela metade os prazos aos menores de 21 a e aos maiores de 70 a.
Note-se para o art. 115: 
1) que é o tempo da conduta e não do resultado;
2) não foi abolida pelo novo CC – idade biológica e não da capacidade civil;
3) pouco importa a idade que se tinha no momento do crime para o maior de 70 anos;
4) mais de 70 anos até a primeira condenação (posição do STF);
5) não abrange todo idoso, nem o Estatuto do Idoso admite abrangê-los.
	Art. 116 do CP (causas suspensivas – não desconsideram o tempo pretérito):
	Os incisos trabalham a suspensão da pretensão punitiva e o § ú com a pretensão executória.
	O inciso I trata das questões prejudiciais do art. 92 do CPP (ex: bigamia, primeiro casamento está sendo questionado, suspende a prescrição e aguarda a decisão civil). Estão abrangidas as questões prejudiciais obrigatórias e facultativas, nesta última, desde que o juiz resolva acatá-las. 
	O inciso II é uma proteção a nossa soberania.
	Há outras causas suspensivas? SIM, no art. 53, § 5º, da CF; art. 366 do CPP (o STF decidiu recentemente que é até o acusado ser localizado, contrariando doutrina e jurisprudência); art. 89, § 6º, da Lei nº 9099/95. 
	É um rol exemplificativo.
	Art. 114 do CP trata da pena de multa:
Prescrição da multa
Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá: 
I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada; 
II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada.
	Divide-se:
A) Prescrição da pretensão punitiva da multa:
Se a multa for a única cominada, isto é, crime X com pena multa prescreve em 2 anos;
Se a multa for cumulativamente cominada, isto é, crime X com pena privativa de liberdade e multa prescreve junto com a privativa de liberdade;
Se a pena de multa for alternativamente cominada, por exemplo, crime X com pena privativa de liberdade ou multa também prescreve junto com a privativa de liberdade.
B) Prescrição da pretensão executória da multa:
Se ela é a única aplica prescreve em 2 anos;
Se for cumulativamente aplicada prescreve junto com a privativa de liberdade.
	As causas suspensivas e interruptivas de prescrição são da Lei de Execução Fiscal, e não do CP. Com o advento da Lei 9268/96, mas causas suspensivas e interruptivas são aquelas previstas na LEF.
OBS: Porque que existe prescrição? O fundamento básico da prescrição pode assim ser resumido: o tempo faz desaparecer o interesse social de punir.
Parênteses:
Medida de segurança prescreve? Sim. Qual é o prazo?
Prescrição punitiva: a prescrição em abstrato se dá com base na pena máxima em abstrato. E se o juiz aplicou medida de segurança em um caso concreto (ex.: 1 ano – mín.)? A doutrina diz que deverá ser considerado o prazo mínimo de internação (1 ano). O mesmo se aplica para a pretensão executória. É o que prevalece, apesar do tema não ser pacífico.
 
publicação
 da sentença: medida de segurança de 1

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