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Relacionamento Interpessoal na Psicologia Judiciária

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HUMANÍSTICA - Psicologia Judiciária: Psicologia e comunicação: relacionamento interpessoal, relacionamento do magistrado com a sociedade e a mídia. Problemas atuais da psicologia com reflexos no direito: assédio moral e assédio sexual
PSICOLOGIA JUDICIÁRIA
Psicologia e Comunicação: relacionamento interpessoal, relacionamento do magistrado com a sociedade e a mídia.
Relacionamento Interpessoal 
O sujeito pós-moderno e a hipermodernidade
O que era moderno ganhou velocidade urgente e intensa. As estruturas sociais, anteriormente sólidas, esvaíram-se produzindo o “império do efêmero”.
Diante da queda dos ideais dogmáticos que, aparentemente, asseguravam o cumprimento dos valores éticos, resta ao juiz reinventar-se, inovando e criando novas soluções.
Uma distinção psicológica importante:
Estado-juiz = aquele que representa a função do Estado.
Sujeito-juiz = representante de si mesmo, de sua própria história.
A Importância do relacionamento interpessoal é clara: reside na escuta ativa bilateral, que permite um contorno da expectativa social sem limites para a solução do conflito (lide sociológica).
Escuta passiva versus escuta ativa.
Relacionamento interpessoal
“relacionamento”: ato ou efeito de relacionar-se.
“interpessoal”: relativo a ou que envolve relação entre duas ou mais pessoas.
Atração Interpessoal – [“atração”: sentimento de interesse que um indivíduo experimenta em relação a outro]. Na atração interpessoal, estão envolvidas características ambientais e dos indivíduos que desempenham determinados papéis.
A) ambiente: Um dos determinantes mais óbvios da atração interpessoal é a simples proximidade física. Ela é importante, porque leva à familiaridade. Embora sejamos neutros em relação às pessoas nos primeiros contatos, há uma tendência de gostarmos delas na medida em que esses contatos se tornam mais frequentes. Ficamos menos apreensivos, menos desconfortáveis, ao sentir que conhecemos mais de perto essas pessoas.
B)atitudes semelhantes: As pessoas tendem a gostar mais daqueles que percebem como semelhantes a si mesmas, do que daqueles que são diferentes. Existe uma relação direta e forte entre a proporção de opiniões e atitudes partilhadas por duas pessoas e o quanto elas se gostam. Isto é verdade para crianças, alunos de faculdades, trabalhadores adultos e cidadãos de meia idade. Uma das razões desse fato é que as pessoas que compartilham as mesmas opiniões confirmam ou validam a visão de mundo do outro.
Competência interpessoal - Antigamente, era comum o “gênio genioso”. Alguém que fazia coisas importantes sozinho, como Newton, Santos Dumont, por exemplo. Hoje todo trabalho é feito em equipe, em todas as profissões. Além da competência técnica, é crucial ter competência interpessoal. Esse tipo de competência, geralmente, é reconhecido pela tradição. Segundo Chris Argyris (1968), competência interpessoal é a habilidade de lidar eficazmente com relações de acordo com três critérios:
(Percepção acurada da situação interpessoal, de suas variáveis relevantes e respectiva inter-relação.
(Habilidade de resolver realmente os problemas, de tal modo que não haja regressões.
(Soluções alcançadas de tal forma que as pessoas envolvidas continuem trabalhando juntas tão eficientemente, pelo menos, como quando começaram a resolver seus problemas.
Fatores limitantes do bom relacionamento interpessoal
1 - Preconceitos
2 – Falta de sabedoria
Conhecimento x sabedoria: Conhecimento: tudo aquilo que fazemos com as informações, com aquilo que criamos; Sabedoria: conhecimento aplicado à qualidade de vida das pessoas. Criamos.
Convencer X Persuadir: Convencer “Vencer” com o outro, no campo das idéias, falando à razão; Persuadir – conseguir que o outro faça aquilo que desejamos, falando às emoções das pessoas.
Os relacionamentos interpessoais e o papel do magistrado
Dentro do seio social, no qual os relacionamentos interpessoais são constantes e inevitáveis, o magistrado necessita ser um sociólogo, um perscrutador anatomista do meio, um observador atento.
O juiz não pode ser uma ilha isolada do universo – pelo contrário, deve interagir com o mundo, em benefício do próprio amadurecimento. Neste ponto, surge um de seus grandes desafios: a conservação de sua independência, de forma que seja-lhe possível proferir o juízo que tiver a respeito dos casos que lhe forem submetidos, sem interferência de qualquer natureza, sejam elas internas, consequentes de seus próprios impulsos e paixões ou de temor ao poder de quem quer que seja, acerca dos quais deverá fazer a necessária abstração, até para que mantenha a imparcialidade que lhe é exigida. 
Não se pretende, com isso, afastar o juiz das aspirações ou convicções próprias e filosfias que possua, mas que tenha a consciência de que sua função não o transveste de características divinas e, que, na aplicação do Direito, terá que ponderar acerca das aspirações, convicções e filosofias do seu tempo. Assim, deve o juiz da atualidade buscar o Direito na realidade, assumindo o papel de um intérprete que se importa em compreender a lei na plenitude de seus fins sociais, atento aos acontecimentos de sua época. Não se deve esquecer que a lei é morta, o magistrado é vivo – nisto está a grande vantagem dele sobre ela.
RELACIONAMENTO DO MAGISTRADO COM A SOCIEDADE
JUIZ E A SOCIEDADE
SOCIEDADE 1. agrupamento de seres que convivem em estado gregário e em colaboração mútua; 2. conjunto de pessoas que vivem em certa faixa de tempo e de espaço, seguindo normas comuns, e que são unidas pelo sentimento de grupo; corpo social, coletividade.
Valores:
(Valores ligados ao útil: Dinheiro, um carro, um emprego.
(Valores ligados ao sensível: Torcer por um clube de futebol, fazer turismo, comidas sofisticadas, jóias.
(Valores abstratos: Justiça, honestidade, ser politicamente correto.
Valores são culturais.
RELAÇÃO DO MAGISTRADO COM A SOCIEDADE / POVO
Interação do profissional juiz com as figuras da sociedade, incluindo-se aí os advogados os membros do MP, os depoentes, a sua visão dos litigantes e das partes. 
O juiz tem duas funções, uma política e outra social. O juiz, enquanto político, é um membro do poder de Estado, e por ser legitimado nesta função, ele aplica a lei, e a interpreta. Enquanto função social, apresenta sua face como cidadão - o juiz é cidadão qundo é capaz de se influenciar pelas ações da sociedade do qual ele também faz parte, bem como ter a consciência de que suas decisões judiciais irão afetar e influenciar diretamente essa mesma sociedade. 
O juiz estaria entre o contexto da sua vida privada e a coletiva, ou seja, ele está para ambas, tendo um componente chamado representação social na forma coletiva.
A representação social é um modo pelo qual os indivíduos que compõem a sociedade identificam os personagens, qualificam as pessoas através de impressões pessoais adquiridas pela experiência e pela convivência em sociedade. A representação social que o indivíduo tem do que seja um juiz, um médico, a representação social do que seja uma pessoa ao que seja um professor, aos que seja o sistema judiciário. A representação social é um meio pelo qual os membros da sociedade irão discriminar, reconhecer os demais papéis e funções existentes, e também relacionar sentimentos, emoções, tensões. 
Quando um magistrado perde o contato com a sociedade, truncando, bloqueando esta comunicação, ele deixa de ter uma atitude consciente e de fazer leituras próprias e adequadas à vida dos cidadãos, ao entendimento do fato, a uma melhor compreensão inclusive da linguagem do cidadão simples. O magistrado intocável, hermético, fechado, não corresponde à visão contemporânea de um judiciário democrático. O cuidado com os processos inconscientes presentes na sua análise, na sua reflexão, servir-lhe-á de alerta no sentido de propiciar e permitir uma maior aproximação da cultura dos cidadãos. A presença das contradições entre o que o judiciário espera domagistrado enquanto função política, e o que a sociedade espera da sua função social resultam em conflitos relacionados à sua postura e ao seu posicionamento.
Caráter político da magistratura: a sociedade, amparada pela Constituição, foi quem conferiu poderes ao juiz. A sociedade é quem remunera o juiz, e é ela, amparada pela Carta Magna, quem oferece, ao mesmo tempo, os conflitos que o magistrado precisa decidir e os meios/recursos para tanto. A sociedade legitima o juiz na sua função de proferir decisões judiciais, portanto, o entendimento da frase “a justiça é para todos” diz respeito a toda a reforma do Estado e do Judiciário no sentido de poder trazer, para cada vez mais perto, esse entendimento.
			Sociedade / Constituição
	Remunera			legitima		meios e recursos
				Juiz
				Decisões judiciais
				sociedade
A modernização do Judiciário se refere a aliar a teoria com a prática, onde inclusive o conhecimento do magistrado (seu patrimônio intelectual), que é o acervo que ele vai gerenciar/administrar, seja aplicado de forma que suas decisões sigam um ordenamento jurídico capaz de refletir na sociedade em que vive. É uma característica de retroalimentação da sociedade perante si mesma, por isso o entendimento prático de que a justiça é para todos, contrapondo-se ao modelo tradicional, tempo em que a justiça atendia à aristocracia, aos privilégios de um menor grupo da sociedade. 
A figura do magistrado como gestor do seu conhecimento traz o desafio na sociedade contemporânea de transformar suas decisões em ações que possam ser refletidas na sociedade de forma verdadeira, onde se alia a teoria e a prática, criando-se recursos democráticos, fato que se reflete na democratização do próprio Poder Judiciário. 
A adequação da linguagem é um dos maiores impedimentos e barreiras no favorecimento de uma comunicação pautada em atender as reais necessidades das pessoas.
Outras barreiras – estresse, nível de tensão alto, acúmulo de trabalho, não ter uma escuta paciente (ouvir de forma minuciosa o relato do depoente), o apego ao legalismo formal, o apego a uma visão pessoal da carreira, que o transformaria num ser diferente, especial - todas estas são barreiras precisam ser rompidas e vencidas para que haja a reforma do pensamento do magistrado, de forma a favorecer sua interação no seio social. 
Conceito de POVO – do Livro de Dalmo Dalari – de François Rigaux – o povo é uma realidade coletiva – evoca-se a pertinência de uma coleção de indivíduos a um grupo e cada um destes grupos apresenta sinais e características não individuais que exercem o papel de matriz sócio-cultural para a socialização da pessoa. Afirma Rigaux que não existe a possibilidade de se imaginar uma pessoa que não tenha pertencido e não pertença a um povo.
Neste conceito de Rigaux há uma relevância do sentimento de pertencimento, que é uma necessidade atávica ou própria da essência do indivíduo em associar-se, fazer parte, incluir-se.
RELACIONAMENTO DO MAGISTRADO COM A MÍDIA
O papel da mídia atual é lidar com os fatos de modo instantâneo (exemplo: Jornal Nacional, revista Veja). Precisando dar significado às notícias “quentes” do dia, a mídia não tem um olhar benevolente para o Judiciário. Chama-o de moroso, confundindo morosidade com abuso.
O Judiciário funciona dentro de outra lógica: a lógica do processo judicial — em que é preciso amadurecer a verdade do processo —o tempo do processo — sem ser muito lento nem muito rápido, sob o crivo do contraditório, dos direitos fundamentais das partes do processo (defesa dos sujeitos processuais, elaboração de provas) e do princípio da dignidade humana, em que há a presunção da inocência até a prova do contrário.
A mídia, no que se refere à Justiça e seu funcionamento, dá particular destaque aos problemas e escândalos (exemplo: corrupção de juízes) e nunca noticia o cotidiano normal do sistema jurídico, o que contribui para a formação de uma opinião estereotipada e sensacionalista.
Portanto, se de um lado a aproximação entre os meios de comunicação e o Judiciário contribui para uma maior transparância desse Poder e para a fiscalização da gestão pública, por outro, verifica-se que a visão das partes negativas tem, infelizmente, prevalecido sobre o todo. Essa deturpação, no entanto, é em grande parte causada pela própria postura do Poder Judiciário, o qual, historicamente, tendeu ao isolamento, à pouca comunicação, ou comunicação equivocada, além de não se preparar para lidar com a imprensa e com o natural interesse público pelas questões judiciais.
Atualmente, não são poucas as iniciativas que denotam a aproximação do Judiciário da comunidade. Entre elas, citem-se os instrumentos em prol de uma maior transparência, como a informatização e digitalização de documentos (processo eletrônico); a instituição de mecanismos de comunicação (ouvidorias) e a criação de assessorias de imprensa no âmbito dos Tribunais.
Solidifica-se a consciência de que os juízes representam um Poder sobre o qual as pessoas têm direito de se informar. O relacionamento com a imprensa faz parte da carreira do magistrado, que deve estar preparado para lidar com isso. Considerada a influência da mídia na formação da opinião pública, o juiz deve aproveitar os espaços de comunicação para esclarecimentos de interesse público e promoção da imagem positiva do Judiciário, no que a ele couber.
Nesse papel, de interface do Poder Judiciário com a sociedade, alguns limites nas manifestações como autoridade pública devem ser observados. Sobre eles, bastante elucidativo o Código de Ética da Magistratura Nacional, o qual impõe que:
Art. 12. Cumpre ao magistrado, na sua relação com os meios de comunicação social, comportar-se de forma prudente e eqüitativa, e cuidar especialmente:
I - para que não sejam prejudicados direitos e interesses legítimos de partes e seus procuradores;
II - de abster-se de emitir opinião sobre processo pendente de julgamento, seu ou de outrem, ou juízo depreciativo sobre despachos, votos, sentenças ou acórdãos, de órgãos judiciais, ressalvada a crítica nos autos, doutrinária ou no exercício do magistério.
Art. 13.O magistrado deve evitar comportamentos que impliquem a busca injustificada e desmesurada por reconhecimento social, mormente a autopromoção em publicação de qualquer natureza.
Portanto, interessa discernir:
a) quando e a quem falar: usar veículos que gozem de credibilidade;
b) como falar: planejar, ter prévio conhecimento da pauta, ter certeza de que está sendo compreendido, usar do discurso impessoal (falar como autoridade e não como pessoa física), ser protagonista da informação;
c) com qual objetivo falar: atender a um interesse público, informar, zelar pela transparência.
Diante da ausência de sufrágio, o fator que compatibiliza o Poder Judiciário com a Democracia é o prestígio público de que necessita gozar. Para tanto, todos os instrumentos possíveis devem ser manejados, e um deles é o aperfeiçoamento da relação dos magistrados (representação concreta desse Poder) com a sociedade e com a mídia.
O juiz e a mídia: sugestões de Marcos Lima Porta
1. É recomendável preparar-se para perguntas; se possível, previamente conhecidas pelo juiz. Em determinadas situações, o melhor é encaminhar o interlocutor para falar com a assessoria de imprensa do Tribunal, sobretudo em casos rumorosos, uma vez que o juiz é impedido de falar do caso em particular.
2. A jornalista desconhecido não se dá entrevista por telefone! Se conhecido, dependendo do assunto, pode-se tanto dar a entrevista como apenas algumas informações necessárias para subsidiar a reportagem. A formalidade deve imperar. Deve sempre dizer a verdade e falar com sinceridade.
3. Caso não se possa dar entrevista, deve-se receber a imprensa com o argumento de consideração, respeito e educação, pedindo-lhes compreensão uma vez que, por impedimento legal, não possa falar sobre o assunto.
Tanto a mídia quanto o Judiciário trazem em si um grande poder.Ambas são pilares da Democracia de uma sociedade, que vão juntas regular e buscar o equilíbrio desses índices democráticos. A imprensa ou a mídia, para cumprirem sua função, necessitam da liberdade de imprensa, e o Poder Judiciário necessita da independência de não estar atrelado a ninguém, senão àqueles envolvidos em determinado caso.
Ambos são pilares da democracia cuja existência é necessária na sociedade. No entanto, eles se intercomunicam. O Judiciário e a imprensa precisam ter esse intercâmbio. É necessário haver esse intercâmbio para que a imprensa seja reguladora, distribuidora de informações, para que a coloque à disposição da sociedade o que ocorre no Judiciário, bem como para que este saiba o que a opinião pública pensa, o que os críticos pensam, como a sociedade se manifesta. Portanto, ambas tem cada qual o seu poder. A mídia é atrelada à liberdade, pois, quando a imprensa é cerceada, ocorre um retrocesso para a sociedade, no sentido da fecharmos uma porta de comunicação com a sociedade. A democracia representa essa divergência, as diferenças e as contradições existentes.
Assim, ambos, inclusive nas situações de crise, tanto o Judiciário quanto a mídia, servem de sustentação um para o outro. O Judiciário, em situações de crise, dá apoio e sustentação para que haja liberdade de imprensa, para que haja manifestação da imprensa, da mídia, nas várias formas de comunicação e difusão das idéias e do pensamento. Do mesmo modo, a mídia também, em sustentação da crise, vem dar um respaldo ao Judiciário. E é fundamental que haja essa conexão, essa interação.
Somando-se essa visão como tema da linguagem, passaremos a analisar que benefícios poderiam trazer o contato efetivo do magistrado com a imprensa e quando ele será maléfico. 
Que benefícios poderiam trazer o contato efetivo do magistrado com a Imprensa e quando ele será maléfico? Os resultados positivos da influência da mídia nas questões do Judiciário ocorrem quando ela colabora com denúncias, promovendo o saneamento de corrupções, de crimes, realidades sociais precárias. A mídia presta um favor à sociedade quando ela aponta uma realidade social não identificada e que não seria identificada de uma outra forma. A mídia é capaz de influenciar o pensamento da sociedade, dos profissionais; trazer à tona temas polêmicos, contribuir com experiências externas de outra cultura, de outros povos, de outras crenças, portanto, do enriquecimento e complexidade que ela traz naquilo que divulga. É possível sabermos as posições de outros profissionais, inclusive acerca de um tema de mesmo interesse. A imprensa é eficaz nas denúncias relacionadas à educação, à saúde, às questões de segurança, seja privada ou pública.
Que malefícios a mídia traria? Quando, por exemplo, ela divulga informações prematuras muitas vezes relacionadas a escândalos, fraudes, acarretando, inclusive, danos às pessoas implicadas, danos à imagem, e que no decorrer de um tempo se apresentam como notícias infundadas, informações precoces, em nome de uma pretensa agilidade para não ficar obsoleta.
A postura do magistrado diante do jornalista: ambos são técnicos, cada qual em uma área, havendo, muitas vezes, uma certa incompreensão com relação à função de cada um. Ao juiz que não quer ser criticado e ao jornalista que não quer ser julgado, este obstáculo precisaria ser rompido para que haja o reconhecimento verdadeiro do papel de cada um. O jornalista precisa ser percebido pelo magistrado como público, como um representante do público com uma dupla função. Ele é meio e fim em si mesmo. Ele é meio quando divulgar para outros públicos – é a repercussão. Ele, como jornalista carrega em si a função de ser meio de um público. E, ele é fim em si mesmo e possibilita a multiplicação.
O magistrado na relação com seus pares: é de suma importância a compreensão das posições de ordenamentos jurídicos distintos, o respeito às idéias distintas, o compromisso de lealdade com o outro colega magistrado. Já se tornaram características apreciáveis o respeito pela divergência a ordenamentos jurídicos, a lealdade, a defesa da carreira pela honra da própria carreira, a não permissão de falarem de algum colega próximo. É apreciável que o magistrado seja contrário ao isolamento, pois ele precisa estabelecer interações primeiro com a sociedade para não perder de vista a percepção da realidade social, e a proximidade com os profissionais da sua profissão com uma linguagem clara.
Seleção e preparação dos juízes: um dos principais quesitos para a seleção de juízes está o conhecimento técnico apurado, que está na doutrina, na lei e nos códigos. Um outro quesito estaria em observar qual o perfil dos profissionais que estariam mais alinhados para a carreira - um perfil que possa estar alinhado a ser um agente político, a ter um conhecimento aprimorado e ser um conciliador de conflitos humanos. E, além de um conciliador, saber identificar e perceber dinâmicas que envolvem o conflito, bem como discriminar o contexto social ao qual o fato está inserido. Tornou-se preponderante ou fundamental que a seleção envolva profissionais que integrem a teoria com a prática.
No quesito preparação dos juízes: como preparar os magistrados para ocupar a função? Se já sabemos em que aspecto o magistrado da sociedade contemporânea tem esses 3 elementos que vão recheá-lo, como prepará-lo? Esse questionamento surge com várias correntes e está na atualidade. A grande indagação é, o papel estaria da Universidade ou na escola da magistratura? O que temos observado e foi sugerido por alguns é que se pudesse ter na graduação uma metodologia específica para aqueles alunos que se identificassem com tal profissão. Só que esse posicionamento foi combatido, pois seria uma maneira de segregar já na universidade um tipo de formação específica para um grupo e outro tipo de formação para outro tipo. Entendeu-se, portanto, que a Universidade teórica seria melhor aproveitada na formação igual para todos os que cursam Direito, surgindo, então, a responsabilidade da formação de juízes para as Escolas de Magistratura ou associações ministradas por juízes. Desses questionamentos, surgiram a adoção de alguns pontos comuns:
- a formação humanística com enfoque multidisciplinar envolvendo o conhecimento de outras disciplinas como a sociologia, a psicologia, a antropologia, de modo a criar condições de enxergar as contradições sociais, de compreender as dinâmicas do comportamento humano, de compreensão dos tipos de conflitos.
- outro pondo em comum é a visão contextualizada da realidade, ou seja, que a preparação dos juízes esteja articulada entre o saber técnico com a compreensão humana e com o uso de outras competências emocionais, de equilíbrio pessoal, de formação pessoal ética.
- um outro ponto comum são os valores pessoais associados a esta formação pessoal coerente, humanizada.
Todas essas características citadas são como uma forma de diminuir a escolha equivocada pela carreira, o que acarretaria uma série de frustrações à pessoa, além de repercussões na instituição do Poder Judiciário. Nesta preparação, há um incentivo aos estágios para aqueles candidatos que possam se dispor a conhecer o trabalho de um magistrado, tendo, assim, uma visão mais aproximada da realidade, distante da imagem idealizada que, muitas vezes, os candidatos carregam. 
Problemas atuais da psicologia com reflexos no direito: assédio moral e assédio sexual.
Assédio moral é a exposição dos trabalhadores a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções.
São mais comuns em relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que predominam condutas negativas, relações desumanas e antiéticas de longa duração, de um ou mais chefes dirigida a um ou mais subordinado(s), desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a organização.
De acordo com o Houaiss, assediar significa por cerco a, ou seja, fazer o cerco, sitiar (isolar),perseguir com insistência. E o assédio vem desta denominação. A questão da conotação moral do conceito chamado assédio moral vem da questão ética que envolve os comportamentos aceitáveis e os não aceitáveis em sociedade. Como se está diante de comportamentos inaceitáveis na sociedade, o assediador é visto como aquele que fere o princípio ético, sendo, então, um profissional antiético passível de punição pela deturpação do uso do poder.
Visão Histórica: primeiramente, o assédio moral era chamado de mobbing (que é um termo inglês), que significa maltratar, atacar, perseguir, sitiar. Nos anos 70, em estudos da biologia, um biólogo chamado Konrad Loren, nos seus estudos com animais, estudou o comportamento agressivo em grupos ao se expulsar, eliminar um intruso. Em 1972, foi publicado o primeiro livro sobre mobbing escrito por Peter Pau Heinemmann. E neste livro, ele abordou especificamente o comportamento agressivo das crianças nas escolas que atualmente chamamos de bullyng. Nos anos 80, surgiu um alemão chamado Heinz Leymann que estudou o comportamento agressivo nas relações de trabalho, nas organizações e instituições, tanto públicas quanto privadas. Leymann acabou definindo mobbing (foi quem usou o conceito mobbing primeiramente). Na década de 90, surgiu uma psicanalista chamada Marie-France-Hirigoyen, que sistematizou o assédio moral em termos de comportamento do assediador, do assediado. Ela contribuiu para com a sociedade porque, na época de Leymann este conceito não foi inteiramente absorvido.
É uma conduta reiterada, repetitiva e insistente, restrita a uma pessoa e não ao grupo de trabalho. É uma forma de violação dos direitos do trabalho e da pessoa. Em todo vínculo profissional existe uma contrapartida a um trabalho a ser feito, ou seja, uma produção a ser realizada em contrapartida ao pagamento de um salário. Quando este direito é aviltado, desrespeitado por uma conduta perversa (geralmente por um superior hierárquico), fica quebrado ou rompido o compromisso de trabalho na sua tônica principal. 
A situação deve ser evitada e combatida.
Toda relação profissional envolve garantir o respeito e a dignidade da pessoa, e inclui o aspecto da personalidade das pessoas que vão partilhar de um mesmo ambiente profissional. Portanto, há uma responsabilidade pelo ambiente que se estabelece entre as pessoas que produzem um trabalho de perfil coletivo. Deve-se ressaltar que nem sempre o empregador ocupa a posição de assediador, ou nem sempre ocupa tal posição o chefe da repartição. Há vezes em que o empregador ou o superior é o que se encontra assediado do ponto de vista moral, sendo tal assédio, pois, um conceito necessariamente relacional.
Obs: as estatísticas revelam que o assediador geralmente ocupa posição superior hierárquica, mas não tem sido a regra, podendo ser os colegas do trabalho, de um colega para outro colega, ou pode ser um funcionário em relação ao seu chefe, etc. É uma modalidade de violência psicológica, sutil, apresentando dificuldades de se reunir COMPROVAÇÕES de que a agressão ocorre, de que a violência está permeando a relação profissional.
Obs2: assédio moral é diferente de conflito no trabalho. Conflitos existem no mundo do trabalho. E um conflito não solucionado pode gerar uma modalidade de assédio moral.
TIPOS DE ASSÉDIO
Existe uma classificação dos tipos de assédio moral de acordo com a sua procedência:
1ª Vertical descendente – é caracterizado pela via do superior hierárquico para baixo, havendo duas modalidades: a)o estratégico (mobbing) e b)abuso de poder. 
a) o estratégico o superior hierárquico utiliza de mecanismos para levar alguns profissionais a demitirem-se. 
b) o abuso de poder, quando o superior hierárquico não sabe lidar com o poder do seu cargo e teme o potencial de subordinados, ou simplesmente sente-se ameaçado pelo próprio cargo que ocupa. Nesses casos procurará aliar-se a outros para torná-los cúmplices dos seus atos e condutas de violência psicológica. 
2ª Vertical ascendente – partindo dos subordinados contra o superior hierárquico, nesse caso há a ação de profissionais ou colegas com interesse comum em eliminar um superior no qual eles acreditam que não servem para a função ou cargo. Os registros de casos são menores, porém esta dinâmica é freqüente em ambientes de trabalho onde passa a interar a política e a divisão de grupos. 
3ª Horizontal – entre colegas de mesmo nível, também a freqüência de casos é menor, porém não é inexistente. 
Práticas que o denotam, em geral:
- isolamento do assediado.
- corte da comunicação direta. O assediador deixa de falar diretamente com o assediado, dirigindo-se sempre a outras pessoas e não ao assediado, como uma forma de apontar-lhe que é insignificante, que sua opinião não interessa e que sua posição é extremamente inferior. Caracteriza, portanto, um flagrante desrespeito.
- desqualificação com relação ao trabalho realizado, sendo sempre julgado como ruim, fraco, inábil e que está sempre errado.
- dar um trabalho inferior a ser feito.
- tomar o trabalho da pessoa, tirar dela as atribuições que ela tem, ou até deixá-la sem trabalho.
- criar um ambiente desfavorável a esta pessoa, de maneira a influenciar os outros a seguir a mesma conduta.
- acusar em público, na frente dos demais colegas, a incidência do erro, da falha, do não atendimento, da pouca competência.
- indução ao erro.
Características da dinâmica (funcionamento) da relação assediador x assediado:
- o assediado geralmente é seguro, tem suas idéias e não acata inicialmente as condutas abusivas, reagindo a um papel de submissão. Quase sempre é competente. E é exatamente a reação de não submissão que promove, instiga no assediador a manter-se na conduta abusiva, sutil, criando assim um padrão. A escolha do eleito para ser vítima da violência é do tipo bode expiatório, que poderia ser qualquer um dos outros funcionários ou dos membros da equipe de trabalho. 
- o assediador com o temor da perda de sua posição profissional sente-se diminuído com a formação e competência dos subordinados ou da equipe de trabalho, sendo este fator uma enorme pressão à manutenção.
Fases evolutivas (de Marie France Hirigoyen):
Ela estabelece três fases ou estágios evolutivos, que são marcadores da existência de uma situação propícia ao assédio moral.
A identificação destas etapas são relevantes no sentido da prevenção.
1ª fase – Sedução perversa – o assediador demonstra poder e controle diante da sua vítima escolhida, ainda não há a destruição do outro no sentido de desestabilizá-lo e deixá-lo inseguro (a).
2ª fase – Comunicação perversa – existe uma pseudo comunicação a ponto de fazer com que o assediado sinta-se sem compreender e sem entender o que está ocorrendo; é um tipo de comunicação que afasta ao invés de aproximar. Não foram cortadas as ligações de informação e comunicação com o assediado.
3ª fase – Violência perversa – onde de fato se torna uma ameaça, ficando acuado, em razão da sua competência profissional, por discriminação, por simples simpatia a pessoas ligadas a hierarquia da empresa. O assediador passa, portanto, a fazer com que sua vítima se sinta culpada por tudo o que ocorre, induzindo-a inclusive ao erro. 
O homem é um ser em relação. E a partir disto tanto reconhece a si mesmo como ao outro. 
O efeito jurídico do assédio moral não sempre é claro. Falta no Brasil uma legislação uniforme. Há questões postas em algumas leis. Para ilustrar, a Lei Municipal n. 13.288, de 10 de janeiro de 2002, da Cidade de São Paulo, aplicável aos servidores públicos municipais (administração pública direta e indireta), conceitua assédio moral, assim: “Para fins do disposto nesta lei considera-se assédio moral todo tipo de ação, gesto ou palavra que atinja, pela repetição, a auto-estima e a segurança de um indivíduo, fazendo-o duvidar de si e de sua competência, implicando em dano ao ambiente de trabalho, à evolução da carreira profissionalou à estabilidade do vínculo empregatício do funcionário, tais como: marcar tarefas com prazos impossíveis; passar alguém de uma área de responsabilidade para funções triviais; tomar crédito de idéias de outros; ignorar ou excluir um funcionário só se dirigindo a ele através de terceiros; sonegar informações de forma insistente; espalhar rumores maliciosos; criticar com persistência; subestimar esforços". 
Segundo dispõe precitada lei, o servidor público responsável pelo assédio moral poderá sofrer as penalidades de suspensão, multa ou demissão. No âmbito da Lei nº 8112/90, a solução seria enquadrá-lo em uma das condutas violadoras dos deveres genéricos do servidor.
A consequência mais comum, no entanto, é a imposição de danos morais.
ASSÉDIO SEXUAL
Lei 10.224/2001 (15/05/01)
Art. 216-A 
Dec.Lei 2848 de 1940
É visto como crime perante CP brasileiro.
“Constranger alguém com intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício do emprego, cargo ou função: pena de detenção de 1 a 2 anos.” (obs: para fins penais)
Foi introduzido no CP através do Dec.Lei 2848 de 1940, no Cap. Dos Crimes contra a Liberdade Sexual. 
A organização internacional do trabalho a OIT – define assédio sexual como: “atos, insinuações, contatos físicos forçados, convites impertinentes desde que apresentem uma das características a seguir: 
A – ser uma condição clara para manter o emprego;
B – influir nas promoções da carreira do assediado;
C – prejudicar o rendimento profissional, humilhar, insultar ou intimidar a vítima;”
O conceito da OIT é o mais seguido e o mais claro, não aquele previsto no CP. Todavia, para fins penais, por conta da estrita legalidade/tipicidade, a prática de crime somente ocorre com o perfazimento das elementares descritas no tipo. Em sendo assim, defende-se que a prática de assédio no contexto de outras relações, que não a de trabalho, fogem à aplicação do art. 216-A do CP, podendo configurar outros tipos penais que não este.
Para Ernesto Lipman (Assédio Sexual nas relações do Trabalho – Ltr), é a cantada desfigurada pelo abuso de poder que vem a ofender a honra e a dignidade da pessoa do assediado.
 
Outro conceito: o ato e importunar e perseguir alguém com pedidos ou pretensões impertinentes e insistentes com conotação sexual, tanto explícita quanto implícita. É uma conduta de cunho sexual não desejada, repelida pelo assediado de forma reiterada, tolhendo a liberdade sexual deste. 
Diversos doutrinadores verificam lacunas na lei de assédio sexual, uma delas por somente fazer menção aos casos especificamente que envolvem a linha descendente: do superior hierárquico para com seu subordinado. Outra lacuna, é que pela lei espanhola há a previsão de outros tipos de assédio sexual no trabalho, entre colegas, denominando-se assédio sexual ambiental (quando o ambiente de trabalho favorece a ocorrência desse tipo de caso). Uma outra lacuna, por ela não prever casos que envolvem professor e aluno, médico e paciente, padre ou pastor e seus seguidores, fiéis e doutrinandos.
A principal crítica à lei brasileira por parte de alguns doutrinadores, portanto, é de caracterizar o sujeito ativo do crime necessariamente o superior hierárquico, excluindo os casos em que tais abusos são cometidos entre colegas de trabalho, ou que estejam no mesmo patamar funcional. 
Tipos de conduta poderiam ser consideradas como “aessédio sexual”:
Quando o indivíduo extrapola o bom senso e prejudica o outro por meio de cartas, bilhetes com propostas indecentes a fim de obter vantagem e prática sexual, e até mesmo mensagens por e-mail, que faça menção a qualquer parte do corpo e que cause constrangimentos intoleráveis. 
Nestes casos há a incidência da prova: testemunhas que vêem a funcionária ser perseguida ao sair do trabalho. 
O algoz persegue sua vítima insistentemente se há recusa do favorecimento sexual; em troca, vantagem profissional é ofertada e a medida em que esta recusa se torna constante, mais motivado se torna o assediador. Tanto mais a vítima é enfática, mais o assediador se vê impelido a utilizar do seu poder. 
Há um tipo de assédio chamado “quid pro quo” (popularmente: toma lá dá cá = barganha). É a modalidade mais corriqueira, mais freqüente. A proposta envolve uma promoção, a manutenção do trabalho. A vítima se vê presa a uma armadilha, onde a base da interação não se vê com condições de responder ao assediador em posição paritária, em razão do poder de fato (ainda que não seja de direito) que seu superior possui. Diferentemente daqueles casos aplicados onde os participantes possuem o mesmo nível e a recusa pode ser entendida como um “não” verdadeiramente, até porque não haverá ônus ao assediado, diferentemente da armadilha em que se vê preso o assediado quando está diante de um assediador (este de fato tem o poder de alterar, de modificar a condução da sua vida profissional, mesmo que seja um colega de trabalho, que ameaça denunciar o assediado ao chefe). 
No Brasil a ocorrência em termos de registro das causas na área do trabalho, fonte OIT, 52%, são feitos a mulheres e são registrados junto aos demais casos trabalhistas existentes. A nível mundial, em outros países, há a presença marcante de 98% destinados a mulher. 
É também visto como violência psicológica: também oferece danos morais a pessoa, igualmente desestabiliza o funcionário que se vê forçado a uma situação que não deseja. Para alguns, porém, na medida em que o assediado ceda ao favorecimento na carreira através de favores sexuais ou libidinosos, deixa de existir o assédio sexual, que se caracteriza também pela recusa da vítima. Para os que assim, entendem, somente poderá ser enquadrado pela lei se houver a recusa constante; se a pessoa vitimada ceder, deixa de ocorrer o assédio.
Em que pese o conceito recorrente de assédio sexual invocar, assim como ocorre com o assédio moral, a reiteração da conduta, entendimentos há no sentido de que um único ato, desde que bastante grave e que denote incisivamente o assédio, também enseja a configuração do delito. A redação do tipo penal de tal crime corrobora essa conclusão.
ASSÉDIO MORAL X ASSÉDIO SEXUAL
Apesar das duas práticas serem passíveis de gerar danos à integridade psíquica e física do assediado (os danos à saúde variam da depressão ao suicídio), importante fortalecer que: enquanto o assédio moral visa a eliminar a autodeterminação do empregado no trabalho, ou a degradação das suas condições pessoais de trabalho, o assédio sexual pretende a prática de favores sexuais.
As figuras, todavia, também se aproximam pelas possíveis repercussões jurídicas na relação trabalhista, quais sejam:
a) rescisão indireta do contrato pela vítima;
b) advertência, suspensão ou rescisão por justa causa do contrato do agressor (caso empregado);
c) indenização por danos materiais e morais.

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