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PROCESSO CIVIL

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EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL – PRINCIPAIS ALTERAÇÕES
LEI Nº 11.382 – Fredie Didier
A premissa do legislador reformista foi a proteção do credor. Historicamente, sempre se buscou proteger o devedor. Ex: impossibilidade de penhora de anel de noivado, retrato de família. A ideia era proteger os direitos fundamentais do devedor.
A nova lei faz diferente, visando efetivar uma maior proteção do credor. Assim, temos:
1 – MUDANÇAS NA FASE INICIAL DA EXECUÇÃO POR QUANTIA
Agora o devedor não é mais citado para pagar ou nomear bens à penhora em 24 horas. Não existe mais a nomeação de bens à penhora. Agora, o devedor já é citado para pagar em 3 dias. A nomeação era um instrumento que só atrapalhava a execução.
Assim, ou o credor indica o que penhorar ou o juiz ordena que o devedor indique, sob pena de se considerar o ato atentatório à dignidade da justiça. O juiz pode determinar que o Bacen indique os ativos financeiros do devedor.
A indicação de ativos financeiros pelo Bacen não significa quebra do sigilo bancário. Ela serve apenas para verificar se o devedor tem conta, quanto tem em conta, e penhorar o quanto necessário.
Afinal, o juiz não vai querer saber de onde vem esse dinheiro.
Será ônus do executado informar que esse dinheiro é para sua subsistência (natureza alimentar).
Se o executado pagar nos três dias, ele tem o benefício de ver o abatimento de 50% do valor dos honorários advocatícios (652-A).
Art. 652.  O executado será citado para, no prazo de 3 (três) dias, efetuar o pagamento da dívida.
§ 1o  Não efetuado o pagamento, munido da segunda via do mandado, o oficial de justiça procederá de imediato à penhora de bens e a sua avaliação, lavrando-se o respectivo auto e de tais atos intimando, na mesma oportunidade, o executado.
§ 2o  O credor poderá, na inicial da execução, indicar bens a serem penhorados (art. 655).
§ 3o  O juiz poderá, de ofício ou a requerimento do exeqüente, determinar, a qualquer tempo, a intimação do executado para indicar bens passíveis de penhora.
§ 4o  A intimação do executado far-se-á na pessoa de seu advogado; não o tendo, será intimado pessoalmente.
§ 5o  Se não localizar o executado para intimá-lo da penhora, o oficial certificará detalhadamente as diligências realizadas, caso em que o juiz poderá dispensar a intimação ou determinará novas diligências.
Art. 652-A.  Ao despachar a inicial, o juiz fixará, de plano, os honorários de advogado a serem pagos pelo executado (art. 20, § 4o).
Parágrafo único.  No caso de integral pagamento no prazo de 3 (três) dias, a verba honorária será reduzida pela metade.
Deferida a petição inicial – ocasião em que “o juiz fixará, de plano, os honorários de advogado a serem pagos pelo executado” (art. 652-A/CPC) – o executado será citado para, no prazo de 3 (três) dias, efetuar o pagamento da dívida (art. 652/CPC). A citação será, em regra, por oficial de justiça, não se admitindo a citação postal (art. 222, “d”/CPC).
O oficial de justiça, não encontrando o devedor, arrestar-lhe-á tantos bens quantos bastem para garantir a execução (art. 653/CPC). O arresto é providência de índole cautelar, e não executiva. Seu objetivo é preservar ao menos uma parte do patrimônio do devedor, pondo-o a salvo de desvios, ocultações e dilapidações. Nos 10 dias seguintes à efetivação do arresto, o oficial de justiça procurará o devedor três vezes em dias distintos; não o encontrando, certificará o ocorrido (art. 653, §ú/CPC).
O exequente será intimado do arresto, e terá o prazo de 10 dias para requerer a citação por edital do devedor (art. 654/CPC), sob pena de, não o fazendo, o arresto tornar-se ineficaz. Citado o devedor, seja após o arresto, seja pelo oficial de justiça ou por edital, terá o prazo de 3 dias para efetuar o pagamento, a partir da juntada aos autos do mandado cumprido, ou do término do prazo do edital, conforme o caso. Se o executado pagar, levanta-se o arresto. Caso contrário, o arresto converte-se, de pleno direito, em penhora (art. 654/CPC). Se o devedor citado por edital não efetuar o pagamento, e não houver bens arrestados, suspende-se a execução (art. 791, III/CPC).
2 – QUEM AGORA FAZ A AVALIAÇÃO DO BEM PENHORADO É O PRÓPRIO OFICIAL DE JUSTIÇA
652, § 1o  Não efetuado o pagamento, munido da segunda via do mandado, o oficial de justiça procederá de imediato à penhora de bens e a sua avaliação, lavrando-se o respectivo auto e de tais atos intimando, na mesma oportunidade, o executado.
Isso foi previsto também na reforma da execução de sentença. 
Antes, a avaliação era feita por um perito, após os embargos à execução. Agora, a avaliação é feita antes da resposta do executado, sendo realizada no momento da penhora pelo oficial.
O oficial só não fará a avaliação quando lhe faltar o conhecimento específico para tanto. Ex: avaliação de obra de arte.
O oficial de justiça, não encontrando o devedor, arrestar-lhe-á tantos bens quantos bastem para garantir a execução (art. 653/CPC). O arresto é providência de índole cautelar, e não executiva. Seu objetivo é preservar ao menos uma parte do patrimônio do devedor, pondo-o a salvo de desvios, ocultações e dilapidações. Nos 10 dias seguintes à efetivação do arresto, o oficial de justiça procurará o devedor três vezes em dias distintos; não o encontrando, certificará o ocorrido (art. 653, §ú/CPC).
O exequente será intimado do arresto, e terá o prazo de 10 dias para requerer a citação por edital do devedor (art. 654/CPC), sob pena de, não o fazendo, o arresto tornar-se ineficaz. Citado o devedor, seja após o arresto, seja pelo oficial de justiça ou por edital, terá o prazo de 3 dias para efetuar o pagamento, a partir da juntada aos autos do mandado cumprido, ou do término do prazo do edital, conforme o caso. Se o executado pagar, levanta-se o arresto. Caso contrário, o arresto converte-se, de pleno direito, em penhora (art. 654/CPC). Se o devedor citado por edital não efetuar o pagamento, e não houver bens arrestados, suspende-se a execução (art. 791, III/CPC).
Penhora é o ato pelo qual se apreendem bens para empregá-los, de modo direto ou indireto, na satisfação do crédito exequendo. Podem ser objeto de penhora os bens do próprio devedor ou de terceiros que respondam pela dívida (arts. 592 e 568/CPC). Não estão sujeitos à execução os bens que a lei considera impenhoráveis ou inalienáveis (art. 648/CPC).
São absolutamente impenhoráveis os bens arrolados no art. 649/CPC. E são relativamente impenhoráveis, isto é, “podem ser penhorados, à falta de outros bens, os frutos e rendimentos dos bens inalienáveis, salvo se destinados à satisfação de prestação alimentícia” (art. 650/CPC). A impenhorabilidade não é oponível à cobrança do crédito concedido para a aquisição do próprio bem (art.649, §1º/CPC). Há outras hipóteses de impenhorabilidade: 1) Bens públicos; 2) Bem de família (Lei 8.009/90; art. 1.711/CC); 3) “A pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva” (art. 5º, XXVI/CF); entre outros casos. Bens gravados por penhor, hipoteca, anticrese, usufruto ou enfiteuse podem ser penhorados, mas é obrigatória a intimação do credor com garantia real (art. 615, II/CPC), sob pena de ineficácia da eventual alienação desses bens (art. 619/CPC). Um bem já penhorado pode sofrer nova(s) penhora(s), incidindo a norma do art. 613/CPC (prevalece a ordem cronológica das penhoras). Há uma curiosa hipótese de impenhorabilidade provisória no art. 594/CPC: o credor que estiver, por direito de retenção, na posse de coisa pertencente ao devedor, não poderá penhorar outros bens senão depois de excutida a coisa que se achar em seu poder (e o valor arrecadado for insuficiente para solver a dívida).
O art. 655/CPC estabelece uma ordem de preferência para a penhora. Na execução de crédito com garantia real, a penhora recairá, preferencialmente, sobre a coisa dada em garantia (art. 655, §1º/CPC). A penhora online é regulada no art. 655-A/CPC, sendo feita pelo juiz através dosistema BACEN JUD. Compete ao executado comprovar que as quantias depositadas em conta corrente são impenhoráveis (art.655-A, §2º/CPC), como o salário, por exemplo.
A penhora de bens imóveis realizar-se-á mediante auto ou termo de penhora, cabendo ao exequente, sem prejuízo da imediata intimação do executado, providenciar, para presunção absoluta de conhecimento por terceiros, a respectiva averbação no ofício imobiliário, mediante a apresentação de certidão de inteiro teor do ato, independentemente de mandado judicial (art. 659, §4º/CPC).
3 – CERTIDÃO DE EXECUÇÃO (ART. 615-A)
Proposta a execução, o executor pode pedir uma certidão de sua propositura, e levá-la aos locais de registro dos bens que necessitam de matrícula (carros, imóveis etc), averbando que existe contra o proprietário desses bens um processo executivo.
O objetivo é travar o movimento dos bens do executado (travar o patrimônio).
Antes, o executado que se desfazia dos bens podia ser acusado de fraude à execução, mas o credor tinha que provar que o terceiro comprador dos bens sabia que o proprietário estava sendo executado. Se não conseguisse provar, declarava-se a boa-fé do terceiro e o bem não poderia ser reconstituído.
Agora, se for averbada essa certidão na matrícula, presume-se a ciência do terceiro sobre a existência da execução. Trata-se de presunção absoluta, não se admitindo prova em contrário.
Art. 615-A.  O exequente poderá, no ato da distribuição, obter certidão comprobatória do ajuizamento da execução, com identificação das partes e valor da causa, para fins de averbação no registro de imóveis, registro de veículos ou registro de outros bens sujeitos à penhora ou arresto.
§ 1o  O exequente deverá comunicar ao juízo as averbações efetivadas, no prazo de 10 (dez) dias de sua concretização.
§ 2o Formalizada penhora sobre bens suficientes para cobrir o valor da dívida, será determinado o cancelamento das averbações de que trata este artigo relativas àqueles que não tenham sido penhorados.
§ 3o Presume-se em fraude à execução a alienação ou oneração de bens efetuada após a averbação (art. 593).
§ 4o O exequente que promover averbação manifestamente indevida indenizará a parte contrária, nos termos do § 2o do art. 18 desta Lei, processando-se o incidente em autos apartados.
§ 5o  Os tribunais poderão expedir instruções sobre o cumprimento deste artigo.
Como distinguir essa certidão da averbação da penhora?
A - A averbação da certidão comprobatória de processo de execução é anterior à penhora. B - No momento em que houver penhora, as averbações anteriores serão canceladas, pois perdem o sentido. Daí haverá averbação da penhora quanto aos bens penhorados.
C – A venda de bem penhorado é muito mais grave que a venda de bem em fraude à execução. Esta última precisa que ainda haja insolvência do devedor para caracterizar-se a fraude. Já a alienação de bem penhorado não depende de insolvência. O credor poderá buscar o bem onde quer que esteja, independentemente de ter restado ou não dinheiro do devedor para pagar.
A averbação premonitória de que cuida o art. 615-A do CPC não se caracteriza como ato constritivo do juízo, uma vez que é feito pela parte a partir da certidão extraída, mas gera presunção de fraude à execução no caso de alienação do bem. Cabe indenização no caso de averbação indevida.
 É dever do executado, no prazo fixado pelo juiz, indicar onde se encontram os bens sujeitos à execução, exibir a prova de sua propriedade e, se for o caso, certidão negativa de ônus, bem como abster-se de qualquer atitude que dificulte ou embarace a realização da penhora (art. 656, §1º/CPC), sob pena de responder por ato atentatório ao exercício da jurisdição (contempt of court, arts. 14, §ú, 600, IV, e 601/CPC).
“Desprezo à Corte”. O instituto do contempt of court tutela o exercício da atividade jurisdicional, nos países da common Law. O poder de coibir o contempt of court, consiste no meio de coagir à cooperação, ainda que de modo indireto, através da aplicação de sanções às pessoas sujeitas à jurisdição. No direito brasileiro, encontra-se no art. 14 CPC. O problema encontra-se no pu do art. 14 que, combinado com a decisão na ADI 2652-6, acaba por inviabilizar a aplicação da multa em qualquer patrono (público ou privado). Sendo assim, como explícito no Info 430 STJ, atinge qualquer um (parte, terceiros intervenientes, peritos), sem, contudo, atingir advogados.
Nelson Nery: A multa fixada pelo juiz como decorrência do contempt of court não se destina a parte processual, pois sancionadora de ato atentatório ao exercício da jurisdição. (...) A litigância de má-fé (CPC 16 a 18) é ato prejudicial à parte do improbus litigator, porque ofensiva ao princípio da probidade (lealdade) processual (CPC 14 II), de modo que nada tem a ver com o embaraço a atividade jurisdicional caracterizado pelo contempt of court. Portanto, ambas as sanções (contempt of court e litigância de má-fé) podem ser impostas, cumulativamente, sem que se incida em duplicidade de penalidade. A doutrina considera os arts. 600 e 601 do CPC como autênticos contempts of court executivos.
Não se levará a efeito a penhora, quando evidente que o produto da execução dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das custas da execução (art. 659, §2º/CPC).
A residência do devedor é o local onde normalmente se encontrarão bens penhoráveis. Se o devedor fechar as portas da casa, a fim de obstar a penhora dos bens, o oficial de justiça comunicará o fato ao juiz, solicitando-lhe ordem de arrombamento (art. 660/CPC). Deferido o arrombamento, dois oficiais de justiça cumprirão o mandado, arrombando portas, móveis e gavetas, onde presumirem que se achem os bens, e lavrando de tudo auto circunstanciado, que será assinado por duas testemunhas, presentes à diligência (art. 661/CPC). Sempre que necessário, o juiz requisitará força policial, a fim de auxiliar os oficiais de justiça na penhora dos bens e na prisão de quem resistir à ordem (art. 662/CPC).
Considerar-se-á feita a penhora mediante a apreensão e o depósito dos bens, lavrando-se um só auto se as diligências forem concluídas no mesmo dia (art. 664/CPC). O art. 666/CPC estabelece onde deverão ficar depositados os bens penhorados. A penhora de créditos é feita pela intimação do terceiro, para que não pague ao executado, e a deste, para que não pratique atos de cessão de crédito (art. 671/CPC). No caso de títulos de crédito, a penhora se dá através da apreensão da cártula (art. 672/CPC).
Intimação da penhora => art. 652, §1º/CPC (“não efetuado o pagamento, munido da segunda via do mandado, o oficial de justiça procederá de imediato à penhora de bens e a sua avaliação, lavrando-se o respectivo auto e de tais atos intimando, na mesma oportunidade, o executado”).
7.1.2.1. Efeitos da penhora.
Efeitos processuais:
•	Individualizar os bens que vão suportar, em concreto, a responsabilidade executiva.
•	Garantir o juízo (função cautelar da penhora), assegurando a eficácia prática da execução.
•	Gerar para o credor o direito de preferência sobre os bens penhorados (art. 612/CPC)
Efeitos materiais:
•	Privar o executado da posse direta dos bens penhorados (ressalvada a hipótese de o próprio executado ficar como depositário dos bens penhorados – art. 666, §1º/CPC)
•	Tornar ineficaz em relação ao exequente quaisquer atos de disposição dos bens penhorados
7.1.2.2. Modificações da penhora.
Redução da penhora:
•	Se o valor dos bens penhorados for consideravelmente superior ao crédito do exequente e acessórios (art. 685, I/CPC).
•	Caso sejam acolhidos embargos à execução fundados no art. 745, III, do CPC (excesso de execução ou cumulação indevida de execuções).
Ampliação da penhora:
	Se o valor dos bens penhorados for inferior ao do crédito exequendo (art. 685, II/CPC).
Substituição da penhora (sempre precedida da oitiva da parte contrária!):
	Requerida pelo exequente:
•	Nas hipóteses do art. 656/CPC.
•	Quando o credor desistir da primeira penhora, por serem litigiosos os bens, ou por estarem penhorados,arrestados ou onerados (art. 667, III/CPC).
•	Quando o credor requerer a transferência da penhora para outros bens mais valiosos, se o valor dos penhorados for inferior ao referido crédito (art. 685, II/CPC).
•	Quando o bem penhorado perecer ou for desapropriado posteriormente
	Requerida pelo executado:
•	Quando o devedor requerer a transferência da penhora para outros bens que bastem à execução, se o valor dos penhorados for consideravelmente superior ao crédito do exequente e acessórios (art. 685, I/CPC).
•	Quando a penhora não obedecer à ordem legal (art. 656, I/CPC).
•	O executado pode, no prazo de 10 (dez) dias após intimado da penhora, requerer a substituição do bem penhorado, desde que comprove cabalmente que a substituição não trará prejuízo algum ao exequente e será menos onerosa para ele devedor (art. 668/CPC).
•	A penhora pode ser substituída por fiança bancária ou seguro garantia judicial, em valor não inferior ao do débito constante da inicial, mais 30% (art. 656, §2º/CPC).
	Determinada de ofício pelo juiz, ou a requerimento do depositário ou das partes
•	Nos casos expressos em lei e sempre que os bens depositados judicialmente forem de fácil deterioração, estiverem avariados ou exigirem grandes despesas para a sua guarda, o juiz, de ofício ou a requerimento do depositário ou de qualquer das partes, mandará aliená-los em leilão (art. 1.113/CPC). Efetuada a alienação e deduzidas as despesas, depositar-se-á o preço, ficando nele sub-rogada a penhora (art. 1.116/CPC).
Os arts. 1.113 e 1.116 do CPC tratam do procedimento de jurisdição voluntária de alienações judiciais.
7.1.3. Avaliação.
Antes de alienar os bens penhorados, é necessário avaliá-los. A avaliação é feita, em regra, pelo próprio oficial de justiça incumbido da realização da penhora (art. 652, §1º/CPC). Não se procederá à avaliação se o exequente aceitar a estimativa feita pelo executado, ou no caso de títulos ou de mercadorias que tenham cotação em bolsa (caso em que será considerada a cotação oficial do dia – arts. 682 e 684/CPC). Caso sejam necessários conhecimentos especializados (Ex: avaliação de obras de arte, joias raras, etc.), o juiz nomeará avaliador, fixando-lhe prazo não superior a 10 dias para entrega do laudo (art. 680/CPC), que pode ser impugnado pelas partes (art. 683, I/CPC). Se o juiz acolher a impugnação, determinará a realização de uma nova avaliação, que também será realizada “se verificar, posteriormente à avaliação, que houve majoração ou diminuição no valor do bem” (art. 683, II/CPC) ou “houver fundada dúvida sobre o valor atribuído ao bem” (art. 683, III/CPC).
7.1.4. Expropriação.
No processo de execução, a expropriação pode ser total (adjudicação dos bens do devedor ou alienação a terceiros) ou parcial (usufruto de móvel ou imóvel pertencente ao devedor).
Antes de adjudicados ou alienados os bens, pode o executado, a todo tempo, remir a execução, pagando ou consignando a importância atualizada da dívida, mais juros, custas e honorários advocatícios (art. 651/CPC). Na verdade, não apenas o devedor, mas qualquer pessoa pode remir a execução, incidindo as regras do Código Civil acerca do pagamento de uma dívida feito por terceiros, que não o devedor.
7.1.4.1. Adjudicação.
É lícito ao exequente, oferecendo preço não inferior ao da avaliação, requerer lhe sejam adjudicados os bens penhorados (art. 685-A/CPC). Idêntico direito pode ser exercido pelo credor com garantia real, pelos credores concorrentes que hajam penhorado o mesmo bem, pelo cônjuge, pelos descendentes ou ascendentes do executado (art. 685-A, §2º/CPC). Havendo mais de um pretendente à adjudicação, proceder-se-á entre eles à licitação; em igualdade de oferta, terá preferência o cônjuge, descendente ou ascendente, nessa ordem (art. 685-A, §3º/CPC).
Antes da reforma promovida pela Lei 11.382/06, a adjudicação tinha caráter subsidiário (apenas quando não houvesse êxito na hasta pública). Atualmente, o CPC trata a adjudicação como primeira modalidade de expropriação, exatamente por ser a mais simples e célere de todas. Outra mudança trazida pela Lei 11.382/06 foi a permissão de adjudicação de qualquer bem, e não apenas imóveis, como ocorria na disciplina anterior. A adjudicação se assemelha à dação em pagamento, com uma grande diferença: a adjudicação pode ser feita mesmo contra a vontade do devedor (o que não ocorre na dação em pagamento). O antigo instituto da remição de bens, feita pelo cônjuge, ascendente ou descendente do executado (arts. 787 a 790, revogados pela Lei 11.382/06) foi substituído pela figura da adjudicação, possibilidade que se abre para essas mesmas pessoas.
Se o valor do crédito for inferior ao dos bens, o adjudicante depositará de imediato a diferença, ficando esta à disposição do executado; se superior, a execução prosseguirá pelo saldo remanescente (art. 685-A, §1º/CPC). Se o valor dos bens adjudicados for exatamente igual ao do crédito exequendo (o que raramente acontece), extingue-se a execução (arts. 794, I e 795 do CPC).
A adjudicação considera-se perfeita e acabada com a lavratura e assinatura do auto pelo juiz, pelo adjudicante, pelo escrivão e, se for presente, pelo executado, expedindo-se a respectiva carta, se bem imóvel, ou mandado de entrega ao adjudicante, se bem móvel (art. 685-B/CPC).
Efeitos da adjudicação:
1) Constitui título para aquisição do domínio do bem pelo adjudicante, por meio da tradição (bens móveis) ou do registro (bens imóveis);
2) Gera para o adjudicante o direito de imitir-se na posse do bem adjudicado, obrigando o depositário a entregar-lho;
3) Extingue a hipoteca inscrita sobre o bem adjudicado (art. 1499, VI/CC).
7.1.4.2. Alienação por iniciativa particular.
Não realizada a adjudicação dos bens penhorados, o exequente poderá, em caráter subsidiário, requerer sejam eles alienados por sua própria iniciativa ou por intermédio de corretor credenciado perante a autoridade judiciária (art. 685-C/CPC). O juiz fixará o prazo em que a alienação deve ser efetivada, a forma de publicidade, o preço mínimo, as condições de pagamento e as garantias, bem como, se for o caso, a comissão de corretagem (art. 685-C, §1º/CPC). A alienação será formalizada por termo nos autos, assinado pelo juiz, pelo exequente, pelo adquirente e, se for presente, pelo executado, expedindo-se carta de alienação do imóvel para o devido registro imobiliário, ou, se bem móvel, mandado de entrega ao adquirente (art. 685-C, §2º/CPC).
7.1.4.3. Alienação em hasta pública (arrematação).
A alienação em hasta pública tem lugar quando malogra a adjudicação (ou porque ninguém se interessou em adjudicar os bens, ou porque foi impugnada e anulada por qualquer motivo) e não é possível realizar a alienação por iniciativa particular (art. 686/CPC). A arrematação se realiza através de licitação pública, e não tem natureza contratual, mas sim de ato jurisdicional (atividade executiva), prescindindo-se da vontade do executado. O procedimento da arrematação se desdobra em três etapas: 1) Publicação do edital; 2) Licitação (praça ou leilão); e 3) Assinatura do auto (art.694/CPC).
7.1.4.3.1. Publicação do edital.
Visa dar publicidade à alienação dos bens. O art. 686/CPC enumera os requisitos do edital. Se o bem não alcançar lanço superior à importância da avaliação, seguir-se-á, em dia e hora desde logo designados entre os 10 e os 20 dias seguintes, a sua alienação pelo maior lanço, desde que não se trate de preço vil (art. 692/CPC). Quando o valor dos bens penhorados não exceder 60 (sessenta) salários mínimos na data da avaliação, será dispensada a publicação de editais; neste caso, o preço da arrematação não será inferior ao da avaliação (art. 686, §3º/CPC).
EMENTA: TRIBUTÁRIO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO FISCAL. ARREMATAÇÃO. PREÇO VIL. 1. Embora não existam critérios objetivos para a configuração de 'preço vil', a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem adotado como parâmetro o valor equivalente a 50% (cinquenta por cento) da avaliação do bem. 2. Tendo a decisão agravada observado o parâmetrofixado pela jurisprudência, não se encontra presente a relevância da fundamentação do recurso a ensejar o deferimento da liminar. 3. Agravo improvido. (TRF4, AG 5007378-16.2013.404.0000, Primeira Turma, Relator p/ Acórdão Jorge Antonio Maurique, D.E. 24/06/2013)
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO ORDINÁRIA ANULATÓRIA. PROCEDIMENTO EXTRAJUDICIAL PRETÉRITO NÃO EMBARGADO NO PPONTO. PREÇO VIL. AVALIAÇÃO DO IMÓVEL. PRECLUSÃO. Eventuais alegações acerca do preço de avaliação do imóvel, conforme o posicionamento adotado nesta Corte devem ser feitas pela parte executada até a publicação do edital, sob pena de preclusão. Recurso provido. (TRF4, AC 5048835-39.2011.404.7100, Terceira Turma, Relator p/ Acórdão Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, D.E. 27/06/2013)
Devem ser obrigatoriamente intimados da hasta pública, sob pena de nulidade do ato: 1) O executado (art. 687, §5º/CPC); 2) O senhorio direto, o credor com garantia real ou com penhora anteriormente averbada ou o usufrutuário (arts. 619 e 698/CPC); 3) A União, o Estado e o Município, no caso de bem tombado (art. 22, §4º, do DL 25/37), para exercerem o seu direito de preferência.
O art. 619 do CPC fala que será ineficaz, e não nula. Do mesmo modo, o art. 694, § 1º, VI, que remete ao art. 698, ambos do CPC. Didier fala que nesta hipótese é caso de ineficácia. Por outro lado, nos incisos I, III e V do art. 694, § 1º, do CPC, há hipóteses de invalidade. E, no inciso II do art. 694, § 1º, é caso de resolução (Araken de Assis), pois a arrematação será desfeita. No inciso IV, há desistência ou revogação.
CPC, Art. 694. Assinado o auto pelo juiz, pelo arrematante e pelo serventuário da justiça ou leiloeiro, a arrematação considerar-se-á perfeita, acabada e irretratável, ainda que venham a ser julgados procedentes os embargos do executado. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
§ 1o A arrematação poderá, no entanto, ser tornada sem efeito: (Renumerado com alteração do paragrafo único, pela Lei nº 11.382, de 2006).
I - por vício de nulidade; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006). invalidade
II - se não for pago o preço ou se não for prestada a caução; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006). resolução
III - quando o arrematante provar, nos 5 (cinco) dias seguintes, a existência de ônus real ou de gravame (art. 686, inciso V) não mencionado no edital; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006). invalidade
IV - a requerimento do arrematante, na hipótese de embargos à arrematação (art. 746, §§ 1o e 2o); (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006). Desistência ou revogação
V - quando realizada por preço vil (art. 692); (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006). invalidade
VI - nos casos previstos neste Código (art. 698). (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006). ineficácia
7.1.4.3.2. Licitação.
No caso de bens imóveis, realiza-se a praça. Para os bens móveis, realiza-se leilão (art. 686, IV/CPC), ressalvadas as ações negociadas em bolsa de valores, cuja alienação compete às corretoras do mercado financeiro (art. 704/CPC). A praça realizar-se-á no átrio do edifício do Fórum; o leilão, onde estiverem os bens, ou no lugar designado pelo juiz (art. 686, §2º/CPC). As despesas com a praça ficam a cargo do executado. Já no leilão, incumbe ao arrematante pagar a comissão do leiloeiro (art. 705, IV/CPC). A alienação em hasta pública poderá ser substituída, a requerimento do exequente, por alienação realizada pela internet, com uso de páginas virtuais criadas pelos Tribunais ou por entidades públicas ou privadas em convênio com eles firmado (art. 689-A/CPC). 
É admitido a lançar todo aquele que estiver na livre administração de seus bens, com exceção das pessoas enumeradas no art. 690-A/CPC. Admite-se que o próprio exequente participe da licitação (art. 690-A, §ú/CPC), e neste caso não estará obrigado a exibir o preço; mas, se o valor dos bens exceder o seu crédito, depositará, dentro de 3 dias, a diferença, sob pena de ser tornada sem efeito a arrematação, levando-se os bens a nova praça ou leilão à custa do exequente. A lei dá preferência para a proposta de arrematação global, nas condições do art. 691/CPC.
7.1.4.3.3. Assinatura do auto de arrematação.
A arrematação constará de auto que será lavrado de imediato, nele mencionadas as condições pelas quais foi alienado o bem (art. 693/CPC). Assinado o auto pelo juiz, pelo arrematante e pelo serventuário da justiça ou leiloeiro, a arrematação considerar-se-á perfeita, acabada e irretratável, ainda que venham a ser julgados procedentes os embargos do executado (art. 694/CPC). A transferência da propriedade dos bens dar-se-á com a tradição (ordem de entrega dos bens móveis) ou com o registro (carta de arrematação dos bens imóveis). A arrematação poderá, no entanto, ser tornada sem efeito nas hipóteses do art. 694, §1º/CPC (como mencionado acima, nem todas são hipóteses de ineficácia).
Importante destacar que, se o bem arrematado não pertencia ao devedor, o arrematante terá direito de regresso em face do executado, não por força da garantia da evicção (eis que não se trata de contrato oneroso), mas pela aplicação do princípio geral de direito que veda o enriquecimento sem causa. Segundo Barbosa Moreira, o arrematante não tem o direito de manejar as ações edilícias em caso de vício redibitório no bem arrematado, por ausência de previsão legal.
7.1.5. Pagamento ao credor.
O pagamento ao credor far-se-á (art. 708/CPC): I - pela entrega do dinheiro; II - pela adjudicação dos bens penhorados; III - pelo usufruto de bem móvel, imóvel ou de empresa.
Concorrendo vários credores, o dinheiro ser-lhes-á distribuído e entregue consoante a ordem das respectivas preferências (art. 711/CPC). Neste caso, instaura-se no bojo da execução um verdadeiro processo de conhecimento incidente, do qual não participa o devedor (concurso de preferências), conforme se depreende dos artigos 712 e 713/CPC, sendo a decisão do juiz recorrível por agravo de instrumento. Neste momento, se os credores constatarem que o produto da execução é inferior à totalidade de seus créditos, deverão os interessados requerer a insolvência do devedor (art. 748/CPC).
No caso de pagamento através de usufruto de bem do devedor, após a oitiva deste, o juiz nomeará perito para avaliar os frutos e rendimentos do bem e calcular o tempo necessário para o pagamento da dívida (art. 722/CPC), nomeando-se administrador que será investido de todos os poderes que concernem ao usufrutuário (art. 719/CPC). Decretado o usufruto, perde o executado o gozo do móvel ou imóvel, até que o exequente seja pago do principal, juros, custas e honorários advocatícios (art. 717/CPC). Se o imóvel estiver alugado, o inquilino pagará o aluguel diretamente ao exequente usufrutuário, salvo se houver administrador (art. 723/CPC). Não se impede que o devedor aliene o bem objeto de usufruto, até porque o adquirente receberá a coisa com o gravame imposto, e terá de suportá-lo até que o exequente se satisfaça in totum, quando então se extinguirá o usufruto.
4 – MUDANÇAS NOS EMBARGOS À EXECUÇÃO
Só se pode falar em embargos à execução na execução de título extrajudicial e na execução contra a fazenda pública.
O prazo para embargar é de 15 dias, mas com mudança na forma de contar-se este prazo.
Antes, contava-se da intimação da penhora. Agora, conta-se da citação que manda pagar em 3 dias (738).
Art. 738.  Os embargos serão oferecidos no prazo de 15 (quinze) dias, contados da data da juntada aos autos do mandado de citação.
A penhora não é mais um requisito para embargar. Não há mais a exigência de prévia segurança do juízo para embargar.
Pode parecer que isso quebra a premissa da proteção do credor, mas é que os embargos deixaram de ter efeito suspensivo. Só haverá efeito suspensivo quando o juiz assim decidir, a partir de quatro pressupostos: pedido do embargante, garantia do juízo, relevância do fundamento e perigo de dano ao executado.
EFEITO SUSPENSIVO – PEDIDO DO EMBARGANTE, GARANTIA DO JUÍZO, RELEVÂNCIA DO FUNDAMENTO E PERIGO DE DANO AO EXECUTADO
Detalhe:os embargos podem ser opostos sem penhora, mas a impugnação à execução de sentença pressupõe penhora. Isso ocorre porque, na execução de sentença, já houve todo um processo anterior que determinou o débito do devedor, então se exige que fique mais difícil para ele se defender, por isso a necessidade de penhora [há certa divergência conforme visto acima]. Na execução extrajudicial, é a primeira vez em que o executado é chamado a defender-se, por isso há menos rigor.
IMPUGNAÇÃO – NECESSIDADE DE PENHORA (HÁ DIVERGÊNCIA)
EMBARGOS – DESNECESSIDADE DE PENHORA
EMBARGOS EM EXECUÇÃO FISCAL - PELA LEI (ART. 16, I, DA LEF) HÁ NECESSIDADE DE PENHORA (REsp 1272827, 1ª Seção, Repetitivo, julgado em 22/05/2013).
PENHORA INCORRETA OU AVALIAÇÃO ERRÔNEA (745, II)
Trata-se de uma das matérias que podem ser alegadas em embargos. Se a penhora ocorrer depois dos embargos, como poderá o devedor discutir sobre ela?
Para o professor, deverá admitir-se um aditamento aos embargos.
INDEFERIMENTO DA INICIAL DOS EMBARGOS QUANDO MANIFESTAMENTE PROTELATÓRIOS (739, III)
É uma novidade. Esta decisão é com resolução de mérito. É o julgamento de mérito liminar, em que já se julga improcedente (improcedência prima facie), sem ouvir o réu, conforme ocorre nas causas repetitivas (art. 285).
A importância disso reside na consequência de que, como a decisão é de improcedência, faz-se coisa julgada material.
Art. 739. O juiz rejeitará liminarmente os embargos:
III - quando manifestamente protelatórios.
EMBARGOS FUNDADOS EM EXCESSO DE EXECUÇÃO (739-A, §5º)
§ 5o Quando o excesso de execução for fundamento dos embargos, o embargante deverá declarar na petição inicial o valor que entende correto, apresentando memória do cálculo, sob pena de rejeição liminar dos embargos ou de não conhecimento desse fundamento.
Nesta situação, o embargante tem que dizer então quanto ele acha que é o valor correto. É uma regra muito boa (exceptio declinatória quanti). Já existe também na impugnação.
PAGAMENTO EM PARCELAS (FAVOR LEGAL AO EXECUTADO) – 745-A
Art. 745-A.  No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exeqüente e comprovando o depósito de 30% (trinta por cento) do valor em execução, inclusive custas e honorários de advogado, poderá o executado requerer seja admitido a pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e juros de 1% (um por cento) ao mês.
Se o devedor depositar 30% do que deve, tem o direito potestativo de pagar o restante em 6 parcelas. Se ele deixar, no entanto, de pagar 1 dessas prestações, todas serão reputadas vencidas, mesmo as próximas, e ele terá que pagar multa de 10%, não podendo mais embargar.
§ 1o  Sendo a proposta deferida pelo juiz, o exeqüente levantará a quantia depositada e serão suspensos os atos executivos; caso indeferida, seguir-se-ão os atos executivos, mantido o depósito. 
§ 2o  O não pagamento de qualquer das prestações implicará, de pleno direito, o vencimento das subseqüentes e o prosseguimento do processo, com o imediato início dos atos executivos, imposta ao executado multa de 10% (dez por cento) sobre o valor das prestações não pagas e vedada a oposição de embargos.
DEPÓSITO DE 30% - PAGAMENTO EM 6 MESES – MULTA DE 10% (SE NÃO CUMPRIR – E PARCELAS CONSIDERADAS VENCIDAS)
5 – MUDANÇAS QUANTO AO PAGAMENTO AO CREDOR
Antes, a forma prioritária de pagamento ao credor era a hasta pública. 
Hoje, a adjudicação é a forma prioritária, tanto para móveis quanto para imóveis. Se o credor quiser adjudicar, é a preferência.
Se o credor não quiser adjudicar, ou não puder, há uma forma nova: leilão privado (alienação particular). Nessa modalidade, o credor pode indicar um comprador que encontrar.
Art. 647. A expropriação consiste: 
I - na adjudicação em favor do exeqüente ou das pessoas indicadas no § 2o do art. 685-A desta Lei;
II - na alienação por iniciativa particular;
III - na alienação em hasta pública;
IV - no usufruto de bem móvel ou imóvel.
ALIENAÇÃO POR INICIATIVA PARTICULAR
O artigo 647 do Código de Processo Civil expressamente autoriza o credor exeqüente a adjudicar em seu favor o bem constrito, além de criar a autorização para que a alienação do bem penhorado ocorra por iniciativa particular. Estas modalidades se somam à hasta pública e ao leilão como possíveis procedimentos para se garantir a satisfação do crédito. 
Antes, a forma prioritária de pagamento ao credor era a hasta pública. 
Hoje, a adjudicação é a forma prioritária, tanto para móveis quanto para imóveis. Se o credor quiser adjudicar, é a preferência.
INDICAÇÃO DE BENS PELO CREDOR
A nomeação de bens à penhora deixa de ser uma absoluta prerrogativa do devedor, podendo o credor-exeqüente, já na petição inicial da ação de execução, apontar os bens do devedor que são passíveis de penhora (652, §2º). E se o bem indicado à penhora for dinheiro, poderá o magistrado, utilizando-se do disposto no artigo 655-A do Código de Processo Civil, determinar a penhora on line das quantias existentes em aplicações financeiras de titularidade do devedor; respeitando-se, sempre, o limite correspondente ao débito executado. 
652, § 2o  O credor poderá, na inicial da execução, indicar bens a serem penhorados (art. 655).
§ 3o  O juiz poderá, de ofício ou a requerimento do exequente, determinar, a qualquer tempo, a intimação do executado para indicar bens passíveis de penhora.
Art. 655-A. Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou aplicação financeira, o juiz, a requerimento do exeqüente, requisitará à autoridade supervisora do sistema bancário, preferencialmente por meio eletrônico, informações sobre a existência de ativos em nome do executado, podendo no mesmo ato determinar sua indisponibilidade, até o valor indicado na execução.
Assim, ou o credor indica o que penhorar ou o juiz ordena que o devedor indique, sob pena de se considerar o ato atentatório à dignidade da justiça. O juiz pode determinar que o Bacen indique os ativos financeiros do devedor.
A indicação de ativos financeiros pelo Bacen não significa quebra do sigilo bancário. Ela serve apenas para verificar se o devedor tem conta, quanto tem em conta, para determinar a indisponibilidade do valor suficiente à penhora.
Compete ao executado comprovar que as quantias depositadas em conta corrente são impenhoráveis (art.655-A, §2º/CPC), como o salário, por exemplo.
SUBSTITUIÇÃO DO BEM PENHORADO
Foram estabelecidas condições para a substituição do bem penhorado (artigo 656 do Código de Processo Civil), dentre elas a ocorrência de constrição sobre bens considerados como de baixa liquidez. 
Relativamente à substituição do bem penhorado por fiança bancária ou por seguro garantia judicial, a nova lei exige que tais instrumentos garantam o pagamento do total da dívida executada, mais 30% (trinta por cento) (artigo 656, parágrafo 2º, do Código de Processo Civil). 
O artigo 656, parágrafo 1º, do Código de Processo Civil, institui como dever do executado indicar, no prazo fixado pelo juiz, a localização dos bens sujeitos à execução, bem como determina que o executado se abstenha de qualquer atitude que dificulte ou embarace a efetivação da penhora. 
O artigo 659, parágrafo 6º, do Código de Processo Civil, reforça a possibilidade da penhora on line, bem como da realização, por meios eletrônicos, de averbações de penhoras de bens imóveis e móveis. 
Art. 656. A parte poderá requerer a substituição da penhora:
I - se não obedecer à ordem legal;
II - se não incidir sobre os bens designados em lei, contrato ou ato judicial para o pagamento;
III - se, havendo bens no foro da execução, outros houverem sido penhorados;
IV - se, havendo bens livres, a penhora houver recaído sobre bens já penhorados ou objeto de gravame;
V - se incidir sobre bens de baixa liquidez;
VI - se fracassar a tentativa de alienação judicial do bem; ou
VII - se o devedor não indicar o valor dos bens ou omitir qualquer das indicações a que se referem os incisos I a IV do parágrafo único do art. 668 desta Lei.
§ 1o  É dever do executado (art. 600),no prazo fixado pelo juiz, indicar onde se encontram os bens sujeitos à execução, exibir a prova de sua propriedade e, se for o caso, certidão negativa de ônus, bem como abster-se de qualquer atitude que dificulte ou embarace a realização da penhora (art. 14, parágrafo único).
§ 2o  A penhora pode ser substituída por fiança bancária ou seguro garantia judicial, em valor não inferior ao do débito constante da inicial, mais 30% (trinta por cento).
§ 3o  O executado somente poderá oferecer bem imóvel em substituição caso o requeira com a expressa anuência do cônjuge
659, § 6o  Obedecidas as normas de segurança que forem instituídas, sob critérios uniformes, pelos Tribunais, a penhora de numerário e as averbações de penhoras de bens imóveis e móveis podem ser realizadas por meios eletrônicos.
PENHORA INCORRETA OU AVALIAÇÃO ERRÔNEA (745, II)
Trata-se de uma das matérias que podem ser alegadas em embargos. Se a penhora ocorrer depois dos embargos, como poderá o devedor discutir sobre ela?
- EXECUÇÃO (Título Extrajudicial) DE OBRIGAÇÃO DE FAZER E NÃO FAZER
Art. 632. Quando o objeto da execução for obrigação de fazer, o devedor será citado para satisfazê-la no prazo que o juiz Ihe assinar, se outro não estiver determinado no título executivo. (Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)
Art. 633. Se, no prazo fixado, o devedor não satisfizer a obrigação, é lícito ao credor, nos próprios autos do processo, requerer que ela seja executada à custa do devedor, ou haver perdas e danos; caso em que ela se converte em indenização.
Parágrafo único. O valor das perdas e danos será apurado em liquidação, seguindo-se a execução para cobrança de quantia certa.
Art. 634.  Se o fato puder ser prestado por terceiro, é lícito ao juiz, a requerimento do exeqüente, decidir que aquele o realize à custa do executado. "(Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
Acabou-se com a licitaçãozinha que antes estava prevista.
Parágrafo único.  O exeqüente adiantará as quantias previstas na proposta que, ouvidas as partes, o juiz houver aprovado. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
Art. 635. Prestado o fato, o juiz ouvirá as partes no prazo de 10 (dez) dias; não havendo impugnação, dará por cumprida a obrigação; em caso contrário, decidirá a impugnação.
Art. 636. Se o contratante não prestar o fato no prazo, ou se o praticar de modo incompleto ou defeituoso, poderá o credor requerer ao juiz, no prazo de 10 (dez) dias, que o autorize a concluí-lo, ou a repará-lo, por conta do contratante.
Parágrafo único. Ouvido o contratante no prazo de 5 (cinco) dias, o juiz mandará avaliar o custo das despesas necessárias e condenará o contratante a pagá-lo.
Art. 637. Se o credor quiser executar, ou mandar executar, sob sua direção e vigilância, as obras e trabalhos necessários à prestação do fato, terá preferência, em igualdade de condições de oferta, ao terceiro.
Parágrafo único. O direito de preferência será exercido no prazo de 5 (cinco) dias, contados da apresentação da proposta pelo terceiro (art. 634, parágrafo único). (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
Art. 638. Nas obrigações de fazer, quando for convencionado que o devedor a faça pessoalmente, o credor poderá requerer ao juiz que Ihe assine prazo para cumpri-la. (obrigação personalíssima)
Parágrafo único. Havendo recusa ou mora do devedor, a obrigação pessoal do devedor converter-se-á em perdas e danos, aplicando-se outrossim o disposto no art. 633.
Da Obrigação de Não Fazer 
em caso de descumprimento e não sendo possível desfazer o ato, converte-se em tutela pelo equivalente monetário (art. 643, p. u., do CPC)
Art. 642. Se o devedor praticou o ato, a cuja abstenção estava obrigado pela lei ou pelo contrato, o credor requererá ao juiz que Ihe assine prazo para desfazê-lo.
Art. 643. Havendo recusa ou mora do devedor, o credor requererá ao juiz que mande desfazer o ato à sua custa, respondendo o devedor por perdas e danos. 
Parágrafo único. Não sendo possível desfazer-se o ato, a obrigação resolve-se em perdas e danos.
Seção III
Das Disposições Comuns às Seções Precedentes
Art. 644. A sentença relativa a obrigação de fazer ou não fazer cumpre-se de acordo com o art. 461, observando-se, subsidiariamente, o disposto neste Capítulo. (Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
Art. 645. Na execução de obrigação de fazer ou não fazer, fundada em título extrajudicial, o juiz, ao despachar a inicial, fixará multa por dia de atraso no cumprimento da obrigação e a data a partir da qual será devida. "(Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)
Parágrafo único. Se o valor da multa estiver previsto no título, o juiz poderá reduzi-lo se excessivo.(Incluído pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)
7.1. Execução de obrigações de fazer ou não fazer.
A realização de fazer fungível pode ser obtida:
pela imposição de multa coercitiva (art. 632 e 645 do CPC), 
realização da prestação por terceiro, a custa do devedor (art. 634 do CPC) – ver art. 249 do CC!
 realização da prestação pelo próprio exeqüente ou sob sua direção e vigilância (art. 637 do CPC) – se o credor assim o desejar, tem preferência sobre o terceiro, em igualdade de condições de oferta (dir. de preferência deve ser exercido no prazo de cinco dias da apresentação da proposta do terceiro). 
por fim, pode o credor optar pela conversão em perdas e danos, cujo valor será apurado em liquidação. 
Quanto ao fazer infungível, pode ser obtido:
 pela imposição da multa (art. 638, caput, e 645 do CPC). 
conversão da tutela específica em tutela pelo equivalente monetário (art. 638, p.u., do CPC)
Quanto à obrigação de não fazer:
a tutela específica dessa obrigação só pode ser alcançada pela imposição de multa coercitiva fixa, a fim de que o devedor observe o comportamento negativo
em caso de descumprimento, resta a imposição ao devedor para que desfaça, aqui também com a fixação de astreintes (nesse caso, não de forma fixa, e sim periódica). Se houver mora ou recusa no desfazimento, pode o juiz determinar que isso seja feito à custa do devedor, por um terceiro, pelo próprio exeqüente ou sob sua direção e vigilância (art. 643, caput, do CPC)
em caso de descumprimento e não sendo possível desfazer o ato, converte-se em tutela pelo equivalente monetário (art. 643, p. u., do CPC)
7.1.1. Ausência de patrimonialidade.
Aqui valem as mesmas observações quanto à tutela específica das obrigações de fazer e não fazer decorrentes de sentença (art. 461 do CPC). O princípio da patrimonialidade da execução fica esgarçado nas execuções de obrigação de fazer ou de se abster, especialmente quando concernentes aos direitos da personalidade Não há aqui a execução por expropriação patrimonial: não se visa ao patrimônio do “executado”.A dita “execução específica” das obrigações de fazer e de não-fazer infungíveis se implementa por meio de coerção pessoal (no money judgements), nos termos do § 5º do art. 84 do CDC e do § 5º do art. 461 do CPC. Ora, por imperiosa necessidade prática, o magistrado não resolve o inadimplemento em perdas e danos, mas sim, “para a tutela específica ou para a obtenção do resultado prático equivalente”, ordena “as medidas necessárias, tais como busca e apreensão, remoção pessoas e coisas [...]”. Não há, portanto, atividade sub-rogatória: o Estado-juiz não faz em favor do credor o que deveria haver sido feito pelo devedor, mas não o foi. Só indiretamente os bens do obrigado responderão pelo custo que a realização do fazer haja acarretado. Além do mais, a hipótese do art. 461 do CPC não encerra invariavelmente uma atividade executiva. Ora, “[...] as ações do artigo 461 ou serão executivas, quando se peça o desfazimento de obras, tal como será executiva a ordem de demolição na ação de nunciação de obra nova, ou serão mandamentais se o juiz, atendendo ao pedido da parte, ordenar cessação de atividades nocivas”. [1: SILVA, Ovídio A. Baptista da. “Ação para cumprimento das obrigações de fazer e não fazer”. In Da sentença liminar à nulidade da sentença. Rio de Janeiro: Forense,2001, p. 166]
Vislumbra-se que o ordenamento superou a visão clássica da intangibilidade da vontade humana, que determina a conversão de toda obrigação inadimplida em prestação pecuniária. Hoje vige o princípio da primazia da tutela específica ou da máxima coincidência possível: o objetivo é dar ao credor tudo o que obteria se o devedor tivesse cumprido espontaneamente a obrigação.
7.1.2. As astreintes
A execução das obrigações de fazer e não-fazer faz-se por meios indiretos de coerção, isto é, por meio de instrumentos de que se vale o Estado para pressionar a vontade do obrigado, fazendo com que ele próprio cumpra o dever inadimplido, sem que haja qualquer atividade sub-rogatória. É o caso da multa diária (astreinte) prevista no artigo 645 do CPC, passível de ser fixada ex officio pelo juiz (aplica-se aqui a disciplina do art. 461 do CPC sobre a multa coercitiva).[2: Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.§ 1o A obrigação somente se converterá em perdas e danos se o autor o requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente.§ 2o A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa (art. 287).§ 3o Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou mediante justificação prévia, citado o réu. A medida liminar poderá ser revogada ou modificada, a qualquer tempo, em decisão fundamentada.§ 4o O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento do preceito.§ 5o Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas necessárias, tais como a imposição de multa por tempo de atraso, busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se necessário com requisição de força policial. § 6o O juiz poderá, de ofício, modificar o valor ou a periodicidade da multa, caso verifique que se tornou insuficiente ou excessiva.]
Ademais, pode o juiz fixar a multa de forma fixa, periódica ou progressiva, conforme a necessidade do caso – dever do juiz de dar tutela adequada e eficaz aos direitos. 
A astreinte incide a partir do primeiro dia seguinte ao prazo estabelecido pelo juiz para o cumprimento da obrigação, salvo se este dispor de maneira diversa. Súmula 410/STJ: "A prévia intimação pessoal do devedor constitui condição necessária para a cobrança de multa pelo descumprimento de obrigação de fazer ou não fazer."Todavia, expirado o prazo sem que tenha havido adimplemento, torna-se a multa imediatamente exigível. 
Discute-se na doutrina e jurisprudência quando poderia ser feita a cobrança do valor correspondente. Para a primeira corrente, a executoriedade da multa diária fixada independe da posterior confirmação em sentença da procedência de eventuais embargos. A segunda defende a exigibilidade das astreintes somente após o trânsito em julgado (embora incidente desde o descumprimento), condicionada, ainda, à procedência da ação – posição de Marinoni. Parece que semelhante controvérsia existe no STJ sobre a cobrança de multa coercitiva fixada em antecipação de tutela: 
PROCESSUAL CIVIL. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. ASTREINTES. EXIGIBILIDADE.PROCEDÊNCIA DA DEMANDA. TRÂNSITO EM JULGADO.
1. Coercibilidade das astreintes fixadas em antecipação de tutela reside na possibilidade de sua cobrança futura que, só se dará com o trânsito em julgado da sentença de procedência da demanda.
2. Incidência a contar do dia do descumprimento da ordem judicial.
3. Agravo regimental provido.(AgRg nos EDcl no REsp 871.165/RS, Rel. Ministro PAULO FURTADO, TERCEIRA TURMA, julgado em 10/08/2010, DJe 15/09/2010)
INFORMATIVO 422EXECUÇÃO. LIMINAR. ASTREINTES.
A irresignação recursal consiste em saber da possibilidade de execução definitiva da multa diária (astreintes) fixada em decisão liminar nos autos de ação popular contra prefeito ajuizada para remoção de placas com símbolo de campanha instaladas em obras públicas. Segundo observa o Min. Relator, a tutela antecipada efetiva-se via execução provisória, que agora se processa como definitiva (art. 475-O do CPC), além de que a jurisprudência deste Superior Tribunal, em situações análogas, já assentou que a decisão interlocutória que fixa multa diária por descumprimento de obrigação de fazer é título executivo hábil para a execução definitiva. Sendo assim, a execução de multa diária (astreintes) por descumprimento de obrigação fixada em liminar concedida em ação popular pode ser realizada nos próprios autos, consequentemente não carece de trânsito em julgado da sentença final condenatória. Ademais, quanto à questão de deserção do REsp por ausência de pagamento das custas de remessa e retorno, trata-se de recurso interposto por autor popular que goza do benefício da isenção (art. 5º, LXXIII, da CF/1988). Nesse contexto, a Turma deu provimento ao recurso. Precedentes citados: AgRg no Ag 1.040.411-RS, DJe 19/12/2008; REsp 1.067.211-RS, DJe 23/10/2008; REsp 973.647-RS, DJ 29/10/2007; REsp 689.038-RJ, DJ 3/8/2007; REsp 869.106-RS, DJ 30/11/2006, e REsp 885.737-SE, DJ 12/4/2007. REsp 1.098.028-SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 9/2/2010.
Acrescente-se que a multa coercitiva tem limites temporais e quantitativos. Sob o ponto de vista temporal, não se há de impingi-la ad eternum se ela se mostra ineficaz para dissuadir a resistência do réu (razão por que o juiz poderá, de ofício, modificar o valor ou a periodicidade da multa, caso verifique que se tornou insuficiente ou excessiva, nos termos do § 6º do artigo 461 do Código). Já o ponto de vista quantitativo, a fixação do seu valor deve ser regida pelo princípio da razoabilidade, não obstante deva ser alta, a fim de desestimular o descumprimento da determinação judicial. De todo modo, se bem que exista para dissuadir o réu ao inadimplemento, tornando a execução por expropriação desnecessária, não podem ser usadas essas multas contra uma pessoa sem patrimônio: o seu objetivo é dissuasório (i.é., tem natureza meramente coercitiva), não expiatório-punitiva (cf. SILVA, Ovídio Baptista da. Curso de processo civil. v. 2. 4. ed. São Paulo: RT, 2000, p. 150).
	Em suma: a multa diária coercitiva do § 5º do artigo 461 do CPC é variável, repetitiva, ilimitada, aplicável ope iudicis, devida ao credor, exigível independentemente do resultado da demanda.
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. MEDICAMENTO. SUS. LEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. REQUISITOS. ASTREINTES. POSSIBILIDADE. 1. A responsabilidade é solidária entre as três esferas de governo, o que autoriza a propositura da ação contra um, alguns ou todos os responsáveis solidários, conforme opção do interessado e respeitados os limites subjetivos da lide. 2. Estando precariamente instruído o instrumento, é de rigor a manutenção da decisão que deferiu a antecipação da tutela, privilegiando o direito fundamental à saúde. 3. É cabível, mesmo contra a Fazenda Pública, a cominação de multa diária (astreintes) como meio executivo para cumprimento de obrigação de fazer ou entregar coisa (artigos 461 e 461-A do CPC). Todavia, sua aplicação está sujeita a juízo de adequação, compatibilidade e necessidade. 4. O valor adotado por este Regional, para a multa referida, é de R$ 50,00 (cinquenta reais) por dia de atraso - valor adequado para inibir o descumprimento da decisão judicial, cuja exigibilidade, obviamente, fica condicionada à inadimplência do devedor. 5. Agravo de instrumento parcialmente provido. (TRF4, AG 0003619-37.2010.404.0000, Terceira Turma, Relator Nicolau Konkel Júnior, D.E. 28/02/2011)7.1.4. Impossibilidade de prisão civil
Apesar da imposição de multa diária e das medidas de apoio, se o réu se mantiver recalcitrante, pergunta-se se é possível a sua prisão, uma vez que a desobediência à determinação judicial desprestigia a dignidade do Poder Judiciário, tal como se dá em países anglo-saxões com a figura do Contempt of Court. Entendem possível no Brasil ARAKEN DE ASSIS, ATHOS GUSMÃO CARNEIRO, JORGE PRNHEIRO CASTELO, SÉRGIO SAHIONE FADEL, JOEL DIAS FIGUEIRA JUNIOR, DONALDO ARMELIN, SÉRGIO SHIMURA, LUIZ GUILHERME MARINONI e MARCELO LIMA GUERRA, sob os argumentos de que: a) a Constituição de 1988, embora vede a prisão por dívida (artigo 5º, LXVII), não impede a restrição da liberdade em caso de descumprimento de uma ordem judicial legítima; b) se houvesse ofensa a direitos fundamentais da pessoa humana, não se compreenderiam os motivos para a admissão do instrumento nos Estados Unidos, na Inglaterra e na Alemanha, onde também se proíbe a prisão por dívida. Todavia, a maioria da doutrina e da jurisprudência é contra: o juiz cível é desprovido de competência ratione materiae para decretar prisão por desobediência às suas ordens, razão porque só lhe cabe determinar a extração de peças para encaminhar ao MPF. (obs.: EDUARDO TALAMINI e KAZUO WATANABE entendem tratar-se de crime de desobediência; CÁSSIO SCARPINELLA BUENO adverte que, se o sujeito ativo for servidor público, o crime será então de prevaricação). Na tutela específica das obrigações de fazer e não-fazer, a responsabilidade penal do réu não resolve o problema da recalcitrância: i) o indiciamento do recalcitrante não apressa o cumprimento face à demora da persecução penal; ii) a sanção penal de detenção de 15 dias a 6 meses, e multa, propicia as vantagens da Lei 9.099/95.[3: PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. DESOBEDIÊNCIA. FUNCIONÁRIO PÚBLICO. AMEAÇA DE PRISÃO. CONCESSÃO DA ORDEM.1. Esta Turma, em vários precedentes, na linha de julgados do STJ, tem entendido que o juiz federal cível não tem poderes para expedir mandado de prisão fora dos casos de depositário infiel ou de devedor de alimentos; e que, na hipótese de flagrante por crime permanente, como o suposto descumprimento de ordem judicial, não cabe ao juiz dar a respectiva ordem, pois se trata de prisão sem mandado, embora tenha, como qualquer do povo, a faculdade de proceder à prisão se o crime ocorrer na sua presença. (Cf. art. 301 - Código de Processo Penal.)2. O crime de desobediência, inserido no capítulo do Código Penal que tipifica os crimes praticados por particular contra a administração em geral, não pode ter como sujeito ativo o funcionário público (no caso, pelo conceito ampliado do parágrafo único do art. 327 do Código Penal).3. Cuidando-se de infração classificada como de menor potencial ofensivo - aquela em que a lei comine pena máxima não superior a dois anos -, em princípio não comporta prisão em flagrante, desde que, lavrado o termo circunstanciado e encaminhado ao juizado, assuma o autor o compromisso de a ele comparecer (cf. Lei nº 9.099/95 - art. 69).4. Ordem concedida.(HC 2007.01.00.006726-9/BA, Rel. Desembargador Federal Olindo Menezes, Conv. Juiz Federal Saulo Casali Bahia (conv.), Terceira Turma,DJ p.31 de 13/04/2007)]
De outro lado, a doutrina e a jurisprudência penal são quase unânimes em afirmar que deve existir expressa previsão legal para acumular-se, v.g., a sanção de direito processual civil (e.g., multa diária; execução forçada) com a sanção prevista no art. 330 do CP(RT 399/283, 412/401, 558/319, 728/562; JUTACRIM 46/353, 77/143, 94/199; FARIA, Bento de. Código Penal Brasileiro. v. 5, p. 552; HUNGRIA, Nelson. Comentários ao Código Penal. v. IX, p. 417; JESUS, Damásio Evangelista de. Direito Penal. v. 4, p. 187; NORONHA, Magalhães. Direito Penal. v. 4, p. 302).Neste sentido, só existe induvidoso crime de desobediência no caso de Prefeito, pois expressamente previsto no art. 1º, XIV, do Decreto-lei 201/67 (“deixar de cumprir ordem judicial, sem dar o motivo da recusa ou da impossibilidade, por escrito, à autoridade competente”). 
7.2. Execução de dar coisa certa ou incerta.
Obrigação de dar coisa certa – o devedor é citado para, em 10 dias, entregar a coisa ou apresentar embargos (o art. 621 exige a segurança do juízo, mas o art. 736 do CPC não traz mais essa condição para a oposição de embargos, mas apenas para lhe conferir efeito suspensivo). O juiz pode fixar astreintes para compelir o devedor ao cumprimento, havendo aplicação subsidiária das medidas de apoio previstas no art. 461-A do CPC. Se a coisa não for entregue, nem admitidos embargos com efeito suspensivo, é expedido mandado de imissão na posse (imóvel) ou de busca e apreensão (móvel).Não sendo possível a tutela específica ou se o preferir o credor, converte-se em tutela ressarcitória, com pagamento do valor da coisa, mais perdas e danos.
7.2.1. Especificidade.
Essas ações se voltam para o cumprimento de obrigação de entregar coisa, que não dinheiro. No entanto, aqui, está-se diante de “execução por créditos”, i.é., execução nascida de relação obrigacional. Não se está a falar, portanto, de qualquer pretensão a obter restituição de coisa certa, ou a haver posse de coisa determinada, independentemente da natureza do direito afirmado pelo autor, porquanto, no direito brasileiro, nem todas as pretensões a haver coisa certa se fundam em relações obrigacionais. A execução de sentença de procedência em ação de despejo, de depósito ou de reintegração de posse, p. ex., é também demanda que têm por fim a execução para entrega de coisa certa; entretanto, pela sistemática adotada pelo Código Processual Civil, está fora do campo abrangido pelo que se deve entender por execução para o cumprimento de obrigação de entregar coisa certa (SILVA, Ovídio Araújo Baptista da. Curso de processo civil. v. 2. 4. ed. São Paulo: RT, 2000, pp. 121-123).
Também não há confusão entre a execução para a entrega de coisa certa e a execução por quantia certa contra devedor solvente, especialmente quando a constrição nesta recair sobre o próprio objeto do direito correspondente à obrigação inadimplida: na execução para a entrega de coisa, o bem apreendido, ou depositado, é entregue ao credor (já que a entrega da coisa é a prestação não-realizada); já na execução por quantia certa, o produto da alienação do bem penhorado é convertido em favor do credor ou o próprio bem é transferido a título de adjudicação (visto que a prestação não-realizada é o pagamento de soma em dinheiro).
7.2.2. Convolação da execução para a entrega de coisa em execução por quantia certa.
Na hipótese do art. 627 do CPC, há alteração na natureza da execução ajuizada. De acordo com o dito dispositivo legal, “o credor tem direito a receber, além de perdas e danos, o valor da coisa, quando esta não lhe for entregue, se deteriorou, não for encontrada ou não for reclamada do poder de terceiro adquirente”. Logo, extingue-se a obrigação de entrega de coisa certa por impossibilidade superveniente da prestação, e nasce a obrigação de pagar quantia certa. Porém, não obstante extinta a obrigação específica, permanece a dívida, cuja liquidação se dá por meio de uma ação de liquidação embutida.
7.2.3. O julgamento da escolha na entrega de coisa incerta.
Na execução para entrega de coisa incerta, “quando a execução recair sobre coisas determinadas pelo gênero e quantidade, o devedor será citado para entregá-las individualizadas, se lhe couber a escolha; mas se essa couber ao credor, este a indicará na petição inicial” (CPC, art. 629). “Qualquer das partes poderá, em 48 (quarenta e oito) horas, impugnar a escolha feita pela outra, e o juiz decidirá de plano, ou, se necessário, ouvindo perito de sua nomeação” (CPC, art. 630). Jurisprudência e doutrina afirmam que a decisão se reveste de coisa julgada material: o magistrado julga a escolha, declarando-a eficaz ou ineficaz. Aliás, como bem aponta PONTES DE MIRANDA, trata-se de matéria típica de embargos do devedor, que, por técnica legislativa, se tornou mais simples e breve (Comentáriosao Código de Processo Civil. t. X. Rio de Janeiro: Forense, 1976, p. 81). Daí por que, tendo sido julgada “de plano” a escolha, não poderá ser ela ser rediscutida ulteriormente em sede de embargos.
7.2.4. Direito de retenção.
Ao executado se assegura o direito de retenção, que é o poder( “direito formativo” ou “direito potestativo”) outorgado ao devedor de opor-se à restituição da coisa, em sua posse, a quem a reclama como sua, ou seja, é posição jurídica subjetiva ativa elementar, cujo exercício cria, altera ou extingue situações jurídicas que se remetem a um outro sujeito, o qual simplesmente se sujeita aos efeitos dessa manifestação de vontade, sem que nada possa fazer contra ela. Por essa razão, o prazo para invocar-se direito de retenção é decadencial.
Trata-se de exceção do possuidor de boa-fé. É obrigatória a liquidação prévia do valor das benfeitorias, sendo exigido, portanto, o reconhecimento, no título executivo, das benfeitorias a serem indenizadas. Se o exeqüente não deposita o valor das benfeitorias indenizáveis, tem o executado ou terceiro de boa fé o direito de reter a coisa, mas deve alegá-lo em embargos à execução (art. 745, IV) ou em embargos de terceiro. 
Art. 745. Nos embargos, poderá o executado alegar: 
I - nulidade da execução, por não ser executivo o título apresentado; 
II - penhora incorreta ou avaliação errônea;
III - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;
IV - retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de título para entrega de coisa certa (art. 621); 
V - qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo de conhecimento. 
§ 1° Nos embargos de retenção por benfeitorias, poderá o exeqüente requerer a compensação de seu valor com o dos frutos ou danos considerados devidos pelo executado, cumprindo ao juiz, para a apuração dos respectivos valores, nomear perito, fixando-lhe breve prazo para entrega do laudo. 
§ 2° O exeqüente poderá, a qualquer tempo, ser imitido na posse da coisa, prestando caução ou depositando o valor devido pelas benfeitorias ou resultante da compensação. 
ATENÇÃO: lembrar que o direito de retenção deve ser alegado em embargos no tocante a obrigação fixada em título extrajudicial. Tratando-se de ação fundada no art. 461-A, o direito de retenção deve ser alegado na contestação.Se o direito de retenção não for argüido oportunamente, opera-se a decadência, mas o devedor ainda poderá ajuizar ação autônoma para pleitear a indenização das benfeitorias. 
7.3. Execução contra a Fazenda Pública.
Dada a impenhorabilidade e indisponibilidade dos bens públicos, a execução contra a Fazenda Pública segue uma sistemática própria, caracterizada pela expedição de precatório ou de RPV. Na execução contra a FP, não há a adoção de medidas expropriatórias. Quando se fala em FP, leia-se pessoas jurídicas de direito público. E, conforme entendimento do STF, a EBCT.
7.3.1. O novo regime de “cumprimento de sentença” e a execução contra a Fazenda Pública.
As sentenças condenatórias nas ações de conhecimento aforadas em face da Fazenda Pública não se sujeitam ao regime do cumprimento de sentença previsto na Lei nº 11.232/2005. É bem verdade que a Lei nº 11.232/2005, extinguiu no direito brasileiro a figura da “ação de execução de sentença”. Mas não revogou os artigos 730 a 731 do CPC (Livro, II, Título II, Capítulo IV, Seção III), que tratam da execução contra a Fazenda Pública. Portanto, no que tange à execução por quantia certa, há dois regimes: a) contra particulares, executar-se-á a sentença nos próprios autos, sem necessidade de aforar-se actio iudicati, (não se cria uma outra relação processual); b) contra o Poder Público, a execução se faz por meio de “ação” e desenvolve-se em uma relação processual autônoma, mediante citação (CPC, art. 730, caput). Não existe aqui executividade propriamente dita, porque contra o Estado não se exercita atividade forçada de retirada de bens do patrimônio público para transferi-los à esfera do credor: os bens públicos são impenhoráveis (CF, art. 100, caput e §§). 
Assim, no caso de não serem opostos embargos, a “execução” não prossegue com a avaliação e o praceamento de bens do devedor (CPC, artigo 680 e ss.). Contra o Poder Público não se há de praticar atividade executiva, salvo na hipótese de “seqüestro”, nos termos do art. 731 do CPC: não há citação para que o executado pague ou nomeie bens à penhora. Todavia, ao requisitar pagamento por intermédio do presidente do tribunal competente (CPC, art. 730, I), o juiz emite uma ordem dirigida à entidade pública, determinando a ela que tome as providências legais de natureza administrativa e legislativa tendentes a possibilitar o pagamento. Portanto, a sentença condenatória por quantia proferida contra a Fazenda Pública encerra maior dose de eficácia mandamental do que propriamente de eficácia executiva(COSTA, Eduardo José da Fonseca Costa. “A efetivação das liminares monetárias contra a Fazenda Pública”. In Revista Tributária e de Finanças Públicas nº 56, p. 20). 
Mandamental (obrigação de fazer, não fazer e dar coisa certa). 
Executiva lato sensu (ex: despejo, reintegração de posse). 
A tutela mandamental é aquela que se caracteriza por uma ordem acompanhada de uma coação psicológica.
A tutela executiva lato sensu implica uma substituição do devedor pelo Estado no cumprimento da prestação. As executivas lato sensu só servem para obrigações fungíveis. Isso porque o Estado não pode substituir o devedor no cumprimento das obrigações infungíveis.
Aqui, o mandado não deflui diretamente da sentença de condenação; tem de pedir-se em demanda autônoma. Em verdade, no que respeita à “execução” contra a Fazenda Pública, a Lei nº 11.232/2005 cingiu-se a criar capítulo específico para os “embargos à execução contra a Fazenda Pública” (Livro II, Título III, Capítulo II, artigo 741, caput, incisos e parágrafo único).
Se a sentença proferida contra a FP for ilíquida, são aplicáveis ao caso os arts. 475-A a 475-H do CPC, relativos à fase de liquidação do título judicial. Como não se aplica à FP a fase de cumprimento de sentença, não incide a multa de 10% prevista no art. 475-J do CPC.
Sobre a prescrição da ação executiva:
PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA. TENTATIVA DE REALIZAR COMPENSAÇÃO PELA VIA ADMINISTRATIVA. NÃO INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO. DECURSO DO PRAZO DO ART. 1º DO DECRETO N. 20.910/32.SÚMULA N. 150/STF. PRELIMINAR DE MÉRITO ACOLHIDA EM RAZÃO DA OCORRÊNCIA DA PRESCRIÇÃO.
1. A execução contra a Fazenda Pública foi proposta após transcorrido o prazo prescricional de 5 anos do trânsito em julgado da sentença exequenda. Incidência da Súmula n. 150/STF, a qual dispõe que a execução prescreve no mesmo prazo da ação.
2. É cediço que o prazo para pleitear direito contra a Fazenda Pública é de 5 anos, nos termos do art. 1º do Decreto n. 20.910/32.
3. A jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça entende que o pedido administrativo de compensação de indébito não interrompe a prescrição para executar a Fazenda Pública. Assim, cabia à empresa exeqüente formular judicialmente a pretensão executiva antes de decorrido o lapso prescricional, o que não ocorreu na hipótese.
4. Recurso especial conhecido e provido para acolher a ocorrência de prescrição da pretensão de executar a Fazenda Pública.(REsp 1035441/SC, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 03/08/2010, DJe 24/08/2010)
7.3.2. Embargos à execução movida contra a Fazenda
Proposta a ação de execução contra a FP, esta é citada para, no prazo de 30 dias, opor embargos. Aos embargos da FP não se aplica o disposto no art. 739-A, §1º, do CPC. Como a CF exige o trânsito em julgado para a expedição de precatório ou de RPV, deduz-se que os embargos da FP sempre terão efeito suspensivo. Por outro lado, conforme Leonardo Cunha aponta, o STJ entende aplicável à FP o disposto no art. 739-A, §3º do CPC, segundo o qual, se os embargos forem parciais, a execução prossegue quanto à parte não embargada. É dizer, quanto à parcelaincontroversa, já pode ser expedido o precatório, sem que se configure o fracionamento vedado no art. 100, §8º da CF.[4: Esse prazo foi instituído pela MP 2.180-35. O STF, na ADC 11, proferiu medida cautelar para suspender todos os processos nos quais se discute a constitucionalidade dessa alteração.]
Recebidos os embargos, deve o juiz determinar a intimação do exeqüente para oferecer resposta, no prazo de 15 dias. Pode o juiz também rejeitar os embargos liminarmente, nas hipóteses do art. 739 do CPC: se forem intempestivos, se inepta a petição, se manifestamente protelatórios. O mesmo se dá caso os embargos não se atenham às matérias elencadas no art. 741 do CPC. ATENÇÃO: a sentença que rejeita os embargos da FP não se sujeita a reexame necessário:
PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA. EMBARGOS DA EXECUTADA. SENTENÇA QUE OS REJEITA. REMESSA EX OFFICIO.DESCABIMENTO. ALCANCE DOS ARTS. 475, II E 520, V, DO CPC.
I - A sentença que rejeita ou julga improcedentes os embargos à execução opostos pela Fazenda Pública não está sujeita ao reexame necessário (art. 475, II, do CPC). Precedentes: EREsp nº 254.920/SP, Rel. Min. FRANCISCO PEÇANHA MARTINS, CORTE ESPECIAL, DJ de 02/08/2004; EREsp nº 234.319/SC, Rel. Min. HUMBERTO GOMES DE BARROS, CORTE ESPECIAL, DJ de 12/11/2001; EREsp nº 250.555/SC, Rel.Min. HUMBERTO GOMES DE BARROS, CORTE ESPECIAL, DJ de 17/09/2001.
II - Agravo regimental improvido.(AgRg no REsp 1079310/SP, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 11/11/2008, DJe 17/11/2008)
Recebidos os embargos e processados na forma do art. 740 do CPC, seu julgamento final se faz por sentença, a ser impugnada por apelação. Essa apelação será recebida no duplo efeito, não importa se os embargos tenham sido acolhidos ou rejeitados. Conteúdo dos embargos - art. 741 do CPC: verifica-se que a FP só pode alegar vícios relativos à execução ou causas impeditivas, modificativas ou extintivas da obrigação supervenientes à sentença. Questões anteriores à sentença já estão acobertadas pela preclusão, exceto a falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia da FP.No tocante ao inc. V (excesso de execução), tem o ônus de declarar o valor que entende correto, demonstrando o excesso, sob pena de rejeição liminar.[5: Art. 741. Na execução contra a Fazenda Pública, os embargos só poderão versar sobre: (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005) I – falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia; (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005) II - inexigibilidade do título; III - ilegitimidade das partes; IV - cumulação indevida de execuções; V – excesso de execução; (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005) VI – qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que superveniente à sentença; (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005) Vll - incompetência do juízo da execução, bem como suspeição ou impedimento do juiz. Parágrafo único. Para efeito do disposto no inciso II do caput deste artigo, considera-se também inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo Supremo Tribunal Federal como incompatíveis com a Constituição Federal. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)]
Quanto ao inc. VI, exemplo de causa superveniente é a compensação:
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO COM EFEITOS INFRINGENTES.EMBARGOS À EXECUÇÃO. COMPENSAÇÃO. PRECLUSÃO NÃO-CONFIGURADA.PRECEDENTE DA PRIMEIRA SEÇÃO.
1. É admissível a discussão quanto à compensação de valores restituídos em ajuste anual de imposto de renda com o valor objeto de execução contra a Fazenda Pública fundada em título judicial.Preclusão não-configurada.2. Precedente da 1ª Seção.
3. Embargos de declaração acolhidos com efeitos infringentes, para dar parcial provimento ao recurso especial.(EDcl no REsp 910.692/DF, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 09/09/2008, DJe 12/11/2008)
Em relação ao inc. VII, cumpre asseverar que se cuida da incompetência do juízo da execução, pois quanto ao processo de conhecimento já se operou a coisa julgada. Ainda que a sentença tenha sido proferida por juízo absolutamente incompetente, isso não poderá ser discutido nos embargos (seria o caso de uma ação rescisória):
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. EXECUÇÃO DE SENTENÇA PROFERIDA PELO JUÍZO FEDERAL. AUSÊNCIA DOS ENTES ELENCADOS NO ART. 109, I, DA CF.SEGURANÇA JURÍDICA E COISA JULGADA. OBEDIÊNCIA AO ART. 475, II, DO CPC. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL.
1. Discute-se a competência para julgamento da execução de título judicial derivada de sentença de desapropriação, proferida pelo Juízo Federal em demanda na qual não figurou na relação processual nenhum dos entes elencados no art. 109, I, da Constituição Federal.
2. Não obstante a alegada ausência na lide das pessoas jurídicas de direito público que assegurariam a competência da Justiça Federal, certo é que o objeto do presente conflito de competência é a execução de sentença existente, válida e eficaz, efetivamente proferida pelo Juízo Federal, com trânsito em julgado e com o transcurso do prazo legal para a ação rescisória.
3. Na espécie, em razão dos princípios da segurança jurídica e da coisa julgada, é inoportuna a alegação, ex officio, do Magistrado Federal, em sede de execução de sentença, de sua incompetência absoluta em relação ao julgamento da ação de conhecimento.
4. Conclui-se que, quanto à execução do julgado, deve ser respeitado o disposto no art. 575, II, do CPC, segundo o qual a execução fundada em título judicial processar-se-á perante "o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição". Precedentes.
5. Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo Federal da 17ª Vara da Seção Judiciária do Estado do Rio de Janeiro, o suscitado.
(CC 45.159/RJ, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 22/02/2006, DJ 27/03/2006 p. 137)
Quanto ao parágrafo único, é contemplada hipótese de rescisão da sentença, com desconstituição da coisa julgada material, quando estiver fundada em preceito tido por inconstitucional pelo STF ou quando se tenha conferido a este preceito interpretação tida pelo STF como inconstitucional – COISA JULGADA INCONSTITUCIONAL. É a harmonização da garantia da coisa julgada com o primado da Constituição.
Segundo Teori Zavascki, 3 são os vícios que autorizam a aplicação do dispositivo: a) a aplicação de lei inconstitucional (quando o STF fez declaração de inconstitucionalidade com redução de texto); b) aplicação de lei a situação considerada inconstitucional (quando o STF fez declaração de inconstitucionalidade parcial sem redução de texto); e c) a aplicação de lei com um sentido tido por inconstitucional (quando o STF empregou a técnica da interpretação conforme a CF). Assim, o dispositivo não abarca, por exemplo, a hipótese da sentença que deixou de aplicar norma declarada constitucional pelo STF.
Para alguns autores é inconstitucional, porque permite ao juízo da execução, que normalmente é juízo de 1ª grau, a revisão da coisa julgada, cuja competência deveria ser apenas dos Tribunais. Para Leonardo Cunha, a decisão do STF pode ser resultado de controle difuso ou concentrado, desde que proferida pelo Plenário. Para Araken de Assis, no caso do controle difuso, dependeria da resolução do Senado que suspende a vigência da lei.No TRF4:
AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 2009.04.00.041879-4/PR Publicado em 30/06/2010
RELATOR: Des. Federal JOEL ILAN PACIORNIK
TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. COFINS. ISENÇÃO. LC 70/91. SOCIEDADE PRESTADORA DE SERVIÇOS. REVOGAÇÃO. COISA JULGADA. DESTINAÇÃO DOS DEPÓSITOS JUDICIAIS. APLICABILIDADE DO ART. 741, PAR. ÚNICO, DO CPC. CONTRARIEDADE AO POSICIONAMENTO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL EM SEDE DE CONTROLE CONCENTRADO. INEXIGIBILIDADE DO TÍTULO JUDICIAL. CONVERSÃO EM

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