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DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO
Atualizado por Stefan Espirito Santo Hartmann em agosto de 2013. 
Observei que este ponto estava, originalmente, subdividido em três partes: (a) resumos, (b) transcrição da Convenção Interamericana Sobre Normas Gerais de Direito Internacional Privado, e (c) transcrição e comentários de julgados.
Sucede que, em relação à primeira parte, não há apenas um, mas três resumos diferentes. No meu entender, não há necessidade de tanta matéria, bastando que haja apenas um texto, desde que seja consistente. Contudo, tendo em vista a política adotada pelo grupo, não suprimi nenhuma parte; o que fiz foi utilizar a ferramenta “tachado”, de modo que somente restou destacado o melhor texto.
Ressalto, também, que foram colacionados diversos julgados, sendo certo que o ponto em exame, na minha visão, é essencialmente doutrinário. De qualquer sorte, os julgados foram mantidos.
- Parte Geral
1 – Âmbito de incidência do Direito Internacional Privado
1.1 Postulados:
a) O mundo é composto de ordens jurídicas independentes. As ordens jurídicas independentes não são derivadas de outras ordens jurídicas (monismo com primado no direito nacional).
b) Surge o conflito de leis no espaço. O conflito surge do contrato entre ordens jurídicas diferentes.
COROLÁRIO: (conseqüência) = solucionar o conflito, que é o objeto do Direito Internacional Privado.
 O Direito Internacional Privado soluciona o conflito de forma indireta, pois ele apenas indica a norma a ser aplicada de acordo com cada caso concreto em que se envolva um estrangeiro. Ex: o juiz brasileiro em determinados casos pode aplicar lei estrangeira aqui no Brasil (vide LICC art 7º, § 4º). 
1.2 Características das ordens jurídicas independentes:
a) Independência: Não há ordem jurídica superior às ordens jurídicas independentes, pois não há órgãos de justiça internacional cuja vinculação dos países seja obrigatória. O Tribunal Penal Internacional, a Corte Internacional de Justiça e a OMC, por exemplo, são órgãos jurisdicionais em âmbito internacional, mas a vinculação a eles não é obrigatória, ou seja, só são vinculados a esses órgãos os países signatários, que desejam que os conflitos sejam apreciados por essas cortes.
b) Relatividade: Não há valores jurídicos universais. O que para um sistema jurídico pode ser correto, para outro pode não ser. Ex: a pena de morte.
c) Exclusividade: A eficácia territorial das ordens jurídicas é absoluta. Já a eficácia extraterritorial é relativa, pois depende de algumas condições. Por exemplo, há condições para que a lei brasileira seja aplicada no exterior, como: a lei brasileira é sempre aplicada nos consulados; a homologação da sentença estrangeira feita pelo STJ, que é um caso da lei estrangeira aplicada no Brasil.
 2 – Direito Internacional Privado. Generalidades.
A denominação direito internacional privado foi utilizada pela primeira vez por Joseph Story (Comentários sobre el conflicto de las leyes, cit., p. 12) e adotada na França por M. Foelix (Traité du droit international privé ou du conflit des lois de différentes nations, en matiére du druit privé, 1843). Embora se mantenha fiel à denominação tradicional, a doutrina é unânime em condenar o termo internacional – o direito internacional privado é predominantemente interno e não disciplina relações entre nações – e o termo privado, já que abrange conflitos regidos pelo direito público, sendo o seu próprio papel de solução de conflitos de leis de natureza eminentemente pública (L. R. Barroso).
Para Valadão, DIPr é parte do Direito Internacional. Para ele, há prevalência da norma internacional sobre a interna em caso de conflito. Para apoiar essa tese, vai buscar o artigo 98 do CTN: “Os tratados e convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna e serão observados pela que lhes sobrevenham”.
As regras de direito internacional privado são, normalmente, disposições de direito interno, de vez que cada ordenamento jurídico estabelece suas próprias regras de solução de conflitos. Tais preceitos, que se denominam regras de conexão, indicam qual dos ordenamentos jurídicos em contato com uma dada relação deverá prevalecer e discipliná-la (L. R. Barroso).
É preciso esclarecer que o direito internacional privado não disciplina as relações supranacionais, pois tão-somente determina quais normas, deste ou daquele outro ordenamento jurídico, são aplicáveis no caso de haver conflito de leis no espaço. Daí ser considerado um direito sobre direito (M.ª Helena Diniz).
O Direito internacional privado, portanto, é o ramo do direito que contém normas de direito interno de cada país, que autorizam o juiz nacional a aplicar ao fato interjurisdicional a norma a ele adequada, mesmo que seja alienígena. Logo, não é absoluto o princípio leges non valent ultra territorium, pois as exigências da vida internacional conduzem o Estado a aplicar em seu território leis de outros países, o que poderá criar conflitos que serão solucionados pelas normas de direito internacional privado (M.ª H. Diniz).
O conflito de leis no espaço decorre de dois fatores: a diversidade legislativa (cada sistema jurídico, autônomo e soberano, dá tratamento diferente a aspectos sociais) e a existência de uma sociedade transnacional (relações entre indivíduos vinculados a sistemas jurídicos diferentes).
Se existisse um direito absolutamente uniforme ou sociedades herméticas, não existiria o “fato anormal” (fato jurídico vinculado, por qualquer de seus elementos, a mais de um ordenamento), que gera o conflito de leis.
Em regra, o juiz, ante o conflito de leis no espaço, deverá solucionar o problema de conformidade com a lex fori, que contém critérios de conexão tidos como convenientes em razão de política jurídica (M.ª H. Diniz).
O elemento de conexão é imprescindível para determinar a lei substantiva aplicável ao fato interjurisdicional por ser um meio técnico, fático ou jurídico, prefixado pela lei interna de cada país, que constituirá a base na ação solucionadora do conflito (M.ª H. Diniz).
A regra geral é a aplicação do direito pátrio, aplica-se o direito estrangeiro por exceção, quando expressamente determinado pela legislação interna. Nesses casos, o juiz deve aplicá-lo de ofício e do modo mais completo possível. 
Só não deve aplicar o direito estrangeiro, determinado pela norma de direito internacional privado (“norma colisional”), quando verificar que fere a ordem pública, a soberania ou os bons costumes ou quando os interessados estiverem tentando fraudar a legislação interna (como no caso de divórcios realizados no exterior, para burlar a lei nacional, que não os permitia na época).
Normalmente, os sistemas normativos utilizam como critério para determinar a aplicação do direito estrangeiro a nacionalidade dos interessados ou o seu domicílio. No caso brasileiro, utiliza-se predominantemente o domicílio, pelo seu caráter voluntário (a nacionalidade originária é, de regra, circunstancial) e por provocar maior integração do estrangeiro com o sistema nacional. Tendo o Brasil recebido um grande fluxo de imigrantes, permitir a aplicação da lei de nacionalidade impediria essa integração dos estrangeiros com o sistema brasileiro.
O domicílio, para efeitos de direito internacional privado, é analisado sobre o prisma do direito interno, ou seja, seus requisitos são os do direito interno (residência com animus definitivo). Caso a pessoa não tenha domicílio ou este seja desconhecido, a LICC manda aplicar a lei do país onde tenha residência ou, por fim, do local onde a pessoa se encontre.
Ao lado da LICC, há o Código de Bustamante, que traz diversas normas de direito internacional privado. Em sendo um conjunto de normas especiais (aplicáveis apenas aos nacionais dos países signatários), não foi revogado pela LICC. As normas do Código de Bustamante, inclusive, em sua maioria, são compatíveis com as da LICC. 
Defensores da nacionalidade dizem que sua atribuição é feita de forma mais rígida,comparativamente com o domicílio, em que há mais problema de fraude à lei, que é uma preocupação constante da doutrina do direto internacional privado. Os que defendem o domicílio reclamam de que a regra da nacionalidade é ser ela circunstancial; a regra do domicilio, contrariamente, resulta do exercício da autonomia da vontade, resulta da vontade individual.
3 – Natureza das normas de DIPr:
3.1 – Quanto à redação ou técnica legislativa: 
 - Bilaterais: A norma dispõe sobre a aplicação do Direito nacional e Direito estrangeiro. Ex: art 7º da LICC, a redação fala das duas possibilidades, ou seja, da aplicação de normas de Direito nacional e estrangeiro.
- Unilaterais: A norma dispõe sobre a aplicação do Direito nacional. Ex: art. 7º § 1º da LICC (quando o casamento for celebrado no Brasil, aplica-se a lei brasileira).
- Bilateralizada: Interpretação para completar a norma unilateral. Ex: art 7º § 1º da LICC, a contrario sensu, conclui-se que para o casamento realizado no exterior, se aplica as regras do Direito estrangeiro.
- Justapostas: Há duas normas, uma sobre o Direito nacional, e outra sobre o Direito estrangeiro. Ex: Código Civil Argentino e Código Civil Francês.
 3.2 – Quanto à estrutura:
As normas jurídicas em geral compreendem: Se “A” é (hipótese de incidência) “B” deve ser (conseqüência jurídica), ou seja, normas de conduta onde se descreve uma determinada conduta e a essa conduta é auferida uma sanção direta.
 Já as normas do DIPr, quanto à sua estrutura, são normas de estrutura, que versam sobre conceitos, e a sanção é indireta (indicar a lei aplicável), pois não é o DIPr que resolve o caso concreto, mas sim o Direito nacional ou estrangeiro. Por isso que as normas de DIPr quanto a sua estrutura são flexíveis.
 4 – Elementos de Conexão
4.1 – Conceito:
“São os elementos técnico-jurídicos que indicam a lei aplicável (“centro de interesses”) em um caso jusprivatista com presença de elemento estrangeiro”.
Para alcançar a lei aplicável, serve-se o Direito Internacional Privado de elementos técnicos prefixados, que funcionam como base na ação solucionadora do conflito. A esses meios técnicos, usados pela norma indireta para solucionar os conflitos de leis, denominados elementos de conexão.
Obs: diferença entre elemento de conexão e objeto de conexão: o objeto de conexão refere-se à matéria tratada pela norma (ex: casamento, domicílio, capacidade civil etc.). O elemento de conexão é o fator que determina qual norma (nacional ou estrangeira) aplicável a determinado conflito de lei. Exemplo: art. 7º da LICC – são objetos de conexão: o começo e o fim da personalidade, o nome a capacidade e os direitos de família); o elemento de conexão é o domicílio.
4.2 – Cláusula de direito aplicável ( ou autonomia da vontade): 
O Brasil não aceita a estipulação dessa cláusula. Se constar no contrato será como se ela não existisse, ou seja, ela é nula. Assim, aplica-se o art. 9º da LICC que diz que o direito aplicado deverá ser o do local da assinatura do contrato, isto é, no domicílio do proponente.
Obs: parte da doutrina entende que a Lei de Arbitragem (Lei 9.307/96) admite que as partes escolham livremente as normas aplicáveis ao processo arbitral.
4.3 – Espécies: 
	NOME DO ELEMENTO
	RAMO (ou objeto de conexão)
	CRITÉRIO (Útil. Brasil)
	Lex Patriae
	Estatuto Pessoal (D. de Família e Personalidade)
	X
	Lex Loci Domicili
	Estatuto pessoal (personalidade, casamento, capacidade)
	Lei Domicílio (LICC art 7º)
	Lex Loci Celebrationis
	Formalidades casamento
	L. local celebração (7º §2º)
	Lex Loci Obligacionis
	Obrigações
	L. local const. Obrig. (9º)
	Lex Loci Contractus
	Contratos
	L. local const. Cont. (9º)
	Lex Rei Sitae
	D. reais – bens imóveis
	L. da situação do bem
	Mobília Sequntum Persona
	Bens móveis
	L. domicílio do proprietário
	Lex Sucessionis
	Sucessões
	L. domicílio falecido (10º)
5 – Aplicação de direito estrangeiro:
 5.1 – Fato: até o fim do século XIX direito estrangeiro era considerado como fato, logo, ele não deve ser aplicado, servindo como mera matéria probatória.
5.2 – Direito: (Brasil) – CPC art. 337 – No Brasil o direito estrangeiro é considerado como direito, logo, ele deve ser aplicado.
Se a parte alegar direito estrangeiro, o juiz pode pedir a colaboração das partes (auxílio na prova do teor e vigência do direito). Se a parte não alegar, o juiz deve saber de ofício, ou seja, se a parte não alega direito estrangeiro, o ônus da prova incumbe a quem alegou (CPC art. 337).
Como é feita a prova? Através de certidão consular ou parecer de dois advogados estrangeiros. O Código de Bustamante disciplina a matéria nos arts. 408 a 411. Diz o código que a parte que alega lei estrangeira poderá provar sua vigência e sentido através de uma certidão devidamente legalizada, de dois advogados em exercício no país de cuja legislação se trata. Se a parte não puder provar ou houver insuficiência de provas, o juiz ou o tribunal poderá solicitar de ofício, por via diplomática, antes de decidir que o Estado de cuja legislação se trata forneça certidão sobre o texto, vigência e sentido do direito aplicável.
É importante registrar que as normas de direito estrangeiro, quando aplicáveis, equiparam-se à legislação ordinária, razão pela qual podem ser objeto de controle incidental de constitucionalidade.
5.3. Controle de Constitucionalidade das normas estrangeiras.
Quando da aplicação de lei estrangeira, cabe ao juiz ou tribunal brasileiro aplicá-la como o fariam os órgãos judiciários do país do qual promana a norma. Se em tal jurisdição se admitir a pronúncia de inconstitucionalidade de uma lei, poderá o juiz ou tribunal proceder da mesma forma, deixando de aplicar, ao caso concreto, preceito estrangeiro incompatível com o ordenamento de origem.
Com muito mais razão, deverão os juízes e tribunais brasileiros negar aplicação à norma estrangeira que esteja em confronto com a Constituição brasileira. Com efeito, as normas constitucionais são tidas como de ordem pública internacional, impedindo a eficácia de leis, decisões judiciais e atos jurídicos estrangeiros com elas incompatíveis (L.R. Barroso). 
6 – Limites de aplicação do direito estrangeiro:
6.1 – Princípio de ordem pública: São os princípios estruturantes do direito privado. Esses princípios estão na Constituição Federal, logo, todos eles são princípios de ordem pública. Então, direito estrangeiro que fere a ordem pública pode até ser válido, mas é ineficaz no Brasil (LICC art. 17).
Ex 1: Divórcio islâmico: Dá-se pela repudia. O STF não homologa esse tipo de sentença, pois fere a ordem pública.
Ex 2: Casamento poligâmico: Vale o primeiro casamento, e os demais são ineficazes para o ordenamento jurídico brasileiro.
Ex 3: Casamento de pessoas do mesmo sexo.
Ex 4: Dívida de jogo: As decisões têm sido no sentido de que a dívida de jogo contraída no exterior (em países que o jogo é lícito) pode ser executada, pois se entendeu que se está executando uma obrigação e não instituindo a prática do jogo no Brasil, que aí sim viria a ferir a ordem pública (AgRg na CR 3198 / US Relator(a) Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS (1096) Órgão Julgador CE - CORTE ESPECIAL Data do Julgamento 30/06/2008 DJe 11/09/2008).
Ex 5: Direito do consumidor: Contratos celebrados na Internet e contratos de “Time Sharing”, a eleição do foro no exterior, o CDC é ferido, pois segundo o mesmo o foro privilegiado é o do consumidor.
6.2 – Fraude à Lei:
CIDIP – Convenção Interamericana ratificada pelo Brasil, que estabelece normas gerais de DIPr. Sendo assim, tem força de lei ordinária.
CIDIP art 6º - Alteração dolosa de elemento de conexão a fim de fugir da aplicação da lei.
Ex: Troca de domicílio (para fugir da aplicação da lei tributária), alteração de nacionalidade.
A fraude à lei implica em ineficácia do ato.
6.3 – Instituições desconhecidas:
São institutos desconhecidos no ordenamento jurídicobrasileiro, como, por exemplo, o “Trust”.
Nesses casos, o juiz deve procurar se há algum instituto similar, e havendo, deve-se aplicar esse instituto similar. Não havendo um instituto similar no ordenamento jurídico brasileiro, afasta-se a aplicação do direito estrangeiro e aplica-se o direito nacional.
6.4 – Remissão normativa: (Reenvio)
· Reenvio, devolução ou retorno, é como se chama a situação em que o DIPrivado de um país, entendendo, e.g., que as questões relativas à capacidade são regidas pela lei da nacionalidade da pessoa, remete o Juiz à lei respectiva, mas esta, a do país do qual a pessoa é nacional, através do seu direito internacional privado, diz que a capacidade é regida pela lei do domicílio nacionalidade da pessoa, devolvendo, pois, a solução da matéria a esta lei. Cria-se, assim, um conflito negativo ou positivo, dependendo da situação.
O reenvio pode ser de 1º grau, quando a lei estrangeira indicada pelo DIPrivado diz que se aplica aquela do país em que está sendo julgado o feito; pode ser de 2º grau, quando a lei estrangeira indicada pelo DIPrivado diz, com base em outro critério, que se aplica a lei de um terceiro país, em razão de um elemento de conexão qualquer. Mas não cabe nos alongarmos nesta questão, uma vez que o art. 16 da nossa LICC é expresso: “Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei.” Veda, pois, como regra, o reenvio.
Portela ressalta que há entendimento no sentido de que é possível um caso de reenvio: a Constituição (art. ) determina que seja aplicada favor do cônjuge ou filhos brasileiros a lei pessoal do de cujos, se mais favorável. Argumenta-se, assim, que se a lei pessoal do de cujos tiver reenvio de segundo grau e se a lei do terceiro estado for mais benéfica, é necessário admitir o reenvio.
6.5 – Questões prévias:
 São questões preliminares que resolvem a questão principal (questão de fundo). As questões prévias do DIPr são todas aquelas cuja solução condiciona a da ação original que forma o tema principal do pleito.
 Toda questão, portanto, que surgir no decorrer de uma determinada lide que exige solução própria antes que prossiga o processamento da ação original, é uma questão prévia. Assim ocorre, por exemplo, em um processo sucessório em que é contestada a legitimidade dos filhos ou em uma ação de alimentos em que se contesta a validade do casamento.
 Ex: Contrato: Questões prévias = Requisitos de Validade
- Objeto lícito – ordem pública (LICC art. 17);
- Capacidade – Lex Loci Domicili (LICC art. 7º);
- Forma – Execução do contrato no exterior – Lex Loci Actus (LICC art 9º)
 - Execução do contrato no Brasil – Lex Loci Executionis (art 9º §1º).
Toda vez que se tem que aplicar a lei de vários países num mesmo caso, ocorre o desmembramento (Depèçage).
6.6 – Qualificações:
 Qualificar é atribuir existência jurídica, é definir de acordo com a técnica jurídica de uma legislação. Cada legislação estabelece seus próprios critérios de qualificação, resultando daí diversidade no enquadramento das instituições, conceitos e relações de direito nos diferentes ordenamentos jurídicos.
 QUALIFICAR = conceituar + classificar
 Ex: Domicílio = Brasil – Residência + Animus
 Alemanha – Registro
 Pode ocorrer o conflito de qualificações quando um sistema classifica um mesmo instituto de maneiras distintas. Esses conflitos podem surgir tanto na área dos elementos de conexão do DIPr, tanto no campo do direito material (objeto de conexão). Na área dos elementos de conexão, é típico o conflito em matéria de domicílio. É, contudo, nas divergências encontradas entre direitos materiais dos Estados que se acha o núcleo do problema. A solução vai se dar por um dos elementos de conexão abaixo:
- Teoria das qualificações pela Lex Fori: entende que o juiz deve qualificar o instituto nos termos de seu próprio ordenamento. Lei do foro – LICC art. 7º e art. 10, II – utiliza-se no Direito de Família, sucessões e societário. 
O processo pelo qual se identifica a natureza do fato chama-se qualificação. Segundo Strenger, trata-se de um pressuposto para a aplicação do DIPrivado. Note-se que, a rigor, o próprio DIPrivado parte de um pressuposto de qualificação básico: a determinação da natureza mista ou multinacional de um fato. 
O conceito trazido por Dolinger também merece ser transcrito: “A qualificação é um processo técnico-jurídico sempre presente no direito, pelo qual se classificam ordenadamente os fatos da vida relativamente às instituições criadas pela lei ou pelo costume, a fim de bem enquadrar as primeiras nas segundas, encontrando-se assim a solução mais adequada e apropriada para os diversos conflitos que ocorrem nas relações humanas... Os direitos reais se distinguem dos direitos pessoais, sendo necessário qualificar os diversos atos e contratos para saber em qual sistema das duas categorias enquadrá-los”.
Há três sistemas de determinação da lei: 
a) lex fori, 
b) lex causae,
c) conceitos universais.
Lex Fori
Segundo o primeiro – lex fori, a lei do Juízo é que determina a natureza dos fatos para fins de aplicação do DIPrivado e, conseqüentemente, do direito material que ele indica. 
Lex Causae
Segundo a lex causae, a lei do país a que fomos remetidos pelo DIPrivado é que deve dar a última palavra em termos de qualificação da situação. 
Conceitos universais.
Aqui teríamos que ver o que a comunidade jurídica universal entende predominante a respeito, como qualifica, em regra, a situação em questão.
Tendo em vista não se admitir o reenvio entre nós (nos termos do Art. 16 da LICC, Dolinger é claro ao dizer que, nesse caso, a lex fori (a lei brasileira mesmo) é que foi consagrada como a lei a ser considerada para a qualificação dos fatos mistos, salvo quando nosso próprio direito interno dispuser diferentemente, como no caso dos bens e das obrigações, exceções impostas pelos arts. 8º e 9º da LICC.[1: Art. 8º Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados. (...) Art. 9º Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem.]
- Objetos de conexão em espécie
7.1.Personalidade
A primeira questão a ser enfrentada em direito internacional privado diz respeito à personalidade. Vários sistemas existem para fixar o momento de seu início, bem como de seu fim (sobretudo em termos de presunções). 
Segue-se a regra geral: aplicar o ordenamento do país do domicílio, inclusive para determinar a capacidade.
Nesse sentido, clara é a dicção do art. 7.º, caput, LICC: “A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família”.
Com relação ao início da personalidade, aplica-se a lei do domicílio dos pais no momento do nascimento, não importando o país onde a criança nasça (ex: se os pais moram na França, mas a criança nasce na Inglaterra, o início da personalidade é determinado pela lei francesa). 
No caso de os pais terem domicílios internacionais diferentes, a LICC determina que se aplique a lei do domicílio chefe da família (para todos os efeitos, salvo em casos de abandono), porém, em face da isonomia determinada pela Constituição Federal, essa norma é discutível. 
Observe-se que, em se tratando de verificação do início da personalidade para fins de sucessão, aplica-se a lei de regência desta (último domicílio do “de cujus” ou do desaparecido).
Outra ressalva a ser feita diz respeito à ordem pública: o direito brasileiro não admite penas como a de morte civil, de modo que a extinção da personalidade derivada deste tipo de sanção não será levada em consideração no Brasil.
Com relação às pessoas jurídicas, o início e o fim de sua personalidade são regidos pela leido local de constituição. 
O direito brasileiro, portanto, reconhece a existência de qualquer pessoa jurídica constituída regularmente segundo as leis do seu país de origem. Contudo, uma coisa é reconhecer sua personalidade, outra coisa (bem diversa) é permitir o exercício de suas atividades no Brasil. Para este fim, exige-se que o governo brasileiro tenha aprovado os seus atos constitutivos, ficando sujeitas à legislação brasileira.
7.2. Casamento
O casamento celebrar-se-á de conformidade com as solenidades impostas pela lex loci celebrationis (Código Bustamante, artigo 41), mesmo quando for diferente a lei pessoal dos nubentes. Há quem aceite que, quanto às formalidade intrínsecas, seja admissível a aplicação da lei pessoal dos interessados, mas, no que disser respeito às formalidades extrínsecas do ato, dever-se-á atender ao comando da lex loci actus (cf. DINIZ, 2004).
Justamente pela possibilidade de os nubentes terem domicílios diferentes, o procedimento para o casamento (os requisitos formais ou extrínsecos) não podem estar sujeitos concomitantemente a dois regimes diferentes. Deste modo, aplica-se a lei do local da celebração (“jus loci celebrationis”), independentemente do domicílio dos nubentes. 
Assim, “realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração” (art. 7.º, § 1.º, LICC).
Segundo o artigo 38 do Código Bustamante, o matrimônio, no que concerne às formalidades de sua celebração e aos impedimentos dirimentes submete-se ao princípio locus regit actum.
O casamento celebrado no exterior, segundo as formalidades legais, será reconhecido como válido no Brasil, ante o princípio do respeito do direito adquirido no estrangeiro, ressalvados os casos de ofensa à ordem pública e de fraude à lei nacional, se não se observar os impedimentos dirimentes fixados legalmente (Código Bustamante, art. 40). O Código Bustamante reza que se terá “em toda parte como válido, quanto à forma, o matrimônio celebrado na que estabeleça como eficazes as leis do país em que se efetua. Contudo, os Estados, cuja legislação exigir uma cerimônia religiosa, poderão negar validade aos matrimônios contraídos por seus nacionais no estrangeiro sem a observância dessa formalidade”.
A LINDB admite que os brasileiros se casem no exterior, perante autoridade consular brasileira (artigo 18). Nesse caso será provado por certidão do assento no registro do consulado, que faz as vezes do cartório do Registro Civil. E se, nessa hipótese, um ou ambos os cônjuges vierem para o Brasil, o assento de casamento, para produzir efeitos entre nós, deverá ser trasladado nos cartórios do 1º Ofício do domicílio do registrado ou no 1º Ofício do Distrito Federal, na falta de domicílio conhecido (Lei nº 6.015/73, art. 32, § 1º) (M.ªH. Diniz).
As causas suspensivas, normas em que se desaconselha o ato nupcial sem contudo acarretar sua invalidação, não interessam à ordem pública internacional. Assim, tais impedimentos impedientes dependerão da lex domicilii.
O critério do ius loci celebrationis permite conferir efeitos ao casamento realizado no exterior. Se o ato for válido segundo a lei do Estado onde se celebrou, válido será em qualquer país.
ATENÇÃO: Há uma facultatividade da locus regit actum, consagrando-se o critério da nacionalidade, pois permitido estará que os estrangeiros, casando-se fora de sua pátria, recorram ao agente consular ou diplomático do seu Estado para, perante ele, unindo-se matrimonialmente segundo a forma da lei pessoal, ou seja, da lei do país do celebrante, se subtraírem à ação da autoridade local e às exigências legais do país em que se encontram, sob o fundamento de que não se justificaria o império da lei do local da celebração em relação às pessoas sem qualquer dependência político-jurídica. Assim, se os noivos não tiverem a mesma nacionalidade, o casamento deverá ser feito pela autoridade local segundo a lex loci celebrationis. O matrimônio de estrangeiros no Brasil poderá ser celebrado por autoridade consular desde que os nubentes tenham a mesma nacionalidade e que a lei nacional comum confira tal competência ao cônsul (M.ªH. Diniz).
No que tange à invalidade do casamento, a regra é a aplicação da lex domicilii dos nubentes, se o tiverem em comum. Não o tendo, a invalidade matrimonial reger-se-á pela lei do primeiro domicílio conjugal, ou seja, o estabelecido logo após o casamento.
Na seara internacional, a doutrina tem entendido que os efeitos do casamento putativo determinar-se-ão pela lei que teria disciplinado a família, se não tivesse ocorrido a declaração de invalidade matrimonial. Atualmente, atender-se-á à lei domiciliar dos nubentes, ou, se eles não tinham o mesmo, à do primeiro domicílio conjugal. Os efeitos do casamento putativo relativamente aos cônjuges e prole são os mesmos que a lei pessoal reconhecer, seja ela a do domicílio comum, seja ela a do primeiro domicílio conjugal, havendo domicílio internacional diverso.
No âmbito do direito internacional privado é inoperante qualquer alteração do domicílio, para modificar, arbitrariamente, o regime matrimonial segundo a lei do domicílio comum a que o casal se submeteu, ante o princípio da mutabilidade justificada do regime de bens. Não se admitirá aos cônjuges que transferiram seu domicílio para o Brasil alterar, ao seu bel prazer, sem qualquer motivo justo, o pacto antenupcial. A Lei de Introdução, apesar de aceitar a lex domicilii para determinação do estatuto patrimonial dos consortes, quis dar consideração especial ao critério da nacionalidade brasileira. Ressalte-se que o Código Civil de 2002 permite a alteração do regime de bens, desde que justificada, em procedimento de jurisdição voluntária, apurada a procedência das alegações invocadas (artigo 1.639, §2º).
7.3. Filiação e outros aspectos de direito de família 
Aplica-se à filiação a lei vigente no domicílio conjugal à época do nascimento. Em defesa da ordem pública, porém, o direito brasileiro não reconhecerá distinções entre a filiação legítima e a ilegítima, vez que a Constituição atribui valor fundamental a igualdade da filiação. 
No caso de ações de reconhecimento de paternidade ou maternidade, Amílcar de Castro indica como lei aplicável a vigente, à época do nascimento, no domicílio do pai ou da mãe, respectivamente. O Código de Bustamante, porém, manda aplicar a lei do domicílio do filho, considerando que ainda não se sabe se, de fato, a pessoa indicada é o pai ou a mãe. É necessário também verificar se a lei do local onde vai ser ajuizado o processo admite o remédio jurídico (há sistemas que impõem limitações às ações de reconhecimento de paternidade).
No caso da adoção, há o chamado princípio protetivo, de modo que se aplica de um modo geral a lei do domicílio do adotando até o momento da formalização do ato e daí em diante pela lei do domicílio do adotante, vez que o domicílio do adotado passa a ser o do adotante.
A capacidade para adotar rege-se, porém, pela lei do domicílio do adotante (capacidade para adotar) e do adotando (capacidade para ser adotado). As formalidades da adoção, por sua vez, regem-se pela lei do local de celebração (“locus regit actum”). 
O mesmo se aplica aos demais institutos que dizem respeito à proteção dos menores e dos incapazes, como a tutela ou a curatela.
Observe-se que, em prol da ordem pública, ainda que a lei aplicável permita, por exemplo, castigos severos aos menores ou incapazes, por parte de seus pais, tutores ou curadores, a lei brasileira não reconhecerá este direito. 
Sob o mesmo argumento de preservação da ordem pública, em casos de abandono moral ou material, aplica-se a lei protetiva brasileira, salvo se a lei domiciliar for mais favorável ao abandonado.
7.4. Bens
LICC - Art. 8º. Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados.
§ 1º. Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o proprietário, quanto aos bens móveis que ele trouxer ou se destinarem a transportepara outros lugares.
§ 2º. O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa, em cuja posse se encontre a coisa apenhada.
A LICC é clara: para qualificar os bens (p. ex., saber se são móveis ou imóveis) e para discipliná-los, aplica-se a lei do local onde estão situados (“lex rei sitae”).
Destarte, os conflitos de leis no espaço relativos aos direitos reais regem-se pelo princípio da territorialidade. O critério jurídico para regular coisas móveis de situação permanente, inclusive de uso pessoal, ou imóveis (ius in re) é o da lex rei sitae, que importa na determinação do território, espaço limitado no qual o Estado exerce competência (art. 8.º, caput, LICC, “Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados ) (M. H. Diniz).
A lex rei sitae, será, portanto, competente para:
classificar os bens em móveis e imóveis, públicos ou particulares, divisíveis ou indivisíveis, consumíveis ou inconsumíveis, fungíveis ou infungíveis, determinando, ainda, se estão ou não no comércio;
reger a posse e seus efeitos, especificando a legitimidade ativa na proteção possessória;
dispor sobre a aquisição e perda dos direitos reais;
traçar normas sobre usucapião (Código Bustamante, arts. 227 e 228) de coisa móvel ou imóvel;
restringir o direito de propriedade mobiliária ou imobiliária;
resolver questões de transferência de propriedade por meio de ato inter vivos;
estipular as ações cabíveis ao titular do direito real;
decidir os bens que podem ser objeto de direito real sobre coisa alheia; e 
disciplinar o direito real sobre coisa alheia de fruição (enfiteuse, servidão, superfície, uso, usufruto e habitação) e de garantia (hipoteca e anticrese), regulando a sua constituição, os seus efeitos e a sua extinção.
É mister salientar que a capacidade para exercer direitos reais ou efetivar contratos a eles relativos rege-se pela lex domicilii, e a forma extrínseca dos atos negociais destinados à aquisição, transmissão e extinção de direitos reais obedece à locus regit actum, mas as condições da constituição da aquisição, transferência do direito real, p. ex. exigência da tradição ou do assento no registro imobiliário, submetem-se à lex rei sitae.
Há, porém, algumas exceções:
- no caso de bens móveis em deslocamento (remetidos para determinado local ou acompanhando o seu dono em viagens, p. ex.), aplica-se a lei do domicílio do proprietário;
- no tocante aos navios e aeronaves, a doutrina predominante afirma que se aplica a lei do local da matrícula (ou lei do pavilhão);
- em se tratando de apólices da dívida pública aplica-se a lei do emitente;
- caso a discussão sobre determinado bem se fundamente em direito sucessório (“mortis causa”), aplica-se a lei que rege a sucessão (lei do último domicílio do “de cujus”);
- segundo Oscar Tenório, “na matéria da capacidade para adquirir, vender e doar bens, observamos a lei que rege a capacidade em geral (domicílio).”
Observe-se que, no caso do penhor, a LICC determina a aplicação da lei do domicílio da pessoa em cuja posse se encontre a coisa empenhada. Deste modo, em penhores realizados por nacionais de países signatários do Código de Bustamante, aplica-se a lei de situação da coisa empenhada; nos demais penhores, aplica-se a lei domiciliar do possuidor.
7.5. Obrigações
LICC - art. 9º. Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem.
§ 1º. Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de forma essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato.
§ 2º. A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o proponente.
As obrigações ex lege, pelo artigo 165 do Código Bustamante, reger-se-ão pelo direito que as tiver estabelecido, por terem como característica primordial o fato de serem conseqüência de uma relação jurídica principal de que são acessórias.
Por conseguinte, a obrigação alimentar entre parentes, decorrente de imposição legal, relativa ao direito de família, será regida pela lei domiciliar. O mesmo se pode dizer das obrigações oriundas da tutela. Entre proprietários vizinhos, as obrigações disciplinar-se-ão pela lex rei sitae, por constituírem conseqüência do direito real, por serem obrigações propter rem.
Os efeitos das obrigações ex delicto estão assegurados pela lex loci delicti comissi, que solucionará as questões sobre as causas justificativas e dirimentes, sobre culpabilidade, sobre qualificação do ato como ilícito etc. (Código Bustamante, arts. 167 e 168).
As obrigações convencionais (civis ou comerciais) e as decorrentes de atos unilaterais, desde que entre presentes reger-se-ão: 1) quanto à forma ad probationem ou ad solemnitatem pela lei do local onde se originaram (locus regit actum); e 2) quanto à capacidade, pela lei pessoal das partes (lex domicilii), com a ressalva da ordem pública.
A locus regit actum é uma norma de direito internacional privado, aceita pelos juristas, para indicar a lei aplicável à forma extrínseca do ato, ou seja, àquilo que serve para constatar o ato concluído. Já a forma intrínseca referente ao seu conteúdo, à sua substância, às suas condições de fundo relativas à validade do consentimento, à legitimidade de seu objeto e das suas modalidades acessórias, e à prescrição extintiva (Código Bustamante, arts. 230 e 299) regular-se-á por outras normas
No caso de obrigações legais, devem-se observar as normas geralmente aplicáveis àquele ramo jurídico (ex: obrigações alimentares regem-se pela lei domiciliar da família) ou pelas leis do local do dano, caso sejam “ex delicto”.
No caso de obrigações voluntárias, sobretudo as de índole contratual, fica difícil aplicar a lei domiciliar, vez que os contratantes podem ter domicílios diferentes. Também não vale à pena utilizar a lei do local de execução, vez que se pode pactuar execuções em vários países diferentes (ex: exibição mundial de determinado filme).
A solução dada pela legislação brasileira é a aplicação do direito vigente no local de constituição da obrigação (art. 9.º, caput, LICC). Em caso de contratos celebrados à distância, a LICC acolhe a lei do local onde esteja o proponente (observe-se que a lei fala em local onde “residir o proponente” (art. 9.º, § 2.º, LICC), mas a doutrina e a jurisprudência entendem que se trata do local onde ele esteja, para compatibilizar aquele dispositivo com o Código Civil).
Há uma aparente contradição entre o art. 9º, § 2º, da Lei de Introdução e o art. 435 do Código Civil. Enquanto o art. 1.087, que é de direito interno, atendo-se ao problema de as partes terem residência no Brasil, reputa celebrado o contrato no lugar em que foi proposto, o art. 9º, § 2º, alude ao local em que residir o proponente, sendo aplicável quando os contratantes estiverem em Estados diferentes. Ora, o verbo “residir” significa “estabelecer morada” ou “achar-se em”, “estar”, e é nesta última acepção que está sendo empregado no art. 9º, § 2º, logo o lugar em que residir o proponente significa onde estiver o proponente. Os arts. 1.087 e 9º, § 2º, visam o local onde foi feita a proposta; logo um está a confirmar o outro (M.H. Diniz).
O art. 9º, § 2º, alude à obrigação convencional contratada entre ausentes, que se regerá pela lei do país onde residir o proponente, pouco importando o momento e o local da celebração contratual. A lei a aplicar será a do lugar da residência do proponente, ou melhor, a do local onde foi feita a proposta, não adotando, portanto, a norma de direito internacional privado a lex domicilii do proponente. Afastou ela o critério domiciliar por entender que o elemento de conexão “residência” seria mais adequado à mobilidade negocial, uma vez que os negócios efetivam-se, não raro, fora do domicílio dos contratantes. A residência indicaria tão-somente a lei do lugar da proposta (M.H. Diniz).
Há algumas exceções:
- a lei de regência dos contratos de trabalho é a vigente no local da execução, salvose as do local de contratação forem mais favoráveis ao trabalhador;
- nos contratos de transferência de tecnologia, a lei brasileira não admite a aplicação de outros sistemas, reservando para si a regência de todos os negócios, em virtude da ordem pública (Maria Helena Diniz);
- os negócios relativos às Bolsas e Mercados se subordinam ao local de execução (onde funciona a Bolsa ou Mercado).
- destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de forma essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato (art. 9.º, §1.º, LICC).
Além desses casos, observe-se que nas hipóteses em que a lei brasileira exija forma essencial (p. ex., escritura pública), esta terá que ser observada para que a obrigação possa ser executada no Brasil, admitidas as peculiaridades da lei do local da celebração.
Discute-se se o direito brasileiro permite que as partes escolham a lei aplicável aos negócios jurídicos, em face do art. 9º, da LICC. O art. 13 da antiga lei de introdução, ao determinar a aplicação da lei do lugar de constituição aos negócios jurídicos, expressamente ressalvava as estipulações em contrário.
Maria Helena Diniz afirma que o direito brasileiro é taxativo quando remete a matéria para a lei do local de constituição, de modo a não acolher a autonomia da vontade.
7.6. Sucessões
A sucessão pode ser “inter vivos” ou “mortis causa”, interessando mais, na presente sede, a “mortis causa”, já que a “inter vivos” se rege pelas normas aplicáveis às obrigações em geral.
Pela teoria universalista (sistema da unidade sucessória), a sucessão, sendo analisada como uma unidade, deveria ser submetida a apenas uma lei. É uma teoria idealista, não sendo aceita sobretudo quando houver bens imóveis localizados em diversos sistemas. Com a teoria pluralista (sistema da pluralidade sucessória) não se deixa de cogitar de uma única lei, mas se admite o fracionamento da sucessão, existindo uma lei para cada fração, assim, a cada bem singularmente considerado se deve aplicar a lex rei sitae. Há ainda o sistema misto, pelo qual os imóveis do de cujus reger-se-ão pela lex rei sitae e os demais bens pela lei do domicílio ou da nacionalidade do autor da herança (M.H. Diniz).
Segundo prescreve o caput do art. 10 da LICC, a sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que era domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens. Mas é a lei do domicilio do herdeiro ou legatário que regula a capacidade de suceder (§ 2.º do art. 10 da LICC) (Carlos Roberto Gonçalves).
Leciona a professora M.ª H. Diniz que a LICC (caput do art. 10) veio a adotar a teoria da unidade sucessória, seguindo a esteira de Savigny.
Assim, via de regra, a lei aplicável é a do último domicílio do “de cujus”. Transcrevam-se as palavras de Oscar Tenório: “em face do art. 10 da Lei de Introdução ao Código Civil, a lei domiciliar do ‘de cujus’ é preponderante. Exceções têm de ser admitidas. Os direitos dos herdeiros, por exemplo, se regem pela lei do ‘de cujus’. A capacidade segue a lei pessoal do herdeiro.”
Deste modo, por exemplo, no caso de herdeiro domiciliado no Brasil, o direito à sucessão será analisado com vistas à lei do último domicílio do “de cujus”, mas a existência de indignidade ou de deserdação rege-se pelas leis brasileiras.
No caso das presunções de sobrevivência ou de morte simultânea (p. ex., presunção de comoriência), segundo o Código de Bustamante se aplicam as leis domiciliares de cada um dos falecidos, em relação à sua respectiva sucessão.
Quanto aos testamentos, via de regra a sua forma se rege pela lei do domicílio do testador à época da constituição do ato e seu conteúdo pelas regras vigentes no domicílio que o testador tinha quando faleceu (último domicílio conhecido). É a lei do domicílio do de cujus, portanto, que rege as condições de validade do testamento por ele deixado.
No caso brasileiro, porém, a ordem pública impõe limitações tanto ao conteúdo, quanto à forma do testamento. Assim, por exemplo, na sucessão realizada no Brasil não se admitem testamentos hológrafos ou que disponham de todo o acervo, quando houver herdeiros necessários, ainda que a lei domiciliar do “de cujus” permita essas práticas.
Como afirma Oscar Tenório, “a lei domiciliar do testador regula a capacidade para testar. (...) As limitações à capacidade de testar são determinadas pela lei das sucessões. Estabelecendo a lei da sucessão a reserva e, portanto, a cota disponível, o testador fica adstrito a respeitar aquela e a usar desta como melhor lhe convier. (...) Impondo-se a lei do ‘de cujus’, isto é, a sua lei pessoal, não influi na cota-reserva o domicílio dos herdeiros”.
Em termos de ordem pública, por fim, observe-se que a Constituição brasileira (art. 5.º, XXI) expressamente determina que a sucessão em bens de estrangeiro, situados no Brasil, será regida pela lei brasileira, sempre que for mais favorável ao cônjuge sobrevivente ou aos filhos brasileiros, que a lei do domicílio do “de cujus”. Quebra, deste modo, o princípio da unidade da sucessão, determinando o fracionamento da lei aplicável em proteção aos brasileiros.
É o caso, por exemplo, do falecimento de um cidadão mexicano casado com uma brasileira e cujos pais ainda fossem vivos. Pela lei brasileira, a cônjuge sobrevivente não tem direito à herança, pois os ascendentes do falecido detêm a preferência; pela lei mexicana, porém, ela tem direito a cinquenta por cento da herança, repartindo-a com os ascendentes. Em face da Constituição Federal, seria aplicável a lei mexicana, em relação aos bens situados no Brasil, pois é mais favorável à cônjuge brasileira. 
Bibliografia utilizada: MAZZUOLI, Valério Oliveira. Curso de direito internacional público. 3. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008; e REZEK, José Francisco. Direito internacional público: curso elementar. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
 
PARTE GERAL:
1 – Âmbito de incidência do Direito Internacional Privado
1.1 Postulados:
a) O mundo é composto de ordens jurídicas independentes. As ordens jurídicas independentes não são derivadas de outras ordens jurídicas (monismo com primado no direito nacional).
b) Surge o conflito de leis no espaço. O conflito surge do contrato entre ordens jurídicas diferentes.
COROLÁRIO: (conseqüência) = solucionar o conflito, que é o objeto do Direito Internacional Privado.
 O Direito Internacional Privado soluciona o conflito de forma indireta, pois ele apenas indica a norma a ser aplicada de acordo com cada caso concreto em que se envolva um estrangeiro. Ex: o juiz brasileiro em determinados casos pode aplicar lei estrangeira aqui no Brasil (vide LICC art 7º, § 4º). 
1.2 Características das ordens jurídicas independentes:
a) Independência: Não há ordem jurídica superior às ordens jurídicas independentes, pois não há órgãos de justiça internacional cuja vinculação dos países seja obrigatória. O Tribunal Penal Internacional, a Corte Internacional de Justiça e a OMC, por exemplo, são órgãos jurisdicionais em âmbito internacional, mas a vinculação a eles não é obrigatória, ou seja, só são vinculados a esses órgãos os países signatários, que desejam que os conflitos sejam apreciados por essas cortes.
b) Relatividade: Não há valores jurídicos universais. O que para um sistema jurídico pode ser correto, para outro pode não ser. Ex: a pena de morte.
c) Exclusividade: A eficácia territorial das ordens jurídicas é absoluta. Já a eficácia extraterritorial é relativa, pois depende de algumas condições. Por exemplo, há condições para que a lei brasileira seja aplicada no exterior, como: a lei brasileira é sempre aplicada nos consulados; a homologação da sentença estrangeira feita pelo STF, que é um caso da lei estrangeira aplicada no Brasil.
 2 – Conceito de Direito Internacional Privado:
2.1 – Definição: É o ramo do Direito que estuda a solução de casos jusprivatistas com presença de elementoestrangeiro.
2.2 - Delimitação:
a) Delimitação Positiva:
- Ramo do Direito Público, pois suas normas defendem o interesse público.
- Soluções: o Direito Internacional Privado é um método de raciocínio para que se possa determinar a lei aplicável.
- Casos jusprivatistas: o Direito Internacional Privado, embora um ramo de Direito Público, cuida de casos de Direito Privado, ou seja, casos com participação de estrangeiro nos âmbitos do Direito Civil e do Direito Empresarial.
- Presença de elemento estrangeiro: Contato com outra ordem jurídica independente.
b) Delimitação negativa:
- Não trata de normas jurídicas de Direito Público, como normas de Direito Tributário, Direito de Concorrência, Direito Econômico...
- Não trata de normas diretas. Ex: todas as regras que não possuam elemento estrangeiro que podem ter a indicação de uma lei aplicável.
2.3 – Centro normativo do sistema jurídico:
a) Família do Direito Islâmico: o centro normativo é o alcorão. Há casos que o Brasil não homologa sentença, como o caso do divórcio por repudia.
b) Família do Direito Socialista: China, Cuba, Angola, Coréia do Norte...O centro do sistema jurídico continua sendo a lei, só muda no plano material (Direito Privado).
3 – Objeto do Direito Internacional Privado:
3.1 – Escolas:
a) Escola Francesa: Diz que o DIPr possui cinco objetos: conflito de leis; conflito de jurisdição; direitos adquiridos; nacionalidade e condição jurídica do estrangeiro.
b) Escola Anglo-americana: Para essa escola, o DIPr só possui um objeto que é o conflito de leis. Essa corrente é que é adotada pelo Brasil.
 3.2 – Críticas: Há dois critérios:
a) Metodológico: Exaustividade – se determinada matéria é exaustivamente tratada em algum ramo do Direito, não é necessário o estudo pelo DIPr. Ex: a nacionalidade é estudada pelo Direito Constitucional, logo, não deve ser estudada pelo DIPr.
b) Normológico: O DIPr estuda normas indicativas e indiretas (ou normas de sobredireito). Indicativas, pois indicam o direito aplicável. E indiretas, pois resolvem indiretamente o caso concreto.
→ Então, por esses critérios, conclui-se que o objeto do DIPr é o conflito de leis, por isso que o Brasil adota a teoria da Escola Ítalo-Germânica.
4 – Denominação do Direito Internacional Privado:
A mais antiga denominação é “Conflito de Leis”, que ainda é muito utilizada nos países de língua inglesa (“Conflict of Laws”). A atual denominação que é “Direito Internacional Privado”, vem do Direito Francês (“Droit International Prive”).
Crítica à denominação:
- O DIPr não é um ramo do Direito Internacional Público
- A natureza do DIPr faz parte do direito interno = normas de direito privado e natureza de direito público.
- O DIPr tem normas com natureza de direito público.
5 – Fundamentos Direito Internacional Privado:
5.1 – Escola Estatutária: (Século XI ao XVII)
- Escola italiana: Bartolus de Saxoferrato.
- Escola francesa: Dumoulin.
- Escola holandesa: “Gomitas Gontium”.
5.2 – Escola Anglo-americana:
Story – Elementos de conexão flexíveis
“A melhor lei para o contrato”, não é que nem no Brasil que os elementos de conexão são fixos como, por exemplo, aplica a lei brasileira para os contratos (“Better Law Aproach”).
5.3 – Escola italiana: Século XIX – Mancini – Elemento de conexão = Nacionalidade.
 
6 – Natureza das normas de DIPr:
6.1 – Quanto à redação ou técnica legislativa:
- Bilaterais: A norma dispõe sobre a aplicação do Direito nacional e Direito estrangeiro. Ex: art 7º da LICC, a redação fala das duas possibilidades, ou seja, da aplicação de normas de Direito nacional e estrangeiro.
- Unilaterais: A norma dispõe sobre a aplicação do Direito nacional. Ex: art. 7º § 1º da LICC (quando o casamento for celebrado no Brasil, aplica-se a lei brasileira).
- Bilateralizada: Interpretação para completar a norma unilateral. Ex: art 7º § 1º da LICC, a contrario sensu, conclui-se que para o casamento realizado no exterior, se aplica as regras do Direito estrangeiro.
- Justapostas: Há duas normas, uma sobre o Direito nacional, e outra sobre o Direito estrangeiro. Ex: Código Civil Argentino e Código Civil Francês.
 6.2 – Quanto à estrutura:
As normas jurídicas em geral compreendem: Se “A” é (hipótese de incidência) “B” deve ser (conseqüência jurídica), ou seja, normas de conduta onde se descreve uma determinada conduta e a essa conduta é auferida uma sanção direta.
 Já as normas do DIPr, quanto à sua estrutura, são normas de estrutura, que versam sobre conceitos, e a sanção é indireta (indicar a lei aplicável), pois não é o DIPr que resolve o caso concreto, mas sim o Direito nacional ou estrangeiro. Por isso que as normas de DIPr quanto a sua estrutura são flexíveis.
7 – Elementos de Conexão
7.1 – Conceito:
“São os elementos técnico-jurídicos que indicam a lei aplicável (“centro de interesses”) em um caso jusprivatista com presença de elemento estrangeiro”.
Para alcançar a lei aplicável, serve-se o Direito Internacional Privado de elementos técnicos prefixados, que funcionam como base na ação solucionadora do conflito. A esses meios técnicos, usados pela norma indireta para solucionar os conflitos de leis, denominados elementos de conexão.
Obs: diferença entre elemento de conexão e objeto de conexão: o objeto de conexão refere-se à matéria tratada pela norma (ex: casamento, domicílio, capacidade civil etc.). O elemento de conexão é o fator que determina qual norma (nacional ou estrangeira) aplicável a determinado conflito de lei. Exemplo: art. 7º da LICC – são objetos de conexão: o começo e o fim da personalidade, o nome a capacidade e os direitos de família); o elemento de conexão é o domicílio.
7.2 – Espécies:
 
	NOME DO ELEMENTO
	RAMO (ou objeto de conexão)
	CRITÉRIO (Útil. Brasil)
	Lex Patriae
	Estatuto Pessoal (D. de Família e Personalidade)
	X
	Lex Loci Domicili
	Estatuto pessoal (personalidade, casamento, capacidade)
	Lei Domicílio (LICC art 7º)
	Lex Loci Celebrationis
	Formalidades casamento
	L. local celebração (7º §2º)
	Lex Loci Obligacionis
	Obrigações
	L. local const. Obrig. (9º)
	Lex Loci Contractus
	Contratos
	L. local const. Cont. (9º)
	Lex Rei Sitae
	D. reais – bens imóveis
	L. da situação do bem
	Mobília Sequntum Persona
	Bens móveis
	L. domicílio do proprietário
	Lex Sucessionis
	Sucessões
	L. domicílio falecido (10º)
8 – Aplicação de direito estrangeiro:
 8.1 – Fato: até o fim do século XIX direito estrangeiro era considerado como fato, logo, ele não deve ser aplicado, servindo como mera matéria probatória.
8.2 – Direito: (Brasil) – CPC art. 337 – No Brasil o direito estrangeiro é considerado como direito, logo, ele deve ser aplicado.
Se a parte alegar direito estrangeiro, o juiz pode pedir a colaboração das partes (auxílio na prova do teor e vigência do direito). Se a parte não alegar, o juiz deve saber de ofício, ou seja, se a parte não alega direito estrangeiro, o ônus da prova incumbe a quem alegou (CPC art. 337).
Como é feita a prova? Através de certidão consular ou parecer de dois advogados estrangeiros. O Código de Bustamante disciplina a matéria nos arts. 408 a 411. Diz o código que a parte que alega lei estrangeira poderá provar sua vigência e sentido através de uma certidão devidamente legalizada, de dois advogados em exercício no país de cuja legislação se trata. Se a parte não puder provar ou houver insuficiência de provas, o juiz ou o tribunal poderá solicitar de ofício, por via diplomática, antes de decidir que o Estado de cuja legislação se trata forneça certidão sobre o texto, vigência e sentido do direito aplicável.
É importante registrar que as normas de direito estrangeiro, quando aplicáveis, equiparam-se à legislação ordinária, razão pela qual podem ser objeto de controle incidental de constitucionalidade.
9 – Limites de aplicação do direito estrangeiro:
9.1 – Princípio de ordem pública:São os princípios estruturantes do direito privado. Esses princípios estão na Constituição Federal, logo, todos eles são princípios de ordem pública. Então, direito estrangeiro que fere a ordem pública pode até ser válido, mas é ineficaz no Brasil (LICC art. 17).
Ex 1: Divórcio islâmico: Dá-se pela repudia. O STJ não homologa esse tipo de sentença, pois fere a ordem pública.
Ex 2: Casamento poligâmico: Vale o primeiro casamento, e os demais são ineficazes para o ordenamento jurídico brasileiro.
Ex 3: Casamento de pessoas do mesmo sexo.
Ex 4: Dívida de jogo: As decisões têm sido no sentido de que a dívida de jogo contraída no exterior (em países que o jogo é lícito) pode ser executada, pois se entendeu que se está executando uma obrigação e não instituindo a prática do jogo no Brasil, que aí sim viria a ferir a ordem pública (AgRg na CR 3198 / US Relator(a) Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS (1096) Órgão Julgador CE - CORTE ESPECIAL Data do Julgamento 30/06/2008 DJe 11/09/2008).
Ex 5: Direito do consumidor: Contratos celebrados na Internet e contratos de “Time Sharing”, a eleição do foro no exterior, o CDC é ferido, pois segundo o mesmo o foro privilegiado é o do consumidor.
9.2 – Fraude à Lei:
CIDIP – Convenção Interamericana ratificada pelo Brasil, que estabelece normas gerais de DIPr. Sendo assim, tem força de lei ordinária.
CIDIP art 6º - Alteração dolosa de elemento de conexão a fim de fugir da aplicação da lei.
Ex: Troca de domicílio (para fugir da aplicação da lei tributária), alteração de nacionalidade.
A fraude à lei implica em ineficácia do ato.
9.3 – Instituições desconhecidas:
São institutos desconhecidos no ordenamento jurídico brasileiro, como, por exemplo, o “Trust”.
Nesses casos, o juiz deve procurar se há algum instituto similar, e havendo, deve-se aplicar esse instituto similar. Não havendo um instituto similar no ordenamento jurídico brasileiro, afasta-se a aplicação do direito estrangeiro e aplica-se o direito nacional.
9.4 – Remissão normativa: (Reenvio)
· Conceito: Ocorre o reenvio quando o DIPr de um país, ao aplicar o DIPr de outro país (normas de conflito), permite a remissão normativa para o direito de um terceiro país.
· LICC art. 16: Esse artigo estabelece limites ao reenvio. No Brasil não há reenvio, simplesmente aplica-se o direito material estrangeiro e não as normas de conflito, que podem reenviar para a aplicação de um terceiro país.
O projeto da nova LICC prevê o reenvio, mas só o reenvio do primeiro grau. Ex: O Brasil diz que a lei aplicável é a francesa, e a lei de DIPr da França remete para a aplicação da lei alemã.
9.5 – Questões prévias:
 São questões preliminares que resolvem a questão principal (questão de fundo). As questões prévias do DIPr são todas aquelas cuja solução condiciona a da ação original que forma o tema principal do pleito.
 Toda questão, portanto, que surgir no decorrer de uma determinada lide que exige solução própria antes que prossiga o processamento da ação original, é uma questão prévia. Assim ocorre, por exemplo, em um processo sucessório em que é contestada a legitimidade dos filhos ou em uma ação de alimentos em que se contesta a validade do casamento.
 Ex: Contrato: Questões prévias = Requisitos de Validade
- Objeto lícito – ordem pública (LICC art. 17);
- Capacidade – Lex Loci Domicili (LICC art. 7º);
- Forma – Execução do contrato no exterior – Lex Loci Actus (LICC art 9º)
 - Execução do contrato no Brasil – Lex Loci Executionis (art 9º §1º).
Toda vez que se tem que aplicar a lei de vários países num mesmo caso, ocorre o desmembramento (Depèçage).
9.6 – Qualificações:
 Qualificar é atribuir existência jurídica, é definir de acordo com a técnica jurídica de uma legislação. Cada legislação estabelece seus próprios critérios de qualificação, resultando daí diversidade no enquadramento das instituições, conceitos e relações de direito nos diferentes ordenamentos jurídicos.
 QUALIFICAR = conceituar + classificar
 Ex: Domicílio = Brasil – Residência + Animus
 Alemanha – Registro
 Pode ocorrer o conflito de qualificações quando um sistema classifica um mesmo instituto de maneiras distintas. Esses conflitos podem surgir tanto na área dos elementos de conexão do DIPr, tanto no campo do direito material (objeto de conexão). Na área dos elementos de conexão, é típico o conflito em matéria de domicílio. É, contudo, nas divergências encontradas entre direitos materiais dos Estados que se acha o núcleo do problema. A solução vai se dar por um dos elementos de conexão abaixo:
- Teoria das qualificações pela Lex Fori: entende que o juiz deve qualificar o instituto nos termos de seu próprio ordenamento. Lei do foro – LICC art. 7º e art. 10, II – utiliza-se no Direito de Família, sucessões e societário. 
- Teoria da qualificação pela Lex Causae: entende que o instituto deve qualificado à luz da lei estrangeira. Lei da causa do ato ou negócio jurídico – utiliza-se para os casos que envolvam bens (LICC art. 8º) e obrigações (LICC art. 9º).
O Brasil adota predominantemente a teoria das qualificações pela Lex fori, optando, porém, pela Lex causae nas hipóteses dos arts. 8 e 9 da LICC.
→ PASSOS PARA A RESOLUÇÃO DE CASOS DE DIPr:
1º - FORO COMPETENTE (# lei aplicável)
2º - QUESTÕES PRÉVIAS
3º - QUALIFICAÇÕES
4º - LEI APLICÁVEL (questões de fundo)
5º - LIMITES A APLICAÇÃO DO DIREITO ESTRANGEIRO
 
PARTE ESPECIAL:
1 – O Direito de Família:
1.1 – Tipos de casamento:
· Civil obrigatório: Há países, como a França, que só aceitam como válido o casamento civil.
· Religioso obrigatório: Utilizado em países como o Irã e Grécia.
· Sistema misto: Utilizado pelo Brasil (CF/88 art. 226 § 2º), ou seja, tanto o casamento civil como o casamento religioso são aceitos como válidos.
· Sistema consensual: Não necessita de formalidades, utilizados em alguns estados americanos.
1.2 – Autoridade competente:
	Pois bem: os conflitos de leis no tempo, que geralmente se observam no âmbito de um mesmo sistema jurídico, são equacionados e resolvidos dentro de um domínio científico denominado direito intertemporal. Os conflitos de leis no espaço, isto é, os que exigem a definição de qual ordenamento jurídico regerá a espécie, constituem objeto do direito internacional privado. Cada um deles tem princípios e regras peculiares, que, singularmente, não se aglutinam em um texto normativo único, mas se espalham difusamente pelos diferentes documentos legais (L. R. Barroso).
Est - Est
	Estrangeiro
	Estrangeiro
	Estrangeiro
	Só se tiver bens no Brasil. Comp. Absl. (CPC art. 89).
Casamento realizado no Brasil:
- Entre brasileiros: CF/88 art. 226 § 2º - pode ser civil ou religioso, ambos terão efeito perante a lei brasileira.
- Entre estrangeiros: Também pode ser civil ou religioso, conforme a lei brasileira. Pode ser realizado também no consulado, mas deve ser o consulado da nacionalidade de ambos os nubentes (LICC art. 7º § 2º).
- Entre brasileiro e estrangeiro: Somente no civil ou religioso conforme a lei brasileira (CF/88 art. 226 § 2º).
Casamento realizado no exterior:
- Entre brasileiros: 
LICC art 17 – não pode ferir a ordem pública
 LICC art 7º § 1º
 LICC art 18 – consulado.
- Entre brasileiro e estrangeiro: Não pode ser realizado no consulado, por força do art. 18 da LICC.
1.3 – Casamento realizado por autoridade incompetente:
 Casamento realizado perante autoridade consular, civil ou religiosa incompetente é inexistente, nulo ou anulável? Pelo CC/1916, poderia ser inexistente, nulo ou anulável, porém com o art. 1550, VI CC/02, o casamento realizado por autoridade incompetente é ANULÁVEL.
 Se é anulável é porque tem vício sanável. CC/02 art. 1560, II, a ação anulatória prescreve em 2 anos, se não tiver pedido de anulação do casamento no prazo previsto, esseserá convalidado.
1.4 – Proclamas: (Publicidade)
CC/02 art. 1527 – Deve-se dar publicidade do casamento por editais na imprensa local. Essa regra é válida para casamentos entre brasileiros e para casamentos entre estrangeiros realizados no Brasil.
Se o casamento (realizado no Brasil) é entre brasileiro e estrangeiro residente no exterior, é necessária a publicação de proclamas no país de origem do estrangeiro? Para o brasileiro os proclamas são obrigatórios, mas para o nubente estrangeiro depende da corrente que se adota: A corrente que sustenta que sim, defende que é para a garantia da segurança jurídica; a corrente que sustenta que não, sustenta que a lei de registros não permite; e a corrente mais aceita diz que depende do que dispõe a lei estrangeira.
1.5 – Prova do casamento consular: 
CC/02 art. 1544 - O casamento realizado no exterior no consulado brasileiro deve ser registrado no Brasil no prazo de 180 dias.
Os brasileiros casados no exterior perante a autoridade consular brasileira quando voltam ao Brasil, ou quando um deles retorna, deve-se levar o casamento a registro no prazo de 180 dias.
Não respeitando o prazo de 180 dias, o casamento não será nulo, pois foi celebrado por autoridade competente, então, sendo sanável o vício ele é, sim, anulável, ou seja, para ser anulado necessita de processo que requisite a sua nulidade. O máximo que pode acontecer como sanção ao não registro é multa administrativa, que na prática não é aplicada, pois não há lei que regule essa multa.
1.6 – Invalidade do casamento: (LICC art 7º § 3º)
Motivos de invalidade:
- Agente incapaz;
- Objeto ilícito ou impossível;
- Haver impedimento;
- Realizado por autoridade incompetente.
LICC art 7º § 3º - O STF diz que é inaplicável, sendo correta a aplicação do art 7º, § 1º da LICC (lei do local da celebração).
1.7 – Casamento por procuração: ( CC/02 art. 1542)
Somente no cível.
Se outro país não aceita o casamento por procuração mesmo assim será válido o casamento, não interessando o que diz a lei de outro país, pois trata-se de mero requisito de forma, que não é questão de fundo, que são reguladas pela lei do local da celebração.
1.8 – Dissolução do vínculo:
· Divórcio: (CPC arts. 88, 89 e 90).
 
	
	Domicílio atual
	Celebração
	Primeiro domicílio
	Pode o divórcio ocorrer no Brasil?
	BR – BR
	Brasil
	Estrangeiro
	Estrangeiro
	Sim, CPC art. 88, I e II.
	BR – BR
	Estrangeiro
	Brasil
	Estrangeiro
	Sim, CPC art. 88, III
	BR – BR
	Estrangeiro
	Estrangeiro
	Estrangeiro
	Só se tiver bens no Brasil (CPC art. 89). Comp. Absl.
	Est - Est
	Brasil
	Estrangeiro
	Estrangeiro
	Sim, CPC art. 88, I. Brasil não distingue nacionais e estrangeiros no exercício de direitos.
CPC art. 88 – competência relativa
CPC art. 89 – competência absoluta
 
 2 – Contratos internacionais:
Contratos inter presentes: = regra vista anteriormente.
Questão de fundo: LICC art. 9º - Lex Loci Contractus
Questões prévias:
- Agente (capacidade) – Lex Loci Domicili (LICC art. 7º);
- Forma – Lex Loci Contractus (LICC art 9º);
- Objeto – LICC art. 17 (ordem pública).
Contratos inter ausentes:
2.1 – Lei aplicável: (LICC art 9º).
As partes entram em contato por fax, e-mail, telefone, teleconferência..., nesses casos considera-se que o contrato foi realizado no domicílio do proponente do negócio, que, pela legislação brasileira, é aquele que faz a oferta, mas o conceito de proponente é variável de acordo com a legislação de cada país. Assim, a lei aplicável a esse negócio é a lei do domicílio do proponente.
Havendo uma cadeia de propostas, é considerada a última proposta válida, ou seja, a proposta que contiver a última alteração substancial. Assim é que se vai definir qual a legislação aplicável ao negócio.
2.2 – Foro competente: (LICC art. 12)
- É possível que haja cláusula de eleição de foro para a resolução de controvérsias.
- Não havendo cláusula de eleição de foro, aplica-se o art. 12 da LICC ou o CPC art. 88.
A competência do Judiciário brasileiro nesses casos é relativa, pois pode ser afastada pela estipulação da cláusula de eleição de foro. Caso não haja essa cláusula, conforme o art. 12 da LICC, a autoridade judiciária brasileira é competente quando o réu for domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação.
2.3 – Cláusula de direito aplicável ( ou autonomia da vontade): 
O Brasil não aceita a estipulação dessa cláusula. Se constar no contrato será como se ela não existisse, ou seja, ela é nula. Assim, aplica-se o art. 9º da LICC que diz que o direito aplicado deverá ser o do local da assinatura do contrato, isto é, no domicílio do proponente.
Obs: parte da doutrina entende que a Lei de Arbitragem (Lei 9.307/96) admite que as partes escolham livremente as normas aplicáveis ao processo arbitral.
2.4 – Incoterms: “International Commercial Terms”
São cláusulas padronizadas do comércio internacional. Só servem para contratos de compra e venda internacional, não valendo, por exemplo, para contratos de franquia. São cláusulas padronizadas que trazem um conjunto de obrigações que vão regular os contratos de compra e venda internacional.
- FOB (Free on Board) – o vendedor pega a mercadoria e a embarca. Após o embarque o vendedor não é mais responsável por quaisquer danos ou deteriorações na mercadoria. Há uma espécie de linha imaginária no navio, passando essa linha, considera-se que a mercadoria foi embarcada, não havendo mais responsabilidade do vendedor.
- CIF (Cost, Insurance and Freight) – o vendedor embarca a mercadoria, mas essa tem que chegar ao porto de destino, não se responsabilizando pelo desembarque da mercadoria. O vendedor paga somente os custos até o porto. Se a mercadoria se perder, por exemplo, na aduana, quem perde é o comprador, pois o vendedor é responsável até a chegada no porto. Daí o comprador pode fazer seguro para possíveis perdas, como a demora na descarrega ou na aduana.
- EXW (Ex Works) – o comprador vai buscar a mercadoria no estabelecimento do vendedor. O comprador é o responsável pelo seguro e pelo frete, pois o vendedor exime-se de sua responsabilidade com a saída da mercadoria de seu estabelecimento, ou seja, saindo do pátio da fábrica a mercadoria já se encontra sob a responsabilidade do comprador.
2.5 – Contratos com observância da ordem pública:
- Contratos de relação de consumo;
- Contratos de propriedade intelectual (marcas e patentes); 
- Contratos de investimento.
São contratos cuja realização é muito comum entre ausentes, por isso, deve-se analisar se eles não ferem a ordem pública. 
3 – Sociedades internacionais:
 O que se quer definir? A nacionalidade da empresa (se é nacional ou estrangeira).
3.1 – Regra geral:
Antes:
- LICC art. 11 – Incorporação (local do registro).
- Exceção: S.A – para ser brasileira era necessário além do registro no Brasil ter também sede aqui.
Agora: CC/02
- CC art. 1.126 – sociedade brasileira – registro + sede no Brasil
- CC art. 1.134 – sociedade estrangeira – a que tem registro ou sede fora do Brasil (ou os dois)
CF/88 art. 171:
- Sociedade brasileira: sede + registro
- Sociedade estrangeira: A EC nº 6/95 revogou todo o art. 171 da CF, voltando a valer a regra da LICC art. 11, mas agora com o CC/02, vale a mesma regra que antes era expressa pelo art. 171 da CF.
3.2 – Três formas para definir a nacionalidade das empresas:
Incorporação: = registro
Sede: = pode ser estatutária (local onde está inscrito o contrato social); a sede da administração ou a sede das decisões (assembléias).
Controle: = onde de fato a empresa é gerida.
3.3 – Sociedade estrangeira:
Filial: Tem autonomia tributária. Precisa de autorização da matriz, e segue as regras do país de origem da empresa, pois não tem personalidade jurídica própria. O local de funcionamento no Brasil deve ser registrado na Junta Comercial.
Subsidiária: Constituição sob as leis do país onde está instalada. Possuem personalidade jurídica própria e não têm dependência econômica.As subsidiárias seguem as regras do país em que foi constituída. A subsidiária e a filial fazem parte do mesmo grupo econômico. Ex: GM (EUA) – filial = GM/ subsidiária = GM do Brasil.
Holding: Empresa que tem participação no capital de outras empresas; nesses casos ela pode ser coligada, controlada ou de simples participação (CC art. 1097).
- Coligada: A holding participa com 10 % ou mais no capital de outra empresa. Conforme o art 1099 do CC, coligada é sinônimo de afiliada.
- Controlada: (CC art. 1098): Quando a holding detém o controle de outra empresa (decisões e eleições de administradores).
- Simples participação: (CC art. 1100): A matriz participa com menos de 10% do capital de outras empresas.
CC art. 2.031 – Estabelece prazo de 1 ano como período de transição para se adaptar ao novo CC.
Vide art. 977 do CC – Sociedades limitadas – conjugues – regime de bens.
Consórcios: (“Joint – ventures”)
- Contratual (“Equity”): Parceria – aplica-se a lei contratual.
- Societária (“Corporate”): Lex Loci Societatis.
 OBS: Técnicas usadas para encontrar o direito a ser aplicado:
Método Conflitual: classifica as relações jurídicas em categorias preestabelecidas no direito interno e em seguida atribui cada uma dessas relações a uma ordem jurídica à qual ela pertence. O enfoque é na relação jurídica e sua conexão territorial. É o usado no Brasil
Método Unilateral (Teoria dos Vínculos mais estreitos): A insatisfação com a técnica mecanicista de resolver os conflitos de leis fez surgir teorias que lhe fossem alternativas a partir da segunda metade do século XX. Nos Estados Unidos, esse movimento de contestação ficou conhecido como “American conflicts revolution”. Uma dessas teorias criou o que viria a denominar-se “princípio da proximidade”, e a consagrar-se, nos Estados Unidos, no 2nd Restatement of Conflict of Laws. De acordo com essa abordagem, o julgador, na presença de uma situação de conflito de leis, deve aplicar a lei que apresenta a “conexão mais significativa” (the most significant connection) ou a “relação mais significativa” (the most significant relationship) com o caso concreto.
Este “princípio da proximidade” – que surgiu primeiramente no âmbito dos atos ilícitos e migrou também para outras áreas, como a dos contratos internacionais – tem por objetivo livrar o juiz do engessamento a que lhe submetem as regras de conexão clássicas, inflexíveis. Com efeito, verificou-se que os tribunais estavam recorrendo cada vez mais a princípios excepcionais de DIP (tais como a ordem pública, reenvio e qualificação) com o intuito de afastar a aplicação da lei indicada pelas regras de conexão rígidas. Nas palavras de Juenger, “using renvoi, characterization and public policy in manipulative fashion courts were able to reach just decisions”. A aplicação do princípio da proximidade, por outro lado, aumenta em muito a discricionariedade do juiz para buscar a “sede das relações jurídicas”, e não é difícil observar que a sua generalização tende a diminuir a necessidade de recurso a institutos como a ordem pública, a qualificação e o reeenvio, a fraude à lei e direitos adquiridos.
FONTES – Vide Ponto o1.
CONFLITOS DE LEIS NO ESPAÇO
Doutrina da extraterritorialidade e estatuto pessoal – Pela extraterritorialidade, será possível a aplicação da lei em território de outro Estado, de conformidade com o estabelecido em princípios e convenções internacionais. O princípio leges non valente ultra territorium inclina-se ante o interesse das nações (e a Justiça). 
Assim, a territorialidade significaria a aplicabilidade de leis locais sem ater-se às alienígenas e a extraterritorialidade designaria os efeitos legais das normas além dos limites do Estado.
A lei extraterritorial teria duas funções a) proteger a pessoa em território estrangeiro; e b) regular os efeitos de atos estrangeiros que venham a se cumprir, no todo ou em parte, no país, desde que não atentem contra a soberania, a ordem pública e os bons costumes.
Classicamente, denomina-se estatuto pessoal a situação jurídica que rege o estrangeiro pela lei de seu país de origem. Trata-se da hipótese em que a norma de um Estado acompanha o cidadão para regular seus direitos em outro país. Esse estatuto pessoal baseia-se na lei da nacionalidade (critério político) ou na lex domicilii (critério político-geográfico). A lei nacional e a lei do domicílio constitutem, portanto, critérios solucionadores dos conflitos interespaciais, sendo elementos de conexão indicativos da lei competente para reger os conflitos de leis no espaço.
No Brasil, a “nova” Lei de Introdução (de 1942) introduziu o princípio domiciliar como elemento de conexão para determinar a lei aplicável, abandonando o princípio nacionalístico da antiga lei. Assim, atualmente, em virtude do disposto no artigo 7º da Lei de Introdução ao Código Civil vigente, funda-se o estatuto pessoal na lei do domicílio ou na da sede jurídica da pessoa.
Ou seja, o intérprete ou aplicador só irá obter a qualificação jurídica do estatuto pessoal e a dos direitos de família após chegar à análise da lei do país onde estiver domiciliada a pessoa. O órgão judicante deverá aplicar, pois, quando for o caso, o direito alienígena em razão de determinação da lex fori, não podendo desprezá-lo para acolher o direito interno. 
O juiz brasileiro deverá qualificar o domicílio segundo o direito nacional e não de conformidade com o direito estrangeiro, estabelecendo a ligação entre a pessoa e o país onde está domiciliada, para aplicar as normas de direito cabíveis. Existindo o dado “domicílio”, operar-se-á a conexão para o efeito da aplicabilidade da norma do Estado respectivo.
Existem duas espécies de conflitos de normas cuja solução, ao menos em princípio, não se socorre dos critérios hierárquico ou de especialização, mas, sim, de outro instrumental teórico. São os conflitos de leis no espaço e no tempo, cujo equacionamento percorre caminhos complexos e acidentados, que passam por diversos ramos do direito (Luís Roberto Barroso).
A denominação direito internacional privado foi utilizada pela primeira vez por Joseph Story (Comentários sobre el conflicto de las leyes, cit., p. 12) e adotada na França por M. Foelix (Traité du droit international privé ou du conflit des lois de différentes nations, en matiére du druit privé, 1843). Embora se mantenha fiel à denominação tradicional, a doutrina é unânime em condenar o termo internacional – o direito internacional privado é predominantemente interno e não disciplina relações entre nações – e o termo privado, já que abrange conflitos regidos pelo direito público, sendo o seu próprio papel de solução de conflitos de leis de natureza eminentemente pública (L. R. Barroso).
Para Valadão, DIPr é parte do Direito Internacional. Para ele, há prevalência da norma internacional sobre a interna em caso de conflito. Para apoiar essa tese, vai buscar o artigo 98 do CTN: “Os tratados e convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna e serão observados pela que lhes sobrevenham”.
As regras de direito internacional privado são, normalmente, disposições de direito interno, de vez que cada ordenamento jurídico estabelece suas próprias regras de solução de conflitos. Tais preceitos, que se denominam regras de conexão, indicam qual dos ordenamentos jurídicos em contato com uma dada relação deverá prevalecer e discipliná-la (L. R. Barroso).
É preciso esclarecer que o direito internacional privado não disciplina as relações supranacionais, pois tão-somente determina quais normas, deste ou daquele outro ordenamento jurídico, são aplicáveis no caso de haver conflito de leis no espaço. Daí ser considerado um direito sobre direito (M.ª Helena Diniz).
O Direito internacional privado, portanto, é o ramo do direito que contém normas de direito interno de cada país, que autorizam o juiz nacional a aplicar ao fato interjurisdicional a norma a ele adequada, mesmo que seja alienígena. Logo, não é absoluto o princípio leges non valent ultra territorium, pois

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