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9º PONTO
DIREITO CONSTITUCIONAL - Processo eleitoral. Plebiscito. Referendum. Iniciativa popular. Direitos e garantias individuais. O rol da constituição brasileira. Direitos explícitos e implícitos. Classificação dos direitos explícitos. Abuso de direito individual ou político.
DIREITO ADMINISTRATIVO - Poder Regulamentar. Regulamentos administrativos de execução e autônomos. O poder normativo não legislativo e o princípio da legalidade. Regulamentação e regulação. Análise do art. 84 da CF/88 quanto aos limites do poder regulamentar. Poder de Polícia. Conceito. Características. Origem e função. Limites, extensão e controle. Poder de polícia e regulação. Distinções.
DIREITO PENAL - Teoria geral da pena. Cominação das penas. Penas privativas de liberdade. Penas restritivas de direitos. Regimes de pena. Pena pecuniária. Medidas de segurança. Aplicação da pena. Os fins da pena. Livramento condicional e suspensão condicional da pena. Efeitos da condenação. Execução penal. Crimes contra a incolumidade pública. Crimes na direção de veículos automotores. Crimes contra a paz pública. Ações praticadas por organizações criminosas. Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional. Armas de fogo.
DIREITO PROCESSUAL PENAL - Juizados Especiais Federais Penais. O Conciliador. Quebra de sigilo: requisitos e limites. Quebra de sigilo fiscal, bancário e de dados. Interceptações de comunicação.
Processo Eleitoral
Na doutrina�, distingue-se o processo eleitoral em sentido amplo ou em sentido restrito. Em sentido amplo, processo eleitoral significa a complexa relação que se instaura entre Justiça Eleitoral, candidatos, partidos políticos, coligações, Ministério Público e cidadãos com vistas à concretização do direito de sufrágio e escolha legítima dos ocupantes dos cargos público-eletivos em disputa. Em sentido restrito, a expressão processo eleitoral equivale a processo jurisdicional eleitoral, que é instaurado e se desenvolve perante órgão jurisdicional com vistas à resolução de conflito eleitoral; é individualizado, veiculando pedido específico entre as partes.
A despeito de certa controvérsia quanto ao termo inicial do processo eleitoral em sentido amplo, pacificou-se o entendimento de que este coincide com as convenções partidárias para a escolha de candidatos e deliberação sobre coligação. Concluída a convenção, já se pode pleitear o registro de candidaturas. Assim, seu marco inicial pode ser fixado no dia 10 de junho do ano das eleições.
STF, RE 633703, rel. Min. Gilmar MENDES - a expressão “processo eleitoral”, contida no art. 16, da CRFB refere-se à dinâmica das eleições, à escolha dos candidatos e às fases eleitorais (pré-eleitoral, eleitoral e pós-eleitoral).
O processo eleitoral (José Afonso da SILVA e Antônio Tito COSTA), que constitui sucessão ordenada de atos e estágios causalmente vinculados entre si, supõe, em função dos objetivos que lhe são inerentes, a sua integral submissão a uma disciplina jurídica que, ao discriminar os momentos que o compõem, indica as fases em que ele se desenvolve: 
(a) fase pré-eleitoral, que, iniciando-se com a realização das convenções partidárias e a escolha de candidaturas, estende-se até a propaganda eleitoral respectiva; 
(b) fase eleitoral propriamente dita, que compreende o início, a realização e o encerramento da votação e 
(c) fase pós-eleitoral, que principia com a apuração e contagem de votos e termina com a diplomação dos candidatos eleitos, bem assim dos seus respectivos suplentes. 
Fases da cidadania: aos 16 anos de idade o nacional pode alistar-se, facultativamente (voto facultativo); após 18 anos é obrigatório alistar-se, podendo candidatar-se a vereador; após 21 anos, o cidadão incorpora o direito de ser votado para deputado federal, estadual e distrital, prefeito, vice-prefeito e juiz de paz; aos 30 anos, pode ser eleito governador e vice-governador de Estado e Distrito Federal; aos 35 anos chega-se ao ápice da cidadania formal, com o direito de ser votado para presidente e vice-presidente da República e para Senador (artigo 14, §º). Observação: a condição de elegibilidade constitucional referente à idade para fins eleitorais leva em conta a data da posse (artigo 11, §2º, da Lei 9504/97).
Capacidade eleitoral ativa – garante ao nacional o direito de votar nas eleições, nos plebiscitos ou nos referendos. No Brasil essa capacidade se dá com o alistamento realizado perante os órgãos competentes da Justiça Eleitoral, a pedido do interessado (não há inscrição de ofício no Brasil).
Para SILVA, direitos políticos ativos consistem no conjunto de normas que asseguram o direito subjetivo de participação no processo político e nos órgãos governamentais.
Direito político ativo ou capacidade eleitoral ativa é o direito que possui o cidadão de participar diretamente do processo eleitoral, através do VOTO, seja em eleições, seja em plebiscitos ou referendos.
SUFRÁGIO x VOTO x ESCRUTÍNIO – em termos jurídicos, sufrágio consiste no direito público e subjetivo assegurado ao cidadão para eleger e ser eleito (abrange, portanto, a capacidade eleitoral ativa e capacidade eleitoral passiva). Voto é o exercício concreto do sufrágio. Por fim, escrutínio é o modo de exercício do sufrágio (modo como o voto se concretiza).
Da leitura do art. 14, da CRFB, observa-se a seguinte opção do constituinte:
	SUFRÁGIO -> universal,
	VOTO -> direto e igual, e 
	ESCRUTÍNIO -> secreto.
Capacidade eleitoral passiva – diz respeito ao direito de ser votado, de ser eleito (elegibilidade). 
No Brasil, a elegibilidade não coincide com a alistabilidade (não basta ser eleitor para ser elegível). Assim, para que alguém possa concorrer a um mandato eletivo nos Poderes Executivo ou Legislativo (ser elegível), é necessário o cumprimento de alguns requisitos gerais, denominados condição de elegibilidade e a não incidência em nenhuma das inelegibilidades, que consistem em impedimentos à capacidade eleitoral passiva.
As candidaturas são formadas em cada partido nas convenções (de 10 a 30 de junho do ano das eleições), conforme seus estatutos, e são registradas (até 05 de julho) na Justiça Eleitoral. Em seguida, abre-se prazo para a propaganda eleitoral (somente a partir do dia 06 de julho).
A data da eleição já está previamente fixada no art. 77, caput, na redação determinada pela EC 16/97, qual seja, no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término do mandato presidencial vigente.
Não haverá segundo turno se o candidato à Presidência da República, Governador e Prefeito, juntamente com os seus vices, for eleito em primeiro turno, na hipótese de ter obtido a maioria absoluta de votos, não computados os em branco e os nulos.
Na hipótese de nenhum desses candidatos alcançar a maioria absoluta na primeira votação, far-se-á nova eleição no último domingo de outubro do ano anterior ao término do mandato vigente, concorrendo os dois candidatos mais votados e considerando-se eleito, agora em segundo turno, aquele que obtiver a maioria dos votos válidos.
Havendo necessidade de realização de segundo turno, se antes de realizado ocorrer, morte, desistência ou impedimento legal de candidato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior votação. Nesta última hipótese, havendo empate em segundo lugar, ou seja, se dentre os remanescentes empatarem dois com a mesma votação, o desempate será empreendido levando-se em consideração a idade, sendo chamado o mais idoso (art. 77, §§ 3º e 4º, da CF/88).
Plebiscito, Referendum e Iniciativa popular 
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: 
I - plebiscito;
II - referendo;
III - iniciativa popular.
Compete exclusivamente ao Congresso Nacional autorizar referendo e convocar plebiscitos (art. 49), salvo, quando a própriaCF dispor, expressamente, como no ADCT�.
Plebiscito – a consulta popular prévia feita aos cidadãos, antes da aprovação de um ato legislativo ou administrativo sobre matéria de relevância constitucional, legislativa ou administrativa sobre determinada matéria a ser, posteriormente, discutida pelo Congresso Nacional. 
A Constituição expressamente exige a convocação de plebiscito da população diretamente interessada para a incorporação, subdivisão e desmembramento de novos Estados (art. 18, §3º), bem como para a criação, incorporação e desmembramento de novos Municípios (art. 18, §4º).
Referendum – é a consulta popular posterior sobre determinado ato governamental sobre matéria de acentuada relevância constitucional, legislativa ou administrativa, para ratificá-lo, dar-lhe eficácia ou retirar-lhe eficácia. 
A diferença entre plebiscito e referendo concentra-se no momento de sua realização. Enquanto no plebiscito a consulta é prévia, o referendo é consulta posterior sobre determinado ato ou decisão governamental, seja para atribuir-lhe eficácia ou para retirar a eficácia que ainda não foi reconhecida.
A vantagem do referendo sobre o plebiscito é de se conhecer a extensão da medida aprovada. No plebiscito aprova-se uma ideia que será posteriormente regulamentada pelo Congresso, sem que se tenha prévio conhecimento de todos os seus desdobramentos. Exemplo de referendo: Estatuto do Desarmamento.
O procedimento para a realização de plebiscito e referendo está disciplinado na Lei 9709/98. São convocados por decreto legislativo, devendo a proposta possuir, no mínimo, 1/3 dos membros de qualquer uma das Casas do Congresso Nacional. Rejeitou-se proposta no sentido de admitir a convocação de plebiscito ou referendo mediante iniciativa popular, com fundamento no artigo 49, XV, CF.
A consulta popular será realizada pela Justiça Eleitoral, sendo aprovada ou rejeitada por maioria simples. Convocado o plebiscito, susta-se a tramitação do processo legislativo ou da medida administrativa cuja matéria constitua objeto da consulta popular.
Iniciativa Popular – inerente ao direito do cidadão, a Constituição Federal consagrou como instrumento de exercício da soberania popular (CF, art. 14, III) a iniciativa popular de lei, que poderá ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, 1% (um por cento) do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de 3/10% (três décimos por cento) dos eleitores de cada um deles, conforme preceitua o § 2º do art. 61, CF.
A Constituição não prevê iniciativa popular de Emenda Constitucional, embora alguns teóricos admitam tal hipótese (ex: Daniel Sarmento).
A Lei 9.709/1998 estabeleceu que o projeto de iniciativa popular deve restringir-se a um único assunto e não pode rejeitar proposição decorrente de iniciativa popular por vício de forma (artigo 13, §2º).
Na esfera municipal, admite-se a “iniciativa popular de projetos de lei de interesse do Município, da cidade ou de bairros, através de manifestação de, pelo menos, cinco por cento do eleitorado” (art. 29, XIII, da CRFB).
As Constituições Estaduais, dado o princípio do paralelismo das formas, deverão conter dispositivos semelhantes que contemplem a possibilidade de uma parcela significativa do eleitorado apresentar projetos de lei.
O plebiscito ou referendo como instrumentos de democracia direta procuram atenuar o formalismo da democracia representativa, mas que não será efetivo se não houver um adequado nível de politização da população. Até 2013 foram promulgadas 04 leis decorrentes da iniciativa popular: a) crimes hediondos – Lei Glória Perez; b) combate à compra de votos; c) Sistema Nacional de Habitação; d) Ficha Limpa.
	PLEBISCITO
	Consulta ao titular do poder é feita anteriormente à tomada de decisão.
	REFERENDUM
	Consulta ao titular do poder é feita posteriormente à tomada de decisão
	INICIATIVA POPULAR
	Iniciativa popular de lei.
 
Direitos e Garantias Individuais - Introdução
Nomenclatura: no ordenamento jurídico pode ser feita uma distinção entre normas declaratórias, que estabelecem direitos, e normas assecuratórias, as garantias, que asseguram o exercício desses direitos. Porém, convém ressaltar que as garantias de direito fundamental não se confundem com os remédios constitucionais. 
As garantias constitucionais são de conteúdo mais abrangente, incluindo todas as disposições assecuratórias de direitos previstos na Constituição. Alguns dispositivos constitucionais contêm direitos e garantias no mesmo enunciado. O art. 5º, X, estabelece a inviolabilidade do direito à intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas, assegurando, em seguida, o direito à indenização em caso de dano material ou moral provocado pela sua violação. As garantias são estabelecidas pelo texto constitucional como instrumento de proteção dos direitos fundamentais.
Há diversidade enorme de nomenclatura relacionada aos direitos fundamentais. É importante o estabelecimento de diferença entre:
-direitos humanos – são direitos reconhecidos no âmbito internacional.
-direitos fundamentais – são direitos reconhecidos no plano interno de um determinado Estado. Preferencialmente, positivados na CF.
Para José Afonso da SILVA, direitos fundamentais do homem são as prerrogativas e instituições que o direito positivo concretiza em garantias de uma convivência digna, livre e igual de todas as pessoas. O autor tratou dos direitos positivos, ou seja, os previstos no plano interno, principalmente, na CF.
Esses direitos são fundamentais porque sem eles não há vida humana, isto é, sem eles não há dignidade de vivência do ser humano. Diz Norberto BOBBIO que a afirmação dos direitos do homem deriva de uma radical inversão de perspectiva, característica da formação do Estado moderno na representação da relação política, ou seja, na relação Estado/cidadão ou soberano/súditos. Os direitos fundamentais assumem posição de definitivo realce na sociedade quando se inverte a tradicional relação entre Estado e indivíduo e se reconhece que o indivíduo tem, primeiro, direitos, e, depois, deveres perante o Estado e que estes servem para melhor cuidar das necessidades dos cidadãos.
Noção material dos Direitos Fundamentais
MENDES defende que, em última análise, o ponto característico para definir um direito fundamental seria a intenção de explicitar o princípio da dignidade da pessoa humana. Os direitos e garantias fundamentais, em sentido material, são, pois, pretensões que, em cada momento histórico, se descobrem a partir da perspectiva do valor da dignidade da pessoa humana.
Para José Afonso da SILVA, direitos fundamentais designam no nível do direito positivo, aquelas prerrogativas e instituições que o ordenamento jurídico concretiza em garantia de uma convivência digna, livre e igual de todas as pessoas (fundamentais – indicação de que se trata de situações jurídicas sem as quais a pessoa humana não se realiza, não convive, nem sobrevive). 
Evolução histórica dos Direitos Fundamentais
Evolução histórica dos direitos fundamentais (José Afonso da SILVA):
a) Magna Carta Libertatum (1215);
b) Petition of Rights (1628) – praticamente o mesmo instrumento da Magna Carta;
c) Habeas Corpus Amendment Act (1679);
d) Bill of Rights (1689);
e) Declaração de direitos do bom povo da Virgínia (1776);
f) Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (Assembleia Constituinte Francesa - 1789), e
g) Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948).
Magna Carta de João Sem Terra (1215) – marco histórico do CONSTITUCIONALISMO e dos direitos fundamentais Foi o primeiro instrumento de limitação do poder, ao colocar os elementos constitutivos do Estado. Foi dirigida aos homens livres do reino. Observação: o Papa Inocêncio III declarou a invalidade da Magna Carta, a qual acabou sendo ratificada outras vezes. Até os dias atuais é um dos documentos que integra a constituição inglesa. Aspectos da CRFB que vieram da Magna Carta:Princípio da legalidade tributária;
Princípio da proibição de confisco dos tributos;
Princípio da publicidade;
Princípio da individualização da pena (proporcionalidade e razoabilidade);
Impenhorabilidade dos bens e ferramentas para o exercício da profissão;
Proteção ao direito de propriedade, pagamento prévio para desapropriação;
Gratuidade do habeas data;
Princípio do devido processo legal;
Princípio da celeridade do processo;
Livre comércio sem barreiras alfandegárias;
Princípio da reciprocidade das relações internacionais;
Princípio da liberdade de ir e vir.
Bill Of Rights (1689) – depois da revolução gloriosa, a monarquia inglesa passou a ser constitucional.
Declaração Dos Direitos Do Bom Povo Da Virgínia – foi documento que influenciou a constituição americana (1776).
Declaração Dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789) – é o primeiro documento que, apesar de francês, tem um plano universal, ver o artigo 16 que tem muito evidente o cunho universalizante: toda a sociedade onde não há garantia dos direitos e a separação de poderes não tem constituição, trata até mesmo do conceito material de constituição. É um documento de um único Estado.
Declaração Universal Dos Direitos Do Homem (1948) – da Assembleia da ONU, qual a natureza jurídica dessa declaração? É uma mera RECOMENDAÇÃO da ONU, não se consegue impor o respeito a essa declaração, mas entende-se como costume básico para a garantia da dignidade da pessoa humana. Assim, há uma corrente que diz que ela é obrigatória, com esse fundamento. É um documento internacional.
Características dos Direitos Fundamentais
Cada doutrinador tem o seu próprio rol de características. 
Historicidade – são direitos que aparecem depois de desaparecem, o que se entende por direitos fundamentais depende do entendimento de uma sociedade em um determinado tempo, variam de acordo com o correr da história, não são conceitos herméticos e fechados. Há uma variação no tempo e no espaço.
Inalienabilidade – são direitos sem conteúdo econômico patrimonial, não podem ser comercializados ou permutados. Deve ser relativizada pelo mundo moderno. Exemplo: a imagem é negociável para permitir uma exploração, mas não existe a possibilidade de venda do próprio direito em si de imagem.
Imprescritibilidade – são sempre exigíveis, não é porque não foram exercidos que deixam de pertencer ao indivíduo. 
Irrenunciabilidade – o indivíduo pode não exercer os seus direitos, mas não pode renunciar a eles. Também deve ser relativizada pela vida moderna. Exemplo: modelo que assina contrato que não irá engravidar por determinado prazo e programa do BBB.
Relatividade – não são direitos absolutos. Se houver um choque entre os direitos fundamentais, serão relativizados um com o outro.
Personalidade – os direitos fundamentais não se transmitem. Exemplo: herança não é a mesma propriedade do falecido.
Concorrência e cumulatividade – os direitos fundamentais são direitos que podem ser exercidos ao mesmo tempo. Exemplo: âncora de jornal quando dá uma informação e logo após dá a sua opinião, está exercendo os seus direitos fundamentais: informação, opinião.
Universalidade – os direitos fundamentais são universais, independentemente, de as nações terem assinado a declaração, devem ser reconhecidos em todo o planeta, independentemente, da cultura, política e sociedade. Essa característica é polêmica, porque existem os relativistas culturais que afirmam que os direitos fundamentais não podem ser universais porque devem ser reconhecidos na medida da cultura de cada sociedade. A universalização é impregnada de ideologia, porque haverá a supremacia de posições sociológicas e culturais contra as outras, havendo um choque cultural. É importante a tolerância entre as pessoas. VOLTAIRE tem um tratado sobre a intolerância. Na universalidade deve ser assegurada a possibilidade de escolha, de poder optar.
Proibição de retrocesso – (também conhecido como efeito cliquet) não se pode retroceder nos avanços históricos conquistados. Segundo Canotilho, o núcleo essencial dos direitos sociais já realizado e efetivado através de medidas legislativas deve considerar-se constitucionalmente garantido, sendo inconstitucionais quaisquer medidas que, sem a criação de outros esquemas alternativos e compensatórios, se traduzam na prática numa “anulação”, “revogação” pura e simples. Não tem aceitação universal na doutrina. Acentua-se que mesmo os que acolhem a tese da proibição do retrocesso entendem que o princípio da proporcionalidade pode inspirar uma nova regulação do direito fundamental que não destrua totalmente, sem alternativas, o direito antes positivado.
Constitucionalização – a locução direitos fundamentais é reservada aos direitos consagrados em diplomas normativos de cada Estado, enquanto a expressão direitos humanos é empregada para designar pretensões de respeito à pessoa humana, inseridas em documentos de direito internacional.
Vinculação dos poderes públicos – o fato de os direitos fundamentais estarem previstos na Constituição torna-os parâmetro de organização e de limitação dos poderes constituídos.
Vinculação do Legislativo – Não somente a atividade legiferante deve guardar coerência com o sistema de direitos fundamentais, como a vinculação aos direitos fundamentais pode assumir conteúdo positivo, tornando imperiosa a edição de normas que dêem regulamentação aos direitos fundamentais dependentes de concretização normativa.
Vinculação do Executivo – a atividade discricionária da Administração não pode deixar de respeitar os limites que lhe acenam os direitos fundamentais. Os mesmos devem ser considerados na interpretação e aplicação pelo administrador de cláusulas gerais e conceitos jurídicos indeterminados. Canotilho propõe que a Administração se recuse a cumprir lei inconstitucional quando o direito fundamental agredido puser em risco a vida ou integridade pessoal de alguém, resultando no cometimento de um delito. Questão tormentosa diz respeito ao conflito entre os princípios da legalidade administrativa e da vinculação aos direitos fundamentais. Em relação aos Chefes do Executivo, antes da CF/88, a jurisprudência do STF, com argumentos criteriosos, entendia, por exemplo, que Governador poderia editar ato determinando que seus servidores descumprissem lei por ele reputada inconstitucional. Esse entendimento jurisprudencial se justificava à época em que o controle de constitucionalidade abstrato tinha por único titular o Procurador-Geral da República. Com o advento da CF/88 e a ampliação do rol de legitimados no controle abstrato, suscita-se dúvida sobre a atualidade desse entendimento, pois o governador pode provocar o juízo abstrato de constitucionalidade de uma lei que repute inválida, com chance de obter prontamente medida cautelar. A ampliação do controle abstrato promovida pela Carta de 88 também torna mais difícil justificar a possibilidade de controle por órgão alheio ao Judiciário, nesse cenário, Gilmar Mendes afirma que a vetusta Súmula 347 (O TRIBUNAL DE CONTAS, NO EXERCÍCIO DE SUAS ATRIBUIÇÕES, PODE APRECIAR A CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS E DOS ATOS DO PODER PÚBLICO), editada em 1963, deve ter sua aplicabilidade atual reavaliada à luz da mais recente compreensão do papel do Judiciário no âmbito do controle de constitucionalidade.
Vinculação do Poder Judiciário – Os Tribunais detém a prerrogativa de controlar os atos dos demais poderes, conferindo a tais direitos a máxima efetividade possível.
#Os direitos fundamentais não são absolutos, pois podem sofrer limitações, quando enfrentam outros valores de ordem constitucional, inclusive outros direitos fundamentais. CUIDADO: Norberto BOBBIO fala que o direito a não ser escravizado e o direito a não ser torturado são direitos absolutos.
Conforme leciona Alexandre de MORAES, o princípio da relatividade ou convivência das liberdades públicas preconiza que os direitos e garantias fundamentais não são ilimitados, uma vez que encontram seus limites nos demais direitosigualmente consagrados pela Magna Carta. É o princípio da relatividade dos direitos fundamentais. Os direitos fundamentais não são absolutos, mas relativos, devendo se adaptar aos outros direitos fundamentais.
A questão dos limites imanentes: é a possibilidade de restringir direitos fundamentais sem reserva legal, como no caso de abertura de correspondências de presos previsto na LEP. Para muitos autores, preocupados com a qualidade dos parlamentares brasileiros, os limites imanentes somente são constitucionais se forem proporcionais.
Limites imanentes são a possibilidade de restringir direitos fundamentais sem reserva legal. Existem sim limites do limites, mas tudo se resolve com proporcionalidade. Há muitos limites postos sem reserva legal, mas desde que com proporcionalidade, razoabilidade.
As perspectivas (ou dimensões) dos Direitos Fundamentais
Podem ser basicamente duas:
-perspectiva subjetiva ou dimensão subjetiva – é a visão tradicional, desde sua origem, os direitos fundamentais foram concebidos como direitos subjetivos públicos (expressão de Jellinek). Assim, são direitos que envolvem a relação jurídica obrigacional (credor, devedor e objeto), classicamente, entendidos como os direitos que os indivíduos garantidos em face do Estado (Iluminismo).
-perspectiva objetiva ou dimensão objetiva – os direitos fundamentais são entendidos como os valores mais importantes de uma comunidade. Segundo Canotilho, formam a reserva de justiça da constituição. Com base em um direito fundamental, o indivíduo pode exigir condutas positivas ou negativas do Estado (Estado Social de Direito). Assim, o Estado tem obrigação de garantir o valor, independentemente, da relação jurídica obrigacional. Exemplo: o Estado legislar para obrigar que o indivíduo use cinto de segurança, o Estado está exigindo do indivíduo que respeite o seu direito à vida. Sob esse aspecto, o indivíduo não é credor, deve respeitar todos os valores, sendo que também tem deveres. Os direitos fundamentais transcendem a perspectiva da garantia de posições individuais, para alcançar a estatura de normas que filtram os valores básicos da sociedade política, expandindo-o para todo o direito positivo.
São consequências dessa ideia de dimensão objetiva os fenômenos da “constitucionalização do direito” e da “eficácia horizontal dos direitos fundamentais”.
Constitucionalização do direito – como os direitos fundamentais contêm as normas de maior conteúdo moral do direito, esses valores se irradiam para todos os ramos do ordenamento jurídico – chamada de eficácia irradiante dos direitos fundamentais.
Eficácia horizontal dos direitos fundamentais:
A VINCULAÇÃO DOS PARTICULARES AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NO DIREITO COMPARADO E NO BRASIL (DANIEL SARMENTO) – De acordo com a doutrina liberal clássica, os direitos fundamentais limitar-se-iam à regência das relações públicas, que tinham o Estado como um dos seus polos (eficácia vertical dos direitos fundamentais). O indivíduo diversamente do Estado é titular de direitos fundamentais, por isso surgiu a celeuma sobre a eficácia horizontal dos direitos fundamentais. O indivíduo não pode simplesmente substituir o Estado nas relações jurídicas, mas por outro lado é preciso dar maior efetividade aos direitos fundamentais até mesmo na esfera privada. Note-se que a teoria de eficácia exclusivamente horizontal, quando fundamenta que não cabe a eficácia vertical, praticamente desapareceu, no Brasil não é aplicada. Nos EUA, onde adquiriu mais força, já se encontra com vários temperos, afastando-se a State Action para em seu lugar aplicar um modelo de ponderação.
TEORIA DOS DEVERES DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS (NOS EUA) ou TEORIA DA CONVERGÊNCIA ESTATISTA (NA ALEMANHA) – o Estado sempre teria o dever de proteger os direitos fundamentais, mesmo em face de lesão provocada por particular.
EFICÁCIA HORIZONTAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS PERSPECTIVA OBJETIVA – defende que os direitos dos particulares são protegidos na esfera civil, sem a necessidade da tutela constitucional.
EFICÁCIA VERTICAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS PERSPECTIVA SUBJETIVA – maior ampliação dos direitos fundamentais e do ativismo judicial. Para explicar essa eficácia surgiram, na Alemanha (LEI FUNDAMENTAL DE BONN), as teorias:
TEORIA DA EFICÁCIA INDIRETA OU MEDIATA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS A TERCEIROS (KONRAD HESSE) – é uma corrente intermediária entre aqueles que NEGAM a aplicação dos direitos fundamentais aos particulares e os permitem a aplicação direta e imediata. É compatível com a ideia de renúncia dos direitos fundamentais. Cabe ao legislador privado a tarefa de mediar a aplicação dos direitos fundamentais sobre os particulares, estabelecendo uma disciplina das relações privadas que se revele compatível com os valores constitucionais. Ao Judiciário sobraria o papel de preencher as cláusulas indeterminadas criadas pelo Legislador, levando em consideração os direitos fundamentais, bem como o de rejeitar, por inconstitucionalidade, a aplicação das normas privadas incompatíveis com tais direitos.
TEORIA DA EFICÁCIA DIRETA OU IMEDIATA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS A TERCEIROS (ALEXY�) – quando os direitos não forem suficientemente protegidos pelo legislador na esfera privada, as normas constitucionais que os consagram produzirão efeito direto de obrigatoriedade nas relações entre particulares, mas, ela não prega a desconsideração da liberdade individual no tráfico jurídico-privado. É a teoria aplicada no Brasil. A CF/88 é voltada para a promoção da igualdade substantiva (apesar de alguns discordarem), ela transmite a ideia de uma vinculação passiva universal dos direitos fundamentais. Só existe efetivamente autonomia privada quando o agente desfrutar de mínimas condições materiais de liberdade. Isto não acontece em grande parte dos casos de aplicação dos direitos humanos nas relações entre particulares, nas quais a manifesta desigualdade entre as partes obsta, de fato o exercício da autonomia. Não se pode falar em insegurança jurídica, principalmente, depois da JURISPRUDÊNCIA DOS CONCEITOS (é frequente o emprego de conceitos jurídicos indeterminados e de cláusulas gerais, que também apresentam reduzido grau de determinação semântica). Muito importante é o estabelecimento de STANDARDS para a aplicação de cada direito fundamental nas relações privadas, com a identificação dos casos em que sua incidência deve prevalecer sobre a autonomia privada dos particulares. Note-se que há uma vinculação dos particulares aos direitos fundamentais, independentemente de uma desigualdade entre as partes. A questão da desigualdade material torna-se relevante apenas no momento em que se tiver de ponderar o direito em questão com a autonomia privada. Na jurisprudência brasileira, não são tão escassas as decisões judiciais utilizando diretamente os direitos fundamentais para dirimir conflitos de caráter privado, mas, raramente são precedidos de fundamentos teóricos sobre a aplicação da teoria. A aplicação dessa teoria é compatível com o chamado EFEITO DE IRRADIAÇÃO dos direitos fundamentais. 
No Brasil, há a aplicação da Teoria da Eficácia Horizontal dos Direitos Fundamentais. Exemplos: artigo 205, CF; artigo 3o., IV. Todos os indivíduos são credores e devedores.
A História aponta o poder público como destinatário precípuo das obrigações decorrentes dos direitos fundamentais (estabelecer um espaço de imunidade do indivíduo em face do Estado). Tornou-se claro que outras forças sociais poderiam da mesma forma trazer para o indivíduo sérios constrangimentos que se buscava prevenir contra o Estado. A percepção da força vinculante e da eficácia imediata dos direitos fundamentais de da sua posição no topo da hierarquia das normas jurídicas reforçou a idéia de que os princípios que as informam também não poderiam deixar de ter aplicação no setor privado.
# O STF reconheceu a aplicação direta de direitos fundamentais às relações privadas, mantendo ordem judicial prolatada para determinar uma associação privada a reintegraçãode um associado que havia sido excluído de seus quadros, por violação ao direito de defesa.
Funções dos Direitos Fundamentais
Funções de defesa ou de liberdade – os direitos fundamentais têm como função proteger os indivíduos, defendendo-os contra o Estado. Exemplo: não estabeleça pena de morte e não prenda sem enquadramento nas hipóteses legais. 
Dever de não intromissão no espaço de autodeterminação do indivíduo. Caracterizam –se por impor ao Estado um dever de abstenção, de não-interferência. Objetivam a limitação da ação do Estado, evitando ingerências sobre os bens protegidos (liberdade, propriedade). Desse modo, ao Estado veda-se criar censura prévia para manifestações artísticas ou impedir a instituição de religiões ou instituir pressupostos desmesurados para o exercício de uma profissão. Proíbe que o Estado elimine certas posições jurídicas concretas, vg, o direito de propriedade. A afronta a um direito de defesa deve encontrar remédio na ordem jurídica com vistas a compelir o Estado a se abster de praticar o ato incompatível com a ordem constitucional e ainda deve ensejar uma compensação pecuniária.
Funções de prestação – os direitos fundamentais exigem uma obrigação de fazer, uma prestação. Exemplos: educação e moradia. O Estado deve agir para atenuar desigualdades, estabelecendo moldes para o futuro da sociedade. Partem do pressuposto de que o Estado deve agir para libertar os indivíduos das necessidades (direitos de promoção). Surgem da necessidade de estabelecer uma igualdade efetiva e solidária entre todos os seres humanos. Podem ser prestações jurídicas (cujo objeto do direito será a normação pelo Estado do bem jurídico tido como fundamental – ex: editar normas jurídicas penais ou de normas de organização e de procedimento) ou prestações materiais (consistem numa utilidade concreta – direito á educação, saúde, trabalho, lazer, segurança, previdência social, assistência, proteção á infância, etc.).
Os direitos à prestação são satisfeitos segundo as conjunturas econômicas, de acordo com a disponibilidade no momento, na forma prevista pelo legislador infraconstitucional. A escassez de recursos implica a necessidade de o Estado realizar escolhas de alocação de verbas, a cargo do órgão político legitimado pela representação popular. Os direitos sociais ficam dependentes, pois, de uma intervenção legislativa, concretizadora e conformadora, só então adquirindo plena eficácia e exequibilidade. Esses direitos, via de regra, não podem ser determinados diretamente pelos juízes quanto aos seus pressupostos e à extensão do seu conteúdo, pois dependem de um atuação legislativa (ativismo judicial e auto-contenção). Não significa isso que essas normas são desprovidas de eficácia. Elas servem de parâmetro de controle de constitucionalidade de medidas restritivas e ainda revogam normas anteriores incompatíveis, além de servir de modelo de interpretação das demais normas do ordenamento jurídico (ver artigo do examinador acerca do tema - Edilson). Teoria do grau mínimo de efetividade dos direitos sociais – busca atenuar essas contingências – Tenta-se extrair uma garantia ao mínimo social dos direitos a prestação material. Exemplo do mínimo social: salário mínimo como piso dos benefícios previdenciários (norma autoaplicável segundo o STF). São reconhecidas pelo STF obrigações mínimas, que o Estado deve satisfazer, tais como o direito de paciente de AIDS a receber medicamento gratuito dos poderes públicos, direito a creches e pré-escolas para crianças de 0 a 6 anos de idade.
Funções de proteção perante terceiros – os direitos fundamentais protegem os cidadãos de terceiros, ou seja, dos demais indivíduos. Terceiros são também devedores dos direitos fundamentais, o Estado tem a obrigação de garantir que os outros respeitem os direitos fundamentais. Exemplos: manter a ordem, manter polícia; manter um Judiciário capaz de proteger. O Estado entra na relação entre os particulares. Discussão bem moderna: direito fundamental à efetividade penal (juiz federal – dissertação): o indivíduo tem o direito de que o Estado o proteja dos outros indivíduos, para isso, o Estado precisa ter um aparato judicial penal; os diretos fundamentais penais do réu são indiscutivelmente importantes, mas além dessa visão, não se pode esquecer que existe também o direito fundamental da vítima para uma repressão penal adequada, ou seja, o Estado deve ser eficaz na apuração do ilícito penal, respeitando os direitos fundamentais do investigado, o Estado deve efetivamente dar uma resposta penal. Sobre o tema, incide também o princípio da proibição de proteção deficiente, a segunda vertente do princípio da proporcionalidade, segundo o qual, em linhas gerais, os direitos fundamentais são vistos como imperativos de tutela, razão pela qual o Estado tem o dever de proteger bens jurídicos tutelados pela Constituição – o princípio foi aplicado pelo Supremo Tribunal Federal, por exemplo, no caso em que afastou a possibilidade de reconhecimento de causa de extinção da punibilidade pelo casamento do estuprador com a vítima, prevista no CP antes da reforma pela Lei nº 11.106/05, por se tratar de criança de apenas 9 anos de idade. Poder-se-ia discutir a constitucionalidade da prescrição retroativa (CUIDADO, posição muito moderna). A investigação pelo MP permite uma maior efetividade para a tutela penal.
Função de não-discriminação – os direitos fundamentais protegem as minorias em relação ao Estado e em relação a terceiros.
Classificação dos Direitos Fundamentais
	CRITÉRIO
	CLASSIFICAÇÃO
	EXPLICAÇÃO
	Quanto à DIGINIDADE DA PESSOA HUMANA:
Há tese doutrinária, ainda não decidida pelo STF, mas, somente seriam cláusulas pétreas os direitos materialmente fundamentais. 
 
	MERAMENTE FORMAIS
	Não são essenciais à dignidade da pessoa humana. Artigo 5o. XXIX.
	
	MATERIALMENTE FUNDAMENTAIS
	São essenciais à dignidade da pessoa humana, que é o valor central da dignidade, é o direito que abstraído ameaça a vida humana digna.
	RUY BABOSA:
Essa classificação é questionada, já que pela supremacia da CF, o só fato de declarar o direito já é uma garantia, e ao mesmo tempo os instrumentos são direitos, ou seja, há uma mistura entre direitos e garantias.
	DIREITOS
	Disposições declaratórias
	
	GARANTIAS
	Instrumentos assecuratórios
	CLASSIFICAÇÃO FORMAL DA CF/88 – além dos direitos elencados no art. 5º, há outros “espalhados” pelo texto constitucional.
	INDIVIDUAIS
	
	
	COLETIVOS
	
	
	SOCIAIS
	
	
	NACIONALIDADE
	
	
	POLÍTICOS
	
Gerações ou Dimensões dos Direitos Fundamentais
Os direitos fundamentais não surgiram simultaneamente, mas em períodos distintos, conforme a demanda da época. A consagração progressiva e sequencial nos textos constitucionais deu origem às chamadas gerações de direitos fundamentais. Atualmente, tendo em conta que o surgimento de novas gerações não importa na extinção das anteriores, parte da doutrina tem optado pelo termo dimensão.
Os direitos fundamentais variam de acordo com o tempo e o espaço, são agrupamentos doutrinários e históricos de direitos fundamentais:
Direitos de Primeira Geração ou Dimensão – começa com a fundação do estado liberal, com a Revolução Francesa, foi aí que se começou a construir os direitos fundamentais, individuais (liberalismo). Bastando a eficácia vertical dos direitos fundamentais. Exemplos: propriedade, liberdade de opinião, vida, associação, voto. O Estado tinha como único papel nesse tempo garantir os direitos individuais, ou seja, o Estado Liberal de atuação mínima, vigia o laissez-faire na economia; é o Estado que não se intromete. Assim, o Estado está limitada a obrigações de não-fazer, são direitos negativos, direitos de abstenção, com respeito à esfera privada do indivíduo. O Estado liberal é o Leviatã (Hobbes).
Direitos de Segunda Geração ou Dimensão – com as mudanças dos modos de produção, ocorridas em decorrência da Revolução Industrial, surge a necessidade de o Estado ampliar as suasformas de proteção, surgindo o Estado Social. Os direitos fundamentais passam a ter uma outra natureza, são agora os direitos sociais, EXEMPLO: direitos trabalhistas (jornada de trabalho, trabalho infantil). Manifesto do Partido Comunista (Marx e Engels). Revolução Russa. Até o próprio capitalismo fica comprometido com essa natureza. Assim, o Estado assume um novo paradigma buscando o bem-estar social, passando a ter obrigações de fazer. O Estado é mais ativo. Importante citar como marco do constitucionalismo social a Constituição de Weimar (Alemanha) de 1919 e a Constituição Mexicana de 1917.
Direitos de Terceira Geração ou Dimensão – o surgimento de direitos ligados à fraternidade teve como causa a constatação da necessidade de atenuar as diferenças entre as nações desenvolvidas e subdesenvolvidas, por meio da colaboração de países ricos com os países pobres. Dentre os direitos integrantes deste dimensão, Paulo BONAVIDES destaca os relacionados ao desenvolvimento, ao meio ambiente, à autodeterminação dos povos, bem como o direito de propriedade sobre o patrimônio comum da humanidade e o direito de comunicação.
Os direitos de 3ª Dimensão são direitos transindividuais destinados à proteção do gênero humano.
Direitos de Quarta Geração ou Dimensão – minorias e ameaças globais, pluralismo político, informação, coexistência, democracia, sociedade aberta, decorrentes da globalização.
Obs.: fala-se em DIMENSÕES, preferencialmente, por não se vislumbrar a superação de etapas anteriores. Dessa forma, as 04 dimensões convivem em total harmonia – é o que a doutrina chama de princípio da indivisibilidade.
MS 22164/SP
Relator(a): Min. CELSO DE MELLO
Julgamento: 30/10/1995 
Órgão Julgador: TRIBUNAL PLENO 
Publicação: DJ DATA-17-11-95 PP-39206 
EMENTA: REFORMA AGRARIA - IMOVEL RURAL SITUADO NO PANTANAL MATOGROSSENSE - DESAPROPRIACAO-SANCAO (CF, ART. 184) - POSSIBILIDADE - FALTA DE NOTIFICACAO PESSOAL E PREVIA DO PROPRIETARIO RURAL QUANTO A REALIZACAO DA VISTORIA (LEI N. 8.629/93, ART. 2., PAR. 2.) - OFENSA AO POSTULADO DO DUE PROCESS OF LAW (CF, ART. 5., LIV) - NULIDADE RADICAL DA DECLARACAO EXPROPRIATORIA - MANDADO DE SEGURANCA DEFERIDO. REFORMA AGRARIA E DEVIDO PROCESSO LEGAL. - O POSTULADO CONSTITUCIONAL DO DUE PROCESS OF LAW, EM SUA DESTINACAO JURIDICA, TAMBEM ESTA VOCACIONADO A PROTECAO DA PROPRIEDADE. NINGUEM SERA PRIVADO DE SEUS BENS SEM O DEVIDO PROCESSO LEGAL (CF, ART. 5., LIV). A UNIAO FEDERAL - MESMO TRATANDO-SE DE EXECUCAO E IMPLEMENTACAO DO PROGRAMA DE REFORMA AGRARIA - NAO ESTA DISPENSADA DA OBRIGACAO DE RESPEITAR, NO DESEMPENHO DE SUA ATIVIDADE DE EXPROPRIACAO, POR INTERESSE SOCIAL, OS PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS QUE, EM TEMA DE PROPRIEDADE, PROTEGEM AS PESSOAS CONTRA A EVENTUAL EXPANSAO ARBITRARIA DO PODER ESTATAL. A CLAUSULA DE GARANTIA DOMINIAL QUE EMERGE DO SISTEMA CONSAGRADO PELA CONSTITUICAO DA REPUBLICA TEM POR OBJETIVO IMPEDIR O INJUSTO SACRIFICIO DO DIREITO DE PROPRIEDADE. FUNCAO SOCIAL DA PROPRIEDADE E VISTORIA EFETUADA PELO INCRA. A VISTORIA EFETIVADA COM FUNDAMENTO NO ART. 2., PAR. 2. , DA LEI N. 8.629/93 TEM POR FINALIDADE ESPECIFICA VIABILIZAR O LEVANTAMENTO TECNICO DE DADOS E INFORMACOES SOBRE O IMOVEL RURAL, PERMITINDO A UNIAO FEDERAL - QUE ATUA POR INTERMEDIO DO INCRA - CONSTATAR SE A PROPRIEDADE REALIZA, OU NAO, A FUNCAO SOCIAL QUE LHE E INERENTE. O ORDENAMENTO POSITIVO DETERMINA QUE ESSA VISTORIA SEJA PRECEDIDA DE NOTIFICACAO REGULAR AO PROPRIETARIO, EM FACE DA POSSIBILIDADE DE O IMOVEL RURAL QUE LHE PERTENCE - QUANDO ESTE NAO ESTIVER CUMPRINDO A SUA FUNCAO SOCIAL - VIR A CONSTITUIR OBJETO DE DECLARACAO EXPROPRIATORIA, PARA FINS DE REFORMA AGRARIA. NOTIFICACAO PREVIA E PESSOAL DA VISTORIA. A NOTIFICACAO A QUE SE REFERE O ART. 2. , PAR. 2., DA LEI N. 8.629/93, PARA QUE SE REPUTE VALIDA E POSSA CONSEQUENTEMENTE LEGITIMA EVENTUAL DECLARACAO EXPROPRIATORIA PARA FINS DE REFORMA AGRARIA, HA DE SER EFETIVADA EM MOMENTO ANTERIOR AO DA REALIZACAO DA VISTORIA. ESSA NOTIFICACAO PREVIA SOMENTE CONSIDERAR-SE-Á REGULAR, QUANDO COMPROVADAMENTE REALIZADA NA PESSOA DO PROPRIETARIO DO IMOVEL RURAL, OU QUANDO EFETIVADA MEDIANTE CARTA COM AVISO DE RECEPCAO FIRMADO POR SEU DESTINATARIO OU POR AQUELE QUE DISPONHA DE PODERES PARA RECEBER A COMUNICACAO POSTAL EM NOME DO PROPRIETARIO RURAL, OU, AINDA, QUANDO PROCEDIDA NA PESSOA DE REPRESENTANTE LEGAL OU DE PROCURADOR REGULARMENTE CONSTITUIDO PELO DOMINUS. O DESCUMPRIMENTO DESSA FORMALIDADE ESSENCIAL, DITADA PELA NECESSIDADE DE GARANTIR AO PROPRIETARIO A OBSERVANCIA DA CLAUSULA CONSTITUCIONAL DO DEVIDO PROCESSO LEGAL, IMPORTA EM VICIO RADICAL. QUE CONFIGURA DEFEITO INSUPERAVEL, APTO A PROJETAR-SE SOBRE TODAS AS FASES SUBSEQUENTES DO PROCEDIMENTO DE EXPROPRIACAO, CONTAMINANDO-AS, POR EFEITO DE REPERCUSSAO CAUSAL, DE MANEIRA IRREMISSIVEL, GERANDO, EM CONSEQUENCIA, POR AUSENCIA DE BASE JURIDICA IDONEA, A PROPRIA INVALIDACAO INTENSIVO DO DECRETO PRESIDENCIAL CONSUBSTANCIADOR DE DECLARACAO EXPROPRIATORIA. PANTANAL MATO-GROSSENSE (CF, ART. 225, PAR. 4. ) - POSSIBILIDADE JURIDICA DE EXPROPRIACAO DE IMOVEIS RURAIS NELE SITUADOS, PARA FINS DE REFORMA AGRARIA. - A NORMA INSCRITA NO ART. 225, PARAGRAFO 4., DA CONSTITUICAO NAO ATUA, EM TESE, COMO IMPEDIMENTO JURIDICO A EFETIVACAO, PELA UNIAO FEDERAL, DE ATIVIDADE EXPROPRIATORIA DESTINADA A PROMOVER E A EXECUTAR PROJETOS DE REFORMA AGRARIA NAS AREAS REFERIDAS NESSE PRECEITO CONSTITUCIONAL, NOTADAMENTE NOS IMOVEIS RURAIS SITUADOS NO PANTANAL MATO-GROSSENSE. A PROPRIA CONSTITUICAO DA REPUBLICA, AO IMPOR AO PODER PUBLICOO DEVER DE FAZER RESPEITAR A INTEGRIDADE DO PATRIMONIO AMBIENTAL, NAO O INIBE, QUANDO NECESSARIA A INTERVENCAO ESTATAL NA ESFERAL DOMINIAL PRIVADA, DE PROMOVER A DESAPROPRIACAO DE IMOVEIS RURAIS PARA FINS DE REFORMA AGRARIA, ESPECIALMENTE PORQUE UM DOS INSTRUMENTOS DE REALIZACAO DA FUNCAO SOCIAL DA PROPRIEDADE CONSISTE, PRECISAMENTE, NA SUBMISSAO DO DOMINIO A NECESSIDADE DE O SEU TITULAR UTILIZAR ADEQUADAMENTE OS RECURSOS NATURAIS DISPONIVEIS E DE FAZER PRESERVAR O EQUILIBRIO DO MEIO AMBIENTE (CF, ART. 186, II), SOB PENA DE, EM DESCUMPRINDO ESSES ENCARGOS, EXPOR-SE A DESAPROPRIACÃO-SANÇÃO AQUE SE REFERE O ART. 184 DA LEI FUNDAMENTAL.
A QUESTÃO DO DIREITO AO MEIO AMBIENTE ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO – DIREITO DE TERCEIRA GERAÇÃO – PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE. - O DIREITO À INTEGRIDADE DO MEIO AMBIENTE - TÍPICO DIREITO DE TERCEIRA GERAÇÃO – CONSTITUI PRERROGATIVA JURÍDICA DE TITULARIDADE COLETIVA, REFLETINDO, DENTRO DO PROCESSO DE AFIRMAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS, A EXPRESSÃO SIGNIFICATIVA DE UM PODER ATRIBUÍDO, NÃO AO INDIVÍDUO IDENTIFICADO EM SUA SINGULARIDADE, MAS, NUM SENTIDO VERDADEIRAMENTE MAIS ABRANGENTE, À PRÓPRIA COLETIVIDADE SOCIAL. ENQUANTO OS DIREITOS DE PRIMEIRA GERAÇÃO (DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS) - QUE COMPREENDEM AS LIBERDADES CLÁSSICAS, NEGATIVAS OU FORMAIS - REALÇAM O PRINCÍPIO DA LIBERDADE E OS DIREITOS DE SEGUNDA GERAÇÃO (DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS) - QUE SE IDENTIFICAM COM AS LIBERDADES POSITIVAS, REAIS OU CONCRETAS - ACENTUAM O PRINCÍPIO DA IGUALDADE, OS DIREITOS DE TERCEIRA GERAÇÃO, QUE MATERIALIZAM PODERES DE TITULARIDADE COLETIVA ATRIBUÍDOS GENERICAMENTE A TODAS AS FORMAÇÕES SOCIAIS, CONSAGRAM O PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE E CONSTITUEM UM MOMENTO IMPORTANTE NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO, EXPANSÃO E RECONHECIMENTO DOS DIREITOS HUMANOS, CARACTERIZADOS, ENQUANTO VALORES FUNDAMENTAIS INDISPONÍVEIS, PELA NOTA DE UMA ESSENCIAL INEXAURIBILIDADE. CONSIDERAÇÕES DOUTRINÁRIAS.
Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos (CRFB, art. 5O)
A disposição do artigo 5o demonstra que há direitos e também deveres fundamentais (eficácia horizontal dos direitos fundamentais). Os indivíduos são credores e devedores ao mesmo tempo dos direitos fundamentais.
O ordenamento jurídico, ao mesmo tempo em que guarnece o Estado com instrumentos necessários à sua ação, protege certos interesses do indivíduo contra a intromissão estatal. Os direitos individuais são prerrogativas fundamentais atribuídas aos particulares em face do Estado e de outros particulares,visando à proteção de valores como a vida, a liberdade, a igualdade e a propriedade.
Para a TEORIA LIBERAL, os direitos individuais clássicos eram satisfeitos por meio de uma simples omissão do Estado, o qual se exonerava de seus deveres nesse campo, abstendo-se da prática de certos atos (caráter negativo). Essa concepção foi sendo desenvolvida em direção à defesa do caráter substancial desses direitos, no sentido de que o Estado deve proporcionar, por meio de ações positivas, não somente as garantias, mas os meios efetivos para seu exercício. 
Pergunta da prova oral MPDFT, em 2012: Qual a diferença entre direito e garantia fundamental? E remédios constitucionais?
Os direitos são bens e vantagens prescritos na norma constitucional, enquanto as garantias são os instrumentos através dos quais se assegura o exercício dos aludidos direitos (preventivamente) ou prontamente os repara, caso violados. Resta diferenciar as garantias fundamentais dos remédios constitucionais. Estes últimos constituem espécies do gênero garantia. Isso porque, uma vez consagrado o direito, a sua garantia nem sempre estará nas regras definidas constitucionalmente como remédios constitucionais (ex.: habeas corpus, habeas data etc.). 
Destinatários dos Direitos Individuais
São os brasileiros e os estrangeiros residentes no Brasil, de acordo com o texto expresso da lei, mas essa interpretação meramente gramatical não é suficiente para entender a questão. A disposição generalista exposta no caput do artigo 5o não determina que todos brasileiros possam gozar igualmente dos direitos fundamentais, podem ser estabelecidas diferenças entre os brasileiros. Exemplo: o brasileiro nato nunca poderá ser extraditado e o brasileiro naturalizado somente pode ser extraditado por crime comum praticado antes da naturalização ou por comprovado envolvimento com tráfico ilícito de entorpecentes ou drogas a fim.
	EXTRADIÇÃO
	DEPORTAÇÃO
	EXPULSÃO
	ENTREGA
	Sujeito é solicitado para outro país em decorrência de prática de crime.
	Sujeito entrou de modo irregular no Brasil
	Sujeito atenta contra a segurança nacional ou contra a ordem política ou social ou comete algum crime no Brasil
	Pode ser de estrangeiro ou de nacional, desde que o Estado não se comprometa em punir a conduta criminosa, já que o TPI tem natureza complementar.
	Ocorre entre dois países soberanos
	
	
	Ocorre entre um país soberano e uma organização internacional supranacional
	
	Não tem conotação criminal
	
	Tratado de Roma – TPI
A questão da entrega de brasileiro nato dá ensejo a duas posições distintas: os que admitem (instituto distinto da extradição) e os que não admitem (por ter natureza de extradição). PROBLEMA será a verificação de aplicação da prisão perpétua que estabelece o TPI e não é admitida pela CRFB.
Entrega de nacionais: a CRFB veda a extradição de seus nacionais, estabelecendo que nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum praticado antes da naturalização ou de comprovado envolvimento em tráfico de drogas. Em seguida, veda também a extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião. Por serem vedações constantes de diversos textos constitucionais, o Estatuto teve a preocupação em diferenciar os dois institutos: a extradição e a entrega (surrender). 
Pena de caráter perpétuo: a CRFB estabelece que não haverá penas de caráter perpétuo. Por sua vez, o ER, ao tratar das penas aplicáveis, prevê a possibilidade de o Tribunal impor à pessoa condenada uma pena de prisão perpétua, caso o elevado grau da ilicitude do fato e as condições pessoais do condenado o justificarem (art. 77, 1, b). O principal argumento no sentido de que a previsão do Estatuto não é inconciliável com a CRFB é o de que a vedação imposta na Carta Maior dirige-se apenas ao legislador interno, não impedindo submissão do Brasil e de seus nacionais às previsões de uma Corte supraconstitucional. Nesse sentido, as normas de natureza penal consagradas na CRFB regulariam o sistema punitivo interno brasileiro, dando a exata medida do que o constituinte vê como justa retribuição, sem se projetar para outros sistemas penais aos quais o país se vincule por força de compromissos internacionais. Além disso, o art. 7º do ADCT dispõe que o Brasil propugnará pela formação de um tribunal internacional dos direitos humanos, o que confere maior legitimidade ao TPI, já que o direito penal também é tido como mecanismo de tutela dos direitos humanos. Destaque-se, ainda, que o art. 110, §3º do ER prevê a possibilidade de redução da pena de caráter perpétuo após cumpridos 25 anos de prisão e preenchidos determinados requisitos.
DECISÃO DE EXTRADIÇÃO – STF = PENA DE MORTE NÃO SE ENTREGA.
DECISÃO DE EXTRADIÇÃO – STF - PERU = PENA DE PRISÃO PERPÉTUA, até 2002, o STF entregava, mas, em 2004, INFORMATIVO 358, estabelece que deve ser feita a comutação da pena de prisão perpétua para pena máxima de 30 anos.
DIREITOS HUMANOS E EXTRADIÇÃO
Ext 837/EG – EGITO
EXTRADIÇÃO Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA 
Julgamento: 19/11/2003 Órgão Julgador: Tribunal Pleno 
Publicação: DJ DATA-30-04-2004 PP-00032 EMENT VOL-02149-01 PP-00098 
EMENTA: EXTRADIÇÃO - PEDIDO GENÉRICO E IMPRECISO - PEDIDO INDEFERIDO. Mostrando-se inteligível o pedido, erros estilísticos, gramaticais ou de ortografia não o inviabilizam. Se consta do pedido documento oficial indicando que o Procurador-Geral da República está autorizado a decretar a prisão, torna-se prescindível a apresentação de legislação que lhe outorgue tal competência. A generalidade e a imprecisão do pedido extradicional impedem o seu deferimento, tanto pela violação do art. 80 da Lei 6.815/80, como pela impossibilidade de verificação de muitos dos requisitos essenciais. Em processo de extradição, é vedada a dilação probatória a fim de perquirir se, em determinado período, o extraditando se encontrava no território do Estado requerente. A ausência ou a imperfeição de compromisso de não-aplicação da pena de morte não é causa impeditiva do deferimento do pedido de extradição, mas sim da entrega do extraditando ao Estado requerente. Procurador-Geral da República não é, via de regra, competente para prestar compromisso de não-aplicação da pena de morte. Não é vedada extradição para promover interrogatório se o extraditando é réu e está sendo processado pela Justiça estrangeira. Pedido indeferido.
Ext 811/PU – PERU 
EXTRADIÇÃO Relator(a): Min. CELSO DE MELLO 
Julgamento: 04/09/2002 Órgão Julgador: Tribunal Pleno 
Publicação: DJ DATA-28-02-2003 PP-00009 EMENT VOL-02100-01 PP-00028 
E M E N T A: EXTRADIÇÃO PASSIVA - ACUSAÇÃO POR SUPOSTA PRÁTICA DO CRIME DE TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES - PRETENDIDO EXAME DO MÉRITO DA IMPUTAÇÃO PENAL - IMPOSSIBILIDADE - VALIDADE CONSTITUCIONAL DO ART. 85, § 1º DA LEI Nº 6.815/80 - EXISTÊNCIA, NO BRASIL, DE PROCEDIMENTO PENAL INSTAURADO CONTRA OS EXTRADITANDOS - SITUAÇÃO QUE IMPEDE A IMEDIATA EFETIVAÇÃO DA ORDEM EXTRADICIONAL, EXCETO SE EXERCIDA, PELO PRESIDENTE DA REPÚBLICA, A PRERROGATIVA QUE LHE CONFERE O ART. 89 DO ESTATUTO DO ESTRANGEIRO - SUJEIÇÃO DE UM DOS EXTRADITANDOS À PRISÃO PERPÉTUA NO ESTADO REQUERENTE - POSSIBILIDADE DE EFETIVAÇÃO DA ENTREGA EXTRADICIONAL, COM RESSALVA DA POSIÇÃO PESSOAL DO MINISTRO RELATOR, QUE A ENTENDE INCABÍVEL – EXTRADIÇÃO DEFERIDA. PROCESSO EXTRADICIONAL - EXAME DA PROVA PENAL PRODUZIDA PERANTE O ESTADO ESTRANGEIRO - NEGATIVA DE AUTORIA DO FATO DELITUOSO - INADMISSIBILIDADE. 
- O modelo extradicional vigente no Brasil - que consagra o sistema de contenciosidade limitada, fundado em norma legal (Estatuto do Estrangeiro, art. 85, § 1º) reputada compatível com o texto da Constituição da República (RTJ 105/4-5 - RTJ 160/433-434 - RTJ 161/409-411 - Ext 804/Alemanha) - não autoriza que se renove, no âmbito da ação de extradição passiva promovida perante o Supremo Tribunal Federal, o litígio penal que lhe deu origem, nem que se efetive o reexame do quadro probatório ou a discussão sobre o mérito da acusação ou da condenaçãoemanadas de órgão competente do Estado estrangeiro. Doutrina. Precedentes. VALIDADE CONSTITUCIONAL DO ART. 85, § 1º DA LEI Nº 6.815/80. 
- As restrições de ordem temática, estabelecidas no Estatuto do Estrangeiro (art. 85, § 1º) - cuja incidência delimita, nas ações de extradição passiva, o âmbito material do exercício do direito de defesa -, não são inconstitucionais, nem ofendem a garantia da plenitude de defesa, em face da natureza mesma de que se reveste o processo extradicional no direito brasileiro. Precedentes. O RESPEITO AOS DIREITOS HUMANOS DEVE CONSTITUIR VETOR INTERPRETATIVO A ORIENTAR O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL NOS PROCESSOS DE EXTRADIÇÃO PASSIVA. - Cabe advertir que o dever de cooperação internacional na repressão às infrações penais comuns não exime o Supremo Tribunal Federal de velar pela intangibilidade dos direitos básicos da pessoa humana, fazendo prevalecer, sempre, as prerrogativas fundamentais do extraditando, que ostenta a condição indisponível de sujeito de direitos, impedindo, desse modo, que o súdito estrangeiro venha a ser entregue a um Estado cujo ordenamento jurídico não se revele capaz de assegurar, aos réus, em juízo criminal, a garantia plena de um julgamento imparcial, justo, regular e independente ("fair trial"), com todas as prerrogativas inerentes à cláusula do "due process of law" (Ext 633/China, Rel. Min. CELSO DE MELLO), tais como proclamadas e reconhecidas na Constituição do Brasil e nas convenções internacionais subscritas pela República Brasileira. 
A QUESTÃO DO ADIAMENTO DA ENTREGA EXTRADICIONAL - INTELIGÊNCIA DO ART. 89 DO ESTATUTO DO ESTRANGEIRO. 
– A entrega do extraditando - que esteja sendo processado criminalmente no Brasil, ou que haja sofrido condenação penal imposta pela Justiça brasileira - depende, em princípio, da conclusão do processo ou do cumprimento da pena privativa de liberdade, exceto se o Presidente da República, com apoio em juízo discricionário, de caráter eminentemente político, fundado em razões de oportunidade, conveniência e/ou utilidade, exercer, na condição de Chefe de Estado, a prerrogativa excepcional que lhe permite determinar a imediata efetivação da ordem extradicional (Estatuto do Estrangeiro, art. 89, "caput", "in fine"). Precedentes. 
SUJEIÇÃO DO EXTRADITANDO, NO ESTADO ESTRANGEIRO, À PRISÃO PERPÉTUA. POSSIBILIDADE, MESMO NESSA HIPÓTESE, DE EFETIVAÇÃO DA ENTREGA EXTRADICIONAL. POSIÇÃO CONTRÁRIA DO RELATOR. - O Plenário do Supremo Tribunal Federal firmou jurisprudência no sentido de admitir, sem qualquer restrição, exceto quando houver cláusula vedatória inscrita em Tratado de Extradição, a possibilidade de o Governo brasileiro extraditar o súdito estrangeiro reclamado, mesmo nos casos em que este possa sofrer pena de prisão perpétua no Estado requerente. RESSALVA da posição pessoal do Relator (Min. CELSO DE MELLO), que entende necessário comutar, a pena de prisão perpétua, em privação temporária da liberdade, em obséquio ao que determina a Constituição do Brasil.
INFORMATIVO 358 DO STF 
Extradição. Prisão Perpétua. Compromisso de Comutação. O Tribunal, por unanimidade, deferiu pedido de extradição formulado pelo Governo do Chile, para entregar nacional chileno condenado, naquele País, a duas penas de prisão perpétua, pela prática dos crimes de extorsão mediante sequestro, formação de quadrilha e homicídio, todos qualificados como delitos de natureza terrorista. Na espécie, o extraditando também fora condenado pela Justiça do Estado de São Paulo à pena de trinta anos de reclusão, pela prática dos crimes de extorsão mediante seqüestro, formação de quadrilha e tortura, condenação com trânsito em julgado, encontrando-se preso cautelarmente em virtude de decisão do relator neste processo, Min. Celso de Mello. Inicialmente, considerou-se observado o requisito da dupla tipicidade (Lei 6.815/80, art. 77, II e Decreto 1.888/37) . Afastou-se a incidência da hipótese prevista no inciso LII do art. 5º da CF, que veda a extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião, por se considerar que os crimes praticados pelo extraditando não se revestiam desse caráter, sendo comuns, porquanto os mesmos teriam ocorrido em período no qual a república chilena já se encontrava em plena normalidade democrática, estando os partidos políticos em situação legal e tendo o povo chileno escolhido o novo Presidente da República em eleições livres, abertas e democráticas. Salientou-se que o extraditando não fora julgado por Tribunal de exceção e que teriam sido atendidos todos os requisitos concernentes ao devido processo legal. Ressaltou-se que, apesar desse contexto, o deferimento da extradição dependeria do Estado requerente assumir o compromisso de comutar, em pena não superior a trinta anos de reclusão, as penas de prisão perpétua impostas ao extraditando, uma vez que a regra contida na alínea b do inciso XLVII do art. 5º da CF, que veda a cominação de penas de caráter perpétuo, precederia a outras de ordem convencional ou legal. Assim, condicionou-se, por maioria, a entrega do extraditando à comutação das penas de prisão perpétua em penas de prisão temporária de no máximo trinta anos, observados, desde que assim o entenda o Presidente da República, os arts. 89 e 67 da Lei 6.815/80. Vencidos, nesse ponto, os Ministros Carlos Velloso e Nelson Jobim, Presidente, que não admitiam a ressalva por entender que não se poderiam estabelecer restrições oponíveis à ordem jurídica do país requerente. (Lei 6.815/80: “Art. 67. Desde que conveniente ao interesse nacional, a expulsão do estrangeiro poderá efetivar-se, ainda que haja processo ou tenha ocorrido condenação.... Art. 77. Não se concederá a extradição quando:... VII - o fato constituir crime político; e... § 1° A exceção do item VII não impedirá a extradição quando o fato constituir, principalmente, infração da lei penal comum, ou quando o crime comum conexo ao delito político, constituir o fato principal.... Art. 89. Quando o extraditando estiver sendo processado, ou tiver sido condenado, no Brasil, por crime punível com pena privativa de liberdade, a extradição será executada somente depois da conclusão do processo ou do cumprimento da pena, ressalvado, entretanto, o disposto no artigo 67.”). Ext 855/República do Chile, rel. Min. Celso de Mello, 26.8.2004. (Ext-855)
Outra distinção entre brasileiros reside na disposição do LXXIII, que permite o ajuizamento da Ação Popular somente por cidadão (pleno gozo de direitos políticos) seja naturalizado ou nato.
Há direitos que somente estão voltados para as mulheres. Exemplo: direito da presa de amamentar os filhos.
O inciso LII é um dispositivo voltado somente para estrangeiros, ao estabelecer que não será permitida a extradição de estrangeiros por crime político ou de opinião. A CF fala de crime político em outro dispositivo: o juiz federal é competente para processar e julgar os crimes políticos da União (artigo 109, I, CF). O crime político do artigo 5o é o mesmo do artigo 109? É óbvio que não, porque o crime político do estrangeiro é aquele que foi praticado no estrangeiro, e a competência do juiz federal está relacionada com a nossa lei de segurança nacional. O crime político do inciso é um crime praticado no exterior, que tenha motivação política, ou seja, foi praticado com o objetivo de subverter a ordem do Estado, desejando a revolução.
TITULARIDADE
RE 215267/SP - SÃO PAULO 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO Relator(a): Min. ELLEN GRACIE 
Julgamento: 24/04/2001 Órgão Julgador: Primeira Turma 
Publicação: DJ DATA-25-05-2001 PP-00019 EMENT VOL-02032-05 PP-00977 RTJ EMENTVOL-00177-002 PP-00965 
EMENTA: Ao estrangeiro, residente no exterior, também é assegurado o direito de impetrar mandado de segurança, como decorre da interpretação sistemática dos artigos 153, caput, da Emenda Constitucional de 1969 e do 5º., LIX da Constituição atual. Recurso extraordinário não conhecido.
Esse crime político praticado por estrangeiro no estrangeiro não se confunde com o terrorismo. Exemplo: Osama Bin Laden não praticoucrime político e sim ato de terrorismo. O terrorismo tem a intenção de espalhar o terror generalizado na população civil, incutindo-lhe o medo; já, nos crimes políticos, não há essa intenção de aterrorizar a população civil.
Obs: Crimes políticos em sentido amplo são aquelas condutas que violam bens jurídicos e políticos do Estado Democrático de Direito, abrangendo: crimes de responsabilidade (Lei 1079/50); crimes contra a segurança nacional (Lei 7170/83) e os crimes eleitorais (Código Eleitoral, art. 25 LC 64/90, lei 6091/74, p.ex.). Os crimes políticos de competência da JF são os crimes contra a segurança nacional – lei 7170/83.
Concurso: O julgamento do crime político está submetido à RECURSO ORDINÁRIO para o STF, (ARTIGO 102, II, b).
São somente os estrangeiros residentes que não podem ser extraditados por motivos políticos? Ou o estrangeiro que esteja passando pelo Brasil não tem essa proteção? Não há como não se entender que o artigo 5o estará tutelando todos os estrangeiros residentes ou não residentes.
Há direitos que não poderão ser exercidos pelos estrangeiros, porque somente estão voltados para brasileiros. Exemplo: a ação popular, que somente pode ser ajuizada por brasileiro.
As pessoas jurídicas também estão protegidas pelos direitos constantes no artigo, desde que sejam compatíveis com a sua natureza, ou seja, poderão usufruir dentro do razoável. Obviamente, o direito à vida é direito de pessoa humana e não de pessoa jurídica. Exemplo: impetração de MS pode ser feita por pessoa jurídica, já o HC não é compatível.
Mas há incisos voltados para aplicação de direitos das pessoas jurídicas (XXIX): proteção aos nomes de empresas. Não haveria porque recusar às pessoas jurídicas as consequências do princípio da igualdade, do direito de resposta, inviolabilidade do domicílio, garantias do direito adquirido, ao jurídico perfeito e coisa julgada. Os direitos fundamentais suscetíveis, por sua natureza, de serem exercidos por pessoa jurídica podem tê-la por titular. Não há de se estender, por óbvio, direitos políticos, de votar e ser eleito para cargo público, garantias relativas à prisão, etc.
Concurso: as pessoas jurídicas de direito público usufruem os direitos fundamentais? Toda a teoria dos direitos fundamentais está relacionada à proteção do cidadão, por meio dos direitos fundamentais. Atualmente, a teoria deve ser temperada, para entender-se que alguns dos incisos do artigo 5o são usufruídos pelo Estado. Exemplos: o Município pode impetrar MS contra autoridade federal; os entes políticos têm direito aos princípios do contraditório, do devido processo legal, direito de ser ouvido em juízo, direito ao juiz predeterminado por lei.
RMS 22021/PA – PARÁ 
RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO 
Julgamento: 18/04/1995 Órgão Julgador: PRIMEIRA TURMA 
Publicação: DJ DATA-09-06-1995 PP-17236 EMENT VOL-01790-02 PP-00210 RTJ VOL- 00162-03 PP-00897 
EMENTA: TERRAS TRADICIONALMENTE OCUPADAS PELOS INDIGENAS. CONDICAO DECLARADA POR MEIO DE PORTARIAS DO MINISTERIO DA JUSTICA, PARA FINS DE DEMARCACAO. IMPUGNACAO MANIFESTADA PELO ESTADO DO PARA, POR MEIO DE MANDADO DE SEGURANCA, EM ALEGADA DEFESA DE TERRAS DEVOLUTAS DE SEU DOMINIO. MANDADO DE SEGURANCA INDEFERIDO. A ação de mandado de segurança ajuizada por Estado-membro contra autoridade federal, não obstante a controvérsia que ainda lavra entre os doutos acerca do papel desempenhado, na relação processual, pela pessoa jurídica de direito publico a que pertence o impetrado, tem, invariavelmente, por substrato, conflito entre Estado-membro e a União, de que decorre a competência absoluta do Supremo Tribunal Federal para sua apreciação e julgamento, como previsto no art. 102, I, f, da Constituição Federal. Nulidade do acordao, proferido, no caso, pelo Superior Tribunal de Justiça. Recurso provido.
Assim, as pessoas jurídicas de direito público poderão em algumas situações invocar a tutela dos direitos fundamentais, em que pese a história de formação dos direitos fundamentais, com inspiração nitidamente individualista.
Aplicabilidade dos Direitos Fundamentais (§ 1o do artigo 5o da CRFB)
Estabelece o dispositivo citado que os direitos fundamentais têm aplicação imediata, ou seja, sem a necessidade de atuação do legislador.
Trata-se de regra que se aplica a todos os direitos fundamentais (sociais, coletivos e outros). Essa é a regra geral, pois há direitos fundamentais que demandam a atuação do legislador ordinário (normas de eficácia limitada). 
Assim, em regra, as normas de direitos fundamentais são normas de eficácia plena ou contida. 
Contudo, é importante se observar que há direitos fundamentais que estão submetidos à atuação do legislador ordinário. O § 1o traz uma presunção de que os direitos fundamentais serão normas de eficácia plena ou contida, mas na tentativa de dar maior aplicabilidade a esse dispositivo, não se pode fugir do razoável, assim, há casos em que os direitos fundamentais terão eficácia limitada.
Exemplo 01: norma de eficácia contida (inciso XIII), a menção à lei ordinária não afasta a aplicabilidade imediata do dispositivo, mas poderá ser limitada pela atuação do legislador ordinário.
Exemplo 02: inciso XXXII (defesa do consumidor, na forma da lei), essa norma tem eficácia limitada programática (majoritária). Somente será assim, se o intérprete entender que somente pode existir a defesa em uma lei específica. Mas, se for entendido o dispositivo como uma regra de interpretação para todas as demais normas, aplicando-se o princípio de maior eficácia para as normas constitucionais (regra de hermenêutica constitucional).
Exemplo 03: nos incisos XLII e XLIII, é necessária uma lei para estabelecer esses crimes, para que seja aplicada pena.
No exemplo 03, com a lei os incisos ganham efetividade? Essa lei que dá plena efetividade pode ser simplesmente revogada por outra lei? Será que a lei revogadora pode ser considerada como inconstitucional sob a alegação de vedação ao retrocesso (hermenêutica constitucional)? Na opinião da doutrina majoritária, não podem ser revogadas essas leis (p. ex. CDC), podem ser substituídos, garantida a vedação ao retrocesso.
Os direitos sociais têm grande dificuldade de aplicação imediata. Exemplo: prestação de educação e saúde depende de uma política pública, não basta a menção na CF para garantir a eficácia imediata. As políticas públicas podem ser de 02 tipos:
*Implementam uma decisão política, com base na conveniência e na oportunidade do administrador público. A AUSÊNCIA dessas políticas não dá origem à inconstitucionalidade. A política pública pode ser implementada e ser inconstitucional mesmo assim.
*Implementa um direito reconhecido pela lei (lato sensu: lei e CF); não há atuação discricionária do administrador público. A AUSÊNCIA dessa política pública é INCONSTITUCIONAL, ou seja, trata-se de uma inconstitucionalidade por omissão (ADI por omissão ou MI). O administrador tem que elaborar uma política pública. A política pública pode ser implementada e ser inconstitucional mesmo assim. Essas políticas públicas demandam gastos financeiros, assim, não se pode exigir de imediato do Administrador público, pode-se exigir dentro do possível, dentro da disponibilidade orçamentária, ou seja, a implementação depende da disponibilidade financeira. Mas esse argumento não pode justificar a inércia total, é preciso garantir o mínimo existencial, ou seja, é o mínimo necessário a uma existência digna. Se não dá para fazer tudo, faça-se pelo menos o mínimo existencial, que deve ser garantido para proteção da dignidade da pessoa humana: tire o dinheiro de onde for, esse mínimo tem que ser garantido de qualquer forma. 
POLÍTICAS PÚBLICAS, DIREITOS SOCIAIS, MÍNIMO EXISTENCIAL E RESERVA DO POSSÍVEL
Classe / Origem ADPF 45 / DF ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL Relator(a) Min. CELSO DE MELLO DJ DATA-04/05/2004 P - 00012 Julgamento 29/04/2004 Despacho EMENTA: ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL.A QUESTÃO DA LEGITIMIDADE CONSTITUCIONAL DO CONTROLE E DA INTERVENÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO EM TEMA DE IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS, QUANDO CONFIGURADA HIPÓTESE DE ABUSIVIDADE GOVERNAMENTAL. DIMENSÃO POLÍTICA DA JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL ATRIBUÍDA AO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. INOPONIBILIDADE DO ARBÍTRIO ESTATAL À EFETIVAÇÃO DOS DIREITOS SOCIAIS, ECONÔMICOS E CULTURAIS. CARÁTER RELATIVO DA LIBERDADE DE CONFORMAÇÃO DO LEGISLADOR. CONSIDERAÇÕES EM TORNO DA CLÁUSULA DA "RESERVA DO POSSÍVEL". NECESSIDADE DE PRESERVAÇÃO, EM FAVOR DOS INDIVÍDUOS, DA INTEGRIDADE E DA INTANGIBILIDADE DO NÚCLEO CONSUBSTANCIADOR DO "MÍNIMO EXISTENCIAL". VIABILIDADE INSTRUMENTAL DA ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO NO PROCESSO DE CONCRETIZAÇÃO DAS LIBERDADES POSITIVAS (DIREITOS CONSTITUCIONAIS DE SEGUNDA GERAÇÃO). DECISÃO: Trata-se de argüição de descumprimento de preceito fundamental promovida contra veto, que, emanado do Senhor Presidente da República, incidiu sobre o § 2º do art. 55 (posteriormente renumerado para art. 59), de proposição legislativa que se converteu na Lei nº 10.707/2003 (LDO), destinada a fixar as diretrizes pertinentes à elaboração da lei orçamentária anual de 2004. O dispositivo vetado possui o seguinte conteúdo material: "§ 2º Para efeito do inciso II do caput deste artigo, consideram-se ações e serviços públicos de saúde a totalidade das dotações do Ministério da Saúde, deduzidos os encargos previdenciários da União, os serviços da dívida e a parcela das despesas do Ministério financiada com recursos do Fundo de Combate à Erradicação da Pobreza." O autor da presente ação constitucional sustenta que o veto presidencial importou em desrespeito a preceito fundamental decorrente da EC 29/2000, que foi promulgada para garantir recursos financeiros mínimos a serem aplicados nas ações e serviços públicos de saúde. Requisitei, ao Senhor Presidente da República, informações que por ele foram prestadas a fls. 93/144. Vale referir que o Senhor Presidente da República, logo após o veto parcial ora questionado nesta sede processual, veio a remeter, ao Congresso Nacional, projeto de lei, que, transformado na Lei nº 10.777/2003, restaurou, em sua integralidade, o § 2º do art. 59 da Lei nº 10.707/2003 (LDO), dele fazendo constar a mesma norma sobre a qual incidira o veto executivo. Em virtude da mencionada iniciativa presidencial, que deu causa à instauração do concernente processo legislativo, sobreveio a edição da já referida Lei nº 10.777, de 24/11/2003, cujo art. 1º - modificando a própria Lei de Diretrizes Orçamentárias (Lei nº 10.707/2003) - supriu a omissão motivadora do ajuizamento da presente ação constitucional.
Com o advento da mencionada Lei nº 10.777/2003, a Lei de Diretrizes Orçamentárias, editada para reger a elaboração da lei orçamentária de 2004, passou a ter, no ponto concernente à questionada omissão normativa, o seguinte conteúdo material: "Art. 1º O art. 59 da lei nº 10.707, de 30 de julho de 2003, passa a vigorar acrescido dos seguintes parágrafos: 'Art.59........................................... . § 3º Para os efeitos do inciso II do caput deste artigo, consideram-se ações e serviços públicos de saúde a totalidade das dotações do Ministério da Saúde, deduzidos os encargos previdenciários da União, os serviços da dívida e a parcela das despesas do Ministério financiada com recursos do Fundo de Combate à Erradicação da Pobreza. § 4º A demonstração da observância do limite mínimo previsto no § 3º deste artigo dar-se-á no encerramento do exercício financeiro de 2004.' (NR)." (grifei) Cabe registrar, por necessário, que a regra legal resultante da edição da Lei nº 10.777/2003, ora em pleno vigor, reproduz, essencialmente, em seu conteúdo, o preceito, que, constante do § 2º do art. 59 da Lei nº 10.707/2003 (LDO), veio a ser vetado pelo Senhor Presidente da República (fls. 23v.). Impende assinalar que a regra legal em questão - que culminou por colmatar a própria omissão normativa alegadamente descumpridora de preceito fundamental - entrou em vigor em 2003, para orientar, ainda em tempo oportuno, a elaboração da lei orçamentária anual pertinente ao exercício financeiro de 2004. Conclui-se, desse modo, que o objetivo perseguido na presente sede processual foi inteiramente alcançado com a edição da Lei nº 10.777, de 24/11/2003, promulgada com a finalidade específica de conferir efetividade à EC 29/2000, concebida para garantir, em bases adequadas – e sempre em benefício da população deste País - recursos financeiros mínimos a serem necessariamente aplicados nas ações e serviços públicos de saúde. Não obstante a superveniência desse fato juridicamente relevante, capaz de fazer instaurar situação de prejudicialidade da presente argüição de descumprimento de preceito fundamental, não posso deixar de reconhecer que a ação constitucional em referência, considerado o contexto em exame, qualifica-se como instrumento idôneo e apto a viabilizar a concretização de políticas públicas, quando, previstas no texto da Carta Política, tal como sucede no caso (EC 29/2000), venham a ser descumpridas, total ou parcialmente, pelas instâncias governamentais destinatárias do comando inscrito na própria Constituição da República.
Essa eminente atribuição conferida ao Supremo Tribunal Federal põe em evidência, de modo particularmente expressivo, a dimensão política da jurisdição constitucional conferida a esta Corte, que não pode demitir-se do gravíssimo encargo de tornar efetivos os direitos econômicos, sociais e culturais - que se identificam, enquanto direitos de segunda geração, com as liberdades positivas, reais ou concretas (RTJ 164/158-161, Rel. Min. CELSO DE MELLO) -, sob pena de o Poder Público, por violação positiva ou negativa da Constituição, comprometer, de modo inaceitável, a integridade da própria ordem constitucional:
"DESRESPEITO À CONSTITUIÇÃO - MODALIDADES DE COMPORTAMENTOS INCONSTITUCIONAIS DO PODER PÚBLICO. - O desrespeito à Constituição tanto pode ocorrer mediante ação estatal quanto mediante inércia governamental. A situação de inconstitucionalidade pode derivar de um comportamento ativo do Poder Público, que age ou edita normas em desacordo com o que dispõe a Constituição, ofendendo-lhe, assim, os preceitos e os princípios que nela se acham consignados. Essa conduta estatal, que importa em um facere (atuação positiva), gera a inconstitucionalidade por ação. - Se o Estado deixar de adotar as medidas necessárias à realização concreta dos preceitos da Constituição, em ordem a torná-los efetivos, operantes e exeqüíveis, abstendo-se, em conseqüência, de cumprir o dever de prestação que a Constituição lhe impôs, incidirá em violação negativa do texto constitucional. Desse non facere ou non praestare, resultará a inconstitucionalidade por omissão, que pode ser total, quando é nenhuma a providência adotada, ou parcial, quando é insuficiente a medida efetivada pelo Poder Público. (...) - A omissão do Estado - que deixa de cumprir, em maior ou em menor extensão, a imposição ditada pelo texto constitucional - qualifica-se como comportamento revestido da maior gravidade político-jurídica, eis que, mediante inércia, o Poder Público também desrespeita a Constituição, também ofende direitos que nela se fundam e também impede, por ausência de medidas concretizadoras, a própria aplicabilidade dos postulados e princípios da Lei Fundamental." (RTJ 185/794-796, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Pleno)
É certo que não se inclui, ordinariamente, no âmbito das funções institucionais do Poder Judiciário - e nas desta Suprema Corte, em especial - a atribuição de formular e de implementar políticas públicas (JOSÉ CARLOS VIEIRA DE ANDRADE, "Os Direitos Fundamentais na Constituição Portuguesa de 1976", p. 207, item n. 05, 1987, Almedina, Coimbra), pois, nesse domínio, o encargo reside, primariamente, nos Poderes Legislativo e Executivo. Tal incumbência, no entanto, embora em bases excepcionais, poderá atribuir-se ao Poder Judiciário, se e quando os órgãos estatais competentes, por descumprirem os encargos político-jurídicos que

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