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SOCIEDADE EM NOME COLETIVO 1. HISTÓRICO Originou-se na Idade Média, na Itália, e teve seu surgimento no fato de que os irmãos que recebiam, por herança, os negócios de seu ancestral os mantinham em nome coletivo. Era uma sociedade composto essencialmente por familiares. Dessas sociedades familiares é que surgiram as sociedades em nome coletivo, que passaram a ser formadas não exclusivamente por membros de uma mesma família, mas por pessoas cuja vínculo se estabelece pelo contrato social. Este tipo societário está disciplinado nos artigos 1.039 a 1.0444 CC. 2. CARACTERÍSICAS A) Responsabilidade dos sócios A característica essencial da sociedade em nome coletivo é a responsabilidade ilimitada e solidária dos seus sócios. Assim, cada sócio responderá isoladamente e ilimitadamente por qualquer obrigação social, mesmo que superior ao valor do capital social. No entanto, a responsabilidade subsidiária não é descartada. – art 1.039 CC. Os sócios da sociedade em nome coletivo podem limiar entre si a responsabilidade de cada um - parágrafo único 1.039 CC. Por exemplo: pode-se conferir a um dos sócios, através de contrato, responsabilidade limitada ao capital integralizado e ao outro sócio, responsabilidade ilimitada. Mas esse pacto só tem validade entre os sócios, não sendo oponível a terceiros. b) Perfil dos sócios Neste tipo de sociedade todos os sócios devem ser pessoas físicas e apenas pode ser administrada pelos sócios. A administração compete exclusivamente aos sócios, sendo vedada a nomeação de terceiros para a administração. – art. 1042 CC. c) Do nome empresarial O nome da sociedade em nome coletivo pode ser constituído pelo nome de um dos sócios ou algum deles, acompanhado da expressão “e companhia”, por extenso ou abreviadamente (“e Cia ou “& Cia”), ou ainda pode ser constituída pelo nome de todos os sócios. Exemplo: - Silva, Campos & Companhia. - Pedro, Paulo, Patrícia & Companhia. A firma social assinada por qualquer dos sócios administradores, que no contrato for autorizada a fazer uso dela, obriga todos os sócios solidariamente para com terceiros, e a estes para com a sociedade. O uso da firma é privativo dos que tenham os necessários poderes, nos limite do contrato. d) Do contrato O contrato, além das indicações obrigatórias constantes o artigo 997, deve trazer a firma social. – art 1.041 CC. e) Dos credores O credor particular do sócio não poderá liquidar as quotas inerentes ao seu devedor (no caso é o sócio), antes de dissolvida a sociedade. Exceções que permitem o credor particular do sócio liquidar as quotas inerentes ao mesmo, sem dissolver-se a sociedade: a) Prorrogação tácita da sociedade em nome coletivo: essa prorrogação é informal, pois não ocorre a alteração contratual necessária; b) Prorrogação formal: formalizada via de termo aditivo, averbado junto ao Contrato Social e neste caso, o credor deverá ingressar com pedido judicial dentro de 90 dias contados da publicação da averbação. Credores: o art. 1.043 e seu parágrafo único. f) Dissolução Finalmente, temos que a Sociedade em Nome Coletivo dissolver-se-á na verificação de uma das hipóteses do art. 1.033 do CC. O legislador cuidou de prever que a dissolução de tal sociedade também se dará por meio de declaração da falência; hipótese que cuidou de salientar que somente poderá ocorrer em se tratando de Sociedade Empresária. Desta forma, na situação em concreto em que a Sociedade em Nome Coletivo desempenhar objeto mercantil relacionado com a produção ou circulação de bens ou serviços, ela também poderá ser dissolvida através da declaração da falência. EXEMPLO REAL DO TIPO DE EMPRESA: Sócios: - João Maria: 50% - José Paulo: 30% - Maria de Jesus: 10% - Joaquina da Silva: 10% Nome: João Maria E Cia Objeto: prestação de serviço musical. Conclusão A sociedade em nome coletivo é um tipo de sociedade que se originou em tempos antigos, nas comunidades familiares da antiga Itália na idade média, onde famílias locais tinham negócios entre si. Este tipo de sociedade é formada por sócios que, obrigatoriamente, terão de ser pessoas físicas ou naturais e tem a presença do affectis societatis, que se trata da livre e espontânea vontade dos sócios constituírem a empresa. O nome da empresa é em firma social e tem, por regra, de ser formado pelo nome de todos os sócios ou então pelo nome de um sócio e o termo ‘’& Cia’’ por extenso ou abreviado, indicando a existência de outro(s) sócio(s). A principal característica deste tipo de empresa é a responsabilidade solidária e ilimitada dos sócios na sociedade perante terceiros. Isso significa que, uma vez que a sociedade esteja em débito e seu patrimônio não o suporte, cabe aos sócios o dever de executar a dívida utilizando seus patrimônios pessoais, salvo os bens de família e os bens sem valor elevado. Neste tipo de sociedade também os sócios podem limitar, entre si, as suas responsabilidades, seja no ato constitutivo ou por convenção entre eles. Esta limitação de responsabilidade é feita através da realização da divisão de cotas, que deverá constar no contrato social. A administração deste tipo de sociedade cabe exclusivamente aos sócios e não é permitida a intervenção de um não sócio na mesma. A dissolução é regida pelo contrato social, e para os casos omissos, a lei. SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES 1. HISTÓRICO A sociedade em comandita simples começou a ser utilizada nas expedições marítimas do século XIV. Nestas sociedades havia duas classes de sócios: aqueles que emprestavam todo o capital para a viagem, sem dela participar, e outro sócio que normalmente era o capitão do navio que se encarregava da viagem e corria os riscos do empreendimento em nome próprio e em proveito da sociedade. A sociedade em comandita simples que foi acolhida pelo Código Comercial brasileiro de 1850 e assim, o termo "comanditar", diz respeito a relação de confiança. 2. CONCEITO Pode ser considerada a sociedade comercial mais antiga, como se observa no estudo da formação histórica da sociedade romana. Comandita simples é o tipo societário, em que duas ou mais pessoas se associam, para fins comerciais, obrigando-se uns como solidários, ilimitadamente responsáveis, e outros simples prestadores de capitais, com a responsabilidade limitada às suas contribuições de capital. 3. NATUREZA JURÍDICA Tem natureza contratual ou de pessoas, diante dessas condições o reflexo da responsabilidade assumida pelos sócios, a sociedade em comandita simples apresenta natureza mista, eis que nela coexistem sócios de responsabilidade limitada, aqueles que respondem conforme o capital e outros de característica limitada. 4. CARACTERÍSTICAS A sociedade em comandita simples possui duas categorias de sócios: a) Os sócios comanditados: os quais serão sempre pessoas físicas, que respondem ilimitadamente pelas dívidas da sociedade. São os sócios que contribuem com capital e serviço, além de administrar a sociedade e é o nome dele que irá compor o nome da sociedade, seguida da expressão “e companhia”; b) Os sócios comanditários: podem ser pessoa física ou jurídica. A responsabilidade é limitada ao capital investido na sociedade. Estes sócios são os chamados prestadores do capital e fazem com a condição de não serem obrigados além dos fundos que forem declarados no contrato. Eles podem participar das deliberações da sociedade e fiscalizar as operações. No entanto, não pode praticar qualquer ato de gestão e nem ter o nome da firma social, sob pena de ficar sujeito às responsabilidades de sócio comanditado.Os sócios comanditários são reduzidos à situação de meros prestadores de capital, sem poderem tomar parte na administração da sociedade. Os comanditários cujo capital é considerado precioso no inicio da sociedade, ou em seus momentos de dificuldades, passam a ser vistos com má vontade, logo que a empresa entra em fase de franca prosperidade. Se forem grandes os lucros os comanditados começam a achar que o comanditário não passa de peso morto a ser alijado na primeira oportunidade, esquecidos de que sem o apoio do capital comanditário a sociedade não teria constituído. O contrato social deverá discriminar detalhadamente estas duas categorias de sócios. Portanto, a principal característica da comandita simples é a existência de sócios com responsabilidade ilimitada e no mesmo contrato, de sócio com limitada. c) O ordenamento jurídico da sociedade e nome coletivo é aplicado subsidiariamente, no eu forem compatíveis, para a sociedade me comandita simples; d) Aos comanditados cabem os mesmos direitos e obrigações dos sócios da sociedade em nome coletivo; e) É uma forma de sociedade pouco utilizada nos dias atuais, uma vez que seus sócios possuem responsabilidade ilimitada; f) Este tipo de sociedade possui uma regra específica em caso de falecimento do sócio comanditado que é a continuidade da sociedade pelos sucessores do "de cujus" que designarão quem os represente na sociedade, salvo disposição contratual. Na falta de um sócio comanditado, os comanditários, para evitar a solução de continuidade, nomearão um administrador pelo prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias para tocar a sociedade nesse período. g) Dissolução ocorre nas hipóteses contidas no art. 1044 do CC, pela falência e pela falta de uma das modalidades de sócio num período superior a 180 dias. TJ-DF - Apelação Cível APL 830925720078070001 DF 0083092- 57.2007.807.0001 (TJ-DF) Data de publicação: 29/03/2010 Ementa: PROCESSO CIVIL E EMPRESARIAL. DOCUMENTOS. PRESCINDIBILIDADE. JUNTADA A QUALQUER TEMPO. INEXISTÊNCIA DE PRECLUSÃO. AÇÃO MONITÓRIA. CHEQUE SEM FORÇA EXECUTIVA. PROVA DO CRÉDITO. SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. ALTERAÇÃO DA VERDADE DOS FATOS. CONSTATAÇÃO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. REDUÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA. ALTERAÇÃO DE MARÇO INICIAL. INEXISTÊNCIA DE REFORMATIO IN PEJUS. 1. CONSOANTE A DICÇÃO DO ARTIGO 397 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL , AS PARTES PODEM ACOSTAR AOS AUTOS DOCUMENTOS NOVOS A QUALQUER TEMPO. SOMENTE NO QUE TANGE A DOCUMENTOS IMPRESCINDÍVEIS, TAL OPORTUNIDADE OCORRE, DE FORMA ÚNICA, QUANDO DA PETIÇÃO INICIAL, SUJEITANDO-SE, POIS, À PRECLUSÃO. NO CASO VERTENTE, O CHEQUE, DESPROVIDO DE EFICÁCIA EXECUTIVA, RESPALDANDO A PRESENTE AÇÃO MONITÓRIA, FOI APRESENTADO QUANDO DA PEÇA VESTIBULAR. OS DEMAIS DOCUMENTOS JUNTADOS PELO AUTOR COMPL EMENTARAM AS ALEGAÇÕES SOBRE O CRÉDITO RETRATADO NA CÁRTULA MENCIONADA. 2. A SOCIEDADE EM COMANDITASIMPLES CARACTERIZA-SE POR POSSUIR DUAS CATEGORIAS DE SÓCIOS: OS COMANDITADOS, RESPONSÁVEIS SOLIDÁRIA E ILIMITADAMENTE PELAS OBRIGAÇÕES SOCIAIS, E OS COMANDITÁRIOS, OBRIGADOS SOMENTE ATÉ O VALOR DE SUA QUOTA-P ARTE. ESSA REFLETE A EXEGESE DO ARTIGO 1045 DO CÓDIGO CIVIL . O AUTOR, NA QUALIDADE DE SÓCIO-INVESTIDOR, OU SEJA, COMANDITÁRIO, CONTRIBUÍA, APENAS, PARA FORMAÇÃO DO CAPITAL SOCIAL DA EMPRESA. 3. NA SITUAÇÃO EM ESPÉCIE, RESTOU DEMONSTRADO POSSUIR O AUTOR O CRÉDITO RETRATADO NO CHEQUE ACOSTADO AOS AUTOS. 4. PARA QUE HAJA CONDENAÇÃO NA LITIGÂNCIA DE MÁ- FÉ, É PRECISO QUE A CONDUTA DO "ACUSADO" SUBMETA-SE A UMA DAS HIPÓTESES DO ARTIGO 17 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL . NO CASO DO INCISO II, ALTERAÇÃO DA VERDADE DOS FATOS, ENTRE OS ASPECTOS A SEREM ANALISADOS, EXAMINA-SE SE A P ARTE CONFERIU FALSA VERSÃO PARA OS FATOS VERDADEIROS. NO CASO VERTENTE, RESTOU DEMONSTRADA CONDUTA DA REQUERIDA NESSE SENTIDO, DE MODO QUE PREVALECE A CONDENAÇÃO POR LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. 5. VIÁVEL A REDUÇÃO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS, PARA QUE SE AJUSTEM À QUANTIA CORRESPONDENTE AOS PRECEITOS DO PARÁGRAFO TERCEIRO, ARTIGO 20 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL . 6. ALTERADO, DE OFÍCIO, O TERMO INICIAL DE INCIDÊNCIA DA CORREÇÃO MONETÁRIA, POIS O NOBRE SENTENCIANTE DETERMINOU DA EMISSÃO DO CHEQUE, O MARÇO DEVE SER DA CITAÇÃO, HAJA VISTA A CÁRTULA SEQUER HAVER SIDO APRESENTADA. REPELE-SE, DE PLANO, POSSIBILIDADE REFORMATIO IN PEJUS. O TEMA SOBRE O MARÇO DE INCIDÊNCIA DA CORREÇÃO MONETÁRIA SOBRE O MONTANTE DEVIDO CONFIGURA DECORRÊNCIA LÓGICA DA CONDENAÇÃO. 7. DEU-SE PARCIAL PROVIMENTO AO APELO, PARA, TÃO SOMENTE, REDUZIR A VERBA HONORÁRIA PARA 10% (DEZ POR CENTO) DA CONDENAÇÃO E FIXAR A CORREÇÃO MONETÁRIA A P ARTIR DA CITAÇÃO. NO MAIS, MANTEVE-SE INCÓLUME A R. SENTENÇA.... Apesar desse tipo societário estar em desuso, a sociedade em comandita simples já foi consagrada como uma das espécies mais difundida de sociedade comercial, demonstrando que se ainda faz presente em nosso ordenamento jurídico é de grande relevância para o cenário das sociedades do Direito Comercial.
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