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Anatomia Patológica Especial 14 Agosto 2018 Ana Clara Jasmim Patologias do Sistema Digestório pt.1 Cavidade oral ❖ Anomalias do desenvolvimento • Como anomalias do desenvolvimento da cavidade oral, temos a formação de fendas labias e palatinas, as quais damos os termos técnicos de queilosquise e palatosquise. São frutos do não fechamento perfeito dos processos ósseos e da junção nasolabial. A não ser que sejam cirurgicamente corrigidos, predispõem a outras patologias e caso tenham grande extensão, são incompatíveis com a vida do filhote. A palatosquise constantemente leva à morte do animal por não permitir que se crie uma pressão negativa na cavidade oral e a sucção do leite materno e também pela alta ocorrência de pneumonias aspirativas, decorrentes da comunicação da cavidade oral com a cavidade nasal. 1. Queilosquise: fenda labial ou lábio leporino – falha da fusão do lábio superior ao longo da linha média do suco nasolabial 2. Palatosquise: fenda palatina - genética ou tóxica (esteroides) – falha na fusão processo palatino. Fome, pneumonia aspirativa ❖ Estomatites virais vesiculares: inflamações que formam vesículas/bolhas que vão se romper e ulcerar futuramente 1. Clínica e lesões macroscópicas: aftas (pontos brancos na boca), vesículas, bolhas, desprendimento do epitélio, úlceras na língua e lábios, sialorréia, manqueira, febre e anorexia, dermatite vesicular das fendas interdigitais, rodetes coronários, tetos e vulva 2. Lesões microscópicas: tumefação e lise celular, edema intercelular e formação de vesículas. Pode ulcerar • Febre aftosa (Picornavirus) 1. Animais biungulados 2. Infecção via aerossóis (respiratória)- bov 3. Infecção via oral – suínos e bezerros 4. Vesículas e úlceras tbm nos pilares do rúmem 5. Jovens: miocardite mononuclear e necrose cardíaca (linhas de Zenker) – coração tigrado 6. Diagnóstico: coletar líquido das vesículas 7. Doença de notificação obrigatória 8. Vacinação dos animais e controle de trânsito 9. D.D.: outras estomatites vesiculares e estomatites ulcerativas • Estomatite vesicular (Rhabdoviridae) 1. Equino, bovinos e suínos 2. Os surtos iniciam repentinamente durante o verão e aparecem, simultaneamente, em várias localidades de uma área restrita 3. Restrita às Américas 4. Alto poder de difusão – restrições p comercialização 5. Mosquito pólvora, mosquito negro e Cullicoides 6. Adultos mais afetados 7. Transmissão: vetores (incidência sazonal) e lesões (contaminação: maquinas de ordenha) 8. Fazer D.D. e controle sanitário 9. Doença sazional por conta da aparição do mosquito • Exantema vesicular dos suínos (Calicivirus): são lesões ulcerativas e muito difícil de encontrar a vesícula inteira • Doença vesicular dos suínos (Enterovirus) ❖ Estomatites erosivas e ulcerativas: erosão é superficial e ulcera é mais profunda • Diarréia Viral Bovina (BVD) Pestivirus 1. Diversas manifestações clínico-patológicas: doença respiratória, digestiva, reprodutiva, hemorrágica, cutânea e imunossupressão. Ou seja, outras lesões além da boca 2. Fenda interdigital e rodete coronário 3. Biotipo do vírus- Citopático (CP) ou não-citopático (NCP) 4. Cepas isoladas a campo- BVDV I e BVDV II 5. Amplamente difundido no rebanho brasileiro 6. Transmissão por contado direto ou indireto, materiais contaminados 7. 6m-2anos 8. Quadro agudo: febre, salivação, descarga nasal e ocular, diarréia profusa hemorrágica, laminite, coronite 9. BVD aguda (pp. por BVDV-II) pode ser semelhante a D.M.: 10. D.M. = um ou pouco animais; ocorre só em P.I.; ocorre os dois biotipos do vírus 11. BVD aguda = vários animais; só NCP 12. Macroscopia: úlceras e erosões em toda mucosa do T.D. (esôfago- erosões no sentido longitudinal, como “arranhaduras de gato”), papilas ruminais diminuídas, conteúdo intestinal escuro e aquoso, enterite catarral ou hemorrágica, placa de Peyer hemorrágicas 13. Microscopia: necrose das placas de Peyer e dos centros germinativos do baço e linfonodos, edema, degeneração balonosa, inflamação nas mucosas do T.D. 14. Diagnostico: perda embrionária, doença entérica e/ou resp. c componentes hemorrágicos, úlceras • Febre Catarral Maligna (FCM) 1. Primeira pergunta que se deve fazer é se o animal vive no mesmo local de ovinos, já que é uma doença ovinodependente no Brasil, principalmente em época de parto, onde há uma maior liberação do vírus 2. Ruminantes e ocasionalmente suínos 3. Forma esporádica ou surtos epizoóticos 4. Brasil: Herpesvírus ovino-2 (OvHv-2) – ovinos portadores e há intensa liberação do vírus quando próximo ao parto 5. Profilaxia: manter ovinos afastados dos bovinos, pp em época de parto 6. Transmissão bov-bov ainda é discutida 7. Microscopia: marcada vasculite com células mononucleares na adventícia e passagem dessas células para o espaço perivascular e necrose fibrinóide da parede. Em vários órgãos há proliferação e infiltração de células mononucleares. Há inflamação e necrose em qualquer mucosa e na pele. 8. Necrose fibrinóide nas artérias da rete mirabile carotídea é um aspecto distintivo de FCM!!! • Calicivirose 1. Infecção importante do trato respiratório dos gatos 2. Varia de corrimento oculonasal discreto à severa rinite, conjuntivite mucopurulenta e gengivite e estomatite ulcerativa 3. Podemos ter pneumonia intersticial com bronquiolite necrotizante e úlceras proeminentes na língua e palato duro 4. Síndrome do gatinho manco: filhotes com claudicação após infecção ou vacinação devido a artrite aguda 5. D.D. = Rinotraqueíte viral felina ❖ Estomatites papulares (Parapoxvírus) • Estomatite Papular Bovina (Parapoxvirus) 1. Benigna 2. Jovens 3. Pápulas posteriormente recobertas por crostas no focinho, pele, entre fossas nasais e lábios e mucosa oral. Algumas lesões podem confluir e formar úlceras 4. Vacas em lactação: lesões na pele da gld. mamária 5. Recuperação: 4-7 dias • Ectima Contagioso – Parapoxvirus 1. Boqueira, ferida de boca 2. Altamente contagiosa 3. Ovinos e caprinos 4. Pele desprovida de lã com abrasões e escarificações: mais susceptível 5. Zoonose: lesões nas mãos e na face, dolorosas 6. Transmissão por contato direto ou indireto 7. Afeta mais animais jovens; em adultos as lesões são menos acentuadas ❖ Estomatites bacterianas • Necrobacilose (Fusobacterium necrophorum) 1. Difteria dos terneiros 2. Bov, ov e suíno 3. Inchaço das bochechas, inapetência, halitose 4. Macro: foco arredondado de cor amarelo-acinzentada circundada por halo de tecido hiperêmico localizado na cav. oral, laringe, faringe ou língua (dif. actinobacilose) 5. Micro: foco bem delimitado de necrose coagulativa, halo de leucócitos e aumento da vascularização ❖ Estomatite por Ramaria flavo – brunnescens 1. Tóxica 2. Cogumelo com aspecto de couve-flor (bosques de eucalipto) 3. Incidência: bov++, ov+ e eq+ 4. Epidemiologia: RS, SC, SP, MG 5. Clínica: alisamento completo das papilas da língua e formação de úlceras, lesão intensa em bordo coronário e interdigital, desprendimento dos cascos, perda de pêlos da cauda e da crina, sialorréia, emagrecimento, opacidade de córnea e hemorragia na câmara anterior do olho ❖ Estomatites eosinofilicas 1. Mais comum em gatos 2. Granulomas ou úlceras orais 3. Mecanismo imunomediado em felinos: reação de hipersensibilidade 4. Complexo granuloma-eosinofílico: Úlcera eosinofílica; Granuloma linear; Placa eosinofílica 5. Macro: lesões orais podem ocorrer em qualquer local da cavidade oral (gengiva, palato duro e mole, oro e nasofaringe, língua, tecido linfóideregional) 6. Micro: colagenólise, inflamação mista com número crescente de eosinófilos, mastócitos e células gigantes multinucleadas ❖ Estomatite linfoplasmocítica 1. Felinos 2. Condição crônica 3. Idiopática (Hipóteses: presença de bactérias ou Calicivirus associados à FeLV e/ou FIV) 4. Macro: gengivas vermelhas (inflamadas), hálito fétido e inapetência, mucosa oral pode estar hiperplásica e ulcerada 5. Micro: infiltrado misto de células inflamatórias, incluindo muitos linfócitos e plasmócitos na lâmina própria ❖ Estomatites imunomediadas • Complexo pênfigo 1. Pênfigo vulgar: vesículas e bolhas frágeis que progridem para ulceras, eritema. Vesícula suprabasilar. Cavidade oral, junção muco-cutanea 2. Penfigóide bolhoso: vesículas intactas, maculas eritematosas, ulcerações multifocais, crostas. Vesícula subepidérmica. Mucosa oral, junções mucocutaneas (boca, anus, vulva e prepúcio) e regiões periorbitais, axilas, virilhas, pele em torno das unhas e superfície interna das orelhas ❖ Doenças sistêmicas com lesão oral • Lúpus: LES - anticorpos contra componentes nucleares e citoplasmáticos, antígenos da superfície celular. Pode causar ulceração na mucosa oral • Doença renal crônica: Uremia leva a lesão endotelial e formação de úlceras na língua ❖ Hiperplasias e neoplasias • Hiperplasia gengival 1. Crescimento de tecido gengival 2. Severo – recobrir todos os incisivos 3. Comum em braquicefálicos 4. Pode confundir com épulis na macroscopia • Épulis 1. Processo neoplásico benigno (germe dentário) 2. Geralmente massa única (diferente da hiperplasia gengival) 3. Vários tipos (diferenciar pelo H.E) 4. Acantomatosa- pode invadir o osso e ser localmente destrutiva, pode ser controlada terapeuticamente • C.C.E. (Carcinoma de células escamosas) 1. Particurlarmente em gatos velhos 2. Superfície ventrolateral da língua (+ em gatos, pouca metástase e se faz é p linf regional) e tonsilas (+ em cães, metástase distante) 3. Localmente agressivo 4. Macro: variam (plano a proliferativo) 5. Micro: céls. epiteliais neoplásicas organizadas em feixes e ilhas, pérolas de queratina, tec. conj. variável • Melanoma 1. 90% malignos 2. Amelanóticos ou melanóticos 3. Células arredondadas e alongadas (neuroec.) 4. Massa escura, firme e de crescimento rápido • Papilomatose 1. Transmissível – Papilomavírus 2. Comum em animais < 1 ano 3. Regressão espontânea e imunidade duradoura 4. Cav. oral, língua, palato, laringe e epiglote 5. Macro: papiliformes, couve flor, brancas friáveis. 6. Micro: superfície externa queratinizada, estroma fibroso na porção central, céls. epiteliais acantóticas, hiperplásicas. Tecido conj. hiperplásico. Pode ter corp. de inclusão intracitop. • Fibrossarcoma 1. Mais em gatos 2. Gengiva, palato mole e menos nos lábios, bochechas, língua e região orofaríngea dos gatos • TVT 1. Tumor venereo transmissível canino 2. Aspecto de couve flor 3. Muito sanguinolento Dentes ❖ Prognata e Bragnata ❖ Anomalias do desenvolvimento • Agenesia / supranumerários • Cistos dentígeros (processos destrutivos na mandíbula, estruturas císticas revestidas por epitélio) • Hipoplasia segmentar do esmalte – CINOMOSE: vírus afeta ameloblastos durante a formação do esmalte (antes 6m) e há ausência da formação do esmalte • Descoloração- tetraciclina, porfiria • Fluorose- excesso de flúor durante odontogênese ❖ Doença Periodontal • Placas bacterianas na superfície do dente • Ácidos e enzimas- danificam esmalte, tecido gengival adjacente e ligamento periodontal • Placa mineralizada – tártaro ou cálculo (contribui para retração gengival e há acumulo adicional de placa) • Inflamação destrutiva nas fendas gengivais – se espalha distalmente ao longo do dente ( destrói tec. conj. do lig.) ❖ Neoplasias dentárias • Odontoma 1. Órgão do esmalte 2. Filhotes de cães e potros 3. Dentina e esmalte reconhecíveis • Ameloblastoma 1. Órgão do esmalte 2. Vários subtipos 3. Adultos 4. Osteolítico e localmente invasivo Tonsilas ❖ Infecções primárias (direta) ou hematogênicas ❖ Neoplasias: CCE, linfoma ❖ Viremia: vírus na tonsila Glândula Salivar ❖ Sialoadenite • Raiva, cinomose • Aumento de volume, edema, dor a palpação, pode formar abscessos ( na zigomática retrobulbar- protusão ocular) • Células ou exsudato inflamatório formando núcleos para deposição de minerais – sialolitos ❖ Mucocele salivar • Pseudocisto (não revestido por epitélio) • Ruptura traumática do ducto- extravasamento e encapsulamento da saliva por tec. conj. ❖ Rânula • Distensão cística preenchida por saliva do ducto da sublingual ou submaxilar • Assoalho da boca • Revestida por epitélio
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