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1 A TRANFORMADA DE LAPLACE Definic¸a˜o: Seja F (t) uma func¸a˜o de t, definida para t > 0. Enta˜o a transformada de Laplace de F (t), denotada por £ {F (t)} , e´ definida por: £ {F (t)} = f(s) = ∫ ∞ 0 e−stF (t)dt, mas ∫ ∞ 0 e−stF (t)dt = limB→∞ ∫ B 0 e−stF (t)dt, logo £ {F (t)} = f(s) = limB→∞ ∫ B 0 e−stF (t)dt(1) Supomos, por enquanto que o paraˆmetro s e´ real. Mais tarde sera´ u´til considerar s complexo. Diz-se que a tranformada de Laplace de F (t) existe se a integral (1) converge para algum s; caso contra´rio ela na˜o existe. Notac¸o˜es: Se a func¸a˜o de t e´ indicada em termos de uma letra maiu´scula, tal como F (t), G(t), Y (t), etc., a tranformada de Laplace da func¸a˜o e´ denominada pela letra minu´scula correspondente isto e´, f(s), g(s), y(s), etc. Em outros casos, um til(˜) pode ser usado para denotar a transformada de Laplace. Assim por exemplo, a tranformada de laplace de u(t) e´ denotada por ˜ u(s). Transformadas de Laplace de algumas func¸o˜es elementares: Encontre a transformada de laplace de cada uma das func¸o˜es abaixo, especificando os valores de s, para os quais a transformada de Laplace existe. a) F (t) = 1 Temos que: £ {F (t)} = f(s) = limB→∞ ∫ B 0 e−stF (t)dt, logo £ {1} = f(s) = limB→∞ ∫ B 0 e−stdt = limB→∞−e −st s |B0 = = −1 s limB→∞ [ e−sB − 1] Vemos que: se s > 0⇒ limB→∞ e−sB = 0, logo teremos £ {F (t)} = f(s) = 1 s 2 se s < 0⇒ limB→∞ e−sB =∞, logo @£ {F (t)} = f(s). Portanto £ {1} = f(s) = 1 s , s > 0. b) F (t) = t Temos que: £ {F (t)} = f(s) = limB→∞ ∫ B 0 e−stF (t)dt, logo £ {t} = f(s) = limB→∞ ∫ B 0 e−sttdt vamos calcular a integral ∫ e−sttdt Utilizando o me´todo de integrac¸a˜o por partes obtemos: u = t⇒ du = dt dv = e−stdt⇒ ∫ dv = ∫ e−stdt⇒ v = −e−st s , logo∫ e−sttdt = − t s e−st + 1 s ∫ e−stdt = = − t s e−st − 1 s2 e−st, sendo assim temos: £ {t} = f(s) = limB→∞ ∫ B 0 e−sttdt = = limB→∞ [ − t s e−st |B0 − 1 s2 e−st |B0 ] = = limB→∞ [ −B s e−sB + 0 1 s − 1 s2 e−sB + 1 s2 ] Vemos que : se s > 0⇒ £ {t} = f(s) = 1 s2 se s < 0⇒ @£ {t)} = f(s). Portanto £ {t} = f(s) = 1 s2 , s > 0. Se calcula´ssemos as seguintes transformadas das func¸o˜es , t2, t3, t4, ..., tn, ...,com n um nu´mero natural, encontrar´ıamos: £ {t2} = f(s) = 2! s3 ,£ {t3} = f(s) = 3! s4 ,£ {t4} = f(s) = 4! s5 , O que nos leva a deduzir que: 3 £ {tn} = f(s) = n! sn+1 , n ∈ N c) F (t) = eat £ {F (t)} = f(s) = limB→∞ ∫ B 0 e−stF (t)dt, logo £ {eat} = f(s) = limB→∞ ∫ B 0 e−steatdt = = limB→∞ ∫ B 0 e(a−s)tdt = limB→∞ e(a−s)t a− s | B 0 = = limB→∞ [ e(a−s)B a− s − 1 a− s ] vemos que: se a− s < 0⇒ s > a, temos £ {eat} = f(s) = 1 s− a se a− s > 0⇒ s > a, temos @£ {eat} = f(s). Portanto £ {eat} = f(s) = 1 s− a, s > a d) F (t) = sen at Temos que: £ {F (t)} = f(s) = limB→∞ ∫ B 0 e−stF (t)dt, logo £ {sen at} = f(s) = limB→∞ ∫ B 0 e−st sen atdt vamos calcular a integral ∫ e−st sen atdt Utilizando o me´todo de integrac¸a˜o por partes obtemos: u = sen at⇒ du = a cos atdt dv = e−stdt⇒ ∫ dv = ∫ e−stdt⇒ v = −e−st s , logo∫ e−st sen atdt = −e −st s sen at+ a s ∫ e−st cos atdt(1) determinemos agora ∫ e−st cos atdt u = cos at⇒ du = −a sen atdt 4 dv = e−stdt⇒ ∫ dv = ∫ e−stdt⇒ v = −e−st s , logo:∫ e−st cos atdt = −e −st s cos at− a s ∫ e−st sen atdt, substituindo na equac¸a˜o (1), obtemos: ∫ e−st sen atdt = −e −st s sen at+ a s [ −e −st s cos at− a s ∫ e−st sen atdt ] = = −e −st s sen at− a s2 e−st cos at− a 2 s2 ∫ e−st sen atdt, enta˜o ∫ e−st sen atdt+ a2 s2 ∫ e−st sen atdt = −e −st s sen at− a s2 e−st cos at, logo ( 1 + a2 s2 )∫ e−st sen atdt = −e −st s sen at− a s2 e−st cos at ( s2 + a2 s2 )∫ e−st sen atdt = −e −st s sen at− a s2 e−st cos at, sendo assim encontramos ∫ e−st sen atdt = −1 s e−st ( sen at+ a s cos at ) s2 + a2 s2 = = −se−st ( sen at+ a s cos at ) s2 + a2 , finalmente temos: £ {sen at)} = f(s) = limB→∞ ∫ B 0 e−st sen atdt = = limB→∞ −se−st ( sen at+ a s cos at ) s2 + a2 |B0 = = limB→∞ −se−sB ( sen aB + a s cos aB ) s2 + a2 + a s2 + a2 vemos que: se s > 0⇒ £ {sen at} = f(s) = a s2 + a2 se s < 0⇒ @£ {sen at} = f(s). Portanto £ {sen at} = f(s) = a s2 + a2 , s > 0 d) F (t) = cos at De modo ana´logo feito anteriormente, temos que: £ {cos at} = f(s) = s s2 + a2 , s > 0. 5 A tabela abaixo mostra a transformada de Laplace de va´rias func¸o˜es elementares. F (t) £ {F (t)} = f(s) 1 1 1/s, s > 0 2 t 1/s2, s > 0 3 tn, n ∈ N n!/sn+1, s > 0 4 eat 1/s− a, s > a 5 sen at a/s2 + a2, s > 0 6 cos at s/s2 + a2, s > 0 7 senh at a/s2 − a2, s > |a| 8 cosh at s/s2 − a2, s > |a| Continuidade Seccional ou por Partes Uma func¸a˜o e´ chamada seccionalmente cont´ınua ou cont´ınua por partes num intervalo α ≤ t ≤ β se o intervalo pode ser subdividido num nu´mero finito de intervalos cada um dos quais a func¸a˜o e´ cont´ınua e tem limites, a` direita e a` esquerda, finitos. F(t) ta b t 1 t2 t30 O gra´fico acima mostra uma func¸a˜o seccionalmente cont´ınua. Essa func¸a˜o tem descontinui- dades em t1, t2 e t3.Observe que existe os limites laterais a` esquerda e a` direita.Observe que os limites a` direita e a` esquerda de t2 por exemplo, sa˜o representados por lim�→0 F (t2 + �) = F (t2 + 0) = F (t2+) e lim�→0 F (t2 − �) = F (t2 − 0) = F (t2−) respectiva- mente onde � > 0. Func¸o˜es de ordem exponencial Se existem constantes reais M > 0 e γ > 0 tais que, para todo t > N ⇒ |F (t)| < Meγt ou |e−γtF (t)| < M Dizemos que F (t) e´ uma func¸a˜o de ordem exponencial γ quando t → ∞ ou, brevemente que e´ de ordem exponencial. Exemplos: 6 1) F (t) = t2 e´ de ordem exponencial 3 (por exemplo), pois limt→∞ t2e−3t = limt→∞ t2 e3t = limt→∞ 2t 3e3t = limt→∞ 2 9e3t = 0,ou seja pela definic¸a˜o de limite temos que dado � > 0, existe N > 0, tal que t > N ⇒ |t2e−3t − 0| < � ou |t2e−3t| < � 2) F (t) = et 3 na˜o e´ de ordem exponencial, pois limt→∞ et 3 e−γt = limt→∞ et 3−γt = limt→∞ e t3(1− γ t2 ) =∞ Func¸o˜es limitadas, tais como sen at ou cos at, sa˜o de ordem exponencial. Condic¸o˜es Suficientes para a Existeˆncia da Transformada de Laplace Teorema1.1: Se F (t) e´ seccionalmente cont´ınua em todo o intervalo finito 0 ≤ t ≤ N e de ordem exponencial γ pata t > N, enta˜o sua transformada de Laplace f(s)existe para todo s > γ. Dem: Temos que para qualquer inteiro N,∫ ∞ 0 e−stF (t)dt = ∫ N 0 e−stF (t)dt+ ∫ ∞ N e−stF (t)dt Mas como F (t) e´ seccionalmente cont´ınua em todo intervalo finito 0 ≤ t ≤ N, a integral∫ N 0 e−stF (t)dt existe. Tambe´m existe a integral ∫ ∞ N e−stF (t)dt, pois F (t) e´ de ordem exponen- cial γ para t > N , ou seja∣∣∣∣∫ ∞ N e−stF (t)dt ∣∣∣∣ ≤ ∫ ∞ N |e−stF (t)| dt ≤ ≤ ∫ ∞ 0 e−st |F (t)| dt ≤ ∫ ∞ 0 e−stMeγtdt = M ∫ ∞ 0 e(−s+γ)tdt = M s− γ . As condic¸o˜es enunciadas acima sa˜o suficientes para garantir a existeˆncia da transformada de Laplace. Se as condic¸o˜es na˜o sa˜o satisfeitas a transformada de Laplace pode existir ou na˜o, logo as condic¸o˜es na˜o sa˜o necessa´rias para a existeˆncia da transformada de Laplace. Algumas propriedades importantes da transformada de Laplace Suponhamos que todas as func¸o˜es satisfac¸am as condic¸o˜es do teorema1, logo suas tran- formadas de Laplace existem. 1) Propriedade da Linearidade Teorema1.2: Se c1 e c2 sa˜o constantes quaisquer enquanto F1(t) e F2(t) sa˜o func¸o˜es com transformadasde Laplace f1(s) e f2(s),respectivamente enta˜o 7 £ {c1F1(t) + c2F2(t)} = c1£ {F1(t)}+ c2£ {F2(t)} = c1f1(s) + c2f2(s) o resultado e´ estendido a mais de duas func¸o˜es. Dem: Temos que £ {c1F1(t) + c2F2(t)} = ∫ ∞ 0 e−st [c1F1(t) + c2F2(t)] dt = = ∫ ∞ 0 e−stc1F1(t)dt+ ∫ ∞ 0 e−stc2F2(t)dt = = c1 ∫ ∞ 0 e−stF1(t)dt+ c2 ∫ ∞ 0 e−stF2(t)dt = = c1£ {F1(t)}+2 £ {F2(t)} = c1f1(s) + c2f2(s) Exemplo: Determine £ {4t2 − 3 cos 2t+ 5e−t} Pela propriedade anteior temos: £ {4t2 − 3 cos 2t+ 5e−t} = 4£ {t2} − 3£ {cos 2t}+ 5£ {e−t} = = 4 ( 2! s3 ) − 3 ( s s2 + 4 ) + 5 ( 1 s+ 1 ) = = 8 s3 − 3s s2 + 4 + 5 s+ 1 O s´ımbolo £, que transforma F (t) em f(s),e´ muitas vezes, chamado operador de trans- formac¸a˜o de Laplace. 2) Primeira propriedade de translac¸a˜o ou de deslocamento Teorema1.3: Se £ {F (t)} = f(s), enta˜o £ {eatF (t)} = f(s− a) Dem: Temos que £ {F (t)} = ∫ ∞ 0 e−stF (t)dt = f(s) enta˜o £ {eatF (t)} = ∫ ∞ 0 e−steatF (t)dt = = ∫ ∞ 0 e(a−s)tF (t)dt = ∫ ∞ 0 e−(s−a)tF (t)dt = f(s− a) Exemplo: Determinar £ {e−t cos 2t} 8 Temos que £ {cos 2t} = s s2 + 4 = f(s), enta˜o £ {e−t cos 2t} = f(s+ 1) = s+ 1 (s+ 1)2 + 4 = = s+ 1 s2 + 2s+ 1 + 4 = s+ 1 s2 + 2s+ 5 3) Segunda propriedade de translac¸a˜o ou de deslocamento. Teorema1.4: Se £ {F (t)} = f(s) e G(t) = { F (t− a), se t > a 0, se t < a , enta˜o £ {G(t)} = e−asf(s) Dem: Temos que £ {G(t)} = ∫ ∞ 0 e−stG(t)dt = = ∫ a 0 e−stG(t)dt+ ∫ ∞ a e−stG(t)dt = = ∫ a 0 e−st0dt+ ∫ ∞ a e−stf(t− a)dt = = ∫ ∞ a e−stF (t− a)dt Fazendo u = t− a⇒ du = dt, t = u+ a, t→ a⇒ u→ 0, t→∞⇒ u→∞, logo £ {G(t)} = ∫ ∞ 0 e−s(u+a)F (u)du = ∫ ∞ 0 e−sue−saF (u)du = = e−sa ∫ ∞ 0 e−suF (u)du = e−saf(s) Portanto £ {G(t)} = e−asf(s) Exemplo: Determine a transformada de Laplace da func¸a˜o G(t) = { (t− 2)3, se t > 2 0, se t < 2 Temos que £ {t3)} = 6 s4 = f(s), logo 9 £ {G(t)} = e−2s 6 s4 = 6e−2s s4 4) Propriedade de mudanc¸a de escala Teorema1.5: £ {F (t)} = f(s),enta˜o £ {F (at)} = 1 a f( s a ) Dem: Temos que £ {F (t)} = f(s), enta˜o £ {F (at)} = ∫ ∞ 0 e−stF (at)dt Fazendo at = u⇒ t = u a , logo dt = du a , t→ 0⇒ u→ 0 e t→∞⇒ u→∞ enta˜o £ {F (at)} = ∫ ∞ 0 e−stF (at)dt = = ∫ ∞ 0 e−s u aF (u) du a = 1 a ∫ ∞ 0 e− su a F (u)du = = 1 a f (s a ) Portanto £ {F (at)} = 1 a f (s a ) Exemplo: Determinar £ {sen 3t} Temos que £ {sen t} = 1 s2 + 1 = f(s), logo £ {sen 3t} = 1 3 f (s 3 ) = 1 3 1(s 3 )2 + 1 = = 1 3 1 s2 9 + 1 = 1 3 1 s2 + 9 9 = = 1 3 9 s2 + 9 = 3 s2 + 9 5) Transformadas de Laplace de derivadas Teorema1.6: Se £ {F (t)} = f(s), enta˜o 10 £ {F ′(t)} = sf(s)− F (0) Se F (t) e´ cont´ınua para 0 ≤ t ≤ N e de ordem exponencial para t > N, enquanto F ′(t) e´ seccionalmente cont´ınua para 0 ≤ t ≤ N. Dem: Temos que £ {F ′(t)} = ∫ ∞ 0 e−stF ′(t)dt = limB→∞ ∫ B 0 e−stF ′(t)dt = Vamos calcular ∫ e−stF ′(t)dt Fazendo u = e−st ⇒ du = −se−stdt dv = F ′(t)dt ⇒ ∫ dv = ∫ F ′(t)dt ⇒ v = F (t), logo ∫ e−stF ′(t)dt = e−stF (t) + s ∫ e−stF (t)dt, enta˜o £ {F ′(t)} = limB→∞ [ e−stF (t) |B0 +s ∫ ∞ 0 e−stF (t)dt ] = = limB→∞ e−stF (t) |B0 +s limB→∞ ∫ ∞ 0 e−stF (t)dt = limB→∞ [ e−sBF (B)− F (0)]+ s limB→∞ ∫ ∞ 0 e−stF (t)dt = = limB→∞ e−sBF (B)− limB→∞ F (0) + sf(s) Mas como F (t) e´ de ordem exponencial para t > N,temos que limB→∞ e−sBF (B) = 0, logo £ {F ′(t)} = −F (0) + sf(s) Portanto £ {F ′(t)} = sf(s)− F (0) Exemplo: Seja F (t) = e2t cos 2t determine £ {F ′(t)} Temos que £ {cos 2t} = s s2 + 4 = g(s), logo pela propriedade 2, temos que £ {F (t)} = £ {e2t cos 2t} = g(s − 2) = s− 2 (s− 2)2 + 4 = s− 2 s2 − 4s+ 4 + 4 = s− 2 s2 − 4s+ 8 = f(s), enta˜o pela propriedade 5, temos £ {F ′(t)} = sf(s)− F (0) = s s− 2 s2 − 4s+ 8 − 1 = s2 − 2s s2 − 4s+ 8 − 1 = 11 = s2 − 2s− s2 + 4s− 8 s2 − 4s+ 8 = 2s− 8 s2 − 4s+ 8 O me´todo e´ u´til para encontrar a transformada de Laplace, sem integrac¸a˜o, ou seja,sem usar a definic¸a˜o. Teorema1.7: Se no teorema1.6 F (t) deixa de ser cont´ınua em t = 0 mas limt→0 F (t) = F (0+) existe ( mas na˜o e´ igual a F (0) ), que pode ou na˜o existir, enta˜o £ {F ′(t)} = sf(s)− F (0+) Teorema1.8: Se no teorema1.6 F (t)deixa de ser cont´ınua em t = a, enta˜o £ {F ′(t)} = sf(s)− F (0)− eas {F (a+)− F (a−)} onde F (a+)− F (a−) e´ algumas vezes chamado salto na descontinuidade t = a. Para mais de uma descontinuidade, modificac¸o˜es apropriadas podem ser feitas Teorema1.9: Se £ {F (t)} = f(s), enta˜o £ { F ′′ (t) } = s2f(s)− sF (0)− F ′ (0) Se F (t) e F ′ (t) sa˜o cont´ınuas para 0 ≤ t ≤ N, e de ordem exponencial para t > N, enquanto F ′′ (t) e´ seccionalmente cont´ınua para 0 ≤ t ≤ N. Se F (t) e F ′(t) tem descontinuidades, modificac¸o˜es apropriadas podem ser feitas como nos teoremas 1.7 e 1.8. Dem: Pelo teorema1.6, temos que £ {G′(t)} = s£ {G(t)} −G(0) = sg(s)−G(0) Tomando G(t) = F ′(t), temos £ { F ′′ (t) } = s£ {F ′(t)}- F ′(0) = = s [s£ {F (t)− F (0)}]− F ′(0) = = s [s£ {F (t)} −£{F (0)}]− F ′(0) = = s [sf(s)− F (0)]− F ′(0) = s2f(s)− sF (0)− F ′(0) Portanto £ { F ′′ (t) } = s2f(s)− sF (0)− F ′(0) Teorema1.10: Se £ {F (t)} = f(s),enta˜o £ { F (n) (t) } = snf(s)− sn−1F (0)− sn−2F ′(0)− ...− sF (n−2)(0)− ...− F (n−1)(0) Se F (t), F ′(t), ..., F (n−1)(t) sa˜o cont´ınuas para 0 ≤ t ≤ N e de ordem exponencial para t > N, enquanto F (n)(t) e´ seccionalmente cont´ınua para 0 ≤ t ≤ N. 12 6) Transformadas de Laplace de integrais Teorema1.11: Se £ {F (t)} = f(s),enta˜o £ {∫ t 0 F (u)du } = f(s) s Dem: Seja G(t) = ∫ t 0 F (u)du, enta˜o G′(t) = F (t) e G(0) = 0.Logo £ {G′(t)} = s£ {G(t)} −G(0) = s£ {G(t)} Mas £ {G′(t)} = £ {F (t)} = f(s), enta˜o f(s) = s£ {G(t)} ⇒ £ {G(t)} = f(s) s , ou seja £ {∫ t 0 F (u)du } = f(s) s Exemplo: Determine £ {∫ t 0 sen 2udu } Temos que £ {sen 2u} = 2 s2 + 4 = f(s), enta˜o £ {∫ t 0 sen 2udu } = f(s) s = 2 s2 + 4 s = 2 s (s2 + 4) 7) Multiplicac¸a˜o por tn Teorema1.12: Se £ {F (t)} = f(s),enta˜o Se £ {tnF (t)} = (−1)n d n dsn f(s) = (−1)nfn(s),enta˜o Exemplo: Determine Se £ {te2t)} e £ {t2e2t)} Temos que £ {e2t)} = 1 s− 2 , logo £ {te2t)} = (−1)1 d ds f(s) = − ( 1 s− 2 )′ = 1 (s− 2)2 £ {t2e2t)} = (−1)2 d 2 ds2 f(s) = d2 ds2 ( 1 s− 2 ) = −2 (s− 2)3 8) Divisa˜o por t Teorema1.13: Se £ {F (t)} = f(s),enta˜o 13 £ { F (t) t } = ∫ ∞ s f(u)du contando que limt→0 F (t) t exista Exemplo: Calcule £ { sen t) t } Temos que f(s) = £ {sen t} = 1 s2 + 1 e limt→0 sen t t = 1, logo £ { sen t) t } = ∫ ∞ s du u2 + 1 = limB→∞ ∫ B s du u2 + 1 = = limB→∞ arctanu |Bs = limB→∞ [arctanu− arctan s] = = pi 2 − arctan s = arctan ( 1 s ) 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLAˆNDIA CAMPUS AVANC¸ADO DE PATOS DE MINAS CURSO DE ELETROˆNICA E TELECOMUNICAC¸O˜ES DISCIPLINA DE ME´TODOS MATEMA´TICOS SEGUNDO SEMESTRE DE 2013 2aLISTA DE EXERCI´CIOS 1) Determine cada uma das seguintes a) £−1 { 3 s+ 4 } f) £−1 { 2s− 5 s2 − 9 } b) £−1 { 1 2s− 5 } g) £−1 { 1 s5 } c) £−1 { 8s s2 + 16 } h) £−1 { 1 s 7 2 } d) £−1 { 6 s2 + 4 } i) £−1 { 12 4− 3s } e) £−1 { 3s− 12 s2 + 8 } j) £−1 { s+ 1 s 4 3 } 2)Encontre a) £−1 {(√ s− 1 s )2} b) £−1 { 2s+ 1 s(s+ 1) } 3) Encontre a) £−1 { 3s− 8 4s2 + 25 } b) £−1 { 5s+ 10 9s2 − 16 } 4) Encontre a) £−1 { 3s− 8 s2 + 4 − 4s− 24 s2 − 16 } b) £−1 { 3s− 2 s 5 2 − 7 3s+ 2 } 5) Encontre a) £−1 { s (s+ 1)5 } 2 b) £−1 { s (s+ 1) 1 2 } 6) Encontre a) £−1 { 3s+ 2 4s2 + 12s+ 9 } b) £−1 { 5s− 2 3s2 + 4s+ 8 } 7) Use o teorema2.6 para encontrar a) £−1 { 1 (s− a)3 } dado que £−1 { 1 (s− a) } = eat b) £−1 { s (s2 − a2)2 } dado que £−1 { 1 (s2 − a2) } = senh at a 8)Encontre dado que £−1 { s+ 1 (s2 + 2s+ 2)2 } 9) Encontre a) £−1 { ln ( s+ 2 s+ 1 )} b) £−1 { 1 s ln ( s+ 2 s+ 1 )} 10) Encontre £−1 { 1 s ln ( s2 + a2 s2 + b2 )} 11) Calcule a) £−1 { 1 s3 (s+ 1) } b) £−1 { s+ 2 s2 (s+ 3) } c) £−1 { 1 s (s+ 1) 3 } 12) Encontre a) £−1 { 1 (s− 1)5 (s+ 2) } b) £−1 { 1 (s− 2)5 (s+ 1) } e discuta o relacionamento entre as transformadas inversas. 3 13) Use o teorema ca Convoluc¸a˜o para encontrar a) £−1 { 1 (s+ 3) (s− 1) } b) £−1 { 1 (s+ 2)2 (s− 2) } 14) Encontre £−1 { 1 (s+ 1) (s2 + 1) } 15) Encontre £−1 { s2 (s2 + 4)2 } 16)Encontre a) £−1 { 1 (s2 + 1)3 } b) £−1 { 1 (s2 + 4)3 } 17) Use as func¸o˜es parciais para encontrar a) £−1 { 3s+ 16 s2 − s− 6 } b) £−1 { 2s− 1 s3 − s } 18) Encontre a) £−1 { s+ 1 6s2 + 7s+ 2 } b) £−1 { 11s2 − 2s+ 5 (s− 2) (2s− 1) (s+ 1) } 19) Encontre a) £−1 { 27− 12s (s+ 4) (s2 + 9) } b) £−1 { s3 + 16s− 24 s4 + 20s2 + 64 } 20) Encontre £−1 { s− 1 (s+ 3) (s2 + 2s− 2) } Bom trabalho. Professor Wilian Euripedes Vieira 1 ALGUMAS FUNC¸O˜ES ESPECIAIS I. A func¸a˜o gama Se n > 0, definimos a func¸a˜o gama por Γ(n) = ∫ ∞ 0 un−1e−udu Algumas propriedades da func¸a˜o gama. 1. Γ(n+ 1) = nΓ(n), n > 0 Dem: Temos que Γ(n+ 1) = ∫ ∞ 0 une−udu = limB→∞ ∫ B 0 une−udu = Vamos calcular ∫ une−udu t = un ⇒ dt = nun−1du dv = e−udu⇒ ∫ dv = ∫ e−udu⇒ v = −e−u, logo ∫ une−udu = (un) (−e−u) + n ∫ un−1e−udu, enta˜o Γ(n+ 1) = limB→∞ ∫ B 0 une−udu = = limB→∞ [ −une−u |B0 +n ∫ B 0 un−1e−udu ] = = limB→∞−Bne−B + 0ne−0 |B0 +n limB→∞ ∫ B 0 un−1e−udu = = n limB→∞ ∫ un−1e−udu = nΓ(n) Assim como Γ(1) = 1,temos Γ(2) = 1Γ(1) = 1,Γ(3) = 2Γ(2) = 2.1 = 2!,Γ(4) = 3Γ(3) = 3.2.1 = 3!, e de modo geral ,Γ(n + 1) = n!, se n e´ um nu´mero inteiro positivo. Por esta raza˜o a func¸a˜o e´ tambe´m chamada de func¸a˜o fatorial. 2. ∫ ∞ 0 e−v 2 dv = √ pi 2 3.Γ(1 2 ) = √ pi 2 Dem: Temos que Γ(1 2 ) = ∫ ∞ 0 u− 1 2 e−udu Fazendo u = v2 ⇒ du = 2vdv,enta˜o Γ(1 2 ) = ∫ ∞ 0 u− 1 2 e−udu = ∫ ∞ 0 v−1e−v 2 2vdv = = 2 ∫ ∞ 0 e−v 2 dv = 2 (√ pi 2 ) 4. Para n grande Γ(n+ 1) ∼ √2npinne−n (Aqui ∼ significa ”aproximadamente igual a para n grande”. Mais exatamente, escrevemos F (n) ∼ G(n) se limn→∞ F (n) G(n) = 1. Essa e´ a chamada fo´rmula de Stirling. 5. Γ(p)Γ(1− p) = pi sen ppi , 0 < p < 1. 6. Para n < 0, podemos definir Γ(n) por Γ(n) = Γ(n+ 1) n 7) £ {tn} = Γ(n+ 1) sn+1 se n > −1, s > 0. Dem: Temos que £ {tn} = ∫ ∞ 0 e−sttndt Fazendo st = u⇒ t = u s ⇒ dt = du s t→ 0⇒ u→ 0 e t→∞⇒ u→∞ Enta˜o £ {tn} = ∫ ∞ 0 e−u (u s )n du s = = ∫ ∞ 0 e−u un sn du s = 1 sn+1 ∫ ∞ 0 e−uundu = Γ(n+ 1) sn+1 II.As integrais seno cosseno sa˜o definidas por 3 Si(t) = ∫ t 0 senu u du Ci(t) = ∫ t 0 cosu u du Temos que : £ {Si(t)} = £ {∫ t 0 senu u du } = 1 s [pi 2 − arctan s ] = 1 s arctan 1 s e £ {Ci(t)} = £ {∫ t 0 cosu u du } = ln (s2 + 1) 2s III A integral exponencial e´ definida por Ei(t) = ∫ t 0 e−u u du Temos que £ {Ei(t)} = £ {∫ t 0 e−u u du } = ln (s+ 1) s IV. A func¸a˜o escala˜o unita´rio, tambe´m chamada func¸a˜o unita´ria de Heaviside, e´ definida por µ(t− a) = { 0, se t < a 1, se t > a m -(t a) t 0 a 1 4 Temos que £ {µ(t− a)} = ∫ a 0 e−st(0)dt+ ∫ ∞ a e−st(1)dt = = limB→∞ ∫ B a e−stdt = limB→∞−e −st s |Ba = = limB→∞ [ −e −Bs s + e−as s ] = e−as s V. A func¸a˜o impulso unita´rio ou func¸a˜o delta de Dirac Considere a func¸a˜o F�(t) = { 1 � , se 0 ≤ t ≤ � 0, se t > � onde � > 0, cujo gra´fico se encontra abaixo t0 F e (t) e 1/e E´ geometricamente evidente que, quando � → 0, a altura da regia˜o retangular acima cresce indefinidamente e que a largura decresce de modo que a a´rea hachurada e´ sempre igual a 1,isto e´, ∫ ∞ 0 F�(t)dt = 1 Essa ide´ia levou alguns engenheiros e f´ısicos a pensarem numa func¸a˜o limite denotada por δ(t), que fosse aproximada por F�(t) quando �→ 0,ou seja 5 δ(t) = lim�→0 F�(t) e £ {δ(t)} = 1 Eles chamaram essa func¸a˜o limite de func¸a˜o impulso unita´rio ou func¸a˜o delta de Dirac. Algumas de suas propriedades sa˜o 1. ∫ ∞ 0 δ(t)dt = 1 2. ∫ ∞ 0 δ(t)G(t)dt = G(0) para qualquer func¸a˜o cont´ınua G(t) 3. ∫ ∞ 0 δ(t− a)G(t)dt = G(a) para qualquer func¸a˜o cont´ınua G(t). Temos ainda que £ {F�(t)} = 1− e −e� �s , de fato pois £ {F�(t)} = ∫ ∞ 0 e−st F�(t)dt = = ∫ � 0 e−st F�(t)dt+ ∫ ∞ � e−st F�(t)dt = = ∫ � 0 e−st 1 � dt+ ∫ ∞ � e−st 0dt = = 1 � ∫ � 0 e−st dt = − 1 s� e−st |�0= − 1 s� e−s� + 1 s� e−s0 = = 1− e−s� s� Por outro lado temos £ {δ(t− a)} = ∫ ∞ 0 δ(t− a)e−stdt, mas tomando G(t) = e−st,e´ uma func¸a˜o cont´ınua, temos pela propriedade 3 que∫ ∞ 0 δ(t− a)e−stdt = ∫ ∞ 0 δ(t− a)G(t)dt = G(a) = e−sa Portanto £ {δ(t− a)} = e−sa VI. Func¸o˜es Nulas Se N(t) e´ uma func¸a˜o de t, tal que, para todo t > 0,∫ t 0 N(t)dt = 0 chamamos N(t) de func¸a˜o nula. Na tabela abaixo esta˜o as transformadas de Laplace de va´rias func¸o˜es especiais. 6 F (t) £ {F (t)} = f(s) 1 tn Γ(n+1) sn+1 2 Si(t) arctan 1 s s 3 Ci(t) ln(s2+1) s 4 Ei(t) ln(s+1) s 5 µ(t− a) e−as s 6 F�(t) 1−e−s� s� 7 δ(t) 1 8 δ(t− a) e−as 9 N(t) 0 1 A TRANSFORMADA INVERSA DE LAPLACE Definic¸a˜o: Se a transformada de Laplace de uma func¸a˜o F (t) e´ f(s), isto e´, se £ {F (t)} = f(s) enta˜o F (t) e´ a transformada inversa de f(s) e escrevemos simbolicamente F (t) = £−1 {f(s)} , onde £−1 e´ chamado operador da transformada inversa de Laplace. Exemplo: Como £ {e−3t} = 1 s+ 3 , podemos escrever £−1 { 1 s+ 3 } = e−3t Unicidade das transformadas inversas de Laplace Teorema de LERCH Como a transformada de Laplace de uma func¸a˜o N(t) nula e´ zero, e´ claro que, se £ {F (t)} = f(s), enta˜o tambe´m £ {F (t) +N(t)} = f(s). Disso segue que podemos ter duas func¸o˜es diferentes com a mesma transformada de Laplace. Exemplo: As duas func¸o˜es diferentes F1(t) = e −3t e F2(t) = { 0, se t = 1 e3t, se t 6= 1 tem a mesma tranformada de Laplace, isto e´, 1 s+ 3 Se considerarmos func¸o˜es nulas, vemos que a transformada inversa de Laplace na˜o e´ u´nica. Ela sera´ u´nica, entretanto se desconsiderarmos func¸o˜es nulas. TEOREMA2:(Teorema de Lerch). Se nos restringirmos a func¸o˜es F (t)que sejam sec- cionalmente cont´ınuas em todo o intervalo finito 0 ≤ t ≤ N e de ordem exponencial para t > N,enta˜o a transformada de Laplace inversa de f(s), isto e´, £−1 {f(s)} = F (t) e´ u´nica. Sempre suporemosesta unicidade, a menos que se diga o contra¨rio. Algumas Transformadas inversas de Laplace f(s) £−1 {f(s)} = F (t) 1 1 s 1 2 1 s2 t 3 1 sn+1 , n = 0, 1, 2, 3, .. tn 4 1 s−a eat 5 1 s2+a2 sen at a 6 s s2+a2 cos at 7 1 s2−a2 senh at a 8 s s2−a2 cosh at 2 Algumas propriedades importantes das transformadas inversas de Laplace 1. Propriedade da Linearidade Teorema2.2: Se c1 e c2sa˜o constantes quaisquer, enquanto f1(s) e f2(s) sa˜o transformadas de Laplace de F1(t) e F2(t), respectivamente, enta˜o £−1 {c1f1(s) + c2f2(s)} = c1£−1 {f1(s)}+ c2£−1 {f2(s)} = c1F1(s) + c2F2(s) Dem: Ja´ vimos que £ {c1F1(t) + c2F2(t)} = c1£ {F1(t)}+ c2 £ {F2(t)} = c1f1(s) + c2f2(s) enta˜o c1F1(t) + c2F2(t) = £ −1 {c1f1(s) + c2f2(s} Mas F1(t) = £ −1 {f1(s)} e F2(t) = £−1 {f2(s)} , logo £−1 {c1f1(s) + c2f2(s)} = c1£−1 {f1(s)}+ c2£−1 {f2(s)} O resultado e´ facilmente estendido a mais de duas func¸o˜es. Exemplo: Determine£−1 { 4 s− 2 − 3s s2 + 16 + 5 s2 + 4 } Temos que £−1 { 4 s− 2 − 3s s2 + 16 + 5 s2 + 4 } = 4£−1 { 1 s− 2 } − 3£−1 { s s2 + 16 } + 5£−1 { 1 s2 + 4 } = = 4e2t − 3 cos 4t+ 5 2 sen 2t Por causa desta propriedade, podemos dizer que £−1 e´ um operador linear ou que tem a propriedade de linearidade. 2. Primeira propriedade da translac¸a˜o ou deslocamento Teorema2.3: Se £−1 {f(s)} = F (t), enta˜o £−1 {f(s− a)} = eatF (t) Dem: Ja´ vimos que £ {eatF (t)} = f(s− a), enta˜o £−1 {f(s− a)} = eatF (t). Exemplo: Determinar £−1 { 1 s2 − 2s+ 5 } Temos que £ {sen 2t} = 2 s2 + 4 , logo 3 £−1 { 1 s2 + 4 } = sen 2t 2 = F (t), enta˜o £−1 { 1 s2 − 2s+ 5 } = £−1 { 1 s2 − 2s+ 1− 1 + 5 } = = £−1 { 1 (s− 1)2 + 4 } = et sen 2t 2 3. Segunda propriedade da translac¸a˜o ou deslocamento Teorema2.4: Se £−1 {f(s)} = F (t), enta˜o £−1 {easf(s)} = { F (t− a), se t > a 0, se t < a Dem: Ja´ vimos que G(t) = { F (t− a), se t > a 0, se t < a e £ {F (t)} = f(s),enta˜o £ {G(t)} = e−asf(s), logo £−1 {e−asf(s)} = G(t) = { F (t− a), se t > a 0, se t < a Exemplo: Temos que £ {sen t} = 1 s2 + 1 ,logo £−1 { 1 s2 + 1 } = sen t, enta˜o £−1 { e− pi 3 1 s2 + 1 } = { sen(t− pi 3 ), se t > pi 3 0, se t < pi 3 4. Propriedade de mudanc¸a de escala Teorema2.5: Se £−1 {f(s)} = F (t), enta˜o £−1 {f(ks)} = 1 k F ( t k ). Dem: Ja vimos que £ {F (kt)} = 1 k f ( s k ) , enta˜o £−1 { 1 k f ( s k )} = F (kt), fazendo a = 1 k , temos £−1 {af (sa)} = F (1 a t) ou a£−1 {f (sa)} = F ( t a ) , logo 4 £−1 {f (sa)} = 1 a F ( t a ) Portanto £−1 {f(ks)} = 1 k F ( t k ). Exemplo: Temos que £ {cos 4t} = s s2 + 16 , logo £−1 { s s2 + 16 } = cos 4t, enta˜o £−1 { 2s (2s)2 + 16 } = 1 2 cos ( 4t 2 ) = 1 2 cos (2t) 5. Transformada inversa de Laplace de derivadas Teorema2.6: Se £−1 {f(s)} = F (t), enta˜o £−1 { f (n)(s) } = £−1 { dn ds f(s) } = (−1)ntnF (t) Exemplo: Temos que £ {sen t} = 1 s2 + 1 , logo £−1 { 1 s2 + 1 } = sen t, e d ds ( 1 s2 + 1 ) = − 2s (s2 + 1)2 , enta˜o £−1 { − 2s (s2 + 1)2 } = (−1)1t1 sen t Portanto £−1 { − 2s (s2 + 1)2 } = −t sen t ou £−1 { − 2s (s2 + 1)2 } = t sen t 2 6. Transformada inversa de Laplace de integrais Teorema2.7: Se £−1 {f(s)} = F (t), enta˜o £−1 {∫ ∞ s f(u)du } = F (t) t Exemplo: Temos que 1 s(s+ 1) = A s + B s+ 1 = A(s+ 1) +Bs s(s+ 1) = (A+B)s+ A s(s+ 1) , logo { A+B = 0 A = 1 , donde obtemos A = 1 e B = −1, logo 5 1 s(s+ 1) = 1 s − 1 s+ 1 , enta˜o £−1 { 1 s(s+ 1) } = £ { 1 s } −£ { 1 s+ 1 } = 1− e−t, sendo assim temos £−1 {∫ ∞ s ( 1 u − 1 u+ 1 ) du } = £−1 { ln ( u u+ 1 )∞ s } = 1− e−t t 7. Multiplicac¸a˜o por s Teorema2.8: Se £−1 {f(s)} = F (t) e F (0) = 0, enta˜o Se £−1 {sf(s)} = F ′(t), enta˜o Assim, a multiplicac¸a˜o por s tem o efeito de derivar F (t). Exemplo: Como £ {sen t} = 1 s2 + 1 e sen 0 = 0, enta˜o £−1 { s 1 s2 + 1 } = £−1 { s s2 + 1 } = d dt (sen t) = cos t 8. Divisa˜o por s Teorema2.9: Se £−1 {f(s)} = F (t), enta˜o £−1 { f(s) s } = ∫ t 0 F (u) du Assim, a divisa˜o por s (ou a multiplicac¸a˜o por 1 s ) tem o efeito de integrar F (t) de 0 a t. Exemplo: Como £−1 { 1 s2 + 4 } = sen 2t 2 , temos £−1 { 1 s 1 s2 + 4 } = ∫ t 0 1 2 sen 2udu = 1 2 ∫ t 0 sen 2udu = = −1 4 cos 2u |t0= − 1 4 cos 2t+ 1 4 = 1 4 (1− cos 2t) 9. Teorema da convoluc¸a˜o Teorema2.10: Se £−1 {f(s)} = F (t) e £−1 {g(s)} = G(t), enta˜o £−1 {f(s)g(s)} = ∫ t 0 F (u)G(t− u)du = F ∗G Chamamos F ∗ G de convoluc¸a˜o ou Faltung de F e G, e o teorema e´ chamado de teorema ou propriedade da convoluc¸a˜o. Exemplo: Como £−1 { 1 s+ 1 } = e−t = F (t) e £−1 { 1 s− 2 } = e2t = G(t), temos que £−1 { 1 (s+ 1) (s− 2) } = ∫ t 0 e−ue2(t−u)du = ∫ t 0 e−ue2t−2udu = = e2t ∫ t 0 e−3udu = e2t( −e−u 3 ) |t0= −e2t ( e−t3 3 − 1 3 ) = −e3t + e2t 3 = e2t − et 3 1 Me´todo para encontrar a transformada inversa de Laplace Me´todo das frac¸o˜es parciais Qualquer func¸a˜o racional P (s) Q(s) , onde P (s) e Q(s) sa˜o polinoˆmios, com o grau de P (s) menor do que o de Q(s),pode ser escrita como a soma de func¸o˜es racionais (chamadas frac¸o˜es parciais), tendo a forma A (as+ b)r , As+B (as2 + bs+ c)r , onde r = 1, 2, 3, ... Encontrando a transformada inversa de Laplace de cada uma das frac¸o˜es parciais, podemos encontrar £−1 { P (s) Q(s) } . Exemplo1: Encontre £−1 { 3s+ 7 s2 − 2s− 3 } Primeira soluc¸a˜o:: Temos que s2 − 2s− 3 = 0, a = 1, b = −2, c = −3 ∆ = b2 − 4ac = (−2)2 − 4(1)(3) = 16 s = 2± 4 2 , donde obtemos s1 = 3 e s2 = −1, enta˜o podemos escrever s2 − 2s− 3 = 1 (s− 3) (s+ 1) = (s− 3) (s+ 1) (produtos de dois fatores lineares distintos) Enta˜o 3s+ 7 s2 − 2s− 3 = 3s+ 7 (s− 3) (s+ 1) = A s− 3 + B s+ 1 = = A(s+ 1) +B(s− 3) (s− 3) (s+ 1) = As+ A+Bs− 3B (s− 3) (s+ 1) = = (A+B) s+ A− 3B (s− 3) (s+ 1) , logo 3s+ 7 = (A+B) s+ A− 3B, donde encontramos{ A+B = 3 A− 3B = 7 , logo A = 4 e B = −1, enta˜o 3s+ 7 s2 − 2s− 3 = 4 s− 3 − 1 s+ 1 , sendo assim temos £−1 { 3s+ 7 s2 − 2s− 3 } = £−1 { 4 s− 3 − 1 s+ 1 } = = 4£−1 { 1 s− 3 } −£−1 { 1 s+ 1 } = 4e3t − e−t Portanto 2 £−1 { 3s+ 7 s2 − 2s− 3 } = 4e3t − e−t Segunda soluc¸a˜o 3s+ 7 (s− 3) (s+ 1) = A s− 3 + B s+ 1 Multiplicando ambos os lados por (s− 3) e fazendo s→ 3,obtemos 3s+ 7 (s+ 1) = A+ B (s− 3) s+ 1 ⇒ lims→3 3s+ 7 (s+ 1) = lims→3 ( A+ B (s− 3) s+ 1 ) ⇒ ⇒ 4 = A Multiplicando ambos os lados por (s+ 1) e fazendo s→ −1,obtemos 3s+ 7 (s− 3) = A (s+ 1) s− 3 +B ⇒ lims→−1 3s+ 7 (s− 3) = lims→−1 ( A (s+ 1) s− 3 +B ) ⇒ ⇒ −1 = B Logo 3s+ 7 s2 − 2s− 3 = 4 s− 3 − 1 s+ 1 , sendo assim temos £−1 { 3s+ 7 s2 − 2s− 3 } = £−1 { 4 s− 3 − 1 s+ 1 } = = 4£−1 { 1 s− 3 } −£−1 { 1 s+ 1 } = 4e3t − e−t Portanto £−1 { 3s+ 7 s2 − 2s− 3 } = 4e3t − e−t Exemplo2: Encontre £−1 { 5s2 − 15s− 11 (s+ 1) (s− 2)3 } Temos que 5s2 − 15s− 11 (s+ 1) (s− 2)3 = A s+ 1 + B s− 2 + C (s− 2)2 + D (s− 2)3 (i) Multiplicandopor (s+ 1) e fazendo s→ −1, obtemos 5s2 − 15s− 11 (s− 2)3 = A+ B (s+ 1) s− 2 + C (s+ 1) (s− 2)2 + D (s+ 1) (s− 2)3 ⇒ ⇒ lims→−1 5s 2 − 15s− 11 (s− 2)3 = lims→−1 ( A+ B (s+ 1) s− 2 + C (s+ 1) (s− 2)2 + D (s+ 1) (s− 2)3 ) ⇒ ⇒ −1 3 = A 3 Multiplicando por (s− 2)3 e fazendo s→ 2, obtemos 5s2 − 15s− 11 (s+ 1) = A(s− 2)3 s+ 1 +B(s− 2)2 + C(s− 2) +D ⇒ lims→2 5s2 − 15s− 11 (s+ 1) = lims→2 ( A(s− 2)3 s+ 1 +B(s− 2)2 + C(s− 2) +D ) ⇒ −7 = D O me´todo deixa de determinar as constantes B e C. Entretanto , como conhecemos A e D,temos de (i), 5s2 − 15s− 11 (s+ 1) (s− 2)3 = −1 3 s+ 1 + B s− 2 + C (s− 2)2 + −7 (s− 2)3 (ii) Para determinar C e D podemos atribuir valores a s, digamos, s = 0 e s = 1, dos quais encontramos respectivamente 11 8 = −1 3 − B 2 + C 4 + 7 8 , 21 2 = −1 6 −B + C + 7 Donde encontramos C = 4 e B = 1 3 , sendo assim de (ii) temos: 5s2 − 15s− 11 (s+ 1) (s− 2)3 = − 1 3 1 s+ 1 + 1 3 1 s− 2 + 4 (s− 2)2 + −7 (s− 2)3 Aplicando a transformada de Laplace inversa encontramos £−1 { 5s2 − 15s− 11 (s+ 1) (s− 2)3 } = −1 3 £−1 { 1 s+ 1 } + 1 3 £−1 { 1 s− 2 } +4£−1 { 1 (s− 2)2 } +−7£−1 { 1 (s− 2)3 } Portanto £−1 { 5s2 − 15s− 11 (s+ 1) (s− 2)3 } = −1 3 e−t + 1 3 e2t + 4te2t − 7 2 t2e2t 1 EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS INTRODUC¸A˜O As leis do universo esta˜o em grande parte escritas em linguagem matema´tica. A a´lgebra e´ suficiente para resolver muitos problemas esta´ticos, mas os fenoˆmenos mais interessantes envol- vem mudanc¸a , e sa˜o melhores descritos por equac¸o˜es que relacionam quantidades varia´veis. Como a derivada dy dt = f ′(t) da func¸a˜o f pode ser vista como a taxa na qual a quanti- dade y = f (t) varia em relac¸a˜o a varia´vel independente t, e´ natural que as equac¸o˜es envolvendo derivadas sejam frequentemente usadas para descrever o universo em mudanc¸a. Uma equac¸a˜o que envolve uma func¸a˜o desconhecida e uma ou mais de suas derivadas e´ chamada de equac¸a˜o diferencial. Exemplo 1 : A equac¸a˜o diferencial dy dt = y2 + t2 envolve tanto a func¸a˜o desconhecida y(t) quanto a sua primeira derivada. A equac¸a˜o dife- rencial d2y dt2 + 3 dy dt + 7y = 0 envolve a func¸a˜o desconhecida y da varia´vel independente t,junto com as duas primeiras derivadas y′ e y ′′ de y. O estudo de equac¸o˜es diferenciais tem duas metas principais: 1. Descobrir a equac¸a˜o diferencial que descreve uma situac¸a˜o f´ısica espec´ıfica; 2. Achar a soluc¸a˜o apropriada dessa equac¸a˜o. Em a´lgebra tipicamente procuramos nu´meros desconhecidos que satisfazem uma equac¸a˜o como x3 + 7x2 − 11x + 41 = 0. No caso de uma equac¸a˜o diferencial, por outro lado, somos desafiados a encontrar func¸o˜es desconhecidas y = y(x) como y′(x) = 2xy(x), isto e´ a equac¸a˜o diferencial dy dx = 2xy vale em algum intervalo da reta. Geralmente vamos se poss´ıvel, encontrar todas as soluc¸o˜es da equac¸a˜o diferencial. EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS ORDINA´RIAS E EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS PARCI- AIS Se a func¸a˜o desconhecida depender de uma so´ varia´vel independente, temos uma equac¸a˜o diferencial ordina´ria. Exemplo : A equac¸a˜o diferencial 2 L d2Q(t) dt2 +R dQ(t) dt + 1 C Q(t) = E(t) para a carga de um capacitor num circuito com capacitaˆncia C, resisteˆncia R, indutaˆncia L e voltagem externa E(t) e´ uma equac¸a˜o diferencial ordina´ria. Se a func¸a˜o desconhecida depender de mais de uma varia´vel independente, temos uma equac¸a˜o diferencial parcial. Exemplo: As equac¸o˜es diferenciais ∂2u(x, y) ∂x2 + ∂2u(x, y) ∂y2 = 0 e α2 ∂2u(x, t) ∂x2 = ∂u(x, t) ∂t onde α e´ uma constante determinada, chamadas de equac¸a˜o do potencial, equac¸a˜o da difusa˜o e da conduc¸a˜o do calor, sa˜o equac¸o˜es diferenciais parciais. A ordem de uma equac¸a˜o diferencial e´ a ordem da derivada de mais alta ordem da func¸a˜o desconhecida que aparece na equac¸a˜o. Exemplos: 1) A equac¸a˜o diferencial dy dt = 3y sen(t+ y) e´ uma equac¸a˜o diferencial de primeira ordem. 2) A equac¸a˜o diferencial d3y dt3 = e−y + t+ d2y dt2 e´ uma equac¸a˜o diferencial de terceira ordem. Por uma soluc¸a˜o de uma equac¸a˜o diferencial entenderemos com uma func¸a˜o y(t) que, jun- tamente com suas derivadas, satisfaz a equac¸a˜o. Por exemplo, a func¸a˜o y(t) = 2 sen t− 1 3 cos 2t e´ uma soluc¸a˜o da equac¸a˜o diferencial de segunda ordem 3 d2y dt2 + y = cos 2t pois d2 dt2 ( 2 sen t− 1 3 cos 2t ) + ( 2 sen t− 1 3 cos 2t ) = = (−2 sen t+ 4 3 cos 2t ) + 2 sen t− 1 3 cos 2t = cos 2t. SISTEMAS DE EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS Outra classificac¸a˜o das equac¸o˜es diferenciais depende do nu´mero de func¸o˜es desconhe- cidas que esta˜o envolvidas. Quando se quiser determinar apenas uma so´ func¸a˜o , temos uma equac¸a˜o. Quando forem duas ou mais as func¸o˜es desconhecidas, temos um sistema de equac¸o˜es diferenciais. Por exemplo, as equac¸o˜es de Lotka-Volterra, ou as equac¸o˜es do predador-presa sa˜o importantes na modelagem ecolo´gica e teˆm a forma dx dt = ax− αxy dy dt = −cy + γxy onde x(t) e y(t) sa˜o as populac¸o˜es da presa e do predador, respectivamente. As constantes a, α, c e γ esta˜o baseadas em observac¸o˜es emp´ıricas e dependem das espe´cies particulares que esta˜o sendo estudadas. EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS DE PRIMEIRA ORDEM Comec¸amos por estudar as equac¸o˜es diferenciais de primeira ordem e adimitiremos que nossa equac¸a˜o esta´ ou pode ser posta, sob a forma dy dt = f(t, y) onde f e´ uma func¸a˜o conhecida de duas varia´veis. Qualquer func¸a˜o diferencia´vel y = Φ(t) que satisfac¸a a esta condic¸a˜o para todos os valores de t em um certo intervalo e´ considerada como soluc¸a˜o; nosso objetivo e´ determinar se essas func¸o˜es existem e, em caso afirmativo, desenvolver me´todos para encontra´-las. Infelizmente, para uma func¸a˜o arbitra´ria f, na˜o existe me´todo geral para resolver a equac¸a˜o em termos de func¸o˜es elementares. Assim vamos descrever va´rios me´todos, cada um dos quais se aplica a uma certa subclasse de equac¸o˜es de primeira ordem. SOLUC¸A˜O POR INTEGRAC¸A˜O DIRETA A equac¸a˜o diferencial de primeira ordem y′ = f(x, y) toma uma forma particular simples se a func¸a˜o f for independente da varia´vel dependente y : 4 dy dx = f(x)(1) Neste caso especial so´ precisamos integrar ambos os lados da equac¸a˜o anterior para obter y(x) = ∫ f(x)dx+ C(2) Isto e´ uma soluc¸a˜o geral da equac¸a˜o geral (1), querendo dizer com isso que envolve uma constante arbitra´ria C, e para cada escolha de C e´ uma soluc¸a˜o da equac¸a˜o diferencial.. Se G(x) for uma antiderivada( ou primitiva) de f(x), isto e´ G ′ (x) = f(x),enta˜o y(x) = G(x) + C(3) Para satisfazer uma condic¸a˜o inicial y(x0) = y0 so´ precisamos substituir x = x0 e y = y0 na equac¸a˜o (3) para obter y0 = G(x0) + C, de modo que C = y0 −G(x0).Com esta escolha de C obtemos a soluc¸a˜o particular de (1) satisfazendo o problema de valor inicial { dy dt = f(x) y(x0) = y0 Veremos que e´ este o padra˜o t´ıpico para soluc¸o˜es de equac¸o˜es diferenciais de primeira ordem. Geralmente acharemos primeiro uma soluc¸a˜o geral envolvendo uma constante arbitra´ria C. Podemos enta˜o tentar obter, por escolha apropriada de C, uma soluc¸a˜o particular satisfa- zendo o problema de valor inicial. Exemplo: resolva o problema de valor inicial dy dx = x (x2 + 9) 1 2 , y(4) = 2 EXISTEˆNCIA E UNICIDADE DE SOLUC¸O˜ES No caso de uma equac¸a˜o diferencial geral de primeira ordem da forma dy dx = f(x, y) na˜o podemos simplesmente integrar cada lado da equac¸a˜oanterior como foi feito no caso de soluc¸a˜o por integrac¸a˜o direta, porque o lado direito envolve a func¸a˜o desconhecida y(x).Antes de gastar muito tempo tentando resolver uma equac¸a˜o diferencial, e´ bom saber que realmente soluc¸o˜es existem de fato. Podemos saber se ha´ so´ uma soluc¸a˜o satisfazendo um problema de valor inicial, isto e´, se soluc¸o˜es sa˜o u´nicas. Por exemplo, um problema de valor inicial aparentemente simples como 5 dy dx = 2 √ y, y(0) = 0 tem duas soluc¸o˜es diferentes y1(x) = x 2 e y2(x) = 0 Problemas de existeˆncia e unicidade tem relevaˆncia tambe´m no processo de modelagem matema´tica. Suponha que estamos estudando um sistema f´ısico cujo comportamento e´ comple- tamente determinado por certas condic¸o˜es iniciais, mas que nosso modelo matema´tico proposto envolve uma equac¸a˜o diferencial que na˜o tenha soluc¸a˜o u´nica. Isto imediatamente levanta a questa˜o de se o modelo matema´tico representa adequadamente o sistema f´ısico. TEOREMA DE EXISTEˆNCIA E UNICIDADE DE SOLUC¸O˜ES Suponha que a func¸a˜o f(x, y)a valores reais e´ cont´ınua em algum retaˆngulo no plano con- tendo o ponto (a, b) em seu interior. Enta˜o o problema de valor inicial dy dx = f(x, y), y(a) = b tem pelos menos uma soluc¸a˜o em algum intervalo aberto J contendo o ponto x = a.Se, ale´m disso, a derivada parcial ∂f ∂y e´ cont´ınua neste retaˆngulo, enta˜o a soluc¸a˜o e´ u´nica em algum intervalo J0( possivelmente menor ) que conte´m o ponto x = a. No caso da equac¸a˜o diferencial dy dx = −y, tanto a func¸a˜o f(x, y) = −y quanto a derivada parcial ∂f ∂y = −1 sa˜o cont´ınuas em todo plano, de modo que o teorema se aplica e garante a existeˆncia de uma u´nica soluc¸a˜o para qualquer valor inicial (a, b).Embora o teorema assegure a existeˆncia apenas em algum intervalo aberto em torno de x = a, cada soluc¸a˜o y(x) = Ce−x esta´ na verdade definida para qualquer x. No caso da equac¸a˜o diferencial y′ = 2 √ y, a func¸a˜o f(x, y) = 2 √ y e´ cont´ınua sempre que y > 0, mas a derivada ∂f ∂y = 1√ y e´ descontinua em y = 0,e logo em (0, 0).por isso e´ poss´ıvel existirem duas soluc¸o˜es diferentes y1(x) = x 2 e y2(x) = 0,cada uma das quais satisfaz a condic¸a˜o y(0) = 0. EQUAC¸O˜ES SEPARA´VEIS A equac¸a˜o diferencial de primeira ordem dy dx = H(x, y)(1) e´ dita separa´vel desde que H(x, y) possa ser escrita como o produto de func¸a˜o de x e uma func¸a˜o de y. dy dx = g(x)Φ(y) = g(x) f(y) onde Φ(y) = 1 f(y) . Neste caso, as varia´veis x e y podem ser separadas, isto e´, isoladas em lados opostos de uma equac¸a˜o. Escrevendo-se informalmente a equac¸a˜o 6 f(y)dy = g(x)dx, o que entendemos como uma notac¸a˜o concisa para a equac¸a˜o diferencial f(y) dy dx = g(x)(2) E´ fa´cil resolver este tipo de equac¸a˜o diferencial simplesmente integrando-se ambos os lados em relac¸a˜o a x : ∫ f(y(x))) dy dx = ∫ g(x)dx+ C equivalentemente ∫ f(y)dy = ∫ g(x)dx+ C(3) Tudo o que e´ necessa´rio e´ que as antiderivadas F (y) = ∫ f(y)dy e G(x) = ∫ g(x)dx possam ser encontradas. Para ver que (2) e (3) sa˜o equivalentes, observe a seguinte consequeˆncia da regra da cadeia: DxF (y(x)) = F ′ (y(x))y ′ (x) = f(y) dy dx = g(x) = DxG(x), a qual, por seu lado, e´ equivalente a F (y(x)) = G(x) + C(4) porque duas func¸o˜es teˆm a mesma derivada num intervalo se, e somente se, diferem por uma constante nesse intervalo. Exemplo 1 : Resolva o problema de valor inicial dy dx = −6xy, y(0) = 7 Exemplo 2 : Resolva a equac¸a˜o diferencial x2 dy dx = x2 + 1 3y2 + 1 Pode na˜o ser poss´ıvel ou pra´tico resolver a equac¸a˜o (4) explicitamente para y como func¸a˜o de x.Se na˜o for, chamamos (4) uma soluc¸a˜o impl´ıcita da equac¸a˜o diferencial (2).Como a equac¸a˜o (4) conte´m uma constante arbitra´ria C tambe´m chamamos uma soluc¸a˜o geral de (2). Dada a condic¸a˜o inicial y(x0) = y0,a escolha C0 = F (y0)−G(x0) de C fornece a equac¸a˜o 7 F (y) = G(x) + C0 que define implicitamente uma soluc¸a˜o particular ( se existe alguma ) do problema de valor inicial f(y) dy dx = g(x), y(x0) = y0 Exemplo: Resolver o problema de valor inicial x2 dy dx = x2 + 1 3y2 + 1 , y(1) = 2. 1 EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAS LINEARES DE PRIMEIRA ORDEM Definic¸a˜o: A forma geral de uma equac¸a˜o diferencial linear de primeira ordem e´ dy dt + a(t)y = b(t)(1) A menos de menc¸a˜o expressa em contra´rio, supomos qua as func¸o˜es a(t) e b(t) sa˜o func¸o˜es cont´ınuas do tempo. Escolhemos esta equac¸a˜o e a chamaremos linear porque a func¸a˜o f(t, y) de dy dt = f(t, y) e´ linear em y, isto e´, na˜o aparecem na equac¸a˜o termos como e−y, y3 ou sen y, etc. Por exemplo dy dt = y2 + sen t e dy dt = cos y + t sa˜o ambas equac¸o˜es na˜o lineares por causa dos termos y2 e cos y, respectivamente. Ora na˜o e´ aparente imediata a soluc¸a˜o da equac¸a˜o (1). Enta˜o, vamos simplifica´-la ainda mais pondo b(t) = 0. Definic¸a˜o: A equac¸a˜o dy dt + a(t)y = 0(2) e´ chamada equac¸a˜o diferencial linear homogeˆnea de primeira ordem, e a equac¸a˜o (1) e´ chamada de equac¸a˜o diferencial linear na˜o homogeˆnea de primeira ordem quando b(t) 6= 0. A equac¸a˜o homogeˆnea (2) pode ser resolvida facilmente. Primeiro, vamos dividir ambos os membros da equac¸a˜o por y e reescreveˆ-la sob a forma dy dt + a(t)y = 0⇒ dy dt = −a(t)y ⇒ dy dt y = −a(t) Segundo, observemos que dy dt y = d dt ln |y(t)| onde por ln |y(t)| entendemos como o logaritmo natural ou neperiano de |y(t)| . A equac¸a˜o (2) pode ser escrita sob a forma d dt ln |y(t)| = −a(t)(3) Mas esta e´ uma equac¸a˜o por integrac¸a˜o direta, logo integrando ambos os membros de (3) em relac¸a˜o a t, obtemos 2 ln |y(t)| = − ∫ a(t)dt+ C1 onde C1 e´ uma constante de integrac¸a˜o arbitra´ria. Tomando exponenciais de ambos os membros, encontramos |y(t)| = exp ( − ∫ a(t)dt+ C1 ) = exp ( − ∫ a(t)dt ) exp (C1) = = c exp ( − ∫ a(t)dt ) ou ∣∣∣∣y(t) exp(∫ a(t)dt)∣∣∣∣ = c(4) Ora g(t) = y(t) exp (∫ a(t)dt ) e´ uma func¸a˜o cont´ınua do tempo e a equac¸a˜o (4) estabelece que seu valor absoluto e´ constante. Mas se o valor absoluto de uma func¸a˜o cont´ınua g(t) e´ constante a pro´pria g(t) e´ constante. Para demostrar isto, observemos que se g(t) na˜o fosse constante, enta˜o existem dois instantes diferentes t1 e t2 para os quais g(t1) = c e g(t2) = −c. Pelo teorema do valor intermedia´rio, g deve assumir todos os valores entre −c e c, o que e´ imposs´ıvel pois |g(t)| = c.Obtemos portanto a equac¸a˜o y(t) exp (∫ a(t)dt ) = c, logo y(t) = c exp ( − ∫ a(t)dt ) (5) Dizemos que a equac¸a˜o (5) e´ soluc¸a˜o geral da equac¸a˜o homogeˆnea, uma vez que toda soluc¸a˜o de (2) deve ser desta forma. Exemplos: 1) Determine a soluc¸a˜o geral da equac¸a˜o dy dt + 2ty = 0 2) Determine o comportamento, quando t→∞,de todas as soluc¸o˜es da equac¸a˜o dy dt + a(t)y = 0 3 Nas aplicac¸o˜es, na˜o estamos interessados em todas as soluc¸o˜es de (2). Ao inve´s disso, procuramos a soluc¸a˜o particular y(t)que em algum instante inicial t0 tem o valor de y0. Enta˜o desejamos encontrar uma soluc¸a˜o y(t) tal que dy dt + a(t)y = 0, y(t0) = y0 que como ja´ vimos tem o nome de problema de valor inicial. Exemplos : 3) Determine a soluc¸a˜o do problema de valor inicial dy dt + sen ty = 0, y(0) = 3 2 4) Determine a soluc¸a˜o do problema de valor inicial dy dt + ety = 0, y(1) = 2 Retornemos agora a` equac¸a˜o na˜o homogeˆnea. dy dt + a(t)y = b(t) Seria claro, da nossa ana´lise da equac¸a˜o homogeˆnea, que a maneira de resolver a equac¸a˜o na˜o homogeˆnea e´ exprimi-la sob a forma d (”algo”) dt = b(t)e enta˜o integrar ambos os membros para achar o valor de ”algo”. Entretanto, a expressa˜o dy dt +a(t)y na˜o aparece como a derivada de alguma expressa˜o simples. Logicamente, a pro´xima etapa na nossa ana´lise deveria ser portanto a seguinte: Podemos fazer o primeiro da equac¸a˜o d dt de ”algo”? Mais precisamente, podemos multiplicar ambos os lados de (1) por alguma func¸a˜o cont´ınua µ(t) para obter a equac¸a˜o equivalente µ(t) dy dt + a(t)µ(t)y = µ(t)b(t)(6) (Por equac¸a˜o equivalente entendemos que toda soluc¸a˜o de (6) e´ uma soluc¸a˜o de (1) e vice- versa) Sera´ poss´ıvel escolher µ(t) de modo que µ(t) dy dt + a(t)µ(t)y seja a derivada de alguma expressa˜o simples? A resposta a esta questa˜o e´ afirmativa e e´ obtida observando que 4 d dt µ(t)y = µ(t) dy dt + dµ(t) dt y Portanto, µ(t) dy dt +a(t)µ(t)y sera´ igual a` derivada de µ(t)y se e somente se dµ(t) dt = a(t)µ(t). Mas esta e´ uma equac¸a˜o linear homogeˆnea de primeira ordem em µ(t), isto e´, dµ(t) dt −a(t)µ(t) = 0, que ja´ sabemos como resolver, e uma vez que necessitamos apenas uma tal func¸a˜o µ(t) fazemos a constante c em (5) igual a 1 e tomamos µ(t) = exp (∫ a(t)dt ) Para esse µ(t); a equac¸a˜o (6) pode ser escrita como d dt µ(t)y = µ(t)b(t)(7) Para obter a soluc¸a˜o geral da equac¸a˜o na˜o homogeˆnea (1), isto e´, para obter todas as soluc¸o˜es da equac¸a˜o na˜o homogeˆnea, tomamos a integral em relac¸a˜o a t, em ambos os membros de (7) o que nos da´ µ(t)y = ∫ µ(t)b(t)dt+ c ou y(t) = 1 µ(t) (∫ µ(t)b(t)dt+ c ) = exp ( − ∫ a(t)dt )(∫ µ(t)b(t)dt+ c ) (8) Alternativamente se estamos interessados na soluc¸a˜o particular de (1) satisfazendo a condic¸a˜o inicial y(t0) = y0, isto e´, se desejamos resolver o problema de valor inicial dy dt + a(t)y = b(t), y(t0) = y0 enta˜o podemos integrar em ambos os membros de (7) em relac¸a˜o a t,de t0 a t, para obter µ(t)y − µ(t0)y0 = ∫ t t0 µ(s)b(s)ds ou y(t) = 1 µ(t) ( µ(t0)y0 + ∫ t t0 µ(s)b(s)ds ) (9) 5 Observac¸o˜es: 1) Observemos como usamos nosso conhecimento da soluc¸a˜o da equac¸a˜o homogeˆnea para determinar a func¸a˜o µ(t) que nos permite resolver a equac¸a˜o na˜o homogeˆnea. Esta e´ uma excelente ilustrac¸a˜o de como usamos nosso conhecimento da soluc¸a˜o de um problema mais simples para resolver um problema mais dif´ıcil. 2) A func¸a˜o µ(t) = exp (∫ a(t)dt ) e´ chamada um fator integrante para a equac¸a˜o na˜o homogeˆnea uma vez que depois de multiplicar ambros os membros por µ(t) podemos imedia- tamente integrar a equac¸a˜o para achar todas as soluc¸o˜es. 3) O leitor na˜o deve memorizar as fo¨rmulas (8) e (9). De prefereˆncia, resolveremos todas as equac¸o˜es na˜o homogeˆneas multiplicando primeiro ambos os membros por µ(t),depois escrevendo o novo primeiro membro como a derivada de µ(t)y(t),e finalmente integrando ambos os membros da equac¸a˜o. 4) Uma outra maneira de resolver o problema de valor inicial dy dt + a(t)y = b(t), y(t0) = y0 e´ achar a soluc¸a˜o geral (8) de (1) e enta˜o usar a condic¸a˜o inicial y(t0) = y0 para calcular a constante c. Se pore´m, na˜o conhecermos a integral de µ(t)b(t),enta˜o devemos tomar a integral definida de (7), para obter (9), e esta equac¸a˜o e´ enta˜o aproximada numericamente. Exemplos :1) Determine a soluc¸a˜o geral da equac¸a˜o dy dt − 2ty = t 2) Determine a soluc¸a˜o do problema de valor inicial dy dt + y = 1 + t2, y(2) = 3 1 ME´TODO DA SUBSTITUIC¸A˜O As primeiras equac¸o˜es diferenciais de primeira ordem que resolvemos foram todas as equac¸o˜es separa´veis ou lineares. Muitas aplicac¸o˜es, contudo, envolvem equac¸o˜es diferenciais que na˜o sa˜o separa´veis ou lineares. Nesta sec¸a˜o discutiremos me´todos de substuic¸a˜o que a`s vezes podem ser usados para transformar uma equac¸a˜o diferencial em uma que ja´ saibamos resolver. Dada a equac¸a˜o diferencial dy dx = f(x, y)(1) com varia´vel dependente y e varia´vel independente x, podemos trasforma´-la em uma nova equac¸a˜o diferencial com a nova varia´vel dependente v pela substuic¸a˜o y = Φ(x, v)(2) Tal substuic¸a˜o pode ser sugerida pela forma particular da equac¸a˜o diferencial, como no Exemplo1 abaixo. De qualquer maneira, observe que a func¸a˜o Φ tiver derivadas parciais Φx e Φv em relac¸a˜o a x e v, enta˜o a aplicac¸a˜o da regra da cadeia - encarando v como uma func¸a˜o (desconhecida) de x- fornece dy dx = Φx(x, v) + Φv(x, v) dv dx (3) A substuic¸a˜o de (2) e (3) em (1) nos da´ Φx(x, v) + Φv(x, v) dv dx = f(x,Φ(x, v))(4) Esta e´ a nova equac¸a˜o diferencial da forma dv dx = g(x, v)(5) Que obtemos resolvendo a equac¸a˜o (4)em relac¸a˜o a dv dx ,com a nova varia´vel dependente v.Se esta nova equac¸a˜o e´ separa´vel ou linear enta˜o podemos aplicar os me´todos das sec¸o˜es anteriores para resolveˆ-la. Se v = v(x) e´ uma soluc¸a˜o da equac¸a˜o (5)enta˜o y = Φ(x, v(x)) e´ soluc¸a˜o da equac¸a˜o diferencial (1). O truque consiste em selecionar uma substituic¸a˜o y = Φ(x, v) tal que a equac¸a˜o transformada em (5)possa ser resolvida. Mesmo quando poss´ıvel, isto nem sempre e´ fa´cil; pode ser preciso uma boa dose de engenhosidade ou ensaio e erro. A`s vezes e´ mais conveniente comec¸ar com uma relac¸a˜o v = ψ(x, y), que possa ser resolvida em termos de y = Φ(x, v). Ocasionalmente, como por exemplo a seguir, a presenc¸a de uma combinac¸a˜o evidente de x e y na equac¸a˜o diferencial ira´ sugerir uma substituic¸a˜o promissora. Exemplo1: Resolva a equac¸a˜o diferencial 2 dy dx = (x+ y + 3)2 Parece razoa´vel tentar a substuic¸a˜o v = x+ y + 3, isto e´ y = v − x− 3. Enta˜o dy dx = dv dx − 1, logo dv dx − 1 = v2 de modo que nossa equac¸a˜o transformada e´ dv dx = 1 + v2. Esta equac¸a˜o e´ separa´vel, enta˜o dv dx = 1 1 1 + v2 , logo dv 1 + v2 = dx, integrando obtemos ∫ dv 1 + v2 = ∫ dx+ C, logo arctan v = x+ C, assim v = tan(x+ C), mas como v = x+ y + 3, a soluc¸a˜o geral da equac¸a˜o original dy dx = (x+ y + 3)2 e´ x+ y + 3 = tan(x+ C);isto e´ y(x) = tan(x+ C)− x− 3 O Exemplo1 ilustra o fato de que qualquer equac¸a˜o diferencial da forma 3 dy dx = F (ax+ by + c) pode ser transformada em uma equac¸a˜o separa´vel atrave´s da substituic¸a˜o v = ax+ by+ c.O resto desta sec¸a˜o trata de outras classes de equac¸o˜es de primeira ordem para as quais existem substituic¸o˜es padra˜o que se sabe que funcionam. EQUAC¸O˜ES HOMOGEˆNEAS Uma equac¸a˜o diferencial de primeira ordem e´ homogeˆnea se puder escrita da forma dy dx = F (y x ) (7) Fazendo as substituic¸o˜es v = y x , y = vx, dy dx = v + x dv dx (8) a equac¸a˜o (7) pode ser transformada em uma equac¸a˜o separa´vel x dv dx = F (v)− v Assim qualquer equac¸a˜o diferencial de primeira ordem homogeˆnea pode ser reduzida a um problema de integrac¸a˜o atrave´s das substituic¸o˜es em (8) Exemplo2: Resolva a equac¸a˜o diferencial 2xy dy dx = 4x2 + 3y2 Esta equac¸a˜o na˜o e´ separa´vel nem linear, mas no´s a reconhecemos como uma equac¸a˜o homogeˆnea escrevendo-a da forma 2xy dy dx 2xy = 4x2 + 3y2 2xy = 4x2 2xy + 3y2 2xy = 2 ( x y ) + 3 2 (y x ) As substituic¸o˜es em (8) tomam a forma y = vx, dy dx = v + x dv dx 4 v = y x e 1 v = x y Enta˜o v + x dv dx = 2 v + 3 2 v, logo x dv dx = 2 v + 3 2 v − v = 4 + 3v 2 − 2v2 2v = v2 + 4 2v , sendo assim temos dv dx = v2 + 4 2v x ⇒ 2v v2 + 4 dv = dx x A qual reconhecemos ser uma equac¸a˜o separa´vel, logo integrando em ambos os membros obtemos ∫ 2v v2 + 4 dv = ∫ dx x , logo ln|v2 + 4| = ln |x|+ C, enta˜o ln |v2 + 4| − ln |x| = C ln v2 + 4 |x| = C Aplicando a func¸a˜o exponencial a cada lado desta u´ltima equac¸a˜o encontramos v2 + 4 |x| = e C ⇒ v 2 + 4 |x| = k ⇒ v 2 + 4 = k |x| , mas v = y x , enta˜o (y x )2 + 4 = k |x| ⇒ y 2 x2 + 4 = k |x| , sendo assim temos y2 + 4x2 = k |x3| , 5 Portanto a soluc¸a˜o da equac¸a˜o original e´ y2 + 4x2 = kx3 Porque o sinal de x pode ser absorvido pela constante arbitra´ria k. Exemplo3: Resolva o problema de valor inicial x dy dx = y + (x2 − y2) 12 , y(1) = 0. Dividindo ambos os lados da equac¸a˜o diferencial acima por x, encontramos x dy dx x = y + (x2 − y2) 12 x , logo dy dx = y x + (x2 − y2) 12 x , enta˜o dy dx = y x + [ x2 ( 1− y 2 x2 )] 1 2 x , logo dy dx = y x + x [( 1− y 2 x2 )] 1 2 x , sendo assim temos dy dx = y x + [ 1− (y x )2] 12 Fazendo as substituic¸o˜es em (8) ou seja y = vx⇒ dy dx = v + x dv dx v = y x e 1 v = x y Sendo assim encontramos v + x dv dx = v + (1− v2) 12 , logo x dv dx = (1− v2) 12 , enta˜o x dv dx x = (1− v2) 12 x , finalmente temos dv dx = (1− v2) 12 x ,logo 6 dv dx = 1 x 1 (1− v2) 12 que reconhecemos ser uma equac¸a˜o separa´vel, logo dv (1− v2) 12 = dx x , integrando ambos os lados encontramos ∫ dv (1− v2) 12 = ∫ dx x ,enta˜o arcsen v = ln |x|+ C, Mas como x > 0 perto de x = 1, temos ln |x| = ln x,enta˜o arcsen v = ln x+ C, Logo como v = y x ,temos arcsen y x = ln x+ C Aplicando seno em ambos os lados encontramos y x = sen (ln x+ C) enta˜o y(x) = x sen (lnx+ C) mas y(1) = 0, logo y(1) = 1. sen (ln 1 + C) = 0⇒ senC = 0⇒ C = 0 Portanto a soluc¸a˜o da equac¸a˜o diferencial original e´ y(x) = x sen (lnx) 1 EQUAC¸O˜ES DE BERNOULLI Uma equac¸a˜o diferencial da forma dy dx + P (x)y = Q(x)yn(9) e´ dita uma equac¸a˜o de Bernoulli. Se n = 0 ou n = 1 enta˜o a equac¸a˜o (9) e´ dita linear. Caso contra´rio a substituic¸a˜o v = y1−n(10) transforma a equac¸a˜o (9) na equac¸a˜o linear dv dx + (1− n)P (x)v = (1− n)Q(x) De fato, pois v = y1−n ⇒ y = 1−n√v = v 11−n , ,logo dy dx = 1 1−nv 1 1−n−1 dv dx ⇒ dy dx = 1 1−nv n 1−n dv dx , enta˜o 1 1−nv n 1−n dv dx + P (x)v 1 1−n = Q(x) ( v 1 1−n )n = = (1− n) 1 1−nv n 1−n dv dx + (1− n)P (x)v 11−n = (1− n)Q(x)v n1−n ⇒ ⇒ v n1−n dv dx + (1− n)P (x)v 11−n = (1− n)Q(x)v n1−n ⇒ ⇒ v n1−n ( dv dx + (1− n)P (x)v ) = (1− n)Q(x)v n1−n ⇒ 2 ⇒ dv dx + (1− n)P (x)v = (1− n)Q(x) Em vez de memorizar a forma desta equac¸a˜o transformada e´ mais eficiente fazer a substi- tuic¸a˜o em (10)explicitamente, como nos exemplos a seguir. Exemplo4: Se reescrevermos a equac¸a˜o homogeˆnea 2xy dy dx = 4x2 + 3y2 do Exemplo2 na forma dy dx − 3 2x y = 2x y , ou seja dy dx − 3 2x y = 2xy−1 Vemos que ela e´ uma equac¸a˜o de Bernoulli com P (x) = − 3 2x ,Q(x) = 2x, n = −1. Assim substitu´ımos v = y1−n, ou seja v = y2, y = v 1 2 , e dy dx = 1 2 v− 1 2 dv dx Isto nos fornece 1 2 v− 1 2 dv dx − 3 2x v 1 2 = 2xv− 1 2 ⇒ 1 2 v− 1 2 ( dv dx − 3 x v ) = 2xv− 1 2 , logo dv dx − 3 x v = 4x(i) Que e´ uma equac¸a˜o linear na˜o homogeˆnea de primeira ordem na varia´vel v, logo a(x) = −3 x ⇒ ∫ a(x)dx = ∫ − 3 x dx⇒ ∫ a(x)dx = −3 ln |x| = ln |x|−3 Enta˜o, temos o fator integrante µ(x) = exp (∫ a(x)dx ) = eln|x| −3 = x−3 Multiplicando a equac¸a˜o (i) pelo fator integrante, obtemos x−3 ( dv dx − 3 x v ) = 4xx−3 ⇒ x−3 dv dx − 3vx−4 = 4x−2, logo 3 d dx (x−3v) = 4x−2, integrando em relac¸a˜o a x obtemos x−3v = ∫ 4x−2dx+ C, ou seja x−3v = −4 x + C, mas v = y2, enta˜o x−3y2 = −4 x + C, logo y2 = −4 x + C x−3 = x3 ( −4 x + C ) = −4x2 + Cx3 Portanto temos a seguinte soluc¸a˜o para a equac¸a˜o original y2 + 4x2 = Cx3 Exemplo5: A equac¸a˜o x dy dx + 6y = 3xy 4 3 na˜o e´ separa´vel, nem linear, nem homogeˆnea, mas e´ uma equac¸a˜o de Bernoulli com n = 4 3 . As substuic¸o˜es v = y1−n ⇒ v = y1− 43 ⇒ v = y− 13 ⇒ y = v−3, dy dx = −3v−4 dv dx transforma a equac¸a˜o acima em x ( −3v−4 dv dx ) + 6v−3 = 3x (v−3) 4 3 , ou seja −3xv−4 dv dx + 6v−3 = 3xv−4 A divisa˜o por 3xv−4 fornece a equac¸a˜o linear dv dx − 2 x v = −1(ii) Logo a(x) = −2 x ⇒ ∫ a(x)dx = ∫ − 2 x dx⇒ ∫ a(x) = −2 ln |x| = ln |x|−2 . 4 Assim temos o fator integrante µ(x) = exp (∫ a(x)dx ) = eln|x| −2 = x−2. Multiplicando a equac¸a˜o (ii) por x−2, obtemos x−2 dv dx − x−2 2 x v = −1x−2 ⇒ x−2 dv dx − 2x−1v = −x−2, logo d dx (x−2v) = −x−2 Integrando em relac¸a˜o a x obtemos x−2v = ∫ − x−2dx+ C ⇒ x−2v = 1 x + C, mas v = y− 1 3 x−2y− 1 3 = 1 x + C ⇒ y− 13 = 1 x + C x−2 = x2 ( 1 x + C ) = x+ Cx2, logo y− 1 3 = x+ Cx2 ⇒ y(x) = (x+ Cx2)−3 ⇒ y(x) = 1 (x+ Cx2)3 Portanto a soluc¸a˜o da equac¸a˜o original e´ y(x) = 1 (x+ Cx2)3 Exemplo6 : A equac¸a˜o 2xe2y dy dx = 3x4 + e2y na˜o e´ nem separa´vel, nem linear, nem homogeˆnea nem e´ uma equac¸a˜o de Bernoulli. Mas observemos que y so´ aparece nas combinac¸o˜es e2y e (e2y) ′ = 2e2y dy dx . Isto nos leva a substituic¸a˜o v = e2y ⇒ dv dx = 2e2y dy dx , logo dv dx x = 3x4 + v ⇒ dv dx x− v = 3x4 ⇒ dv dx − 1 x v = 3x3(iii) que reconhecemos ser uma equac¸a˜o linear na˜o homogeˆnea de primeira ordem, logo a(x) = −1 x ⇒ ∫ a(x)dx = ∫ − 1 x dx⇒ ∫ a(x)dx = − ln |x| = ln |x|−1 ,enta˜o temos que µ(x) = exp (∫ a(x)dx ) = exp ( ln |x|−1) = |x|−1 = x−1 e´ o fator de integrac¸a˜o Multiplicando a equac¸a˜o (iii) por x−1, obtemos 5 x−1 dv dx − x−1 1 x v = x−13x3 ⇒ x−1 dv dx − 1 x2 v = 3x2, logo temos d dx (x−1v) = 3x2, integrando em relac¸a˜o a x,obtemos x−1v = ∫ 3x2dx+ C ⇒ x−1v = x3 + C ⇒ v = x 3 + C x−1 ⇒ v = x4 + Cx Mas v = e2y, logo e2y = x4 + Cx, aplicando a func¸a˜ologar´ıtmica em ambos os membros obtemos ln (e2y) = ln |x4 + Cx| ⇒ 2y = ln |x4 + Cx| ⇒ y(x) = ln |x 4 + Cx| 2 Portanto a soluc¸a˜o da equac¸a˜o original e´ y(x) = ln |x4 + Cx| 2 1 EQUAC¸O˜ES EXATAS Quando comec¸amos nosso estudo de equac¸o˜es diferenciais, a u´nica equac¸a˜o que pod´ıamos resolver era dy dx = g(x). Alargarmos enta˜o nossa lista para incluir todas as equac¸o˜es separa´veis, equac¸o˜es lineares, me´todo da susbtituic¸a˜o, equac¸o˜es homogeˆneas e equac¸o˜es de Bernoulli, mais geralmente, podemos resolver todas as equac¸o˜es diferenciais que esta˜o, ou podem ser postas, sob a forma dΦ(x, y) dx = 0(1) para alguma func¸a˜o Φ(x, y).A saber podemos integrar ambos os membros de (1)obtendo Φ(x, y) = c(constante)(2) e enta˜o, se poss´ıvel de (2), tirar y como func¸a˜o de x. Exemplo1: A equac¸a˜o 1 + cos(x+ y) + cos(x+ y) ( dy dx ) = 0 pode ser escrita sob a forma d dx [x+ sen(x+ y)] = 0, integrando em relac¸a˜o a x, obtemos x+ sen(x+ y) = C, ou seja Φ(x, y) = x+ sen(x+ y) = C Exemplo2: A equac¸a˜o cos(x + y) + [1 + cos(x+ y)] dy dx = 0, pode ser escrita sob a forma d dx [y + sen(x+ y)]Integrando em relac¸a˜o a x, obtemos y + sen(x+ y) = C, ou seja Φ(x, y) = y + sen(x+ y) = C Devemos deixar a soluc¸a˜o sob a esta forma pore´m, uma vez que na˜o podemos tirar y explicitamente como func¸a˜o de x. A equac¸a˜o (1) e´ evindentemente a equac¸a˜o diferencial de primeiraordem mais geral que podemos resolver. Portanto, e´ importante para no´s sermos capazes de reconhecer quando uma equac¸a˜o diferencial pode ser escrita sob esta forma. Isto na˜o ta˜o simples quanto se poderia esperar. Por exemplo, certamente na˜o e´ o´bvio que a equac¸a˜o diferencial 2x+ y − senx+ (3y2 + cos y) dy dx = 0 pode ser escrita sob a forma d dx (y3 + x2 + xy + sen y + cos x) = 0.Para determinar todas as equac¸o˜es diferenciais que podem ser escritas sob a forma (1),observemos que, pela regra da cadeia para diferenciac¸a˜o parcial talque 2 d dx Φ(x, y(x)) = ∂Φ ∂x dx dx + ∂Φ ∂y dy dx = ∂Φ ∂x + ∂Φ ∂y dy dx Portanto, a equac¸a˜o diferencial M(x, y) + N(x, y) dy dx = 0 pode ser escrita sob a forma d dx Φ(x, y) = 0 se e somente se existe uma func¸a˜o Φ(x, y) tal que M(x, y) = ∂Φ ∂x e N(x, y) = ∂Φ ∂y Isto nos conduz agora a` seguinte questa˜o. Dadas duas func¸o˜es M(x, y) e N(x, y), existe uma func¸a˜o Φ(x, y) tal que M(x, y) = ∂Φ ∂x e N(x, y) = ∂Φ ∂y ? Infelizmente, a resposta a esta questa˜o e´ quase sempre na˜o como mostra o seguinte teorema. Teorema1: Suponhamos que M(x, y) e N(x, y) sejam cont´ınuas e tenham derivadas parci- ais cont´ınuas em relac¸a˜o a x e y no retaˆngulo R formado pelos pontos (x, y)tais que a < x < b e c < y < d. Existe uma func¸a˜o Φ(x, y) tal que M(x, y) = ∂Φ ∂x e N(x, y) = ∂Φ ∂y se e somente se, ∂M ∂y = ∂N ∂x Dem: Observemos que M(x, y) = ∂Φ ∂x para alguma func¸a˜o Φ(x, y) se, e somente se, Φ(x, y) = ∫ M(x, y)dx+ h(y)(3) onde h(y) e´ uma func¸a˜o arbitra´ria de y. Tomando as derivadas parciais de ambos os membros de (3) em relac¸a˜o a y, obtemos ∂Φ ∂y = ∫ ∂M(x, y) ∂y dx+ h′(y) Portanto, ∂Φ ∂y sera´ igual a N(x, y) se, e so´ se, N(x, y) = ∫ ∂M(x, y) ∂y dx+ h′(y) ou 3 h′(y) = N(x, y)− ∫ ∂M(x, y) ∂y dx(4) Ora h′(y) e´ uma func¸a˜o apenas de y,enquanto que o segundo membro de (4) parece ser uma func¸a˜o de x e y. Mas uma func¸a˜o apenas de y na˜o pode ser igual a uma func¸a˜o de x e y. Portanto a equac¸a˜o (4) so´ tem sentido se o segundo membro for uma func¸a˜o apenas de y, e esse e´ o caso se, e so´ se, ∂ ∂x [ N(x, y)− ∫ ∂M(x, y) ∂y dx ] = ∂N(x, y) ∂x − ∂M(x, y) ∂y = 0, ou seja ∂N(x, y) ∂x = ∂M(x, y) ∂y Portanto, se ∂N(x, y) ∂x 6= ∂M(x, y) ∂y , enta˜o na˜o existe uma func¸a˜o Φ(x, y) tal que M = ∂Φ ∂x ,N = ∂Φ ∂y . Por outro lado, se ∂N ∂x = ∂M ∂y , enta˜o temos ∂N ∂x − ∂M ∂y = 0⇒ ∂ ∂x [ N(x, y)− ∫ ∂M(x, y) ∂y dx ] = 0, ou seja h′(y) = N(x, y)− ∫ ∂M(x, y) ∂y dx, logo integrando ambos os membros em relac¸a˜o a y, obtemos h(y) = ∫ [ N(x, y)− ∫ ∂M(x, y) ∂y dx ] dy. Enta˜o Φ(x, y) = ∫ M(x, y)dx+ h(y) = ∫ M(x, y)dx+ ∫ [ N(x, y)− ∫ ∂M(x, y) ∂y dx ] dy((5) logo M(x, y) = ∂Φ ∂x e N(x, y) = ∂Φ ∂y . Definic¸a˜o: Dizemos que a equac¸a˜o diferencial M(x, y) +N(x, y) dy dx = 0(6) 4 e´ exata se ∂M ∂y = ∂N ∂x . Observac¸o˜es: 1) Na˜o e´ essencial, no enunciado do Teorema1, que ∂N ∂x = ∂M ∂y num retaˆngulo. E´ suficiente que ∂N ∂x = ∂M ∂y em qualquer regia˜o R que na˜o contenha ”buracos”. Isto significa dizer que, se C e´ qualquer curva fechada inteiramente contida em R, enta˜o seu interior tambe´m esta´ inteiramente contido em R. 2) A equac¸a˜o diferencial dy dx = f(x, y) pode sempre ser escrita sob a forma M(x, y) + N(x, y) dy dx = 0 pondo M(x, y) = −f(x, y) e N(x, y) = 1. 3) E´ costume dizer que a soluc¸a˜o de uma equac¸a˜o diferencial exata e´ dada por Φ(x, y) = C (constante). O que realmente queremos dizer e´ que a equac¸a˜o Φ(x, y) = C deve ser resolvida para y como func¸a˜o de x e C. Infelizmente, a maioria das equac¸o˜es diferenciais exatas na˜o pode ser resolvida explicitamente para y em func¸a˜o de x. Embora isto possa parecer muito decepcionante, desejamos assinalar que e´ bem simples, com a ajuda de um computador, calcular y(x) com qualquer exatida˜o desejada. Na pra´tica, na˜o recomendamos a memorizac¸a˜o da equac¸a˜o (5). Antes, seguiremos um de treˆs diferentes me´todos para obter Φ(x, y). Primeiro me´todo: A equac¸a˜o M = ∂Φ ∂x determina Φ(x, y) = ∫ M(x, y)dx+ h(y) A func¸a˜o h(y) e´ enta˜o determinada pela equac¸a˜o h′(y) = N(x, y)− ∫ ∂M(x, y) ∂y dx Segundo me´todo: Se N(t, y) = ∂Φ ∂y , enta˜o, necessariamente, Φ(x, y) = ∫ N(x, y)dy + k(x) onde k(x)e´ uma func¸a˜o arbitra´ria apenas de x. Uma vez que M(x, y) = ∂Φ ∂x = ∫ ∂N(x, y) ∂x dy + k′(x) vemos que k′(x) e´ determinado pela equac¸a˜o k′(x) = M(x, y)− ∫ ∂N(x, y) ∂x dy 5 Observemos que o segundo membro desta equac¸a˜o e´ uma func¸a˜o apenas de x se ∂M ∂y = ∂N ∂x .. Terceiro me´todo: As equac¸o˜es ∂Φ ∂x = M(x, y) e ∂Φ ∂y = N(x, y) implicam que Φ(x, y) = ∫ M(x, y)dx+ h(y) e Φ(x, y) = ∫ N(x, y)dy + k(x) Usualmente, podemos determinar h(y) e k(x) somente por inspec¸a˜o. Exemplo3: Determine a soluc¸a˜o geral da equac¸a˜o diferencial 3y + ex + (3x+ cos y) dy dx = 0 Exemplo4: Determine a soluc¸a˜o do problema de valor inicial 3x2y + 8xy2 + (x3 + 8x2y + 12y2) dy dx = 0; y(2) = 1 Exemplo5: Determine a soluc¸a˜o do problema de valor inicial 4x3ex+y + x4ex+y + 2x+ (x4ex+y + 2y) dy dx = 0, y(0) = 1 Suponhamos agora que seja dada a equac¸a˜o diferencial M(x, y) +N(x, y) dy dx = 0(7) que na˜o e´ exata. Podemos torna´-la exata? Mais precisamente, podemos encontrar uma func¸a˜o µ(x, y) tal que a equac¸a˜o diferencial equivalente µ(x, y)M(x, y) + µ(x, y)N(x, y) dy dx = 0(8) seja exata? Esta questa˜o, em princ´ıpio, e´ simples de responder. A condic¸a˜o para que (8) seja exata e´ que ∂ ∂y (µ(x, y)M(x, y)) = ∂ ∂x (µ(x, y)N(x, y)) ou M ∂µ ∂y + µ ∂M ∂y = N ∂µ ∂x + µ ∂N ∂x (9) 6 (Por simplicidade de escrita, suprimimos o fato de que µ,M e N dependem de x e y em (9). Portanto, a equac¸a˜o (8) e´ exata se e somente se µ(x, y) satisfaz a equac¸a˜o (9). Definic¸a˜o: Uma func¸a˜o µ(x, y) que satisfaz a equac¸a˜o (9)e´ o que chamamos um fator inte- grante da equac¸a˜o diferencial (7). A raza˜o dessa definic¸a˜o, certamente, e´ que se µ satisfaz (9) enta˜o podemos escrever (8) sob a forma d dx Φ(x, y) = 0 e esta equac¸a˜o pode ser integrada imediatamente para chegar a` soluc¸a˜o Φ(x, y) = C.Infelizmente, pore´m, existem apenas dois casos especiais em que podemos encontrar uma soluc¸a˜o expl´ıcita de (9).Estes ocorrem quando a equac¸a˜o diferencial (7)tem uma fator integrante que e´ ou uma func¸a˜o apenas de x,ou uma func¸a˜o apenas de y. Observemos que se µ e´ uma func¸a˜o apenas de x, a equac¸a˜o (9) se reduz a N ∂µ ∂x = µ ( ∂M ∂y − ∂N ∂x ) ou ∂µ ∂x = ( ∂M ∂y − ∂N ∂x ) µ N Mas esta equac¸a˜o na˜o tem sentido, a menos que a expressa˜o( ∂M ∂y − ∂N ∂x ) N seja uma func¸a˜o apenas de x,isto e´,( ∂M ∂y − ∂N ∂x ) N = R(x) Se for o caso, enta˜o µ(x) = exp (∫ R(x)dx ) e´ um fator integrante da equac¸a˜o diferencial (7). Observac¸a˜o: Devemos observar que a expressa˜o( ∂M ∂y − ∂N ∂x ) N e´ quase sempre uma func¸a˜o de ambas as varia´veis, x e y.Somente para pares muito especiais de func¸o˜es M(x, y) e N(x, y) ela e´ uma func¸a˜o apenas de x. Um situac¸a˜o ana´loga ocorre se µ e´ uma func¸a˜o apenas de y. Essa e´ raza˜o pela qual na˜o podemos resolver muitas equac¸o˜es diferenciais. Exemplo6: Determine a soluc¸a˜o geral da equac¸a˜o diferencial y2 2 + 2yex + (y + ex) dy dx = 0 1 APLICAC¸O˜ES Crescimento e Decrescimento O problemade valor inicial dx dt = kx, x(t0) = x0(1) em que k e´ uma constante de proporcionalidade, ocorre em muitas teorias f´ısicas envol- vendo crescimento ou decrescimento. por exemplo, em biologia, e´ frequentemente observado que a taxa decrescimento de certas bacte´rias e´ proporcional ao nu´mero de bacte´rias presentes no dado instante. Durante um curto intervalo de tempo, a populac¸a˜o de pequenos animais, tais como roedores, pode ser prevista com alto grau de precisa˜o pela soluc¸a˜o para (1) Em f´ısica, um problema de valor inicial como (1) proporciona um modelo para o ca´lculo aproximado da quantidade remanescente de uma substaˆncia que esta´ sendo desintegrada atrave´s de radioati- vidade. A equac¸a˜o diferencial em (1) pode ser ainda usada para determinar a temperatura de um corpo em resfriamento. Em qu´ımica, a quantidade remascente de uma substaˆncia durante certas reac¸o˜es tambe´m pode ser descrita por (1). A constante de proporcionalidade k em (1) e´ positiva ou negativa e pode ser determi- nada pela soluc¸a˜o para o problema usando um valor subsequente de x em um instante t1 > t0. Exemplo1: Em uma cultura, ha´ inicialmente N0 bacte´rias. Uma hora depois t = 1, o nu´mero de bacte´rias passa a ser ( 3 2 ) N0. Se a taxa de crescimento e´ proporcional ao nu´mero de bacte´rias presentes, determine o tempo necessa´rio para que o nu´mero de bacte´rias triplique. Soluc¸a˜o: Primeiro, resolvemos a equac¸a˜o diferencial dN dt = kN Sujeita a N(0) = N0. Enta˜o, usando a condic¸a˜o N(1) = 3 2 N0. Temos um problema de valor inicial de uma equac¸a˜o linear homogeˆnea de primeira ordem, ou seja dN dt − kN = 0 N(1) = 3 2 N0 Sendo assim temos a(t) = −k ⇒ ∫ a(t)dt = ∫ − kdt = −kt Logo a soluc¸a˜o e´ N(t) = C exp ( − ∫ a(t)dt ) = C exp(kt), ou seja N(t) = C exp(kt) mas N(0) = C exp(0) = C = N0, enta˜o N(t) = N0 exp(kt), enta˜o 2 Em t = 1, temos N(1) = N0 exp(k) = 3 2 N0, logo N0e k = 3 2 N0, logo e k = 3 2 Aplicando a func¸a˜o logar´ıtmica em ambos os membros encontramos k = ln 3 2 = 0, 4055 A soluc¸a˜o do problema de valor inicial acima e´ N(t) = N0e 0,4055t Para encontrar o tempo necessa´rio para que o nu´mero de bacte´rias seja triplicado, temos 3N0 = N0e 0,4055t, Logo 3 = e0,4055t ⇒ ln 3 = 0, 4055t⇒ t = ln 3 0, 4055 ≈ 2, 71 horas Meia vida Em f´ısica, meia-vida e´ uma medida de estabilidade de uma substaˆncia radioativa. A meia- vida e´ simplesmente o tempo gasto para que a metade dos a`tomos de uma quantidade inicial A0 se desintegrar ou se transmutar em a`tomos de outro elemento. Quanto maior a meia- vida de uma substaˆncia, mais esta´vel ela e´. Por exemplo, a meia vida do ultra-radioativo Ra-226, e´ cerca de 1700 anos. Em 1700 anos, metade de uma dada quantidade de Ra-226 e´ transmutada em radoˆnio, Rn-222. O iso´topo de uraˆnio mais comum, U-238, tem uma meia vida de aproximadamente 4.500.000.000 de anos. Nesse tempo, metade de uma quantidade de U-238 e´ transmutada em chumbo, Pb-206. Exemplo2: Um reator converte uraˆnio 238 em isoto´po de plutoˆnio 239. Apo´s 15 anos, foi detectado que 0,043% da quantidade inicial A0 de plutoˆnio se desintegrou. Encontre a meia-vida desse iso´topo, se a taxa de desintegrac¸a˜o e´ proporcional a` quantidade remanescente. Soluc¸a˜o: Denotando por A(t) a quantidade de plutoˆnio remanescente no instante t,temos o problema de valor inicial{ dA dt = kA A(0) = A0 , ou seja { dA dt − kA = 0 A(0) = A0 Que sabemos ser uma equac¸a˜o linear homogeˆnea de primeira ordem, logo a(t) = −k ⇒ ∫ a(t)dt = ∫ − kdt⇒ ∫ a(t)dt = −kt, logo A(t) = C exp ( − ∫ a(t)dt ) = C exp(kt), ou seja A(t) = C exp(kt), 3 Mas A(0) = A0, logo A(0) = C exp(0) = A0 ⇒ C = A0, enta˜o A(t) = A0 exp(kt), Se 0,043% dos a´tomos se desintegrou, enta˜o 99, 957% da substaˆncia permaneceu. Sendo assim temos A(15) = 0, 99957A0,logo 0, 99957A0 = A0 exp(15k)⇒ exp(15k) = 0, 99957 Aplicando o logaritmo neperiano em ambos os membros obtemos 15k = ln 0, 99957⇒ k = ln 0, 99957 15 = −0, 00002867. Logo A(t) = A0e −0,00002867t Finalmente a meia-vida e´ o tempo t no qual A(t) = A0 2 . Sendo assim temos A0 2 = A0e −0,00002867t ⇒ 1 2 = e−0,00002867t Aplicando o logartimo neperiano em ambos os membros encontramos ln 0, 5 = −0, 00002867t⇒ t = ln 0, 5−0, 00002867 ≈ 24, 180 anos. Cronologia do Carbono Por volta de 1950, o qu´ımico Willard Libby inventou um me´todo para determinar a idade de fo´sseis usando o carbono radioativo. A teoria da cronologia do carbono se baseia no fato de que o iso´topo do carbono 14 e´ reproduzido na atmosfera pela ac¸a˜o de radiac¸a˜o co´smica no nitrogeˆnio. A raza˜o entre a quantidade de C-14 para carbono ordina´rio na atmosfera parece ser uma constante e, como consequeˆncia, a proporc¸a˜o de iso´topo presente em todos os organismos vivos e´ a mesma proporc¸a˜o da quantidade na atmosfera. Quando um organismo morre, a absorc¸a˜o de C-14, atrave´s da respirac¸a˜o, cessa. Logo, comparando a quantidade proporcional de C-14 presente, digamos, em um fo´ssil com a raza˜o constante encontrada na atmosfera, e´ poss´ıvel obter uma razoa´vel estimativa da idade de um fo´ssil. O me´todo se baseia no conhecimento da meia-vida do carbono radioativo C-14, cerca de 5600 anos. Por esse trabalho Libby ganhou o preˆmio Nobel de qu´ımica de 1960. O me´todo de Libby tem sido usado para datar mob´ılias de madeiras nos tu´mulos eg´ıpcios e os pergaminhos do Mar Morto. Exemplo3: Um osso fossibilizado conte´m 1 1.000 da quantidade original do carbono C-14. Determine a idade do fo´ssil. Soluc¸a˜o: O ponto de in´ıcio e´ novamente A(t) = A0e kt. Para determinar o valor de k,usamos o fato de que A0 2 = A(5.600), ou A0 2 = A0e 5.600t, temos enta˜o 5.600k = ln ( 1 2 ) = − ln 2 4 k = − ln 2 5.600 = −0, 00012378 Logo A(t) = A0e −0,00012378t Quando A(t) = A0 1000 , temos que A0 1000 = A0e −0,00012378t Assim −0, 00012378t = − ln 1000⇒ t = ln 1000 0, 00012378 ≈ 55, 800 anos O resultado do Exemplo3 esta´ no limite de precisa˜o deste me´todo. As te´cnicas do carbono 14 e´ limitada a meia-vida do iso´topo, ou seja cerca de 50.000 anos. Uma raza˜o e´ que a ana´lise qu´ımica necessa´ria para obter uma medida acurada do carbono C-14 remanescente se torna muito sofisticada ale´m do ponto A0 1000 . Tambe´m, essa ana´lise exige a destric¸a˜o de uma grande quantidade de amostra de espe´cimen. Se essa medida fosse feita indiretamente, baseada na radioatividade, seria muito dif´ıcil distinguir a radiac¸a˜o do fo´ssil e da radiac¸a˜o normal de fundo. Atualmente, o uso de um acelerador de part´ıculas tem possibilitado aos cientistas separar o C-14 do esta´vel C-12 diretamente. Calculando o valor preciso da raza˜o de C-14 e C-12, a precisa˜o deste me´todo pode ser estendida a 70.000 − 100.000 anos. Outras te´cnicas isoto´picas, como pota´ssio 40 e argoˆnio 40, podem fornecer datas de va´rios milho˜es de anos. Me´todos na˜o isoto´picos, baseados no uso de aminoa´cidos, algumas vezes tambe´m sa˜o poss´ıveis. Resfriamento A lei de resfriamento de Newton diz que a taxa de variac¸a˜o de temperatura T (t) de um corpo em resfriamento e´ proporcional a` diferenc¸a entre a temperatura do corpo e a temperatura constante Tm do meio ambiente, isto e´, dT dt = k(T − Tm) em que k e´ uma constante de proporcionalidade. Exemplo4: Um bolo e´ retirado do forno, sua temperatura e´ de 3000F. Treˆs minutos depois, sua temperatura passa para 2000F.Quanto tempo levara´ para sua temperatura chegar a 700F, se a temperatura do meio em que ele foi colocado for exatamente 700F? Soluc¸a˜o: Temos que dT dt = k(T − 70), T (0) = 300 A equac¸ao acima e´ separa´vel, logo dT dt = k 1 T−70 , sendo assim
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