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Tipos especiais de arroz Figura 1. Arroz branco, parboilizado e integral. O mercado brasileiro de arroz é ainda pouco diversificado, e prioriza o consumo de arroz branco polido, parboilizado e integral (Figura 1). Este fato pode ser considerado um indicador de que há espaço para crescimento de outras variedades, como alguns tipos especiais de arroz, como o preto, o vermelho e o glutinoso (Figura 2). Atualmente no Brasil, os tipos especiais de arroz são consumidos por nichos específicos de mercado, associados a tradições culturais de alguns povos ou mesmo oferecidos em restaurantes especializados ou étnicos (Planeta Arroz, 2006a). 1 / 7 Tipos especiais de arroz Figura 2. Tipos especiais em avaliação na Epagri: gessado, aromático, vermelho e preto Figura 3. Arroz preto, diferentes formatos de grão. 2 / 7 Tipos especiais de arroz Figura 4. Arroz vermelho, diferentes formatos de grão. A produção destes tipos especiais de arroz é pouco significativa no país, sendo que a maior parte destes tipos é importada para atender a demanda do consumo. Mesmo considerando que os tipos especiais possuem um maior valor agregado, e por conseqüência maior valor de mercado, a produção do mesmo esbarra na baixa produtividade das variedades e no baixo consumo per capita dos mesmos. Neste sentido, o setor dos tipos especiais de arroz vive um dilema: há pouco consumo por haver pouca produção, ou há pouca produção por não haver consumo que a justifique (Planeta Arroz, 2006b). Este quadro tem melhorado em tempos recentes em função de estudos explorados pela mídia especializada em saúde, que demonstraram o alto valor nutritivo e nutracêutico destes tipos especiais de arroz. Além disso, podem ser uma excelente alternativa de renda para pequenas propriedades, predominantes no Estado de Santa Catarina. O arroz preto (Figura 3) pertence à espécie Oryza sativa L., a mesma do arroz branco, e apresenta a casca cor de palha e o pericarpo do grão preto. O arroz preto é originário da China, onde é plantado há mais de 4000 anos, e era conhecido como ‘arroz proibido’, uma vez que seu consumo estava restrito apenas ao imperador chinês (Bastos et al., 2004). Recentemente, o Instituto Agronômico de Campinas lançou uma variedade adaptadas às condições de São Paulo, o IAC 600, caracterizada por sua resistência as doenças, precocidade, excelente qualidade de grão e possível de ser cultivado em áreas alagadas e também de sequeiro (Bastos et al., 2004). Análises realizadas mostraram que o mesmo possui maior quantidade de proteínas, fibras e carboidratos do que o arroz branco e o integral. Entretanto, seu maior trunfo reside na quantidade de compostos fenólicos – poderosos antioxidantes benéficos para a saúde - que é cerca de 10 vezes maior do que no arroz integral, motivo pelo qual sua classificação está sendo pleiteada como alimento funcional (Bastos et al., 2004). Já o arroz vermelho (Figura 4) mais conhecido é a forma espontânea da espécie O. sativa L., 3 / 7 Tipos especiais de arroz tida como planta invasora por causar consideráveis prejuízos às lavouras de arroz branco por competir diretamente com luz, água e nutrientes (Pereira, 2005) e por seu alto grau de degrane natural, acarretando aumento dos custos de produção devido ao custo das práticas adicionais de controle adotadas pelo produtor além do fato das sementes de arroz-vermelho permanecerem viáveis no solo por longo período de tempo, tornando difícil a sua erradicação em áreas infestadas (Noldin et al.,2004). Entretanto, ecótipos com baixo degrane natural são conhecidos e cultivados há milhares de anos em diferentes regiões na Ásia, sendo que alguns deles foram introduzidos no século XVI na região nordeste do Brasil, onde ficou conhecido como arroz de Veneza (Pereira, 2005). A diferença é que, botanicamente, um existe já na forma cultivada, enquanto o outro é uma forma espontânea, ou seja, enquanto o cultivado vem sendo submetido a um longo processo de seleção, o espontâneo continua uma planta silvestre (Planeta Arroz, 2006c). Considera-se ainda que todos os genótipos ancestrais da espécie O. sativa possuíam pericarpo avermelhado, herdado da espécie ancestral O. rufipogon, e que o arroz de pericarpo branco seja uma mutação ocorrida nestes genótipos, a qual tornou-se extensivamente selecionada, de forma que a mesma tornou-se predominante entre as variedades de arroz cultivadas (Pereira et al., 2008). No Brasil, o arroz vermelho é cultivado principalmente na região Nordeste, sendo que sua produção está associada ao hábito alimentar das populações locais que se utilizam de práticas culturais rudimentares, motivo pelo qual a produção é apenas de subsistência (Pereira, 2005). Uma vez que é consumido na forma integral, o arroz vermelho tem maior valor nutricional do que o branco polido, além de propriedades curativas atribuídas ao mesmo pelo conhecimento popular (Pereira, 2005). Segundo o mesmo autor, no Brasil até o momento não há uma variedade moderna de arroz vermelho desenvolvida por programas de melhoramento oficial. Figura 5. Arroz tipo japônico, branco, integral e com casca, para culinária japonesa 4 / 7 Tipos especiais de arroz Figura 6. Arroz gessado de baixa amilose, branco, integral e com casca, uso na culinária japonesa. Figura 7. Jasmine, Empasc 104 e Basmati. O arroz do tipo glutinoso (Figura 5 e 6), com baixo teor de amilose e por conseqüência com alta capacidade de agregação dos grãos entre si, é muito utilizado na culinária oriental, principalmente a japonesa para o preparo de pratos típicos (Figuras 8 e 9). Variedades glutinosas pertencem à espécie O. sativa var. japonica. Visando atender a demanda por tipos glutinosos para o crescente mercado brasileiro, em 2005 o IAC lançou a cultivar IAC 400, específica para a culinária japonesa, com resistência a brusone e produção de grãos similar as variedades do tipo convencional (Bastos et al., 2005). A culinária italiana também se beneficiou deste processo, uma vez que risotos utilizam também tipos com baixo teor de amilose (Vieira et al., 2002), como é o caso dos conhecidos arborio, carnaroli e vialone (Figuras 10, 11 e 12). O arroz aromático, do qual as variedades conhecidas como Basmati e Jasmine (Figura 7) são as mais conhecidas representantes, agrega um conjunto de variedades que produzem altas concentrações de 2-Acetil-1-Pyrroline, o que confere às mesmas um sabor natural amanteigado ou de pipoca de microondas (Bastos et al, 2001). Este tipo de arroz é originário das planícies centrais da Tailândia, onde começou a ser cultivado há mais de 4000 anos. No Brasil, uma variedade aromática foi recentemente lançada pelo IAC e recebeu o nome de IAC 500 (Bastos et al, 2001). 5 / 7 Tipos especiais de arroz Conscientes da tendência atual de consumidores dispostos a adotar novos produtos, algumas indústrias estão realizando investimentos neste sentido, seja pela importação dos produtos desejados pelo mercado, seja na alocação de recursos para pesquisa de novos produtos esistemas de produção (Vieira et al., 2002), tendência da qual pequenos produtores podem se beneficiar em função do alto valor agregado de produtos como os tipos especiais de arroz. A pesquisa no sentido de gerar novas variedades mais produtivas e resistentes se faz, desta forma, imprescindível. Neste sentido, a Epagri vem conduzindo há alguns anos um programa visando selecionar variedades para o mercado dos tipos especiais. Duas linhagens de arroz preto e uma de vermelho oriundos deste programa estão em fase final de avaliação, e mostraram-se promissoras para atender as exigências de qualidade e produtividade, devendo ser disponibilizadas como cultivares em 2012. Também estão sendo avaliadas linhagens glutinosas para culinária japonesa e indústrias de amilose. Referências Bibliográficas BASTOS, R.C. et al. (2004). IAC 600 – cultivar de arroz tipo especial exótico preto. Instituto Agronômico de Campinas. Folder (disponível em HTTP://www.iac.com.br/Cultivares/Folders/Arroz/IAC600.htm, consulta em 12/05/2009) BASTOS, R.C. et al. (2005). IAC 400 – cultivar de arroz tipo especial culinária japonesa. Instituto Agronômico de Campinas. Folder (disponível em HTTP://www.iac.com.br/Cultivares/Folders/Arroz/IAC600.htm, consulta em 12/05/2009). BASTOS, R.C. et al. (2001). IAC 500 – grão aromático e resistência ao acamamento. Instituto Agronômico de Campinas. Folder (disponível em HTTP://www.iac.com.br/Cultivares/Folders/Arroz/IAC600.htm, consulta em 16/05/2009). NOLDIN, J. A., YOKOYAMA, S., STUKER, H., RAMPELOTTI, F.T., GONÇALVES, M.I.F., EBERHARDT, D.S., ABREU, A., ANTUNES, P. e VIEIRA, J.. Desempenho de populações híbridas f2 de arroz-vermelho (Oryza sativa) com arroz transgênico (O. sativa) resistente ao herbicida amonio-glufosinate. 2004. Planta Daninha, v.22, n. 3, p. 381-395. PEREIRA, J. A. (2005). O arroz-vermelho cultivado no Brasil. Teresina: Embrapa Meio-Norte, 1ª Ed. 90p. PEREIRA, J. A., MORAIS, O. P., BRESEGHELLO, F. 2008. Análise da heterose de cruzamentos entre variedades de arroz-vermelho. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.43, n.9, p.1135-1142. 6 / 7 Tipos especiais de arroz PLANETA ARROZ (2006a). Arroz preto, sim, senhor! Planeta Arroz, ano 6, Ed.18 (Maio/2006), p.31-33. PLANETA ARROZ (2006b). Basmati: arroz que vale ouro. Planeta Arroz, ano 7, Ed.20 (Nov/2006), p.35-37. PLANETA ARROZ (2006c). Arroz vermelho: daninha no sul, alimento no norte. Planeta Arroz, ano 5, Ed.17 (Mar/2006), p.35-37. VIEIRA, N. R.DE A., PINHEIRO, B. DA S., GUIMARÃES, E. P. Melhoramento genético para tipos especiais de arroz na America Latina: situação atual e perspectivas. Resumo Expandido. IN: Anais do 1º Congresso da Cadeis Produtiva do Arroz/VII Reunião Nacional de Pesquisa do Arroz-Renapa. Florianópolis/SC, 20 – 23/08/2002, p. 43-46. Voltar 7 / 7
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