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Iremos compreender como o coração se comporta para cumprir sua função de bomba cardíaca, ou seja, iremos estudar o que é sístole e diástole. Iremos entender quais alterações de volume, pressão e sons que ocorrem durante o começo de uma sístole atrial até o final de uma diástole ventricular. Para começarmos a colocar esse coração para funcionar, temos que despolarizá-lo primeiro. Nós iremos avaliar a atividade elétrica do coração, por meio do eletrocardiograma, que registra a atividade elétrica do coração.. Iremos apenas resumir o que são as 3 ondas do eletrocardiograma, pois teremos aula prática só disso. Temos: a onda P (despolarização atrial), o intervalo PQ (é o tempo da passagem do impulso do átrio para o ventrículo), o complexo QRS (despolarização ventricular) e a onda T (repolarização ventricular). Uma vez que esses tecidos são despolarizados vão se contrair, ou se são repolarizados vão se relaxar. Vamos começar no trabalho cardíaco com a onda P, que reflete a despolarização atrial. Uma vez despolarizado, ele se contrai, fazendo a pressão dentro átrio aumentar. Logo após a despolarização atrial, ocorre a contração com o aumento de pressão, formando a onda a (ver gráfico). O sangue que está no átrio vai para o ventrículo, fazendo a pressão ventricular subir também. Os níveis de pressão atrial variam de 0 à 4 mmHg, aproximadamente. Quem é responsável pelo enchimento ventricular? (vamos estudar a curva de volume ventricular) Antes do átrio contrair e se despolarizar, o ventrículo tinha algo entorno de 100 ml No momento em que o átrio se contraiu, o sangue chegou a valores próximos de 130 ml de sangue. Quando o átrio se contraiu, o ventrículo não estava vazio; essa é a primeira informação que nós temos, ou seja, a contração atrial não foi responsável pelo enchimento do ventricular. Analisando a curva de volume ventricular para atrás da contração atrial, temos que o momento em que houve maior enchimento do ventrículo foi durante o relaxamento ventricular. Existe um período no qual as 4 cavidades estão relaxadas, nesse instante, o sangue que chega pela veias cavas e pulmonares (mediante retorno venoso) passa direto pelos átrios e caí no ventrículo. Esse enchimento que advém do retorno venoso é chamado de enchimento rápido . Então, primeiro o ventrículo relaxou, o sangue que estava no átrio, desceu (enchimento rápido). Depois têm a fase de enchimento lento (diástase). A terceira fase do enchimento ventricular é a contração atrial, que finaliza o processo de enchimento ventricular. Então, o enchimento ventricular possui a fase de enchimento rápido, lento (diástase) e a contração atrial. Se um indivíduo deixar de ter a sístole atrial, ele vai morrer? Não, pois a sístole atrial não é a grande responsável pelo enchimento ventricular. Todavia, se o indivíduo tiver uma fibrilação atrial, o grande perigo é essa fibrilação descer para o ventrículo, o que pode ocasionar óbito. A função do átrio é a de armazenar sangue, ou seja, durante a sístole ventricular as válvulas atrioventriculares estão fechadas, fazendo com que o sangue seja armazenado, o que será responsável pelo enchimento rápido no começo do relaxamento ventricular quando as válvulas forem abertas. Depois a quantidade de sangue diminui (enchimento lento-diástase) e, por fim, ocorre a contração atrial sendo responsável pelo término do enchimento ventricular. Como o gradiente de pressão é maior no átrio, o sangue é deslocado rapidamente no período de enchimento rápido. Na despolarização ventricular (contração), a pressão começa a subir, a valva mitral se fecha e dar uma pressurizada mínima no átrio, que é responsável pela onda c.E, por fim, a onda v que acontece quando o átrio se enche durante a sístole ventricular (valvas atrioventriculares fechadas). O ventrículo vai gerar uma pressão de 0 à 80 mm Hg sem ejetar nada de sangue, ou seja, a gente não vê alteração de volume no ventrículo, que é chamada de contração isovolumétrica. Isso acontece porque a pressão no ventrículo têm que ser maior que na aorta. No momento, em que a pressão no ventrículo fica maior que na aorta, o sangue começa a ser deslocado (fase de ejeção). A medida que o sangue vai para a aorta, a pressão dela vai subir também, sendo que quase ficam iguais, pois o sangue está circulando em um mesmo compartimento (valva aórtica está aberta). No momento em que começamos a ter a repolarização, o ventrículo vai se relaxando, fazendo com que a pressão volte a cair. Quando a pressão do ventrículo começa a cair, já temos um enchimento ventricular? Não, o ventrículo só começará a receber sangue do átrio, quando a sua pressão for menor que a do átrio. Depois da ejeção de sangue, a válvula aórtica se fecha, o ventrículo continua relaxando sem receber sangue, sendo que essa fase é conhecida como relaxamento isovolumétrico, que é um parâmetro para se avaliar a função cardíaca. Quando começa a vir sangue do átrio para o ventrículo? No momento em que a pressão atrial for maior que a ventricular (gradiente de pressão).Indicando o início da fase de enchimento ventricular. Então a sístole ventricular vai do início do QRS até o início do relaxamento isovolumétrico, quando se inicia a diástole. Logo, a diástole se inicia no relaxamento do ventrículo. O ventrículo saiu de uma pressão de 0 para uma de 120 mmHg, ou seja, a pressão sistólica do ventrículo é 120; e a pressão diastólica é de 0. Durante a sístole, a aorta chegou a uma pressão próxima de 120 mmHg, mas quando o ventrículo relaxou, a pressão aórtica diminuiu. No momento que a pressão do ventrículo fica menor que a da aorta, o sangue tende a voltar para o ventrículo, mas o sangue não volta para o ventrículo por causa da válvula aórtica. Na hora que o sangue tenta voltar para o ventrículo a válvula aórtica impede. Todavia, o sangue faz força para voltar, fazendo pressão na aorta, tendo como consequência a formação da onda dicrótica. No momento em que se inicia a diástole ventricular, a pressão na aorta vai caindo, porque o sangue escoa para a periferia; e essa pressão vai caindo até o sistema arterial receber uma nova carga, fazendo a pressão subir de novo. Prestemos atenção que, em decorrência da sístole ventricular, a pressão na artéria chega a 120 mmHg e ao final da diástole ventricular, a pressão na aorta tende a ficar próximo de 80 mmHg, ou seja, varia entre 80 e 120 mmHg. Então, vimos que o coração tem que gerar uma pressão superior a pressão da aorta ao final da diástole para que ele consiga ejetar sangue. Portanto, esse coração está tendo que gerar uma pressão de 80 mmHg para conseguir ejetar sangue. Suponhamos que tenhamos um indivíduo com a pressão aórtica de 140 por 100 (hipertenso), o que isso quer dizer? Isso nos diz que o ventrículo terá gerar uma pressão de 100 para começar a ejetar, causando uma sobrecarga, enquanto o coração estiver saudável, esse indivíduo irá conseguir fazera ejeção, porém no decorrer de anos fazendo esse esforço adicional, o músculo irá hipertrofiar; e pode evoluir para uma cardiopatia dilatada. Vamos agora dar uma atenção para o volume ventricular. No começo da diástole, o ventrículo já partiu de um volume de sangue de 50 ml, ou seja, quando o ventrículo se contrai, ele não expulsa 100% do seu sangue, fazendo com que ao final da sístole ainda fique uma quantidade de sangue. Então, nós temos 3 volumes que é importante nós sabermos. Primeiro, ao final da diástole iremos ter Xml, que é chamado de volume diastólico final (VDF); segundo, o volume que fica no ventrículo ao final da sístole, é chamado de volume sistólico final (VSF); e, terceiro, a diferença entre o VDF e o VSF, que nos dará o volume sistólico (VS), que é um importante parâmetro de avaliação da função cardíaca, ou seja, da capacidade de ejeção de sangue. O parâmetro que usamos para avaliar a ejeção (um dos principais parâmetros para avaliarmos insuficiência cardíaca) é a fração de ejeção, que é o VS dividido pelo VDF multiplicado por 100 para obtermos a porcentagem. Os valores normais variam de 50-60%; abaixo de 45% começamos a ter valores de disfunção cardíaca. Para terminarmos o gráfico, veremos os sons cardíacos(bulhas cardíacas). Normalmente, temos 4 bulhas cardíacas, mas duas delas nem sempre são audíveis. O que causa o som no coração? A abertura e o fechamento das válvulas gera um turbilhonamento de sangue em determinados compartimentos, que gera um barulho, que gera um som. A primeira bulha é a sistólica que acontece no momento de fechamento da válvula mitral. No momento em que o sangue ejetado para as artérias pulmonar e aorta tenta voltar, as semilunares se fecham, gerando um turbilhonamento na raiz dessas artérias, gerando a segunda bulha, que acontece juntamente com a onda dicrótica. A terceira bulha, que é difícil de ser auscultada, que ocorre ao final do enchimento ventricular, gerada pelo turbilhonamento do sangue que vai para o ventrículo.Também temos a quarta bulha, que também é fisiológica, que nem sempre é auscultada, e é decorrente da contração atrial. Temos os sopros cardíacos, quando, por exemplo, um folheto da mitral fica insuficiente(prolapsa), fazendo com que o sangue que deveria ficar todo no ventrículo tenha um refluxo para o átrio. O sopro vai se dar por dois processos patológicos independente das válvulas: estenose (estreitamento da válvula) e insuficiência das válvulas. Toda a alteração de pressão e volume que acontece no ventrículo esquerdo pode ser resumido no gráfico abaixo, que é chamado de loop pressão por volume. De A-C, temos a fase de enchimento ventricular. De A-B, temos que a pressão fica reduzida. A onda perto do ponto C representa a contração atrial. De C-D, temos o aumento súbito de pressão, que é chamada de contração isovolumétrica (só vai ejeção quando a pressão do ventrículo for maior que da aorta. De D-F, temos a ejeção do sangue, porém inicialmente, temos uma fase de D-E (ejeção rápida), que é quando a ejeção está associada à aumento de pressão, mas depois temos uma redução da pressão de E-F(ejeção lenta), que representa que o nível de encurtamento do ventrículo alcançou o limite e, por isso, há uma queda de pressão. De F-A, temos o relaxamento isovolumétrico, que representa um relaxamento sem alteração de volume. O ponto C representa o volume diastólico final, que é ponte de maior volume. O volume sistólico final é representado pelo ponto F e A. O volume sistólico é o VDF-VSF e a fração de ejeção é (VS x 100)/VDF para termos a porcentagem. A área do gráfico representa o trabalho cardíaco. A diástole começa no relaxamento do músculo. Débito cardíaco é quantidade de sangue que o coração ejeta por minuto, ou seja, frequência cardíaca multiplicada pelo volume sistólico. Quais são os mecanismos que regulam o débito cardíaco ?São os mecanismos que regulam a frequência ou o volume sistólico. Diversos hormônios (ex: hormônio tireoidiano regula a frequência) e situações regulam a frequência cardíaca. O sistema nervoso autônomo atua no nodo sinoatrial para ajustar a frequência cardíaca momento a momento. Em que momento nós vamos ter modulação do sistema nervoso autônomo para regular a frequência cardíaca? Quando temos ajuste do barorreflexo, do reflexo de bainbridge e ajustes do sistema respiratório. Vamos começar entendendo a inervação autonômica do coração. Os livros antigos dizem que o simpático envia projeções neurais para todo o coração, enquanto que o parassimpático (feixes do nervo vago X par) envia projeções só para os nodos ( sinoatrial e atrioventricular), logo, segundo essa definição ultrapassada, o parassimpático não modula a força de contração, pois não inerva o ventrículo (errado). Os trabalhos mais atuais mostram terminações colinérgicas no ventrículo, portanto, o parassimpático também modula a força de contração ventricular. O ramo do nervo vago direito inerva prioritariamente o nodo sinoatrial; enquanto que o do lado esquerdo inerva principalmente o nodo atrioventricular. Em condições basais quando a gente têm uma modulação do parassimpático (núcleo dorsal motor do nervo vago), iremos ver sinais iguais tanto do lado direito, quanto do esquerdo. Uma patologia que faça com que haja uma hiperestimulação de apenas (direito ou esquerdo) um nervo (ex: tumor), pode ter algumas alterações funcionais. Se hiperestimularmos o vago direito, iremos ter uma bradicardia. Se hiperestimularmos o vago esquerdo, iremos ter um aumento do intervalo PQ (ver o eletrocardiograma). Esse aumento no intervalo PQ é chamado de bloqueio atrioventricular de primeiro grau. Se esse problema se agravar e impedirmos que essa célula se despolarize com a chegada de um primeiro estímulo, fazendo com que ela só se despolarize com a chegada de um segundo estímulo, ou seja, teremos duas ondas P para um QRS. Isso é chamado de bloqueio atrioventricular de segundo grau. A desorganização completa entre a onda P e o QRS é chamado de bloqueio atrioventricular de terceiro grau.
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