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15/09/2014 1 Comunicações Intercelulares Prof. Kliger Rocha Objetivos desta aula • Compreender que as células interagem entre si através de sinais (estímulos); • Entender que as atividades celulares são induzidas por substâncias indutoras; • Diferenciar os tipos de comunicações intercelulares; • Conhecer os diferentes receptores proteicos: citosólicos e de membrana celular; • Relacionar a natureza química do ligante com seu tipo de receptor proteico; • Compreender a forma de indução mediada em receptores citosólicos e por receptores de membrana celular; • Identificar as vias de sinalizações intracelulares promovidas pelos receptores de membrana celular. Comunicações entre células para manter a homeostase (Complexidade) 15/09/2014 2 v Definição de Comunicações Celulares Habilidade das células receberem e reagirem a sinais. Sinais detectados por receptores específicos e convertidos em uma resposta celular Transdução de Sinal Processo pelo qual uma energia se transforma em outra de natureza diferente. 15/09/2014 3 Para que entender Sinalização Celular? • A habilidade que as células possuem em perceber e corretamente responder ao seu ambiente envolvente, forma a base do desenvolvimento, da reparação de tecidos, da imunidade e de outras funções de homeostasia em tecidos. Erros existentes no processamento de informação celular são responsáveis por doenças como a autoimunidades e diabetes. Para que entender Sinalização Celular (SC)? • A SC faz parte de um complexo sistema de comunicação que governa e coordena as atividades e funções celulares.. • Visão, olfato, resposta a hormônios, estímulos ambientais... • Importância Biomédica: toxinas e drogas, câncer, doenças (difteria, cólera), desenvolvimento de medicamentos... Para que entender Sinalização Celular (SC)? • Ao se entender melhor os processos de sinalização celular, muitas doenças poderão ser tratadas de maneira mais eficaz e, em teoria, tecidos artificiais poderão ser fabricados. • Em muitos mamíferos, as células embrionárias trocam sinais com as células do útero. • No trato gastrintestinal humano bactérias trocam sinais entre si e com células epiteliais e do sistema imunitário. Origem e evolução da Comunicação Celular • Condição Primitiva Reação aos estímulos do ambiente: – Orientação a fonte de nutrientes – Comunicação entre os indivíduos unicelulares • Condição Secundária Integridade funcional entre células (pluricelulares): – Comunicação entre células diferenciadas. – Distâncias variadas (µm a m). – Tempos variados. 15/09/2014 4 Na reprodução enviam sinais peptídicos (fatores de conjugação) para o meio ambiente onde se encontram. Estes fatores ligam-se a receptores da superfície celular induzindo a reprodução. * Diferencia-se Sinalização Celular: resposta da célula a estímulos Ligante Receptor desencadeia Eventos intracelulares provocam Comportamento da célula Morte celular programada Sobrevive Prolifera Sinalização • Célula sinalizadora produz molécula sinal: – Proteínas, ácidos graxos, esteróides, nucleotídeos, peptídeos, gases. – Sinal secretado, difundido ou exposto ao meio extracelular. • Célula alvo tem o receptor específico – Receptor – proteína transmembrana; – Sinal a baixa concentração; – Extracelular ou intracelular; – Resposta pode ser em cascata ao sinal. Sinalização • Os sinais podem ser endógenos (causada por fatores dentro do organismo) e exógenos (causada por fatores fora do organismo). • Cada célula é programada a responder sinais específicos. • Alguns sinais quando combinados produzem uma resposta celular diferente. • Células distintas podem ter respostas distintas ao mesmo sinal ou molécula sinalizadora. 15/09/2014 5 15/09/2014 6 Receptores • Através dos receptores, a célula restringe a gama de sinais que podem afetá-la. • Gama de sinais pode ser utilizada para controlar o comportamento da célula de forma complexa. CÉLULA HIPOTÉTICA com seus receptores Receptores para muitos hormônios peptídicos, fatores de crescimento, e hormônios derivados de aminoácidos (epinefrina) Receptor do hormônio da tireóide Hormônio Receptor do hormônio esteróide Citoplasma Memb. Plas. Núcleo Outro hormônio esteróide ligado ao seu receptor específico Princípios Gerais da Comunicação • Alta complexidade; • Não-linearidade; • Ação integradora; • Receptores específicos porém variados. 15/09/2014 7 Passos da Comunicação Intercelular Características da Transdução de Sinal Sinalização Celular Moléculas Sinalizadoras (ligantes) 1. Lipossolúveis: • Hormônio esteróide; • Hormônio tireoidiano; • Vitamina D3; • Ac. Retinóico; • Óxido Nítrico. 2. Hidrossolúveis: • Neurotransmissores; • Citocinas; • Fatores de crescimento; • Agentes bacterianos. Receptores 1. Intracelulares Ligantes atravessam a membrana plasmática para reagirem com receptores no citosol. Tem ação mais prolongada. 2. De Superfície da MP a) Associados a canais iônicos; b) Associados a Proteína G; c) Enzimáticos. 15/09/2014 8 Lipossolúvel- intracelular Hidrossolúvel de superfície A. Associado a Canal iônico B. Associado a Proteína G Formas de Comunicação Celular • Química: a mais abundante e diversificada – Contato-dependente (junções abertas); – Autócrina e parácrina; – Endócrina (hormônio); – Nervosa (neurotransmissor). • Elétrica: restrita às células eletricamente excitáveis. Típico em resposta imune e desenvolvimento celular. 15/09/2014 9 Parácrina é típico de resposta inflamatória. O que é a inflamação? • Processo dinâmico e complexo iniciado pelo organismo em resposta à lesão tecidular ou infecção. • Pode ter sinalização celular endógena e exógena. • Características: – Aumento do fluxo de sangue; – Ativação de mecanismos de defesa (recrutamento de leucócitos; secreção de citocinas TNF-α, IL-1β, interleucina-8, proteínas ativadoras de neutrófilos). • Efeitos: – Vasodilatação – Edema – Hipertermia – Dor Sinais indutores da inflamação • Os agentes indutores ou sinais iniciadores de uma resposta inflamatória podem ser exógenos ou endógenos. • Os indutores exógenos podem ser classificados em dois grupos: microbianos e não-microbianos. • O grupo de indutores microbianos compreende os fatores de virulência e os padões moleculares associados aos patógenos que são reconhecidos pelos receptores, enquanto o grupo não microbiano inclui alergenos, irritantes, corpos estranhos e componentes tóxicos. • Os indutores endógenos da inflamação são sinais produzidos por células do próprio hospedeiro em estresse, danificados ou em mau funcionamento. Óxido Nítrico como sinalizador • Radical livre de meia-vida. • Participa de diversos processos biológicos: – Regulação dos vasos sanguíneos; – Neurotransmissão; – Apoptose (morte celular); – Inflamação. • Na inflamação o óxido nítrico: – É um potente vasodilatador; – É relaxante muscular; – Reduz a agregação e adesão de plaquetas; – Inibe os mastócitos induzidos pela inflamação; – Regulador do recrutamento de leucócitos. 15/09/2014 10 Classificação dos Hormônios • Quimicamente são classificados em: –Hormônios protéicos (hidrossolúveis) –Hormôniosesteróides (lipossolúveis). 15/09/2014 11 Classificação dos Hormônios • Os hormônios protéicos combinam-se geralmente com sítios de receptores localizados sobre a membrana plasmática. A interação do hormônio com o seu receptor estimula a produção de um segundo mensageiro, como a adenosina monofosfato cíclica (AMPc), que ajuda a ativar enzimas celulares amplificando o sinal. • Os hormônios esteróides são lipossolúveis e por isso passam através da membrana plasmática da célula-alvo e se ligam aos receptores intracelulares. Quando em receptores do núcleo, o complexo esteróide- receptor estimula a síntese de proteínas. Hormônios são Sinais em Tecido-Alvo • O tecido-alvo ou orgão-alvo pode estar localizado próximo ou distante da glândula endócrina. • Alguns hormônios (hormônio da tireóide e a insulina) possuem mais de um tecido-alvo, portanto tem efeitos de forma difusa ou generalizada. • O hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) tem somente um órgão- alvo, o córtex da supra-renal. Mecanismos de Sinalização Endócrina: hormônios protéicos e hormônio esteróides 15/09/2014 12 15/09/2014 13 A aceltilcolina (Ach) • É liberado na corrente sangüínea pela ação dos nervos do Sistema Nervoso Autônomo. • Os receptores neuronais de acetilcolina estão distribuídos quer no sistema nervoso central quer no sistema nervoso periférico onde funcionam tanto canais iônicos (dependente de ligante). Os receptores de acetilcolina são divididos em duas classes: – Receptores nicotínicos - ionotrópicos - funcionam por abertura rápida do canal iónico – Receptores muscarínicos - metabotrópicos - associado a uma proteína G Receptores nicotínicos • Receptores nicotínicos: são canais iônicos controlados por ligantes pelo mecanismo de portões e sua ativação leva a um rápido aumento na permeabilidade celular ao Na+ e K+, despolarização e excitação (abertura rápida do canal iônico). • Os receptores nicotínicos são proteínas pentaméricas compostas por, no mínimo, duas subunidades distintas (α e β). • Estes receptores são encontrados na periferia e na junção neuromuscular e na sinapse ganglionar, e também no cérebro, local onde a ACh é um neurotransmissor. 15/09/2014 14 Receptores muscarínicos • Receptores muscarínicos: estes são metabotrópicos e encontram- se associados a uma proteína G. • Cinco subtipos de receptores muscarínicos foram detectados por clonagem molecular. Todavia, os receptores definidos farmacologicamente através da ação de antagonistas são três apenas (M1, M2 e M3). • Os receptores M1 são encontrados nos gânglios autônomos, em neurônios do sistema nervoso central e nas células parietais gástricas e aparentemente medeiam os efeitos excitatórios da ACh. Esta excitação é gerada por redução na condutância ao K+ e pela inibição dos canais de cálcio. • Os receptores M2 e M3 localizam-se nas glândulas secretoras, músculo liso e no sistema nervoso central. Relacionam-se com os efeitos excitatórios da ACh. O sinal da ACh tem ações diferentes em diferentes tecidos. 1. Na célula do músculo cardíaco 2. Na célula da glandula salivar 3. Na célula do músculo esquelético Acetilcolina Receptor de Acetilcolina Diminui a taxa e força de contração Secreção Aumenta a contração pode ocorrer um aumento no efeito de um fármaco em consequência de um aumento na concentração do ligante ou do receptor. A resposta a um fármaco é proporcional à concentração de receptores que estão ligados (ocupados) pelo fármaco. Agonista e Antagonista • Um agonista é uma molécula que se liga a um receptor e o estabiliza numa determinada conformação (habitualmente na conformação ativa). Quando ligado por um agonista, um receptor típico tem mais tendência a encontrar-se na sua conformação ativa do que na sua conformação inativa. • Um fármaco que, através de sua ligação a seu receptor, favorece a conformação ativa deste receptor é denominado agonista; por outro lado, um fármaco que impede a ativação do receptor pelo agonista é designado como antagonista. • Um antagonista é uma molécula que inibe a ação de um agonista, mas que não exerce nenhum efeito na ausência do agonista. 15/09/2014 15 15/09/2014 16 15/09/2014 17 15/09/2014 18 15/09/2014 19 15/09/2014 20 Apoptose: morte celular programada • Há uma fragmentação do DNA dos Cromossomos, um rompimento da estrutura organelar e perda da forma normal da célula (as células apoptóticas tornam-se esféricas). • As células se partem em pequenos fragmentos celulares (corpos apoptóticos), que são fagocitados por células removedoras móveis (macrófagos). • A apoptose é mediada por uma cascata de eventos proteolíticos que ativam enzimas (Caspases) direcionadas para destruir vários componentes celulares importantes. • Caspases: Proteases específicas de aspartato contendo cisteínas. Em células normais estão presentes em estado inativo (Zimogênio). Na apoptose, as caspases são ativadas e passam a degradar as proteínas-alvo. • Entretanto, Mesmo existindo Sistemas de Sinalização Celular e Intercelular que avisam para que estas proliferem ou parem o ciclo celular e para que iniciem ou retardem a autodestruição, ocorrem erros. E esses podem levar ao CÂNCER. Esquema de Apoptose Apoptose em Hepatite Viral A apoptose pode acontecer pela via intrínseca ou via extrínseca Agente químico, físico ou biológico provoca dano no DNA VIA EXTRÍNSECA VIA INTRÍNSECA Ligante da apoptose Receptor da apoptose Apoptose 15/09/2014 21 Apoptose • A via extrínseca é desencadeada pela ligação de ligantes específicos a um grupo de receptores da família TNF que ficam na membrana plasmática como proteínas transmembrana. Eles possuem um domínio extracelular de ligação e um domínio de morte intracelular. A ligação com esse domínio extracelular é capaz de ativar a cascata das caspases. • A via intrínseca é ativada por estresse intracelular ou extracelular como a privação de fatores de crescimento, danos no DNA, hipóxia ou ativação de oncogenes. Os sinais que são induzidos em resposta a estes estresses afetam principalmente a mitocôndria. Inúmeros estudos sobre apoptose apontam a mitocôndria como o principal mediador desse tipo de morte. No caso dessa via, o citocromo c sai da membrana da mitocôndria e liga-se à Apaf1 (proteína adaptadora de ativação da procaspase). Via Extrínseca Via Intrínseca VIA INTRÍNSECA DA APOPTOSE • Outra família de proteínas envolvida na apoptose é da Bcl-2 (dispersas no citoplasma ou aderidas na membrana da mitocôndria) e é a principal classe de reguladores intracelulares da apoptose, principalmente pelo controle da liberação do citocromo c e de outras proteínas intermembranas mitocondriais no citosol. • Podem ser: (I) Antiapoptóticas - inibem a apoptose bloqueando a liberação das proteínas intermembranas da mitocôndria. Ex.: Bcl-2 e Bcl-xL ou • (II) Proapotóticas - promovem a apoptose por causarem o aumento da liberação das proteínas intermembranas mitocondriais. Ex.: Bax e Bak; Bad, Bim, Bid, Puma e Noxa 15/09/2014 22 Apoptose x Necrose CARACTERÍSTICAS APOPTOSE NECROSE SINALIZAÇÃO CELULAR Fisiológicas (via intrínseca e via extrínseca)* Patológicas OCORRÊNCIA Células isoladas Grupos de células FAGOCITOSE Presente Ausente REAÇÃO INFLAMATÓRIA Ausente Presente LIBERAÇÃO DE ENZIMAS LIPOSSOMAIS AusentePresente GASTO DE ENERGIA Presente Ausente Exemplos de onde ocorre Apoptose: • Desenvolvimento embrionário: formação das mãos, olhos, formação dos ovócitos, sistema nervoso... • Infância: Desenvolvimento do sistema imunológico; • Adolescência: menstruação; • Vida toda: renovação das células da pele, intestino... • Mãe: no parto, há a redução do útero; redução da mama após a amamentação. • Mulher: câncer de mama; • Idoso: doença de Alzheimer; • Morte: infarto no miocárdio. O câncer pode ser definido como crescimento tecidual • O câncer é resultante do desequilíbrio entre proliferação celular e apoptose, ou morte celular programada. • Esse desequilíbrio é secundário a uma série de alterações genéticas ou epigenéticas (mutações), a maioria delas de natureza somática (adquirida). • A comunicação entre duas ou mais células é mediada por moléculas que atuam em células-alvo localizadas à distância (comunicação endócrina) ou na sua vizinhança (comunicação parácrina); em alguns casos, a mesma célula é a emissora e a receptora do sinal bioquímico (comunicação autócrina). 15/09/2014 23 Câncer na célula • Além dos processos extracelulares de comunicação, inúmeros processos intracelulares coletivamente denominados “transdução de sinal” - ou “vias de sinalização” – são desencadeados. • A interação entre moléculas mensageiras (os chamados ligantes) e receptores específicos localizados na célula-alvo. • Esses receptores podem estar localizados na membrana celular – no caso de ligantes hidrofílicos como glicoproteínas e catecolaminas –, ou então no interior da célula – no caso de ligantes lipofílicos como esteróides e retinóides. Vias de Transdução de Sinal Ativadas por Dano no DNA A Proteína p53 está mutada em 50% dos cânceres humanos • Controla a transcrição de um grande número de genes. • Necessária para a apoptose após danos no DNA. • Importante na manutenção da estabilidade do genoma. Dano no DNA p53 Reparo do DNA Apoptose p21 Suspensão do Ciclo Celular Manutenção da integridade genômica p53 Normal p53 Anormal Tratamento por vetor viral Dano no DNA Dano no DNA Vírus infecta células Vírus se reproduz apenas nas células tumorais p53 causa apoptose Células do tumor proliferam Células do tumor morrem p53 ativo p53 inativo 15/09/2014 24 Questões 5. Como a interação molecular de um fármaco com o seu receptor determina a sua potência e eficácia? 6. Quais as propriedades de certos fármacos, como a aspirina, que permitem a sua administração sem monitoração dos níveis plasmáticos do fármaco, enquanto outros fármacos, como a heparina, exigem esse tipo de controle? 7. Por que o fato de um fármaco ter baixo índice terapêutico significa que o médico deve ter maior cuidado na sua administração? Questões 8. Explique a sinalização da apoptose como um processo de homeostasia. 9. Explique a relação do câncer com a apoptose celular. 10. Explique a inflamação como um processo de sinalização celular. 11. Explique os efeitos de hormônios protéicos e esteróides no corpo pelas sinalização celular. 15/09/2014 25 Questões 12. Explique a relação entre tipos de moléculas sinalizadoras condicionando os tipos de receptores na sinalização celular.
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