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Problema 1 1. Listar os principais estressores extrínsecos e intrínsecos celulares e descrever seus mecanismos de ação. Patologia básica – cap 1 Normalmente, as células mantêm um estado normal chamado homeostasia, no qual o meio intracelular é mantido dentro de uma faixa razoavelmente estreita dos parâmetros fisiológicos. Quando encontram um estresse fisiológico ou um estímulo patológico, podem sofrer uma adaptação, alcançando um novo estado constante, preservando sua viabilidade e função. As principais respostas adaptativas são hipertrofia, hiperplasia, atrofia e metaplasia. Se a capacidade adaptativa é excedida ou se o estresse externo é inerentemente nocivo, desenvolve-se a lesão celular. Dentro de certos limites, a lesão é reversível e as células retornam a um estado basal estável; entretanto, um estresse grave, persistente e de início rápido resulta em lesão irreversível e morte das células afetadas. A morte celular é um dos eventos mais cruciais na evolução da doença em qualquer tecido ou órgão. É resultante de várias causas, incluindo isquemia (redução do fluxo sanguíneo), infecções, toxinas e reações imunes. A morte celular constitui também um processo essencial e normal na embriogênese, no desenvolvimento dos órgãos e na manutenção da homeostasia. Causas da lesão celular As causas da lesão celular variam de trauma físico grosseiro de um acidente de automóvel a defeito em um único gene que resulta em uma enzima defeituosa, caracterizando uma doença metabólica específica. A maioria dos estímulos nocivos pode ser agrupada nas seguintes categorias: I. Extrínseco Privação de Oxigênio A hipóxia, ou deficiência de oxigênio, interfere com a respiração oxidativa aeróbica e constitui uma causa comum e extremamente importante de lesão e morte celulares. A hipóxia pode ser distinguida da isquemia, que é a perda do suprimento sanguíneo em um tecido devido ao impedimento do fluxo arterial ou à redução da drenagem venosa. Enquanto a isquemia é a causa mais comum de hipóxia, a deficiência de oxigênio pode resultar também da oxigenação inadequada do sangue, como na pneumonia, ou por redução da capacidade do sangue em transportar oxigênio, como na anemia ou envenenamento por monóxido de carbono (CO). (O CO forma um complexo estável com a hemoglobina que impede a ligação ao oxigênio.) Agentes Químicos Enorme número de substâncias químicas que podem lesar as células é amplamente conhecido; mesmo substâncias inócuas, como glicose, o sal ou mesmo água, se absorvidas ou administradas em excesso podem perturbar o ambiente osmótico, resultando em lesão ou morte celular. Os agentes comumente conhecidos como venenos causam severos danos em nível celular por alterarem a permeabilidade da membrana, a homeostasia osmótica ou a integridade de uma enzima ou cofator. A exposição a esses venenos pode culminar em morte de todo o organismo. Outros agentes potencialmente tóxicos são encontrados diariamente no nosso ambiente; eles incluem poluentes do ar, inseticidas, CO, asbesto e os “estímulos” sociais, como o álcool. Mesmo as drogas terapêuticas podem causar lesão à célula ou ao tecido em paciente suscetível ou se usadas de modo excessivo ou inapropriado. Até mesmo o oxigênio em altas pressões parciais é tóxico. Agentes Infecciosos Esses agentes variam desde vírus submicroscópicos a tênias grandes; entre eles estão as riquétsias, as bactérias, os fungos e os protozoários. Reações Imunológicas Embora o sistema imune defenda o corpo contra micróbios patogênicos, as reações imunes podem também resultar em lesão à célula ou ao tecido. Os exemplos incluem as reações autoimunes contra os próprios tecidos e as reações alérgicas contra substâncias ambientais, em indivíduos geneticamente suscetíveis. Desequilíbrios Nutricionais As deficiências nutricionais permanecem como a principal causa de lesão celular. As deficiências proteico-calóricas entre as populações desfavorecidas é o exemplo mais óbvio; as deficiências de vitaminas específicas não são incomuns, mesmo em países desenvolvidos com alto padrão de vida. Ironicamente, os excessos nutricionais são também causas importantes de morbidade e mortalidade; por exemplo, a obesidade aumenta consideravelmente o risco para diabetes melito tipo 2. Além disso, as dietas ricas em gordura animal estão fortemente implicadas no desenvolvimento da aterosclerose, como também na vulnerabilidade aumentada a muitas desordens, incluindo o câncer. Agentes Físicos O trauma, os extremos de temperatura, a radiação, o choque elétrico e as alterações bruscas na pressão atmosférica exercem profundos efeitos nas células. II. Intrínseco Fatores Genéticos As anomalias genéticas resultam em alterações patológicas tão grosseiras como nas malformações congênitas associadas com a síndrome de Down ou tão sutis como a substituição de um único aminoácido na hemoglobina S originando a anemia falciforme. Os defeitos genéticos causam lesão celular por causa da deficiência de proteínas funcionais, como os defeitos enzimáticos nos erros inatos do metabolismo ou a acumulação de DNA danificado ou proteínas mal dobradas, ambos disparando a morte celular quando são irreparáveis. As variações genéticas (polimorfismos) podem influenciar também a suscetibilidade das células a lesão por substâncias químicas e outras lesões ambientais. Envelhecimento A senescência celular leva a alterações nas habilidades replicativas e de reparo das células e tecidos. Essas alterações levam à diminuição da capacidade de responder ao dano e, finalmente, à morte das células e do organismo. Mecanismos da lesão celular Os mecanismos biológicos que ligam determinada lesão com as manifestações celulares e tissulares resultantes são complexos, interconectados e intimamente intercombinados com muitas vias metabólicas intracelulares. Contudo, vários princípios gerais são relevantes para a maioria das formas de lesão celular: A resposta celular ao estímulo nocivo depende do tipo de lesão, sua duração e sua gravidade. Assim, pequenas doses de toxina ou breves períodos de isquemia podem levar a lesão celular reversível, enquanto altas doses de toxina ou isquemia mais prolongada podem resultar em lesão celular irreversível e morte celular. As consequências de um estímulo nocivo dependem do tipo, status, adaptabilidade e fenótipo genético da célula lesada. A mesma lesão gera diferentes resultados dependendo do tipo celular; O estado nutricional ou hormonal também pode ser importante; evidentemente, um hepatócito repleto de glicogênio poderá tolerar a isquemia muito melhor do que um hepatócito que tenha acabado de consumir sua última molécula de glicose. A diversidade geneticamente programada nas vias metabólicas também contribui para as diferentes respostas aos estímulos. Por exemplo, quando expostos à mesma dose de uma toxina, os indivíduos que herdam variantes nos genes que codificam o citocromo P-450 podem catabolizar a toxina em diferentes taxas, levando a diferentes resultados. A lesão celular resulta de alterações bioquímicas e funcionais em um ou mais dos vários componentes celulares essenciais (Fig. 1-14). Os alvos mais importantes dos estímulos nocivos são: (1) as mitocôndrias e sua habilidade em gerar ATP e ERO em condições patológicas; (2) desequilíbrio na homeostasia do cálcio; (3) danos às membranas celulares (plasmática e lisossômica) e (4) danos ao DNA e ao dobramento das proteínas. As múltiplas alterações bioquímicas podem ser disparadas por qualquer lesão nociva. É difícil determinar qualquer mecanismo a uma lesão ou situação clínica em particular na qual a lesão celular seja proeminente. Depleção de ATP O ATP, o estoque de energia da célula, é produzido principalmente por fosforilação oxidativa do difosfato de adenosina (ADP) durante a reduçãodo oxigênio no sistema de transporte de elétrons das mitocôndrias. Além disso, a via glicolítica pode gerar ATP, na ausência de oxigênio, usando a glicose derivada a partir da circulação ou a partir da hidrólise do glicogênio intracelular. As principais causas de depleção de ATP são a redução do suprimento de oxigênio e nutrientes, o dano mitocondrial e as ações de algumas toxinas (p. ex., cianeto). O fosfato de alta energia, na forma de ATP, é necessário para virtualmente todos os processos de síntese e degradação dentro da célula, incluindo o transporte de membrana, a síntese de proteínas, a lipogênese e as reações de diacilação-reacilação, necessárias para a renovação dos fosfolipídios. A depleção significativa de ATP tem amplos efeitos em muitos sistemas celulares críticos. (Tudo na figura 1-15) Danos e Disfunções Mitocondriais As mitocôndrias podem ser vistas como “minifábricas” que produzem energia de sustentação da vida, na forma de ATP, mas são também componentes críticos da lesão e morte celular (Fig. 1-16). As mitocôndrias são sensíveis a vários tipos de estímulos nocivos, incluindo hipóxia, toxinas químicas e radiação. Os danos mitocondriais resultam em graves anormalidades bioquímicas: • Falha na fosforilação oxidativa levando a depleção progressiva de ATP, culminando na necrose da célula, como descrito anteriormente. • Fosforilação oxidativa anormal leva também à formação de espécies reativas de oxigênio, com muitos efeitos deletérios, descritos adiante. • A lesão mitocondrial frequentemente resulta na formação de um canal de alta condutância na membrana mitocondrial, chamado de poro de transição de permeabilidade mitocondrial. A abertura desse canal leva à perda do potencial de membrana da mitocôndria e à alteração do pH, comprometendo a fosforilação oxidativa. • As mitocôndrias contêm também várias proteínas que, quando liberadas para o citoplasma, informam à célula que há uma lesão interna e ativam a via de apoptose. Influxo de Cálcio Normalmente, o cálcio livre no citosol é mantido por transportadores de cálcio dependentes de ATP, em concentrações 10.000 vezes menores do que a concentração do cálcio extracelular ou do cálcio intracelular sequestrado nas mitocôndrias e no RE. A isquemia e certas toxinas causam aumento da concentração do cálcio citosólico, inicialmente por causa da liberação de Ca2+ armazenado intracelularmente e, mais tarde, do cálcio que resulta do influxo aumentado através da membrana plasmática. O aumento do cálcio citosólico ativa várias enzimas, com efeitos celulares potencialmente.(tudo na figura 1-17) Acúmulo de Radicais Livres Derivados do Oxigênio (Estresse Oxidativo) Os radicais livres são espécies químicas que possuem um único elétron não pareado em órbita externa. Tais estados químicos são extremamente instáveis e reagem prontamente com químicos orgânicos e inorgânicos; quando gerados nas células, atacam avidamente os ácidos nucleicos, assim como uma variedade de proteínas e lipídios celulares. Além disso, os radicais livres iniciam reações autocatalíticas; as moléculas que reagem com eles são, por sua vez, convertidas em radicais livres, propagando, assim, a cadeia de danos. As espécies reativas do oxigênio (ERO) são um tipo de radical livre derivado do oxigênio, cujo papel na lesão celular está bem estabelecido. Em muitas circunstâncias, a lesão celular envolve danos causados pelos radicais livres; essas situações incluem a lesão de isquemia-reperfusão (discutida adiante), a lesão química e por radiação, a toxicidade do oxigênio e outros gases, o envelhecimento celular, a destruição dos micróbios pelas células fagocíticas e a lesão tecidual causada por células inflamatórias. Existem diferentes tipos de ERO produzidos por duas vias principais (Fig. 1-18); Normalmente as ERO são produzidas em pequenas quantidades, em todas as células, durante as reações de oxidação e redução que ocorrem durante a respiração e a geração de energia mitocondrial. Nesse processo, o oxigênio molecular é sequencialmente reduzido nas mitocôndrias através da adição de quatro elétrons para gerar água. Entretanto, essa reação é imperfeita, e pequenas quantidades de intermediários tóxicos altamente reativos são geradas quando o oxigênio é apenas parcialmente reduzido. As ERO são produzidas pelos leucócitos, principalmente neutrófilos e macrófagos, como uma arma para destruição de micróbios e outras substâncias durante a inflamação e defesa do hospedeiro. O óxido nítrico (NO) é outro radical livre reativo produzido pelos leucócitos e outras células. Ele pode reagir com o O2• e formar um composto altamente reativo, o peroxinitrito, que também participa da lesão celular. O dano causado pelos radicais livres é determinado por suas taxas de produção e remoção (Fig. 1-19). Quando a produção de ERO aumenta ou quando os sistemas de remoção são ineficientes, o resultado é um excesso desses radicais livres que leva a uma condição chamada de estresse oxidativo. A geração de radicais livres aumenta sob várias circunstâncias: Na absorção de energia radiante (p. ex., luz ultravioleta, raios X). A radiação ionizante pode hidrolisar a água em radicais livres hidroxila (•OH) e hidrogênio (H•). No metabolismo enzimático de substâncias químicas exógenas (p. ex., tetracloreto de carbono Na inflamação, onde os radicais livres são produzidos pelos leucócitos. As células desenvolveram múltiplos mecanismos para a remoção de radicais livres e, desse modo, minimizar a lesão. Os radicais livres são inerentemente instáveis e decompõem-se espontaneamente. As espécies reativas do oxigênio causam lesão celular através de três principais reações (Fig. 1-19): Peroxidação lipídica das membranas. Ligação cruzada e outras alterações das proteínas. Lesões do DNA. Além do papel das ERO na lesão celular e destruição de micróbios, baixas concentrações de ERO estão envolvidas em numerosas vias de sinalização celular e em muitas reações fisiológicas. Portanto, essas moléculas são produzidas normalmente, mas, para evitar seus efeitos lesivos, suas concentrações intracelulares são rigorosamente reguladas nas células saudáveis. Defeitos na Permeabilidade da Membrana O aumento da permeabilidade da membrana, levando posteriormente a lesão franca da membrana, é uma característica consistente da maioria das formas de lesão celular que culmina em necrose. A membrana plasmática pode ser danificada por isquemia, várias toxinas microbianas, componentes líticos do complemento e por uma variedade de agentes químicos e físicos. Vários mecanismos bioquímicos podem contribuir para os danos à membrana (Fig. 1-20): Diminuição da síntese de fosfolipídios. Aumento da degradação dos fosfolipídios. ERO. Os radicais livres do oxigênio causam lesão às membranas celulares através da peroxidação lipídica, discutida inicialmente. Alterações do citoesqueleto. Produtos de degradação de lipídios. Incluem ácidos graxos livres não esterificados, acilcarnitina e lisofosfolipídios, produtos catabólicos que são conhecidos por acumularem-se nas células lesadas, em consequência da degradação fosfolipídica. Possuem efeito detergente sobre as membranas. Também se inserem na bicamada lipídica da membrana ou trocam de posição com os fosfolipídios da membrana, causando potencialmente alterações na permeabilidade e alterações eletrofisiológicas. Os sítios mais importantes da membrana, durante a lesão celular, são as membranas mitocondriais, a membrana plasmática e as membranas lisossômicas. Danos na membrana mitocondrial. Como já discutido, os danos às membranas mitocondriais resultam em decréscimo da produção de ATP, culminando em necrose. Danos à membrana plasmática. Os danos à membrana plasmática levam à perda do equilíbrio osmótico e influxode fluidos e íons, bem como à perda dos conteúdos celulares. As células podem, também, perder metabólitos que são vitais para a reconstituição do ATP, depletando, então, os estoques de energia. Danos às membranas lisossômicas resultam em extravasamento de suas enzimas para o citoplasma e ativação das hidrolases ácidas, em pH intracelular ácido da célula lesada (p. ex., célula isquêmica). Os lisossomos contêm ribonucleares (RNases), DNases, proteases, glicosidases e outras enzimas. A ativação dessas enzimas leva à digestão enzimática dos componentes celulares, e a célula morre por necrose. Danos ao DNA e às Proteínas As células possuem mecanismos que reparam as lesões de DNA, porém se o dano é muito grave para ser corrigido (p. ex., após lesão por radiação ou estresse oxidativo) a célula inicia seu programa de suicídio e morre por apoptose. Uma reação semelhante é iniciada por proteínas impropriamente dobradas, as quais podem ser resultantes de mutações herdadas ou disparadores externos, como os radicais livres. 2. Descrever o processo de adaptação celular (hipertrofia, hipotrofia*, atrofia, metaplasia, hiperplasia...) e correlacionar com os estímulos estressores. As adaptações são alterações reversíveis em número, tamanho, fenótipo, atividade metabólica ou das funções celulares em resposta às alterações no seu ambiente. As adaptações fisiológicas normalmente representam respostas celulares à estimulação normal pelos hormônios ou mediadores químicos endógenos (p. ex., o aumento da mama e do útero, induzido por hormônio, durante a gravidez). As adaptações patológicas são respostas ao estresse que permitem às células modularem sua estrutura e função escapando, assim, da lesão. Tais adaptações podem ter várias formas distintas: I. Hipertrofia é um aumento do tamanho das células que resulta em aumento do tamanho do órgão. Na hipertrofia pura não existem células novas, apenas células maiores, contendo quantidade aumentada de proteínas estruturais e de organelas. Ela é causada pelo aumento da demanda funcional ou por fatores de crescimento ou estimulação hormonal específica. A hiperplasia é uma resposta adaptativa em células capazes de replicação, enquanto a hipertrofia ocorre quando as células possuem capacidade limitada de se dividir. A hipertrofia e a hiperplasia podem também ocorrer juntas e, obviamente, ambas resultam em órgão aumentado (hipertrófico). A hipertrofia pode ser: Fisiológica Ex: no útero na gravidez que tem hipertrofia e hiperplasia. Patológica Ex: aumento cardíaco que ocorre com hipertensão ou doença de valva aórtica. Os mecanismos envolvem, pelo menos, dois tipos de sinais: os desencadeantes mecânicos, como o estiramento, e os desencadeantes tróficos, que tipicamente são mediadores solúveis que estimulam o crescimento celular, como fatores de crescimento e hormônios adrenérgicos. Esses estímulos acionam as vias de transdução de sinais que levam à indução de vários genes, os quais, em torno, estimulam a síntese de numerosas proteínas celulares, incluindo fatores de crescimento e proteínas estruturais. Sejam quais forem os exatos mecanismos da hipertrofia, ela finalmente alcança um limite depois do qual o aumento da massa muscular não pode mais compensar a sobrecarga. Quando isso acontece no coração ocorrem várias alterações “degenerativas”. Existem limites finitos da vascularização para suprir adequadamente as fibras aumentadas, das mitocôndrias para suprir o trifosfato de adenosina (ATP) ou da maquinaria biossintética para produzir as proteínas contráteis ou outros elementos do citoesqueleto. Uma adaptação ao estresse pode progredir para lesão celular funcionalmente significativa, caso o estresse não seja atenuado. II. Hiperplasia Ocorre se o tecido contém populações celulares capazes de se dividir; ocorre simultaneamente com a hipertrofia e sempre em resposta ao mesmo estímulo. A proliferação celular é estimulada por fatores de crescimento que são produzidos por vários tipos celulares. A hiperplasia pode ser: Fisiológica Os dois tipos de hiperplasia fisiológica são: a) Hiperplasia hormonal, exemplificada pela proliferação do epitélio glandular da mama feminina na puberdade e durante a gravidez; b) Hiperplasia compensatória, na qual cresce tecido residual após a remoção ou perda da porção de um órgão. Patológica A maioria das formas de hiperplasia patológica é causada por estimulação excessiva hormonal ou por fatores do crescimento. A estimulação pelos fatores de crescimento está envolvida também na hiperplasia associada a certas infecções virais; por exemplo, as papilomaviroses causam verrugas na pele e lesões mucosas compostas de massas de epitélio hiperplásico. Aqui os fatores de crescimento podem ser codificados por genes virais ou por genes das células infectadas. É importante notar que, em todas essas situações, o processo hiperplásico permanece controlado; se os sinais que a iniciam cessam, a hiperplasia desaparece. É essa sensibilidade aos mecanismos de controle de regulação normal que diferencia as hiperplasias patológicas benignas das do câncer, no qual os mecanismos de controle do crescimento tornam-se desregulados ou ineficazes III. Atrofia é a diminuição do tamanho da célula pela perda de substância celular. Quando um número suficiente de células está envolvido, todo o tecido ou órgão diminui em tamanho, tornando-se atrófico. Deve ser enfatizado que, embora as células atróficas tenham sua função diminuída, elas não estão mortas. As causas da atrofia incluem a diminuição da carga de trabalho (p. ex., a imobilização de um membro para permitir o reparo de uma fratura), a perda da inervação, a diminuição do suprimento sanguíneo, a nutrição inadequada, a perda da estimulação endócrina e o envelhecimento (atrofia senil). Embora alguns desses estímulos sejam fisiológicos (p. ex., a perda da estimulação hormonal na menopausa) e outros patológicos (p. ex., a desnervação), as alterações celulares fundamentais são idênticas. Elas representam uma retração da célula para um tamanho menor no qual a sobrevivência seja ainda possível. Os mecanismos da atrofia consistem em uma combinação de síntese proteica diminuída e degradação proteica aumentada nas células. IV. Metaplasia é uma alteração reversível na qual um tipo celular adulto (epitelial ou mesenquimal) é substituído por outro tipo celular adulto. Nesse tipo de adaptação celular, uma célula sensível a determinado estresse é substituída por outro tipo celular mais capaz de suportar o ambiente hostil. Acredita-se que a metaplasia surja por uma reprogramação de células-tronco que se diferenciam ao longo de outra via, em vez de uma alteração fenotípica (trans-diferenciação) de células já diferenciadas. A metaplasia epitelial é exemplificada pela mudança escamosa que ocorre no epitélio respiratório em fumantes habituais de cigarros. As células epiteliais normais, colunares e ciliadas da traqueia e dos brônquios são focal ou difusamente substituídas por células epiteliais escamosas estratificadas. O epitélio pavimentoso estratificado, mais resistente, torna-se mais capaz de sobreviver às substâncias químicas do cigarro do que o epitélio especializado, mais frágil, que não poderia tolerar. Embora o epitélio escamoso metaplásico possua vantagens de sobrevivência, importantes mecanismos de proteção são perdidos, como a secreção de muco e a remoção pelos cílios de materiais particulados. Portanto, a metaplasia epitelial é uma faca de dois gumes. Além disso, as influências que induzem a transformação metaplásica, se persistirem, podem predispor à transformação maligna do epitélio. De fato, a metaplasia escamosa do epitélio respiratório sempre coexiste com cânceres compostos por células escamosas malignas. Acredita-se que, inicialmente, fumar cigarros cause a metaplasia escamosae, mais tarde, os cânceres surjam em alguns desses focos alterados. RESUMO Adaptações Celulares ao Estresse (se quiserem economizar leitura) • Hipertrofia: aumento do tamanho da célula e do órgão, sempre em resposta ao aumento da carga de trabalho; induzida por fatores de crescimento produzidos em resposta ao estresse mecânico ou outros estímulos; ocorre em tecidos incapazes de divisão celular. • Hiperplasia: aumento do número de células em resposta a hormônios e outros fatores de crescimento; ocorre em tecidos cujas células são capazes de se dividir ou que contenham abundantes células-tronco. • Atrofia: diminuição da célula e do órgão, como resultado da diminuição do suprimento de nutrientes ou por desuso; associada à diminuição de síntese celular e aumento da quebra proteolítica das organelas celulares. • Metaplasia: alteração do fenótipo em células diferenciadas, sempre em resposta a irritação crônica que torna as células mais capazes de suportar o estresse; geralmente induzida por via de diferenciação alterada das células-tronco nos tecidos; pode resultar em redução das funções ou tendência aumentada para transformação maligna. 3. Descrever o processo de comunicação e sinalização entre as células. Junqueira de biologia molecular – pág 97 As glicoproteínas integrais transmembranas responsáveis pela aderência entre as células são denominadas CAM (cell adhesion molecules). As CAM são receptores da superfície especializados em reconhecer outras células e a elas aderir, para constituir os tecidos e órgãos. Frequentemente, as células respondem à união das CAM com pequenas modificações de comportamento, muitas vezes ocorrendo redução na frequência de mitoses. As IgCAM constituem um grupo importante e suas moléculas lembram as dos anticorpos ou imunoglobulinas (Ig). Entre as IgCAM podem ser mencionadas: C-CAM encontrada na superfície dos hepatócitos (células do fígado); Ng-CAM dos neurônios e células da glia; N-CAM participa da adesão dos neurônios; I-CAM encontrada em diversos tipos celulares. A I-CAM dos leucócitos (glóbulos brancos do sangue) participa da aderência temporária dos leucócitos com as células endoteliais dos vasos sanguíneos, como parte do processo inflamatório. OBS Também nos processos de cicatrização das feridas e na regeneração de tecidos, as CAM formam aderências transitórias, que se desmancham e refazem em um processo dinâmico relacionado com os deslocamentos celulares. O mesmo dinamismo acontece durante o desenvolvimento embrionário, para possibilitar os movimentos celulares necessários à formação da estrutura definitiva dos diversos tecidos e órgãos. As caderinas constituem outro grupo de CAM, porém, ao contrário das IgCAM, são dependentes dos íons Ca2+. As caderinas mantêm a adesão entre as células nas concentrações normais de Ca2+ no meio extracelular, mas perdem a adesividade quando a concentração desse íon é muito baixa. OBS Quando as células normais se transformam em células malignas, perdem a adesividade, separando-se umas das outras. As células malignas soltas são levadas pelo sangue ou pela linfa, produzindo tumores a distância, as metástases. Mesmo as CAM de células normais podem participar de processos patológicos. Um exemplo é a afinidade do vírus da poliomielite pelos neurônios. Esses vírus se ligam a CAM de neurônios e, assim, penetram nessas células. As estruturas juncionais podem ser divididas em três grupos: 1) Estruturas cuja função principal é unir fortemente as células umas às outras ou à matriz extracelular Desmossomos É constituído pelas membranas de duas células adjacentes. São locais onde o citoesqueleto se prende à membrana celular, e, como as células aderem umas às outras, forma-se um elo de ligação do citoesqueleto de células adjacentes. A capacidade dos desmossomos para prender as células adjacentes depende da presença de caderinas. Por isso, ele só tem poder de fixar as células quando a concentração de Ca2+ no espaço extracelular é normal. Baixas concentrações desse íon causam a separação das células. Junções aderentes Também são sensíveis aos níveis de íons Ca2+, sendo desorganizadas quando a concentração desses íons é muito baixa, o que acarreta a separação das células. Em determinados epitélios de revestimento, circunda a parte apical das células, como um cinto contínuo (zônula aderente), sendo particularmente desenvolvida no epitélio colunar simples com borda estriada da mucosa do intestino. Além da forma de cinto, a junção aderente ocorre também com a forma circular ou oval, como os desmossomos. No caso das células colunares do epitélio intestinal, a junção aderente promove a adesão entre as células e oferece um local de apoio para os filamentos que penetram nos microvilos das células epiteliais com borda estriada. 2) Estrutura que promove a vedação entre as células Zônula oclusiva É uma faixa contínua em torno da porção apical de determinadas células epiteliais que veda, total ou parcialmente, o trânsito de íons e moléculas por entre as células. Desse modo, as substâncias que passam pela camada epitelial o fazem através das células, sendo submetidas ao controle celular. Outra função dela é permitir a existência de potenciais elétricos diferentes, consequência de diferenças na concentração iônica entre as duas faces da camada epitelial. Isso seria impossível se houvesse passagem livre de íons por entre as células. 3) Estrutura que estabelece comunicação entre uma célula e outra Junção comunicante ou gap junction Observada entre as células epiteliais de revestimento, epiteliais glandulares, musculares lisas, musculares cardíacas e nervosas. Trata-se de uma estrutura cuja função principal é estabelecer comunicação entre as células, permitindo que grupos celulares funcionem de modo coordenado e harmônico, formando um conjunto funcional. Por meio das junções comunicantes podem passar de célula para célula, por distâncias apreciáveis, substâncias naturais diversas como nucleotídios, aminoácidos e íons. Todavia, os poros das junções comunicantes não permitem a passagem de macromoléculas como proteínas e ácidos nucleicos. Comunicações celulares por meio de sinais químicos – cap 6 A comunicação entre as células é feita, principalmente, por meio de moléculas informacionais, entre ligante e receptor, sendo essencial para: formação dos tecidos, multiplicação celular, fagocitose, síntese de anticorpos, atração de leucócitos para defesa, coordenação do metabolismo e muitas outras atividades celulares. Didaticamente, os sinais podem ser divididos em três categorias: I. Hormônios São secretados pelas glândulas endócrinas e lançados no espaço extracelular, penetram nos capilares sanguíneos e se distribuem por todo o corpo, atuando à distância nas células-alvo. Algumas respostas a hormônios são imediatas; porém, duram pouco. Hormônios lipossolúveis têm ação mais prolongada. Isso porque os hormônios hidrossolúveis são eliminados do sangue poucos minutos após serem secretados. Ao contrário, os hormônios esteroides persistem no plasma sanguíneo durante horas e, muitas vezes, durante alguns dias. Ex de hormônios lipossolúveis: os hormônios esteroides (testosterona, estrógenos, progesterona e os corticosteroides) e os hormônios da glândula tireoide, tiroxina ou tetraiodotironina (T4) e tri-iodotironina (T3). Todos os hormônios hidrossolúveis são captados por receptores localizados na membrana plasmática das células-alvo. São eles: Receptores catalíticos são glicoproteínas transmembranas que funcionam como enzimas. Quando a extremidade externa desses receptores recebe o sinal químico, a parte citoplasmática, que é uma quinase proteica, torna-se ativa, e transfere o grupamento fosfato terminal do ATP para o grupamento hidroxila da tirosina de determinadas proteínas. Essa famíliainclui os receptores para insulina e para diversos fatores de crescimento, como o fator de crescimento derivado das plaquetas e o fator de crescimento da epiderme. Cadeia de moléculas que modifica os níveis intracelulares de AMP cíclico (cAMP) ou Ca2+ (mediadores ou mensageiros intracelulares). Receptores ligados à proteína G mais frequentes para a recepção de sinais hidrofílicos na superfície celular, são assim chamados porque pode conter GDP ou GTP. As moléculas das proteínas G são formadas por três polipeptídios chamados cadeias α, β e γ, localizadas na face citoplasmáticas. Essa proteína é um interruptor que é ligado por GTP (cadeia α) e desligado quando esse nucleotídio é desfosforilado e se transforma em GDP (as três cadeias firmemente presas). Enquanto o receptor estiver ocupado por um sinal, a cadeia a permanece ativa e separada das outras duas cadeias. Quando o receptor e o sinal químico se separam, a própria cadeia a hidrolisa o GTP, transformando-o em GDT. Em consequência, as três cadeias da proteína G se prendem novamente, e o interruptor é desligado. Assim, a captação de um sinal químico pelo segmento extracelular ativa o receptor que atua sobre a proteína G, e esta, por meio de uma cadeia de reações, gera cAMP ou Ca2+, que irão ativar quinases proteicas. As quinases, ativadas por essa via, irão adicionar grupamentos fosfato à serina ou à treonina de determinadas proteínas, que são os alvos do sinal captado pelo receptor. OBS As respostas celulares podem variar conforme o receptor ou a maquinaria molecular intracelular à qual os receptores estão ligados. Os hormônios lipossolúveis atuam sobre receptores intracelulares. Esses hormônios são transportados pelo plasma sanguíneo, sob a forma de complexos com proteínas antipáticas, isto é, que apresentam moléculas com regiões hidrofóbicas, em que se ligam os hormônios esteroides, e regiões hidrofílicas, responsáveis pela solubilidade do complexo no plasma sanguíneo e no líquido que banha as células. Antes de sua penetração nas células, esses hormônios se separam da proteína transportadora, que permanece no líquido extracelular. Uma vez penetrando nas células-alvo, os hormônios esteroides se ligam a receptores específicos e causam modificações na conformação espacial desses receptores (ativação do receptor), que aumenta a afinidade do receptor para o DNA, e a possibilidade de união de receptor proteico ativado a determinados segmentos de genes nucleares específicos, regulando a transcrição desses genes. Assim, os receptores ativados por hormônios lipossolúveis localizam-se, principalmente, no citoplasma e outros são mais abundantes no núcleo. Nos dois casos, os receptores (proteínas) são inativos, e só adquirem atividade quando se ligam de modo seletivo ao respectivo hormônio. OBS A membrana interna da maioria das mitocôndrias contém receptores para os hormônios da tireoide. II. Secreção parácrina Pela secreção de moléculas que atuam nas células adjacentes, sendo retidas pela matriz extracelular no local de produção ou, então, inativadas logo após exercerem suas funções. Os sinais parácrinos também podem influir sobre as células que os produziram (secreção autócrina). Existem células especializadas na secreção parácrina, ou seja, na produção de mediadores químicos de ação local; por exemplo, histamina e heparina, sintetizadas pelos mastócitos. Muitas outras células, embora não especializadas nesse sentido, podem produzir diversos mediadores com ação local, na inflamação, na proliferação celular, na contração da musculatura lisa dos vasos sanguíneos, tubo digestivo e brônquios, e na secreção celular, como as prostaglandinas. Além das prostaglandinas, o ácido araquidônico da membrana plasmática dá origem a outros mediadores de ação local, os tromboxanos e os leucotrienos. Todos esses compostos participam do processo inflamatório. Os antiinflamatórios de natureza esteroide, como a cortisona, inibem a liberação do ácido araquidônico a partir dos fosfolipídios da membrana, bloqueando assim a produção de todos os mediadores locais mencionados: prostaglandinas, tromboxanos e leucotrienos. Anti-inflamatórios não esteroides, como o ácido acetilsalicílico e a indometacina, bloqueiam a formação de prostaglandinas e tromboxanos, mas não impedem a formação de leucotrienos. Algumas células produzem o gás óxido nítrico, NO, que se dissolve e age como secreção parácrina (o óxido nítrico também é um neurotransmissor); por exemplo, os macrófagos e os neutrófilos secretam óxido nítrico nos locais de inflamação, como parte do mecanismo para livrar os tecidos de microrganismos invasores. III. Secreção de neurotransmissores Essa secreção tem lugar nas sinapses, em que um neurônio estabelece contato com outros neurônios. Os neurotransmissores são liberados, também, pelos prolongamentos das células nervosas que fazem conexão com células musculares ou com células secretoras. (estudado no módulo de percepção) Modificações adaptativas nas células-alvo Uma célula exposta ao mesmo estímulo (sinal químico), por um longo período, passa a responder ao estímulo com intensidade menor. Por meio desse processo, chamado de adaptação ou dessensibilização (muitas vezes, por consequência da endocitose, já que os receptores podem ser transportado junto e ser digerido pelo lisossomos, outros são apenas reciclados e voltam à membrana), a célula ajusta de modo reversível sua sensibilidade ao nível do estímulo. No caso dos sinais químicos, a dessensibilização possibilita que as células, dentro de determinados limites, ajustem-se a modificações na concentração das moléculas sinalizadoras. Essa adaptação se deve a vários mecanismos. Pode haver diminuição da quantidade de receptores; ou esses receptores podem modificar-se, diminuindo sua afinidade para o ligante. Outras vezes, ocorrem modificações nas proteínas intermediárias entre os receptores e os mensageiros intracelulares cAMP ou Ca2+. 4. Discutir as etapas de adaptação celular até seus limites fisiológicos. Objetivo Miqueias Caracterizar os limites da adaptação celular Todos os estresses e influências nocivas exercem seus efeitos, primeiro, em nível molecular ou bioquímico. A função celular pode ser perdida antes que ocorra a morte celular, e as alterações morfológicas na lesão (ou morte) celular surgem mais tarde. Os desarranjos celulares da lesão reversível podem ser re-parados e, se o estímulo nocivo cessa, a célula retorna à sua normalidade. Entretanto, a lesão persistente ou excessiva faz com que as células passem do nebuloso “ponto de não retorno” para lesão irreversível e morte celular. Os eventos que determinam quando a lesão reversível torna-se irreversível e progride para a morte celular permanecem pouco compreendidos. Embora não existam correlações morfológicas ou bioquímicas definitivas da irreversibilidade, dois fenômenos caracterizam consistentemente a irreversibilidade: A incapacidade de reverter a disfunção mitocondrial (perda da fosforilação oxidativa e geração de ATP) mesmo depois da resolução da lesão original e os profundos distúrbios na função da membrana. Como mencionado anteriormente, a lesão nas membranas lisossômicas leva à dis-solução enzimática da célula lesada, que é a característica da necrose. Lesão Reversível As duas principais características morfológicas da lesão celular reversível são a tumefação celular e a degeneração gordurosa. A tumefação celular é resultado da falência das bombas de íons dependentes de energia na membrana plasmática, levando a uma incapacidade de manter a homeostasia iônica e líquida. A degeneração gordurosa ocorre na lesão hipóxica e em várias formas de lesão metabólica ou tóxica e manifesta-se pelo surgimento de vacúolos lipídicos, grandes ou pequenos, no citoplasma. Em algumas situações, lesões potencialmentenocivas induzem alterações específicas nas organelas celulares, como o retículo endoplasmático. O retículo endoplasmático agranular está envolvido no metabolismo de vários agentes químicos, e as células expostas a esses agentes exibem a hipertrofia do retículo endoplasmático como uma resposta adaptativa que pode ter consequências funcionais importantes. Por exemplo, os barbitúricos são metabolizados no fígado pelo sistema de oxidase de função mista citocromo P-450, encontrado no retículo endoplasmático agranular. O uso constante de barbitúricos leva a um estado de tolerância, com diminuição do efeito da droga e necessidade de doses maiores. Essa adaptação deve-se ao aumento do volume (hipertrofia) do retículo endoplasmático agranular dos hepatócitos e consequente aumento da atividade enzimática do P-450. As células adaptadas a uma droga possuem capacidade aumentada de metabolizar outros compostos, pelo mesmo sistema. Se pacientes que utilizam fenobarbital para epilepsia aumentam a ingestão de álcool, sofrem uma queda dos níveis de concentração sanguínea do medicamento a níveis subterapêuticos, por causa da indução do retículo endoplasmático agranular em resposta ao álcool. As alterações intracelulares associadas a lesão reversível (Fig. 1-6) incluem: a) Alterações na membrana plasmática, como bolhas, apagamento ou distorção das microvilosidades e perda das adesões intercelulares; b) Alterações mitocondriais, como tumefação e presença de densidades amorfas ricas em fosfolipídios; c) Dilatação do RE com destacamento dos ribossomos e dissociação dos polissomos; d) Alterações nucleares, com condensação da cromatina. O citoplasma pode conter massas fosfolipídicas, conhecidas como figuras de mielina, derivadas das membranas celulares lesadas.
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