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Aula 01 Introdução às doenças ocupacionais

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DOENÇAS OCUPACIONAIS 1 
Aula 1: Introdução às Doenças Ocupacionais ................................................................. 2 
Introdução ............................................................................................................................. 2 
Conteúdo ................................................................................................................................ 4 
Concepção da saúde do trabalhador ............................................................................ 4 
Concepção da saúde do trabalhador ............................................................................ 4 
Campo da saúde do homem no ambiente de trabalho ............................................ 5 
Concepção evolutiva da saúde ....................................................................................... 5 
Concepção sistêmica ........................................................................................................ 6 
Modelo de determinantes sociais da saúde ................................................................. 6 
Saúde do trabalhador ........................................................................................................ 8 
Conhecimento técnico-político-sociológico ............................................................... 8 
Alguns marcos da evolução da saúde do trabalhador no mundo ........................... 8 
O papel do Brasil no contexto do trabalho e na economia internacional ........... 14 
O trabalho ......................................................................................................................... 16 
Trabalho como gerador de doenças ........................................................................... 17 
Nexo causal (ou nexo de causalidade) ........................................................................ 18 
Classificação das doenças ocupacionais .................................................................... 19 
Atividade proposta .......................................................................................................... 21 
Aprenda Mais ....................................................................................................................... 22 
Referências........................................................................................................................... 24 
Exercícios de fixação ......................................................................................................... 25 
Notas ........................................................................................................................................... 32 
Chaves de resposta ..................................................................................................................... 34 
 
 
 DOENÇAS OCUPACIONAIS 2 
 
Introdução 
Olá! Seja bem-vindo a nossa primeira aula sobre as doenças ocupacionais, 
também denominadas doenças relacionadas ao trabalho. Neste primeiro 
contato, trataremos dos conceitos introdutórios, história e evolução da saúde 
do trabalhador, buscando propiciar o entendimento sobre a saúde, a doença, o 
dano, o agravo e o risco, dentre outros aspectos relevantes ao ambiente do 
trabalho. 
 
Através desse panorama inicial, será possível conhecer as principais alterações 
ocorridas, desde a antiguidade até os dias atuais, nas formas de compreender e 
tratar o adoecimento no trabalho. 
 
Identificaremos os estudiosos e as instituições que mais contribuíram para a 
construção do conhecimento específico sobre as doenças ocupacionais e o 
âmbito da saúde do trabalhador. No decorrer dessa exposição dialogada, 
resumiremos os elementos conceituais essenciais ao entendimento sobre o 
processo de identificação dos fatores de risco do trabalho, dos agentes nocivos 
e dos diversos ambientes de trabalho capazes de promover agravos à saúde e 
doenças, que veremos adiante, nos nossos encontros subsequentes. 
 
Vamos iniciar nossa jornada de estudos? 
 
 
 
 DOENÇAS OCUPACIONAIS 3 
Objetivo: 
1. Descrever conceitos estruturantes, histórico e evolução do âmbito da saúde 
do trabalhador; 
2. Identificar as relações entre trabalho, saúde e doenças ocupacionais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 DOENÇAS OCUPACIONAIS 4 
Conteúdo 
 
Concepção da saúde do trabalhador 
Nesta aula, você entrará em contato com os principais conceitos e marcos 
históricos pertinentes à patologia do trabalho, sobretudo, aqueles relacionados 
à evolução da compreensão sobre os fatores determinantes dessas doenças. 
 
Esses fatores contribuíram para a gênese da concepção da saúde do 
trabalhador como uma área especializada da assistência à saúde, nos campos 
individual (trabalhador) e coletivo (organizações), a qual tem por finalidade 
prevenção, promoção, tratamento e reabilitação, mas também visa auxiliar na 
mudança em processos nocivos de trabalho através da atuação interdisciplinar 
e multiprofissional. 
 
Para o completo entendimento da complexidade do tema será preciso 
“navegarmos”, ainda que de forma resumida, na dimensão legal do tema no 
contexto brasileiro, apresentando a você as bases da legislação que tratam da 
definição, dos conceitos e da classificação das doenças ocupacionais, 
imprescindíveis para que você possa guiar a sua atuação futura no 
mercado de trabalho. 
 
Concepção da saúde do trabalhador 
Nesta aula, você entrará em contato com os principais conceitos e marcos 
históricos pertinentes à patologia do trabalho, sobretudo, aqueles relacionados 
à evolução da compreensão sobre os fatores determinantes dessas doenças. 
 
Esses fatores contribuíram para a gênese da concepção da saúde do 
trabalhador como uma área especializada da assistência à saúde, nos campos 
individual (trabalhador) e coletivo (organizações), a qual tem por finalidade 
prevenção, promoção, tratamento e reabilitação, mas também visa auxiliar na 
mudança em processos nocivos de trabalho através da atuação interdisciplinar 
e multiprofissional. 
 
 DOENÇAS OCUPACIONAIS 5 
Para o completo entendimento da complexidade do tema será preciso 
“navegarmos”, ainda que de forma resumida, na dimensão legal do tema no 
contexto brasileiro, apresentando a você as bases da legislação que tratam da 
definição, dos conceitos e da classificação das doenças ocupacionais, 
imprescindíveis para que você possa guiar a sua atuação futura no 
mercado de trabalho. 
 
Campo da saúde do homem no ambiente de trabalho 
Para iniciarmos nossos estudos precisamos partir de uma linha conceitual que 
permita nossa compreensão sobre o campo da saúde do homem no ambiente 
de trabalho. 
 
Para tal, trataremos aqui na nossa abordagem de saúde e de doença conceitos 
mais abrangentes os quais consideram processos dinâmicos e inseridos na vida 
laboral e social do homem desde os primórdios da humanidade até os dias 
atuais. 
 
Comecemos então falando da saúde, que, segundo a Organização Mundial da 
Saúde (OMS, 1948), é definida como "um estado de completo bem-estar físico, 
mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades“. 
 
Concepção evolutiva da saúde 
Desde então, muitas e distintas abordagens se sucederam contribuindo para 
uma concepção evolutiva da saúde: 
 
Migrando de um estado de “ausência de doença” (visão restritiva). 
 
Passando pelo “estado de bem estar-social” (visão utópica). 
 
E, por último, um “valor social” (visão ampliada) que coloca notadamente a 
saúde para o âmbito dos direitos essenciais do indivíduo (CNS, 1986). 
 
 
 DOENÇAS OCUPACIONAIS 6 
Muitas são as abordagensconceituais sobre saúde que se estabeleceram como 
teorias consolidadas no último século, e, dentre elas, as mais recentes, que 
buscam integrar aspectos do adoecimento individual (biológicos, genéticos, 
científicos) com aspectos da vida das coletividades (sociais, ambientais, 
políticos, econômicos, culturais, religiosos), parecem estar mais próximas à 
realidade humana. 
 
Concepção sistêmica 
Vamos trabalhar a partir dessa concepção sistêmica que admite a saúde como 
parte integrante da vida cotidiana e, por isso, retoma a importância de todas as 
dimensões da vida, inclusive a laboral, na influência sobre o estado de saúde e 
aparecimento de doenças no indivíduo e nas coletividades. 
 
Sendo assim, qual seria então o fenômeno de produção da saúde e da própria 
doença? 
 
Pois bem, esse é um fenômeno que traduz um conjunto de determinantes da 
gênese das doenças e condições de agravos à saúde bastante complexo por ser 
reconhecido tanto pelo próprio indivíduo, sejam elas manifestações 
fisiopatológicas e/ou psíquicas (referentes à sua própria subjetividade), bem 
como identificado pelo coletivo, caracterizando-se em âmbito populacional, 
geográfico, muitas vezes em magnitudes tão expressivas que se configuram em 
problemas de saúde pública. 
 
Modelo de determinantes sociais da saúde 
No contexto brasileiro das normas técnicas e legislativas, em 2008, já no 
âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) e através da atuação da Comissão 
Nacional de Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS), passamos a adotar um 
modelo de representação didático dos níveis e relações entre os diversos 
aspectos individuais, sociais e macro determinantes no processo 
saúde-adoecimento, elaborado por Dahlgren e Whitehead (1991), o qual 
comentaremos, a seguir. 
 
 DOENÇAS OCUPACIONAIS 7 
 Condições socioeconômicas, culturais e ambientais gerais 
 Condições de vida e de trabalho 
 Produção agrícola e de alimentos 
 Educação 
 Ambiente de trabalho 
 Desemprego 
 Água e esgoto 
 Serviços sociais de saúde 
 Habitação 
 Redes sociais e comunitárias 
 Idade, sexo e fatores hereditários 
 
Condições socioeconômicas, culturais e ambientais gerais 
Essa visão sobre os determinantes sociais do processo saúde-doença é 
importante para nós profissionais da saúde, para que possamos compreender 
nossa própria prática profissional e as atuações dos serviços de saúde nesse 
contexto. 
 
Condições de trabalho e vida 
Imediatamente acima dessa, estão as “condições de trabalho e vida”, às quais 
daremos especial destaque no que se refere o aspecto do ambiente de 
trabalho. Convidaremos você a analisar por um momento o modelo 
demonstrado e, em seguida, questionar sobre como as interligações entre os 
determinantes irão definir também os diferentes graus de vulnerabilidade 
 
Redes sociais e comunitárias 
Vejamos que, a partir da camada denominada “redes sociais e comunitárias”, 
os autores nos introduzem aos determinantes sociais, ou seja, aqueles que 
superam os aspectos pertinentes à individualidade das pessoas. 
 
 
 DOENÇAS OCUPACIONAIS 8 
Saúde do trabalhador 
Até agora falamos de saúde, doença e seus determinantes de forma mais geral; 
está na hora de falarmos sobre a saúde do trabalhador! Mãos à obra... Para 
evitarmos dúvidas de nomenclatura e aplicações dela durante sua prática 
profissional, reunimos outros conceitos importantes para que você se familiarize 
e consolide seus conhecimentos. 
 
Antes de qualquer coisa, você sabe o que é e sobre o que trata a “saúde do 
trabalhador”? O Ministério da Saúde (2001), no Brasil, considera que: 
 
“A Saúde do Trabalhador constitui uma área da Saúde Pública que tem como 
objeto de estudo e intervenção as relações entre o trabalho e a saúde. Tem 
como objetivos a promoção e a proteção da saúde do trabalhador, por meio do 
desenvolvimento de ações de vigilância dos riscos presentes nos ambientes e 
condições de trabalho, dos agravos à saúde do trabalhador e a organização e 
prestação da assistência aos trabalhadores, compreendendo procedimentos de 
diagnóstico, tratamento e reabilitação de forma integrada, no SUS”. 
 
Conhecimento técnico-político-sociológico 
Mas será que a saúde do trabalhador sempre foi considerada dessa forma? 
Como a medicina passou a se dedicar às ações de prevenção, promoção e 
tratamento da saúde da população trabalhadora? 
O nascimento desse conhecimento técnico-político-sociológico foi resultante de 
um processo evolutivo, longo, histórico, marcado por descobertas científicas de 
grandes estudiosos das ciências médicas e fenômenos sociais, culturais e 
econômicos que contribuíram para a consolidação do que hoje tratamos como 
saúde do trabalhador. 
 
Alguns marcos da evolução da saúde do trabalhador no mundo 
Para destacar alguns dos marcos evolutivos de diversos períodos da história da 
saúde dos trabalhadores apresentamos uma breve síntese para você, observe: 
 
 
 DOENÇAS OCUPACIONAIS 9 
 Antiguidade Greco-Romana 
 Hipócrates a Galeno 
 Idade Média 
 Século XV 
 Século XVII 
 Em 1700 
 A era da Revolução Industrial 
 Século XIX 
 Século XX 
 Século XXI 
 
Antiguidade Greco-Romana (Hipócrates, 460-375 a.C.) 
O trabalho não era o centro das preocupações dos historiadores da medicina. 
No entanto, já havia relatos de reconhecimento dos riscos ocupacionais e de 
que tanto o trabalho quanto as condições de vida causavam doenças. Copus 
Hippocraticum, de Hipócrates (pai da medicina científica), trás a descrição de 
doenças específicas de pescadores, dos homens que montavam cavalo, 
mineiros, alfaiates e outras. 
 
De Hipócrates a Galeno (129-199 d.C.) 
Registros de doenças em escravos e mineiros, bem como citações de outras 
condições relacionadas ao aparecimento de doenças e às diversas ocupações 
da época; e Platão e Aristóteles também descreveram em seus textos doenças 
dos atletas profissionais. Mas, naquela época, tais reflexões não impactaram no 
ato médico nem nos ambientes laborais. 
 
Idade Média 
A incorporação de inovações tecnológicas aos processos de trabalho trouxeram 
novas condições de promoção de doenças aos trabalhadores, cujas principais 
ocupações eram moagem de grãos, metalurgia, queima de carvão, construção 
civil, entre outras. 
 
 DOENÇAS OCUPACIONAIS 10 
Nos séculos XII e XIII (DIECKERSON, 1967) havia um cenário de grandes 
construções nas cidades europeias ocasionando inúmeras lesões e acidentes 
graves decorrentes dos riscos ocupacionais. 
 
Século XV 
• Ellenborg (1440-1499) publicou o primeiro livro dedicado aos riscos 
ocupacionais: riscos de exposição a metais (prata, mercúrio e chumbo) e 
envenenamento laboral. 
• Johannes de Vigo (1450-1525) também contribuiu ao tema 
dedicando um capítulo de seu livro sobre febre dos marinheiros: 
primeira sistematização de conteúdo técnico no âmbito da medicina do trabalho 
e medicina tropical. 
• Agrícola (1494-1555) e Pracelso (1493-1541) lançaram livros 
famosos por apresentarem relatos de doenças ocupacionais em 
marinheiros, mineiros e fundidores: as doenças dos militares foram alvo 
também de muitos estudiosos, destacando a importância da prevenção dos 
trabalhadores (Ambroise Paré, Botallo e Schneberger). 
 
Século XVII 
• Período com grande produção de conhecimento médico sobre as relações de 
trabalho e doenças. 
• Surgiu o conceito das doenças de natureza ocupacional. 
• Relatos sobre doenças de mineradores, fundidores, militares, navegadores, 
soldadores, sapateiros, outros. 
• A primeira autópsia realizada por Diemerbroeck (1608-1704), na Holanda, 
confirmou o caso de silicose (areia nospulmões em trabalhador cortador de 
diamantes). 
• Marco histórico: primeiro tratado de doenças ocupacionais, comentado 
adiante. 
 
Em 1700, foi publicada a grande obra do médico italiano Bernardino 
Ramazzini, De Morbis Artificum Diatriba 
 
 DOENÇAS OCUPACIONAIS 11 
• Apresentou o resultado dos seus estudos sobre as doenças e as profissões, a 
importância das condições sociais de vida e o aparecimento de doenças 
(medicina social). 
• Até a Revolução Industrial, permaneceu como a única obra médica de 
referência na área da medicina. 
• Ramazzini se destacou ao apresentar de forma sistematizada e completa uma 
abordagem clínica e diagnóstica de mais de 50 doenças ocupacionais. 
• Segundo Mendes (2003), quatro destaques de Ramazzini foram: 1. 
preocupação com classe operária, que não era interesse da medicina até então; 
2. visão sobre a determinação social das doenças; 3. ensinamento sobre a 
forma de abordagem clínica e epidemiológica dos agravos à saúde dos 
trabalhadores (observação in locu, entrevista orientada ao trabalhador – 
anamnese ocupacional); e 4. classificação das doenças segundo natureza e 
grau de causalidade com o trabalho em si. 
 
A era da Revolução Industrial 
• Junto com o desenvolvimento e as transformações sociais desse período nas 
grandes capitais europeias, também surgiram diversos problemas que afetaram 
a saúde do trabalhador: ambientes de trabalho perigosos, acidentes graves, 
condições precárias, diversos tipos de intoxicações agudas e muitos outros 
incidentes que acometiam trabalhadores e inclusive crianças (já havia trabalho 
infantil na época). 
• Alguns estudos, como o de Percival Pott (1713-1788) sobre câncer de escroto 
em limpadores de chaminé, promoveram também ações políticas no sentido de 
proteger os trabalhadores. 
• A medicina do trabalho nasceu na Inglaterra, na Revolução Industrial, sendo 
compreendida na ocasião como uma atuação médica (medicina científica) 
isolada e no contexto do ambiente do trabalho (fábricas) com finalidade 
principal de auxiliar na “adaptação física e mental do trabalhador”. 
• Em 1788, na Inglaterra, surgiu um conjunto de leis que caracterizam a 
primeira legislação destinada à prevenção de doenças ocupacionais e acidentes 
de trabalho. 
 
 DOENÇAS OCUPACIONAIS 12 
O Século XIX 
• Expansão das leis de proteção à saúde do trabalhador como resultado das 
pressões populares, sobretudo dos trabalhadores, bem como do impacto do 
adoecimento sobre a produção industrial, o que promoveu preocupações no 
cenário econômico inglês. 
• Lei dos Pobres (1834) - proteção à saúde dos trabalhadores da indústria 
têxtil. 
• Intervenção dos governos nas indústrias, e adoção de médicos nas fábricas 
para cuidar dos trabalhadores e evitar "perdas de produção". 
• Estudos franceses sobre morbidade dos trabalhadores (Louis Villermé, 1840; 
Tanquerel des Planches, 1839); e estudo inglês de William Farr (1849-1853) 
sobre mortalidade por doenças pulmonares em mineiros, que evidenciou maior 
acometimento desse tipo de enfermidade nessa classe trabalhadora comparada 
com outros males. 
• Estudos sobre exposição ocupacional aguda ao sulfeto de carbono (Auguste 
Delpech, 1856). 
• Marco histórico: a medicina do trabalho surgiu, e o trabalhador passou a ser 
tratado no seu ambiente laboral (serviços de saúde dentro das empresas na 
Europa). 
 
O século XX 
• O controle social sobre a saúde do trabalhador é o marco desse período de 
elevada industrialização e urbanização em todo o mundo. 
• Cenário político pautado pelas bases socialistas, comunistas e capitalistas 
coexistindo no contexto da Primeira Guerra Mundial. 
• Relações de empregados e empregadores marcadas por exploração de mão 
de obra; mudanças em processos de trabalho acentuando agravos a saúde. 
• Organização e padronização de processos de trabalho (taylorismo e 
fordismo). 
• Evolução da ciência, tecnologia, engenharia de segurança do trabalho, 
química, saúde pública. 
 
 DOENÇAS OCUPACIONAIS 13 
• Convenções da OIT consolidaram normas vitais de proteção ao trabalhador, 
como aquelas que limitavam a jornada laboral máxima e a atuação de menores 
de 14 anos na indústria, além de proibir o trabalho de mulheres/menores em 
jornadas noturnas. 
• A internacionalização das normas da OIT, impulsionada também pelos 
processos de globalização e organização social sindical, contribuiu a para 
formulação de leis trabalhistas. 
• Reconhecimento e aplicação de outras áreas de conhecimento que guardam 
relação com o trabalho e seu processo de patogênese, como a ergonomia, 
engenharia, sociologia, psicologia, economia e direito, dentre outras, na 
ampliação do conhecimento técnico e prático no cuidado ao trabalhador. 
• Marco: criação da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em 1919, e 
da "saúde ocupacional“, que incorporava outras disciplinas na abordagem ao 
trabalhador. 
 
O século XXI 
• Evolução e diversificação das patologias e agravos à saúde do trabalhador 
que outrora foram, sobretudo, as intoxicações químicas, mutilações, 
mortalidade por pneumopatias e demais doenças específicas, LER/DORT (anos 
80-90), por exemplo. 
• Aumento da incidência de patologias relacionadas a outros riscos (psíquicos), 
que não os habituais (químicos, físicos, biológicos, mecânicos, ergonômicos), 
como, por exemplo: doenças psíquicas, depressão, síndrome de burnout, 
outras. 
• Por volta dos anos 2000, houve o reconhecimento do impacto psíquico do 
trabalho sobre a saúde e a revisão das doenças listadas como relacionadas ao 
trabalho, permitindo-se uma atualização das políticas de saúde e 
previdenciárias e o reconhecimento das “doenças contemporâneas” e do 
impacto das novas formas ou relações de trabalho na vida e na saúde das 
pessoas. 
• O compartilhamento de resultados de estudos técnicos e experiências e o 
aumento do poder de disseminação de informação através das ferramentas da 
 
 DOENÇAS OCUPACIONAIS 14 
internet permitiram aprender com a realidade das desigualdades sociais e 
laborais globais. 
 
O papel do Brasil no contexto do trabalho e na economia 
internacional 
E no nosso país, como era tratada a matéria naquela ocasião? Bem, o 
papel do Brasil no contexto do trabalho e na economia internacional era o de 
grande exportador de café, o que impulsionava o nosso processo de 
industrialização e nos colocava em um debate, a respeito da análise dos riscos 
do trabalho e do avanço do crescimento econômico nacional, feito entre 
sanitaristas e médicos legistas. 
 
 Século XIX e início do século XX 
 Década de 30 
 1943 
 Década de 60 
 Anos 80 
 1986-1988 
 
Século XIX e início do século XX 
O cenário brasileiro era o da reorganização da força de trabalho devido ao final 
da escravatura e à grande imigração oriunda dos países europeus. No final do 
século XIX e início do XX, novas relações de trabalho se estabeleceram com o 
início da industrialização no sudeste e com as transformações políticas, 
econômicas e sociais que marcavam o nosso país. As endemias eram parte 
principal dos esforços técnicos dos profissionais da saúde e das escolas 
médicas. A concepção das doenças do trabalho (conceito de Ramazzini) ficava 
restrita à lista dos acidentes de trabalho, nessa época, no Brasil, também por 
influência do que acontecia na Europa. 
 
 
 
 
 DOENÇAS OCUPACIONAIS 15 
Década de 30 
A produção do conhecimento dessa área no nosso país ocorreu entre as 
décadas de 30 e 60 com especial atenção às chamadas mesopatias, ou seja, 
aquelas doenças do trabalho provocadas pelas próprias condições com as quais 
o trabalho era executado ou com ele se relacionavam.Com a constituição do 
Ministério do Trabalho (MT) brasileiro, na década de 30, fortaleceu-se a 
preocupação higienista com as condições de trabalho e intensificaram-se as 
inspeções médicas do trabalho, tendo como pano de fundo as normas 
promulgadas pela OIT. Destacamos que, nessa ocasião, ocorreu o acúmulo de 
conhecimento técnico sobre as pneumoconioses (doenças respiratórias 
ocupacionais) estudadas principalmente nas minerações de ouro e carvão em 
vários estados brasileiros, graças a estudos liderados pelo Departamento 
Nacional de Produção Mineral e pelo MT (MENDES, 2003). 
 
1943 
Um grande marco no cenário nacional foi o impacto normativo da promulgação 
da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), sobretudo, em 1943. A CLT 
contribuiu para solidificar o processo de legalização e obrigatoriedade das 
empresas manterem serviços de saúde aos trabalhadores estruturando ações 
de cunho preventivo, curativo e reabilitador. 
 
Década de 60 
Dessa forma, o tratamento brasileiro às questões do adoecimento do trabalho 
foi se deslocando, nos anos 60, com a contribuição de saúde pública, 
movimentos sociais e muitos estudos nacionais sobre intoxicações, doenças 
respiratórias e acidentes de trabalho, para se aproximar dos conceitos 
científicos, multiprofissionais e preventivos consolidados pela saúde 
ocupacional, que já estava estabelecida no pós-guerra na Europa e também no 
mercado norte-americano. 
 
 
 
 
 DOENÇAS OCUPACIONAIS 16 
Anos 80 
Já nos anos 80, com auxílio dos sindicatos, dos sanitaristas da segunda geração 
e das instituições públicas de ensino e pesquisa, em função da ineficiência das 
políticas públicas de proteção ao trabalhador, e pela massificação do debate 
público com compartilhamento de informações sobre a realidade do trabalho no 
país, a saúde do trabalhador foi definida no âmbito do Sistema Único de Saúde 
(SUS), recém-criado a partir da então nova Constituinte (1988). 
 
1986-1988 
Você pode se perguntar: o que realmente mudou na abordagem da 
saúde dos trabalhadores a partir da nova Constituição? No campo da 
prática, a expressiva produção científica nacional sobre o tema promoveu o 
aumento nos processos de identificação dos riscos ocupacionais, agentes e 
danos à saúde, e a organização ou criação de serviços de saúde especializados 
para atendimento aos trabalhadores (ambulatórios em instituições acadêmicas 
e unidades hospitalares públicas, serviços médicos nas indústrias, ambulatórios 
privados). Assim sendo, houve o crescimento dos cursos de capacitação e 
formação especializados para os profissionais de saúde, possibilitando uma 
força de trabalho especializada capaz de sistematizar condutas diagnósticas e 
terapêuticas mais adequadas e eficientes e operacionalizando as políticas de 
públicas estabelecidas como desdobramentos da VIII Conferência Nacional de 
Saúde realizada em 1986, evento crucial à elaboração do texto final da 
Constituição de 1988, pensado o tema da saúde. 
 
O trabalho 
Aprofundando nosso conhecimento sobre o campo da saúde do trabalhador, 
necessitamos considerar o trabalho como parte essencial na vida das pessoas 
e primordial para nossa área de estudo. Assim como a saúde, que é uma área 
complexa e multidimensional, o trabalho em si pode assumir diversos papéis na 
vida individual e da comunidade, por exemplo: espaço produtivo; fonte de 
renda; ambiente de reconhecimento profissional e realização pessoal; lugar 
 
 DOENÇAS OCUPACIONAIS 17 
para desenvolvimento de habilidades e competências; convívio social; ambiente 
gerador de doenças; e até mesmo promotor de saúde. 
 
Trabalho como gerador de doenças 
Para abordarmos o trabalho como gerador de doenças, foco desta aula inicial, 
preciamos analisar de perto quais riscos ele pode proporcionar ao indivíduo e às 
coletividades, fato esse que não é nenhuma novidade, como vimos 
anteriormente. Há muito tempo já é sabido e identificado que existe nexo entre 
o trabalho e o sofrimento, agravo ou dano à saúde. Dessa forma, são riscos 
ocupacionais quaisquer condições do ambiente e/ou processo de trabalho que 
possam causar dano ou agravo à saúde do trabalhador (doenças, sofrimento ou 
acidentes). Dentre os muitos riscos existentes, temos como exemplos: 
 
Físicos 
• Ruídos; 
• Temperaturas e pressão anormais; 
• Umidade; 
• Radiações. 
 
Químicos 
• Gases; 
• Materiais de limpeza, desinfecção e esterilização; 
• Soluções químicas utilizadas como terapêuticas (quimioterápicos, por 
exemplo). 
 
Biológicos 
• Agentes patogênicos selvagens; 
• Agentes patogênicos atenuados; 
• Agentes patogênicos que sofreram processo de recombinação; 
• Amostras biológicas; 
• Culturas e manipulações celulares (transfecção, infecção); 
• Animais. 
 
 DOENÇAS OCUPACIONAIS 18 
Mecânicos 
• Espaço físico inadequado; 
• Equipamentos de proteção individual inadequados; 
• Ferramentas ou máquinas de trabalho inadequadas; 
• Quedas. 
 
Ergonômicos 
• Esforço físico excessivo; 
• Levantamento, transporte e descarga manual de peso; 
• Ritmo excessivo de trabalho; 
• Jornadas de trabalho prolongadas; 
• Trabalho em turno noturno; 
• Repetitividade de atividade laboral; 
• Postura inadequada de trabalho; 
• Mobiliário impróprio; 
• Equipamentos, condições ambientais dos postos de trabalho e organização do 
trabalho. 
 
Nexo causal (ou nexo de causalidade) 
É preciso entender que a causalidade intrínseca ou não aos processos e 
ambientes de trabalho, por conceito, determina, condiciona e significa os 
fatores de risco que estão associados à gênese do adoecimento. Pois bem, o 
que seria então o nexo causal, ou nexo de causalidade? 
 
O dicionário da língua portuguesa explica que se trata da “vinculação entre a 
conduta do agente e o resultado por ela produzido”. A dificuldade nessa 
identificação de relacionamento entre o trabalho-saúde-doença está justamente 
na necessidade de constatação objetiva e na própria complexidade inerente aos 
processos patogênicos os quais são, muitas vezes, multicausais. 
 
Vejamos exemplos: o mesotelioma maligno de pleura possui associação 
etiológica a asbesto – contudo, doenças cardiovasculares, que possuem 
 
 DOENÇAS OCUPACIONAIS 19 
múltiplas causas, provocam efeitos similares; ou, ainda, síndrome de burnout, 
uma ação de múltiplas causas causando múltiplos efeitos. 
 
O papel dos profissionais da saúde da área é essencial para estabelecer se há 
nexo causal entre o evento em questão e as condições de trabalho. E essa 
etapa investigativa e diagnóstica é condição essencial para que as ações no 
âmbito da saúde do trabalhador possam ser implementadas nos serviços de 
saúde ofertados aos trabalhadores. 
 
Nessa ocasião, através da análise da história clínica aliada à história 
ocupacional, estudo do local de trabalho, avaliação dos fatores de risco 
ocupacionais e análise dos dados epidemiológicos, os profissionais de saúde 
deverão identificar se os problemas de saúde investigados são ou não de 
doença relacionada ao trabalho para que o trabalhador seja devidamente 
assistido e o manejo da sua patologia seja adequado também, no que se refere 
ao âmbito da proteção legal. Portanto, conhecidos os riscos ocupacionais, o 
profissional deve estar apto a avaliar se o dano, sofrimento ou agravo à saúde 
foi desencadeado, agravado pelo trabalho ou, até mesmo, se está com ele 
relacionado. 
 
Classificação das doenças ocupacionais 
Segundo Mendes (2003), a classificação das doenças ocupacionais é 
fundamental pela “necessidade de separar o que é diferente, e se possível 
juntar o que é semelhante”. Uma das classificações mais reconhecidas(apesar 
de não ser a precursora na área) é a apresentada por Schilling, em 1984, a 
qual define um sistema de categorização de doenças relacionadas ao trabalho 
em três tipos principais, segundo a forma com que se relacionam com o 
trabalho, a saber: 
 
 
 
 
 
 DOENÇAS OCUPACIONAIS 20 
GRUPO I 
Doenças em que o trabalho é causa necessária. São as chamadas 
doenças profissionais, estando incluídas as intoxicações agudas de origem 
ocupacional. 
 
GRUPO II 
Doenças em que o trabalho pode ser um fator de risco, contributivo, 
mas não necessário. Exemplos: doenças comuns, como a hipertensão arterial 
e as neoplasias malignas (cânceres), em determinados grupos ocupacionais ou 
profissões. 
 
GRUPO III 
Doenças em que o trabalho é provocador de um distúrbio latente ou 
agravador de doença já estabelecida ou preexistente. Exemplos: 
doenças alérgicas de pele e respiratórias e distúrbios mentais, em determinados 
grupos ocupacionais ou profissões. 
 
A importância da classificação vista, assim como outras que estudaremos mais 
adiante, está em permitir a identificação correta da causalidade do evento e, 
portanto, a orientação de ações dos serviços de saúde, considerando-se as 
especificidades de cada tipo de risco ocupacional, relação de trabalho e história 
natural evolutiva da doença diagnosticada. Justamente esse será o enfoque da 
nossa segunda aula, caro aluno, quando abordaremos os principais sistemas de 
classificação das doenças, bem como os critérios de categorização que eles 
apresentam. Também falaremos do impacto dos critérios que os sistemas 
adotam para fins de assistência à saúde, legais e previdenciários. 
 
 
 
 
 
 DOENÇAS OCUPACIONAIS 21 
Atividade proposta 
Leia o texto http://fis.edu.br/revistaenfermagem/artigos/vol02/artigo10.pdf 
Riscos ocupacionais no ambiente hospitalar: fatores que favorecem a 
sua ocorrência na equipe de enfermagem e faça o que se pede. Com base 
no texto, reflita sobre os conceitos e informações apreendidas nesta primeira 
aula da nossa disciplina e destaque fragmentos que corroborem com os 
principais tópicos abordados, em especial: processo saúde-doença e sua relação 
com trabalho; riscos ocupacionais; exposição e grau de vulnerabilidade; 
doenças relacionadas ao trabalho. Além disso, destaque um único trecho ou 
parágrafo que considere mais significativo para caracterizar a importância das 
ações que visam minimizar os riscos da profissão de enfermagem, citando-as 
como exemplos. 
 
Chave de resposta: Espera-se que o aluno consiga destacar no texto indicado 
fragmentos que se relacionem aos tópicos mencionados acima, provocando 
raciocínio crítico para identificar trechos que evidenciem conceitos apresentados 
em aula. Todavia, é fundamental que apresente sua própria visão sobre a 
relevância do conhecimento sobre condições de trabalho e exposição a riscos e 
grau de vulnerabilidade para poder atuar preventivamente e buscar reduzir a 
incidência de doenças e acidentes laborais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 DOENÇAS OCUPACIONAIS 22 
Aprenda Mais 
 
Material complementar 
 
 
Para saber mais sobre o Relatório da VII Conferência Nacional de Saúde, leia o material 8° 
Conferencia Nacional de Saúde, disponível em nossa biblioteca virtual. 
 
Para saber mais sobre Doenças relacionadas ao trabalho, leia o Manual de Doenças 
Relacionadas ao Trabalho, disponível em nossa biblioteca virtual. 
 
Para saber mais sobre o risco biológico, leio os materiais: Guia Técnico de Riscos 
Biológicos do Ministério do Trabalho (2008) e NR 17 – ERGONOMIA, disponível em 
nossa biblioteca virtual 
 
Para saber mais sobre a legislação relativa à segurança e à saúde do trabalhador e entender 
a evolução das leis, normas, decretos e outros instrumentos legislativos brasileiros, acesse os 
conteúdos a seguir: 
• Associação do Brasil à Organização Internacional do Trabalho (OIT), criada, em 1919, para 
ser responsável pela formulação e aplicação das normas internacionais do trabalho 
(convenções e recomendações); 
• Decreto nº 19.433, que trata da criação do Ministério do Trabalho no Brasil, em 
26/11/1930, durante o governo de Getúlio Vargas; 
• Decretos nºs 21.417 e 22.042, ambos de 1932, que tratam de prevenção dos acidentes de 
trabalho referindo-se à eliminação e/ou neutralização da insalubridade e periculosidade nas 
atividades laborais do menor e da mulher; 
• Decreto nº 5.092, de 1942, que trata da criação do Departamento de Higiene e Segurança 
do Trabalho (DHST), no TEM, com a finalidade de fiscalizar as empresas e elaborar as normas 
especificas de prevenção de acidentes de trabalho; 
• Decreto-Lei nº 5.452, de 01/05/1943, que aprovou a CLT com artigos de segurança e 
medicina do trabalho; 
• Decreto-Lei nº 7.036, de 10/11/1944, que atribui ao MTE a fiscalização da legislação de 
prevenção a acidentes de trabalho, criando o cargo/função do engenheiro de segurança do 
trabalho no país – nessa mesma ocasião, foi criada a CIPA nas empresas; 
 
 DOENÇAS OCUPACIONAIS 23 
• Convenção nº 81 da OIT, em 1947, referente à contratação de engenheiros e médicos pelo 
MTE com objetivo de integrar o quadro de técnicos para a inspeção do trabalho; 
• Portaria nº 155, de 27/11/1953, que regulamentou a CIPA nas empresas; 
• Lei nº 5.194/66, que conferiu maior autonomia ao CONFEA, criou as Câmaras Especializadas 
nos CREA e instituiu o salário-mínimo profissional; 
• Lei nº 5.161, de 21/10/1966, que autorizou a criação da Fundação Centro Nacional de 
Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho (FUNDACENTRO), alterada pela Lei nº 7.133, de 
26/10/1983, para Fundação Centro Nacional Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e 
Medicina do Trabalho; 
• Portaria nº 3.237, de 27/07/1972, que regulamentou o Decreto-Lei nº 229/67, de 
27/02/1967, que, por sua vez, disciplinou a CIPA e o SEESMT; 
• Lei nº 6.514, de 22/12/1977, que alterou o Capítulo V do Titulo II da CLT para segurança e 
medicina do trabalho; 
• Artigo 195 e seguintes da Lei nº 229/67, que estabeleceram que o engenheiro de segurança 
do trabalho pode elaborar Laudo de Insalubridade, antes permitido apenas aos médicos, 
especializados em saúde pública; 
• Portaria nº 3.214 do MTE, que aprovou as Normas Regulamentadoras (regulamentando o 
Capítulo V da CLT); 
• Constituição Federal de 1988, a qual estabelece os direitos relacionados à segurança e 
saúde do trabalhador; 
• Diretrizes estabelecidas pela Federação Nacional dos Técnicos de Segurança do Trabalho 
(FENATEST). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 DOENÇAS OCUPACIONAIS 24 
Referências 
BRASIL. A causa das inequidades no Brasil. Brasília: Ministério da Saúde, 
2008. Disponível em 
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/causas_sociais_iniquidades.pdf 
 
BRASIL. Doenças relacionadas ao trabalho: manual de procedimentos 
para os serviços de saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2001. 
 
LAURELL. A. C. A saúde-doença como processo social. In: BARATA, R. C. 
B. A historicidade do conceito de causa. Rio de Janeiro: Abrasco, 1985, p. 13-
27. 
 
MENDES, René (org.). Patologia do trabalho. Atual. e ampl. Vol. 1 e 2. Rio 
de Janeiro: Atheneu, 2003. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 DOENÇAS OCUPACIONAIS 25 
Exercícios de fixação 
Questão 1 
A obra do médico italiano Ramazzini mundialmente conhecida, De Morbis 
Artificium Diatriba, de 1700, se destacou, sobretudo, pela seguinte contribuição 
à saúde dos trabalhadores: 
a) Inovação do tema nunca antes abordado (relação entre trabalho e doenças). 
b) Maior quantidade de agravos identificados.c) Enfoque na prevenção em vez da abordagem terapêutica das doenças 
ocupacionais. 
d) O olhar sobre os determinantes sociais das doenças ocupacionais identificadas 
e sistematizadas de forma organizada e categorizada. 
e) Metodologia aplicada ao estudo das doenças que focava em extensa pesquisa 
científica das obras escritas pelos grandes médicos e historiadores da 
Antiguidade Greco-Romana, berço da medicina. 
 
Questão 2 
A saúde ocupacional é caracterizada por promover a saúde, prevenir doenças e 
oferecer tratamento em uma abordagem multiprofissional a todos os 
trabalhadores respeitando aspectos de suas vidas e de suas atividades laborais, 
considerando o processo adaptativo do trabalho ao homem. Qual fato histórico 
foi fundamental para a consolidação desse campo do cuidado à saúde, 
inicialmente na Europa? 
a) Resultados dos estudos científicos ingleses e franceses sobre morbimortalidade 
por doenças respiratórias produzidos no início do século XX que mostravam 
necessidade de prevenir doenças mais do que tratá-las. 
b) Redução da produtividade advinda da rápida incorporação tecnológica e da 
mudança em processos produtivos relacionados a numerosos casos de doenças 
e acidentes de trabalho e devido à Revolução Industrial e à insuficiência da 
medicina do trabalho em dar solução a esses problemas laborais. 
c) A promulgação das leis trabalhistas inglesas (século XIX) voltadas à proteção 
dos trabalhadores. 
 
 DOENÇAS OCUPACIONAIS 26 
d) Movimentos sociais organizados no setor da indústria têxtil, na França, 
estruturados a partir de 1819. 
e) Estudos sobre exposição ocupacional aguda ao sulfeto de carbono (DELPECH, 
1856). 
 
Questão 3 
O que representaram, na abordagem à saúde dos trabalhadores, a criação da 
OIT, em 1919, e a elaboração de suas recomendações e convenções aplicadas 
no cenário nacional e internacional? 
a) A unificação de procedimentos relativos à abordagem da saúde dos 
trabalhadores dentro das empresas na Europa, a partir de acordos 
internacionais assinados entre os diversos países-membros. 
b) Criação de fórum integrado internacional de especialistas que se dedicam, 
desde o ato de constituição da OIT, a coordenar pesquisas científicas na área 
da medicina do trabalho. 
c) Representou uma ameaça às empresas de todos os setores em diversos países 
que não tinham como atender as normas definidas pela organização e que, por 
isso, eram impedidas de continuar a exercer atividade comercial em condições 
insalubres aos trabalhadores. 
d) Determinação de importantes e incipientes normas de proteção ao trabalhador 
estabelecendo parâmetros de segurança aliados a diferentes medidas e ações 
preventivas voltadas a resguardar os trabalhadores de condições e processos 
de trabalho nocivos, como, por exemplo, a definição de limites de jornadas de 
trabalho, regulamentação sobre o desemprego, maternidade e trabalho infantil, 
entre outros representados em seis convenções adotadas inicialmente. 
e) Um avanço em matéria de engenharia e segurança do trabalho, na medida em 
que promovia a capacitação profissional de engenheiros e médicos que 
atuavam no setor, através de convênios com as empresas de diversos 
segmentos econômicos, nos países membros da OIT. 
 
 
 
 
 DOENÇAS OCUPACIONAIS 27 
Questão 4 
Sobre quais fatores determinantes de processos de adoecimento as ações de 
promoção da saúde e prevenção das doenças laborais, no âmbito da saúde do 
trabalhador, podem ou devem atuar? 
a) Riscos individuais e coletivos de todo tipo. 
b) Ambientes de trabalho, condições sobre as quais os trabalhadores 
desempenham suas funções laborais e a assistência a eles prestada. 
c) Condições e estilo de vida do homem trabalhador. 
d) Fatores socioeconômicos, culturais, e sociais em uma compreensão coletiva e 
ao mesmo tempo individualizada. 
e) Microdeterminantes sociais da saúde. 
 
Questão 5 
De que maneira o entendimento da evolução histórica da saúde dos 
trabalhadores pode auxiliar na formação do profissional que atua ou quer atuar 
na área? 
a) A maneira como a saúde do trabalhador evoluiu historicamente (a ampliação do 
conhecimento sobre a patogênese do trabalho, detecção dos agravos, 
identificação dos riscos e condições de vulnerabilidade e assistência ao 
trabalhador) deve estar presente nos processos reflexivos que norteiam a nossa 
atuação profissional, permitindo a adequada tomada de decisão sobre nossa 
praxis. A atuação do profissional de saúde precisa estar atualizada do ponto de 
vista técnico-científico, mas também contextualizada – por isso é essencial 
saber como a área evoluiu e seus principais marcos identificados. 
b) Na verdade, não muito. A evolução histórica não é a mais relevante, mas sim as 
inovações que essa evolução trouxe do ponto de vista das tecnologias da área 
da saúde e que são capazes de melhorar a prestação de cuidados assistenciais. 
c) Entender os marcos históricos nos permite saber quais erros não podem ser 
mais cometidos no momento da determinação do diagnóstico e tratamento dos 
trabalhadores vítimas de doenças ocupacionais, esse o foco mais importante da 
medicina do trabalho. 
 
 DOENÇAS OCUPACIONAIS 28 
d) As atuações do enfermeiro, médico e outros profissionais da área da saúde, no 
Brasil, não dependem do conhecimento de nenhum dos marcos históricos 
citados que tenham ocorrido fora do cenário nacional, mas sim daqueles 
importantes para a consolidação da área no nosso país. 
e) A saúde do trabalhador, como área da saúde pública, se interessa pelo cuidado 
da saúde do trabalhador com doença ocupacional e pela prevenção de 
acidentes do trabalho, depende, pois, esse campo da atualização técnica dos 
profissionais, e não de conhecimento histórico propriamente dito. 
 
Questão 6 
Das afirmações abaixo relacionadas quais expressam a relevância do nexo de 
causalidade entre trabalho e o adoecimento para o processo de prevenção, 
promoção e tratamento das patologias do trabalho? 
I – Auxilia na determinação do diagnóstico e na correta condução terapêutica 
da doença ou agravo do trabalhador. 
II – Permite a notificação do agravo quando necessário (exemplo: acidente do 
trabalho). 
III – Promove ao trabalhador as garantias previstas na legislação pertinente ao 
trabalho. 
IV – Explica o grau de culpabilidade do empregador ou do empregado na 
ocorrência do evento. 
a) I e III 
b) II, III e IV 
c) Somente a IV 
d) Todas as alternativas 
e) Todas exceto a IV 
 
Questão 7 
Como profissional de saúde, analisando as alternativas abaixo relacionadas 
marque a correta em relação a correlação entre a adoção de medidas de 
promoção à saúde e o fomento do papel do TRABALHO como sendo promotor 
de saúde e não gerador de doenças? 
 
 DOENÇAS OCUPACIONAIS 29 
a) Nenhuma medida de promoção pode amenizar papel nocivo dos processos 
produtivos; 
b) Medidas simples de humanização de processos de trabalho, como tornar 
ambiente mais tranquilo e saudável mediante redução da exposição aos riscos 
ocupacionais (físicos, químicos, biológicos, ergonômicos, mecânicos), além das 
específicas de redução de exposição a agentes nocivos incentivam o papel 
promotor de saúde do trabalho em si; 
c) O trabalho é essencialmente nocivo seja pelos inúmeros riscos ocupacionais 
inerentes aos seus processos ou pela reduzida realização de ações de promoção 
à saúde coletiva e proteção individual; 
d) Ações informativas sobre o potencial promotor de saúde do trabalho 
ressaltando seu valor social, seu impacto positivo no componente psíquico do 
indivíduo parecem não causar impacto efetivo; 
e) O incentivo às políticas internas de RH que promovam o reconhecimento dasqualidades e habilidades laborais dos trabalhadores podem minimizar doenças 
ocupacionais somente do tipo psíquicas. 
 
Questão 8 
De que maneira o estudo do ambiente e das condições de trabalho pode 
auxiliar na assistência à saúde dos trabalhadores? 
a) Na verdade, analisar o ambiente e as condições de trabalho não ajuda em nada 
o processo de cuidado da saúde dos trabalhadores. 
b) Auxilia na emissão do atestado de saúde ocupacional periódico. 
c) Ajuda no diagnóstico do grau de exposição aos riscos ocupacionais e na 
determinação do nexo causal. 
d) Somente permite qualificar o diagnóstico da doença segundo gravidade e 
potencial nocivo. 
e) A assistência ao trabalhador no âmbito da promoção e do tratamento de saúde 
não é auxiliado pelo resultado desse estudo. Conhecer o ambiente de trabalho 
somente impacta nas ações de prevenção que precisam ser específicas aos 
grupos populacionais atingidos pelas mesmas doenças. 
 
 
 DOENÇAS OCUPACIONAIS 30 
Questão 9 
Segundo MENDES, 2003, a classificação das doenças ocupacionais é 
fundamental pela “necessidade de separar o que é diferente, e se possível 
juntar o que é semelhante”. Em sua concepção qual das alternativas abaixo 
apresenta as justificativas corretas sobre a importância mencionada por Mendes 
sobre os sistemas de classificação das doenças ocupacionais? 
I. A categorização dos agravos/danos/doenças relacionadas ao trabalho vai 
permitir tratar com maior eficiência e eficácia cada uma das condições em si. 
II. A identificação e separação das doenças segundo similaridades e diferenças 
levam ao reconhecimento de padrões de comportamento, efeitos similares e 
orientam a investigação médica. 
III. É essencial devido à necessidade de acompanhamento dos resultados das 
abordagens terapêuticas distintas para problemas iguais que podem orientar a 
economicidade dos tratamentos; 
IV. A produção de informação técnica sobre cada doença em si e seu grupo de 
doenças semelhantes é crucial, entre outros motivos, por orientar a anamnese 
ocupacional e o uso das demais ferramentas de investigação da relação 
trabalho-saúde-doença. 
a) I e III 
b) I, III e IV 
c) Somente a IV 
d) Todas as afirmativas 
e) Todas exceto a IV 
 
Questão 10 
Qual a principal característica da classificação das doenças proposta por 
Schilling em 1984? 
a) Diferenciar doenças graves, agudas e crônicas entre os trabalhadores em geral. 
b) Permitir a identificação dos riscos ocupacionais. 
c) Promover a padronização, inicialmente, no Reino Unido da classificação das 
doenças no âmbito das indústrias. 
 
 DOENÇAS OCUPACIONAIS 31 
d) Forma de relacionamento do trabalho com as doenças, diferenciando as 
doenças essencialmente ocupacionais daquelas relacionadas ao trabalho. 
e) Todas as afirmativas. 
 
 
 
 DOENÇAS OCUPACIONAIS 32 
Área da saúde pública: Vale ressaltar que a constituição desse campo de 
conhecimento se fez a partir do compartilhamento interdisciplinar de conceitos, 
aspectos teóricos e conhecimentos práticos, sobretudo oriundos de medicina 
social, saúde pública, epidemiologia e psicologia, entre outras. O 
desenvolvimento de uma compreensão própria da relação entre saúde e 
trabalho capaz de influenciar na construção de uma nova prática assistencial e 
intervenção preventiva nos ambientes de trabalho foi, sem dúvidas, resultado 
da contribuição da Saúde dos Trabalhadores e do próprio trabalhador. 
 
Causalidade: Para nosso estudo, trata-se do mesmo já apresentado: a 
presunção de causalidade entre um agente nocivo e um resultado nocivo 
(sofrimento, adoecimento, agravo e até morte) requer a constatação de 
ligação entre o primeiro e o efeito que ele promove (relação de causa-efeito). 
Nessa perspectiva, as relações entre trabalho e processo saúde-doença podem 
variar, sendo as mais comuns as seguintes: i) trabalho como um determinante 
da condição de saúde; ii) trabalho como fator de adocecimento; iii) saúde 
como uma relação de trabalho; iv) doença ou agravo como um impeditivo do 
exercício laboral. 
 
Ergonômicos: São elementos físicos e organizacionais que interferem no 
conforto da atividade laboral e, consequentemente, nas características 
psicofisiológicas do trabalhador. 
 
Processo saúde-doença: O estudo do processo saúde-doença como um 
processo social, segundo Laurell (1983), compreende mais do que avaliar a 
articulação desse com outros processos sociais – trata-se de entender a 
questão da causalidade e de como o processo de adoecimento biológico ocorre 
no contexto social. 
 
Robert Schilling: Era um renomado professor, com aproximadamente 50 
 
 DOENÇAS OCUPACIONAIS 33 
anos de experiência, na área de saúde ocupacional (London School of Higiene 
and Tropical Medicine/Department of Occupational Health), que vivia na 
Inglaterra, conhecido por sua importante contribuição na determinação das 
tipologias das doenças em razão de sua relação com o trabalho. 
 
Trabalho: você sabia que a palavra “trabalho” significa tortura? Segundo a 
etimologia, estudo da origem e história das palavras, trabalho advém do termo 
latino tripalium, que era um instrumento de tortura romano usado com os 
prisioneiros da época. 
 
 
 
 
 
 
 DOENÇAS OCUPACIONAIS 34 
Aula 1 
Exercícios de fixação 
Questão 1 - D 
Justificativa: A obra em referência, datada de 1700, constitui-se na maior 
publicação de todos os tempos a tratar da vida e adoecimento dos operários. 
Ela se diferenciou na ocasião e serve até hoje como importante referência na 
área por trazer notadamente a visão social da vida do trabalhador para o 
campo da gênese do adoecimento e também por descrever de forma 
detalhada, sistematizada e classificada por natureza e grau do nexo causal com 
o trabalho mais de 50 diferentes patologias (MENDES, p. 4-6). 
 
Questão 2 - B 
Justificativa: A Revolução Industrial iniciada na Inglaterra foi um marco em 
termos da estruturação da saúde ocupacional, pois proporcionou um grande e 
acelerado processo de modificação das condições e processos de trabalho nas 
indústrias, o que culminou em muitas baixas laborais e evidenciou a 
insuficiência da medicina do trabalho em resolver os problemas de 
adoecimento, lesões e mortes dos operários, configurando uma redução direta 
da produtividade dessas indústrias. Foi esse importante fato histórico que 
impulsionou a modificação da visão e da atuação no campo da saúde dos 
trabalhadores, que assumiu a abordagem multiprofissional para prevenir os 
riscos crescentes e tratar os desvios de saúde causados pelas novas e más 
condições de trabalho. 
 
Questão 3 - D 
Justificativa: A OIT, criada em 1919, no contexto do final da Primeira Guerra 
Mundial, sobre a égide do Tratado de Versalhes, tinha como lema central a 
justiça social, exercendo seu papel de formuladora e aplicadora das normas 
internacionais do trabalho através da elaboração de convenções e 
recomendações que são seguidas pelos países-membros e contribuem em 
 
 DOENÇAS OCUPACIONAIS 35 
conjunto para a proteção ao trabalhador. As seis primeiras convenções 
adotadas foram fundamentais e se relacionavam a: limitação de jornada de 
trabalho, proteção à maternidade, proteção ao desemprego, limitação da 
jornada noturna de trabalho, idade mínima para o trabalhador das indústrias. 
Através de suas conferências internacionais, a OIT conseguiu, ao longo dos 
anos, corresponder a muitas das demandas dos movimentos sociais 
organizados e sindicatos de trabalhadores, intensificando a fiscalização sobre a 
aplicação das normas internacionais. Seu papel estratégico na consolidação de 
leis trabalhistas, e, de certo modo, de blindagem às políticaseconômicas e 
sociais em diversos países, resultou em relevante proteção ao trabalhador, em 
princípio. Posteriormente e até a atualidade, também segue como instrumento 
para identificar as grandes diversidades globais, no que se refere às condições 
laborais. Conferindo publicidade a seus estudos técnicos e participando 
ativamente em debates políticos sobre a temática, a OIT mantém-se engajada 
na luta por justiça social auxiliando nas negociações coletivas reativas a 
condições laborais, salários e benefícios de classes operárias, entre outras. 
 
Questão 4 - B 
Justificativa: A saúde do trabalhador, como área da saúde pública que estuda e 
intervém sobre as relações entre o trabalho e a saúde, deve atuar na promoção 
e na proteção da saúde do trabalhador por meio do desenvolvimento de ações 
de vigilância dos riscos presentes nos ambientes e condições de trabalho, 
dos agravos à saúde do trabalhador e a organização e prestação da 
assistência. Dessa forma, lembrando o Modelo de Determinantes Sociais de 
Saúde (CNDSS), a saúde do trabalhador deve atuar sobre os 
macrodeterminantes do processo de adoecimento, ressaltando-se condições e 
ambientes de trabalho e a oferta dos serviços de saúde (assistência). 
 
Questão 5 - A 
Justificativa: A saúde do trabalhador como área especializada da assistência à 
saúde é resultado de um processo evolutivo, histórico, marcado por 
descobertas científicas de grandes estudiosos das ciências médicas e dos 
 
 DOENÇAS OCUPACIONAIS 36 
fenômenos sociais, culturais e econômicos. Dessa forma, a atuação profissional 
da atualidade, por se tratar do conhecimento teórico refletido na prática 
inserida nos processos de promoção, prevenção e assistência à saúde, só pode 
ser completa e eficiente se for contextualizada em seu processo histórico (de 
entendimento da especificação da área como sendo de saúde pública). 
O entendimento da evolução histórica permite entender a complexidade da 
abordagem clínica e epidemiológica dos agravos à saúde do trabalhador, 
admitida a necessidade da multidisciplinaridade do cuidado pela insuficiência de 
a área da saúde isoladamente ser resolutiva. Além disso, tal entendimento 
auxilia a compreendermos a gênese e o significado de cada uma das 
descobertas realizadas, cada qual em seu contexto histórico e cada qual 
influenciando na forma de ver e atuar sobre o processo saúde-doença, em 
última análise, nos dias de hoje. A formação para atuar na área em referência 
exige não somente conteúdo técnico, ou prática de campo, mas uma 
combinação entre ambos e um acúmulo de conhecimento acerca dos conceitos 
e evolução das práticas incorporadas. 
 
Questão 6 - E 
Justificativa: O nexo de causalidade permite que a assistência seja adequada, 
além de contribuir para a qualificação das informações epidemiológicas 
(incidência, prevalência, gravidade e distribuição, entre outras) relativas a 
doenças e/ou agravos relacionados ao trabalho. Estabelecer esse nexo é 
importante na medida em que são notificados aos órgãos competentes a 
correta identificação e o diagnóstico de uma enfermidade, assegurando a 
proteção laboral dos pontos de vista legal, trabalhista e previdenciário ao 
trabalhador afetado. 
 
Questão 7 - B 
Justificativa: O aluno deverá expor medidas relativas a ações de promoção à 
saúde e preventivas que podem ser promovidas no ambiente de trabalho de 
forma organizada, coletiva e outras direcionadas ao indivíduo que esteja 
 
 DOENÇAS OCUPACIONAIS 37 
exposto a determinados riscos ocupacionais específicos, na tentativa de evitar 
ocorrências de danos, sofrimento ou agravos. 
 
Questão 8 - C 
Justificativa: O estudo técnico do ambiente e condições de trabalho é essencial 
para conhecer como, onde e em que condições as atividades laborais são 
exercidas e, consequentemente, de que maneira impactam no processo de 
saúde-doença do trabalhador individual e coletivamente. Essa informação 
permite a determinação do nexo de causalidade, quando for o caso, e orienta a 
condução dos profissionais de saúde nos processos assistenciais. 
 
Questão 9 - B 
Justificativa: Saber se uma doença esta intrinsecamente relacionada ao trabalho 
e seu potencial nocivo (Grupo I de Schiller) ou se a mesma possui múltiplos 
fatores de risco (etiologia epidemiológica), muda absolutamente tudo, seja na 
abordagem diagnóstica e terapêutica como na própria repercussão laboral do 
agravo/dano/doença do trabalhador individual ou das coletividades. Por isso é 
importantíssimo conhecê-las, classificá-las e identificá-las de forma objetiva e 
técnica. 
 
Questão 10 - D 
Justificativa: Schilling identificou que todas as informações já existentes sobre 
as doenças essencialmente ocupacionais (profissionais) poderiam mascarar a 
incidência de doenças que guardavam relação ou eram afetadas pelo trabalho, 
mas que eram de etiologia epidemiológica. Portanto, a principal característica 
de seu sistema de classificação é a proposição da existência de três formas de 
relacionamento entre trabalho e doença, permitindo que as abordagens 
preventivas para eliminação ou redução dos fatores de risco pudessem ser 
direcionadas segundo tipo de grupo de doenças específico, sendo, portanto, 
mais efetivas.

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