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Estudo Economia Política Internacional A Economia Política Internacional é uma área de Relações Internacionais que surgiu na dedada de 70 com o crescimento da interdependência, com o aumento da importância do comercio intra-industrial em detrimento do comercio inter-industrial. Nessa década, o Japão e a Europa se recuperaram, os EUA entraram em crise econômica, aconteceu o 1o choque do petróleo e a estagflação. Os países subdesenvolvidos passaram a demandar uma Nova Ordem Econômica Internacional. Alem disso, o mercado - interesses privados - haviam se tornado o importante ator internacional. A EPI é definida pelo seu problema de analise, e seu campo deve ser eclético em relação a metodologias e teorias. Ela é o estudo de todos os problemas de relações internacionais para os quais os fatores econômicos são uma causa e uma conseqüência importante. É, ainda, o estudo de questões internacionais que não podem ser analisadas pela economia, pela política ou pela sociologia separadamente. Economia - o problema deve envolver a alocação de recursos entre diferentes usos e sua distribuição entre os indivíduos pelo mecanismo de mercado. Política - envolve o uso do poder do Estado para decidir sobre a distribuição da riqueza em uma sociedade. Internacional - os problemas devem envolver mais de um Estado. A interação entre esses elementos ocorre em um mundo onde as regras e as instituições foram criadas. A EPI possui três matrizes teóricas: liberal, marxista/estruturalista, realista/ mercantilista/estatista. Essas matrizes darão maior ou menos ênfase ao papel do mercado ou do estado. O objetivo de qualquer país é criar riquezas e obter poder para garantir a segurança nacional e a independência. A segurança nacional é o cerne das preocupações nacionais. O mercantilismo é visto pela EPI como políticas estatais para manter a segurança e a independência econômica de uma nação. A segurança era fundamental para a prosperidade, justiça e paz, mas ela possuía um custo, portanto, a riqueza seria um pressuposto da segurança. Isso justifica as políticas de geração de riqueza via comercio internacional. O protecionismo e o colonialismo são parte do mercantilismo clássico, o comercio internacional era visto como um jogo de soma zero. O comercio internacional so geraria riqueza para os ganhadores - países superavitários. O colonialismo fazia parte dessa política comercial. Os monopólios comerciais eram interesse do estado e da burguesia comercial - com ganhos altos, essa não se furtava a financiar um estado grande, era fundamental para a segurança, e essa fundamental para os negócios. Dessa forma, o protecionismo e o colonialismo eram meios para garantir a segurança nacional. NACIONALISMO ECONÔMICO O nacionalismo pode ser entendido como uma extensão do mercantilismo, seu foco é ganhar poder pelo fortalecimento da economia nacional, e não pelo comércio internacional. Acredita-se que para ter independência política, era necessário ter independência econômica - isso justificava a ação do Estado como indutor do desenvolvimento - por meio da proteção comercial e da industrialização. O interesse econômico da nação deveria ficar à frente dos indivíduos. SISTEMA NACIONAL DE ECONOMIA POLÍTICA (1841) - GEORG FRIEDRICH LIST A nação forte seria uma forma de libertar o indivíduo - seria a intermediária entre o indivíduo e a humanidade. A nação, e não o indivíduo, passa a ser a unidade econômica básica, e a unidade nacional seria a base do bem-estar dos povos. O cosmopolitismo estaria a serviço das nações forte. A nação fica forte com a industrialização, e essa gera o livre comércio. List propôs a unificação do mercado interno e a proteção contra as importações industriais para estimular a industrialização. Uma vez que a industrialização se consolida, alcança-se o livre comercio. Ele não defende a proteção à importação de matérias-primas, e afirma que as importações de maquinas e equipamentos deveriam ser livres ate que pudessem ser produzidos internamente. A proteção seria um fomento à produção industrial. Para a nação ser forte existem alguns pré-requisitos: território extenso e uniforme, população numerosa, recursos naturais e abundantes, agricultura avançada, e elevado grau de civilização e desenvolvimento político. A proteção envolve tarifas proibitivas ou moderadas. As estratégias abarcam o aumento setorial e gradual das tarifas. Além do aumento do mercado interno, deveria haver também um aumento das exportações - com equilíbrio na balança comercial - e aumento da arrecadação de tributos - obras de infra-estrutura. A proteção deveria ser alta no inicio e cair gradativamente, por causa da necessidade de concorrência. CONCLUSÕES O desenvolvimento pressupõe a montagem de um setor industrial. Uma vez implantados e após estarem maduros, poderia haver a concorrência com os países mais avançados. Para que isso aconteça sao necessários recursos, escala e proteção - integração proporcionaria recursos e escala, e as barreiras proporcionaria o terceiro. O papel do Estado é o de indutor do desenvolvimento. O livre comercio não levaria ao fortalecimento das nações. ORIGEM DO LIBERALISMO ECONÔMICO O liberalismo econômico surgiu no século XVIII na França e na Inglaterra. Esse pensamento é baseado na ideia de libertar o indivíduo da ação repressora do Estado, se opõe à ação do Estado mercantilista. Os liberais viam a relação Estado x Mercado como um conflito entre coação e liberdades, entre autoridade e direitos individuais. As funções do Estado seriam apenas as clássicas, aquelas que os indivíduos não poderiam exercer por si próprios: sistema judiciário, defesa nacional e cunhagem de moeda. Ou seja, a função do Estado seria garantir um ambiente propicio à ação individual. A busca metódica e ordenada do interesse econômico individual passou a ser vista como preferível às ações dirigidas pelas paixões violentas, desordenadas e imprevisíveis. O comércio, conduzido pelos interesses individuais, em busca de ganhos materiais, seria um freio mais eficiente ao comportamento passional que o apelo à religião, ao dever e à moral. O comércio era visto como elemento civilizatório, estimulador de virtudes como a moderação e a probidade. A atividade comercial foi valorizada, assim como a vida privada. A valorização da vida privada possibilitou o aumento do consumo, importante para o dinamismo capitalista que se iniciava. Dessa forma, o mercado se tornava uma instituição chave na sociedade. Nele, os indivíduos podem buscar seus interesses, mas essa busca seria também um elemento de civilização e progresso. Perseguir interesses individuais, portanto, além de ser racional do ponto de vista individual, seria uma forma de atingir interesses públicos. Há também a ideia da mão invisível. GILPING É a existência paralela e a interação reciproca do Estado e do mercado que cria a economia política; sem o Estado e o mercado essa disciplina não existiria. A economia política investiga de que forma o Estado e seus processo políticos conexos afetam a produção e a distribuição de riqueza, assim como, em particular, o modo como as decisões e os interesses políticos influenciam a localização das atividades econômicas e a distribuição dos sues custos benefícios. O Estado influencia profundamente o resultado das atividades do mercado ao determinar a natureza e a distribuição dos direitos de propriedade, assim como as regras que regulam a conduta econômica. A crescente percepção de que o Estado pode influenciar as forças de mercado, e as influencias, determinando o seu destino em grau significativo, é um fator importante para explicar a emergência da economia política. Por outro lado, o próprio mercado é uma fonte de poder que influencia os resultados políticos. A dependência econômica cria uma relação de poder que é fundamental naeconomia mundial contemporânea. Estado e mercado interagem para influenciar a distribuição de poder e riqueza nas relações internacionais. Temas da economia politica: Enquanto poderosas forças de mercado tendem a ultrapassar as fronteiras nacionais, a escapar ao controle político e a integrar as sociedades, a tendência dos governos é restringir, canalizar e fazer com que a atividade econômica sirva os interesses percebidos dos Estados e dos grupos poderosos que atuam em seu interior. A lógica do mercado consiste em localizar as atividades econômicas onde elas são mais produtivas e lucrativas, a lógica do Estado consiste em capturar e controlar o processo de crescimento econômico e de acumulação de capital. O primeiro tema tem a ver com as causas e os efeitos econômicos e políticos do surgimento de uma economia de mercado. Os liberais em economia acreditam que as vantagens de uma divisão internacional do trabalho com base no principio das vantagens comparativas fazem com que os mercados surjam espontaneamente e promovam a harmonia entre os Estados; acreditam também que as redes de interdependência econômica criam uma base para a paz e para a cooperação. Já os nacionalistas econômicos acentuam o papel do poder na formação de um mercado e a natureza conflitiva das relações econômicas internacionais; argumentam que a interdependência econômica precisa ter um fundamento político, cria outra arena para o conflito entre os Estados, aumenta a vulnerabilidade nacional e constitui mecanismo que uma sociedade pode usar para dominar a outra. O segundo tema é o vinculo entre a mudança econômica e a política. Assim, pode- se questionar se os ciclos econômicos e seus efeitos políticos são um fenômeno endógeno ao funcionamento da economia de mercado ou se essas flutuações são devidas ao impacto de fatores exógenos sobre o sistema econômico, tais com guerras ou outros eventos políticos. Pode-se indagar também se a instabilidade econômica é ou não a causa de certos distúrbios políticos profundos, como a expansão imperialista, as revoluções políticas e as grandes guerras dos últimos séculos. O terceiro tema do livro é o significado para as economias nacionais, de uma economia de mercado globalizada. Tanto os liberais como os marxistas tradicionais consideram a integração de uma sociedade na economia mundial como um fator positivo para o bem estar interno e o desenvolvimento econômico. Liberais - comercio é um motor do crescimento. Marxistas- essas forças externas promovem o desenvolvimento ao destruir as estruturas sociais conservadoras. Para os nacionalistas, a economia de mercado mundial prejudica a economia e o bem-estar internos, pois o comercio é visto como um motor de exploração que causa declínio econômico. Ideologias como teorias políticas Nacionalismo econômico: presume o primado da politica - Estado, segurança nacional e poder militar - sobre a economia. Doutrina que privilegia o Estado, e o mercado deve estar sujeito aos interesses daquele - meta de construção e fortalecimento do Estado. O objetivo principal é a industrialização. Acreditam que a industria tem influencia positiva em toda a economia, o que promove o desenvolvimento do conjunto. Associa a industria com a auto suficiência econômica e a autonomia política. Além disso, a industria é considerada a base do poder militar, o que é fundamental para a segurança nacional. Acentuam o papel dos fatores econômicos nas relações internacionais e consideram a disputa entres os Estados por recursos econômicos inerente a natureza do próprio sistema internacional, uma vez que esses são necessários para o poder nacional. Todo conflito é ao mesmo tempo econômico e político. Riqueza e Poder: enquanto os liberais consideram a busca do poder e da riqueza como uma opção, os nacionalistas tendem a considerar essas duas metas de forma complementar . 1) a riqueza é um meio absolutamente essencial para o poder em termos de segurança ou para a agressão 2) o poder é essencial ou valioso como meio para adquirir e manter a riqueza 3) a riqueza e o poder são ambos objetivos últimos da política nacional 4) no longo prazo, há uma harmonia entre esses objetivos, embora em circunstancias particulares possa ser necessário fazer sacrifícios econômicos, durante algum tempo, no interesse da segurança militar e, portanto, da prosperidade de longo prazo O nacionalismo econômico defensivo existe com freqüência nas economias menos desenvolvidas ou naquelas economias avançadas que começaram a declinar; nesses países, o governo segue políticas protecionistas semelhantes para proteger suas industrias nascentes ou declinastes e para salvaguardar os interesses nacionais O Welfare state: estado do bem estar social Nas ultimas décadas do século XX, a importância crescente da tecnologia avançada, o desejo de controlar os pontos focais da economia moderna e o advento do que se poderia chamar de “competitividade das políticas publicas” passaram a ser os traços característicos. No entanto, a preocupação prevalece com o poder e a independência nacionais foi sempre a característica predominante. Liberalismo: reação ao mercantilismo. Presume que, do ponto de vista ideal, política e economia - o comportamento humano é tido como governado por um conjunto de “leis” econômicas, impessoais e politicamente neutras. Os governos não devem intervir no mercado, exceto nos casos em que este ultimo falhe, ou então para proporcionas um bem público, ou coletivo - ocupam esferas separadas. No interesse da eficiência, do desenvolvimento e da soberania do consumidor, os mercados devem funcionar livres de interferência política. Todas as formas de liberalismo econômico estão comprometidas com o mercado e com o mecanismo dos preços como o meio mais eficiente de organizar as relações econômicas internas e internacionais. O liberalismo - a premissa fundamental do liberalismo é a noção de que a base da sociedade é o consumidor individual, a firma, a família. e que os indivíduos agem sempre na base de um calculo do custo/beneficio, dos fins com relação aos meios. Por fim, ele sustenta que o indivíduo continua a perseguir um objetivo até que um equilíbrio seja alcançado no mercado, ou seja, até que os custos associados com a realização desse objetivo igualem as vantagens decorrentes - parte da ideia de que um mercado surge de forma espontânea para satisfazer as necessidades humanas, e que, uma vez que comece a funcionar, o faz de acordo com sua própria lógica interna. Para facilitar o comércio e melhorar o seu bem estar, as pessoas criam mercados, meios de pagamento e instituições econômicas (transportar, vender e trocar são atividades inerentes a humanidade). Rationale do mercado: é o aumento da eficiência econômica, a maximização do crescimento da economia e, portanto, a melhoria do bem estar. A atividade econômica aumenta também o poder e a segurança do estado. Lei da demanda e da oferta. Mão invisível __ O sistema de mercado tornou-se um fator importante na formação da sociedade moderna; a competição no mercado e a sensibilidade dos atores econômico as mudanças de preços relativos impulsionam a sociedade na direção de maior especialização, maior eficiência e de uma eventual unificação econômica do mundo. A interação do mercado com as condições ambientais explica em boa parte a história economia e política do mundo moderno. Entre as chamadas variáveis externa que afetam o funcionamento dos mercados estão a estrutura da sociedade, o contexto político nacional e internacional e a situação da teoria cientifica e do desenvolvimento tecnológico. Teorias Contemporâneas A teoria da Economia Dual: qualquer economia, interna ou internacional, precisa ser analisada em termos de dois setores diferentes, um setor moderno e progressista, caracterizado por um nível elevadode eficiência produtiva e integração econômica, e um setor tradicional, caracterizado por um modo de produção atrasado e por uma auto suficiência local. Sustenta que o processo de desenvolvimento econômico, motivado pela competição no mercado e pelos mecanismo dos preços, implica a incorporação e a transformação do setor tradicional em um setor moderno por meio da modernização das estruturas econômicas, sociais e políticas. A Teoria do Sistema Mundial Moderno: a historia e o funcionamento da economia política internacional só podem ser entendidos em termos do “Sistema Mundial Moderno”, o qual já foi definido como “uma unidade como uma única divisão do trabalho e muitos sistemas culturais”. Os proponentes - não são necessariamente marxistas, porem a teoria baseia-se na conceição marxista da realidade social, aceita o primado da esfera econômica e da luta de classes sobre o conflito político e de grupos como determinante da conduta humana; porem, a teoria fala de um sistema econômico mundial unificado composto de uma hierarquia internacional de Estados dominado por classes sociais, unidos por forças econômicas e produzindo o subdesenvolvimento em toda a periferia dependente - afirmam que a tarefa primordial dos economistas políticos é a analise das origens, da estrutura e do funcionamento desse sistema. Baseia-se na tese marxista clássica de que tanto o Estado nacional dos nacionalistas como o mercado dos liberais derivam de forças econômicas e sociais subjacentes e mais fundamentais. Não são atores independentes ou variáveis, mas conseqüências de um combinação peculiar de ideias, instituições e capacidades materiais. O argumento central é o de que a economia mundial contem um núcleo dominante e uma periferia dependente que interagem e funcionam como um todo integrado. Enquanto o dualismo considera que o núcleo desenvolvido e a periferia tradicional estão ligados de forma pouco firme (se tanto) a um relacionamento mutuamente benéfico, a teoria SMM os vê como um todo integrado, de tal forma que os mesmos mecanismos que no núcleo produzem desenvolvimento e acumulação de capital, na periferia provocam subdesenvolvimento econômico e político. Em contraste com a envase do dualismo - tendência favorável a separação do núcleo e da periferia, e especialmente no isolamento econômico de segmentos amplos da periferia - os defensores do SMM pensam que o núcleo e a periferia estão intimamente conectados. Os setores moderno e tradicional relacionam-se funcionalmente, e o segundo é mantido pelas suas conexões com o primeiro. -> acredita-se que são as relações externas da sociedade, e não os fatores internos, as responsáveis pelo subdesenvolvimento econômico e pela criação de Estados débeis. -> a teoria do SMM afirme que um sistema pluralista de Estados era o requisito primordial para a criação de uma economia mundial, considera que a interação do comercio internacional com os investimentos é o mecanismo fundamental para perpetuar seus traços estruturais. “O sistema mundial capitalista está dividido em 3 camadas de Estados: as do núcleo, as da semiperiferia e as da periferia. A diferença essencial entre elas está na força da maquina estatal em diferentes aéreas, a qual, por sua vez, leva a transferencia do excesso de produção da periferia para o centro, o que fortalece ainda mais os Estados centrais. O poder estatal é o mecanismo principal, pois “os atores no mercado” tentam “evitar o funcionamento normal do mercado sempre que ele não maximize o seu lucro”, voltando-se para o Estado nacional com o objetivo de alterar os termo do intercâmbio” (Brewer, 1980, p 165) A colocação original de um Estado através dessa divisão internacional do trabalho determina se um Estado é hard (pode resistir as forças externas do mercado, canalizando-as em seu proveito, e conseguir, com isso, administrar sua própria economia) ou soft (são plásticos, ficam a mercê das forças externas do mercado e não conseguem controlar a sua economia). A Teoria da Estabilidade Hegemônica: uma economia mundial liberal exige a presença de uma potência dominante ou hegemônica. A teoria está relacionada com a existência de uma economia internacional baseada nos preceitos do livre mercado, tais como a abertura e nano discriminação. Afirma que um tipo particular de ordem econômica internacional, a ordem liberal, não poderia florescer e alcançar seu pleno desenvolvimento sem a presença de um poder hegemônico, porem, a simples existência de um poder hegemônico não basta para garantir o desenvolvimento de uma economia internacional liberal, é preciso também que a potência hegemônica tenha compromisso com os valores do liberalismo ou, para Ruggie, que seus objetivos sociais e a distribuição interna de poder se inclinem favoravelmente a uma ordem internacional liberal. -> hegemonia sem um compromisso liberal com a economia de mercado levará, mais provavelmente, a um sistema imperial e a imposição de restrições políticas e econômicas as potências menores. A potência hegemônica pode estimular, mas não pode obrigar outros Estados poderosos a seguir as regras de uma economia mundial aberta. A potência hegemônica usa a sua influência para criar regimes internacionais - princípios, normas, regras e procedimentos decisórios em torno dos quais convergem as expectativas dos atores em uma certa área temática-. ADAM SMITH O maior acréscimo dos poderes produtivos do trabalho e grande parte da perícia, destreza e bom senso da sua execução parece provir da divisão do trabalho. A divisão do trabalho aumenta a produção por meio de três efeitos: - o aumento de destreza dos trabalhadores pelo treino e especialização; - poupança de tempo, correspondente à passagem de uma tarefa a outra e ao período de descanso normalmente associado; - invenção e utilização de máquinas que facilitam e reduzem o trabalho – a concentração num objectivo muito simples estimula a invenção de máquinas que substituam ou apoiem o operário na realização de determinada tarefa. A multiplicação das produções de todas as artes, consequência da divisão do trabalho, origina, numa sociedade bem administrada, a opulência generalizada, que se estende às camadas mais inferiores da população. Cada trabalhador troca uma grande quantidade dos seus produtos numa grande quantidade dos produtos dos outros trabalhadores, difundindo-se a abundância pelas diferentes camadas sociais. A divisão do trabalho não procede da sabedoria humana, mas de uma propensão para cambiar, permutar ou trocar. Numa sociedade civilizada, o homem necessita constantemente da ajuda e cooperação de uma imensidade de pessoas, tendo maior probabilidade de alcançar o que deseja se conseguir interessar o egoísmo delas. A riqueza das nações é o resultado do aumento da produtividade do trabalho, conseqüência da divisão do trabalho. O comercio internacional aumenta as possibilidades de que a divisão ocorra. Com o comercio, o país pode exportar quilo que produz melhor e importar aquilo que produz pior. Dessa forma, há um aumento da eficiência da economia, uma vez que cada país pode se concentrar na produção daqueles bens em que é mais eficiente. O comercio internacional é baseado na ideia de vantagens absolutas, ou seja, para haver comercio entre dois países, um país teria que ser mais eficiente na produção de pelo menos um bem. Uma das vantagens do comercio é o aumento da produção, além disso, tem-se também, preços mais baixos - beneficia os consumidores. A produtividade especializa a produção e exportação. MUDANÇAS NO QUADRO HISTÓRICO Com o aumento da concorrência, aconteceu uma erosão das diferenças de preços, o que reduziu o lucro. A integração dos processos de produção e comercial contribuiu para o avanço do capitalismo que acarretou no fechamento das guildas - mestres e artífices, artesanato. Oa mestresacabaram se tornando capitalistas e os artífices operários, e esses capitalistas se constituíram em uma força econômica importante na Inglaterra no século XVII. Essa mudança na realidade econômica levou a uma mudança das ideias econômicas. Essa mudança ocorreu na percepção de que os preços eram determinados pelas condições de produção e o lucro era originário do processo produtivo. Percebeu-se que se o trabalho é o principal determinante do valor, ele será o principal determinante dos lucros. Passou-se a criar um filosofia do individualismo, em que os capitalistas desejavam se livrar das regulamentações estatais e da vergonha em função da busca pelo lucro. Queriam se ver livres das restrições econômicas impostas pelo Estado, por isso, abraçaram o liberalismo. QUADRO HISTÓRICO A Inglaterra foi protecionista até o final do século XVIII - proteção do mercado interno e imposição do livre comercio no exterior. Nesse intervalo, a Inglaterra se tornou muito eficiente na produção de bens industriais, já que detinha o monopólio dos novos métodos industriais. Os únicos obstáculos para o aumento das exportações eram o protecionismo na Europa e EUA e barreiras à importação de matérias-primas e produtos agrícolas em função das Corn Laws. O argumento para a aprovação das Corn Laws foi a possibilidade de a Inglaterra ser auto-suficiente na produção de alimentos, mas o protecionismo passou a ser disfuncional para os industriais, pois quanto maior o preço dos alimentos, maior os salários e menos a margem de lucro na industria, dessa forma transferia-se a renda da industria para a agricultura. No Parlamento Inglês, os proprietários de terra eram sobre-representados, portanto eram seus interesses que eram defendidos. Os interesses dos industriais eram contrários aos dos proprietários de renda, pois para aqueles, o fechamento da economia prejudicaria a abertura de novos mercados e a compressão da taxa de lucros devido ao aumento dos salários. O interesse da industria era: menores tarifas de importação de matérias-primas, para que a Inglaterra pudesse demandar a abertura dos mercados na Europa e EUA. O Parlamento sofreu uma reforma no sistema em 1832, e nessa a representação pela renda, e não pela terra, ganhou força. Desse modo, as elites dos centros industriais passaram a ter mais forca política e portanto. O crescimento das cidades acarretou na necessidade de mais alimentos, portanto, a auto-suficiência passou a ser disfuncional. a partir daí, a elite industrial acabou com as Corn Laws. DAVID RICARDO Ricardo afirma que o problema central da economia política era determinar as leis que regem a distribuição do produto total da terra entre as três classes, o proprietário da terra, o dono do capital necessário para seu cultivo e os trabalhadores, que entram com o trabalho para o cultivo da terra. O problema central de Ricardo divergia do de Adam Smith na Riqueza das Nações. Para este, a questão central estava em investigar as causas do crescimento das nações, que era a fonte de onde provinham os estímulos à acumulação de capital. Para Ricardo, a acumulação era um problema relativamente simples, já que era deter- minada pela manutenção das taxas de lucros em determinados patamares, garantindo a reinversão. O problema central era da distribuição do produto total entre as três categorias. E os lucros eram vistos como resíduos, formados após a dedução dos custos de produção (aí incluídos os salários) e da renda da terra. Ricardo adotava a teoria de Malthus segundo a qual o salário apontava para a subsistência, porque se se elevasse, induziria ao aparecimento de um número maior de trabalhadores (pelo aumento do número de filhos dos operários), que faria, através da concorrência, o nível dos salários baixar novamente até a subsistência. Do contrário, um nível abaixo da subsistência faria os salários retornarem ao patamar natural, pela escassez de trabalhadores que seria causada. Num esquema de livre concorrência, a distribuição entre retorno do capital e pagamentos aos proprietários de terras se dava de acordo com a ocupação das terras. Prosseguindo-se ao limite a ocupação das terras menos férteis, chegar-se-ia à situação em que o produto líquido extraído da terra de menor fertilidade seria suficiente apenas para cobrir a parcela de custos e em todas as terras de maior fertilidade, seriam geradas rendas diferenciadas de magnitudes crescentes apropriadas pelos proprietários de terras, como dedução do produto líquido gerado. A taxa de lucro estaria então reduzida a um mínimo e o sistema entraria em estagnação, gerando apenas o suficiente para repor o desgaste do capital no processo produtivo — este era o chamado estado estacionário que Ricardo via como produto inevitável da expansão do sistema. É claro que poderiam ocorrer fatos que adiassem momenta- neamente a chegada do estado estacionário. Era o caso das inovações tecnológicas na agricultura (fazendo aumentar a produtividade em to- das as terras e barateando a parcela destinada à reprodução da classe trabalhadora). Era o caso também do comércio internacional, que poderia evitar o efeito da ocupação das terras menos férteis com a compra pelo país de produtos com maior produtividade no exterior, evitando-se assim a rebaixa geral na taxa de lucros. Daí o porquê de Ricardo ter defendido com tanto rigor a extinção das “Corn Laws” na Inglaterra. Ele defende a Teoria das Vantagens Comparativas, afirmando que essas são a causa ultima dos ganhos do comércio, uma vez que o comercio bilateral é sempre mais vantajoso que a autarquia quando as estruturas de produção são diferentes. Ex.: Portugal e Inglaterra - Panos e Vinhos - se houver diferença entre a quantidade de trabalho para produzir esses produtos nesses países, o comercio será possível e vantajoso. A diferença entre as produtividades é a condição necessária e suficiente para que haja ganhos de comercio. Nessa teoria, a eficiência é medida pela produtividade. Leva-se em consideração também o chuto de produção. O modelo das vantagens comparativas defende a relação entre produtividade - tecnologia - e padrão de comercio. afirma-se que o livre comercio é o meio para a especialização. Para Ricardo, o mundo deve ser do tipo 2x2 - relação entre dois países levando-se em consideração dois produtos -, deve-se haver um único fator de produção relevante, estoque de mão-de-obra fixo em cada pais, trabalhadores móveis entre os setores imóveis entre os países, diferenças nas tecnologias de produção entre os 2 países para um mesmo produto, e inexistência de barreiras comerciais ou de custos de transporte.
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