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1 Luci Carlos de Andrade Me to do log ia da Pe sq uis a C ien tífi ca Lu ci C ar lo s d e A n d ra d e Me to do log ia da Pe sq uis a C ien tífi ca UNIDADE 3 TIPOS DE PESQUISA 50 Nesta unidade, estudaremos os tipos de pesquisa, as características de cada uma e sua aplicabilidade no contexto da necessidade e exigência da investigação, que será proposta. 51 3. Tipologia de Pesquisa Temos os tipos de pesquisa que po- dem ser classificados de diferenciadas for- mas, dependendo de critérios e enfoques diversos. Na perspectiva das Ciências, por exemplo, a pesquisa pode ser biológica, mé- dica, físico-química, matemática, histórica, pedagógica, social etc. Apresentaremos algumas noções in- trodutórias. Assim, segue uma classificação da pesquisa quanto à natureza, aos objetivos, aos procedimentos e ao objeto. A pesquisa pode constituir-se em um trabalho científico original ou em um resumo de assunto, de acordo com a sua natureza. Quando se realiza uma pesquisa pela 52 primeira vez, podemos dizer que é um traba- lho científico original. Será uma contribuição para as novas conquistas e descobertas na es- fera da evolução do conhecimento científico. Nesse caso, esse tipo de pesquisa é desenvolvido por cientistas e especialistas em áreas específicas do conhecimento. (AN- DRADE, 2010) O rigor científico está presente no resumo de assunto. É um tipo de pesquisa isento de originalidade. Está embasada em trabalhos mais avançados, publicados por au- toridades no assunto, e não são simples có- pias das ideias. Destacam-se nesse tipo de trabalho, a análise e interpretação dos fatos e ideias, a utili- zação de metodologia adequada, assim como o enfoque do tema de um ponto de vista original. Por ser uma contribuição para a am- pliação da bagagem cultural do estudante, o resumo de assunto oferece subsídios para fu- turos trabalhos científicos aos mesmos, pois funcionam como preparação para trabalhos mais amplos e originais. As finalidades da pesquisa é que fazem a diferença entre o trabalho científico original e o resumo de assunto. 53 3.1. A Pesquisa Experimental e a Não Experimental A pesquisa experimental é a pesquisa passível de ser quantificada, mensurada. O seu próprio objeto funciona como fonte de observação e manipulação experimental na perspectiva da pesquisa quantitativa. É possí- vel a verificação em laboratório. Nesse caso, o pesquisador seleciona de- terminadas variáveis e testa suas relações funcio- nais, utilizando formas de controle. Esse tipo de pesquisa é perfeitamen- te adequado para as Ciências Naturais. No entanto, essa modalidade é mais complica- da no âmbito das Ciências Humanas, já que não se pode fazer manipulação das pessoas. (SEVERINO, 2007) A pesquisa experimental tem como objetivo principal investigar as possíveis rela- ções entre determinados grupos, em compa- rações com outros grupos que não estão no contexto da investigação. Essa pesquisa carac- teriza-se pelo rigoroso controle e manipulação das variáveis experimentais. Geralmente, são usados um ou mais grupos de controle para 54 comparações com o grupo que recebeu o tra- tamento experimental. Gressler (2007) concebe a pesquisa experimental como “forte”, devido ao seu controle sobre as variáveis, e em algumas circunstâncias pode ser considerada restrita e artificial, porque em muitos experimen- tos, as condições ambientais são diferentes das condições reais de vida. Podem ocorrer, também, comportamentos artificiais de se- res, quando são submetidos à manipulação e observações sistemáticas. No caso da pesquisa não experimen- tal, as variáveis não são passíveis de manipu- lação. O pesquisador deverá trabalhar com as mesmas, da forma como se apresentam na sua natureza. Trabalha-se com fatos e fenômenos que já existam. Dessa forma, geralmente, utili- za-se o método da pesquisa descritiva e explo- ratória, em que o pesquisador simplesmente observa o objeto sem interferência. A pesquisa possibilita, também, diferen- ciar ou examinar situações que já estão consoli- dadas. O estudo não experimental aplica-se em situações em que as características ou variáveis, não podem ou não devem ser manipuladas. 55 3.2 Pesquisa Bibliográfica Com referência à natureza das fontes utilizadas para a abordagem e tratamento de seu objeto, a pesquisa pode ser bibliográfica, de laboratório e de campo. Para Lakatos (2010), a pesquisa bi- bliográfica é aquela que se realiza a partir do registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, teses etc. Esta pesquisa busca os dados ou as categorias teóricas já trabalhadas por outros pesquisadores e devidamente registradas. As contribuições dos autores tornam-se fontes para novos temas a serem pesquisados. Vale estendermos um pouco mais as questões sobre a pesquisa bibliográfica, con- siderando que na maioria dos trabalhos cientí- ficos, utiliza-se essa prática. A pesquisa desse tipo tem como objetivo a contribuição de in- formações e de pesquisas baseadas em acervos de diversos autores, que já estudaram sobre o tema em questão. Conforme Trujillo, a pesquisa bi- bliográfica: 56 “Trata-se de levantamentos de toda bibliogra- fia já publicada em forma de livros, revistas, publicações avulsas e imprensa escrita. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo que foi escrito sobre deter- minado assunto, com o objetivo de permitir ao cientista “o reforço paralelo na análise de suas pesquisas ou manipulação das suas in- formações”. (1974. p 32, grifo do autor) Com as contribuições dadas pela pes- quisa do tipo bibliográfica, é possível que o pesquisador possa definir ou resolver proble- mas já conhecidos ou explorar novas áreas, onde possam existir problemas que ainda não foram solucionados. Para Gil (2002), a pesquisa biblio- gráfica, geralmente, desenvolve-se a partir de buscas em materiais já produzidos, que são compostos principalmente de livros e artigos científicos. No entanto, a maioria dos estudos exige trabalhos dessa natureza, como há pes- quisas produzidas somente a partir de fontes bibliográficas. Essa modalidade de pesqui- sa cobre uma imensa gama de fenômenos, o 57 3.3 Pesquisa Exploratória, Descritiva e Explicativa Os estudos de Andrade (2010) e Seve- rino (2007) trazem contribuições para enten- dermos sobre a pesquisa que pode ainda ser que oferece grande vantagem ao pesquisador, que é fundamental no caso de uma grande de- manda de dados ou da complexidade do tema, para solucionar o problema pesquisado. Por exemplo: a pesquisa bibliográfica é aplicada nos estudos históricos, pois facilita o conheci- mento dos fatos ocorridos no passado. Severino (2007) colabora e comple- menta as considerações sobre a pesquisa biblio- gráfica, quando aponta suas oito fases distintas: a) Escolha do tema; b) Elaboração do plano de trabalho; c) Identificação; d) Localização; e) Compilação; f) Fichamento; g) Análise e interpretação; h) Redação. 58 classificada, quanto aos objetivos em três gru- pos: exploratória, descritiva e explicativa. Vale ressaltar que estes três grupos, geralmente, de- finem os objetivos específicos de uma pesquisa. A pesquisa exploratória - é um tipo de pesquisa bibliográfica, que proporciona maiores informações sobre determinado as- sunto; facilita a delimitação e escolha de uma temática de estudo; define os objetivos ou formula as hipóteses de uma pesquisa e des- cobre um novo enfoque para o estudo que se pretende realizar. Essa pesquisa tem como objetivo principal, como o próprio nome diz, explorar e aprimorar as ideiasou a descoberta de intui- ções. Severino complementa: “a pesquisa ex- ploratória levanta informações sobre um de- terminado objeto, assim delimita um campo de trabalho, investigando as condições de ma- nifestação desse objeto. Pode ser uma prévia para a pesquisa explicativa. Basicamente, a pesquisa exploratória compreende: a) levantamento bibliográfi- co; b) entrevistas com pessoas relacionadas com o problema pesquisado; c) análise de exemplos que evidenciem a compreensão do fato estudado. 59 Tal pesquisa viabiliza o desenvolvi- mento de estudos inéditos e interessantes, sobre um determinado tema. Pois, possibilita uma maior familiaridade com o problema, e o explicita de forma mais ampla. O planejamento é bastante flexível e geralmente se enquadra na pesquisa e a amplia com vistas a torná-lo mais explícito. Consti- tui um estudo preliminar ou preparatório para embasamento de outras pesquisas. A pesquisa exploratória - em um primeiro momento esse tipo de pesquisa pri- ma pela observação, pelos registros. Procura analisar e classificar minuciosamente além de interpretar os fatos ou fenômenos (variáveis), em que o pesquisador não utiliza da interfe- rência ou manipulação. O objetivo principal nesse tipo de pes- quisa é descrever as características dos fatos ou fenômenos. Estuda e investiga as relações entre variáveis, ou seja, as características de um determinado grupo. Busca com objeti- vidade a frequência com que um fenômeno ocorre, procura compreender sua relação com os outros, sua natureza e características. A pesquisa descritiva - pressupõe o desenvolvimento de muitos estudos e possui 60 características próprias. Utiliza-se de técnicas já padronizadas de coletas de dados como: questionário, observação sistemática, formu- lário. Essa pesquisa é utilizada também no caso de levantamento de dados, o que se usa geralmente por pesquisadores das áreas de Ciências humanas e sociais, em situações de atuação prática. A pesquisa explicativa – também registra, analisa e interpreta os fenômenos estudados, mas preocupa-se com a identifica- ção dos fatores determinantes, que influen- ciam na ocorrência dos fenômenos, buscan- do suas causas. Nessa perspectiva, a pesquisa explica- tiva permite o aprofundamento da compreen- são da realidade, quando explica a razão e a origem das coisas. O nível de complexidade desse tipo de pesquisa é maior tendo em vista a preo- cupação com os determinantes e as causas das ocorrências dos fenômenos. Ao procurar compreender e explicar a realidade pode tam- bém estar sujeito a erros. No entanto, as bases da pesquisa ex- plicativa e seus resultados possibilitam uma consistente fundamentação na produção do 61 3.4 Métodos da Pesquisa Qualitativa e Quantitativa Alguns autores não fazem distinção entre métodos qualitativos ou quantitativos, porém, Lakatos (2008) aponta diferenças mar- cantes em relação à forma como são aborda- dos os fatos, dependendo de cada estudo. As diferenças entre o método quali- tativo e o quantitativo estão na questão dos instrumentos estatísticos e na forma de coleta e análise de dados. conhecimento científico. Essa pesquisa tem como finalidade o registro e a análise dos fenômenos estudados, buscando a identifi- cação de suas causas. Utiliza a aplicação do método experimental/matemático, e em al- guns casos por meio da interpretação nos métodos qualitativos. As considerações sucintas sobre tais tipos de pesquisa visam auxiliar o estudante, de forma objetiva na elaboração do seu pro- jeto de pesquisa, norteando suas intenções na estruturação da investigação que consta- rá no seu projeto. 62 Na metodologia qualitativa existe a preocupação em analisar e interpretar os as- pectos mais profundos, detalhando e descre- vendo a complexidade do comportamento hu- mano. “Fornece análise mais detalhada sobre as investigações, hábitos, atitudes, tendências, valores de comportamento etc.” (LAKATOS, 2008, p. 269) No método quantitativo, os pesqui- sadores lidam com amostras amplas e de in- formações numéricas em coletas estruturadas. Seguem, rigorosamente, um plano previamen- te estabelecido, com base em hipóteses claras e variáveis definidas. Podemos considerar a metodologia quantitativa como a descrição objetiva e sis- temática dos dados, cuja análise se dá com informação numérica resultante da investi- gação, que pode se apresentar em forma de quadros, tabelas e medidas, portanto, usa modelos estatísticos. “Três traços bem definidos no conteúdo quan- titativo devem ser observados: objetividade, sistematização e quantificação dos conceitos, evidenciados na comunicação. Na análise do conteúdo quantitativo, a ênfase de recair 63 na quantificação dos seus ingredientes.” (LAKATOS, 2008, p. 284) No enfoque quantitativo existe o le- vantamento de dados para provar as hipóte- ses, com base na medida numérica e na análise estatística para estabelecer padrões de com- portamento. Neste caso, busca-se a expansão dos dados, ou seja, a informação. Já, a pesquisa qualitativa permite a rea- lização de articulações entre teoria e prática no desenvolvimento do estudo. Pesquisar o coti- diano em uma abordagem qualitativa é buscar aproximações com a realidade. Minayo destaca que: “A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se preocupa, nas ci- ências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado [...] ela trabalha com o universo de significados, motivos, as- pirações, crenças, valores, atitudes, o que res- ponde a um espaço mais profundo das rela- ções, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis”. (2003, p. 21). 64 A abordagem qualitativa leva o pes- quisador a entrar em contato direto com o problema em questão. Podendo investigar sua complexidade, especificidade e diferen- ciações que o problema apresenta. Com a contribuição da abordagem qualitativa, é possível reunir uma vasta gama de informa- ções necessárias e valiosas para o desenvolvi- mento de uma pesquisa. 1. Qual o seu entendimento sobre pesquisa experimental e não experimental? 2. Defina a pesquisa bibliográfica. 3. As pesquisas exploratória, descritiva e expli- cativa podem definir os objetivos específicos na pesquisa? Esclareça. 4. Quais as diferenças básicas na pesquisa qualita- tiva e na quantitativa? 5. Explique com suas palavras o método qualitativo e o método quantitativo de uma pesquisa. Exercícios Propostos 65 Referências Bibliográficas Complementares DEMO, Pedro. Pesquisa: princípio científi- co e educativo. 8ª. Ed. – São Paulo: Cortez, 2001. LUDWIG, Antonio Carlos Will. Fundamen- tos e prática da Metodologia Científica. Petrópolis RJ: Vozes, 2009. MARCONI, Marina de Andrade. Técnicas de pesquisa. Marina de Andrade Marconi - Eva Maria Lakatos. – 7ª. Ed. – São Paulo: Atlas, 2008. UNIDADE 4 O PROBLEMA NA PESQUISA 68 Nesta unidade, estudaremos o proble- ma na pesquisa. Discutiremos a formulação do problema e as implicações do seu enunciado. Apresentaremos os elementos básicos a serem considerados na definição de um problema, tais como as hipóteses e variáveis. 69 4. Formulação do Problema O tema de uma pesquisa é o assunto que se deseja provar ou desenvolver: “é uma dificuldade, ainda sem solução, que é mister determinar com precisão, para intentar, em se- guida, seu exame, avaliação crítica e solução” (ASTI VERA, 1976, p. 97) Lakatos (2010) diz que é preciso ter bem claro o que se quer na pesquisa. É o mo- mento de enunciar um problema, ou seja, de- terminar o objeto da pesquisa. O tema de uma pesquisa pode ser de alguma forma abrangente, porém a formulação do problema é específica. É um questionamen-to ou uma dificuldade que se pretende resolver. 70 “Formular o problema consiste em dizer, de maneira explícita, clara, compreensível e operacional, qual a dificuldade com a qual nos defrontamos e que pretendemos resolver, limitando o seu tempo e apresentando suas características. Dessa forma, o objetivo da formulação do problema da pesquisa é torná- -lo individualizado, específico, inconfundí- vel”. (RUDIO, 1979, p. 75) Geralmente, o processo de investigação inicia-se com um problema. Problema é uma situação real ou artificial, perplexa e desafiado- ra, cuja solução exige pensamento reflexivo. É uma questão concernente às relações existentes entre conjuntos de eventos (variáveis). Conduz-se a pesquisa com o intuito de encontrar respostas para os questionamen- tos. Nesse sentido, o problema exige respostas para uma questão, para uma pergunta que se faz na pesquisa. O problema na pesquisa é o objeto da mesma, uma dificuldade, teórica ou prática, em que se busca a solução. Ao definir o problema, estaremos es- pecificando também os caminhos para solu- 71 cioná-lo. Desse modo, é interessante ter clare- za, concisão e objetividade. Além de facilitar a construção da hipótese central, orienta quanto ao método e o tipo de pesquisa a ser utilizado. “A caracterização do problema define e identifica o assunto em estudo, ou seja, um problema muito abrangente torna a pesqui- sa mais complexa. Quando bem delimitado, simplifica e facilita a maneira de conduzir a investigação”. (MARINHO, 1980, p. 55) Para definir o problema na pesquisa é necessário refletir com tranquilidade; requer leituras sobre o assunto a ser pesquisado, ou seja, conhecimentos prévios, com o máximo de informações possíveis que assegurem con- dições de formulação do mesmo. A proposição do problema não é ta- refa fácil, e não se faz de imediato; é o mer- gulho no assunto em todos os seus aspectos, que viabiliza definir o problema no plano de hipóteses e de informações. “Nem sempre é possível ao pesquisador for- mular clara, precisa e adequadamente o seu 72 problema de pesquisa. Em muitas situações, o pesquisador possui uma dúvida bastante geral, vaga, desordenada e até mesmo confu- sa, a respeito do que pretende investigar. Ele identificou o problema, mas sente dificuldades na formulação clara e operacional do enun- ciado”. (GRESSLER, 2003, p. 113) A definição ou formulação do proble- ma permite seguir as etapas previstas, para se atingir o objetivo da pesquisa. No entanto, an- tes de ser considerado apropriado, o problema deve ser analisado. Veja os seguintes aspectos e as possi- bilidades de execução: a) Viabilidade: pode ser eficazmente resolvi- do através da pesquisa. b) Relevância: deve ser capaz de trazer co- nhecimentos novos. c) Novidade: estar adequado ao estádio atual da evolução científica. d) Exequibilidade: pode chegar a uma con- clusão válida. e) Oportunidade: atender a interesses parti- culares e gerais. 73 Na visão de Gressler (2003), o pro- blema, assim, consiste em um enunciado explicitado de forma clara e compreensível, com possibilidades de operacionalização. O problema também pode se constituir em forma de pergunta. Algumas questões apontadas por Gressler (2003) auxiliam-nos a proposição do problema. a) Corresponde a interesses pessoais, sociais e científicos, isto é, de conteúdo e metodológi- cos? Estes interesses estão harmonizados? b) Constitui-se o problema em questão cientí- fica, ou seja, relacionada entre si pelo menos dois fenômenos (fatos, variáveis)? c) Pode ser objeto de investigação sistemática, controlada e crítica? d) Pode ser empiricamente verificado em suas consequências? 4.1 Problema e Hipótese A definição ou formulação do proble- ma e a verificação de sua validade científica supõe uma provável resposta, que é provisó- ria, a que chamamos de hipótese. O problema 74 4.2 Formulações de Hipóteses Lakatos (2010) considera a hipótese como um enunciado geral de relação entre vari- áveis (fatos, fenômenos) e podem ser: a) Formulada como solução provisória para um determinado problema; b) Apresentando caráter explicativo ou pre- ditivo; c) Compatível com o conhecimento científico; d) Sendo possível a verificação empírica em suas consequências. A hipótese enquanto uma suposta, pro- vável e provisória resposta a um problema, de- verá ser verificada através da pesquisa; interes- sa-nos o que é como se formula um problema. Para a ciência é imprescindível três re- quisitos básicos à formulação das hipóteses: 1) a hipótese deve ser formalmente correta e não se apresentar “vazia” semanticamente; ou a hipótese são enunciados de relação entre variáveis (fatos, fenômenos); o que difere en- tre ambos, é que o problema consiste em uma interrogação e a hipótese é uma sentença afir- mativa mais detalhada. (GRESSLER, 2003) 75 2) a hipótese deve estar fundamentada, até certo ponto, em conhecimento anterior; 3) a hipótese tem de ser empiricamente con- trastável, por intermédio de procedimentos objetivos da Ciência. “É preciso não confundir hipótese com pressu- posto, com evidência prévia. Hipótese é o que se pretende demonstrar e não o que já se tem demonstrado evidente, desde o ponto de partida. [...] nesses casos não há mais nada a demons- trar, e não se chegará a nenhuma conquista e o conhecimento não avança” (SEVERINO, 2006, p. 161) O trabalho de formular hipóteses a serem testadas é sempre um desafio que de- pende da área na qual está sendo desenvolvida a pesquisa. É uma fase de reflexão e análise, com base em algumas considerações a respei- to do assunto que será explorado, para supor possíveis resultados. Não é possível, o pesquisador pen- sar em uma pesquisa, projetar o seu inte- resse e intenção sem formular hipóteses necessárias ao andamento da pesquisa. Mui- 76 tas vezes, pode ser levantada mais de uma hipótese em um projeto; a única diferença é que pode ser uma hipótese geral e várias específicas. (LAKATOS, 2008) 4.3 Variáveis O que são variáveis? Podemos dizer que variáveis são características passíveis de observação do fenômeno a ser estudado e estão presentes todos os tipos de pesquisa. Esclarecemos o seguinte: nas pesquisas quantitativas, são mensuráveis; nas pesquisas qualitativas são descritas ou explicadas. As chamadas variáveis apresentam ca- racterísticas sociais, econômicas, ideológicas, demográficas, estatísticas, matemáticas, mer- cadológicas etc. Depende do tipo de pesquisa e das características de cada estudo proposto. Para Lakatos e Marconi (2007, p. 139), “uma variável pode ser considerada como uma classificação ou medida; uma quantidade que varia; um conceito operacional que contém ou apresenta valores; ou ainda, um aspecto, pro- priedade ou fator, discernível em um objeto de estudo e passível de mensuração.” 77 É preciso o cuidado com as variáveis, pois todas interferem no objeto a ser estudado e de certa forma podem comprometer ou in- validar a pesquisa, se não forem controladas. Encontra-se em Lakatos e Marconi (2007, p. 139-155), um estudo mais aprofun- dado sobre variáveis independentes e depen- dentes, fixidez (fixas) ou alterabilidade das va- riáveis; variáveis moderadoras e de controle; variáveis extrínsecas e componentes; variáveis intervenientes e antecedentes. Segundo Lipset e Bendix (In: Trujillo, 1974, p. 144), “variável é um conceito opera- cional, sendo que recíproca não é verdadeira: nem todo conceito operacional constitui-se em variável. Para ser definida, a variável pode conter valores.” Entendemos uma variável como clas- sificação ou medida; uma quantidade que va- ria; um conceito operacional, que contém ou apresenta valores; aspecto, propriedade ou fa- tor, que está evidenteno objeto de estudo e passível de ser medida. Existem os valores que são adiciona- dos ao conceito operacional, para transformá- -lo em variável, por exemplo: quantidades, qualidades, características, magnitudes, traços 78 Exercícios Propostos 1. Em sua opinião, o que é o problema na pes- quisa? 2. Aspectos importantes precisam ser leva- dos em conta na formulação do problema. Aponte-os. 3. Por que o problema está relacionado com as hipóteses? Esclareça. 4. Defina com suas palavras o que é hipótese. 5. Defina com suas palavras o que é variável. etc., podem ser alterados dependendo do caso, são abrangentes e exclusivos, problema etc. Imaginemos o “universo” da ciência como constituído de três níveis: no primeiro, ocorrem as observações de fatos, fenômenos, comportamentos e atividades reais; no segundo, encontramos as hipóteses; finalmente no ter- ceiro, surgem as teorias, hipóteses válidas e sus- tentáveis. O enunciado das variáveis viabiliza a constatação ou a refutação dos fenômenos, fatos ou comportamentos. 79 Referências Bibliográficas Complementares DEMO, Pedro. Pesquisa: princípio científico e educativo. 8ª. Ed. – São Paulo: Cortez, 2001. LUDWIG, Antonio Carlos Will. Fundamen- tos e prática da Metodologia Científica. Petrópolis RJ: Vozes, 2009. MARCONI, Marina de Andrade. Técnicas de Pesquisa. Marina de Andrade Marconi - Eva Maria Lakatos. – 7ª. Ed. – São Paulo: Atlas, 2008.
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