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João Marcelo Resumo Direito empresarial I - direito societário

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João Marcelo Couto Conceição 
Empresarial I - Spinelli 
O Direito Empresarial regula o exercício das atividades econômicas de modo profissional – seu 
exercício, seus agentes (pessoas físicas e jurídicas) e seu objeto (estabelecimentos 
empresariais). Há uma linha tênue entre o que é o que não é atividade empresarial, pois não é 
um ramo estanque do Direito, podendo ser estendido para vários outros ramos, como Direito 
Penal, Tributário, etc. 
 HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DO DIREITO COMERCIAL 
 Direito Empresarial surge na Idade Média com o nome de Direito Comercial, para 
atender à classe emergente: a burguesia. 
 Na Antiguidade, não havia um ramo específico do Direito Empresarial, mas ali surgiram 
alguns institutos, como o Código de Hamurabi e o contrato nauticus fuenos (de comércio 
marítimo), na Grécia, assim como uma espécie de instituto de falência no Direito Romano. 
Ainda não existia uma necessidade palpável para o despontar de tal tema, pois o comércio era 
uma atividade renegada, feita por libertos e escravos, não digna dos nobres. O ius gentium 
romano supria as necessidades por ser bem flexível, servindo como um direito comum. 
 Com a queda do Império Romano e a ascensão árabe no mediterrâneo, há o início da 
Idade Média, a formação dos feudos (segurança em torno dos senhores feudais), o 
fechamento do comércio, a valorização da propriedade imóvel e poucas trocas internas nos 
burgos. Com a formação dos burgos livres, há um novo sistema econômico, precursor do 
capitalismo, formando cidades. Nesse início da Baixa Idade Média, os comerciantes assumem 
importância, surgindo nesse momento as corporações de ofício. Assim, o Direito Comercial 
tem sua primeira fase. 
1. Fase Subjetiva (séc. XI - XVI) 
 Para ser considerado comerciante, era necessário estar matriculado nas 
corporações, no album mercatorium, tendo cada ofício uma corporação específica. 
Assim, surge a lex mercatoria/ius mercatorium, o direito dos comerciantes, criado por 
esses. Era um direito de classe, pois o direito comum não mais supria as necessidades. 
 Era um direito ágil e vivo, se adaptando aos problemas do dia-a-dia e 
incorporando costumes já sedimentados. Os estatutos das corporações (regravam as 
profissões) serviam como fonte, assim como as decisões consulares – embriões dos 
tribunais de comércio que tinham por base a realização de uma justiça ágil, baseada na 
equidade sem formalidades. Hoje, as juntas comerciais têm, por lei, competência para 
assentar costumes empresariais, embora tal seja raro na prática. As corporações 
regravam e julgavam as situações e disputas existentes no âmbito comercial (direito e 
justiça). 
 Em um primeiro momento, os tribunais – privados, próprios de cada 
corporação – tinham atuação restrita aos litígios entre os matriculados no álbum 
mercatorium. Com o passar do tempo, sua influência se estender para os conflitos 
entre comerciantes e não comerciantes. Cada corporação tinha seu próprio cônsule, e, 
posteriormente, seu próprio tribunal. 
 Principais características da lex mercatoria: 
 Direito profissional, de classe e corporativo, regrando e defendendo 
seus próprios interesses; 
 Consuetudinária – os costumes adotados tinham relevância; 
 Urbana, nascida nas Feiras Medievais das cidades-estado, e 
posteriormente sendo usada para regrar comércios entre cidades, 
principalmente francesas e italianas. Nasceu na Itália; 
 Mobiliária – se preocupava com a circulação da riqueza; 
 Internacional e intercambista entre feiras de cidades distintas; 
 Racional – tinha por objetivo resolver problemas práticos, 
distinguindo-se do direito comum (interno, religioso e agrícola). 
 Na Idade Média, surgem as primeiras compilações de direito consuetudinário, 
sendo de Benvenuto Stracca a primeira obra de Direito Comercial de que se tem 
conhecimento, feita em Veneza, em 1553. Na época, os comerciantes eram 
considerados cidadãos de 2ª classe – não era um nobre trabalho. Ainda, a Igreja 
condenava os lucros e a usura. 
 Com o tempo, os lucros dos comerciantes passaram a atrair as classes mais 
altas, que passaram a aceitá-los dentro de seus círculos, vendo-o com bons olhos os 
clérigos e nobres. Esses formavam sociedades em conta de participação (sociedade 
oculta, que não aparece perante terceiros, sendo desprovida de personalidade 
jurídica. O que a caracteriza é a existência de dois tipos de sócio, quais sejam, o sócio 
ostensivo, que aparece e assume toda responsabilidade perante terceiros, e o sócio 
participante - sócio oculto - que não aparece perante terceiros e só tem 
responsabilidade perante o ostensivo, nos termos do ajuste entre eles1), para 
expedições marítimas. Os nobres eram os sócios ocultos, para que não fossem 
estigmatizados. 
 Institutos criados na Idade Média que persistem até hoje: 
 Registro de empresário na Junta Comercial; 
 Firma ou razão social; 
 Capacidade ampliada dos menores; 
 Casa comercial + filiais; 
 Marca comercial privada; 
 Contabilidade (método das partidas dobradas); 
 Estruturação mercantil; 
 Títulos de crédito e letras de câmbio (precursores dos bancos); 
 Falência. 
 
2. Subfase Estatal (séc. XVI - XVII) 
 Há um fortalecimento estatal e a formação dos Estados Nacionais, cada um 
passando a ter seu próprio sistema de direito nacional. O direito comercial deixa de ser 
um direito de classe (criado e julgado pelos comerciantes) e passa a ser estatal, ainda 
 
1 TOMAZZETTE, Marlon. Curso de Direito Empresarial. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2013, v. 1, p. 294. 
que esse buscasse suas leis na lex mercatoria. Os tribunais de comércio continuaram a 
existir, mas seus “juízes” eram indicados pelos monarcas, sem liberdade de formação. 
Na França, por exemplo, há as ordenanças de Luis XIV sobre o comércio marítimo 
(1681) e terrestre (1673). 
 Nesse período, começam as companhias marítimas (embriões das S.A.), 
juntamente com a expansão colonialista. As S.A. só poderiam ser criadas pelo Estado – 
mais tarde, quando puderam ser criadas por particulares, ainda precisavam da 
autorização estatal. No Brasil, a constituição de S.A. só foi autorizada no século XIX. 
 Nessas duas primeiras fases, o direito é subjetivo – é comerciante quem está 
inscrito no album mercatorium. 
 
3. Fase Objetiva (séc. XIX - 1942) 
 Na realidade econômica, a partir da Revolução Industrial. Há maior 
individualização da economia. A Rev. Industrial só foi possibilitada pela criação dos 
títulos de crédito (flexibilização da riqueza) e da sociedade anônima (captação de 
recursos para um grande investimento), institutos do Direito Comercial. 
 Na realidade social, aconteceu a partir da Revolução Francesa. Há o 
questionamento de certos privilégios (por que determinados ofícios estavam 
reservados a certos grupos de pessoas?), dando início ao liberalismo. Segundo 
Ascarelli, os três institutos que viabilizaram a economia moderna foram o seguro, os 
títulos de crédito e a sociedade anônima. 
 Em 1791, foi publicada a Lei Le Chapelier, que extinguiu todas as 
corporações de ofícios. Após, a edição do Código Civil (1804) e do Código 
Comercial (1807) franceses distingue a burguesia imobiliária (Código Civil) e a 
mercantil (Código Comercial). Com o último, o direito deixa de ser subjetivo e 
passa ser objetivo - baseado nos atos de comércio – é comerciante quem os 
realiza, havendo um rol de atividades fornecido pelo Estado. EX.: compra e venda de 
mercadorias. 
 O grande problema era que esse rol era fechado, o que limitava as atividades e 
trazia insegurança jurídica nos temas de falência, atos mistos (o consumidor vira 
comerciante?), litígios entre vendedores e compradores(ainda havia uma bipartição 
nos tribunais, havendo civis e comerciais – levo o litígio ao tribunal comum ou ao 
comercial?), prestadores de serviço, etc. Havia, inclusive, atos que estavam de fora e 
deveriam estar dentro, como corporações imobiliárias e prestadores de serviço. Quem 
pode estar sob as obrigações do Direito Comercial? 
 
4. Teoria da Empresa (1942) 
 Instituída com o Código Civil italiano de 1942, foi o que influenciou a unificação 
do direito privado na Itália. O foco sai do rol de atos comerciais e vai para a atividade 
empresária (quem a explora) que instrui o direito privado. A ideia era que não 
houvesse mais um código de classe, um para a burguesia civil e outro para a burguesia 
comercial. Com a 4ª fase, há uma depreciação dos usos comerciais (costume), tendo 
em vista que o Estado deveria ser a única fonte legislativa do direito comercial. 
 Seu nome também muda, passando a se chamar Direito Empresarial (o foco 
sai do comerciante e vai para o empresário). O motivo é que há uma identificação do 
No Brasil, o Código 
Comercial de 1950 
também disponibilizava 
tal rol, fechado. 
A parte de Direito Marítimo do 
Código Comercial de 1850 
permanecem em vigor até hoje. 
empresário como alguém útil para a sociedade, além da localização dos que exerciam 
tal atividade, para que o Estado tivesse maior controle sobre eles. 
 
EVOLUÇÃO DO DIREITO COMERCIAL BRASILEIRO (Hernani Estrella) 
 
1. 1822 – 1850 
 A lei de 20 de outubro de 1823 dizia que se aplicavam no Brasil as leis 
portuguesas em vigor até 25 de abril de 1821. Essa fase é marcada pela aplicação das 
leis portuguesas e de algumas leis esparsas de D. Pedro I. Era um sistema jurídico 
incompleto, sendo a colmatação de lacunas feita pela Lei da Boa Razão, gerando 
insegurança jurídica, pois várias normas diferentes eram aplicadas: direito francês, 
português e italiano, que às vezes se contradiziam. O direito comercial era um direito 
classista, porém não organizado, havendo somente leis esparsas, pois, sendo o Brasil 
um país eminentemente agrícola, não há incentivo ao comércio. 
 
2. 1850 – 1890 
 Em 1850, um Código Comercial brasileiro é promulgado, o que 
muda a perspectiva sobre esse tema. Consolidam-se a figura dos atos 
de comércio e o Direito Comercial como uma matéria sistematizada – 
considera-se ali seu início. Juntamente com o Código, há a promulgação 
de 2 decretos: 
 Regulamento 737 – regula o Direito Processual Comercial e dá rol 
fechado de atos de comércio – sua positivação foi uma teoria 
importada da França; 
 Regulamento 738 – cria os Tribunais de Comércio (julgam os processos 
de quebras e causas nos quais os comerciantes estivessem envolvidos). 
 Para o Código Comercial de 1850, comerciante era quem praticava atos de 
comércio (o Art. 4º do Código Comercial afirmava que só gozaria da posição de 
comerciante quem era inscrito nos tribunais ou praticasse atividades habituais de 
mercancia – Regulmento 737). Portanto, quem não os praticava não estava sujeito à 
disciplina no Código Comercial. Assim, existiam profissões e atividades 
regulamentadas que não se sujeitavam à lei. 
 Inicia-se assim a criação de jurisprudência e doutrina do Direito Comercial 
brasileiro → nascimento de fato do DCB. Entretanto, com o tempo, cresce a 
necessidade de atualização, e o Código Comercial vai se esgotando, não atendendo 
mais às demandas econômicas do país, exigentes de regras mais flexíveis. Em 1875, há 
a extinção dos Tribunais de Comércio, e, em 1890, uma unificação processual. 
 
3. 1890 – 2002 
 Começa o período republicano. Com o surgimento da necessidade de mais 
legislação reguladora, há a criação de diversas leis esparsas: 
 1890 – Unificação processual. Criação do instituto da falência; 
 1903 – Lei dos Armazéns Gerais (ainda em vigor). Permite que as 
corporativas funcionem como armazéns gerais, excetuando-se as 
sociedades em liquidação; 
 1908 – Leis Cambiais; 
 1940 – Sociedades Anônimas/por Ações; 
 1960 – Inclusão das incorporadoras imobiliárias no Direito Comercial. 
 Há uma expansão do Direito Comercial, que vai abarcando outras atividades 
além das previstas no regulamento 737. Começa uma “comercialização do Direito 
Civil”, ou seja, institutos típicos do direito comercial passam a fazer parte do Direito 
Civil, e isso fica cada vez mais comum. 
 EX.: contratos de seguro, mora ex re (o mero atraso do prazo já coloca o 
devedor em mora, sem necessidade de interpelação). Institutos típicos do direito 
comercial se espalharam pela sociedade, por sua utilidade geral (cheques, notas 
promissórias, etc.). 
 
4. 2002 – atual 
 Com o novo Código Civil, há uma mudança no Direito Comercial. Ocorre a 
unificação formal e parcial do Direito Privado, revogando-se quase todo o Código 
Comercial de maneira expressa (só permanece em vigor a parte de Direito Marítimo). 
Há uma mudança de matriz no direito brasileiro; o Direito Comercial e a Teoria da 
Empresa se incorporam ao Direito Civil, e o CC 2002 passa a regrar as obrigações 
comerciais e civis. Boa parte do que hoje chamamos de Direito Empresarial se 
encontra dentro do CC; entretanto, institutos típicos do direito empresarial 
continuaram a ser regrados por leis especiais., e somente quem é empresário pode se 
valer deles. 
 EX.: Lei das S.A. (6.404/76); Falência (7.661/45)→só foi revogada pela nova Lei 
de Falências (11.101/05). 
 O Código Civil de 2002 abandona a Teoria dos Atos de Comércio e adota a 
Teoria da Empresa – não há um rol fechado de sujeitos; todos que exerçam atividade 
empresária estão sujeitos à lei. É uma mudança de perspectiva, o que não significa que 
qualquer um que ofereça atividade comercial voltada ao mercado seja empresário 
(ficam de fora, por motivos históricos, os sujeitos que exerçam atividade intelectual, 
artística ou científica - Art. 966, § único, CC). 
 
Aula 15/09 
1 REGIME JURÍDICO DA ATIVIDADE 
1.1) O QUE É ATIVIDADE 
Conceito: Conjunto de atos de qualquer espécie imputáveis a um sujeitou ou a um centro de 
interesses e organizados tendo em vista um mesmo objetivo 
 “Conjunto de atos de qualquer espécie” – sejam jurídicos ou não. Ex: abrir uma loja. 
o Atos jurídicos – contratar empregados, assinar contrato com a CEEE 
o Atos não jurídicos – definir coleção, arrumar a vitrina – pouco importa a 
natureza 
 “imputáveis a um sujeitou ou a um centro de interesses” – imputáveis a sujeitos (não 
pessoa), pois existem sujeitos com capacidade obrigacional que não são pessoas (ex: 
personalidade jurídica – que nada mais é que uma técnica de segregação de 
patrimônio). Pode ser uma pessoa física ou jurídica ou um ente sem personalidade 
jurídica. 
 “organizados tendo em vista um mesmo objetivo” – O que qualifica a atividade é o fim 
dela. 
Voluntariedade: a atividade pode ser voluntária (Ex: iniciativa privada) ou pode ser vinculada 
por lei (ex: atividade estatal). 
Qualificação do ato: Tendo em vista isso, é a atividade (e o fim buscado dela) que vai qualificar 
os atos. 
 Quando eu sei que um ato é ordinário ou extraordinário? Pelo fim da atividade 
o Ex: Numa construtora, a compra de vários imóveis num curto espaço de tempo 
ato de administração ordinária. Já para uma clinica médica, isso seria um ato 
administrativo extraordinário. 
Conceito 2: Atividade é o conjunto de atos com existência e regimes jurídicos distintos em 
relação aos atos isolados que o compõe 
 
1.2) SUJEITO DENTRO DO REGIME JURÍDICO DA ATIVIDADE 
Capacidade, Legitimidade e Habilitação do sujeito para explorar a atividade 
a) Capacidade 
Normalmente segue-se o regime geral do CC quanto a capacidade para atos isolados. Atr. 972 
CC: 
“Art. 972. Podemexercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno 
gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos.” 
Exceção: Economia própria e art 974. 
b) Legitimidade 
Também no art. 972. “Deve estar legitimado a tanto”. Não é qualquer um que pode explorar a 
atividade empresária. Pessoa não pode estar impedida (ex: juiz, professor com DE,...). 
Explorar a atividade = serie de atos concatenados, imputáveis a ele com um objetivo de 
exercer uma atividade para obter lucro 
c) Habilitação 
Tendo em vista a proteção de terceiros, para explorar certas atividades requer habilitação (ex: 
advogados, arquitetos, médicos). 
Já exercer atividade empresarial qualquer um pode (desde que esteja legitimado). 
 
1.3) Existência da ATIVIDADE 
Depende se o sujeito da atividade é ou não uma pessoa jurídica. 
Se é PN, a existência da atividade pressupõe uma serie de atos com um certo objetivo dentro 
de um determinado período de tempo. Por exemplo, se uma pessoa troca de carro 
anualmente não significa necessariamente uma atividade empresarial. 
Se é PJ, qualquer ato já será considerado atividade, pois ela nasceu para aquilo. 
Importância desta distinção: Por conta da eficácia da atividade. Porque independe da vontade 
do sujeito para que a atividade produza efeitos. Ou seja, independentemente de sua vontade, 
a atividade pode atribuir sobre o sujeito um status. (art 973 CC). 
 
1.4) NORMALIDADE DA ATIVIDADE 
Licitude, regularidade e validade. 
A atividade é sempre válida, jamais nula ou anulável. O que é nulo ou anulável são os atos que 
compões a atividade. A atividade é licita/ilícita e regular/irregular, mas jamais inválida. 
a) Licitude 
A atividade é lícita se ela é realizada de acordo com a lei. 
A licitude ou não da atividade não irá afetar os atos isolados e o contrário também é 
verdadeiro. 
Ex: Boate – atividade licita, mas vende bebida alcoólica para menor – atividade ilícita. Isso não 
transforma a atividade em ilícita. 
Ex2: refino de coca – atividade ilícita, mas fecho um contrato com a Vivo (ato isolado) – o 
contrato é válido. 
b) Regularidade 
A ver se eu cumpro ou não as exigências administrativas regulares ou tributárias. (Ex; alvará 
para ter restaurante – sem alvará é uma atividade lícita, mas irregular). 
c) Validade 
Regime das validade é do direito privado. Serve para proteger o sujeito, a pessoa. Proteger 
aquele que contrata individualmente. 
O regime jurídico da atividade, por sua vez, é de direito público. É para proteger justamente o 
interesse público, o mercado. Proteger a coletividade. 
 
1.5) DESTINAÇÃO DA ATIVIDADE 
A atividade é destinada ao público, à coletividade. Enquanto que o ato/contrato é destinado 
entre pessoas específicas. 
Por isso que desde o início o sujeito necessita além de ser capaz, também ser legitimado e, 
eventualmente, ser habilitado. 
 
1.6) RESPONSABILIDADE CIVIL 
6.1 – Ato Ilícito 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, 
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete 
ato ilícito. 
Dolo ou culpa - “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,” 
 Elementos subjetivos 
 Tem que ter dolo ou culpa que cause dano em alguém 
 
Nexo Causal – violar o direito 
Dano – e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral 
Ou seja, só se responde se agira com dolo ou culpa causando dano a alguém. Aqui a regra é 
que a responsabilidade é subjetiva. 
6.2 – Responsabilidade civil no regime da atividade 
 A regra é que a responsabilidade é objetiva. Quem explora atividade, vai responder ainda que 
sem dolo ou culpa. 
Art. 37 §6º CF / Art. 12 a 17 CDC/ Art. 927 § único CC 
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a 
outrem, fica obrigado a repará-lo. 
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, 
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou 
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano 
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. 
 
2 ATIVIDADE NEGOCIAL 
O Livro 2 da parte especial do anteprojeto do CC se chamava “Da Atividade Negocial”, pois 
este livro abarca a “atividade empresaria” e a “atividade não-empresária”. 
Atividade Negocial = Gênero / Atividade empresarial e atividade não-empresarial = espécie 
Durante o tramite legislativo, o título mudou para “Do Direito de Empresa”, fazendo referência 
única e exclusivamente a atividade empresária. Todavia, isso não significa que não 
encontremos no livro dois referências quanto a atividade não-empresária. Deveria se ser 
chamado “Da Atividade Negocial”, pois abarca esses dois tipos de atividade (empresária e não 
empresaria). 
 
2.1) ATIVIDADE EMPRESÁRIA 
Definição em Caput do art. 966 do CC: 
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade 
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de 
serviços (exercida de modo profissional/ by Spineli). 
Atividade criadora de riqueza – Necessariamente é para produção, circulação de bens ou 
serviços patrimonialmente avaliáveis. Não confundir a atividade empresária com a mera 
fruição de bens. Simplesmente extrair frutos de bem, não é atividade empresária (ex: aluguel 
do imóvel). 
Atividade econômica organizada – organização dos meios de produção (capital, trabalho, 
tecnologia e natureza). Não é preciso a presença de todos os fatores de produção para que se 
tenha uma atividade econômica organizada (ex: ter uma lavanderia toda automatizada). 
Habitualidade – atividade deve ser exercida de modo profissional, com habitualidade, ainda 
que seja com sazonalidade (ex: quiosque na praia). 
Intuito lucrativo – busca-se o lucro. 
 
2.2) ATIVIDADE NÃO-EMPRESÁRIA 
Parágrafo único do art. 966 CC: 
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão 
intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o 
concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão 
constituir elemento de empresa. 
“(...) profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística” – Médico, advogado, 
artista, ... não são empresários, mesmo atendendo os outros quatro requisitos anteriores. 
Existe uma diferença intrínseca entre advogados e empresários ou é uma distinção histórica? 
A quem entenda que existe uma diferença intrínseca entre ativida empresária e não 
empresária 
 Ascareli: a atividade não empresária teria uma valoração social diversa. 
o O acesso é restrito à atividade não empresária. 
o Restrição à concorrência. Normas de decoro para concorrência. Já na atividade 
empresária o acesso e a concorrência é livre 
o A atividade não empresarial é sempre única, cada caso é um caso. 
Cada vez mais essa divisão se torna fluída e, talvez, desnecessária. 
Na prática, o critério mais seguro é qualificar pela negativa. Qualifica-se o caput pelo parágrafo 
único. (Há divergência quanto essa opinião). 
“(...) ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão 
constituir elemento de empresa.” 
O que é elemento de empresa: critérios mais arbitrários possíveis para determinar o que é 
elemento de empresa. “que não convencem, só convencem quem é preguiçoso” (SPINELI). 
Essa discussão se traduz principalmente na área do direito tributário. 
Justificativas: em lucro/ tem filiais/ emprega muita gente/ site na internet... 
A junção desses requisitos (variados) acarreta na perda do elemento pessoalidade, por isso 
passa ser considerado empresário. O problema, segundo Spineli, que isso tudo é chute, é 
arbitrário. 
 
2.3) Atividade Mista 
Elemento de empresa: O código civilacabou com a ideia de atividade mista (empresária e não 
empresária juntas na mesma atividade). Pouco importa qual atividade prepondera entre as 
duas, basta que exista atividade empresaria junto com uma atividade não empresária que 
automaticamente a atividade será empresária. 
 
2.4) ATIVIDADE RURAL 
Historicamente, quem explora atividade rural sempre esteve fora do direito comercial. Ideia de 
que o direito comercial nasceu para bens móveis e a atividade rural é voltada para o imóvel, a 
terra. 
Atividade rural engloba atividade agrícola, pecuária ou extrativista (mineral, vegetal ou 
animal). 
Regime de transição no Código Civil: art. 971 e 984: 
Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal 
profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e 
seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas 
Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará 
equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro. 
Art. 984. A sociedade que tenha por objeto o exercício de atividade própria 
de empresário rural e seja constituída, ou transformada, de acordo com 
um dos tipos de sociedade empresária, pode, com as formalidades do art. 
968, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da sua 
sede, caso em que, depois de inscrita, ficará equiparada, para todos os 
efeitos, à sociedade empresária. 
Quem explora atividade rural está fora do direito empresarial, não é empresário. Todavia, se 
quiser, pode ser equiparado a empresário, caso se registre na junta comercial. A importância 
está que aqui o registro é constitutivo. A regra geral é que a o registro não faz a pessoa ser 
empresária ou mercador. “Não é porque eu me registrei na junta que virei empresário, mas eu 
preciso me registrar para exercer a atividade empresarial de modo regular”. 
 
3 EMPRESA/EMPRESÁRIO/ESTABELECIMENTO 
Para economia, todos exploram a atividade econômica, pouco importa essa divisão. Porém 
para o direito existe essa divisão entre atividade empresária e atividade não empresária. 
A atividade empresarial pode ser explorada de modo individual (empresário individual) ou 
coletivo (sociedade empresarial). 
Empresário Individual – Explorar a atividade em nome próprio. 
A atividade (empresa) é explorada pelo sujeito (empresário) por meio do estabelecimento. 
Empresa se exerce, empresário se é, estabelecimento se tem. 
3.1) EMPRESA 
Não apenas no uso cotidiano da fala, mas o próprio legislador acaba por empregar o termo 
“empresa” com diferentes significados. 
Por isso, segundo Ascini, pode-se dizer que existem quatro tipos de perfil de empresa: 
Perfil funcional: É o tecnicamente correto. Traz a empresa enquanto atividade. Empresa se 
exerce. Empresa é atividade empresária. 
Perfil Subjetivo: Empresa enquanto sujeito, podendo ser tanto o empresário individual quanto 
a sociedade empresária. 
Perfil Objetivo (ou patrimonial): Indica o estabelecimento, que é o conjunto de bens do 
empresário organizados para exploração da empresa. É o objeto. 
Perfil Institucional (ou corporativo): Empresa enquanto instituição socialmente útil. Conceito 
oriundo do tempo do fascismo, por isso já caiu em desuso. 
Se diz que atividade é um fato jurídico, pois a qualificação do sujeito enquanto explorador da 
atividade independe da sua vontade. Ela produz efeitos independentemente da vontade do 
sujeito que a explora. 
 
3.2) REGIME JURÍDICO DO EMPRESÁRIO INDIVIDUAL 
Empresário Individual é o sujeito que explora a empresa em nome próprio. Pessoa natural que 
explora atividade empresária. Caput art. 966 do CC: 
Como o sujeito explora em nome próprio a atividade, Ainda que faticamente se consiga 
distinguir quais são os bens destinados à exploração da atividade e quais são os bens 
destinados ao uso e gozo privado, juridicamente não existe esta distinção. A regra é que cada 
pessoa tenha um único patrimônio. Isso significa que se o empresário individual, no exercício 
da atividade empresária, contrair dívidas e obrigações, todo o seu patrimônio vai responder 
pelos pagamentos destas obrigações, pouco importando se os bens estão vinculados no 
exercício da atividade ou não. Não há limitação da responsabilidade do empresário 
individual. 
Isso se aplica ao profissional liberal = pessoa que explora atividade não empresária em nome 
próprio. 
 
3.2.1 INCAPAZ COMO EMPRESÁRIO 
O incapaz não pode jamais iniciar uma atividade empresarial, mas pode continuar uma 
atividade que já vinha sendo exercida. Tal permissão se justifica pelo princípio da preservação 
da empresa, tentando evitar a extinção desta. 
Arts. 974, 975 e 976 do CC: 
Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou 
devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele 
enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança. 
O CC faz isso porque aquela atividade pode ser importante para a subsistência do incapaz. Ex: 
caso os pais morram num acidente de carro, ele pode continuar a empresa. Necessita de 
autorização judicial para exercer a atividade empresarial (§ 1º do artigo). 
Problema: Por ser empresário individual, todo o patrimônio do incapaz poderia ir por água 
abaixo. Por conta disso, o § 2º tem uma regra de limitação de responsabilidade do empresário 
nesse caso. 
§ 2o Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já 
possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao 
acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder a 
autorização. 
O patrimônio é separado entre aquilo que é pessoal e aquilo que é utilizado para exercer a 
atividade. Somente os bens relacionados à atividade é que vão responder pelas obrigações 
contraídas do exercício da mesma. 
Essa autorização deve ser registrada na junta comercial para que terceiros tenham 
conhecimento. 
 
3.2.2 FIRMA INDIVIDUAL 
Antigamente chamada de razão social. 
Empresário opera sobre firma individual, o que não faz com que ele seja uma pessoa jurídica. A 
firma individual e como ele se identifica no mercado. 
É obrigatório que todo o empresário tenha uma firma individual. 
Art. 968 e Art. 1156 
 
3.2.3 REGIME DE RESPONSABILIDADE SUBSIDIARISADA 
Entendimento doutrinário - Os credores devem pegar primeiramente os bens vinculados a 
exploração da atividade. Só depois os credores vão poder pegar os bens não vinculados 
(pessoais). 
Não a previsão legal desta orientação. 
 
Aula 22/09 
3.2.4 DEVERES DO EMPRESÁRIO INDIVIDUAL 
1º) Se inscrever na Junta Comercial. 
O empresário individual deve, obrigatoriamente, deve realizar sua inscrição na Junta 
Comercial. Art. 967 CC: 
“Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no 
Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva 
sede, antes do início de sua atividade.” 
Quanto aos requisitos para realizar a inscrição, eles estão no art. 968 do CC. 
Art 969 – a respeito das filiais. Caso seja aberto uma filial em outro estado, terei que fazer a 
inscrição na Junta Comercial do respectivo estado, pois as Juntas são autarquias mistas, 
atuando de modo estadual. 
Esse registro tem natureza meramente declaratória, não é o registro que faz o individuo 
empresário ou não (com exceção de quem explora atividade rural, onde o registro é 
constitutivo – art. 971). Quem não faz o registro, segue como empresário, porém explora a 
atividade de forma irregular, mas jamais o desconstitui como empresário. 
No caso de profissionais liberais, que não exploram atividade empresarial, o registro é feito no 
respectivo órgão da classe. 
2º) Adoção dos livros obrigatórios por lei 
Obrigação estipulada pelos arts. 1.180 a 1.185 do CC. Empresário deve manter esteslivros de 
modo regular (Ex: Livro Diário – art. 1.180). isto é necessário para escrituração. Muitos desses 
livros é essencial que se faça a autenticação na Junta Comercial. Atualmente, boa parte disso é 
feito em conjunto, eletronicamente, com a Receita Federal. 
Trata-se de uma atividade mais voltada para os contadores do que para os empresários em si. 
3º) Realizar a escrituração mercantil 
Art. 1.179 – Todos os lançamentos devem constar. Usa como base a autenticação na Junta 
Comercial dos livros obrigatórios por lei. A escrituração será realizada por contabilista (art. 
1.182) e deverá seguir os requisitos do art. 1.183. 
4º) Realizar a sua contabilidade 
É dever do empresário realizar as suas demonstrações contábeis de modo periódico (art. 
1.179, segunda parte). A periodicidade deve ser no mínimo como a prevista em lei, ou seja, 
anual. A apresentação deve ser no encerramento do exercício social que, em tese, coincide 
com o fim do ano civil. 
Porém algumas vezes o exercício social pode coincidir com outras datas, principalmente no 
caso de empresas controladas por outras estrangeiras (Ex: empresas americanas encerram o 
seu exercício social, geralmente, em maio ou setembro.). Nesses casos, a empresa irá 
apresentar os demonstrativos contábeis no final do seu exercício (para fins comerciais e 
administrativos), mas também ao final do ano civil (para fins fiscais). 
5º) Fazer a boa guarda dos seus livros 
Art. 1.194. O empresário e a sociedade empresária são 
obrigados a conservar em boa guarda toda a escrituração, 
correspondência e mais papéis concernentes à sua 
atividade, enquanto não ocorrer prescrição ou decadência 
no tocante aos atos neles consignados. 
 
Quando se vai dar a baixa no registro na Junta Comercial, deve-se indicar com quem ficará com 
a guarda dos livros, o que pode ser por muitos anos (enquanto dura a prescrição ou a 
decadência das obrigações). É uma obrigação bem genérica e aberta. 
 
3.2.5 CONSEQUÊNCIAS DO EXERCÍCIO IRREGULAR DA ATIVIDADE / OS DIREITOS DO 
EMEPRESÁRIO 
1º) Recuperação de empresas (direito aos institutos recuperatórios) 
Quem explora atividade empresária de modo regular tem o direito ao acesso aos institutos 
recuperatórios: recuperação judicial e recuperação extrajudicial. (art. 48 e 161 da Lei de 
Falências). 
 Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o 
devedor que, no momento do pedido, exerça regularmente 
suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos 
seguintes requisitos, cumulativamente: 
 Art. 161. O devedor que preencher os requisitos do 
art. 48 desta Lei poderá propor e negociar com credores 
plano de recuperação extrajudicial. 
O que se analisa para verificar se ele sesta ou não regular é se eles esta inscrito na Junta 
Comercial. Apesar de existir a obrigação em lei de demonstrar a contabilidade regular, através 
das escrituras, livros obrigatórios e demonstrativos contábeis 
2º) Possibilidade de falência 
Quem explora irregularmente a atividade pode falir, pois a falência é uma instituo que serve 
para proteger justamente os credores. A falência é um processo de execução coletiva. A ideia 
na falência é evita que alguns sejam mais rápidos e outros fiquem sem nada. 
Entretanto, se o credor é um empresário, para que ele possa requerer a falência de um 
devedor seu, ele tem que explorar regularmente sua atividade. Quem não é empresário não 
precisa fazer essa prova (ex: advogado pode pedir falência do devedor sem ter que provar sua 
regularidade). 
Art. 97. Podem requerer a falência do devedor: 
 I – o próprio devedor, na forma do disposto nos arts. 105 
a 107 desta Lei; 
3º) Autenticação dos livros mercantis 
Se eu exploro irregularmente minha atividade, não poderei autenticar os livros mercantis. 
Art. 1.181. Salvo disposição especial de lei, os livros 
obrigatórios e, se for o caso, as fichas, antes de postos em 
uso, devem ser autenticados no Registro Público de Empresas 
Mercantis. 
Parágrafo único. A autenticação não se fará sem que esteja 
inscrito o empresário, ou a sociedade empresária, que poderá 
fazer autenticar livros não obrigatórios. 
Sem a autenticação dos livros, não é possível utilizar os livros como prova para si. Estando os 
livros regular e tendo outros subsídios, o empresário pode utilizar os livros como prova em 
favor dele. (art 226 do CC) 
Art. 226. Os livros e fichas dos empresários e sociedades 
provam contra as pessoas a que pertencem, e, em seu favor, 
quando, escriturados sem vício extrínseco ou intrínseco, 
forem confirmados por outros subsídios. 
4º) Atividade irregular pode caracterizar crime falimentar 
Art. 178 da lei de Falências: 
 Omissão dos documentos contábeis obrigatórios 
 Art. 178. Deixar de elaborar, escriturar ou autenticar, 
antes ou depois da sentença que decretar a falência, 
conceder a recuperação judicial ou homologar o plano de 
recuperação extrajudicial, os documentos de escrituração 
contábil obrigatórios: 
5º) Atividade irregular não assegura a proteção ao nome empresarial 
A regra é que cada empresário tenha o seu nome protegido, para que não haja dois 
empresários se valendo do mesmo nome. (art. 1166 do CC). Porém, aquele que está irregular, 
não tem o seu nome protegido. 
Art. 1.166. A inscrição do empresário, ou dos atos 
constitutivos das pessoas jurídicas, ou as respectivas 
averbações, no registro próprio, asseguram o uso exclusivo 
do nome nos limites do respectivo Estado. 
6º) Impossibilidade de participar em licitações 
A regularidade da atividade é um dos requisitos para participar de licitações. 
7º) Impossibilidade de se inscrever nos cadastros fiscais. 
Sem a inscrição na junta comercial, não é possível se possível se habilitar corretamente junto a 
receita, o que, no limite, pode vir a ser considerado crime de sonegação fiscal. 
 
3.2.6 REGIME DE PUBLICIDADE PARA O EMPRESÁRIO INDIVIDUAL 
Quando se fala de empresário, o CC traz uma grande exigência de publicidade por parte do 
empresário individual (sempre relacionada a proteção de terceiros). É um dever de publicidade 
para proteção do mercado. Presume-se que todos devam ter esse conhecimento. 
NO caso do empresário individual em especifico, isso ocorrer por se tratar de um único 
indivíduo com um único patrimônio. 
Arts. 974, 975 e 976 obrigam a deixar público caso o empresário seja incapaz, justamente para 
publicizar a questão da proteção do seu patrimônio antes de se tornar empresário. 
Arts. 978 – O Empresário Individual não precisa da outorga da cônjuge para vender um imóvel, 
desde que o bem imóvel esteja vinculado a atividade, e para se ter certeza disso, o ideal é que 
quando se for inscrever na Junta Comercial, indique que aquele imóvel esta vinculado com o 
exercício da empresa. 
Art. 979 e 980 – Por ser pessoa natural que exerce atividade empresária, o seu patrimônio é 
um só e pode ser afetado por questões matrimoniais e de herança. Logo, é interesse de 
terceiros saber a respeito do estado civil do empresário individual e das eventuais mudanças 
que possam impactar no seu patrimônio. Assim, estes registros devem ser feitos além dos 
cartórios civis, também na Junta Comercial. 
 
4 ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL 
4.1 CONCEITO 
Perfil objetivo da empresa. 
Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de 
bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, 
ou por sociedade empresária. 
A atividade (empresa) é exercida por um sujeito (empresário), que geralmente viabiliza o 
exercício da atividade por meio de um complexo de bens, que denomina-se estabelecimento 
empresarial – ele é o instrumento da atividade empresarial / objeto por qual o empresário 
realiza a atividadeempresarial. 
O estabelecimento não pode ser entendido como o local onde se exerce a atividade. Apesar de 
usar corriqueiramente esse sentido, trata-se de um equívoco do ponto de vista jurídico. O 
estabelecimento é um complexo de bens organizados pelo empresário e não apenas o imóvel 
utilizado para o exercício da atividade. O estabelecimento não se confunde com a coisa 
comercial, com o local físico do exercício da atividade. 
Esse complexo de bens não precisa, necessariamente, pertencer ao empresário, que pode 
eventualmente locar bens (ex: Antonio’s loca os seus móveis). O essencial é que esse 
complexo de bens seja organizado pelo empresário para o exercício da empresa. A 
organização do empresário para uma finalidade comum é que vai dar ao complexo de bens a 
natureza de um estabelecimento. 
Cada empresário ou sociedade empresarial pode ter um ou mais estabelecimentos. Se possuir 
vários estabelecimentos, existirá a sede e as filiais. 
É o complexo de bens que o empresário organiza para exploração da atividade. Então é algo 
dinâmico, que está em constante mudança, pois se trata dos bens móveis e imóveis, materiais 
e imateriais. Numa loja de sapatos, por exemplo, o estoque faz parte deste complexo de bens 
que está constantemente mudando. 
Apesar de ser um instituto já conhecido há muito tempo, apenas a partir do CC/02 é que se 
passou a ter de fato um regramento a respeito do estabelecimento empresarial. Porém, o CC 
foi infeliz nessa regulação [/Spina], pois ele se preocupou basicamente em proteger os 
credores. O que faz com que em boa medida as disposições legais a respeito dos 
estabelecimentos sejam pouco utilizadas. Apesar disso, isso não reduz a sua importância. O 
estabelecimento empresarial é importantíssimo para determinação do local de competência 
de ação judicial. 
É fundamental que este complexo de bens, ainda que fechado, seja passível de abrir e começar 
a operar. Ex: Se eu compro um posto de gasolina e no dia seguinte eu já começo a operar, eu 
comprei um estabelecimento. Porém se eu compro um galpão fechado que era uma 
concessionária a 6 meses atrás, mas tive que fazer vários investimentos, melhorias e compras 
de equipamentos para poder operar, eu não comprei um estabelecimento. Isso juridicamente 
tem consequências relevantíssimas. 
O estabelecimento não abarca apenas bens, mas também direitos (ex: direito de crédito) e 
obrigações (ex: dívidas). 
4.2 NATUREZA JURÍDICA DO ESTABELECIMENTO 
A Natureza Jurídica do estabelecimento já foi muito controvertida na doutrina, havendo uma 
certa uniformidade nos dias atuais. 
4.2.1 TEORIA ATOMISTA 
Nega-se a unidade do estabelecimento, preferindo tratar os elementos componentes do 
estabelecimento, cada um individualmente. Esta é a chamada teoria atomista. 
Tal concepção afirma que o estabelecimento não existe do ponto de vista jurídico, porquanto 
seus elementos componentes seriam autônomos. A agregação desses vários componentes não 
teria a menor importância. Qualquer negociação do conjunto seria uma negociação coletiva de 
vários bens autônomos. 
Essa teoria está obsoleta, conforme se verifica pelo art. 1.143 do CC, onde posso comporar, 
vender ou alugar o estabelecimento de modo unitário: 
Art. 1.143. Pode o estabelecimento ser objeto unitário de 
direitos e de negócios jurídicos, translativos ou constitutivos, 
que sejam compatíveis com a sua natureza. 
 
4.2.2. TEORIA UNIVERSALIDADE DE BENS 
Defina-se o estabelecimento como a universalidade de bens. Aqui há a discussão de menor 
relevância [/Spina]. 
Universalidade de direito 
Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de 
relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor 
econômico. 
O estabelecimento seria uma massa de coisas e direitos reunidos em virtude de lei. Dentro 
dessa concepção, o estabelecimento deveria ser tratado sempre como uma unidade, não 
podendo haver tratamento separado dos seus vários componentes. Para se tratar o 
estabelecimento como uma universalidade de direito, a ei teria que trata-lo sempre como um 
conjunto unitário, o que não condiz com a realidade. Veja-se o caso do patrimônio, da herança 
e da massa falida, que são efetivamente universalidades de direito. 
A lei efetivamente trata o estabelecimento como uma unidade, mas não para todas as 
relações. Só para determinados fins a lei trata o estabelecimento como unidade. Assim sendo, 
não pode adotar também a teoria da universalidade de direito (Tomazette). 
Universalidade de fato 
Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de 
bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham 
destinação unitária. 
Parágrafo único. Os bens que formam essa universalidade 
podem ser objeto de relações jurídicas próprias. 
 
O estabelecimento é um conjunto de bens ligados pela destinação comum de constituir o 
instrumento da atividade empresarial. Tal liame entre os bens que compõem o 
estabelecimento permite-nos trata-lo de forma unitária, distinguindo-o dos bens singulares 
que o compõem. A unidade do estabelecimento se encontra na destinação comum de seus 
vários componentes. 
Diante dessa unidade, a maior parte da doutrina, concebe o estabelecimento como uma 
universalidade de fato, na medida em que a unidade decorreria não da lei, mas da vontade do 
empresário. O empresário tem liberdade para reduzir, aumentar o estabelecimento ou alterar 
o seu destino, uma vez que a unidade não decorre da lei. 
4.2.4 OUTROS TÓPICOS RELEVANTES 
Existe estabelecimento virtual? Ou estabelecimento seria somente os elementos físicos? O site 
por si só poderia ser o estabelecimento? 
Existiria estabelecimento rural? 
 Discussões com consequências relevantes. Caso eu compre a URL e afirme que esteja 
comprando o estabelecimento, eu também responderei pelo passivo do vendedor. 
 
4.3 CLIENTELA 
O aviamento, enquanto qualidade do estabelecimento, é medido essencialmente pela 
clientela do empresário, vale dizer, quanto maior for o número de clientes, maior é o 
aviamento. A clientela “é o conjunto de pessoas que, de fato, mantêm com a casa de comércio 
relações contínuas para aquisição de bens ou serviços”. 
 Clientela não faz parte do estabelecimento. Ela não se confunde com o aviamento, sendo 
apenas um efeito deste, que se converte em uma espécie de coeficiente deste. Tal conjunto de 
pessoas não é um bem, e consequentemente não pode ser objeto de um direito do 
empresário, não havendo que se falar em um direito à clientela. O que o ordenamento jurídico 
protege são os instrumentos usados para formar e preservar a clientela. 
 
4.4 AVIAMENTO 
O estabelecimento, enquanto articulado para o exercício da atividade empresarial, possui um 
sobrevalor em relação à soma dos valores individuais dos bens que o compõem, relacionado a 
uma expectativa de lucros futuros, a sua capacidade de trazer proveitos. Essa mais-valia do 
conjunto é que se denomina aviamento. 
O aviamento pode decorrer das causas mais variadas. Ele pode ser subjetivo, quando ligado às 
qualidades pessoais do empresário, ou objetivo, quando ligado aos bens componentes do 
estabelecimento na sua organização. Em qualquer acepção, o aviamento deve ser entendido 
como o sobrevalor em relação a simples soma dos valores dos bens singulares que integram o 
estabelecimento e resumem a capacidade do estabelecimento, por meio dos nexos 
organizativos entre os seus componentes singulares, de oferecer prestações de empresa e de 
atrair clientela. Em outras Palavras, o aviamento é a aptidão da empresa para produzir lucros, 
decorrente da qualidade de sua organização. 
Assim, a soma dos bens singulares que compõem o estabelecimento é menor do que o valor 
do estabelecimento em si. O valor do estabelecimentonão é dado simplesmente pela soma 
dos valores singulares dos elementos que o compõem, mas também pela soma dos valores dos 
elementos e do aviamento. 
Apesar de ter um valor próprio, para a maioria da doutrina o aviamento não é considerado um 
bem de propriedade do empresário, mas apenas o valor econômico do conjunto, é antes uma 
qualidade que um elemento. 
Embora não seja um bem integrante do estabelecimento, é certo que o aviamento é 
extremamente importante e goza de proteção jurídica, como, por exemplo, na indenização 
devida ao locatário no caso de não renovação do contrato de locação não residencial. 
 
4.5 PONTO COMERCIAL 
Ponto é o local onde se encontra o estabelecimento e é um elemento infungível do 
estabelecimento. É o local onde o empresário exerce sua atividade e isso tem um valor 
intrínseco. 
Diretamente relacionado ao imóvel, mas não se confundido com ele, está o chamado ponto 
empresarial/comercial, que é um elemento incorpóreo do estabelecimento que pertence ao 
empresário. O ponto empresarial é um bem diferente do imóvel, tanto que pode ser até 
objeto de locação, sem que isso desvirtue a sua natureza de elemento do estabelecimento. 
Quando o imóvel pertence ao empresário, a proteção do ponto decorre da própria proteção 
da propriedade do imóvel. Mesmo nos casos de locação do imóvel, o ponto empresarial é 
protegido como um elemento integrante do estabelecimento, assegurando-se ao empresário o 
direito de renovação da locação, atendidas determinadas hipóteses legais, e a indenização no 
caso de não renovação. Ressalta-se que no caso de locação não há uma dupla propriedade 
sobre o imóvel, o que há é um direito pessoal do locatário em face do proprietário. 
 
4.6 ALIENAÇÃO DE ESTABELECIMENTO 
Contrato de Trespasse 
É o contrato de compra e venda de estabelecimento. 
Art. 1.143 estabelece de modo expresso que o estabelecimento pode ser objeto unitário de 
negócios e direito (constituir usufruto, vender, alugar, comodato, doar...): 
Art. 1.143. Pode o estabelecimento ser objeto unitário 
de direitos e de negócios jurídicos, translativos ou 
constitutivos, que sejam compatíveis com a sua 
natureza. 
O código civil, ao regrar o estabelecimento, regula apenas o contrato de trespasse, o de 
compra e venda do estabelecimento. Todos os demais negócios jurídicos estão em outras leis 
ou em outras partes do CC. Assim, o estabelecimento tem o regime próprio de circulação (que 
é diferente do regime de circulação dos bens individualmente considerados). 
O ideal que quando se faz um contrato de trespasse, se arrole todos os bens que estão sendo 
transferidos, mas nada impede de “transfiro a loja tal com todo estoque” (mas abre margem 
para insegurança). 
A forma dos negócios sobre o estabelecimento empresarial é livre. Exige-se forma escrita para 
fins de prova e validade perante terceiros. No caso dos bens que exijam forma especial para o 
negócio, como os imóveis, a forma especial deverá ser obedecida. 
Quando se faz a transferência do estabelecimento, é necessário que, no mínimo, haja 
potencialidade dos bens transferidos para exercício da atividade empresaria. Que aqueles bens 
em conjunto são suficientes para explorar a atividade econômica. Enunciado 233 da CJF: 
A sistemática do contrato de trespasse delineada pelo 
Código Civil nos arts. 1.142 e ss., especialmente seus 
efeitos obrigacionais, aplica-se somente quando o 
conjunto de bens transferidos importar a transmissão 
da funcionalidade do estabelecimento empresarial. 
A importância disso reside no fato de que a transferência do estabelecimento enseja na 
sucessão das obrigações. Na forma como o contrato de transpasse é formatado no CC é um 
desincentivo ao seu uso [/Spina]. 
Art. 1.144. O contrato que tenha por objeto a 
alienação, o usufruto ou arrendamento do 
estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a 
terceiros depois de averbado à margem da inscrição 
do empresário, ou da sociedade empresária, no 
Registro Público de Empresas Mercantis, e de 
publicado na imprensa oficial. 
Condição 1 para eficácia da transferência: Obrigação de além ter que averbar na Junta 
Comercial, também ter que publicar no Diário Oficial (algo bem oneroso) e regular nos demais 
registros de cada objeto (algo bem burocrático). Devido a essa onerosidade, acaba-se optando 
pela compra de cotas da sociedade limitada -> os bens permanecem no nome da sociedade. 
29/09 
Condição 2 para eficácia da transferência: 
Art. 1.145. Se ao alienante não restarem bens 
suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da 
alienação do estabelecimento depende do 
pagamento de todos os credores, ou do 
consentimento destes, de modo expresso ou tácito, 
em trinta dias a partir de sua notificação. 
Se após o trespasse restar para o alienante um patrimônio inferior às suas dívidas, é preciso 
que se registre expressa ou tacitamente o consentimento dos seus credores, sob pena desse 
negócio não gerar efeitos sobre terceiros. A manifestação dos credores deve ocorrer até 30 
dias. 
Consequência da transferência ineficaz: Mesmo após realizar o pagamento pelo 
estabelecimento, o adquirente pode vir perder o estabelecimento por alguma execução dos 
“antigos” credores. 
O problema é que existe uma sobreposição de regras, especificamente com a Lei de Falências. 
 Art. 94. Será decretada a falência do devedor 
que: 
 III – pratica qualquer dos seguintes atos, exceto 
se fizer parte de plano de recuperação judicial: 
 c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou 
não, sem o consentimento de todos os credores e sem 
ficar com bens suficientes para solver seu passivo; 
 
 Art. 129. São ineficazes em relação à massa 
falida, tenha ou não o contratante conhecimento do 
estado de crise econômico-financeira do devedor, seja 
ou não intenção deste fraudar credores: 
 VI – a venda ou transferência de estabelecimento 
feita sem o consentimento expresso ou o pagamento 
de todos os credores, a esse tempo existentes, não 
tendo restado ao devedor bens suficientes para solver 
o seu passivo, salvo se, no prazo de 30 (trinta) dias, 
não houver oposição dos credores, após serem 
devidamente notificados, judicialmente ou pelo oficial 
do registro de títulos e documentos; 
 
Art. 94 decreta a falência do devedor pelo ato já visto no 1.145 do CC. Uma vez decretada a 
sua falência, o art. 129 torna ineficaz a venda do estabelecimento e o adquirente irá perder o 
estabelecimento que comprou. 
Logo, há uma sobreposição de regras. O CC tem uma regra geral, o que tornaria desnecessária 
a do art 45. Porém ao ocorrer a hipótese do art. 1.145, pode se decretar a falência do devedor, 
que levaria a ineficácia do negocio jurídico pelo art 129. 
Art 1.146 praticamente torna o art. 1.145 inútil. 
Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento 
responde pelo pagamento dos débitos anteriores à 
transferência, desde que regularmente 
contabilizados, continuando o devedor primitivo 
solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a 
partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, 
quanto aos outros, da data do vencimento. 
 
Ainda que eu transfira o estabelecimento, o adquirente irá responder pelo passivo. Então o 
credor antigo pode executar automaticamente o novo proprietário. Então o credor vai preferir 
executar o adquirente do que tentar provar uma possível ineficácia do negócio. Tem-se uma 
super proteção dos credores. Art. 1.146 desestimula a aquisição do estabelecimento, já que o 
adquirente também responde pelo passivo. 
Regras específicas para sucessão de estabelecimento 
Art. 133 do código tributário - Regra específica a respeito do passivo tributário. O adquirente 
poderesponder integralmente ou subsidiariamente com o alienante sobre o passivo tributário. 
Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado 
que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de 
comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou 
profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a 
mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome 
individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo 
ou estabelecimento adquirido, devidos até à data do 
ato: 
I - integralmente, se o alienante cessar a exploração do 
comércio, indústria ou atividade; 
II - subsidiariamente com o alienante, se este 
prosseguir na exploração ou iniciar dentro de seis 
meses a contar da data da alienação, nova atividade 
no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou 
profissão. 
No direito do trabalho, se transfere o estabelecimento ocorre a total sucessão (arts. 10 e 448). 
Fato é que no direito do trabalho todos irão responder, tanto adquirente quanto alienante irão 
responder pelo passivo trabalhista [/Spina].: 
Art. 10 - Qualquer alteração na estrutura jurídica da 
empresa não afetará os direitos adquiridos por seus 
empregados. 
 
Art. 448 - A mudança na propriedade ou na estrutura 
jurídica da empresa não afetará os contratos de 
trabalho dos respectivos empregados. 
Com a reforma trabalhista, existe uma regra a respeito do art. 448. A partir de agora só o 
sucessor irá responder, a menos que seja comprovada fraude por parte do alienante. Se isso 
irá vingar ou não, não há como saber, pois na Justiça do trabalho não importa muito o que está 
na lei [/Spina]: 
Art. 448-A. Caracterizada a sucessão empresarial ou de 
empregadores prevista nos arts. 10 e 448 desta 
Consolidação, as obrigações trabalhistas, inclusive as 
contraídas à época em que os empregados 
trabalhavam para a empresa sucedida, são de 
responsabilidade do sucessor. 
Parágrafo único. A empresa sucedida responderá 
solidariamente com a sucessora quando ficar 
comprovada fraude na transferência. 
Aquisição 
Por tudo isso, a aquisição de estabelecimento não é algo muito comum, a não ser em falência 
e recuperação judicial. Isso ocorre porque nesses dois institutos, o adquirente do 
estabelecimento não sucede nas obrigações. Lei de Falências e Rec. Jud.: 
Art. 60. Se o plano de recuperação judicial aprovado 
envolver alienação judicial de filiais ou de unidades 
produtivas isoladas do devedor, o juiz ordenará a sua 
realização, observado o disposto no art. 142 desta Lei. 
 Parágrafo único. O objeto da alienação estará livre 
de qualquer ônus e não haverá sucessão do 
arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de 
natureza tributária, observado o disposto no § 1o do 
art. 141 desta Lei. 
 
 Art. 141. Na alienação conjunta ou separada de 
ativos, inclusive da empresa ou de suas filiais, 
promovida sob qualquer das modalidades de que trata 
este artigo: 
 II – o objeto da alienação estará livre de qualquer 
ônus e não haverá sucessão do arrematante nas 
obrigações do devedor, inclusive as de natureza 
tributária, as derivadas da legislação do trabalho e as 
decorrentes de acidentes de trabalho. 
 
A importância desses artigos é que anteriormente a eles, ninguém comprava nada nas 
falências ou se alguém se arriscava comprar, o preço era muito baixo [/Spina]. 
Cessão a posição nos contratos 
Quando se compra o estabelecimento, eu estou mudando a propriedade daqueles bens, 
direitos e obrigações. Isso também se aplica aos contratos. Ocorre uma cessão das posições 
contratuais. Art. 1.148: 
Art. 1.148. Salvo disposição em contrário, a 
transferência importa a sub-rogação do adquirente nos 
contratos estipulados para exploração do 
estabelecimento, se não tiverem caráter pessoal, 
podendo os terceiros rescindir o contrato em noventa 
dias a contar da publicação da transferência, se ocorrer 
justa causa, ressalvada, neste caso, a responsabilidade 
do alienante. 
Como aponta o próprio artigo, em casos de contrato personalíssimo (como serviço de um 
fotógrafo, pintor, chef) não há cessão da posição contratual. Também há a ressalva de que é 
possível estipular disposição em contrário, principalmente nos termos de contrato do 
trespasse. 
Todavia, existe uma grande insegurança jurídica quanto a posição do contrato de locação do 
imóvel. Art. 13 da Lei de Locações: 
Art. 13. A cessão da locação, a sublocação e o 
empréstimo do imóvel, total ou parcialmente, 
dependem do consentimento prévio e escrito do 
locador. 
Sobre o assunto, conflito entre os enunciados 234 da 3ª Jornada de Direito Civil e 8 da 1ª 
Jornada de Direito Comercial: 
Enunciado 234: Quando do trespasse do 
estabelecimento empresarial, o contrato de locação do 
respectivo ponto não se transmite automaticamente ao 
adquirente. 
 
Enunciado 8: A sub-rogação do adquirente nos 
contratos de exploração atinentes ao estabelecimento 
adquirido, desde que não possuam caráter pessoal, é a 
regra geral, incluindo o contrato de locação. 
Pagamento de boa fé 
Caso o devedor pague de boa-fé o antigo dono do estabelecimento, este terá a 
responsabilidade de passar para o adquirente, de maneira que o último não poderá cobrar o 
devedor novamente. 
Art. 1.149. A cessão dos créditos referentes ao 
estabelecimento transferido produzirá efeito em 
relação aos respectivos devedores, desde o momento 
da publicação da transferência, mas o devedor ficará 
exonerado se de boa-fé pagar ao cedente. 
Proteção à concorrência 
Mesmo que não exista cláusula de não concorrência, o art. 1.147 pacificou a questão impondo 
impedimento de efetiva concorrência (que concorre no mesmo mercado e público). Base na 
boa fé: 
Art. 1.147. Não havendo autorização expressa, o 
alienante do estabelecimento não pode fazer 
concorrência ao adquirente, nos cinco anos 
subseqüentes à transferência. 
 
5. NOME EMPRESARIAL 
5.1 CONCEITO 
Nome empresarial é aquele usado pelo empresário, enquanto sujeito exercente de uma 
atividade empresarial. É o traço identificador do empresário, tanto o individual, quanto a 
EIRELI, quanto a sociedade empresária. Para todos os efeitos, equipara-se o nome empresarial 
à denominação das sociedades simples, das associações e fundações. 
Essa diferenciação é importante na medida que é com o nome empresarial que serão 
assumidas as obrigações relativas ao exercício da empresa. Além disso, é esse nome que 
servirá de referência nas relações do empresário com o público em geral. 
Art. 1.155. Considera-se nome empresarial a firma ou a 
denominação adotada, de conformidade com este 
Capítulo, para o exercício de empresa. 
Parágrafo único. Equipara-se ao nome empresarial, 
para os efeitos da proteção da lei, a denominação das 
sociedades simples, associações e fundações. 
5.2 OUTRAS IDENTIFICAÇÕES 
Marca: aquela usada para identificar e distinguir produto ou serviço de outro idêntico, 
semelhante ou afim, de origem diversa. Identificação do produto. Registra-se no INPI, é um 
bem, um objeto, é alienável (posso vender), já o nome não. 
Titulo de estabelecimento: É a forma como o estabelecimento é reconhecido. Não há regime 
específico, sua proteção é indireta por meio do crime de concorrência desleal. O nome 
empresarial identifica o empresário, enquanto sujeito exercente da atividade empresarial, já o 
nome de fantasia identifica apenas o local do exercício da atividade empresarial. É o que se 
conhece por nome fantasia 
Em alguns casos, pode haver sobreposição de marca, nome e título de estabelecimento. 
5.3 PRINCÍPIOS DO NOME EMPRESARIAL 
O nome empresarial deve respeitar alguns princípios 
5.3.1 Princípio da Veracidade 
O nomeempresarial deve obedecer aos princípios da veracidade e da novidade (art. 34 da Lei 
8.934/94). 
Pelo princípio da veracidade, não se pode traduzir uma ideia falsa no nome empresarial. A 
ideia fundamental desse princípio é não induzir a erro quem mantém relações jurídicas com a 
sociedade. Trata-se de princípio cujo objetivo é a proteção dos terceiros que lidam com a 
sociedade, para que não sejam enganados pelas indicações do nome. Não se pode indicar uma 
atividade que não seja exercida (ex: uma padaria que coloque no seu nome a expressão 
construtora). A firma deva guardar correspondência com a realidade, ainda que se possa 
lançar mão, eventualmente, de palavras de uso comum ou vulgar, mas para distinguir um 
empresário do outro. 
Art. 1.156. O empresário opera sob firma 
constituída por seu nome, completo ou abreviado, 
aditando-lhe, se quiser, designação mais precisa da 
sua pessoa ou do gênero de atividade. 
Também não se admite a indicação na razão social do nome de uma pessoa que não seja sócia. 
Em atenção a esse princípio, deve ser excluído nome de sócio falecido ou que tenha se 
retirado (art. 1.165 do CC). 
Art. 1.165. O nome de sócio que vier a falecer, for 
excluído ou se retirar, não pode ser conservado na 
firma social. 
5.3.2 Princípio da novidade/originalidade 
Pelo princípio da novidade, o nome empresarial deve se distinguir de outros nomes 
empresariais no mesmo registro. O nome empresarial não pode ser idêntico, nem semelhante 
a outros já existentes no mesmo âmbito de proteção Art. 1.163: 
Art. 1.163. O nome de empresário deve distinguir-se 
de qualquer outro já inscrito no mesmo registro. 
Tendo em vista a função do nome empresarial, que é de distinção em relação a outros 
empresários, não se pode admitir nomes iguais ou semelhantes que possam causar confusão 
junto ao público. Não se pode nomes homógrafos e homófonos. 
5.3.3 Princípio da unicidade 
Cada empresário possui apenas um nome 
5.4 TIPOS DE NOME EMPRESARIAL 
Nome empresarial é gênero, do qual “firma/razão individual” e “nome social” são espécies, 
onde este último se subdivide em “firma/razão social” e “denominação”. A firma individual diz 
respeito apenas ao empresário individual, já a sociedade podem usar dois tipos de nome 
empresarial, a razão social e a denominação. A adoção deste ou daquele tipo depende da 
forma societária adotada. 
5.4.1 Firma Individual 
O empresário individual e a EIRELI exercem a atividade empresária por meio da chamada firma 
individual, que é composta por seu nome completo ou abreviado, acrescido facultativamente 
de designação mais precisa de sua pessoa ou gênero de atividade (art. 1.156). 
Como regra, deveria ser assinada de próprio punho pelo empresário. Na pratica, isso caiu em 
desuso. 
O empresário individual é uma pessoa natural. Quando ele vai a juízo, ele vai com seu nome 
natural que opera sob a firma X, pois é a mesma pessoa. É o empresário que está em juízo, não 
a firma. 
5.4.2 Razão Social 
A firma ou razão social é espécie de nome empresarial para sociedades empresárias que se 
caracteriza pela utilização do nome de sócios na sua composição. Tal espécie de nome 
empresarial pode ser usado nas sociedades em nome coletivo, em comandita simples, 
limitadas e em comandita por ações. Regra geral regulada pelo art. 1.157: 
Art. 1.157. A sociedade em que houver sócios de 
responsabilidade ilimitada operará sob firma, na qual 
somente os nomes daqueles poderão figurar, bastando 
para formá-la aditar ao nome de um deles a expressão 
"e companhia" ou sua abreviatura. 
Parágrafo único. Ficam solidária e ilimitadamente 
responsáveis pelas obrigações contraídas sob a firma 
social aqueles que, por seus nomes, figurarem na firma 
da sociedade de que trata este artigo. 
São elementos obrigatórios da razão social o elemento nominal e o elemento pluralizador. 
Também podem ser colocados elementos complementares que melhor identifiquem a 
sociedade. Por fim, podem ser exigidos elementos específicos para determinadas sociedades. 
O elemento nominal é a indicação completa ou parcial do nome de um, alguns ou todos os 
sócios, admitida a supressão de prenomes. 
O segundo elemento obrigatório é o elemento pluralizador que consiste na indicação de que a 
sociedade possui pelo menos dois sócios. Tal elemento pode consistir no aditamento das 
expressões “e companhia”, “e cia.” ou quaisquer outras que denotem a pluralidade de sócios. 
Por fim, é certo que em determinadas sociedades, como a limitada (art. 1.158), a lei exige um 
elemento sacramental que identifique a própria espécie societária, como, por exemplo a 
expressão limitada ou ltda. nestas sociedades. 
5.4.3 Denominação 
A denominação caracteriza-se pela não utilização do nome dos sócios, podendo-se usar uma 
expressão fantasia, a indicação do local ou apenas a indicação do objeto social. Ela pode ser 
adotada nas sociedades limitadas e nas sociedades em comandita por ações, sendo obrigatória 
nas sociedades anônimas e cooperativas. 
Tal tipo de nome pode ser usado nas EIRELI’s, com a identificação do tipo EIRELI ao final do 
nome (CC – art. 980-A, § 1º): 
Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade 
limitada será constituída por uma única pessoa titular da 
totalidade do capital social, devidamente integralizado, 
que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-
mínimo vigente no País. 
§ 1º O nome empresarial deverá ser formado pela 
inclusão da expressão "EIRELI" após a firma ou a 
denominação social da empresa individual de 
responsabilidade limitada. 
Na denominação das sociedades empresárias, temos dois tipos de elementos obrigatórios, 
quais sejam, o objetivo e o sacramental. Além desses elementos, podemos ter elementos 
complementares que auxiliem na identificação das sociedades. 
O elemento objetivo necessariamente indica a atividade que está sendo exercida pela 
sociedade (arts. 1.158, § 2º, para limitadas; 1.160 para S/A; e 1.161 para comandita por ações). 
Excepcionalmente, admite-se a indicação de nome de sócios na denominação da limitada, ou o 
nome de fundador, acionista ou pessoa que haja concorrido para bom êxito da sociedade 
anônima. 
O elemento sacramental identifica o tipo societário. Nas sociedades limitadas, exige-se a 
expressão limitada ou ltda. Nas sociedades em comandita por ações exige-se a expressão 
sociedade comandita por ações ao final do nome. Nas sociedades anônimas, exige-se a 
expressão sociedade anônima ou companhia por extenso ou abreviadamente. Nas EIRELI’s 
exige a indicação do EIRELI ao final do nome. 
Lei das SA’s x CC: 
Lei 6.404/76, art. 3º Código Civil, art. 1.160 
Art. 3º A sociedade será designada por 
denominação acompanhada das expressões 
"companhia" ou "sociedade anônima", 
expressas por extenso ou abreviadamente 
mas vedada a utilização da primeira ao final. 
 
§ 1º O nome do fundador, acionista, ou 
pessoa que por qualquer outro modo tenha 
concorrido para o êxito da empresa, poderá 
figurar na denominação. 
 
Art. 1.160. A sociedade anônima opera sob 
denominação designativa do objeto social, 
integrada pelas expressões "sociedade 
anônima" ou "companhia", por extenso ou 
abreviadamente. 
 
Parágrafo único. Pode constar da 
denominação o nome do fundador, acionista, 
ou pessoa que haja concorrido para o bom 
êxito da formação da empresa. 
 
“Companhia” não pode no final; “SA” em 
qualquer lugar. 
“Companhia” e “SA” em qualquer lugar. 
Objeto não é obrigatório. Objeto é obrigatório. 
Nome do fundador é possível. Nome do fundador é possível. 
 
A lei das SA proíbe o “Companhia” no final para não confundir com o elemento pluralizador da 
razão social. 
 
Aula 06/10 
5.5 PROTEÇÃO AO NOME EMPRESARIALA princípio, o nome empresarial é protegido pelo registro da Junta Comercial, que atua 
no âmbito estadual ou distrital, sendo vedado a esta aceitar registro de nome já 
existente, ou de nome que faça confusão com nome já existente. Assim, uma vez 
registrado, o nome empresarial passa a gozar de proteção em relação apenas àquela 
unidade da federação onde foi registrado. Caso queira estender o âmbito de proteção 
do nome, deve ser feito um pedido à Junta Comercial do Estado onde se queira 
estender-se a proteção. 
Art. 1.166. A inscrição do empresário, ou dos atos 
constitutivos das pessoas jurídicas, ou as respectivas 
averbações, no registro próprio, asseguram o uso 
exclusivo do nome nos limites do respectivo Estado. 
Parágrafo único. O uso previsto neste artigo estender-se-á 
a todo o território nacional, se registrado na forma da lei 
especial. 
 
5.5.1 Convenção de Paris 
Todavia, o Brasil é signatário da Convenção de Paris, incorporada ao ordenamento 
jurídico brasileiro, com hierarquia de lei ordinária, pelo Decreto 75.572/75. Tal tratado 
afirma que a proteção do nome comercial registrado em um país se estende a todos os 
signatários da convenção, independentemente de novo registro. Assim, interpretando 
literalmente o conjunto da legislação brasileira, um nome registrado na Junta 
Comercial do Distrito Federal goza de proteção na França, mas não goza de proteção 
no estado de Goiás. 
A hierarquia do Código Civil de 2002 implicará a derrogação da Convenção de Paris, 
neste particular, passando a prevalecer a restrição da proteção do nome ao âmbito do 
seu registro. 
5.5.2 REsp 120448/2011 
Marca respeita o principio da anterioridade, territorialidade e o ramo de atuação. 
5.5.3 Sanções 
Utilização indevida de marca e do nome empresarial constitui crime de concorrência 
desleal (194 e 195 da Lei de Propriedade Industrial). Dando ensejo de responsabilidade 
civil, desde que comprovado danos (209 da lei de LPI). 
Quanto ao nome, cabe ação anulatória quanto ao registro indevido: 
Art. 1.167. Cabe ao prejudicado, a qualquer tempo, ação 
para anular a inscrição do nome empresarial feita com 
violação da lei ou do contrato. 
No momento da inscrição na Junta, também é possível impugnar o registro de outro 
nome por processo administrativo. 
5.6 NATUREZA JURÍDICA DO NOME EMPRESARIAL 
A rigor, ele é um direito inerente a personalidade do sujeito, tendo em vista a própria 
função identificadora que o nome empresarial possui. Nesse sentido, não pode o 
nome empresarial ser objeto de alienação. Não é objeto de propriedade. 
Todavia, o nome empresarial possui uma função econômico concorrencial. Quando o 
empresário age no mercado, o nome empresarial exerce função de identifica-lo para o 
mercado. Aqui, a rigor, nesta função (na propriedade intelectual), o nome empresarial 
é visto como bem móvel imaterial, visto a tutela específica dada nesses segmentos. 
Porém a matéria não é pacificada pela doutrina. Art 5º da Lei de LPI: 
 Art. 5º Consideram-se bens móveis, para os efeitos 
legais, os direitos de propriedade industrial. 
 
6. MICROEMPRESA E EMPRESA DE PEQUENO PORTE 
O pequeno empreendedor possui uma grande relevância numérica e socioeconômica 
no país. A maior parte das pessoas que atuam no setor privado, dependem direta ou 
indiretamente de pequenos empreendimentos, especialmente em momentos de crise 
econômica. 
Por conta disso, a própria CF no art. 178 determinou que a União, os Estados, o DF e os 
Municípios instituirão um tratamento jurídico diferenciado às microempresas e às 
empresas de pequeno porte, simplificando-se suas obrigações tributárias, 
administrativas, previdenciárias e creditícias. 
Enquadramento 
Lei Complementar 123/06 - estabelece os regimes de ME, EPP e Micro Empreendedor 
Individual. 
6.3 MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL – MEI 
MEI é uma espécie de Microempresa, mas sempre será um empresário individual. 
Com o intuito de retirar boa parte da economia da informalidade, a Lei Complementar 
128/08 introduziu a figura do Microempreendedor Individual – MEI, nos artigos 18-A a 
18-C da Lei complementar 123/06. O objetivo dessa criação foi a retirada da 
informalidade de pequenos exercentes de atividade econômicas, possibilitando a eles 
um recolhimento tributário fixo e permitindo-lhes o acesso ao crédito. 
Para todos os efeitos, será considerado MEI o empresário individual que tenha receita 
bruta anual de até R$ 81.000,00, desde que cumpra cumulativamente os seguintes 
requisitos: 
I. Seja optante pelo Simples Nacional – adesão voluntária ao sistema simplificado 
de arrecadação de tributos; 
II. Exerça tão somente atividades constantes do Anexo Único da Resolução 
58/2009 – Comitê Gestor de Tributação das Microempresas e Empresas de 
Pequeno Porte – CGSN 
III. Possua um único estabelecimento 
IV. Não seja empresário individual em outra atividade, nem seja sócio ou 
administrador de sociedade; 
V. Contrate no máximo um empregado que receba exclusivamente 1 (um) salário 
mínimo ou o piso salarial da categoria profissional. 
Benefícios 
Recolher valores fixos mensais tributários e acesso a linhas de créditos especiais. Além 
da dispensação da obrigatoriedade de apresentar contabilidade (1.179 Art.). 
6.4 ME & EPP 
Enquadramento 
Só podem se enquadrar como microempresas ou empresas de pequeno porte os 
empresários individuais (como o MEI), as EIRELI’s, as sociedades empresárias e as 
sociedades simples que estejam devidamente registradas. O tratamento diferenciado 
assegurado a esses exercentes de atividade econômica não veio para incentivar o 
informalismo e, por isso, esses benefícios dependem necessariamente do registro 
adequado, seja na junta comercial, seja no cartório do registro civil. Aqui, profissionais 
liberais estão fora. 
Além da regularidade da inscrição, outros requisitos para ser enquadrado estão no art. 
3º da LC 123. O que diferencia ME e EPP é o valor de receita bruta que cada um pode 
auferir. 
 ME < ou = a R$ 4.800.000,00 
 EPP > a R$ 360.000,00 e < R$ 3.600.000,00 
Exclusões 
As exclusões do regime das ME e EPP estão no artigo 3º, § 4º, da LC 123/06. 
Assim, não se enquadram como ME ou EPP a pessoa jurídica que tenha por sócio ou 
titular outra pessoa jurídica, ou que participe de outra pessoa jurídica. Se há um sócio 
pessoa jurídica, existe uma maior complexidade na estrutura da atividade, não 
justificando assim essa proteção. De modo similar, estão excluídas as pessoas jurídicas 
que sejam filiais, sucursais ou representações, no país, de pessoa jurídica com sede no 
exterior. 
Não se enquadra também a sociedade que tenha sócio que seja inscrito como 
empresário individual (enquadrado como ME ou EPP) ou que seja sócio de outra 
sociedade (enquadrada como ME ou EPP), cuja receita bruta global ultrapasse os 
limites do enquadramento. Não se pode simplesmente dividir a atividade no sentido 
de burlar a lei. Na mesma linha de entendimento, não se admite sócio ou titular tenha 
mais de 10% do capital de outra sociedade, cuja receita somada ultrapasse o limite do 
enquadramento. 
Ainda na mesma linha, não se admite enquadramento de pessoa jurídica na qual o 
titular ou sócio seja administrador de sociedade, cuja receita somada ultrapasse os 
limites de enquadramento. Ainda que ele não seja sócio, é certo que a condição de 
administrador de outra sociedade denota uma ligação entre as atividades, que poderia 
representar uma tentativa de burlar ao regime de enquadramento. 
Também pela complexidade de sua estrutura, não se admite o enquadramento de 
sociedade que seja resultante ou remanescente de cisão ou qualquer outra forma de 
desmembramento de pessoa jurídica que tenha ocorrido em

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