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Cursosementes2005

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Curso de Manejo 
e Colheita de 
Sementes Florestais
Curso de Manejo 
e Colheita de 
Sementes Florestais
APOIO
PETROBRAS
b
 
 in
gá
 
ra
vo
Telefone Verde 0800 128121
RIOESBA
Rede Mata Atlântica 
de Sementes Florestais
RJ/ES/BA
RIOESBA
Rede Mata Atlântica 
de Sementes Florestais
RJ/ES/BA
Realização:Realização:
Elaborado por:
André Luíz dos Santos
Carlos Magno
Fernanda Ferreira Fontes
Juliana Muller Freire
Sinval Marques
Vitória 
setembro de 2005
Rede Mata Atlântica de Sementes Florestais RJ/ES/BA
Curso de Manejo e Colheita de Sementes Florestais
Período: 
20 a 22 de setembro de 2005
Local: 
Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural 
(INCAPER) - Linhares, ES
Realização:
Biodinâmica Engenharia e Meio Ambiente
Coordenação Geral: Fernanda Aparecida Veronez
Diagramação e Arte final: Luciana Vargas Veskesky
Coordenação Técnica: Fátima C.M. Piña-Rodrigues
Equipe Técnica: André Luíz dos Santos, Carlos Magno, 
Fernanda Ferreira Fontes, Juliana Muller Freire e Sinval Marques
Colaboração:
 RIOESBA:
Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEAMA/IEMA).
Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural 
(INCAPER).
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).
Instituto de Florestas Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).
APOIO
O Espírito Santo possui 30,28% de remanescentes florestais em 
relação à área estadual, ou seja 1.398.435 ha (SOS Mata Atlântica, 
2000). Grande parte da área não preservada do Estado está ocupada 
com pastagens degradadas, com nenhuma vocação para a produção de 
culturas ou pecuária, que poderão ter, no plantio comercial de florestas, 
condições de aumentar a renda da propriedade rural e, ao mesmo 
tempo, recuperar o solo afetado e reduzir a pressão sobre os remanes-
centes florestais. 
A estrutura e a composição das populações florestais vêm sofrendo 
muitas alterações devido ao rápido e desordenado crescimento urbano e 
aos constantes desmatamentos para introdução de atividades agrope-
cuárias, como monoculturas de eucaliptos e mineração. Essa retirada 
da floresta causa fortes impactos na natureza, uma vez que ela atua 
como uma esponja, absorvendo água da chuva, protegendo o solo, re-
duzindo a temperatura do ar e a poluição. 
Mesmo com toda essa degradação, os remanescentes florestais do 
Estado do Espírito Santo apresentam uma das maiores biodiversidades 
do mundo. Desta forma, é de extrema importância a conservação desses 
recursos florestais, que se apresentam, em sua maioria, fragmentados 
ES
E
A
ÃO
AP
R
NT
Ç
 Apresentação
I. Como obter sementes florestais de boa qualidade?
a -Ecologia reprodutiva e produção de sementes 
b -Época de colheita
c - Tipos de frutos
d -Fatores a serem analisados na colheita
II. Planejamento de colheita
a - Escolha do local da colheita
b - Escolha da espécie
III. Seleção e marcação de matrizes
a - O que são árvores matrizes ?
b - Como escolher as matrizes ?
c - Como localiza-las no campo ?
IV. Colheita das sementes
a - Planejamento para colher sementes
b - Métodos de colheita
c - Cuidados na colheita
d - Rendimento na colheita
V. Manejo de sementes 
a - Extração 
b - Beneficiamento
c - Secagem
d - Armazenamento
e - Dormência das sementes
VI. Legislação do setor de sementes
VII. Introdução ao uso do GPS
VIII. Glossário
 
IX. Bibliografia consultada
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A obtenção de sementes flores-
tais de boa qualidade depende 
não só da sua capacidade de ger-
minação, gerando plântulas vigo-
rosas e saudáveis, como também 
da ausência de pragas ou doen-
ças, e da sua origem genética. A 
qualidade genética é determi-
nada pela procedência da árvore 
matriz e pela diversidade gené-
tica do lote de semente, ou seja, 
do número de árvores colhidas. 
A determinação das épocas de 
florescimento e frutificação da es-
pécie, a duração do período de 
maturação, as características 
morfológicas do fruto, tais como 
sua coloração e forma de abertu-
ra, são algumas informações 
importantes para se aprender a 
manejar ou a lidar a semente, pa-
ra que ela apresente um bom pa-
drão de qualidade e se mantenha 
capaz de germinar.
a. Ecologia reprodutiva e 
produção de sementes
A produção de sementes é um elo 
vital para o desenvolvimento do 
setor florestal, seja ele qual for, 
manejo de florestas, conservação 
de fragmentos florestais e recupe-
ração de áreas degradadas.
O conhecimento adequado dos 
fatores que interferem na produ-
ção da semente permite que se 
compreenda o comportamento 
reprodutivo da planta, e que se 
possa manipulá-los através de 
técnicas de manejo para a forma-
ção de uma semente de boa qua-
lidade. 
 
As etapas da produção de semen-
tes são: floração, polinização e 
fertilização, desenvolvimento dos 
frutos e sementes, maturação e 
dispersão. O tempo decorrido do 
Como obter sementes florestais 
de boa qualidade?
C
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em pequenas áreas localizadas em propriedades particulares. A recu-
peração do solo com florestas de proteção e o uso de espécies nativas da 
região, prioritariamente nas áreas de contribuição hídrica (nascentes, 
encostas íngremes, topos de morros e margens de rios), constitui-se 
numa importante ação com vistas à regularização do fluxo hídrico e 
melhoria da qualidade d'água, entre outros benefícios (INCAPER, 2005). 
Um fator determinante para o sucesso de recuperação da recomposição 
florestal é o fornecimento de sementes de boa qualidade, de forma que 
seja assegurada a capacidade de renovação da floresta através de uma 
variabilidade genética maior.
O treinamento de pessoal de comunidades residentes no entorno de 
áreas com florestas em colheita de sementes possibilita o uso sustentado 
dos recursos naturais, garantindo a sua conservação, ao mesmo tempo 
que pode gerar uma nova opção de renda. A semente florestal é um 
PRODUTO que possui grande valor ecológico e comercial, podendo ser 
aproveitada de múltiplas formas, como: artesanato, medicinal, e para pro-
dução de mudas para fins de reflorestamento, agrofloresta e arborização.
O presente material faz parte do conjunto didático oferecido aos alunos do 
Curso de Manejo e Colheita de Sementes Florestais pela Rede Mata 
Atlântica de Sementes Florestais Nativas RIOESBA. O Curso tem como 
principal objetivo capacitar pessoal para marcação de matrizes, colheita e 
manejo de sementes florestais, em atendimento a uma condicionante 
ambiental do IEMA para a Implantação do Gasoduto Cacimbas-Vitória, de 
responsabilidade da PETROBRAS, tendo como parceria o Instituto 
Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA) do Governo do 
Estado do Espírito Santo e, como consultora contratada, a Biodinâmica 
Engenharia e Meio Ambiente. Os agentes capacitados serão cre-
denciados junto às Redes como colhedores, recebendo carteiras 
provisórias como “colhedores credenciados”.
suem a parte feminina numa flor e 
a parte masculina em outra flor de 
um mesmo indivíduo, sendo de-
nominadas monóicas. Como 
exemplo, podem ser citadas a 
pitangueira (Eugenia uniflora), o 
sombreiro (Clitoria fairchi-
ldiana) e o cedro (Cedrela fissi-
lis). Por último, existem as que 
possuem a parte feminina e mas-
culina em plantas diferentes 
(dióicas). Como exemplo, citam-
se o andá-assu (Joannesia 
princips), a embaúba (Cecropia 
sp) e o mamão (Carica papaya).
Sementes geradas a partir de 
auto-cruzamento (cruzamento 
entre flores de uma mesma plan-
ta) podem apresentar baixa ger-
minação, gerando plantas com 
baixo vigor. Sendo assim, muitas 
plantas apresentam mecanismos 
para evitar a auto-fecundação, 
como,por exemplo, o amadu-
recimento de flores femininas e 
masculinas de uma mesma plan-
ta em períodos diferentes (caso 
do cedro).
Problemas ambientais como 
desmatamento, incêndios, chu-
vas torrenciais, ao afetarem os 
animais e afastá-los das áreas 
perturbadas, podem trazer como 
conseqüência a redução na pro-
dução de sementes. Por isso, é 
importante a conservação das 
condições propícias à presença 
desses animais, em especial 
quando se deseja obter a pro-
dução de sementes de boa qua-
lidade.
Maturação e Dispersão
A maturação do fruto é um pro-
cesso biológico que permite a 
liberação da semente no momen-
to propício para a sua germina-
ção, estabelecimento e sobrevi-
vência. 
A dispersão de sementes é o me-
canismo natural pelo qual a se-
mente é levada a uma distância 
da planta-mãe. O agente disper-
sor pode ser o vento, a água, ou 
animais. Esse mecanismo evita o 
cruzamento de espécies aparen-
tadas, gerando maior variabilida-
de genética ao distribuir os filhos 
na população, além de tornar a 
distribuição da população menos 
agregada, fugindo de potenciais 
predadores.
Existem dois tipos de dispersão 
de frutos:
! abiótica: a dispersão dos frutos 
e sementes se dá por agentes 
físicos, como a água e o vento. As 
unidades de dispersão apre-
11
o início do florescimento até a 
dispersão da semente varia entre 
espécies. A sapucaia (Lecythis 
pisonis), por exemplo, floresce 
de setembro a outubro e frutifica 
somente de agosto a setembro do 
ano seguinte, demorando quase 
1 ano para a formação da se-
mente. Já a aroeira (Schinus 
terebinthifolius) floresce de se-
tembro a janeiro e frutifica de ja-
neiro a julho, demorando de 3 a 6 
meses do início da floração até a 
formação da semente.
Floração
O primeiro estágio no processo 
de formação das sementes é a 
produção de flores, que pode 
variar na época de ocorrência, na 
sua duração e intensidade, entre 
árvores e entre regiões. Isso 
ocorre por causa das variações 
de clima e solo, como uma estra-
tégia de sobrevivência diante de 
perturbações imprevistas. 
Durante as estações secas (maio 
a setembro), o número de es-
pécies arbóreas florescendo re-
duz drasticamente em relação às 
estações das chuvas, de outubro 
a abril.
Polinização 
A semente é formada a partir do 
cruzamento entre a parte mascu-
lina (androceu) e a parte feminina 
(gineceu) de uma planta. Esse 
cruzamento se dá a partir do en-
contro do grão de pólen com o 
óvulo, quando ocorre a fecunda-
ção e troca do material genético. 
O transporte do pólen para a parte 
feminina da flor (polinização) po-
de ser realizado pelo vento, por 
abelhas, besouros, borboletas, 
beija-flores, morcegos, ou pelo 
homem (polinização artificial).
Algumas espécies polinizadas 
por animais, quando introduzidas 
fora da região de origem natural, 
não encontram um polinizador 
adequado para a sua reprodução, 
deixando, muitas vezes, de pro-
duzir sementes. Um exemplo dis-
so é o Ficus benjamina, nativo 
da Índia.
A maioria das espécies das flo-
restas tropicais possui os dois 
sexos numa mesma flor (herma-
froditas). Como exemplo de es-
pécies hermafroditas, há o 
tamboril (Peltophorum dubium), 
o guapuruvu (Schizolobium 
parahyba) e o angico-branco 
(Senna multijuga). Outras pos-
10
O processo de maturação está 
intimamente ligado aos padrões 
de dispersão. Frutos imaturos 
podem produzir compostos que 
os tornam impalatáveis, afas-
tando os predadores e ao mesmo 
tempo os dispersores, uma vez 
que a semente não se encontra 
em condições para dispersão.
b . Época de colheita
A época ideal de colheita varia em 
função da espécie, do local e do 
ano, devido às variações cli-
máticas. Por isso, é importante a 
realização de acompanhamentos 
periódicos (estudo fenológico) 
que permitam determinar o perí-
odo em que os frutos são produzi-
dos, quando amadurecem e 
quando dispersam.
A ocorrência de frutos numa ár-
vore não indica necessariamente 
que eles devam ser imediata-
mente colhidos. Muitos frutos 
permanecem durante longo 
tempo nos galhos sem, entretan-
to, terem alcançado o seu ponto 
de maturação. Alguns frutos de-
vem ser colhidos ainda verdes, 
evitando assim que sejam dis-
persos. Após colhidos, deve-se 
esperar a sua maturação para se 
proceder ao plantio (Ex.: pau-rei, 
amendoim-bravo).
No caso de sementes florestais, a 
época de colheita muitas vezes 
está relacionada ao tipo de fruto: 
uma grande quantidade de espé-
cies que possuem sementes se-
cas e são dispersas pelo vento 
frutificam no período da estação 
seca (junho a agosto).
As sementes dispersas pelo ven-
to produzem grande quantidade 
de sementes, geralmente con-
centrada em uma mesma época, 
e amadurecem de forma rápida e 
homogênea dentro da própria 
planta. As sementes dispersas 
por animais têm produção vari-
ável, com intervalos longos e irre-
gulares entre as épocas de pro-
dução.
c . Tipos de frutos 
Os frutos e as sementes possu-
em formas e tamanhos variados, 
geralmente adaptados ao seu 
tipo de dispersão. Podem ser:
! Frutos carnosos: a semente 
apresenta-se envolvida por uma 
polpa carnosa ou dura. São dis-
persos geralmente por animais. 
Ex: Spondias lutea (taperebá);
! Frutos secos: podem ser di-
vididos em dois tipos:
- deiscentes: a liberação natural 
da semente é feita quando os 
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!s e n ta m d i s p o s i t i v o s d e 
planação, vôo, explosão ou 
queda por gra-vidade. Estes 
frutos não apre-sentam formas ou 
odores atrativos; a produção de 
frutos é abundante, estando 
concentrada em uma época do 
ano e com maturação rápida e 
homogênea dentro da própria 
! biótica: a dispersão dos frutos e 
sementes se dá por agentes bio-
lógicos. Apresenta unidades de 
dispersão carnosa ou com atra-
tivos a dispersores, ricos em ma-
teriais nutritivos; cores, odores, 
formas atrativas aos agentes dis-
persores; produção em quan-
tidade variável.
Tabela 1. Principais características de frutos e sementes, de 
acordo com o seu tipo de dispersão.
Tipos de 
dispersão de
sementes
CaracterísticasAgente
dispersor
Exemplos
Anemocoria Vento Os frutos são secos e 
deiscentes, com 
sementes secas e leves, 
apresentando estruturas 
aerodinâmicas
Ipê, cedro,
paineira 
Autocoria Explosão Mecanismo da própria 
planta que lança suas 
sementes pelas 
redondezas
Sibipiruna, 
pau-brasil, 
pata-de-vaca
Barocoria Gravidade Mecanismo Coité
Hidrocoria Água Os frutos possuem 
capacidade de flutuação 
e durabilidade no meio 
aquático
Côco
Ornitocoria Aves Os frutos possuem 
ausência de odor forte 
e presença marcante 
de coloração nos 
frutos maduros
Olho de cabra, 
aroeira
Quiropterocoria Morcegos Dispersos por
morcegos frugívoros
Ingá
Rodendocoria Roedores Frutos e sementes
de casca dura
Palmeira Gerivá,
jatobá.
Ictiocoria Peixes Espécies situadas 
na beira do rio
Jenipapo
Abiótica
Biótica
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frutos maduros abrem-se sol-
tando as sementes. Ex: Lecythis 
pisonis (Sapucaia);
- indeiscentes: não há liberação 
natural das sementes. Ex: Joa-
nnesia princips (Boleira).
d . Fatores a serem 
analisados na colheita
Os frutos carnosos estão sujeitos 
a maior predação quando perma-
necem muito tempo no campo e 
as sementes aladas podem dis-
persar-se rapidamente, após atin-
gida a maturidade.
As espécies com curta longevida-
de natural, devem ser as primei-
ras a serem colhidas, assim como 
as que apresentam frutos deis-
centes (se abrem sozinhos). 
Para se avaliar o amadurecimen-
to do fruto, é importante observar 
o seu tamanho, a cor, a forma, a 
textura e os sinais de abertura. 
É importante que as árvores este-
jam em plena maturidade, pois 
árvores jovens geralmente pro-
duzem menor quantidade de fru-
tos e de qualidade inferior.14
Sementes de boa qualidade 
são aquelas produzidas por árvores sadias, 
colhidas com cuidado, para não serem danificadas, 
livres de pragas e doenças, com capacidade de 
germinação e procedência conhecida. 
Para a obtenção de sementes florestais 
de boa qualidade, deve-se observar 
como a espécie se reproduz e 
 como faz para sobreviver e crescer 
dentro da floresta.
a . Escolha do local 
da colheita
As árvores se desenvolvem de 
acordo com as condições ambi-
entais de cada local, se adaptan-
do a cada clima, a cada tipo de 
solo. Por isto, o local onde será 
realizada a colheita é muito 
importante, devendo-se priorizar 
os locais onde a espécie ocorra 
naturalmente, de maneira que as 
mudas produzidas estejam adap-
tadas às mesmas condições 
ambientais da planta-mãe (clima, 
solo, etc.). 
b . Escolha da espécie
A escolha da espécie irá de-
pender da finalidade de uso e 
interesse para a qual a colheita 
está sendo realizada. Dentre 
essas finalidades, podem ser 
citadas: reflorestamento, lenha, 
carvão, medicinal, artesanato.
Planejamento de colheita
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Tabela 2. Lista de espécies comercializadas pela Rede que 
apresentam uso potencial em recuperação de áreas degradadas 
(RAD), artesanato (A), sistemas agroflorestais (SAF), madeira (M), 
frutífera (F) e arborização (ARB).
Nome Vulgar
Acácia
Albizia
Nome Científico
Acacia mangium
Albizia lebeck
Uso potencial
RAD
RAD, A
a . O que são árvores 
matrizes?
Com base na avaliação visual 
das características da espécie 
escolhida, a árvore deve ter boa 
qualidade, ser sadia, livre de do-
enças e de copa bem formada.
É importante sempre observar 
que a árvore matriz deve ter a 
copa bem desenvolvida e com 
boa exposição à luz, de maneira 
a poder apresentar abundante 
florescimento e frutificação, o que 
deverá torná-la boa produtora de 
sementes.
Outro aspecto a ser considerado 
é a maneira como as espécies 
ocorrem, se crescem agregadas 
ou dispersas.
Seleção e marcação de matrizes
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b. Como escolher as 
matrizes?
! Árvores que ocorrem juntas 
(agregadas).
Neste caso, existe uma possi-
bilidade maior das árvores possu-
írem certo grau de parentesco, 
tais como irmãs, meio-irmãs, 
primas. Sendo assim, em famílias 
próximas pode ocorrer um grau 
de parentesco. Para evitar a 
colheita de sementes de famílias 
próximas, é preciso tomar alguns 
cuidados, tais como:
! devem ser marcadas árvores 
matrizes de famílias diferentes;
! em cada família ou grupo de 
plantas próximas, deve-se mar-
car de 3 a 5 árvores;
! as famílias devem estar dis-
tantes entre si no mínimo 100 m.
1716
Nome Vulgar
Angico-canjiquinha
Araribá-rosa
Araribá vermelha
 
Cajá 
Cajá mirim
Cássia
Cedro-rosa
Goiaba
Guarapuruvu
Ipê-amarelo
Ipê-branco
Ipê-felpudo/tabaco
Ipê-ovo-de-macuco
Ipê-rosa
Ipê-roxo
Jacarandá
Jambo
Jatobá
Jussara
Monjoleiro
Mulungu
Paineira
Pau-brasil
Pau-ferro
Pau-formiga
Pau-jacaré
Pau-mulato
Peroba-amarela
Quaresma
Sabiá
sibipiruna
Tarumã
Nome Científico
Peltophorium dubium
Centrolobium sclerophyllum
Simira grazielae
Spondias purpurea
Spondias luthea
Cassia siamea
Cedrela fissilis
Psidium guajava
Schizolobium parahyba
Tabebuia riodocencis
Tabebuia sp
Zeyhera tuberculosa
Tabebuia serratifolia
Tabebuia roseoalba
Tabebuia impetiginosa
Dalbergia nibra
Myrcia jambolana
Hymenaea courbaril
Euterpe edulis
Acacia polyphyla
Erithrina poepegiana
Chorisia speciosa
Caealpinia echinatta
Caesalpinia ferrea
Triplaris brasiliensis
Tibouchina granulosa
Calycophyllum spruceanum
Paratecoma peroba
Tibouchina granulosa
Mimosa caesalpiniaefolia
Caesalpinea peltophoroides
Citharexillum mirianthum
Uso potencial
A, RAD
RAD, SAF, A
RAD, SAF, A
MC, SAF, RAD
RAD, SAF, F
RAD, A
M, RAD, SAF
F, RAD, SAF
RAD, SAF
RAD, M, A
M
RAD, M, A
RAD, M, A
RAD, M, A
RAD, M, A
M, RAD
F, RAD, A
F, SAF
SAF, F
RAD, SAF
RAD, SAF, A
A, RAD
M, A
A, RAD
RAD
RAD
M, RAD
M
A, RAD
RAD
A, RAD
RAD, SAF, ARB
distância mínima de 100 m en-tre 
cada árvore (se possível, marcar 
no mínimo 15 árvores). 
 
 Árvores que ocorrem separadas 
(dispersas)
É importante respeitar uma 
c . 
As matrizes devem ser marcadas 
com plaquetas numeradas de 
preferência de alumínio, para não 
causar danos futuros. Utiliza-se o 
Global System Position (GPS) 
para se obterem as coordenadas 
geográficas da matriz.
Recomenda-se também que se 
faça um mapa (ou croqui) locali-
zando onde estão as árvores 
Como localizá-las no 
campo?
matrizes e as referências para se 
chegar até elas com maior faci-
lidade, como rios, pontes (veja 
croqui pag. seguinte).
OBS: sabendo-se onde se locali-
zam as árvores matrizes, é 
importante que, ao longo do pri-
meiro ano, sejam feitas visitas pe-
riódicas às árvores para acompa-
nhar sua época de floresci-
mento, de frutificação e amadure-
cimento dos frutos, facilitando as-
sim o trabalho futuro de colheita.
18
100 m
Fonte: adaptado de PIÑA-RODRIGUES, 2002.
19
Fonte: croqui esquemático - Guia prático para colheita e manejo de sementes florestais tropicais, 
2002, PINA-RODRIGUES 
diretamente do chão. Podões ou 
varas de extensão são utilizados 
para alcançar as copas.
Espécies que não lançam suas 
sementes longe da copa podem 
ser colhidas com uma lona esti-
cada abaixo da copa, aguar-
dando a queda dos frutos ou 
sementes.
- Colheita da copa das árvores
A colheita realizada na copa das 
árvores requer técnicas e equi-
pamentos apropriados. Este 
método exige pratica e habili-
dade do colhedor, assim como 
conhecimento dos procedimen-
tos de segurança para realiza-
ção de trabalho em altura. Os 
principais métodos são:
1) Escadas flexíveis
Feitas de cordas e canos, são 
uma alternativa de baixo custo e 
se ajustam a árvores de qualquer 
forma (tortas, bifurcadas, com 
espinhos, etc.). Uma escada de 
20 m pesa em , 10 kg.
2) Escadas acopláveis
São rígidas, feitas geralmente de 
ligas de alumínio. São leves e 
ocas, podendo ser fixas ou do-
bráveis, porem, são mais difíceis 
de transportar dentro da mata. 
Medem de 3 m até 30 m.
média
3) Esporas
Somente podem ser utilizadas 
em árvores que permitam a fixa-
ção da ponta dos esporões na 
casca. É um método agressivo 
que facilita a entrada de pató-
genos, podendo causar a morte 
da árvore.
4) Blocante ao tronco
A técnica do blocante é uma 
adaptação da peia que a torna 
mais confortável e segura. 
Requer o uso do bouldrier, que é a 
cadeirinha utilizada por alpinis-
tas. São empregadas duas cor-
das presas ao tronco da árvore, 
sendo uma delas presa ao boul-
drier por um mosquetão e outra 
como estribo. 
5) Ascensão em corda fixa
Este método não oferece restri-
ções ao tipo de árvore ou altura. 
Requer o uso de equipamentos 
sofisticados e treinamento do co-
lhedor. A subida e feita com as-
cenders (equipamento especi-
alizado para ascensão) por uma 
corda passada pelo galho que se 
pretende alcançar, e fixada pela 
outra extremidade em uma ár-
vore. 
A descida pode ser feita pelo 
mesmo método de subida no 
21
Colheita de sementes
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a . Planejamento para 
colher sementes
 
Planejar a colheita é importante, 
pois contribui para uma organiza-
ção melhor do trabalho de 
campo, otimizando o rendimento 
da colheita de sementes. Esse 
planejamento deve envolver 
alguns conhecimentos básicos, 
como reconhecimento da área de 
colheita e das espécies de inte-
resse.
O Plano de Colheita deve estar 
diretamente relacionado aos 
objetivos quese pretende alcan-
çar. É de fundamental impor-
tância que se definam previa-
mente as espécies a coletar e a 
quantidade de sementes dese-
jada. Para algumas espécies, a 
colheita de apenas 1 kg de fruto é 
suficiente para suprir a demanda 
de sementes (geralmente espé-
cies com sementes muito pe-
quenas).
b . Métodos de colheita
A colheita de sementes pode ser 
feita de várias formas. A escolha 
do método deve levar em conta o 
local da colheita, o tipo de árvore 
(altura, casca, espinhos, etc.) e os 
recursos disponíveis.
! Material de apoio
Facões, tesouras de poda, po-
dões, machados e ganchos são 
utilizados para facilitar o trabalho 
de colheita.
! Formas de colheita
 - Colheita direto do chão
Árvores baixas de copa densa 
permitem que a colheita seja feita 
20
- Bouldrier
O bouldrier é um tipo de cinturão 
que oferece segurança e con-
forto ao escalador. A maioria das 
técnicas de subida em árvores 
pode ser realizada com esse 
equipamento. Nele são presas 
as fitas que estão nos ascen-
sores ou blocantes e também o 
oito na hora do rapel.
- Equipamentos de Proteção 
Individual (EPI):
• Capacete com jugular
• Óculos de segurança
• Botas maleáveis
• Roupas de tecidos fortes e 
confortáveis
• Bouldrier (cadeirinha)
• Perneiras
• Protetor solar
• Luvas
! Ancoragens e equalizações:
As ancoragens são o meio de 
estabilização do escalador na co-
pa das árvores e também de 
fixação da corda. São feitas com 
fitas e mosquetões e, quando 
necessário mais de um ponto de 
ancoragem, deve ser equalizada 
para distribuição uniforme do 
peso.
! Nós
• Oito
• Lais de guia
• Lais de guia duplo
• Nó de fita
• Nó de pescador
• Volta do fiel
• Nó dinâmico (U.I.A.A.)
• Boca de lobo
• Aselha
c - Cuidados da colheita
Algumas considerações sobre 
segurança devem ser feitas para 
que a colheita seja realizada de 
forma eficiente e sem acidentes.
· Os equipamentos devem ser 
guardados de forma organizada 
para evitar perdas e acidente.
· As roupas devem oferecer pro-
teção e liberdade de movimen-
tos.
! O equipamento assim como nós 
e ancoragens devem ser con-
feridos minuciosamente antes de 
realizar a escalada.
! Observar as condições climá-
ticas antes da escalada. Vento e 
chuva podem tornar perigoso o 
trabalho nas copas.
! Verificar as condições do tronco 
antes da escalada.
! Nunca escale sozinho. A equipe 
de colheita deve ser composta de 
no mínimo, um colhedor e um au-
xiliar.
23
caso das escadas, esporas e blo-
cante, porém, o rapel é um pro-
cedimento mais seguro e rápido, 
sendo a descida feita pela corda 
com a utilização do freio oito e um 
mosquetão.
! Materiais necessários
 - Cordas
Estáticas: possuem pouca ou 
nenhuma elasticidade. São utili-
zadas na escalada como meio 
principal de alcançar a copa das 
árvores e descer com segurança. 
Também são empregadas para 
elevar cargas pesadas.
Dinâmicas: São elásticas em 
media 7% do seu comprimento. 
Sua função e absorver o impacto 
de uma queda diminuindo a 
velocidade e minimizando o cho-
que sobre o escalador. É utilizada 
para segurança.
- Fitas
Tubulares: feitas de nylon e co-
mercializadas por metro. Podem 
ser cortadas em qualquer ta-
manho e são utilizadas em anco-
ragens e equalizações.
Anéis: são idênticos, porém já 
vêm costurados de fábrica em 
tamanhos que variam de 10 cm a 
120 cm. Também são utilizados 
para ancoragens e equalizações.
 - Cordeletes
São utilizados como laçadas blo-
cantes em cordas para ascensão 
e segurança na descida. Tem 
importância fundamental na es-
calada em árvores, por ser uma 
alternativa segura e de baixo 
custo.
- Mosquetões 
São as principais conexões entre 
os componentes do sistema.
Existem três tipos básicos uti-
lizados: oval, formato D e pêra. O 
critério de utilização é a distri-
buição de forcas sobre o mos-
quetão.
- Ascensores
São utilizados para ascensão em 
corda fixa. Possuem um sistema 
de travas que permite que o apa-
relho se movimente em apenas 
uma direção.
- Aparelhos de segurança e 
rapel
O rapel é feito com um equi-
pamento chamado freio oito (mais 
comum) que desliza pela corda 
sob o controle do escalador. 
Existem outros aparelhos simi-
lares, tais como o ATC, reverso, 
gri-gri, etc.).
22
Manejo de sementes
CA
PÍ
TU
LO
 V
a . Extração :
Este é o processo de remoção 
das sementes do fruto. As téc-
nicas a serem usadas variam de 
acordo com o tipo de fruto e 
sementes .
- Frutos carnosos: o processo é 
manual, às vezes ocorrendo o 
uso de peneiras como auxílio. 
Para facilitar a retirada da polpa 
de alguns frutos, estes devem ser 
previamente mantidos em água 
por 12 a 24 horas e o uso de areia 
também facilita a retirada da pol-
pa, mas, atenção: devem ser ma-
ceradas com cuidado para que 
não ocorra nenhum dano com a 
semente. 
Após a maceração, deve-se re-
tirar todo o material que ficar livre 
dos remanescentes do fruto para 
que não ocorra o desenvolvi-
mento de fungos e ataque de 
insetos.
- Frutos secos: no caso dos 
frutos deiscentes, a retirada das 
sementes é mais simples, bas-
tando apenas deixar o fruto se-
cando ao sol ou em estufas que 
este se abre naturalmente. Já em 
frutos indeiscentes, é feito por via 
mecânica, empregando o uso de 
facas, martelos e machados. É o 
caso do jatobá, pau-ferro e cás-
sia rosa, por exemplo.
B - Beneficiamento
É o processo manual pelo qual se 
realiza a limpeza do lote, no qual 
é feita a retirada do material inde-
sejado,como:sementes de ou-
tras espécies, sementes que-
bradas, danificadas ou mal for-
madas. 
25
! As ferramentas devem ser pu-
xadas para cima por uma corda, 
nunca levadas pelo escalador.
! É importante sempre observar 
se há existência de formigas, ma-
rimbondos, abelhas e cupins no 
tronco e ramos da árvore antes de 
iniciar a colheita.
! Procure não colher todos os 
frutos de uma mesma árvore, pois 
os frutos e as sementes muitas 
vezes são fontes de alimento pa-
ra os animais da floresta.
! Lembre-se que não é acon-
selhável a retirada total das se-
mentes, para que não ocorra 
comprometimento da sua rege-
neração natural.
d . Rendimento na colheita
A anotação da quantidade de se-
mentes colhidas em cada árvore, 
o tempo despendido de colheita 
por árvore e a relação da quan-
tidade de frutos, que é necessária 
para obter 1 Kg de sementes são 
parâmetros importantes que 
auxiliam na previsão das futuras 
colheitas e na definição do custo 
da semente.
24
d . Armazenamento 
O armazenamento é o processo 
usado para preservar ou manter 
a qualidade fisiológica através da 
redução da velocidade de dete-
rioração da semente. 
O objetivo do armazenamento é 
conservar a viabilidade da se-
mente por um maior período de 
tempo, permitindo que se faça o 
estoque, tanto para uso futuro, 
como para a comercialização. As 
espécies florestais apresentam 
produção irregular de sementes, 
variando anualmente, sendo 
abundante em um determinado 
ano e escassa em outros. O ar-
mazenamento, portanto, é ne-
cessário para garantir a deman-
da anual de sementes, possi-
bilitando o estoque para os me-
ses e os anos de baixa produti-
vidade.
Antes da semente ser arma-
zenada, deve-se ter concluído 
todo o seu beneficiamento e sua 
adequada secagem. É a seca-
gem que vai garantir que a taxa 
da respiração da semente per-
maneça baixa, minimizando o 
seu processo de deterioração. A 
semente não deve ser guardada 
juntamente com pedaços de 
galhos e folhas. 
Os fatores que afetam a via-
bilidade da semente durante o ar-
mazenamento são a temperatura 
e a umidade relativa do ar.
O armazenamento pode ser feito 
em câmaras frias e secas, que 
tenham controle da temperatura 
e da umidade relativa do ar, 
através de aparelhos de ar-condi-
cionado ede desumidificadores. 
Recomenda-se que as condi-
ções de armazenamento sejam 
controladas de maneira a que a 
osoma da temperatura ( C) e da 
umidade relativa do ar não 
supere 55,5 %.
· Embalagem 
As sementes, ao serem armaze-
nadas, devem ser acondiciona-
das em embalagens próprias, 
que regulam a troca de umidade 
delas com o meio. As embala-
gens para armazenamento são 
classificadas de acordo com o 
seu grau de permeabilidade, e 
podem ser:
-Porosas ou permeáveis:
permitem a troca de umidade en-
tre as sementes e o ambiente.Ex : 
pano, papel e papelão.
-Semiporosas: estas não impe-
dem completamente a passagem 
de umidade, permitindo pequena 
27
 A longevidade esta relacionada com o período de tempo o qual a sementes se mantêm 
viável. A deterioração se refere a toda e qualquer alteração degenerativa que ocorre com a 
qualidade das sementes em função do tempo . É a perda do seu poder germinativo. Isto 
varia de acordo com a espécie a ser colhida. 
1
Pode ser recomendado o uso de 
peneiras que separam sementes 
pelo tamanho ou que auxiliam na 
retirada de materiais indese-
jáveis.
c . Secagem : 
O objetivo da secagem é diminuir 
a umidade das sementes, pois 
assim se reduz a respiração, dimi-
nuindo a velocidade com que ela 
consome suas energias utilizadas 
para germinação, aumentando 
seu período de dormência. Essa 
secagem é diferente da realizada 
no fruto, citada no item a, que tem 
como objetivo a abertura natural 
dos frutos para extração das se-
mentes. 
 
A secagem das sementes pode 
ser feita utilizando dois métodos, 
a seguir sintetizados:
- Natural: é o método mais barato 
e mais lento. A secagem natural 
tem como fonte de calor o Sol. Os 
frutos são espalhados sobre lo-
nas ou bandejas durante o dia, 
expostos ao Sol e, à noite, reco-
lhidos ou cobertos. Sempre revi-
ram-se as sementes para uma ae- 
ração melhor. esse processo 
pode durar de 5 a 7 dias, depen-
dendo da espécie e do tempo.- 
- Artificial: secagem em estufa; é 
um método caro e mais eficiente, 
apresentando resultado mais rá-
pido, não dependendo das condi-
ções climáticas como o método 
anterior. Nesse processo, ocorre 
o controle da temperatura e o ar é 
aquecido através de equipa-
mentos que permitem secar uma 
grande quantidade de sementes.
Nem todas as sementes devem 
ser secas. Algumas espécies são 
problemáticas e não toleram 
dessecamento ou baixas tempe-
raturas. Essas espécies proble-
máticas, denominadas RECALCI-
TRANTES, possuem baixa longe-
vidade e, por isso, devem ser 
semeadas rapidamente. Como 
exemplo dessas espécies podem 
ser citadas: palmito, jenipapo e 
ingá.
As espécies que toleram desse-
camento ou baixas temperaturas 
e possuem alta longevidade são 
denominadas ORTODOXAS. 
Exemplos: angico-branco, copaí-
ba, aroeira e guapuruvu.
26
1
sementes em um saco de aniagem e 
bater com um martelo de borracha. 
Remover os resíduos. Semente com 
dormência tegumentar: sendo reco-
mendada para a quebra de dormê-
ncia da semente a imersão em água 
à temperatura ambiente por 12 horas 
para embebição.
Aroeira Schinus 
terebinthifolius
A extração das sementes dá-se por 
maceração dos frutos. Após, as 
sementes são postas em peneiras e 
secas em ambiente ventilado. A se-
mente não tem dormência, não sen-
do necessário tratamento pré-germi-
nativo. 
Apresenta dormência tegumentar, 
sendo recomendado como trata-
mento para a quebra de dormência 
da semente a imersão em água 
quente a 65ºC fora do aquecimento e 
repouso por 18 horas, ou imersão 
por 4 a 10 minutos em água fervente, 
deixando-se as sementes nessa 
água, fora do aquecimento por 72 
horas ou escarificação manual em 
material abrasivo, rompendo o tegu-
mento da semente no lado oposto ao 
hilo.
Guapuruvu Schizolobium 
parahyba
Deixar os frutos de molho em água 
para soltar a polpa; em seguida, des-
polpar os frutos e lavar as sementes 
em peneira. Secá-las à sombra, em 
local ventilado. 
Jenipapo Genipa 
americana
Óleo de copaíba Copaifera 
langsdorfii
Secar os frutos ao Sol até a deiscên-
cia e remover as sementes.
29
Tabela 3. Métodos de manejo em sementes de algumas espécies 
florestais de ocorrência no Espírito Santo.
Abrir os frutos com um martelo de 
borracha; deixar os endocarpos se-
cando ao Sol por 3 dias; quebrá-los 
com um martelo de ferro e retirar as 
sementes. A semente não precisa de 
tratamento pré-germinativo, podendo 
ser semeada diretamente.
Andá-açu Joahnnesia 
princips
Nome popular Nome 
científico
Métodos de Manejo
O fruto é colocado ao Sol para que se 
abra. A extração das sementes do 
fruto é feita manualmente, pois as 
sementes não se soltam do fruto. 
Outro método utilizado é colocar as 
Angico-branco Senna multijuga
28
troca de umidade entre as se-
mentes e o meio. Ex: sacos plás-
ticos, papel e papelão revestidos 
com alumínio.
- Impermeáveis: são à prova de 
umidade; não possibilitam a troca 
de umidade com o meio. Ex: latas, 
vidro e alumínio.
e . Dormência das sementes
Esta é uma estratégia reprodutiva 
das sementes que se regeneram 
naturalmente a partir do banco de 
sementes no solo ou quando 
necessitam conservar seu poten-
cial de germinação até que as 
condições favoráveis ocorram. É, 
portanto, um mecanismo natural. 
Suas causas são variadas e as 
mais comuns são a presença de 
tegumentos que impedem a 
penetração de água e de gases.
Sapucaia Lecythis pisonis Secar os frutos ao Sol até a deis-
cência e remover as sementes.
Taperebá Spondias lutea Despolpamento dos frutos, lavagem 
em água corrente, secagem à 
sombra. Colocar a semente 24 horas 
de molho em água fria.
30
Legislação do setor de sementes
C
PÍ
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LO
I
A
 V
31
o Em 2003, foi editada a Lei N
10.711/03, em substituição à Lei 
oN 6.507, de 19/12/1977, 
dispondo sobre a produção, o 
comércio e a fiscalização de 
sementes no território nacional. 
Essa Lei, regulamentada pelo 
Decreto 6.858 de 5 de agosto de 
2003, objetiva garantir a iden-
tidade e a qualidade do material 
de multiplicação e de reprodução 
vegetal produzido, comerci-
alizado e utilizado em todo o terri-
tório nacional, sendo este mate-
rial semente ou muda. 
A regulamentação da produção 
de sementes requer a definição 
de categorias de sementes que 
possuem diferentes graus de 
melhoramento genético e estão 
diretamente associadas aos tipos 
de práticas empregadas na sua 
produção. A semente agrícola já 
regulamentada desde a lei 
oanterior (Lei N 6507/77) possui 
categorias totalmente diferentes 
das espécies florestais, devido 
ao seu maior grau de melho-
ramento, curto ciclo de vida e, 
portanto, maior número de gera-
ções que garantem a aferição da 
sua qualidade genética. Devido 
às diferenças no processo de 
aferição da qualidade, de 
regulamentação e aferição, foi 
demonstrada a necessidade de 
se definirem critérios de avalia-
ção específicos para as espécies 
florestais. Por conta disto, foi 
estabelecido, por exigências de 
entidades que trabalham com 
sementes florestais, o Artigo 47, 
que autoriza o estabelecimento 
de mecanismos específicos e, no 
que couber, exceções ao dis-
posto na Lei, para regula-
mentação da produção e do co-
mércio de sementes de espécies 
florestais, nativas ou exóticas, ou 
Dispõe sobre o Sistema Nacional de 
Sementes e Mudas, objetivando ga-
rantir a identidade e a qualidade do 
material de multiplicação e de repro-
dução vegetal produzido, comercia-
lizado e utilizado em todo o território 
nacional. 
Cria a figura do Colhedor de Semen-
tes Florestais, do Produtor de Se-
mentes Florestais e Mudas Flores-
tais, cria o Registro Nacional de Culti-
vares, cria as categorias de produ-
ção de sementes e mudas (identi-
ficadas, selecionadas, qualificadas, 
testadas) e geraa necessidade de 
identificação da origem das se-
mentes.
O Artigo 47 autoriza o estabele-
cimento de mecanismos específicos 
e, no que couber, exceções ao dis-
posto na Lei, para regulamentação 
da produção e do comércio de se-
mentes de espécies florestais, na-
tivas ou exóticas, ou de interesse 
medicinal ou ambiental. 
1977 - Lei Federal n º 6.507, de 
19/12/1977, regulamentada pelo 
Decreto Federal n º 81.771, de 07-
06-1978.
Revoga a Lei Federal n°. 4.727 e 
estabelece nova legislação sobre a 
inspeção e fiscalização da produção 
e do comércio de sementes e mudas.
1981 - Portaria MA N º 9.456 de 
25/04/1981.
Institui em âmbito nacional o Sistema 
Brasileiro de Avaliação e Recomen-
dação de Cultivares.
1997 - Lei Federal n º 9.456, de 
25/04/1997, regulamentada pelo 
Decreto Federal n º 2.366, de 
05/11/1997.
Institui o direito de proteção de culti-
vares, efetivado mediante a conces-
são de Certificado de Proteção de 
Cultivar ao novo cultivar ou cultivar 
essencialmente derivado, que aten-
da as condições de novidade, distin-
guibilidade, homogeneidade e esta-
bilidade.
2003 - Lei 10.711 /03 regulamentada 
pelo Decreto 6.858 de 5 de agosto de 
2003.
33
QUADRO 1: Cronologia da legislação de sementes e mudas no 
Brasil.
Organização do primeiro Manual de 
Regras de Análise de Sementes, por 
iniciativa da Divisão de Sementes e 
Mudas, pelo Eng°. Agr°. Oswaldo 
Bacchi.
1956 - Regras para análise de 
sementes - Ministério da Agricultura 
e Reforma Agrária.
1965 - Lei Federal n º. 4.727, de 
13/07/1965,Regulamentada pelo 
Decreto Federal n º 57.061, de 15-
10-1965.
Institui a fiscalização do comércio de 
sementes e mudas em todo o terri-
tório nacional, o que consolida o 
Sistema de Produção de Sementes 
no Estado de São Paulo.
1967 -.Validade nacional das Regras 
de Análise de Sementes.
Por decisão do Ministério da Agricul-
tura, as Regras para Análise de Se-
mentes passam a ter validade nacio-
nal.
32
de interesse medicinal ou ambi-
oental. O Decreto N 6858/03 
dedica o capítulo XII às espécies 
florestais, de interesse medicinal 
ou ambiental, ou sem compro-
vação da origem genética. 
A colheita de sementes em 
Unidades de Conservação é 
olimitada pela Lei N 9985/00, que 
trata do Sistema Nacional de 
Unidades de Conservação. 
Segundo essa Lei, a colheita de 
sementes em Unidades de 
Conservação de Uso Sustentável 
deve estar prevista no Plano de 
Manejo. Já nas UCs de Proteção 
Integral, a colheita de sementes 
só pode ser realizada para fins 
científicos e com autorização dos 
órgãos competentes.
As definições e restrições para as 
Áreas de Reserva Legal, exis-
tentes na legislação (Código Flo-
orestal Lei N 4771/65), não limi-
tam a colheita de sementes nes-
sas áreas, desde que realizada 
com autorização dos órgãos 
ambientais competentes. Em 
relação à colheita de sementes 
em Áreas de Preservação Per-
manente, não existem refe-
rências claras quanto da reali-
zação dessa atividade. 
34
Introdução ao uso do GPS
C
PÍ
T
LO
II
A
U
 V
É um terminal inteligente que, a 
partir de sinais emitidos de uma 
rede de 24 satélites, garante 
localização geográfica precisa em 
qualquer ponto do planeta. O uso 
de qualquer modelo é relati-
vamente simples, mas uma leitura 
prévia do manual e um pouco de 
conhecimento de orientação 
geográfica fazem diferença.
Em trilhas fechadas, é previsível 
que o equipamento não consiga 
obter sinal suficiente; nestes 
casos, é melhor esperar alguns 
minutos no local até que as 
condições para cálculo da posição 
melhorem. O tempo ruim e 
nublado também pode atrapalhar 
modelos mais simples.
Fontes de erro
Correspondem à interferência 
resultante da reflexão do sinal em 
algum objeto, a mesma que causa 
a imagem 'fantasma' na televisão. 
Como o sinal leva mais tempo pa-
ra alcançar o receptor, este 
'entende' que o satélite está mais 
longe que na realidade. E outro 
erro é o atraso na propagação dos 
sinais devido aos efeitos atmos-
féricos e alterações do relógio 
interno. Em ambos os casos, o 
receptor GPS é projetado para 
compensar os efeitos. 
A leitura da altitude fornecida pelo 
receptor também é afetada pelo 
erro do sistema. Porém, um erro 
de 10 metros numa dimensão de 
100; 200 ou 500 metros é pro-
porcionalmente muito grande e 
perigoso, dependendo da ativi-
dade desenvolvida. Montanhas 
altas ou edifícios próximos 
também afetam sua precisão. 
35
Rastreamento dos satélites
Um receptor rastreia um satélite 
pela recepção de seu sinal. 
Sinais de apenas quatro satélites 
são suficientes para obtenção de 
uma posição fixa tridimensional, 
mas é desejável um receptor que 
rastreie mais de quatro satélites 
simultaneamente. Como o usu-
ário se desloca, o sinal de algum 
satélite pode ser bloqueado re-
pentinamente por algum obstá-
culo, restando satélites sufi-
cientes para orientá-lo. A maioria 
dos receptores rastreia de 8 a 12 
satélites ao mesmo tempo. Um 
receptor não é melhor que outro 
por rastrear mais satélites. 
Rastrear satélites significa 
conhecer suas posições. Não 
significa que o sinal daquele 
satélite está sendo usado no 
cálculo da posição. Muitos recep-
tores calculam a posição com 
quatro satélites e usam os sinais 
do quinto para verificar se o cál-
culo está correto. 
Aplicações
Guardas florestais, trabalhos de 
prospecção e exploração de 
recursos naturais, geólogos, 
arqueólogos e bombeiros são 
enormemente beneficiados pela 
tecnologia do sistema. O GPS 
tem se tornado cada vez mais 
popular entre ciclistas, balo-
nistas, pescadores, ecoturistas 
ou por leigos que queiram ape-
nas planejar e se orientar durante 
suas viagens.
Com a popularização do GPS, 
um novo conceito surgiu na agri-
cultura: a agricultura de precisão. 
Uma máquina agrícola dotada de 
receptor GPS armazena dados 
relativos à produtividade em um 
cartão magnético que, tratados 
por programa específico, produz 
um mapa de produtividade da la-
voura. As informações permitem 
também otimizar a aplicação de 
corretivos e fertilizantes.
Lavouras americanas e euro-
péias já utilizam o processo que 
tem enorme potencial no Brasil.
 
Glossário
PÍ
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III
CA
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 V
Abiótico. (1) Condição físico-
química do meio ambiente, como 
a luz, a temperatura, a água, o pH, 
a salinidade, as rochas, os 
minerais, entre outros compo-
nentes. (2) Caracterizado pela 
ausência de vida. Lugar ou 
processo sem seres vivos. 
(GOODLAND, 1975).
 
Biótico. (1) Relativo ao bioma ou 
biota, ou seja, ao conjunto de 
seres animais e vegetais de uma 
região. (2) Referente a organis-
mos vivos ou produzidos por eles. 
Por exemplo: fatores ambientais 
criados pelas plantas ou micror-
ganismos.
Área de Reserva Legal. Área 
localizada no interior de uma pro-
priedade rural, excetuada a de 
preservação permanente, neces-
sária ao uso sustentável dos 
recursos naturais, à conservação 
36
e reabilitação dos processos 
ecológicos, à conservação da 
biodiversidade e ao abrigo e pro-
teção de fauna e flora nativas.
Dispersão. (1) Faculdade que 
têm os seres vivos de se pro-
pagarem pela biosfera, alargando 
os seus domínios e facilitando a 
cada espécie proliferar e en-
contrar novos meios onde possa 
viver de acordo com suas adap-
tações. (2) Distribuição natural de 
sementes ou de espécimes 
jovens por uma vasta área; me-
canismos de dispersão incluem 
sementes leves, sementes que 
devem passar pelo aparelho 
digestivo de animais para que 
possam germinar e até sementes 
que são carregadas por correntes 
oceânicas.
37
Espécie alóctone ou exótica
Planta que é introduzida em uma 
área onde não existia origi-
nalmente. Várias espécies de 
importância econômica estão 
nessa categoria (ex.: introdução 
do milho nas Américas, Áfricae 
Ásia, aquela da seringueira na 
Malásia ou do caju na África 
Oriental e Índia). Várias plantas 
invasoras de cultivos e plantas 
daninhas enquadram-se nesta 
categoria, sendo geralmente 
introduzidas por acidente no país 
receptor, e asselvajando-se em 
seu novo hábitat. 
Espécie nativa. 
Espécie que ocorre naturalmente 
na região.
 
Unidade de Conservação.
Espaço territorial e seus recur-
sos ambientais, incluindo as 
águas jurisdicionais, com carac-
terísticas naturais relevantes. 
Legalmente instituído pelo Poder 
Público, com objetivos de con-
servação e limites definidos, sob 
regime especial de admi-
nistração, ao qual se aplicam ga-
rantias adequadas de proteção 
(Lei 9.985/2000, art. 2º., I). 
Bibliografia consultada
C
PÍ
T
LO
IX
A
U
 
38
CARVALHO, L. R. de. 2000. Classificação fisiológica de sementes 
de espécies florestais quanto à capacidade de armazenamento. 
Lavras, MG. UFLA. 97p.:il.
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