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* Linfangite e Erisipela Dr. Salim Haber Jeha * Linfangite e Erisipela É importante definir-se como linfangite a inflamação do vaso linfático de qualquer etiologia, enquanto erisipela é a linfangite estreptocócica * “Tumefação de tecidos moles por acúmulo de fluido intersticial rico em proteínas, causada por deficiência do fluxo linfático e insuficiência da proteólise extralinfática” Definição (Földi) Linfangite e Erisipela * “Acúmulo de água, sais, eletrólitos e proteínas de alto peso molecular no espaço intersticial, conseqüente a uma alteração dinâmica ou mecânica do sistema linfático, levanto a um aumento de volume progressivo e evolutivo da extremidade, com diminuição da sua capacidade funcional e imunológica, aumento de peso e alteração morfológica” Definição (Consenso Latino-Americano) Linfedema Linfangite e Erisipela * Função do Sistema Linfático “Absorção de proteínas plasmáticas que abandonam o leito capilar em direção ao interstício, subsidiariamente transportam líquidos” (Földi) Mantém estável a composição do fluido intercelular Remoção de partículas orgânicas (bactérias, vírus e fungos) e inorgânicas Absorção de gordura e substâncias lipossolúveis (intestino) Eliminação de células neoplásicas Linfangite e Erisipela * Características do Sistema Linfático O sistema linfático faz parte do sistema circulatório e imunológico (linfonodos, baço, timo, medula óssea...) Desenvolvimento: 5a semana de gestação (linfonodos na 16a) Está presente em qualquer órgão e de forma mais intensa em órgãos que tem contato direto com exterior (TGI, pele e pulmão) Linfangite e Erisipela * Estrutura Canais tissulares (sistema pré-linfático) Capilar linfático - filamento de ancoragem Pré-coletores Coletores Linfonodos (Valvas) Troncos-Ductos Linfáticos Linfangite e Erisipela * Linfangion Unidade motora linfática Segmento entre duas valvas de coletor linfáticos, com contratilidade própria e independente, que impulsiona a linfa no sentido proximal. Linfangite e Erisipela * Composição da Linfa Fluido intersticial Produtos do catabolismo celular e intersticial Fibrinogênio e protrombina Células (linfócitos e hemácias) Microorganismos vivos Gordura (intestino) e proteínas Linfangite e Erisipela * Fisiopatologia Causas funcionais Ausência de variação da p. tissular (imobilização) Espasmo coletor (inflamação/infecção) Paralisia de coletores (dilatação exagerada) contração do coletor (fibrose) Linfangite e Erisipela * Fisiopatologia Causas estruturais Anomalia dos canais tissulares (trauma) Linfático iniciais escassos (congênito - Dça. Milroy) Incompetência valvar Lesão linfático inicial ( pressão externa) Hipoplasia de coletores (+ comum) Obstrução de coletor (tumor/radiação/trauma) Linfangite e Erisipela * Classificação Primários Malformação do sistema linfático (aplasia, hipoplasia e hiperplasia), podendo ter caráter familiar (doença de Milroy). Malformação vascular (síndrome de Klippel-Trènaunnay) Congênito, Precoce (< 15 anos) ou tardio (> 15 anos) Linfangite e Erisipela * Classificação Secundários Trauma Linfangite (bactéria, fungo, parasita...) Iatrogênico (cirurgia e radiação) Neoplasia (propagação intralinfática, compressão extrínseca e angiosarcoma) Linfangite e Erisipela * Cadeia de Acontecimentos Linfangiopatia Transporte Linfático Acúmulo de Proteínas no Interstício Edema Rico em Proteínas Fibrose + Fibroesclerose + Infecção Linfangite e Erisipela * Alterações tissulares O acúmulo de proteína no interstício provoca uma inflamação crônica, que leva a acúmulo de fibroblastos, fibrina e colágeno local (lipodermatoesclerose). Além disto há uma diminuição da imunidade regional, que facilitam as infecções e formação de neoplasia. Linfangite e Erisipela * Mecanismos compensadores Desenvolvimento de vias colaterais Dilatação dos canais pré-linfáticos Neo-anastomoses (linfo-linfática / linfo-venosa) trabalho do Linfangion proteólise extralinfática Linfangite e Erisipela * Diagnóstico clínico Anamnese - fator desencadeante / história familiar Exame físico - fase inicial: difícil diferenciá-lo Indolor (exceto: infecção ou neoplasia). Com o tempo torna-se incompressível, envolvendo os dedos e poupando o calcâneo. Há espessamento da pele com hiperceratose e verrucosidade. Sinal de Stemmer - impossibilidade de pinçar a pele. Linfangite e Erisipela * SINTOMAS DOR CALOR ARDÊNCIA SINAIS GERAIS FEBRE NÁUSEAS E VÔMITOS CEFALÉIA MAL ESTAR GERAL SINAIS LOCALIZADOS EDEMA HIPERTERMIA RUBOR GENERALIZADO OU EM ESTRIAS FLICTENAS ADENITE REGIONAL NECROSE Linfangite e Erisipela * Diagnóstico complementar Ecocolor Doppler – avalia a presença de patologia venosa TC – estadiamento/circunferência/aspecto de favo de mel RNM - avaliar a presença de malformações vasculares Linfografia - Padrão-ouro para definição anatômica do sistema linfático. Porém pode levar a necrose cutânea, linfangite e formação de fístula Linfangite e Erisipela * Diagnóstico complementar Linfocintilografia - estudo dinâmico da drenagem linfática, que mapeia o percurso das macromoléculas (Dextran) marcadas com radioisótopos (tecnécio-99m), através dos vasos linfáticos. Útil para avaliar o estado funcional, mesmo nas fases iniciais. Pouca toxicidade e pode ser repetido sem riscos. É o exame de escolha para avaliação inicial ! Linfangite e Erisipela * Diagnóstico complementar Linfocintilografia Epifascial: Injeção subcutânea no 1° espaço interdigital Subfascial: Injeção subcutânea em planta de pé Imagens seqüenciais: 2, 5, 20, 60 e 180 minutos Linfangite e Erisipela * Diagnóstico complementar Linfocintilografia Captação das vias e linfonodos Simetria das vias e linfonodos Velocidade de progressão do radioisótopo Presença de linfonodo poplíteo Linfangite e Erisipela * Complicações Infecciosas - linfangite e erisipela (tinea pedis) Linforréia Tróficas - fístula, verrucosidades e ulcerações Osteoarticulares - retificação de arco plantar, calosidade e escoliose Psicológicas - doença crônica, associada a deformidade e preconceito depressão Linfangite e Erisipela * Tratamento Objetivo: melhor a drenagem linfática, levando a redução do edema, remodelagem do membro e prevenção de episódios de infecção/inflamação. Terapia Física Complexa (TFC) 1. Higiene da pele 2. Drenagem linfática manual (DLM) 3. Enfaixamento 4. Exercícios linfocinéticos Linfangite e Erisipela * 1. Higiene Manter o membro afetado com a pele hidratada, evitando trauma (inclusive mensuração de PA e picada de agulha) e excesso de peso. Sempre procurar pela presença de micose interdigital e evitar o ganho ponderal. Linfangite e Erisipela * 2. Drenagem Linfática Manual (DLM) Baseia-se no princípio do esvaziamento de um segmento linfático proximal a área afetada, preparando-o para receber a linfa acumulada, pelas vias linfáticas colaterais. Contra-indicada em vigência de infecção, neoplasia e TVP Linfangite e Erisipela * Terapia Física Complexa Fase inicial: 4 a 6 semanas Fase de manutenção: 6 a 12 meses Tratamento medicamentoso Benzopironas/Diosmina - contração de coletores, permeabilidade capilar e proteólise. Antibiótico (Penicilina G Benzatina ou Amoxicilina ou Clindamicina), antimicóticos e imunoestimulação Diuréticos ? Linfangite e Erisipela * Compressão pneumática Bombas que comprimem o membro edemaciado, aumentando a drenagem de fluido, porém sem a simultânea absorção de proteínas. Pode aumentar o risco de fibrose e provocar o barotrauma (> 40 mmHg). Deve ser usada em combinação com outras técnicas Linfangite e Erisipela
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