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U N O PA R M ETO D O LO G IA D O EN SIN O D O FU TSA L E FU TEB O L Metodologia do ensino do futsal e futebol UNIDADE 2 Unidade 2 FUNDAMENTOS TÉCNICOS: CONDUÇÃO, PASSE, CHUTE, DOMÍNIO, RECEPÇÃO, CONTROLE, AMORTECIMENTO E ABAFAMENTO, DRIBLE, FINTA, DESLOCAMENTO, MARCAÇÃO E CABECEIO Objetivos de aprendizagem: Esta seção tem como objetivo descrever os fundamentos do futebol e do futsal, demonstrando as subdivisões presentes nesses fundamentos. Certamente, na execução dos fundamentos, há elementos envolvidos que podem ser citados, como as regras, a participação da própria equipe e da equipe adversária. Portanto, conhecer os fundamentos do futebol e do futsal e saber que para a sua correta execução (ou uma execução que esteja a contento, considerando a idade do praticante e o nível de desenvolvimento) depende dos fatores citados. Tiago Tristão Artero Fundamentos técnicos: condução, passe, chute, domínio, recepção, controle, amortecimento e abafamento, drible, finta, deslocamento, marcação e cabeceio U2 46 Seção 1 | Fundamentos técnicos do futebol e do futsal – recepção, domínio, controle, condução, drible, finta, marcação, passe, chute e cabeceio Seção 2 | Considerações acerca do desenvolvimento voltado ao futebol e ao futsal Tendo como destaque os fundamentos do futebol e do futsal, conhecer as técnicas – de recepção, condução, controle, domínio, drible, finta, marcação, passe, chute e cabeceio – e saber diferenciá-las é fator indispensável quando se busca aprender estas modalidades esportivas. A partir deste pressuposto, um jogador poderá desempenhá-las de maneira consciente e um professor ou técnico poderá realizar uma correta instrução acerca destes fundamentos. Nesta seção será possível ter contato com uma análise motora dos aprendizes do futebol e do futsal. Aspectos do desenvolvimento humano relacionados aos fundamentos destas modalidades serão abordados para que os praticantes consigam executar uma ação motora específica do esporte – de acordo com a característica motora esperada para a faixa etária em que se encontra. O(a) professor(a) necessita saber orientar a correta utilização, por parte do aluno, de algumas habilidades, como a capacidade de coordenar olho-pé, equilibrar-se e realizar cada etapa de um gesto motor – de acordo com a fase motora em que se encontra o aluno. Fundamentos técnicos: condução, passe, chute, domínio, recepção, controle, amortecimento e abafamento, drible, finta, deslocamento, marcação e cabeceio U2 47 Introdução à unidade Esta unidade permite uma análise de fundamentos técnicos presentes no futebol e no futsal. Essa análise é possível a partir de imagens e de descrições de como determinado fundamento pode ser aplicado em um contexto de jogo e de treinamento. Poderão ser analisados conceitos relativos à recepção, domínio, controle, condução de bola, drible e finta, ação de marcar e de desmarcar, a realização de passes, do chute e do cabeceio. Outra possibilidade gerada a partir do estudo deste material diz respeito ao conhecimento do desenvolvimento, em etapas, de algumas técnicas referentes ao futebol e ao futsal, já que há fatores como a idade e o nível motor dos indivíduos (ou grupo de indivíduos, como alunos ou equipe de treinamento) que interferem tanto na execução da técnica quanto no processo de ensino e aprendizagem. Fundamentos técnicos: condução, passe, chute, domínio, recepção, controle, amortecimento e abafamento, drible, finta, deslocamento, marcação e cabeceio U2 48 Fundamentos técnicos: condução, passe, chute, domínio, recepção, controle, amortecimento e abafamento, drible, finta, deslocamento, marcação e cabeceio U2 49 Seção 1 Fundamentos técnicos do futebol e do futsal Introdução à seção Fundamentos técnicos como recepção, domínio, controle, condução de bola, drible e finta, marcação e desmarcação, realização de passes, de chutes e do cabeceio fazem parte da análise à qual esta seção pretende abordar. De uma forma descritiva e prevendo as ações que ocorrem durante o jogo, a melhor forma de execução das técnicas poderá ser encontrada, tanto para o ensino dos fundamentos quanto para sua aprendizagem. 1.1 Recepção, domínio e controle Didaticamente é possível destacar os três elementos: recepção, domínio e controle, que estão interligados. O primeiro, a recepção da bola, ocorre a partir do contato inicial com a bola, com as regiões do corpo permitidas, excetuando-se os membros superiores, mãos e braços (FRISSELLI; MANTOVANI, 1999). No segundo momento, ocorre o domínio da bola, que visa diminuir a velocidade do objeto, a fim de que o terceiro momento seja possível. O controle da bola, de acordo com Frisselli e Mantovani (1999), é a próxima etapa, momento em que a bola permanece em um espaço possível de ser alcançada Para saber mais sobre os fundamentos das técnicas do futebol e do futsal leia o livro O futsal e a escola: uma perspectiva pedagógica, dos autores Voser e Giusti, publicado pela editora Artmed. A leitura deste material é importante porque, além da abordagem dos fundamentos, há uma contextualização pedagógica sobre como aplicá-los no contexto de ensino-aprendizagem. Fundamentos técnicos: condução, passe, chute, domínio, recepção, controle, amortecimento e abafamento, drible, finta, deslocamento, marcação e cabeceio U2 50 (fato que permite a realização de algum outro fundamento, por exemplo, um chute, um passe, uma condução, entre outras possibilidades). Controlar a bola ou realizar um abafamento é a ação do jogador de retirar a velocidade da bola, controlando-a, em geral, com os pés, as coxas ou o peitoral. Existem, segundo Capinussú e Reis (2004), três principais trajetos que poderão definir qual parte do corpo será utilizada para realizar o controle de bola. Trajetos paralelo, perpendicular e parabólico, em relação ao campo. Capinussú e Reis (2004) descrevem três trajetos para realizar a recepção e o controle. No caso do trajeto paralelo, a bola pode aproximar-se de forma rasteira, à meia altura e alta. Quando a bola vier rasteira, a parte interna do pé poderá ser utilizada. Quando houver a aproximação de uma bola à meia altura, a região interna da coxa e a parte interna do pé podem ser utilizadas. Por fim, no caso de uma bola alta, o tórax pode ser utilizado. Para o controle da bola, tomando como exemplo a trajetória perpendicular ao campo, ou, pelo menos, aproximadamente de uma forma perpendicular, a região do quadríceps (correspondente a região da frente da coxa) poderá ser utilizada, em um movimento de flexão da perna. Uma outra possibilidade para esse tipo de trajetória da bola é utilizar os pés de maneira a prender a bola contra o solo ou, ainda, na altura da articulação do pé com a tíbia. Já a trajetória parabólica, é a que mais ocorre durante uma partida, destacando-se a importância de utilizar a região do corpo que melhor se ajuste à altura da bola, pés, coxas ou a região torácica. Capinussú e Reis (2004) frisam, ainda, que no trabalho do professor ou treinador em relação ao controle de bola, a velocidade da bola poderá ser aumentada gradativamente (para que o controle ocorra de uma forma mais complexa). Dessa maneira, uma boa recepção, um bom domínio e um bom controle permitem que haja uma continuidade na jogada, fazendo com que estes fundamentos sejam essenciais tanto para um jogo ofensivo quanto para os aspectos defensivos. No momento da recepção da bola, o corpo pode estar com ou sem o apoio no chão, e a bola pode aproximar-se rasteira, meia altura, alta, parabólica (prevalecendo a distância em relação à altura, como na Figura 2.1) e perpendicular (prevalecendo a altura em relação à distância alcançada pela bola, como na Figura 2.2), como indicam Frisselli e Mantovani(1999). Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Figura 2.1 | Direção parabólica da bola no momento da recepção Fundamentos técnicos: condução, passe, chute, domínio, recepção, controle, amortecimento e abafamento, drible, finta, deslocamento, marcação e cabeceio U2 51 Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Figura 2.2 | Direção perpendicular da bola no momento da recepção Figura 2.3 | Recepção de bola rasteira com a parte interna do pé Figura 2.5 | Recepção de bola rasteira com a parte dorsal do pé Figura 2.4 | Recepção de bola rasteira com a parte plantar do pé Na recepção de bolas rasteiras pode ser utilizada a região de dentro do pé, realizando um recuo com o membro inferior que permita diminuir a velocidade da bola e mantê-la próxima ao corpo, como pode ser analisado na Figura 2.3 (FRISSELLI; MANTOVANI, 1999). Outra forma de realizar a recepção é utilizando a região plantar do pé, de maneira a inibir qualquer movimento da bola, mantendo-a presa embaixo dos pés, como na Figura 2.4 (FRISSELLI; MANTOVANI, 1999). Outra maneira de recepcionar a bola é com a parte dorsal do pé, principalmente quando a bola vier na região da meia altura do corpo, como na Figura 2.5 (Frisselli; Mantovani, 1999). Fundamentos técnicos: condução, passe, chute, domínio, recepção, controle, amortecimento e abafamento, drible, finta, deslocamento, marcação e cabeceio U2 52 Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Figura 2.6 | Recepção de bola rasteira com a parte externa do pé Figura 2.7 | Recepção de bola alta com a parte dorsal do pé Figura 2.8 | Recepção de bola alta com a parte interna do pé Figura 2.9 | Recepção de bola alta com a coxa A parte externa do pé é usada também para recepcionar a bola, a depender da direção na qual a bola está vindo, como, por exemplo, na figura 2.6 (FRISSELLI E MANTOVANI, 1999). De acordo com Frisselli e Mantovani (1999), as mesmas formas de recepção descritas anteriormente podem ser citadas considerando as bolas altas, sejam recepção com a região dorsal do pé (Figura 2.7), recepção simultaneamente com um salto e utilizando a região interna do pé (Figura 2.8), recepção com a coxa (Figura 2.9), recepção com o abdômen (Figura 2.10), recepção com a região torácica (Figura 2.11), recepção com a cabeça (Figura 2.12) e recepção com os ombros (Figura 2.13). Fundamentos técnicos: condução, passe, chute, domínio, recepção, controle, amortecimento e abafamento, drible, finta, deslocamento, marcação e cabeceio U2 53 Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Figura 2.10 | Recepção de bola alta com o abdômen Figura 2.13 | Recepção de bola alta com o ombro Figura 2.11 | Recepção de bola alta com a região torácica Figura 2.12 | Recepção de bola alta com a cabeça Fundamentos técnicos: condução, passe, chute, domínio, recepção, controle, amortecimento e abafamento, drible, finta, deslocamento, marcação e cabeceio U2 54 1.2 Condução Conduzir a bola significa deslocar-se com ela por determinada região do campo ou quadra, utilizando-se, para isso, de pequenos toques que permitam manter a proximidade da bola em relação ao jogador que a está conduzindo (CAPINUSSÚ; REIS, 2004). Durante uma partida, o jogador poderá conduzir a bola, basicamente, de duas maneiras em relação à trajetória. Poderá ser seguindo uma linha reta (não rigorosamente) ou em zigue-zague. No primeiro caso, poderá haver a alternância do uso da região interna e externa do pé, e, no segundo caso, será utilizada a região interna dos dois pés (de maneira que a bola adquira o trajeto de zigue-zague). No trabalho do professor ou treinador em relação à condução de bola, a velocidade do movimento poderá ser aumentada gradativamente (CAPINUSSÚ; REIS, 2004). Para que a bola seja conduzida é preciso que a parte dorsal do pé seja utilizada, preferencialmente. Desta forma, é possível obter um deslocamento sem o prejuízo do ato de correr. Caso a condução seja feita com a região interna do pé, o deslocamento ficará prejudicado, a velocidade ficará comprometida devido à alteração da biomecânica da corrida (FRISSELLI; MANTOVANI, 1999). Diante da ação de conduzir a bola, é imprescindível que o olhar esteja centrado em aspectos gerais do jogo, e não somente na bola, para que haja uma boa orientação. Um outro ponto importante, de acordo com Frisselli e Mantovani (1999), é a capacidade de utilizar os dois pés no ato de condução, já que facilita as possibilidades de dar sequência à jogada. As trajetórias de condução de bola, basicamente, podem ser classificadas como retilínea (reta), sinuosa (zigue-zague) ou circular (menos utilizada, porém, com a função de proteção da bola). Figura 2.14 | Trajetória de condução de bola retilínea (reta) Figura 2.15 | Trajetória de condução de bola sinuosa (zigue-zague) Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Fundamentos técnicos: condução, passe, chute, domínio, recepção, controle, amortecimento e abafamento, drible, finta, deslocamento, marcação e cabeceio U2 55 Figura 2.16 | Trajetória de condução de bola circular Figura 2.17 | Proteção da bola no momento da condução Figura 2.18 | Condução da bola com a planta do pé Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Durante a condução e para manter a posse de bola, é possível realizar a proteção da bola, isto é, deslocar seu corpo para que sirva de obstáculo entre o jogador adversário e a bola, mantendo o braço para proteger o próprio corpo, como na Figura 2.17. As formas de condução da bola podem ser realizadas com a planta do pé, como na Figura 2.18, caso necessite realizar deslocamentos curtos. Fundamentos técnicos: condução, passe, chute, domínio, recepção, controle, amortecimento e abafamento, drible, finta, deslocamento, marcação e cabeceio U2 56 Figura 2.19 | Condução da bola com a região dorsal do pé Figura 2.20 | Condução da bola com a região interna do pé Figura 2.21 | Condução da bola com a região externa do pé Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Outra forma de condução é realizada com a região dorsal do pé, como na Figura 2.19, quando se busca deslocamentos mais amplos e com maior velocidade. A condução também pode ser realizada com a região interna do pé, como na Figura 2.20, quando não há a necessidade de realizar deslocamentos rápidos. Há, ainda, a condução com a região externa do pé (Figura 2.21), bastante praticada quando há a intenção de realizar dribles. A condução ainda pode ser feita com bolas suspensas, mesmo que não haja muita progressão e deslocamento com esse tipo de condução. São exemplos desta prática: a condução com a região dorsal do pé, condução com a coxa e condução com a cabeça. 1.3 Drible e finta No drible, o que se intenta é avançar em relação ao jogador da outra equipe, ultrapassando-o, sem perder a posse de bola. Já na finta, não há necessidade de estar com a posse de bola, pois o movimento é realizado com o corpo a fim de fazer com que o jogador da outra equipe fique confuso quanto à movimentação do jogador ou trajetória da bola (CAPINUSSÚ; REIS, 2004). Fundamentos técnicos: condução, passe, chute, domínio, recepção, controle, amortecimento e abafamento, drible, finta, deslocamento, marcação e cabeceio U2 57 Figura 2.26 | Drible a partir de uma corrida Figura 2.22| Momento inicial do drible Figura 2.25 | Momento da finta com a bola atrás do corpo do driblador Figura 2.23 | Momento final do drible Figura 2.24 | Momento da finta com a bola à frente do driblador Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Há alguns dribles que podem ser citados, de acordo com Frisselli e Mantovani (1999). O drible a partir de uma corrida, quando o jogador utiliza-se de sua própria velocidade para ultrapassar o adversário (Figura 2.26). Fundamentos técnicos: condução, passe, chute, domínio, recepção, controle, amortecimento e abafamento, drible, finta, deslocamento, marcação e cabeceio U2 58 Figura 2.27 | Drible mudando a direção Figura 2.28 | Drible pisando na bola ou passando os pés por cima da bola Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Há o drible mudando a direção de um lado para o outro, momento em que o driblador alterna a trajetória do movimento, confundindo, desta forma, o adversário para realizar o drible (Figura 2.27). Há também o drible passando os pés por cima da bola e/ou pisando nela, utilizado no futebol, mas, principalmente no futsal (Figura 2.28). Há outros dribles popularmente conhecidos, como o chapéu, a meia-lua, entre outros, conforme indicam Frisselli e Mantovani (1999). Em relação às fintas, podem ser realizadas deslocando-se o corpo de um lado para o outro a fim de confundir o adversário para ultrapassá-lo ou realizar um drible (Figura 2.29), de acordo com Frisselli e Mantovani (1999). Fundamentos técnicos: condução, passe, chute, domínio, recepção, controle, amortecimento e abafamento, drible, finta, deslocamento, marcação e cabeceio U2 59 Figura 2.29 | Finta a partir de uma projeção do corpo de um lado para o outro Figura 2.30 | Finta a partir de uma projeção do corpo de um lado para o outro Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). A finta, de acordo com Frisselli e Mantovani (1999), pode ser usada a partir de uma frenagem, diminuindo bruscamente a velocidade da corrida do jogador que está com a bola (Figura 2.30). Os erros mais comuns no drible e na finta dizem respeito à execução do movimento sem a velocidade correta ou utilizando o tempo do movimento adiantado ou atrasado demais, como indica Frisselli e Mantovani (1999). 1.4 Marcação O ato de marcar está relacionado com o objetivo de não deixar o jogador adversário avançar em direção ao intento desejado. Para marcar pode ser utilizado o ato de “antecipar”, ou seja, alcançar a bola antes que um passe da equipe adversária concretize- se; outra possibilidade de marcação é o ato de “chegar junto”, quando não é possível antecipar, a bola é disputada entre os jogadores de equipes opostas; a marcação pode ser feita a fim de “cercar” o adversário, prejudicando sua movimentação em campo (CAPINUSSÚ; REIS, 2004). Para desmarcar-se, um jogador tem como objetivo retardar a marcação do jogador adversário. Uma forma de desmarcar-se é realizar uma “penetração” entre Fundamentos técnicos: condução, passe, chute, domínio, recepção, controle, amortecimento e abafamento, drible, finta, deslocamento, marcação e cabeceio U2 60 dois jogadores adversários com o intento de desvencilhar-se da marcação. Outra maneira de desmarcar-se é realizando “deslocamentos”, modificando sua posição em campo com o intento de deslocar o marcador para uma região que não tenha um bom rendimento (CAPINUSSÚ; REIS, 2004). Há muitas formas de realizar uma marcação, em especial a marcação coletiva, a marcação por setores e a marcação individual, conforme apresentado por Capinussú e Reis (2004). A marcação coletiva pode ser feita a partir de uma pressão em todo o campo, ou na intermediária (no momento de saída de bola) e no meio do campo (inicia-se a marcação a partir do meio do campo, utilizada, em geral, quando há o objetivo de jogar por meio dos contra-ataques). Na marcação por setores há algumas possibilidades de realizá-las, como a homem a homem (cada jogador possui um adversário para marcar), por zonas (quando os jogadores possuem regiões pré-determinadas para realizar a marcação) e há outras possibilidades relacionadas a combinações entre os tipos de marcação, de acordo com a necessidade ou as características do adversário (CAPINUSSÚ; REIS, 2004). Na marcação individual, há a marcação por homem (utilizado em casos específicos, quando alguns jogadores são marcados individualmente) e a marcação que coloca jogadores do ataque da outra equipe em situação de impedimento (CAPINUSSÚ; REIS, 2004). No conceito de Frisselli e Mantovani (1999), realizar uma marcação significa anular ou dificultar o uso das táticas do adversário que, no momento, está com a bola. A marcação pode ser antecipada, ou seja, o marcador alcança a bola antes do jogador que a receberia (como na Figura 2.31). Figura 2.31 | Marcação antecipada Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Fundamentos técnicos: condução, passe, chute, domínio, recepção, controle, amortecimento e abafamento, drible, finta, deslocamento, marcação e cabeceio U2 61 Figura 2.32 | Marcação com chegada ao mesmo tempo na bola Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Há outro tipo de marcação que ocorre quando o marcador e o jogador marcado alcançam a bola ao mesmo tempo (como pode ser visto na Figura 2.32). Já a marcação ocorrida no momento posterior ao jogador adversário alcançar a bola pode ser compensada com o acompanhamento da jogada pelo marcador de maneira próxima, a fim de tentar alcançar a bola. Para tanto, o marcador também poderá cercar o jogador que está com a bola, como indicam Frisselli e Mantovani (1999). 1.5 Passe O passe, além de ajudar a evitar o desgaste físico dos jogadores da equipe, se completa quando a bola, de fato, alcança o jogador da equipe ao qual o passe foi direcionado. No futebol, o passe, em relação à distância, pode ser classificado como curto, quando acontece a uma distância inferior a 10 metros, já o passe médio é referente ao intervalo de espaço entre 10 e 20 metros e o passe longo possui uma distância superior a 20 metros, conforme indica Frisselli e Mantovani (1999). Ainda segundo estes autores, em relação à trajetória, o passe pode ocorrer de maneira rasteira ou pelo alto. Já no futsal, a distância para classificar um passe curto, médio e longo é diferente. Até 4m, o passe é considerado curto. De 4 a 10m, o passe é considerado médio. Acima de 10m, o passe é considerado longo (VOSER; GIUSTI, 2002). De acordo com Capinussú e Reis (2004), o passe pode ser definido como o fato da bola percorrer o espaço presente entre dois ou mais jogadores da mesma equipe, tendo em vista chegar ao gol da outra equipe. O passe pode ser classificado em relação ao alcance e, também, em relação à posição do jogador. Em relação ao primeiro aspecto, pode ocorrer de maneira curta ou longa. Já em relação à posição e movimentação do jogador, pode ocorrer para a frente ou para trás. Fundamentos técnicos: condução, passe, chute, domínio, recepção, controle, amortecimento e abafamento, drible, finta, deslocamento, marcação e cabeceio U2 62 Quando dois jogadores estão “tabelando” (realizando passes consecutivos um para o outro), o que está ocorrendo é a projeção do passe de uma maneira curta. Já quando o passe é realizado procurando alcançar um jogador mais distante, acontece o passe chamado “em profundidade”. Em relação ao passe longo, no futebol, o passe “em profundidade” é geralmente utilizado no contra-ataque e o passe “em diagonal” pode ser usado para tirar a bola de uma região com muitos jogadores, para que alcance um lugar mais seguro (ou seja, que não ofereça perigopara o próprio gol). Outra forma de realizar o passe longo é o “dado como centro”, com caráter ofensivo, que tem como objetivo enviar a bola na área do adversário a fim de que algum jogador possa finalizar (fazer o gol) com a cabeça ou os pés (CAPINUSSÚ; REIS, 2004). Segundo Frisselli e Mantovani (1999), a execução do passe pode ser realizada com a parte interna dos pés, posicionando o pé de apoio a uma distância de cinco a 15 centímetros em relação à bola, como pode ser visto na Figura 2.33. Figura 2.33 | Passe realizado com a parte interna do pé Figura 2.34 | Passe realizado com a parte externa do pé Figura 2.35 | Passe realizado com a parte dorsal do pé Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Uma outra forma de realizar o passe é com a parte externa dos pés, como apresentado na Figura 2.34. A região dorsal do pé também pode ser utilizada para a realização do passe (Figura 2.35). Fundamentos técnicos: condução, passe, chute, domínio, recepção, controle, amortecimento e abafamento, drible, finta, deslocamento, marcação e cabeceio U2 63 Figura 2.39 | Passe realizado na região torácica Figura 2.36 | Passe realizado com a ponta do pé Figura 2.37 | Passe realizado com o calcanhar Figura 2.38 | Passe realizado com a coxa Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). De acordo com Frisselli e Mantovani (1999), outra possibilidade de realização de passes é com a ponta do pé. Este tipo de passe é utilizado, algumas vezes, quando não há distância suficiente para se alcançar a bola (Figura 2.36). Há o passe realizado com o calcanhar, como pode ser visto na Figura 2.37. Há, também, o passe realizado com a coxa, com a angulação da perna em torno de 60 graus, como pode ser visto na Figura 2.38. O passe realizado com o peito (região da caixa torácica) é considerado um passe curto e pode ser observado na Figura 2.39. Fundamentos técnicos: condução, passe, chute, domínio, recepção, controle, amortecimento e abafamento, drible, finta, deslocamento, marcação e cabeceio U2 64 Figura 2.40 | Passe realizado com o ombro Figura 2.41 | Passe realizado com a cabeça Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). O passe com a região do ombro é realizado quando se aproxima uma bola alta, como pode ser visto na Figura 2.40. Por fim, o passe com a cabeça segue o fundamento do cabeceio, utilizado na vinda de uma bola alta (Figura 2.41). 1.6 Chute Uma definição básica do chute, segundo os autores Capinussú e Reis (2004), refere-se ao chute como o “impacto do pé na bola”. Pedagogicamente, as etapas do chute podem ser classificadas em momentos, como o posicionamento do pé de apoio ao lado do pé que chuta (no momento do chute). Outro momento é o posicionamento do pé que realiza o chute, de maneira que a região dorsal do pé (usualmente utilizada) sirva para imprimir um impacto na bola. Após o chute, a direção que a bola toma, em geral, é uma linha reta. Conseguir um efeito diferente na trajetória da bola dependerá de uma técnica mais complexa que faça com que a bola não siga uma linha reta, mas realize um movimento curvilíneo. Um terceiro momento que pode caracterizar uma das etapas do chute é o uso da visão global. Essa visão possibilita ao jogador saber a localização da bola e o seu local de destino. O uso do equilíbrio é mais um elemento que deve estar presente no momento do chute, para que as etapas anteriores possam ser executadas. O uso da força é um requisito que proporciona que o chute seja potente e tenha velocidade (CAPINUSSÚ; REIS, 2004). Para que a potência do chute seja calculada é possível utilizar-se da fórmula que P = f . v / t , ou seja, potência é igual ao produto da força vezes velocidade dividido pelo tempo. Desta forma, qualquer melhora em uma dessas dimensões (aumento da força e/ou da velocidade ou a diminuição do tempo) poderá contribuir com a potência de um chute. Os tipos de chute que podem ser citados, de acordo com Capinussú e Reis (2004), são os rasteiros ou pelo alto. Os autores Capinussú e Reis (2004) ainda classificam os chutes rasteiros a partir da bola em movimento ou da bola parada, já os chutes pelo alto podem ser realizados sem que bola toque o chão (denominado voleio) ou após o toque da bola no chão (bate-pronto). Há, também, Fundamentos técnicos: condução, passe, chute, domínio, recepção, controle, amortecimento e abafamento, drible, finta, deslocamento, marcação e cabeceio U2 65 Figura 2.42 | Chute reto Figura 2.44 | Chute bate pronto Figura 2.43 | Chute voleio Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). nos chutes pelo alto, a possibilidade de serem realizados por cima da cabeça, sem apoio (bicicleta) e com o apoio do corpo no solo (similar à bicicleta, no entanto, com apoio no solo). Frisselli e Mantovani (1999) classificam alguns tipos de chute. O chute de bico, o chute reto (Figura 2.42), o chute voleio (Figura 2.43), o chute bate-pronto (Figura 2.44), o chute puxada (Figura 2.45) e o chute bicicleta (Figura 2.46). Fundamentos técnicos: condução, passe, chute, domínio, recepção, controle, amortecimento e abafamento, drible, finta, deslocamento, marcação e cabeceio U2 66 Figura 2.45 | Chute de puxada Figura 2.46 | Chute de bicicleta 1.7 Cabeceio O jogo de cabeça, o cabeceio, ou ainda a cabeçada, são formas de designar o ato de utilizar a cabeça para golpear a bola, utilizando-se deste fundamento de uma maneira ofensiva ou defensiva. De acordo com Capinussú e Reis (2004), o cabeceio ofensivo tem como intento a marcação do gol, de maneira rápida e que surpreenda os zagueiros e o goleiro. Já o cabeceio defensivo busca fazer com que a bola não alcance o gol de defesa, enviando-a para um local onde haja menos perigo de um novo ataque. O melhor local anatômico da cabeça para realizar o cabeceio é a testa, no entanto, no caso de tentar mudar a direção da bola, outras partes poderão ser utilizadas. A cabeça exerce um papel ativo no movimento, devendo se movimentar em direção à bola, e não o contrário. Durante este movimento, a integridade física do jogador que está realizando o cabeceio deve ser preservada. Por isso, a ação motora do cabeceio pode ser treinada utilizando-se bolas menos pesadas, inicialmente, para que se domine a técnica e consiga executá-la, preferencialmente, sem estar com os olhos fechados (CAPINUSSÚ; REIS, 2004). Frisselli e Mantovani (1999) classificam alguns tipos de cabeceio. Cabeceio parado (Figura 2.47), cabeceio com salto (Figura 2.48), cabeceio lateral (Figura 2.49), cabeceio para trás (Figura 2.50) e cabeceio mergulho (Figura 2.51). Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Fundamentos técnicos: condução, passe, chute, domínio, recepção, controle, amortecimento e abafamento, drible, finta, deslocamento, marcação e cabeceio U2 67 Figura 2.47 | Cabeceio parado Figura 2.50 | Cabeceio para trás Figura 2.48 | Cabeceio com salto Figura 2.49 | Cabeceio lateral Figura 2.51 | Cabeceio de mergulho Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Fonte: Frisselli; Mantovani (1999). Fundamentos técnicos: condução, passe, chute, domínio, recepção, controle, amortecimento e abafamento, drible, finta, deslocamento, marcação e cabeceio U2 68 Na comparação entre o futebol e o futsal, além da distância que condiciona valores diferentes na classificação de passes longos e curtos, uma das características marcantes do futsal é o uso frequentedo solado dos pés (Figura 2.52) na recepção e condução da bola, o uso do “bico” / ponta do pé (Figura 2.53) e do “gancho” (Figura 2.54), realizado com a parte anteroposterior da região dorsal do pé para chutar ao gol e realizar passes (VOSER; GIUSTI, 2002). Figura 2.52 | Solado do pé na recepção ou condução de bola Figura 2.53 | “Bico do pé” para realizar passes ou chutes ao gol Figura 2.54 | “Gancho” para realizar passes ou chutes ao gol Fonte: Voser; Giusti, 2002. Fonte: Voser; Giusti, 2002. Fonte: Voser; Giusti, 2002. • No momento da recepção da bola o jogador pode escolher qual a parte do corpo ou do pé que será utilizado para obter o controle, independente da trajetória da bola? Quais formas de recepção podem ser utilizadas no caso de uma bola rasteira? 1. Em relação aos fundamentos do futebol, assinale a alternativa correta: a) A condução da bola pode ser realizada com a planta do pé somente no futsal, já que no futebol são utilizadas outras partes do pé para obter êxito na condução. Fundamentos técnicos: condução, passe, chute, domínio, recepção, controle, amortecimento e abafamento, drible, finta, deslocamento, marcação e cabeceio U2 69 2. Em relação ao fundamento chute, assinale a alternativa correta: a) Uma definição básica do chute, refere-se ao “impacto da bola no pé”. b) Pedagogicamente, as etapas do chute podem ser classificadas em alguns momentos, como o posicionamento do pé de apoio à frente do pé que chuta (no momento do chute). c) Uma etapa do chute é o posicionamento do pé que realiza o chute, de maneira que a região dorsal do pé (usualmente utilizada) sirva para diminuir o impacto com a bola. d) Após o chute, a direção que a bola toma, em geral, é uma linha curvilínea. Conseguir chutar a bola em linha reta dependerá de uma técnica mais complexa que faça com que a bola não siga um movimento curvilíneo. e) Um terceiro momento que pode caracterizar uma das etapas do chute é o uso da visão global. Esta visão possibilita ao jogador saber a localização da bola e o local de destino da mesma. O uso do equilíbrio é mais um elemento que deve estar presente no momento do chute, para que as etapas anteriores possam ser executadas. b) Entre as formas de cabeceio, o cabeceio de mergulho é realizado somente com caráter ofensivo, diferentemente do cabeceio com salto, que é realizado com caráter defensivo. c) O solado do pé pode ser utilizado na recepção ou condução de bola. d) O “gancho” é um fundamento executado geralmente no futebol, devido ao gramado oferecer menos atrito com a chuteira no momento da execução. e) Para o treino do cabeceio, a ação motora pode ser treinada utilizando-se bolas mais pesadas, inicialmente, para que se domine a técnica e consiga executá-la com bolas mais leves e, preferencialmente, sem estar com os olhos abertos. Fundamentos técnicos: condução, passe, chute, domínio, recepção, controle, amortecimento e abafamento, drible, finta, deslocamento, marcação e cabeceio U2 70 Entenda, a partir das descrições e das imagens contidas nas fotos, de que forma os fundamentos são executados. Não basta somente saber a definição dos fundamentos técnicos, é necessário saber, também, como podem ser realizados e ensinados. Assim, o conhecimento poderá ser aplicado em contextos diversos, a depender dos objetivos traçados e do público no qual será realizada a intervenção do profissional enquanto professor ou técnico. É importante ter clareza quando usar cada fundamento, uma vez que a bola executa trajetórias diversas e em velocidades distintas. Fundamentos técnicos: condução, passe, chute, domínio, recepção, controle, amortecimento e abafamento, drible, finta, deslocamento, marcação e cabeceio U2 71 Seção 2 Considerações acerca do desenvolvimento voltado ao futebol e ao futsal Introdução à seção Esta seção aborda questões relacionadas ao desenvolvimento do indivíduo. Como exemplo de que existem níveis a serem alcançados em cada fundamento foi escolhido o fundamento técnico chute, por ser uma técnica básica do futebol que, de acordo com Gallahue, Ozmun e Goodway (2013), sua aplicação motora inicial já pode ser vista a partir do primeiro para o segundo ano de idade. Portanto, entender a diferença na execução de um fundamento técnico poderá auxiliar a progressão de um nível inicial em direção a um nível proficiente. Para uma análise mais detalhada das questões motoras relacionadas não somente ao chute, mas também à corrida, ao voleio e a outras questões motoras que podem influenciar a performance de um jogador de futebol, é importante conhecer a obra Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos, de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013). Em relação às habilidades que podem ser desenvolvidas no futebol e no futsal, Capinussú e Reis (2004) trazem que é um talento que pode ser descoberto ou pode manifestar-se de maneira individual. Essas habilidades poderão ser utilizadas nos fundamentos, a partir das intervenções do jogador na partida. Para isso, é necessário que ocorra um treinamento das técnicas em um âmbito coletivo e individual (CAPINUSSÚ; REIS, 2004). Fundamentos técnicos: condução, passe, chute, domínio, recepção, controle, amortecimento e abafamento, drible, finta, deslocamento, marcação e cabeceio U2 72 É importante conhecermos alguns aspectos do desenvolvimento humano relacionado com alguns fundamentos básicos do futebol e do futsal. Será destacado o chute, elementos presentes no início da prática deste esporte. Para que as crianças alcancem sucesso na execução motora de um chute, Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) indicam a necessidade de coordenar algumas habilidades, como olho-pé, habilidades de percepção relacionadas com a motricidade e equilíbrio. A respeito do equilíbrio, foi notada uma ligação entre o ato de equilibrar-se dinâmica e estaticamente durante o movimento do chute. Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) indicam uma evolução no chute quando o indivíduo alcança um nível de chutador proficiente, como visto na tabela (Figura 1.55), em que, a partir de três momentos distintos, uma série de padrões motores podem ser observados. Por exemplo, na ação preparatória, o último passo antes do chute é mais longo e o tronco fica um pouco inclinado para trás. O pé de apoio é colocado ao lado ou um pouco atrás da bola. Na etapa de produção de força, a perna de manipulação está atrás em relação à perna de apoio e a perna de manipulação (que está flexionada) estende-se à medida que entra em contato com a bola. Na etapa do follow-through, a perna de manipulação adquire uma velocidade maior para gerar o impacto na bola e os braços opõem-se em relação às pernas para contrabalancear a força (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013). Figura 2.55 | Características do chutador proficiente Fonte: Gallahue, Ozmun e Goodway (2013). Disponível em: <https://books.google.com.br/books?id=R6xIAgAAQBAJ&prin tsec=frontcover&dq=compreendendo+o+desenvolvimento+motor&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwiRsbr_zuPLAhWJHJAK Hfr3D1cQ6AEIHTAA#v=onepage&q=compreendendo%20o%20desenvolvimento%20motor&f=false>. Acesso em: 09 mar. 2016. Fundamentos técnicos: condução, passe, chute, domínio, recepção, controle, amortecimento e abafamento, drible, finta, deslocamento, marcação e cabeceio U2 73 Portanto, um bom chutador, ou seja, um chutador proficiente consegue dosar o tipo de chute, a distância e o quanto de força empregará no movimento do chute, de acordo com a necessidade e o contexto, como percebemos nos jogos profissionais (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013). Em contrapartida, jogadores com menor habilidade, “empurram” a bola com os pés, pois não realizam o movimento correto com a perna nem mesmo inclinam o tronco para trás, como pode ser visto na Figura 56. Uma informaçãorelevante, de acordo com Campos, Gallagher e Ladewig (1995), é que, segundo pesquisa realizada com crianças e jovens, indivíduos que tiveram contato com instruções e conhecimentos acerca do futebol e do futsal tiveram suas performances melhoradas com relação ao grupo que não teve este tipo de informação. O desenvolvimento motor alcançado, não somente em relação ao chute mas ao salto e à corrida, pode, até mesmo, alcançar um nível de desenvolvimento motor semelhante ao de crianças mais velhas (CAMPOS; GALLAGHER; LADEWIG, 1995). Certamente, o avanço ocorre no decorrer dos treinos e com uma intervenção pedagógica que considere o estágio de desenvolvimento motor da criança. Figura 2.56 | Jogador que não alcançou o estágio de proficiência no chute Fonte: Gallahue, Ozmun e Goodway (2013). Disponível em: <https://books.google.com.br/books?id=R6xIAgAAQBAJ&prin tsec=frontcover&dq=compreendendo+o+desenvolvimento+motor&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwiRsbr_zuPLAhWJHJA KHfr3D1cQ6AEIHTAA#v=onepage&q=compreendendo%20o%20desenvolvimento%20motor&f=false>. Acesso em: 09 mar. 2016. • O nível de motricidade desenvolvido como um todo pode afetar especificamente as habilidades para o futebol ou futsal? Fundamentos técnicos: condução, passe, chute, domínio, recepção, controle, amortecimento e abafamento, drible, finta, deslocamento, marcação e cabeceio U2 74 • Ao formar um jogador habilidoso na fase da infância ou, mais especificamente, um chutador proficiente, suas habilidades podem equiparar-se com as de um colega de idade superior? 1. Em relação às habilidades que podem ser desenvolvidas no futebol e no futsal, assinale a alternativa incorreta: a) Capinussú e Reis (2004) dizem que as habilidades no futebol e no futsal são talentos que podem ser descobertos ou podem manifestar-se de maneira individual. b) Essas habilidades poderão ser utilizadas nos fundamentos, a partir das intervenções do jogador na partida. Para isso, é necessário que ocorra um treinamento das técnicas em um âmbito coletivo e individual. c) Para que as crianças alcancem sucesso na execução motora de um chute é necessário coordenar algumas habilidades como olho-pé, habilidades de percepção relacionadas com a motricidade e equilíbrio. d) A respeito do equilíbrio, foi notada uma ligação entre o ato de equilibrar-se dinamicamente e estaticamente durante o movimento do chute. e) Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) indicam uma involução no chute quando o indivíduo alcança um nível de chutador proficiente, como visto na tabela (Figura 3.55), em que, a partir de três momentos distintos, uma série de padrões não-motores podem ser observados. 2. Em relação ao desenvolvimento obtido a partir da prática do futsal, assinale a alternativa correta: Fundamentos técnicos: condução, passe, chute, domínio, recepção, controle, amortecimento e abafamento, drible, finta, deslocamento, marcação e cabeceio U2 75 a) Segundo pesquisas realizadas com crianças e jovens, indivíduos que tiveram contato com instruções e conhecimentos acerca do futebol e do futsal tiveram suas performances pioradas com relação ao grupo que não teve este tipo de informação. b) O desenvolvimento motor alcançado, não somente em relação ao chute, mas ao salto e à corrida, não pode alcançar um nível de desenvolvimento motor semelhante ao de crianças mais velhas. c) O desenvolvimento motor alcançado por crianças pode ser equiparado a um nível de desenvolvimento motor semelhante ao de crianças mais velhas, quando há estímulos e treinamento para que ocorram melhoras nestas capacidades. d) Um avanço cognitivo/motor ocorre no decorrer dos treinos e com uma intervenção pedagógica que considere o estágio de desenvolvimento motor da criança como semelhante ao do adulto. e) O desenvolvimento motor em relação aos fundamentos do futsal são necessários em um contexto competitivo, sendo opcional para uma ação educativa. O desenvolvimento humano, como um todo, e das capacidades motoras, em específico, são componentes fundamentais para a aquisição de habilidades específicas dos jogos e, no caso em questão, das capacidades exigidas para jogar futebol e futsal. Desde os movimentos fundamentais como andar, correr e saber utilizar o pé de apoio até conseguir realizar de uma maneira proficiente a execução de um chute cada vez melhor, a aprendizagem depende destas aquisições. Esta aprendizagem pode ser fruto das experiências vividas nas modalidades esportivas em questão e/ou consequência de um bom trabalho de direcionamento por um professor ou técnico. Fundamentos técnicos: condução, passe, chute, domínio, recepção, controle, amortecimento e abafamento, drible, finta, deslocamento, marcação e cabeceio U2 76 Tenha claro que os fundamentos técnicos devem ser aplicados conforme a necessidade advinda do contexto do jogo. Saiba que quanto maior a habilidade do jogador, melhor ele poderá executar um fundamento como a recepção ou o passe, e maior será a quantidade de regiões do pé e do corpo que poderão ser utilizadas (como a região torácica, a cabeça e o ombro). Perceba o quanto é importante um jogador e um professor conhecerem as distintas possibilidades de execução e que estas dependem do nível motor (como um todo) e de proficiência de cada habilidade que pode ser adquirida no futebol e no futsal. Revise os materiais citados e busque vídeos nos quais possa visualizar cada fundamento técnico aqui estudado. 1. Sobre os fundamentos técnicos no futebol e no futsal, assinale a alternativa correta. I. Algumas formas de realizar a recepção da bola rasteira é com a parte interna, externa, dorsal e plantar do pé. II. A recepção é realizada com os membros inferiores, não com outras partes como a cabeça, região torácica e ombro. III. Há a condução da bola com a região externa do pé, bastante praticada quando há a intenção de realizar dribles. IV. Não há condução a partir de bolas suspensas, pois somente com a bola no solo o jogador consegue conduzi-la. As corretas são: a) A alternativa I e III. b) Todas estão corretas. c) Não há alternativas corretas. d) As alternativas II e IV estão corretas. Fundamentos técnicos: condução, passe, chute, domínio, recepção, controle, amortecimento e abafamento, drible, finta, deslocamento, marcação e cabeceio U2 77 2. Sobre os fundamentos técnicos no futebol e no futsal, assinale a alternativa correta. I. Dois fundamentos mais comuns no futsal do que no futebol é o uso do “gancho” e do chute ou passe com o “bico” do pé. II. Na ação preparatória do chute, o último passo antes da execução é mais longo e o tronco fica um pouco inclinado para trás. III. Na fase de produção de força, a perna de manipulação está à frente em relação à perna de apoio. IV. A última etapa de um chute pode ser chamada de follow- through. As corretas são: a) As alternativas I e III. b) As alternativas I e IV estão corretas. c) Não há alternativas corretas. d) As alternativas I, II e IV estão corretas. 3. Em relação aos fundamentos do futebol e do futsal, assinale a alternativa correta: a) A recepção da bola ocorre a partir do contato inicial com ela, utilizando-se qualquer região do corpo. b) O domínio da bola visa aumentar a velocidade do objeto, a fim de que seja realizado um passe. c) O controle da bola é realizado antes da recepção. d) Controlar a bola significa mantê-la em um espaço possível de ser alcançada. e) Controle, domínio e recepção têm, na prática, o mesmo significado. Fundamentos técnicos: condução, passe, chute, domínio, recepção, controle, amortecimento e abafamento, drible, finta, deslocamento, marcação e cabeceio U2 78 4. Em relação ao fundamento passe, assinale a alternativa correta: a) O passe, em geral, aumenta o desgaste físico dos atletas duranteuma partida. b) O fundamento passe é um fundamento a ser realizado com os pés, não sendo possível utilizar outras partes do corpo. c) É possível realizar o passe com diversas regiões do corpo, como o ombro, a região torácica, o peitoral e a cabeça. d) Há passes curtos, médios e longos, não havendo distinção entre as distâncias do futebol e do futsal. e) O passe curto no futebol pode ser classificado de maneira diferente em relação ao futsal, sendo inferior a dez metros e inferior a quatro metros, respectivamente. 5. Em relação ao fundamento cabeceio, assinale a alternativa correta: a) Há muitos tipos de cabeceio, porém todas as técnicas dizem respeito a objetivos ofensivos. b) O cabeceio defensivo pode ser realizado com salto, porém o cabeceio com salto também pode ser ofensivo. c) O cabeceio parado e o cabeceio com mergulho são as formas mais utilizadas na defesa. d) A região principal da cabeça durante o cabeceio é a parte superior da cabeça. e) A cabeça exerce um papel passivo durante o cabeceio. U2 Fundamentos técnicos: condução, passe, chute, domínio, recepção, controle, amortecimento e abafamento, drible, finta, deslocamento, marcação e cabeceio Referências CAMPOS, E.; GALLAGHER, J.; LADEWIG, I. Execution and decision making during soccer game play: Effects of children's skill level. Journal of Sport & Exercise Psychology, v. 17, n. 2, 1995. CAPINUSSÚ, J. M.; REIS, J. Futebol: Técnica, Tática e Administração. Rio de Janeiro: Shape, 2004. FRISSELLI, A.; MANTOVANI, M. Futebol: teoria e prática. São Paulo: Phorte, 1999. GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C.; GOODWAY, J. D. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. VOSER, R. C.; GIUSTI, J. G. O futsal e a escola: uma perspectiva pedagógica. Porto Alegre: Artmed, 2008.
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