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Os textos devem ser digitados em espaço simples, na fonte Times New Roman, no corpo 12, margens de 2,0 cm, formato Word com no máximo 1.500 palavras, em no máximo duas páginas numeradas. 
O QUE É SUS. Paim JS. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; 2009. 148 p. (Coleção Temas em Saúde).
	Em seu primeiro capítulo: a questão saúde e o SUS, Paim fala sobre a saúde divida em dimensões: o estado vital (um estilo de vida, qualidade de vida), a saúde na economia (produção de bens e serviços) e o saber saúde (saber popular, ensino, extensão, cooperação técnica). Desta forma, uma vez que a saúde é compreendida assim, pode-se dizer que o SUS terá influencias econômicas, políticas e culturais. Assim é imprescindível dizer que “o conhecimento da política, da economia, da história e da cultura de cada sociedade é fundamental não só para compreender as dificuldades e impasses, mas também para identificar oportunidades e buscar alternativas” (p.17).
	Ainda neste capítulo, o autor faz perguntas disparadoras como: “O que é o SUS?” Pois ele entende que “o SUS é algo distinto, especial, não se reduzindo à reunião de palavras como sistema, único e saúde” (p.13). Em seguida pergunta: “O que é um sistema de saúde?” de maneira simplória ele diz que é um conjunto de agências e agentes que objetivam garantir a saúde para a população. Além disso, o sistema de saúde conta também com mídia, escolas, financiadores, indústrias de equipamentos e medicamentos, universidades, institutos de pesquisa, que por sua vez, garantem a informação, comunicação em saúde, subsídios, entre outros aparatos que contribuem para o bom funcionamento do sistema. Mas apesar de tudo isso, o autor destaca que os sistemas de saúde de todo o mundo possuem problemas. Existem três modelos de sistemas de saúde que se destacam no mundo: o seguro social (serviços para os contribuintes da previdência social, presente em: Alemanha, França, Suíça, Brasil - 1920); a seguridade social (para todos os cidadãos, sendo custeado através de impostos, presente em: Inglaterra, Canadá, Cuba, Brasil após 1988), e proteção social: para aqueles que comprovem sua condição de pobreza, presente em: Estados Unidos). Ao entender que nenhum desses sistemas são perfeitos, Paim chama a atenção a um olhar mais cuidadoso para os modelos de sistemas de saúde do mundo para que não sejamos subservientes aos modelos de saúde de países desenvolvidos e sim que possamos comparar o que tínhamos antes do SUS com as construções que foram feitas até agora.
	No segundo capítulo do livro, Paim discorre sobre “O que tínhamos antes do SUS?”. Neste sentido, ele diz que na República Velha (1889-1930) havia um “não-sistema de saúde”. Depois de várias epidemias no Brasil, ocorreu a realização de campanha sanitárias (que se assemelhavam a operações militares). Na terceira década do século XX foi criado o Departamento Nacional de Saúde Pública – DNSP (responsável por saneamento, propagandas, controle de endemias, etc) e as Caixas de Aposentadorias e Pensões - CAPs (garantia de assistência médica aos trabalhadores), após lei Elói Chaves (1923). Assim, pode-se dizer que na década de 1920, havia no Brasil um modelo de proteção social. Na década de 1930, por sua vez, o seguro social. E só a partir da constituição de 1988 vem tentando implantar a seguridade social através do SUS que foi resultado de muita luta social través do movimento de democratização da saúde entre 1976 e 1988.
	Em seguida, Paim fala sobre a criação e implementação do SUS. Ele faz questão de ressaltar que a ideia central do SUS é que a saúde é um direito de todos. Acesso universal, igualitário e equidade em saúde, resultando em atenção integral a saúde ao invés de apenas assistência em saúde. Tendo diretrizes: “I – descentralização, com direção única em cada esfera de governo; II – atendimento integral, com prioridade para as atividades preventiva, sem prejuízos dos serviços assistenciais; III – participação da comunidade” (p. 32). O SUS, ao contrário do que muitos pensam não se limita a serviço médico, mas abrange também: assistência farmacêutica (insulina humana, medicamentos estratégicos, excepcionais, para DST/AIDS), saúde mental (Centro de atenção psicossocial - CAPs), possui rede de banco de sangue (hemocentros), institutos de pesquisa, PSF, vacinas, vigilância epidemiológica (combate a dengue, etc), vigilância sanitária (inspeção de alimentos, medicamentos, creme dentais, etc), entre outros.
	O quarto capítulo intitulado “Tendências do Sistema de saúde brasileiro” é dividido em três subtítulos: I - A visão de atores sociais, II - A visão da população, III - Desenvolvimento do direito à saúde. Neste sentido, estas visões são apresentadas a partir de um estudo que apresenta expectativas desses atores em relação ao futuro do SUS. O SUS que é ressaltado como filho de muita luta, nascido na sociedade, através da sociedade. Muitos objetivos foram alcançados, mas muitos desafios ainda precisam ser enfrentados para consolidação do SUS.
	No quinto e último capítulo o autor, de maneira crítica e provocadora, versa sobre os avanços e desafios do SUS, com os seguintes subtítulos: I - Avanços do SUS, II - Desafios do SUS, III - A Reforma Sanitária como Reforma Social ( não se tratando apenas de uma reforma do setor saúde, mas também de uma reforma social por meio de princípios e diretrizes), IV - Repudiando o inaceitável, V- A sustentabilidade do SUS.
	Paim reconhece que grandes passos foram dados para que houvesse expansão e oferta de serviços, ainda assim, existem impasses, a saber: dificuldades no acesso e na continuidade da atenção em consequência do subfinanciamento e falta de organização dos serviços, gerando um conflito com a universalidade. A integralidade também é ferida, sendo o princípio mais negligenciado. A equidade, por sua vez, assumida de maneira controversa pelo discurso das organizações internacionais como oposição à universalidade, invertendo sua lógica. No entanto o autor permanece esperançoso citando a reorientação política da estratégia saúde da família, a implantação de políticas e programas específicos, como exemplos que apresentam aspectos positivos do sistema.
	Não sei se o futuro apresenta-se auspicioso, com os ares de um governo neoliberal, com a aprovação da PEC 55 (como se o SUS não já estivesse com financiamento precário), com a aprovação da reforma do ensino médio (tirando a possibilidade de espaços de construção de criticidade), o perigo da privatização dos espaços públicos pairando no ar, entre outros. Mas terei que concordar com Paim, quando ele diz que o SUS é um sistema em construção necessitando sempre do espírito de luta vivo em nós.

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