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Biotransformação O corpo elimina drogas e outros compostos químicos exógenos (xenobióticos) e endógenos através do metabolismo e da excreção. Assim, o objetivo geral do metabolismo é transformar as substancias em componentes hidrossolúveis/ ionizados para a excreção. A biotransformação apresenta 4 tipos de resultados de acordo com seu substrato: Inativação – As drogas, na sua maioria, e seus metabólitos são inativados ou transformados em produtos menos ativos. Exemplos: morfina, cloranfenicol, propranolol e muitas outras a maioria dos fármacos Metabólito ativo de droga ativa – Muitas drogas são parcialmente transformadas em um ou mais metabólitos ativos. Os efeitos observados são causados pela droga original e pelos seus metabólitos. Exemplos de drogas ativas com metabólitos ativos (esses entre parênteses): codeína (morfina), Ativação de droga inativa – Algumas drogas, chamadas pró-drogas ou pró-fármacos, são inativas e necessitam ser metabolizadas para se tornarem ativas. As pró-drogas podem apresentar certas vantagens em comparação com as drogas ativas: maior estabilidade, melhor biodisponibilidade, menos efeitos adversos e menor toxicidade. Exemplos de pró-drogas com os seus metabólitos ativos (esses entre parênteses): levodopa (dopamina), enalapril (enalaprolat), Ausência de metabolismo – Certas drogas, são excretadas em forma inalterada, sem sofrer metabolismo, devido às suas propriedades físico-químicas peculiares Ex: penicilinas e anestésicos gerais inalatórios. TIPOS DE REAÇÕES As reações que metabolizam as drogas são classificadas em dois grupos ( que podem ou não ter a participação de enzimas) : REAÇÕES NÃO SINTÉTICAS OU CATABÓLICAS OU DE FASE 1 Representadas por OXIDAÇÃO (PRINCIPAL), redução, hidrólises, ciclização e desciclização. REAÇÕES SINTÉTICAS OU ANABÓLICAS OU DE CONJUGAÇÃO OU DE FASE 2 Representadas por CONJUGAÇÃO COM ÁCIDO GLICURÔNICO (PRINCIPAL), acetilação, metilação, conjugação com sulfato/ glicina / glutationa, síntese de ribonucleosídeo (ribonucleotídeo). VELOCIDADE DE METABOLIZAÇÃO Há dois tipos de cinéticas quanto a velocidade das reações químicas: CINÉTICA DE ORDEM ZERO Limitada devido a participação de enzimas saturáveis (há portanto uma quantidade fixa de metabolização) EX. fenitoína, álcool CINÉTICA DE 1ª ORDEM Metabolismo segue a meia-vida, ou seja, possui um tempo necessário para que metade do seu substrato seja eliminado (independende da quantidade administrada) EX. Amoxilina, meia vida de 8/8 horas. ENZIMAS Se localizam nas membranas lipofílicas do retículo endoplasmático do fígado e também de outros tecidos ( como na parede intestinal ou no sangue – esterases) FASE 1 Principal reação é de oxidação CITOCROMO P450 OU SISTEMA MICROSSÔOMICO OXIDADE DE FUNÇÃO MISTA (CYP OU P450 OU CYP450) A superfamília das enzimas do citocromo P450 (CYP450) constitui o principal sistema enzimático das reações de fase I do metabolismo oxidativo das drogas, responsáveis assim poe oxidar um grande número de substancias lipossolúveis em polares/hidrossolúveis. São hemoproteínas, possuem assim um átomo de ferro (grupo heme) que se liga de modo reversível ao oxigênio, atuando juntamente com outras enzimas (NAPH) que a fornecem elétrons para sua redução e atuação na oxidação do substrato. As CYP localizam-se na camada fosfolipidica dupla do RE. Existem inúmera isoformas do citocromo 450 que diferem pela afinidade por vários substratos e drogas. As isoenzimas CYP mais importantes para a biotransformação de fármacos são: CYP3A4/5: contribui em 36% na biotransformação que apresentam metabolização hepática encontradas na mucosa intestinal, fígado.O heme é um pigmento vermelho-escuro que constitui o grupo prostético da hemoglobina , possui um átomo de ferro bivalente ao qual se liga, de modo reversível, o oxigênio. Citocromo é qualquer hemoproteína que transfere elétrons, em cujo mecanismo de ação a transferência de um único elétron é efetuada por uma alteração reversível de valência do átomo central de ferro do grupo prostético do heme entre os estados oxidativos. CYP2D6: contribui em 19% CYP2C8/9: contribui em 16% CYP1A2: contribui em 12% A biotransformação de fármacos é catalisadas pelo sistema citocromo P450. Há também REAÇÕES DE FASE I QUE NÃO ENVOLVER O SISTEMA P450 Oxidação de aminas (p. ex., oxidação de catecolaminas ou histamina); Desidrogenação do álcool (p. ex., oxidação do etanol); Esterases (p. ex., biotransformação do ácido acetilsalicílico no fígado); Hidrólise (p. ex., procaína). FASE II Objetivo desta é transformar a droga, ou seu metabólito da fase I através principalmente da conjugação em uma substancia hidrossolúvel para que seja excretada. FARMACO X (lipossolúvel) FARMACO X (hidrossolúvel) METABOLISMO DE PRIMEIRA PASSAGEM OU PRÉ-SISTÊMICO Refere-se ao metabolismo de uma droga durante sua passagem do local de absorção para o interior da circulação sistêmica. Todas as drogas administradas por via oral estão sujeitas a enzimas metabolizadoras situadas na parede intestinal e no fígado, onde chegam através da veia porta. A extensão do metabolismo de primeira passagem varia entre as drogas e constitui importante parâmetro para determinar a biodisponibilidade oral. Esse efeito se refere à possibilidade de a droga, antes de cair na circulação sistêmica, sofrer, ao menos parcialmente, ações metabólicas pelo epitélio intestinal e pelo fígado. As drogas administradas por via oral atravessam essa primeira passagem, pela parede intestinal e pelo sistema porta, após a absorção. Para a maioria das drogas, o metabolismo de primeira passagem não é significativo. Entretanto, quando se observa esse metabolismo, grande parte da droga é degradada pela parede intestinal e pelo fígado, com redução da biodisponibilidade e diminuição da resposta terapêutica. Pode-se evitar o metabolismo do primeiro passo administrando-se a droga por via parenteral ou sublingual. Também se observa uma grande diferença entre as doses orais e parenterais para a obtenção de efeitos e concentrações plasmáticas similares. FATORES QUE ALTERAM A BIOTRANSFORMAÇÃO Espécie animal (anfetamina RATOS: hidroxilação/HOMEM/COBAIA/MACACO: desaminação); Idade (atividade enzimática quase ausente em recém-nascidos/ hiperbilirrubinemia) maturação enzimática ; Fatores genéticos (farmacogenética); Indutores e inibidores enzimáticos. GENÉTICA E METABOLISMO DOS MEDICAMENTOS Dentro da mesma população, podem-se observar variações de níveis de concentração plasmática de 30 vezes no metabolismo de uma droga. Os fatores genéticos que influenciam os níveis enzimáticos explicam algumas dessas diferenças. EXEMPLO: O defeito nos acetiladores lentos parece ser causado pela síntese de menor quantidade de enzima em vez de formação normal da enzima, aumentando a toxicidade da droga. INDUÇÃO ENZIMÁTICA Algumas das drogas que servem como substratos podem induzir o P450 através do aumento da taxa da sua síntese ou reduzindo sua taxa de degradação. A indução provoca aceleração do metabolismo do substrato e decréscimo da ação farmacológica do indutor e das drogas coadministradas. Aumento do metabolismo enzimático eliminação é mais rápida. No caso, entretanto, em que as drogas são transformadas em metabolitos ativos, a indução enzimática pode exacerbar a toxicidade provocada pelos metabolitos. INIBIÇÃO ENZIMÁTICA Certas drogas que funcionam como substratos podem inibir a atividade enzimática do citocromo P450, inibindo desse modo o metabolismo de substratos. A eliminação fica portanto mais lenta. Diminuição do metabolismo enzimático -> Eliminação mais lenta. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS As principais interações medicamentosas ocorrem ao nível do metabolismo das drogas. Nessas interações, certas drogas podem induzir ou inibir o metabolismo de outras drogas. A inibiçãoenzimática, por exemplo, constitui o mecanismo básico das interações medicamentosas farmacocinéticas. O tipo mais comum de inibição consiste em inibição competitiva, em que duas drogas competem pelo mesmo sítio ativo da enzima. A indução do metabolismo das drogas se deve à síntese aumentada da proteína enzimática ou ao decréscimo da degradação proteolítica da enzima.